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Codificada por: Saturno 🪐

Última Atualização: 12/06/2025


Ok, aquilo não estava acontecendo. Não estava, não estava, não estava. Repetia para mim mesma tentando me convencer que aquilo era uma alucinação da minha cabeça — que ele era uma alucinação da minha cabeça.
Eu me lembrava de ter escrito aquilo a duas semanas atrás, o cabelo, os olhos, seu rosto, seus gestos, até mesmo sua voz, TUDO, absolutamente tudo era igual, começando pelo seu nome. COMO É QUE UM CARA EXATAMENTE IGUAL AO QUE EU ESCREVI APARECE NA MINHA PORTA DIZENDO QUE É MEU NOVO VIZINHO?
Não sabia que cara eu estava fazendo, mas pela forma que ele me olhava, com certeza era cara de idiota e eu sabia que a minha boca estava aberta. A única coisa que passava pela minha cabeça era um filme da Barbie que eu assisti quando era criança, em que ela escrevia as coisas em um diário e num passe de mágica tudo que ela escrevia, começava a acontecer. Mas eu não era a Barbie, eu não tinha um diário mágico e não era nada além de uma escritora de meia tigela que escrevia para três leitoras em um notebook velho.
Observava o rapaz bem vestido na minha porta tentando lembrar se eu poderia ter ingerido alguma substância alucinógena sem ter me dado conta, mas eu não havia saído de casa naquele dia, muito menos comprado comida. Depois considerei a hipótese de alguém ter contratado um ator na tentativa de me sacanear, mas lembrei que eu usava um pseudônimo. Ele era mesmo real?
— Você está bem? Não quero interromper se você estiver ocupada.
Wow. Dei um passo para trás, mais uma vez assustada com a semelhança da sua voz e seu sotaque com o que eu havia descrito sobre meu personagem. Apenas fiz que sim com a cabeça, incapaz de falar algo.
Ele não disse nada, apenas tirou o cachecol que usava e deu um passo na minha direção, colocando o acessório em volta de mim, foi quando me dei conta de que eu estava encolhida, mas não era frio, era choque, e agora ele havia conseguido me deixar mais em choque ainda. Aquilo era coisa de filme
— Desculpe, você parece com frio — sua voz gostosa veio acompanhada de uma risadinha. — Eu realmente não quero te interromper. Só queria saber quem era minha vizinha de porta.
Eu sabia que precisava responder, mas eu havia esquecido como fazer isso. Encarei meus próprios pés enquanto tentava recuperar a fala, foi aí que eu percebi a pantufa gigante em forma de coelho nos meus pés, é claro que ele achou que eu estava com frio, EU ESTAVA DE PIJAMA NO CORREDOR DO APARTAMENTO. Se aquilo fosse um pesadelo, eu estaria só de toalha no meio escolar.
Droga.
Comecei a rir de nervoso e para minha surpresa, ele me acompanhou.
— Pantufa bonita, mas você ainda não me disse seu nome. — Ele tinha mesmo que ter aquele sotaque alemão que eu achava tão bonito?
Abri a boca várias vezes até que meu cérebro finalmente pareceu processar a informação de que eu queria falar.
— De onde... você disse que era mesmo? — Perguntei, inalando o perfume gostoso que vinha do seu cachecol em meu pescoço.
— Alemanha, meu nome é...
— interrompi, falando seu nome. É, eu conhecia bem aquele nome, uma vez que eu havia escrito ele semanas atrás. — Heinrich.
Observei ele fazer uma cara esquisita enquanto colocava as mãos dentro do bolso de seu acaso.
— Hm, eu não lembro de ter falado meu sobrenome.
DROGA.
— Falou, falou sim. Meu nome é , a propósito, Wood, sua vizinha de porta e a única alma viva nesse andar — disparei a falar, tentando esconder meu erro e ao mesmo tempo tentando lidar com o fato de que até o sobrenome era o mesmo que escolhi.
— Britânica.
Fiz que sim com a cabeça.
— Eu ainda não desfiz minha mudança direito, pode me indicar um local para pedir comida ou um restaurante por perto?
Desviei os olhos dele e olhei para dentro do meu apartamento, eu estava terminando o jantar quando ele tocou a campainha e me deixou de pernas bambas. Dei mais um passo para trás, abrindo a porta do meu apartamento.
— Entra — convidei, recebendo um olhar desconfiado da parte dele que vinha junto com um meio sorriso.
Claro que ele não ia achar normal um convite para entrar depois que eu passei meia hora encarando ele de boca aberta, mas acabou aceitando, ele parou perto de mim assim que entrou no apartamento. Enquanto fechava a porta, me perguntava que tipo de doida colocava um completo estranho para dentro de casa daquele jeito, mas eu precisava saber o que mais tinha de semelhante entre meu personagem e ele, e principalmente, entender o que era aquilo.


Continua...


Nota da autora: Pra ficar por dentro das próximas atualizações dessa fic, é só me seguir no instagram @maruliteraria e entrar no grupo do whatsapp, até breve 🤍

🪐

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