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✮⋆˙Independente do Cosmos✮⋆˙

Última Atualização:30/09/2024

Hell is empty, and all the devils are here…
O inferno está vazio e todos os demônios estão aqui…


A claridade incomodava sua vista devido ao tempo em que ficou privada de qualquer iluminação, as pernas fracas quase não aguentavam o peso de mantê-la em pé, mas finalmente tinha conseguido fugir e não aceitaria morrer ali, precisava continuar seguindo em frente.
Para o mar.
Para sua salvação.
Ela precisava alertar seu povo, avisar que a cidade que tinha sido sua casa por tanto tempo não era mais confiável. A ganância dos homens havia, mais uma vez, falado mais alto que a humanidade que supostamente possuíam dentro de si.
Condenavam sua raça como monstros, mas não eram eles que estavam cometendo as crueldades ali.
Seu corpo todo doía, diversos cortes irregulares manchavam sua pele antes etérea. Bolhas e marcas semelhantes a queimaduras estavam expostas por toda a extensão de seu corpo.
Estava a um passo da morte se continuasse presa, mas agora estava ali e tudo o que precisava era entrar no mar e se transformar, e aquele pesadelo acabaria de uma vez por todas.
A transformação seria dolorosa. Seu corpo estava tão exausto e machucado que, ao se transformar, passaria por um inferno pessoal. Mas, ainda assim, seria melhor do que o que estava sendo obrigada a vivenciar em terra firme.
Seus pés afundaram na areia quente e macia, e seu corpo tombou para a frente. A maresia a envolveu como se tivesse sentido saudades, e o cheiro tão característico de água e sal fez seus olhos lacrimejarem.
Finalmente havia conseguido fugir.
Finalmente estava livre.
Finalmente...
Um som agudo e alto cortou o silêncio, mas ela não ousou olhar para trás. Sabia muito bem que encontraria seus captores ali, e não podia voltar para a rotina de testes e experimentos a que a submeteriam outra vez.
Tentou apressar o passo, mas um impacto inesperado a fez perder o equilíbrio e tombar para frente, caindo contra a areia. A dor explodiu assim que seu corpo colidiu com o chão, e uma risada fria ecoou pela praia.
Ela abaixou o olhar para o próprio corpo, vendo o sangue escarlate escorrer de sua barriga e tingir a areia amarelada. Lágrimas inundaram seus olhos ao perceber que havia sido atingida e que jamais seria capaz de voltar para casa, para o mar.
Com o pouco de força que ainda restava, virou a cabeça em direção ao oceano, olhando para o mar uma última vez e desejando que nada daquilo tivesse acontecido.
A última coisa que viu foi uma onda, que parecia estender-se para tocá-la, quebrando suavemente entre as outras e deslizando pela areia até molhar sua cabeça. Era como um beijo de despedida, vindo de uma mãe que sempre sentiria falta de sua filha perdida. O mar a abraçou uma última vez, como se lamentasse não poder levá-la de volta para casa, para as profundezas onde pertencia. O oceano, sua verdadeira casa, parecia chorar sua partida, enquanto as águas se moviam numa dança silenciosa de adeus, carregando consigo o lamento de uma mãe que nunca mais veria sua criança retornar.
E, com isso, o mundo ao seu redor começou a escurecer, deixando apenas a sensação de saudade e silêncio.



More and more she grew to love human beings and wished that she could leave the sea and live among them.
(Cada vez mais, ela amava os seres humanos e desejava poder sair do mar e viver entre eles.)


encarou o gps do carro e respirou fundo ao ver que já estava quase chegando à pequena cidade litorânea que seria obrigado a chamar de lar pelos próximos meses. Por mais que ele amasse o clima da capital e o caos da cidade grande, ele estava feliz por poder exercer seu trabalho ali ao invés de ser desligado da sua profissão.
O detetive não se considerava um homem otimista, mas, como sua avó adorava dizer: dos males, o menor.
Mas, ainda assim, cidades interioranas eram o seu maior pesadelo. A possibilidade de morar em um local onde todo mundo se conhecia e se cumprimentava pelo primeiro nome o causava arrepios. Um local onde ele seria conhecido por ser um forasteiro e não pelo seu trabalho, onde não seria necessário, não era o destino que ele queria vivenciar pelos próximos meses.
Ele era feito para cidades grandes, onde seria apenas mais um perdido no fluxo de sua própria vida agitada, onde estaria muito ocupado resolvendo as atrocidades que o povo cometia e protegendo os civis indefesos.
Nada em si, desde a sua personalidade até a sua profissão, combinavam com cidades pequenas.
Afastar-se do único local que conheceu como casa, de onde possuía a última memória de sua avó, também não lhe contentava em nada.
Porém, a culpa de estar ali era completamente sua.
Ao menos tinha conseguido manter o seu trabalho, mesmo que em outro lugar, e era grato por isso, mas sua gratidão acabava ali. Seu único e atual amor, seu irrefreável desejo de ajudar os outros, era a única coisa que ainda o mantinha de pé após a morte de sua avó.
O fato de odiar cidades pequenas não era nada se comparado a ficar afastado do trabalho pelo próximo ano, mas era muito bom em reclamar, e era isso que ele faria.
O detetive era o melhor de todo o departamento e isso não era soberba, era um fato que todas as premiações que ganhou em Olympia comprovavam. As diversas medalhas e os longos casos resolvidos eram uma prova viva, mas, após a perda da avó, a única pessoa de sua família, o rendimento do detetive caía mais a cada dia.
Ele ignorava os olhares piedosos, as tentativas de aproximação e os comentários de quem queria ajudá-lo. Todos diziam a mesma coisa: que ele precisava se afastar, vivenciar o luto por sua avó e, só então, voltar a atuar nos casos. Mas não os ouviu, até que foi tarde demais e quase colocou tudo a perder.
E, entre a decisão de ser completamente afastado da polícia e de mudar-se para uma cidade onde a taxa criminal era inexistente, sua decisão tinha sido a segunda. Ao menos não ficaria em casa, sem nada pra fazer e afundando no seu próprio sofrimento. Mesmo que não atuasse em casos de tráfico ou de criminosos procurados, ainda seria um detetive, ainda carregaria sua arma e seu distintivo, ainda sentiria que tinha algum propósito para continuar respirando.
E esse era o motivo pelo qual ele estava ali, em um lugar que nunca escolheria por vontade própria.
O detetive passou pela placa da cidade e não conseguiu conter o sorriso cético e debochado ao ler as palavras:

“Bristol Cove, a capital mundial das sereias!”


Antes de ser designado para o local, o detetive nunca tinha ouvido falar sobre a tal cidade e assim que começou a pesquisar sobre ela, desejou poder continuar vivendo na ignorância sem saber daquele local. Ele não acreditou ao ler todas as matérias sobre as sereias que poderia existir um local onde acreditassem de fato que aqueles seres sobrenaturais eram reais.
Mas ali estava Bristol Cove, uma cidade litorânea cujos casos policiais eram inexistentes e a população pacata vivia praticamente graças ao turismo que eles vendiam baseado nas lendas de mulheres metade peixe.
Parecia uma grande piada de mau gosto, mas para a sua infelicidade não era.
E por mais que Bristol Cove fosse popularmente conhecida por sua região litorânea, quanto mais dirigia e adentrava na cidade, menos era possível enxergar o mar.
Mas o cheiro de maresia e peixe parecia impregnado em cada local daquela cidade.
O detetive não tardou em chegar ao centro da pequena cidade e estacionou seu carro na primeira vaga livre que encontrou próxima a delegacia. Tirou o óculos escuro que estava em seu rosto, levando em conta que o sol já começava a se pôr, e saiu do carro.
A construção térrea a sua frente era completamente diferente da qual estava habituado a trabalhar em Olympia, mas era um diferenciado estranhamente bom. Não era nada cafona e antiquado como os filmes costumavam apresentar as delegacias de cidades pequenas, era uma construção bonita e levemente familiar com a da capital, mesmo que possuindo menos que a metade do tamanho.
respirou fundo antes de subir os poucos degraus que o separavam da entrada. Sabia que não precisava agradar ninguém e nem estava ali para isso, mas sua preocupação era se a razão pela qual ele tinha sido afastado já tinha chegado até ali.
Juntou a coragem necessária e adentrou a delegacia, resistindo à vontade de revirar os olhos ao notar que todos o encaravam atentamente.
A curiosidade estava exposta no rosto de cada um ali presente, e isso fez com o que respirasse aliviado ao constatar que aparentemente ninguém ali sabia os detalhes que o afastaram.
E essa curiosidade fazia sentido e ele precisava admitir isso, afinal Bristol Cove era tão pacata quanto uma vila de aposentados e a taxa de criminalidade era mínima. A polícia era chamada em pouquíssimos casos, como em festas ilegais com menores de idade bebendo, roubos de mercadorias dos navios pesqueiros e usuais brigas de bares, além de uma ou outra leve perturbação em épocas festivas em que os turistas lotavam a cidade.
Nenhum desses acontecimentos necessitavam do trabalho de um detetive, mas ainda assim ali estava , e nenhum policial presente parecia entender o motivo pelo qual o forasteiro se encontrava ali.
— Boa tarde, sou o detetive do departamento policial de Olympia. — ignorou os olhares e apoiou-se no balcão próximo a entrada, prestando atenção apenas na mulher sentada ali.
A jovem discou rapidamente o ramal do xerife, falando apenas que o detetive estava presente e desligando a ligação. Um sorriso formal foi direcionado a , comunicando-o que o superior logo estaria ali. O detetive se contentou em encarar o corredor a frente, sabendo que seria dali que o xerife sairia logo mais e não falhando ao ver o homem seguir em sua direção segundos mais tarde.
— Seja bem vindo, detetive . — O xerife estendeu a mão na direção do mais novo assim que parou próximo a ele. — Fico muito feliz de ter você aqui conosco. — Agradeço por me receberem aqui. — retribuiu o aperto de mão.
Ele não queria mentir e dizer que se encontrava feliz por estar ali também, mas não poderia deixar de agradecer ao xerife West por tê-lo acolhido quando sabia que muitas outras delegacias tinham negado o pedido de seu chefe para que ele fosse realocado temporariamente.
— Nós nunca tivemos um detetive por aqui e acredito que você já saiba disso, então pode acontecer de alguns policiais se sentirem intimidados. — apenas concordou com a cabeça, aquilo era uma situação a qual já estava acostumado. — Infelizmente nós não podemos lhe proporcionar uma sala, mas separamos uma mesa maior que a dos policiais. — Apontou com a mão para um canto, fazendo o detetive seguir com o olhar.
Seu novo espaço não passava de uma mesa com o dobro de tamanho das outras, com um computador no meio e uma cadeira de rotatória acolchoada, situados no canto o mais longe possível das outras dez mesas divididas em duas fileiras perpendiculares.
— Não vejo nenhum problema nisso, senhor. — sorriu sem mostrar os dentes. Já imaginava que não possuiria uma sala só sua e também não via real necessidade de possuir uma, já que a mesma quase nunca seria verdadeiramente utilizada.
— É muito raro termos uma ocorrência ou algo do tipo, então seu trabalho aqui será bem calmo — o xerife falou enquanto começava a caminhar na direção contrária da qual tinha entrado. — Aqui nós temos um pequeno refeitório que também pode ser usado como cozinha. — Parou na porta de entrada do pequeno cômodo e o detetive fez o mesmo, olhando os poucos móveis ali dentro.
Algumas bancadas coladas à parede, uma geladeira, um micro-ondas e uma cafeteira eram o que ocupavam um lado do cômodo enquanto o outro possuía cinco mesas redondas com diversas cadeiras ao redor.
— Você pode usá-la sempre que quiser. No horário do almoço você pode sair para comer ou trazer algo de casa e deixar na nossa geladeira, que é o que a maioria faz. — Provavelmente vou fazer isso — o detetive falou, voltando a seguir o caminho que o xerife fazia.
Por mais que tivesse concordado com o xerife, não estava acostumado a almoçar em dias que trabalhava, em Olympia sempre encontrava-se demasiadamente atarefado para conseguir conciliar uma pausa durante o dia e ir comer.
— Aqui nós temos os banheiros. — Apontou para as portas que possuíam as identificações e logo seguiu caminho, indo para a parte mais distante. — Aqui são as celas, normalmente elas são usadas apenas com os bêbados.
— Acredito que as coisas são sempre assim por aqui — murmurou com o olhar nas celas vazias, uma visão completamente atípica para ele que estava acostumado com a lotação de sua antiga sede.
— Sim, é muito raro termos problemas por aqui — Byron falou enquanto refazia o caminho de volta para o salão principal. — Somos uma cidade pequena e turística, é difícil qualquer coisa ruim acontecer por aqui.
— Certo.
não conseguiu evitar o desânimo que o dominou, por tudo o que conseguiu observar naquele pequeno tempo ali e graças ao que já tinha lido, começava a se questionar se não era melhor ter sido afastado já que seu trabalho ali seria nulo. Duvidava que os problemas começariam a aparecer da noite pro dia ou que o chamariam para cuidar de bêbados arruaceiros.
Sua presença ali era desnecessária.
— Pode chegar aqui amanhã por volta das oito, é a entrada do turno matutino — o xerife falou assim que os dois pararam próximos à porta. — Se acontecer algo, o que eu duvido muito, eu te ligo no mesmo segundo. Isso é tudo, , seja bem-vindo a Bristol Cove.
O detetive apenas concordou com a cabeça e saiu da delegacia, descendo as escadas enquanto encarava a enorme estátua de sereia no meio da praça a frente. Chegava até ser um pouco estranho como eles de fato pareciam acreditar naqueles seres mitológicos.
O detetive abriu um sorriso descrente ao observar a quantidade de turistas que tiravam fotos com a estátua, ele não conseguia entender como certos humanos eram tão fáceis de serem enganados com contos infantis.
entrou rapidamente no carro e colocou no gps o endereço de sua nova casa, dirigindo devagar até lá enquanto observava os diversos locais da cidade feitos em homenagens às sereias. Estátuas, murais e até edifícios enfeitados com imagens de seres metade mulheres e metade peixe eram encontradas por toda a cidade.
O detetive seguiu até a área residencial um pouco mais longe do comércio, não demorando a achar o prédio industrial de oito andares que chamaria de lar pelos próximos meses.
E por mais que lhe doesse admitir, morar em Bristol Cove poderia vir a lhe cair bem. A vida como bem conhecia já tinha mudado, recomeçar em um novo lugar poderia ser exatamente o que ele precisava.
Mesmo sendo em um local tão calmo quanto a capital mundial das sereias.

tentou conter a animação ao descobrir que, após longos anos da proibição de nadar até a terra firme e interagir com humanos, finalmente tinham recebido o aval para explorar a superfície sem medo de condenação ou deserdamento.
Agora, elas poderiam voltar a praticar o que quase todas tanto ansiavam.
Não tentou encontrar seu pai, sabia que por mais que a proibição tivesse chegado ao fim, aquilo não se enquadraria a ela. Ela precisava se impor, sabia que era algo que sua mãe lhe apoiaria completamente e desejou que a mais velha estivesse ali, ao lado dela para o que sua vida passaria a ser nos próximos meses.
Seria sua primeira vez em terra firme, sua primeira transformação, seu primeiro contato com humanos, e ela não sabia se estava preparada.
nunca havia ido à superfície, pelo menos não perto o suficiente para ver ou interagir com humanos. No entanto, a jovem sereia já havia emergido algumas vezes, apenas para sentir a acolhedora luz do sol sobre sua pele. Embora nunca tivesse nadado naquela direção, ela sabia exatamente para onde estava indo. Crescera ouvindo histórias sobre a pequena cidade litorânea que as acolhera como se fosse uma extensão de sua própria casa e sabia que era para lá que a maioria se dirigiria, afinal era um local seguro para a sua espécie.
Como se as coordenadas estivessem gravadas em seu sangue, só nadou, seguindo seus distintos e deixando que eles a guiasse, continuando assim por um longo tempo.
A sereia já tinha perdido a noção de quanto tempo estava nadando, porém a animação que percorria seu corpo não lhe deixava sentir cansaço que começava a pesar seus braços e sua cauda. Ela não pararia até chegar em terra firme.
Assim que percebeu que a profundidade já não era mais a que estava acostumada, ela emergiu, avistando o sol se pôr no horizonte e, mais à frente, uma extensa faixa amarela. Submergiu novamente, acelerando o nado até que parou ao sentir a areia roçar na ponta de sua cauda. Emergiu uma vez mais, encarando a faixa de areia que agora estava mais próxima, não avistando nenhum humano nas redondezas.
Apoiada com as mãos na areia, começou a se arrastar para fora da água, mordendo o lábio inferior para suportar o incômodo do atrito de sua cauda com com os grãos amarelados. Aquela areia era muito diferente da que conhecia nas profundezas do mar, o contato a fazia sentir como se seu corpo estivesse sendo cortado em milhares de lugares diferentes sempre que os grãos arranhavam sua cauda.
Quando conseguiu tirar o corpo completamente do mar, sentiu sua cauda se retrair com a falta de água, e sua pele rapidamente se tornava seca pela primeira vez, intensificando a agonia da areia que agora corria por toda a sua pele.
A respiração falhou quando suas brânquias já não conseguiam mais utilizar a água como fonte e o oxigênio se esgueirava por seu corpo a sufocando. Lágrimas rolavam de seus olhos enquanto seu corpo se debatia na areia, como se lutasse contra um inimigo invisível.Era como se tivesse ingerido algo que tornava suas brânquias ineficazes.
Um grito gutural escapou de seus lábios enquanto sentia como se sua cauda estivesse sendo arrancada sem piedade. rolou na areia, gemendo de dor, enquanto as mudanças aconteciam rapidamente e ela lutava para manter a consciência.
As brânquias que antes pareciam ineficazes desapareceram em conjunto com as guelras. O oxigênio, que antes parecia um veneno, agora permitia que ela respirasse com facilidade, enquanto se recuperava da transformação. A areia, que antes cortava sua pele, agora trazia uma sensação curiosa ao tocá-la, quase como o carinho de uma alga-marinha.
Porém, o que mais a chocou foram as penas humanas que agora substituíam sua cauda. Sabia que perderia aquela parte de si quando se transformasse, mas nunca tinha de fato chegado a imaginar como se locomoveria entre os humanos.
levou longos minutos até conseguir equilibrar-se completamente em suas novas pernas e levantar do chão, ainda com as pernas bambas que teimavam em não ficarem retas.
Tentar permanecer em pé era um trabalho árduo que exigia todas as forças que seu corpo não possuía, fazendo a sereia respirar profundamente incontáveis vezes até criar coragem para dar os primeiros passos.
encarou a cauda dourada, agora levemente desbotada, e caminhou vacilante até se aproximar do que, minutos atrás, fora uma parte essencial de seu corpo. Abaixou-se perto da cauda, tocando delicadamente sua textura ressecada. Seus olhos se arregalaram ao observar, assustada, a cauda perder toda a coloração até virar cinza e esfarelar-se em questão de segundos, misturando-se com os grãos de areia da praia.
A sereia continuou ali parada, sem saber como reagir ao que tinha acabado de presenciar. Suas pernas fraquejaram e ela sentou-se ao lado de onde sua cauda estivera, sentindo a areia macia acomodar seu corpo. Um sorriso cruzou seus lábios enquanto ela observava o céu escuro, feliz por estar vendo-o ali na superfície. O sol quente e aconchegante já tinha sumido, dando lugar à lua que iluminava o céu límpido onde as estrelas pareciam brilhar com ainda mais força do que a imagem que possuía em sua mente.
Ela não possuía palavras para descrever o que estava sentindo, mas a sensação que dominava o seu corpo era boa.
A brisa marítima abraçou o corpo feminino que encontrava-se nu, fazendo com o que a mulher cruzasse os braços abaixo dos seios, em uma tentativa falha de amenizar o efeito que o vento lhe causava, rindo baixo ao encarar os pelos eriçados devido a brisa começava a esfriar.
estava acostumada com a água absurdamente gelada, mas isso era em sua forma natural, ao que parecia o seu corpo humano era mais sensível a temperaturas.
Levantou-se da areia sem se importar em tirar os grãos de areia que grudaram em sua pele, andando sem rumo pela extensão da praia. Seus passos ainda eram incertos e trêmulos, suas pernas ainda seguiam curvadas e precisava fazer uma força surreal para mexê-los, mas algo em seu corpo a dizia que ela precisava continuar andando, ela só não sabia para onde.




Continua...


Nota da autora: Inicialmente a inteção era que essa fic entrasse na estreia do site, mas eu me enrolei toda. Quando anunciamos a Expedição de Halloween eu só consegui pensar 'vou enviar pra entrar no Halloween'. Mas, pelo o que parece, eu sou péssima com cronogramas e AT quis estrear hoje, com esse novo layout maravilhoso do estelar.
Espero que vocês gostem da história e do meu universo de sereias!

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