Broken Hearts by Mia Rossi

Tamanho da fonte: |

Autora Independente do Cosmos 🪐

ᡣ𐭩

Escrita por Mia Rossi

Última Atualização: 07/07/2024

As lembranças perfuravam como espinhos quando a jovem chegara a Hogsmeade. 

Antes de mudarem-se para a Suécia, ela e costumavam adorar vir aqui. Apontavam para as lojas, davam risada das decorações, cantavam trechos de seus cantores bruxos favoritos. Mas, agora, tudo o que cercava era o silêncio e a solidão conforme caminhava. 

O frio era intenso e a neve estava forte, então fechou mais o casaco em volta de si, colocando as mãos no bolso e diminuindo o passo. Era estranho estar em Hogsmeade. Não apenas pelas lembranças, mas também pelo fato de já ter terminado os estudos. Ela soubera do que acontecera aqui. Todos souberam. Os jornais de Durmstrang só falavam sobre isso. A retomada e a queda de Voldemort. A guerra. As perdas.

sabia qual era a sensação de perder alguém. Podia imaginar como alguns se sentiram. E ela sentia muito por eles. 

Ah, como sentia.

Caminhar sozinha era ao mesmo tempo um alívio e uma maldição, visto que sempre fizera as coisas em conjunto; desde que nascera. Nunca esteve sozinha. Não quando podia ter a companhia daquela que nascera contigo. 

Entretanto, agora, estava destinada a ficar. Pelo resto de sua vida. Nunca mais teria a companhia dela. A sensação deixava despedaçada. Não apenas pela irmã, mas também pela egoísta sensação de saber que nunca mais a teria contigo. 

“Eu não me importo de ser egoísta”, pensou ela amargamente, vendo o vapor formar-se em sua frente quando soltou o ar da boca. “Não me importo nem um pouco. Não quando perdi, junto dela, uma parte de mim também.”

Infelizmente, essa era a cruel verdade. , quando se fora, não partira sozinha. 

Pois levara uma grande parte de junto dela também.

As lembranças perfuravam como espinhos quando a jovem chegara a Hogsmeade. 

Antes de mudarem-se para a Suécia, ela e costumavam adorar vir aqui. Apontavam para as lojas, davam risada das decorações, cantavam trechos de seus cantores bruxos favoritos. Mas, agora, tudo o que cercava era o silêncio e a solidão conforme caminhava. 

O frio era intenso e a neve estava forte, então fechou mais o casaco em volta de si, colocando as mãos no bolso e diminuindo o passo. Era estranho estar em Hogsmeade. Não apenas pelas lembranças, mas também pelo fato de já ter terminado os estudos. Ela soubera do que acontecera aqui. Todos souberam. Os jornais de Durmstrang só falavam sobre isso. A retomada e a queda de Voldemort. A guerra. As perdas.

sabia qual era a sensação de perder alguém. Podia imaginar como alguns se sentiram. E ela sentia muito por eles. 

Ah, como sentia.

Caminhar sozinha era ao mesmo tempo um alívio e uma maldição, visto que sempre fizera as coisas em conjunto; desde que nascera. Nunca esteve sozinha. Não quando podia ter a companhia daquela que nascera contigo. 

Entretanto, agora, estava destinada a ficar. Pelo resto de sua vida. Nunca mais teria a companhia dela. A sensação deixava despedaçada. Não apenas pela irmã, mas também pela egoísta sensação de saber que nunca mais a teria contigo. 

“Eu não me importo de ser egoísta”, pensou ela amargamente, vendo o vapor formar-se em sua frente quando soltou o ar da boca. “Não me importo nem um pouco. Não quando perdi, junto dela, uma parte de mim também.”

Infelizmente, essa era a cruel verdade. , quando se fora, não partira sozinha. 

Pois levara uma grande parte de junto dela também.



O dia estava tranquilo nas Gemialidades Weasley.

Entretanto, algo incomodava George. 

Ele tentava não pensar em nada ao apoiar as mãos no balcão, olhando para baixo. Era assim que costumava fazer nos dias mais difíceis. Quando a saudade surgia, perfurando seus ossos e atingindo seu coração, George tentava focar os pensamentos em outra coisa, evitando pensar. 

Mas às vezes era inevitável.

Rony havia passado por lá naquele dia, antes de ir ao ministério com Harry. George sentia-se bem com o apoio do irmãozinho. Por mais que, na maioria das vezes, preferisse ficar sozinho.

Ainda estava muito recente. Ou talvez não fizesse diferença. Em alguns momentos, o tempo se misturava, e a melancolia lhe atingia tão fortemente como se a tragédia houvesse acabado de acontecer. Em outros, a lembrança de Fred tornava-se distante e apagada, como se os momentos que viveram juntos houvessem ocorrido havia uma eternidade. Era complicado. O luto era complicado. E todos lá o entendiam, George sabia disso. Não fora o único a perdê-lo. Mas era diferente. Talvez porque cada um lidasse com o luto de uma forma. 

George levantou o olhar quando o sino balançou, vendo duas crianças correrem para dentro da loja aos cochichos. Caminharam até a prateleira dos doces brincalhões, rindo juntos ao apontar para os produtos. 

George observou-os por um instante, a lembrança da criação daquele produto chegando até ele. Seu peito apertou. Então, sem dizer mais nada ou sem ao menos preocupar-se que as crianças pegassem algo sem pagar, correu num vulto para fora da loja, batendo a porta com força e sentindo o vento gelado golpear seu rosto. A neve estava forte. Os músculos de George quase congelaram ao sentir o frio daquela manhã o encontrar.

Ele precisava beber algo quente. 

Cerrou os punhos conforme se virava com violência e rapidez ao começar a marchar por Hogsmeade. Não prestava atenção em nada nem ninguém, apenas focava em seu objetivo de chegar lá. 

E foi assim, num momento único de distração, que George não notou quando um corpo bateu violentamente contra o seu.

— Ai! — reclamou alguém, uma voz feminina. 

George recuou uns centímetros, piscando em confusão. Entretanto, seu olhar tornou-se intrigante assim que encontrou o rosto da jovem. 

Uau. Era bonita. Os cabelos eram castanhos, compridos e ondulados. O rosto era pálido e delicado. Todavia, apesar disso, seus olhos não possuíam o mesmo brilho do rosto. Eram desfocados, apagados. Sem luz. Apenas um brilho de irritação pela trombada causada por George.

— Desculpe — disse ele por fim, tão baixo quanto conseguira. — Não tinha te visto. 

— Tudo bem — respondeu ela rapidamente, embora sua voz não indicasse que estava tudo bem. A jovem abaixou a cabeça, fitando os próprios pés. Suas mãos estavam nos bolsos do casaco, e ela não parecia ter pressa; ao contrário de George. 

Ficaram assim por um tempo. Em silêncio. George se perguntou por que a garota não desviara dele e fora embora. Ela parecia estar em um estado de inércia. 

— Tá liberada pra ir — falou George novamente, tentando imitar o tom descontraído que possuía antes de tudo. Mas agora parecia falso. Estranho. 

A jovem levantou a cabeça outra vez, aqueles olhos grandes enfim parando aos dele. 

— Não estou com pressa. 

Sua voz era indiferente, vazia. George se perguntou se ela perdera alguém importante na batalha. Vira muitos com esse olhar depois de tudo.

E então, antes que pudesse parar a própria língua, George se viu dizendo:

— Qual que é o seu nome?

A jovem abaixou a cabeça novamente.

.

Ele assentiu. 

— Sou George. George Weasley. 

levantou a cabeça de súbito ao ouvir o último nome. Sua boca abriu-se levemente, o primeiro sinal de uma emoção formando-se em sua face. 

— Weasley? Que estava na batalha?

George permaneceu sério, encarando-a. Ficava cada vez mais confuso e interessado.

— Sim. Por quê? Você não estava?

negou rápido com a cabeça.

— Não, não… voltei pra cá faz poucos dias. Não terminei os estudos em Hogwarts. 

George assentiu.

— Entendi. 

Como nenhum dos dois disse mais nada, ele começou a se afastar, lembrando-se das crianças na loja.

— Tenho que ir. Desculpe de novo. 

— Não foi nada — murmurou , sem olhá-lo nos olhos. 

E, assim, sem ter qualquer outra desculpa ou razão para permanecer ali, George virou-se outra vez, voltando para as Gemialidades Weasley. 

Mas, por algum motivo, não conseguia tirar da cabeça a misteriosa e intrigante jovem que trombara com ele. Se ela não estivera na batalha, por que parecia tão triste? Por que parecia carregar nos olhos a familiar dor da morte?

George não sabia se sentia-se culpado ou assustado por, pelo resto do dia, ver seus pensamentos divididos. Uma parte estava em Fred. 

E a outra estava naquela garota.


Continua...


Nota da autora: Tenho esta história em minha gaveta por bastante tempo. Nunca a publiquei, mas, tendo em vista que estamos presenciando a estreia incrível desse site, acho que é merecido que eu desenterre Broken Hearts e dê um pouco de amor a esses dois corações quebrados.

Perder uma parte de nós nunca é fácil, e uma partinha sempre estará proocurando por uma metade que nunca mais vai voltar. Ser gerado ao lado de alguém e depois destinado a uma vida sem o tal é doloroso, e é por isso que um lado meu entende tanto o George. A saudade não vai embora, nunca, jamais. E uma parte nossa sempre se sentirá um pouco vazia sem o gêmeo que deveria estar conosco.

Por isso, tenho um desejo de abordar nesta história a maneira como o luto por um irmão gêmeo se torna um dedo fantasma. Como se você houvesse sofrido um acidente e perdido um dedo da mão, e, enquanto segue sua vida sem ele, sabendo que aquele dedo não está mais ali, uma parte sua ainda o sinta, como um membro fantasma. Seu corpo sente o dedo que não está mais com você como se ele ainda estivesse. Como se ainda fizesse parte de você. Como se ainda fosse conectado a você.

É assim que eu me sinto em minha caminhada como filha única. Como se eu ainda carregasse comigo um dedo que não está mais aqui. Porque meu corpo simplesmente se recusa a entender que eu o perdi.

E imagino que é assim que eles se sintam também.

Então, nessa história, além de, é claro, dar ao George a alegria que ele merece, também quero abordar como deve estar sendo para ele viver sem uma parte sua. Uma maneira de, através do meu próprio desabafo, criar o dele.

Vejo vocês na próxima att. Obrigada. <3


Se você encontrou algum erro de codificação, entre em contato por aqui.