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Independente do Cosmos🪐

Última Atualização: 11/09/2024

Thinking in a bad way, losing your grip…


O celular incessante de ecoou pelo cômodo mais uma vez.
Daquela, ele não queria mesmo acordar. Podia sentir sua cabeça latejar, mesmo que estivesse extremamente confortável para aquilo e mesmo que lutasse grandiosamente para não despertar por completo, sabia que não funcionaria.
Não quando a droga do celular continuava vibrando daquele jeito. E ele sabia o motivo daquela ligação.
Já haviam se passado três meses. Para ele, um tempo considerável para que pudesse reorganizar sua vida e cair em si de que tudo o que havia planejado estava começando a dar certo.
Mas tinha um problema, cujo continha um nome bem específico e que não parecia disposto a lhe deixar em paz tão cedo.
apalpou o travesseiro que apoiava sua cabeça e o virou fortemente para o lado, como se aquele ato o fizesse deixar o quarto em silêncio. O que não funcionou por muito tempo. Ele queria conseguir ignorar com toda a facilidade do mundo o chamado de quase todas as vezes em que precisava de ajuda, mas algo bem no fundo de seu peito o fazia querer confortá-la de alguma forma.
Mesmo depois daquele término.
Ele deixou alguns momentos perambularem por sua mente naquele instante. Já sabia que não conseguiria focar em seu sono novamente, não quando parte de suas memórias voltavam a atormentá-lo. Não queria que tivesse terminado daquela forma, nem mesmo queria que tivesse reagido como reagiu. Mesmo não estando mais juntos como antes, sempre viu a necessidade de protegê-la de qualquer que fosse o problema.
Só que, ele não sabia se poderia continuar fazendo aquilo. Não sabia se tinha mais forças para tal. havia consumido boa parte de sua vontade de querer continuar e por mais que pensasse muito sobre aquilo, sabia que parte da culpa não era dela.
O problema maior era o que a consumia. E aquilo já era demais para aguentar.
Ele abriu os olhos uma última vez, mirando o aparelho que ainda vibrava em seu criado mudo, reuniu o restante de ânimo que tinha e esticou sua mão em direção ao mesmo, o atendendo no milésimo toque.
Antes que pudesse dizer algo, a respiração pesada e ofegante do outro lado lhe saudou.
— Eu não sei mais o que fazer, … Eu preciso de ajuda.

Then you're left in the dust… Unless I stuck by ya…

O barulho do motor do carro parecia ecoar pela avenida de Itaewon e naquele horário, poucos carros transitavam por ali. não sabia dizer certamente que horas deveriam ser, mas tinha certeza que já se passava das três quando atravessou parte daquele bairro e avistou somente as luzes resplandecentes dos outdoors, com pouca movimentação ao redor. Itaewon não costumava ser vazia como naquele momento.
Ele ainda tinha seus olhos ardendo pelo sono que sentia e justamente pelo fato de que precisava descansar devidamente por conta de sua nova rotina. havia crescido. O rapaz havia conquistado boa parte do que queria e aquilo talvez tenha sido o problema inicial de tudo o que estava acontecendo naquele instante. A verdade era que, e haviam namorado por um bom tempo, há alguns meses atrás. De início achou que realmente poderia ser a garota de seus sonhos. Não que ela não fosse, só que… havia se perdido. A pressão de sua família que acarretou em problemas sociais e pessoais foi demais para que ela pudesse suportar. E não poderia seguir junto a ela daquela forma.
O rapaz tinha muito mais a conquistar e doía saber que a garota não faria parte de seus planos como queria.
Deixou um suspiro pesado escapar de seus lábios. Ele já não sabia mais como ajudá-la…
passou uma das mãos pelos olhos pesados, como se aquilo o acordasse um pouco mais e voltou a focar sua atenção por toda a avenida outra vez, tentando mesmo que de forma falha, encontrar por ali. Pelo som alto que havia ecoado ao fundo da ligação, ela só poderia estar em um único lugar naquela hora.
Quando virou a próxima esquina, em uma das ruas mais estreitas e menos iluminadas daquele bairro, avistou uma pequena aglomeração seguida de pessoas embriagadas e provavelmente alteradas. Aquilo fez o estômago do rapaz embrulhar. Ele nunca havia gostado muito de ambientes como aquele.
Deixou o carro estacionado em um canto mais afastado e permaneceu dentro do mesmo por alguns segundos, até avistar a cabeleira esvoaçante da garota que havia o ligado há momentos atrás.
não parecia nada bem.
sentiu seus dedos entrelaçarem o volante, como se aquilo o segurasse para a sanidade. Ver daquela forma, tão fora de si e descontrolada fez seu coração espremer dentro do peito. Como alguém tão vívida havia resultado em uma pessoa tão frágil e incolor? costumava irradiar qualquer que fosse o lugar em que passava e seu sorriso conseguia cativar qualquer que fosse a pessoa.
Ele entendia todos os seus problemas e nunca ousou em sair do lado da garota, mas por que ele não via vontade em querer mudar para melhor? não conseguia ver um resquício sequer de desejo em querer se transmutar por parte de .
Aquilo o entristecia de uma forma que não conseguia explicar.
Continuou a observando. Os cabelos desgrenhados e os fios colados pelo rosto. A maquiagem borrada, que um dia a deixara inexplicavelmente linda. O rosto perturbado e amargurado, como se quisesse ajuda e não soubesse como aceitar.
A cabeça de rodava. Teria sido sua culpa não estar lá o tempo inteiro para apoiá-la? Teria sido sua culpa ter focado em ter uma vida saudável e bem sucedida e, ainda assim, entendido que não queria o mesmo que ele? Muito menos queria seguir com ele?
Teria sido culpa dele não ter levado o relacionamento dos dois adiante?
O rapaz suspirou uma última vez, antes de tomar qualquer decisão.
Ele precisava tirar daquele lugar, pelo menos para deixar claro o que aconteceria dali em diante.
passou uma das mãos pelos cabelos escuros e desceu rapidamente do carro, o trancando antes de seguir em direção ao lugar. O som começara a ficar mais evidente e a quantidade de pessoas parecia crescer cada vez que se aproximava.
Ele havia perdido de vista. Droga. Onde é que ela havia se metido? O que é que ela estava fazendo justo ali?
Deixou que seus olhos vagassem por toda a extensão do local. E antes que pudesse adentrar um pouco mais, avistou de relance o corpo da garota se movimentando ao seguir as batidas da música que tocava. Não pensou duas vezes ao seguir em direção à ela.
Ao tocar o braço da mesma, quase que instantaneamente virou em sua direção. Um sorriso alucinado tomou conta de seus lábios e aquilo fez com que franzisse o cenho.
Aquela não era a que ele costumava conhecer.
— O que você pensa que está fazendo?
A pergunta saiu como um sibilo dos lábios de . A garota continuou o encarando como se fosse a imagem mais bonita a ser admirada. Suas pupilas dilatavam.
, você… Ah, você veio…
, o que foi? Você disse que precisava de ajuda. O que aconteceu? Você — levou as mãos nas laterais do corpo da garota, como se a analisasse por completo. se limitou a sorrir mais uma vez. — Você está bem?
— Agora eu estou. — respondeu de imediato. — Você está aqui, ! Isso já basta pra mim.
… — pronunciou, soltando um suspiro pesado ao ver a situação em que sua amiga se encontrava. Aquilo partia seu coração por completo. Ele não sabia mais o que fazer. — O que você tá fazendo aqui? Por que não tá em casa? Olha só esse lugar. — o rapaz virou os olhos para observar ao redor. — O que é que você está fazendo?!
— Eu não sei, eu… Você veio, . Isso que importa.
— Não. Não é isso o que importa. Eu não posso… Você não pode…
fechou os olhos com força, abaixando a cabeça ao tentar falar em meio a música que ecoava do lado de fora. Ele não sabia mais o que fazer. Não conseguiria continuar daquela forma, não com daquele jeito.
, olhe pra mim. — levou uma das mãos para o rosto da garota, o afagando com delicadeza. Seu coração ainda dilacerava ao vê-la tão perdida como estava. — Olhe para mim.
Os olhos da garota focaram no do rapaz com certa lentidão, até entender que era realmente que estava a sua frente. As pupilas continuavam aumentadas, mostrando o quão alucinada estava mediante ao que havia usado. Os fios de seus cabelos balançavam por conta do pouco vento que passeava entre os dois e com o polegar, limpou certo resquício da maquiagem borrada que pintava parte das olheiras de .
— Você precisa de ajuda. Está entendendo? Precisa sair daqui.
— Eu já tenho minha ajuda, . E é você. — completou, aproximando o corpo um pouco mais do rapaz. olhou para o lado, pressionando os lábios.
Ele precisaria dar um basta. Para o bem dos dois.
, você precisa entender. Por que não tenta uma vida melhor? Algo que te faça crescer? Você sabe como eu queria te…
— Pare com essas baboseiras, ! — a garota espalmou as mãos no peitoral do rapaz, o empurrando levemente e com isso, cambaleando para trás. Parou por breves segundos, colocando a mão sobre a boca. — Não quero ouvir sobre isso. Você deixou bem claro quando terminou comigo.

— Não. É isso mesmo que você ouviu. Deixou claro que não queria mais nada comigo pelo estilo de vida que eu levo e que não saberia se isso seria bom para seu futuro....
Apontou para , como se aquilo fosse melhorar sua situação.
— Que estilo de vida, ? Estar bêbada em uma boate às três da manhã? Cheirando a bebida barata e a… Eu não quero nem falar. — o rapaz piscou algumas vezes, pressionando as têmporas. Ele não sabia dizer exatamente o que sentia naquele instante. Ele só queria tirá-la dali, mas sabia que já tinha feito demais e já tinha deixado claro que não queria mudar nada em sua vida. — Você precisa mudar.
A garota ergueu o olhar em direção ao rapaz, o encarando profundamente. sentiu o corpo estremecer. balançou a cabeça, soltando uma risadinha fraca.
— Que conveniente. Era isso o que você queria mesmo, desde o começo. Sabe o que eu acho, ? — se aproximou, desta apoiando apenas uma mão em seu peitoral. — Acho que você me queria mesmo fora do seu caminho. É. Você queria crescer, se tornar bem-sucedido e me deixar para trás.
— Não é nada disso, . Você sabe que não foi isso o que aconteceu.
— Claro! Porque a sua desculpa foi a de não termos a rotina compatível, de nossos sonhos serem divergentes e a de… A de querer o melhor para mim. Se você queria mesmo o melhor para mim, por que me deixou? Por que, ?! — a última pergunta foi quase em tom de desespero. Ele podia avistar os olhos da garota marejados, brilhando como a lua daquela noite. E aquilo só fez com que seu coração se despedaçasse, mais do que já estava antes.
sentiu seus olhos arderem.
Por que tinha que ter deixado tudo chegar àquele ponto?
— Porque você não estava me fazendo bem, . Você só me puxava para baixo e céus… Como eu tentei de tudo para consertar as coisas. A vida que você leva não é a que eu quero pra mim. — a voz do rapaz saiu quase em um sussurro, no mesmo instante em que um choro engasgado ressoava da garota a sua frente. Ele queria puxá-la para um abraço apertado, demonstrando que tudo ficaria bem, mas não parecia certo. Não mais. — Eu sinto muito.
A única coisa que conseguiu ouvir no instante seguinte foi o urro fraco de sua amiga e os pés sendo molhados pelo que ele conseguia ter noção do que era. Soltou um suspiro pesado e cansado, erguendo uma das mãos em direção às costas de , em um afago delicado.
— Vai ficar tudo bem. — deslizou as mãos para os cabelos úmidos e desgrenhados, seguindo para o queixo de e levantou o rosto da garota, podendo vê-la chorar como uma criança. — Vamos. Eu te levo para casa.

You don't wanna be alone… I know I always come and go…


O canto dos pássaros do lado externo da residência parecia abafado demais para naquele momento. Os olhos pareciam colados demais para serem abertos e seu corpo dava a entender que havia sido triturado por algum veículo.
não conseguia se lembrar de nada do que havia lhe acontecido na noite anterior, mas um flash rápido lhe passou pela mente, a fazendo vislumbrar de relance o rosto de próximo a si e imerso em lágrimas.
Seu coração se apertou de imediato. O que ela havia feito?
Em um impulso, ergueu o corpo da cama em que estava e tentou olhar vagarosamente a seu redor, só conseguindo avistar a escuridão em seu quarto. Ela não conseguia se lembrar de mais nada e sua cabeça latejava. Deixou que uma de suas mãos seguissem em direção aos cabelos, mais bagunçados do que se lembrava e sentiu a garganta arder. Não só a garganta, como os olhos, esses os principais. Uma dor inexplicável começou a surgir em seu peito, como se precisasse gritar e tirar aquele peso que sentia de cima de si.
não queria nada daquilo, mas se sentia vazia. Se sentia sozinha.
E a única pessoa que havia lhe dado paz, havia tirado a mesma.
Só que, da mesma forma que sentia que havia lhe deixado, também sentia que o prendia e que o rapaz merecia muito mais. Ela queria tanto que ele fosse feliz, mas…
Por que parecia tão difícil?
Uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha. segurava um choro preso, quase que acumulado. já fazia muito por ela.
A garota fungou, tentando conter aqueles sentimentos.
Ao virar o rosto, tentando arrumar forças para levantar e tentar fazer algo que julgasse como útil, avistou um minúsculo pedaço de papel, um pouco sujo e rabiscado. Ali, a letra do rapaz que um dia havia sido não só seu melhor amigo, como também namorado, continha algo escrito.
Algo que não fazia ideia que lhe despedaçaria para sempre.

“Eu tentei, . Você não faz ideia de como. Não queria deixar que chegasse a esse ponto, mas… Eu não sei mais o que fazer. E acho que não posso continuar tentando. Por favor, fique bem. Queria muito poder dizer que sempre vou voltar para você quando precisar, mas dessa vez… Dessa vez, , eu nunca mais vou voltar.

Eu sinto muito. Espero que entenda.

.”


But it's out of my control…




FIM.


Nota da autora: calling after me veio para esquentar esse especial incrível do Ficsverse! Espero que vocês gostem e não deixem de comentar o que acharam ;)

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