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Independente do Cosmos🪐

Última Atualização: 26/02/2025

O calor dentro do metrô parecia surreal demais para e só piorou quando as portas do vagão se fecharam atrás de si e a garota sentiu o vapor de encontro à sua pele.
Foi impossível não notar a quantidade de pessoas que estava ali também e em como o subsolo do lugar parecia uma sauna.
Respirou fundo. Por mais um pouquinho, surtaria por estar impaciente e morrendo de calor.
Deu uma ajeitada nas alças das malas, que por sinal estavam pesadas demais, e se encorajou a subir o lance de escadas que dava, finalmente, para a rua.
A primeira coisa que viu foi a claridade e, no segundo seguinte, fechou os olhos minimamente. O céu estava pintado em um azul claríssimo e tinham poucas nuvens espalhadas por ele. E alguns pássaros sobrevoavam bem distante dali.
Parecia uma pintura de tão lindo que era.
Mas ainda continuava quente. Quente demais.
Respirou fundo mais uma vez, tentando admirar um pouco mais a paisagem antes que perdesse a paciência.
Desviou dos demais turistas que passavam ali e aproveitou para olhar ao redor, se localizando antes de encontrar sua melhor amiga, Chiara.
A rua em que estava era estreita, coberta por pedras antigas, irregulares e gastas pelo tempo. A fachada dos prédios dos dois lados eram um pouco amareladas, com janelas e portas de madeira, algumas abertas e outras com persianas que tentavam, em vão, se proteger do calor que fazia.
conseguia ouvir o burburinho das conversas ao redor, as risadas animadas e pedidos de fotos por todo o canto, enquanto algumas scooters passavam com pressa, como se estivessem atrasados para algo muito importante.
Haviam flores e plantas por todo o lugar, fazendo sombra para algumas pessoas que paravam por debaixo delas.
Ela se moveu, desviando de um casal que discutia em italiano sobre alguma coisa que parecia importante e seguiu pela rua até achar o lugar que Chiara havia combinado de encontrá-la.
Mas, o que tirava mesmo sua atenção de chegar até o ponto de encontro eram as lojinhas espalhadas, as cafeterias e restaurantes minúsculos por ali.
Parecia cenário de filme.
Bem próximo a si, um gatinho preguiçoso observava tudo do degrau de uma escadinha, sem pressa alguma, como se o calor não fosse um problema para ele.
riu fraquinho. Que gracinha!
Andou um pouco mais e, assim que avistou uma fonte que ela conhecia bem pelo Maps, a fonte de Santa Maria, relaxou os ombros.
Era ali que encontraria Chiara.
Chiara era sua melhor amiga desde que se conhecia por gente. As duas haviam se conhecido ainda pequenas, em um desses verões quentíssimos no Brasil, quando a família de Chiara se mudou para a casa ao lado de . A amizade foi tão rápida que ambas pareciam se conhecer uma vida inteira, cheia de brincadeiras, risadas escandalosas e uma conexão que parecia de outra vida. Desde então, haviam se tornado inseparáveis.
Jardim de infância, ensino fundamental e médio. Sempre juntas.
Até que, um ano depois, os pais de sua melhor amiga precisaram se mudar para a Itália. E consequentemente Chiara também foi.
Foi uma despedida para lá de difícil. ainda conseguia se lembrar de chorar baixinho querendo sua melhor amiga de volta. De desejar ter a amiga para brincar no quintal da sua casa, como costumavam fazer, e não tinha.
Mas, apesar de toda a distância, a amizade das duas se tornou ainda mais forte do que já era. Chiara havia voltado para o Brasil algumas vezes em visitas curtas nas férias da faculdade.
Sempre que podiam, prometiam uma à outra que em breve iriam se encontrar.
E agora, bom, estava ali, ansiosa para passar a temporada do verão na casa de sua melhor amiga.
começava a se sentir mais ansiosa que o normal. Precisava confessar que estava mais do que animada para conhecer todos os lugares de Roma; cada ruazinha, cada praça, cada fonte e ponto turístico.
Se sentou na beirada da fonte, apoiando o cotovelo em uma de suas malas e só então sentiu o celular vibrar na bolsa, o pegando em seguida.
O pegou. Era uma mensagem de Chiara.

Chiara
Já tô chegando, amiga
Tá preparada pro melhor verão da sua vida? Não vou te deixar em paz!
😂”

deixou uma risadinha escapar, balançando a cabeça. E não deixou de responder a amiga.


Eu tô pirando, chega logo!

Guardou o celular e olhou ao redor. Trastevere estava uma bagunça organizada em uma mistura de charme e caos que ela conhecia pelas fotos e vídeos que sua melhor amiga sempre mandava. E, estar ali presenciando aquilo, era mil vezes melhor.
O bairro estava lotado, como imaginou que estaria mesmo. Tinham muitas pessoas passeando por ali; seguravam um gelato, suas bagagens e até mesmo bolsas com souvenirs comprados.
Aquilo não poderia ser mais contagiante. E mesmo estando um calor de quase trinta e dois graus, quase ninguém ali parecia se importar muito com isso. Estavam em Roma e não era o calor que iria desanimá-las de alguma forma.
sentia o coração bater forte pela animação que sentia. Mesmo só tendo visto uma partezinha do lugar, já se sentia mais conectada do que imaginou que estaria.
Que loucura!
Roma era realmente mágica como havia escutado.
Foi então que avistou um Fiat 500 se aproximando, no estilo retrô que Chiara adorava e a primeira coisa que conseguiu perceber foi o sorriso de orelha a orelha que sua amiga tinha no rosto.
Ela estava gritando algo que não dava para entender muito bem, mas parecia estar cantando junto com a música que tocava no carro e chamando por junto do refrão.
gargalhou com a cena. Havia morrido de saudade daquela louquinha.
Chiara fez a curva perto do chafariz — e pôde jurar que ela quase subiu com o carro nele —, e estacionou perto da amiga.
Pulou para fora do veículo e jogou o corpo em , em um abraço apertadíssimo.
— Não acredito que você realmente tá aqui! — disse, mais animada que o normal. Quando se soltou de , deixou uma risadinha escapar. — Quase atropelei um turista vindo pra cá, mas o importante é que nos encontramos.
— Você o que?!
quase gritou. Chiara deu uma piscadela e pegou uma das malas de .
— Ah, não foi nada demais. Você sabe como eles são. Aparecem no meio da rua quando a gente menos espera — deu de ombros, falando como se não fosse nada demais. — Vem logo! Eu tô doida pra te mostrar a cidade.
ainda estava tentando digerir a informação, mas não conseguiu segurar a risada. Chiara era daquele jeito mesmo, cheia de histórias malucas e engraçadas, mas isso até que fazia um charme na garota.
— Não sei se fico mais preocupada com o turista ou com você.
Chiara riu fraquinho, sentando no banco do motorista e prendendo o cinto na fivela. fez o mesmo ao seu lado.
— Se preocupe em arrumar um namoradinho aqui. Você vai ter tempo pra isso, sabia?
quase engasgou com a própria saliva. Chiara riu.
As duas já passeavam com o carro pelas ruelas de Trastevere.
— Um namoradinho? Sério, Chiara? De onde tirou essa ideia?
— Ué, você tá em Roma. E a cidade tem o poder de fazer qualquer um se apaixonar. Ou pelo menos se distrair, né? — olhou rapidamente para a amiga. encostou a cabeça no apoio da poltrona, olhando para a arquitetura que passava do outro lado da janela. — E vamos ser sinceras? Tem quanto tempo que você não tira a poeira disso… Aí?
A amiga deu um sorriso malicioso enquanto dirigia.
fez uma careta ao ouvir a amiga, mas não deixou de soltar uma risadinha.
Sabia exatamente o que Chiara estava insinuando.
— Ai, para com isso. Não é bem assim.
— Ah, é? E é como então? — questionou.
— Só tô focada em outras coisas. Não é minha prioridade no momento.
Resmungou, desviando o olhar de Chiara para as ruas movimentadas outra vez.
Era verdade que sempre arrumava alguma desculpa quando se tratava de relacionamento. É que, para ela, focar naquilo não era tão importante quanto focar na sua carreira.
E era melhor ter uma carreira estável do que um namoro que lhe desse dor de cabeça.
Ouviu a amiga bufar enquanto fazia uma curva.
— Ah, , pelo amor de Deus! Você fala como se tivesse ocupadíssima com tudo o que você faz.
riu, balançando a cabeça.
— E quem disse que eu não tô? — rebateu, cruzando os braços. — Minha agenda tá lotadíssima. Isso inclui experimentar todos os gelatos possíveis e tirar as melhores fotos que eu puder.
— Ah, pronto. Missão impossível. Coitada de você, garota.
Chiara rolou os olhos, rindo logo depois.
— Exatamente — suspirou, em puro drama. — E olha só, um romance de verão pode até parecer divertido, mas e depois? Eu volto pra casa e o boy italiano fica aqui. Aí pronto, mais uma dor de cabeça.
Observou a amiga fazer uma careta, desacelerando o carro minimamente. As duas estavam chegando em frente ao apartamento em que Chiara morava.
— Você pensa muito. Vai viver um pouquinho, sem preocupações. Não vai te fazer mal.
Gesticulou estacionando o carro na direita, quase em frente à porta de entrada.
ficou em silêncio por alguns segundos, absorvendo as palavras da amiga.
Sabia que ela tinha razão, mas alguma coisa dentro de si a impedia de querer apostar em algo que não era tão certo assim.
Mas, estando ali, já percebendo o clima agradável e parecendo um filme de comédia romântica, talvez… Bem talvez, ela pudesse se permitir aproveitar sem tantas preocupações.
Quase tomou um susto quando Chiara, que já estava fora do veículo, colocou a cabeça pela janela outra vez, com um sorriso enorme nos lábios.
— E aí, você vem ou não?!

☀️🏎️❤️

sentiu o vento leve do entardecer balançar seu vestido florido e os fios soltos de seus cabelos escuros.
Ela estava parada na calçada do apartamento de Chiara enquanto sua amiga descia as escadas, trancando a porta atrás de si. As duas estavam imersas em risadinhas e planos para um verão inteiro na cidade desde cedo.
não poderia estar mais ansiosa e animada.
Era tudo o que ela precisava.
Ajeitou sua pequena bolsa nos ombros e observou Chiara parar do seu lado. Ela apoiou as mãos no quadril antes de virar para com um olhar sério.
E até ficaria com medo se não conhecesse tão bem sua amiga e soubesse que ali tinha alguma gracinha.
— Agora oficialmente você é uma turista. Vai, seja feliz!
— Você tá me expulsando?
franziu o cenho, cruzando seus braços.
Chiara deixou uma risadinha fraca escapar e abraçou a amiga pelos ombros.
— Expulsando? Imagina! Só tô te jogando nos braços dessa cidade incrível e maravilhosa — disse, apertando e balançando os ombros juntas. — Você tem que aproveitar! Vai andar pelas ruazinhas, prova um gelato, flerta com um italiano gato…
revirou os olhos, rindo.
— Você não se cansa desse assunto?
A amiga soltou um suspiro dramático, finalmente soltando os braços de .
— Larga de ser chata. Você tá em Roma. Eu vou considerar um insulto se você não tirar nem uma casquinha. E eu não tô falando do sorvete.
soltou uma gargalhada sincera e Chiara sorriu, satisfeita com a própria piada, cutucando a amiga de leve na cintura.
— Mas falando sério agora, aproveita por mim também. Eu tô presa naquele restaurante infernal até tarde.
As duas começaram a andar pela Via Giulio Cesare Santini, uma ruazinha estreita e charmosa, onde algumas pessoas caminhavam sem muita pressa e alguns carros pediam passagem.
O entardecer a deixava ainda mais bonita, junto da arquitetura de tijolinhos e algumas plantas que estavam espalhadas pela parede.
arqueou uma das sobrancelhas.
— Infernal? Você vive dizendo que ama trabalhar lá.
— Eu amo… — a amiga fez um biquinho e deu de ombros. — Até os clientes começarem a pedir um vinho que não tá na carta e discutirem comigo como se eu fosse a sommelier da Toscana.
— Poxa, que azar o seu ser garçonete em um dos restaurantes mais famosos daqui, né? — a empurrou de leve.
— Isso não vem ao caso! — Chiara balançou a cabeça, deixando um sorrisinho escapar. — Mas o foco desse verão é você. Te aconselho um passeio até a Piazza Trilussa, se quiser. Lá sempre tem gente tocando música, é muito animado. São dez minutinhos andando, nada demais. Ou você pode só se perder pelas ruas mesmo, porque isso sempre dá certo.
assentiu, memorizando os conselhos da amiga.
— Até que eu gosto da ideia de me perder.
Chiara deu um gritinho animado e aquilo fez gargalhar.
— Isso! É assim que se fala! Mas, por favor , não some de verdade, senão eu vou ter que largar meu turno pra te resgatar.
— Só não vai de carro, sério. Você quase atropelou a fonte também — apontou, ouvindo a gargalhada nasalada de Chiara.
Aquele era um dos momentos que amava na amizade delas. As duas se encaixavam sem o menor esforço.
E, mesmo tanto tempo longe uma da outra, os encontros eram sempre como se nunca tivessem se separado.
Chiara olhou para a amiga por alguns segundos e a abraçou outra vez.
— Ai, , senti tanto sua falta!
— Eu também, sua doida. Principalmente dessas loucuras suas. Sabia que não achei ninguém igual a você no Brasil?
Alfinetou, vendo Chiara fazer uma careta.
— E nem vai. Sou sua única melhor amiga. Agora se manda! — a empurrou levemente para frente. riu. Virou seu corpo para observar a amiga que logo seguiria em direção ao restaurante que trabalhava. — Qualquer coisa você me liga, tá?
— Pode deixar.
sorriu, dando um pequeno aceno para a amiga que se afastava e sentiu uma sensação de paz segundos depois.
Quando deixou os olhos caírem no céu, onde o azul e o laranja se misturavam em um fim de tarde de tirar o fôlego, a garota percebeu o corpo arrepiar instantaneamente.
Ficou admirando a estrutura ao redor por alguns segundos antes de começar sua pequena tour pela cidade.
Os edifícios antigos tinham as paredes desgastadas com alguns ramos de trepadeira rodeando até mesmo alguns toldos dos comércios dali. Ela podia sentir o cheiro da comida sendo preparada, da massa que era feita fresquinha por algum cozinheiro sentado bem na vitrine dos restaurantes e do vinho que era servido com gosto para os clientes.
Observou as pessoas que caminhavam animadas próximas a si, em como conversavam empolgadas, falando sobre coisas usuais e sem muita importância.
Era exatamente como se a cidade estivesse viva demais para ser verdade.
Como se respirasse.
balançou a cabeça, se encorajando.
E seguiu para o centro de Trastevere.


Continua...


Nota da autora: Mais uma fic participante desse especial incrível e com um piloto que me deixou derretida desde que conheci a F1 hahah Espero que gostem <3


☀️

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