Autora Independente do Cosmos ✨
Atualizada em: 24/02/2025
Apartamento de — Quântico, Virgínia; 05:58 AM
Algum tempo depois
O despertador tocou o barulho irritante novamente, mas como das outras vezes, o homem não levantou. Ele apenas se remexeu na cama, como se estivesse cansado até para abrir os próprios olhos e resmungou quando o barulho finalmente parou, voltando a virar-se para o outro lado da cama. No mesmo quarto, em frente ao espelho, Watkins terminava de arrumar o cabelo em um rabo de cavalo leve. Ela tinha acordado e levantado-se no primeiro toque do despertador e só precisou tomar um banho rápido e vestir as mesmas roupas da noite anterior, uma vez que ela não tinha apartamento naquela cidade, e mesmo que estivesse hospedada em um hotel simples, sempre que encontrava , sua noite acabava na cama do homem, emaranhada nua em lençóis.
— — ela chamou, terminando de amarrar o cabelo e andou de volta até a cama. — , acorda.
Ela poderia ter ido embora sem avisá-lo. Era normal entre eles. Mas não era de dormir tanto e muito menos de se atrasar para o trabalho. E mesmo que ela fosse para o mesmo lugar que ele, não queria que ele soubesse naquele momento; não sem antes de ter uma conversa com Emily Prentiss a respeito de sua presença ali.
sentou na cama, tocando os ombros do homem levemente, murmurando o nome dele diversas vezes na tentativa de despertá-lo, mas ele só resmungava coisas desconexas e a agente bufou. Quando estava prestes a ser um pouco mais agressiva, Roxy apareceu de mansinho pelo quarto, pulando na cama com animação, direto para o colo da mulher, recebendo-a com lambidas no rosto.
— Ah, Roxy! — a mulher exclamou, rindo, segurando-a. — Calma aí, garota.
Ela acariciou a cabeça da cachorra com carinho, afastando o seu rosto do dela, ajeitando-se melhor sobre a cama.
— Senti sua falta, garota — disse, recebendo um latido como resposta. — É, eu sei. Vou descontar no seu dono.
já tinha despertado. O homem virou o corpo, encontrando a melhor maneira de poder observar a mulher com a sua companheira de todos os dias. Ele sabia que Roxy sentia falta de . Mas não havia muito o que pudesse fazer, uma vez que ele tinha sido transferido de cargo e tudo o que havia entre os dois era uma coisa casual.
— Bom dia — ele murmurou, chamando a atenção primeiro de Roxy, que pulou nele com a mesma animação anterior.
Ele riu, acariciando-a na base do seu pescoço, levantando-se. observou os dois por um momento.
— Eu estou atrasada — ela informou.
a olhou rapidamente, assentindo em seguida. Ele não estranhava que ela ainda estivesse ali, embora tivesse esperado acordar sozinho, como das outras vezes. O fato de ter gostado da presença dela ali pela parte da manhã o confundiu, mas ele não aprofundou mais os pensamentos nisso. Tinha feito isso uma vez, e não tinha dado certo.
— Você ainda não me disse o que está fazendo na cidade. — O homem dividiu a sua atenção entre Roxy e a mulher, que agora estava em pé, procurando seus saltos e sua bolsa. — Algum trabalho?
— T — ela respondeu, sem dar certeza nenhuma.
Watkins pegou a bolsa, verificando as notificações do seu celular. Havia vários emails na sua caixa de entrada e ela soltou um suspiro, imaginando o quão cansativo seria olhar tudo mais tarde com a atenção devida que ela precisaria ter. Guardou o aparelho dentro da bolsa e vestiu o seu sobretudo marrom por cima da roupa que usava.
Roxy saiu do colo de , deixando-os sozinhos ao passar direto pela porta do quarto, certamente indo para o seu lugar habitual na sala. O homem passou os dedos pelos fios do cabelo, encarando .
— ? — ele chamou.
Ela virou-se de frente para ele, piscando os olhos na sua direção.
— Sim?
— Foi uma ótima noite — ele respondeu. — Eu senti…
Senti a sua falta, ele queria dizer, mas não o fez. não tinha problema em demonstrar as suas emoções, mas ele conhecia o suficiente para imaginar como ela receberia aquilo. A sua última conversa, no casamento da irmã dela, vez ou outra ainda ecoava na sua mente. E ainda agora, continuava sendo fechada demais na maior parte do tempo, e mesmo que estivesse rodeado de analistas de perfis agora, ele nem mesmo conseguia decifrar os pensamentos da mulher às vezes. Muito menos seus sentimentos por ela.
Antes, quando os dois ainda eram da mesma Força-Tarefa, conseguia alcançá-la. Eles eram bastante próximos, mas quando mudou de cargo, não manteve nem mesmo as ligações semanais. Isso os afastou um pouco, e agora ela estava ali.
Dando continuidade à algo que ele achou que tinha acabado.
— O que você sentiu? — ela questionou, confusa.
— Nada — ele respondeu, balançando a cabeça. Finalmente saiu da cama, mantendo-se de pé.
estreitou os olhos na direção dele, mas não o pressionou. T fosse melhor assim. Ela já tinha ultrapassado um limite de não ter ido embora antes de o mesmo acordar, não queria ser forçada agora a lidar com algo inesperado. A mulher se aproximou dele, devidamente vestida e pronta, com a bolsa no ombro.
— Sim, foi uma ótima noite, — ela concordou com ele, beijando-lhe a bochecha intimamente. — Eu te encontro depois?
— Quanto tempo você vai ficar aqui? — indagou, curioso.
Ela tinha dito que tinha uma série de seminários para ministrar na Universidade da cidade, mas ele não tinha entendido muito bem sobre o quê. Ou quanto tempo aquilo levaria.
— Vou descobrir sobre isso hoje — ela respondeu, dando de ombros. — Bom dia, .
Sem esperar resposta, ela deu as costas ao homem que tinha seu coração inteiro e completo, deixando-o sozinho.
Deixando-o sem saber daquele detalhe, porque nem mesmo Watkins tinha noção de que seu coração já estava entregue há muito, muito tempo.
Prédio da UAC — Unidade de Análise Comportamental; 07:29 AM
cruzou as pernas, confortável na cadeira que estava sentada, esperando por Emily Prentiss. Ela estava adiantada o suficiente para entender que a outra não estava atrasada, mas começava a ficar ansiosa em estar esperando sozinha naquele escritório. Depois que tinha saído do apartamento de , a mulher deu uma passada rápida no hotel em que estava hospedada para trocar de roupa e tomar um café da manhã em tempo curto.
Podia ter sido outra pessoa ali, no lugar dela, prestes a falar com a mulher que agora comandava o Departamento de Análise Comportamental, mas , antes de entrar para Força-Tarefa de Fugitivos, fez parte da equipe que capturou o serial killer na primeira vez. Agora ele estava foragido, e por causa de sua experiência com o caso do assassino, seu supervisor a escolheu para ser uma ajuda extra à equipe de analistas. Ela já esperava ter que lidar especificamente com tão de perto, mas depois daquela manhã, ela não sabia se estava tão preparada.
— Agente Watkins? — Emily entrou no próprio escritório. — Peço desculpas por deixá-la esperando.
balançou a cabeça, descartando o pedido de desculpas da outra e levantou-se da cadeira, estendendo a mão para Prentiss, que aceitou.
— Tudo bem, eu quem pensei que estivesse atrasada, e no fim, acabei adiantada — respondeu.
As duas se cumprimentaram, e enquanto Emily sentava do outro lado da mesa, Watkins voltou para o mesmo lugar, de frente para a mulher.
— Seu supervisor insistiu na sua participação — Prentiss começou a falar, cruzando as mãos sobre as pastas na mesa. — Parece que você estava no caso que o pegou da primeira vez.
— Sim — Watkins concordou. — Lidei com alguns antes de entrar para a Força-Tarefa. Parece que eu tenho que pegá-lo pela última vez agora.
não percebeu que tinha juntado as duas mãos e as esfregava devagar. Aquele caso específico tinha sido difícil e ela lembrava perfeitamente das noites sem dormir. Caçou-o cansativamente e agora parecia que precisava fazer isso novamente.
— Sua ajuda vai ser bem-vinda, Agente Watkins. E eu espero… — Prentiss começou a dizer, seus olhos observando atentamente as duas mãos juntas da mulher à sua frente, mas ela não disse nada quanto aquilo. — Que seja menos difícil lidar agora.
sabia que não seria, mas assentiu mesmo assim, dessa vez esfregando as palmas das mãos sobre o tecido fino da saia que usava.
Emily, notando que a mulher não diria mais nada, retomou a conversa.
— Vamos — Prentiss levantou, indicando a porta. — Vou te apresentar ao restante da equipe.
Watkins assentiu levemente, acompanhando a sua nova chefe temporária. As duas saíram do escritório. O corredor estava vazio e dava uma ampla visão do local, uma grade e uma escada dividindo o espaço. No final do corredor, havia uma porta e a seguiu.
— Bom dia, pessoal — Prentiss cumprimentou, observando o restante da equipe em seus respectivos lugares na mesa. — Essa é Watkins. Ela é uma Agente Especial da For…
— Força-Tarefa de Fugitivos — interrompeu, completando a frase.
olhou diretamente para o homem, ignorando todo o restante presente. Ela mordeu o lábio inconscientemente, sentindo o olhar dele em si, mas não disse nada imediatamente. Ele não parecia bravo por ela ocultar aquela informação dele depois de os dois terem passado a noite juntos, mas não gostava de ser o último a saber as coisas por ela.
Principalmente quando se tratava dela.
— Eu queria ter certeza antes — Watkins finalmente disse, após alguns segundos de silêncio que ela com certeza achou constrangedor.
— Vocês se conhecem? — Garcia questionou, olhando de um para o outro e em seguida, bateu na própria testa, como se tivesse sido óbvia demais. — Bom, claro que se conhecem, ele também era da Força-Tarefa de Fugitivos.
— Sim — confirmou, com um sorriso no rosto. — Nós éramos… parceiros.
estreitou os olhos, mas aceitou aquela resposta, devolvendo o sorriso mais discreto para ela. O homem deu de ombros, como se demonstrasse que não se importava que ela não quisesse contar à equipe que eles tinham sido mais do que simplesmente parceiros.
a entendia, no entanto. levava o ambiente profissional muito a sério e aquele lugar era novo para ela. Claro que ela não chegaria contando para pessoas, que nem sequer conhecia, que ela tinha mais do que assuntos profissionais com ele sem antes julgar o caráter daqueles que a rodeavam.
Era importante para ela que tudo fosse conquistado por seu mérito próprio e não porque havia a sombra de um homem por trás de seus esforços. O FBI, desde o começo, tinha sido um ambiente pelo qual ela precisava lutar duas vezes mais para mostrar que também tinha a mesma capacidade de seus parceiros — e, na opinião de , até mais.
O homem, no entanto, também queria poder verbalizar os seus pensamentos para a sua antiga parceira de que aquela equipe era muito diferente de qualquer uma que ela conhecia ou já tinha conhecido. Eles não a julgariam por qualquer que fosse o motivo. Muito pelo contrário. desconfiava que assim que eles tivessem a certeza do envolvimento pessoal dos dois — porque eles teriam, visto que eram todos perfiladores —, eles ficariam bastante interessados.
— Por favor, sente-se — Emily a convidou, sentando-se primeiro e a acompanhou, ocupando o lugar ao lado dela e de mais uma mulher loira. — Essa é a Agente Jennifer Jareau.
— Pode me chamar de JJ — Jennifer disse, ao seu lado, um sorriso simpático nos lábios.
— Os Agentes David Rossi, Dr. Spencer Reid, Matt Simmons, Dra. Tara Lewis, Penelope Garcia e… — Prentiss foi apresentando, apontando para cada um quando falava os respectivos nomes, até parar em , que sorriu. — , como você já sabe.
— Oi, — ele murmurou, como se os dois não tivessem se visto e cumprimentado naquela manhã.
A equipe observava os dois em silêncio. Como tinha previsto, eles já desconfiavam que havia algo entre eles que ia além do profissionalismo, mas como Watkins era a novata ali, todos eles guardaram os comentários para si ou para comentar mais tarde a sós com .
— É um prazer conhecer vocês — finalmente falou para o restante da equipe depois da apresentação, ignorando a genuína provocação de . — Tenho ouvido falar muito sobre a equipe.
— Coisas boas, espero — Rossi brincou, arrancando risadas.
— Fabulosas — a mulher concordou. — Deu para entender um pouco porque o me trocou… desculpe. — se atrapalhou nas próprias palavras, odiando a si mesma por dizer sem pensar e tentou se corrigir. — Trocou a Força-Tarefa pela UAC.
A equipe alternou o olhar entre e depois do que ela quase disse, mas tinha ficado explícito o suficiente que sim, com certeza, havia algo entre eles.
— Eu não te troquei — se viu dizendo. — Eu não poderia.
Surpresa, prendeu a respiração com a resposta. Seus olhos piscaram e ela manteve o olhar nele, sem ter exatamente o que responder. Odiava ficar sem palavras em um momento como aquele. Era diferente quando ele dizia coisas daquele tipo quando eles estavam a sós, mas não sabia lidar com as demonstrações de em público. Então, fez a melhor coisa na qual era boa quando se tratava dele: ignorou-o.
[flashback on]
3 anos atrás
Força-Tarefa de Fugitivos, Local desconhecido — 09:45 AM
O som do próprio salto ecoando pelos corredores cheios era um som comum para os ouvidos de Watkins.
A mulher tinha uma postura profissional e elegante, enquanto continuava caminhando até uma sala específica com o copo de café na mão direita. Dizer que ela não estava nervosa era uma tremenda mentira, mas a mulher tinha estudado por anos o suficiente para aprender a fingir suas emoções, então, tecnicamente, ela exalava uma autoconfiança incrível.
O corredor estava se esvaziando aos poucos. Ela continuou andando, abrindo a tampa do copo para bebericar um gole do conteúdo quente, a qual estava completamente acostumada. Cafeína ajudava a acalmar o seu nervosismo e ela precisaria tomar um copo inteiro no momento, mas se conteve com goles.
Era uma oportunidade incrível. E única, na verdade. Ser agente do FBI tinha sido seu sonho desde muito tempo, mas conseguir ser uma Agente da Força-Tarefa de Fugitivos? Ela almejava isso desde a sua entrada na Academia de Quântico. Seu nervosismo tinha um motivo coerente, mas ela ia odiar se isso a atrapalhasse de alguma maneira. Quando recebeu a ligação do supervisor da equipe lhe dizendo que havia uma vaga a ser preenchida e que ela era uma candidata forte, não hesitou em dizer sim antes mesmo de deixar o homem terminar a sua proposta. Agora ela estava ali, no prédio da Força-Tarefa, segurando um copo de café quente nas mãos. Quando ela virou a esquerda do corredor, não prestou atenção no fato de que outra pessoa também estava fazendo o mesmo caminho. O corpo da mulher bateu contra o de um homem que estava vindo na direção contrária a dela, e como tinha aberto a tampa do copo por pura burrice, o choque dos dois corpos juntos fez com que o líquido quente fosse derramado sobre o decote dela, manchando a sua blusa de café. Ela soltou um gemido ao sentir sua pele arder com o contato do líquido quente.
— Perdão — o homem murmurou.
abriu a boca para responder pelo menos um xingamento, mas quando seus olhos bateram no homem à sua frente, as palavras fugiram. Ele tinha um semblante preocupado e culpado, a testa franzida, encarando o estrago que ela estava naquele momento. Se sentindo derrotada, deixou os ombros caírem.
— Tudo bem, a culpa foi minha. — Voltou a si, recuperando a postura e as palavras.
Ela o olhou mais uma vez, antes de desviar o olhar e andar até o outro lado, se livrando do copo, jogando-o na cesta de lixo. A mulher olhou para si mesma, verificando o estado do estrago e percebeu que deveria realmente ter trazido uma roupa extra, mas quem diabos iria adivinhar que aquilo aconteceria? Bela impressão para um possível primeiro dia.
— A culpa foi minha — o homem disse.
percebeu que ele ainda estava ali. Havia um charme nele que a atraiu, mas ela balançou a cabeça rapidamente, tentando afastar o pensamento. Misturar vida pessoal e profissional era uma regra bastante clara para ela, mas perceberia futuramente que ela não se aplicava a .
— Você deve ser a novata — ele continuou, assim que não recebeu uma resposta.
— Talvez — respondeu, apontando para a própria blusa manchada. — Isso me indica que comecei mal.
Sem querer, riu.
— Vem, posso te ajudar a limpar — o agente convidou.
Ela mordeu o lábio involuntariamente, mas o seguiu. andou na frente e não demorou para chegar até uma porta, da qual abriu, deixando a passar primeiro, ouvindo um murmúrio de agradecimento dela. A agente olhou ao redor, percebendo que ali era uma espécie de copa. Havia uma mesa, um armário, uma pia, uma geladeira ao lado e um sofá, além de outra porta que indicava o banheiro. Era um local confortável e bastante útil.
— Eu não me apresentei — ele disse, fechando a porta atrás de si e estendendo a mão para ela em seguida. — Sou o Agente Especial .
— Agente Watkins — ela devolveu, aceitando a mão dele em um cumprimento rápido.
— Você precisa tirar a sua blusa para eu limpar — avisou.
abriu a boca, surpresa, e riu sem graça.
— Eu acho que não — respondeu.
Ela não tiraria a blusa na frente de um estranho e muito menos ficaria ali, de sutiã, sozinha com ele. Realmente, tinha sido um péssimo começo. trabalhava tanto para tirar a sua imagem de que os homens a privilegiavam por fazer favores sexuais, quando isso tudo não passava de mentiras, e no fim, ela acabava naquela situação.
riu, entendendo que tinha sido interpretado de maneira errônea por ela. Ele era a última pessoa daquele departamento que a desrespeitaria de alguma forma, mas justamente por ela ser novata e não saber daquela informação, ele não se ofendeu.
— Você pode usar a minha jaqueta, por enquanto — ele ofereceu, retirando a jaqueta do corpo, com a logotipo do FBI. — Não vou olhar para você, eu prometo.
O homem estendeu a jaqueta para a mulher. não aceitou imediatamente. Tentando exalar a autoconfiança que ela vinha trabalhando, ela olhou ao redor, certificando-se que não estavam sendo observados, mas não havia como, uma vez que aquela sala não tinha janelas. Ninguém do lado de fora teria uma visão deles lá dentro. Ela não soube dizer se aquilo tinha sido bom ou ruim, mas no fim, acabou cedendo e aceitou a jaqueta estendida dele.
a observava com uma curiosidade genuína. Havia algo nela que despertava o interesse dele, mas ela não parecia uma mulher que aceitaria as investidas dele de maneira tão fácil. E ele nem queria que fosse.
— Vire-se — ela praticamente ordenou.
Cumprindo a própria promessa, fazendo questão de mostrar que era um homem de palavra, o agente deu as costas para a novata. Primeiro, ela não fez nada. Ficou segurando a jaqueta dele na mão, enquanto o encarava de costas, como se esperasse que ele fosse desonesto e olhasse para ela a qualquer momento, mas ele sequer se mexia.
— Eu posso…?
— Não — ela respondeu, interrompendo.
cruzou os braços, um sorriso desenhando os lábios. respirou fundo, colocou a jaqueta no sofá e tirou a própria blusa, mantendo os olhos atentos nas costas dele. Ela limpou a barriga e o meio do decote com a blusa suja, jogando-a no sofá em seguida. Vestiu a jaqueta de , sentindo o cheiro do perfume dele involuntariamente, mas não se demorou muito naquela questão.
— Aqui. — Ela pegou a blusa de volta e estendeu para ele.
O agente virou-se de frente para ela novamente, seus olhos percorrendo a barriga e o decote exposto pela jaqueta. se deu conta de que não tinha fechado o zíper.
Porra, de que tinha adiantado mandá-lo virar as costas e simplesmente se esquecer de fechar o maldito zíper?
— Droga — murmurou.
Watkins jogou a blusa de propósito para , que agarrou a tempo. Ele deu de ombros e andou até a pia, ao mesmo tempo em que ela era rápida em fechar o zíper do casaco, cobrindo o seu decote. passou as mãos pelo rosto, esticando a saia logo em seguida, soltando um suspiro exasperado.
Belo primeiro dia!
Tinha marcado uma reunião com o supervisor e estava perdendo tempo ali, com um desconhecido, esperando ele limpar a sua blusa. O nervosismo começava a tomar conta dela novamente. sentou-se no sofá, tentando respirar fundo e manter a calma, repassando as melhores desculpas na mente para justificar o seu atraso. Trânsito? O despertador não tinha tocado? Seu sobrinho estava passando mal?
— Não precisa ficar preocupada com o Dowell — disse, olhando rapidamente para a expressão da mulher.
— O quê?
Watkins ajeitou a postura no sofá, encarando o homem esfregando a sua blusa manchada. Seja lá o que ele estivesse fazendo, era melhor que funcionasse.
— O Dowell — repetiu. — Não precisa se preocupar com ele. Aquele cara falou de você o tempo todo.
Foi inevitável que ela não sentisse um frio na barriga.
— E o que isso significa?
deu um sorriso lindo quando respondeu.
— Que você já faz parte da equipe, Agente Watkins.
[flashback off]
Emily Prentiss percebeu novamente que apertava a pele do polegar, como se estivesse tentando reconfortar a si mesma. Talvez o caso tenha sido mesmo difícil, como ela estava relatando há pouco, o que a fez desenvolver aquela mania inconscientemente.
— Antes de nós o pegarmos, ele sequestrou 8 mulheres. Duas delas foram mortas — continuou, apertando o polegar direito com força, sem nem perceber o que estava fazendo. — McCall tinha um fetiche bizarro. Ele transformava todas as mulheres em bonecas humanas e obrigava-as a servi-lo. As mulheres que sobreviveram sofreram abusos psicológicos, agressões físicas e desidratação. Consegui com que o Departamento, na época, arcasse com as despesas médicas de todas.
— Não houve abuso sexual? — Rossi indagou, verificando os arquivos postos na mesa.
— Não há nada no relatório de autópsia — Simmons respondeu, também verificando.
— Não, ele não… — começou a responder, respirando fundo em seguida, como se estivesse sendo invadida por lembranças indesejadas no momento. Ela apertou os dedos com mais forças dessa vez. — Sexo não era o ponto para ele. McCall gostava de conseguir se sentir superior à elas, adotando a ideia de que as mulheres nasceram para servir os homens. Mas não sexualmente.
— Por que as duas vítimas não sobreviveram como as outras? — Reid questionou, o semblante mostrando um interesse genuíno.
— Elie Hanks e Zoey Blackwell — disse.
— O quê?
— São os nomes das que não sobreviveram — a mulher respondeu. Respirando fundo novamente, ela desceu as mãos para o próprio colo, escondendo-as da visão dos outros. — Elas o enfrentaram. Destruíram a fantasia absurda de que elas tinham que servi-lo, então ele perdeu o controle. O desgraçado não suporta ser confrontado.
— Agente , você tem certeza que pode seguir com esse caso? — Prentiss questionou.
, por mais que sentisse que não deveria — não naquele momento, pelo menos —, olhava-a com preocupação. Ela estava tensa, o corpo rígido, e ele tinha certeza que ela apertava ainda os próprios dedos por baixo da mesa. Ele a conheceu depois daquele caso, mas nunca falou sobre ele, então não tinha ideia de como aquilo a afetava. O restante da equipe permaneceram em silêncio, esperando uma resposta para a pergunta de Emily.
tentou relaxar o corpo, mas não conseguiu. Ela evitou o olhar de de propósito e olhou para Emily, a expressão suave.
— Sim — respondeu, balançando a cabeça positivamente. — Estou bem.
Prentiss relutou com a resposta, mas não teve outra escolha senão aceitar. relaxou os dedos.
— Garcia, por favor — pediu Emily.
Garcia assentiu freneticamente, levantando-se da cadeira e ficou de pé ao lado da TV, segurando o controle da mão. Ela apertou um botão e quatro imagens apareceram, cada uma de uma mulher diferente, aparentando as mesmas idades.
— Dois dias depois de fugir, Thomas McCall sequestrou essas quatros mulheres na região de Missouri — Garcia começou a apresentar. — A mais recente foi sequestrada agora pela manhã quando deixava o filho na escola. Sem testemunhas.
Ela ampliou a imagem de uma mulher só. Era loira, olhos claros, e bem bonita, no que dizia a concepção da sociedade.
— No primeiro caso, o que essas mulheres tinham em comum? — JJ perguntou diretamente para .
— Nada — respondeu. — Não havia nada que as ligassem e explicasse porque ele as escolhia. Era totalmente aleatório e o único fator em comum era que elas pareciam ter todas as mesmas idades ou aproximadamente.
— Dois dias é um tempo rápido demais para conseguir sequestrar quatro mulheres — disse.
— Precisamos estar preparados para uma mudança de comportamento — Prentiss disse, juntando todos os arquivos da mesa.
Garcia tinha uma expressão horrorizada no rosto.
— O que isso quer dizer? — questionou.
— Que talvez ele não esteja disposto a ser tão paciente dessa vez — Tara respondeu, soltando um suspiro de pesar.
— Vamos decolar em 30 minutos — Prentiss anunciou, juntando a própria pasta, levantando-se da cadeira.
O restante da equipe seguiu o mesmo movimento da chefe, mas tinha a atenção na tela da TV quando Garcia voltou a ampliar as fotos das quatro vítimas.
— Aquela é a Tonya Blackwell? — questionou a agente, apontando para a terceira mulher da foto.
A equipe voltou a atenção para o questionamento da mulher. Penelope olhou rapidamente para a tela, apertou um botão do controle que ainda tinha na mão e, em seguida, os nomes das vítimas surgiram abaixo das fotos.
— Meu Deus — murmurou, desacreditada. — Ele está sequestrando familiares das vítimas antigas. Tonya é a irmã de Zoey.
— Garcia — Prentiss chamou, a ordem implícita na voz.
— Sim, senhora.
A analista sentou-se na mesa novamente, de frente para o notebook, e digitou algo. Demorou alguns segundos para todo mundo entender que ela estava pesquisando os parentescos das vítimas antigas com as atuais, depois da informação que tinha acabado de passar. Mudava um pouco a perspectiva do caso, mas explicava agora como ele estava escolhendo as novas vítimas.
— Ela tem razão — Garcia informou. — Tonya e Zoey são realmente irmãs. E as outras três vítimas também são ligadas às vítimas do primeiro caso.
Penelope foi rápida em reproduzir a sua própria pesquisa para a tela da TV. A equipe olhava as novas informações, conforme a analista ia explicando.
— Lisa Kepner é prima de Louise Kepner, que foi a segunda a ser sequestrada da primeira vez — informou, sempre indicando quem era quem por fotos espalhadas na tela. — Trista Carl é afilhada de Amanda Harris, e Kira Cooper é prima de Valeria Cooper.
Houve um momento de silêncio, como se eles estivessem processando a nova ligação com o caso antes de Prentiss se pronunciar primeiro. , tentando ser o mais discreto possível, deu uma olhada rápida em , a preocupação estampada em sua expressão, mas ele não disse nada. Ela parecia bem e firme, embora ele desconfiasse que a cabeça dela deveria estar cheia. Ele entendia o suficiente para saber que aquele caso a afetava.
— JJ, entre em contato com as famílias das vítimas antigas e aconselhe que ninguém saia de casa até chegarmos.
A agente Jareau assentiu, saindo da sala primeiro que os outros. Não era novidade nenhuma informar que tinha sido a última a deixar a sala, depois de tentar controlar a própria respiração e parar de apertar os dedos.
Destino desconhecido — 08:30 AM
— Oi.
parou de observar a paisagem pela janela do avião e levantou os olhos para o dono da voz — que ela já sabia ser . Ela deu um sorriso calmo e preguiçoso na direção dele, apontando com a cabeça para a cadeira vazia à sua frente, indicando que ele se sentasse. Fazia um tempo que eles estavam no avião, a destino de Missouri. não se sentia parte da equipe — embora eles estivessem tratando-a como se ela fosse parte deles há muito tempo —, e por isso, optou por se sentar mais distante dos outros, analisando os arquivos sozinha, alheia a qualquer conversa a pouca distância dela.
Mas seus pensamentos estavam uma bagunça, suas emoções estavam à flor da pele e ela não conseguia encontrar concentração para analisar nada. Sempre acabava se distraindo, observando a paisagem pela janela minúscula ao seu lado.
— Oi — murmurou em resposta.
O homem sentou-se na cadeira de frente para ela. Ali, longe dos olhares da equipe, a intimidade de ambos se mostrava bem clara quando pousou sua mão em cima da perna cruzada dela, acariciando a pele da mulher levemente em um carinho bem aceito, inclinando o corpo para alcançá-la.
respirou fundo, mas não reclamou da atitude. Seu corpo inteiro estava tenso e ela estava se sentindo enjoada desde que o avião decolara.
— Não me pergunte se eu estou bem — pediu.
deixou os ombros caírem, mas assentiu, desistindo de sua pergunta. Obviamente, para ele, ela não estava bem, mas aquela mulher não daria o braço a torcer.
— Eu não iria — mentiu, mexendo os ombros. — Você me contaria?
A mulher abraçou o próprio corpo.
— Sobre o quê?
— Sobre não estar bem.
— … — sussurrou. Por um momento de impulso, ela descruzou os braços ao redor do corpo e pousou a sua mão em cima da dele, apertando seus dedos. — Sinto sua falta.
Ele conteve a surpresa na sua própria expressão.
— Eu estou aqui. — Ele lançou um sorriso sincero e meigo, aceitando a mão dela sobre a sua, entrelaçando os seus dedos nos dela.
— Não. — Ela balançou a cabeça, como se ele não tivesse entendido o que ela tinha dito. — Sinto sua falta comigo, como parceiro, ao meu lado.
— … — Com a certeza que parecia patético, o sorriso sumiu do rosto do homem, revelando a sua surpresa. — Você não diz essas coisas.
— Eu sei, desculpa — ela murmurou, quase culpada. — Acho que eu estou um pouco emotiva e confusa.
odiava ser levada pelas emoções, mas havia algumas semanas que ela andava abandonando a razão quando não deveria. A mulher se orgulhava de sua concentração em todos os casos, sempre se mantendo neutra para entender qualquer lado que surgisse, mas aquele caso estava tudo diferente.
— Não peça desculpas — ele apressou em dizer. — Não por isso. Sinto sua falta todos os dias desde que fui embora, eu…
— Por favor, não diga as três palavras.
riu, apertando os dedos dela de propósito ao notar o humor na voz dela. Quando os dois se envolveram ainda trabalhando juntos, sabia, em algum lugar dentro de si, que acabaria de um único jeito: dizendo as três palavras.
— O quê? Acha que eu estou apaixonado por você? — ele brincou, embora as palavras fossem verdade.
não respondeu nada. Aquilo pareceu ter atingido-a de uma forma que não esperava e ela começava a ficar com o rosto branco. A agente não tinha parado para pensar naquele assunto, até o momento em que ele trouxe para o tópico da conversa. E se ele estivesse mesmo apaixonado?
Como ela se sentia?
Sentindo-se tonta, o enjoo mais forte, ela afastou a própria mão de .
— , você está bem? — A preocupação voltou para a expressão do homem.
A mulher levantou da cadeira, puxando a respiração. Tudo o que não queria naquele momento era passar mal, mas seu corpo pareceu gostar da ideia de traí-la um pouco.
— Com licença.
Foi tudo o que ela disse, passando direto por e pelo resto da equipe, recebendo um olhar meio intrigado de cada um, mas ela não deu muita atenção para aquilo. simplesmente entrou na cabine do banheiro, vomitando dentro do vaso tudo o que tinha comido e bebido naquela manhã.
Não era a primeira vez que aquilo acontecia, no entanto.
Ela só estava ocupada demais com o trabalho para ter percebido alguma ligação. Não estava doente para andar enjoando tanto e vomitando o que comia algumas vezes.
parou de vomitar, encostando o corpo contra a parede, tentando se recuperar. Enquanto lavava o rosto e a boca, encarando o seu reflexo pálido no espelho, ela lembrou que além do sexo casual com naquela manhã, eles também transaram algumas semanas antes, com uma visita dela pela cidade. Sua menstruação também estava atrasada, outra coisa que ela demorara para notar.
Céus, ela tinha se cuidado. Aquilo não podia ter acontecido.
Prestes a pousar, ela fez uma nota mental de comprar um teste de gravidez para acabar com sua tortura.
não tinha ideia do que faria se estivesse grávida.
Missouri, EUA — Mesmo dia, mais tarde
A chegada da equipe em Missouri não tinha uma boa notícia como boas vindas. Assim que pousaram o avião, Garcia ligou informando que havia uma nova vítima — não sequestrada, mas assassinada. A informação fez o estômago de Madison revirar e ela tentou não vagar muito para lembranças antigas. O caso parecia exatamente feito para afetá-la de qualquer maneira, mas quando ela tinha uma motivação pessoal, era impossível qualquer coisa não afetá-la. sabia que precisava deixar suas emoções de lado. Se ela fosse estritamente profissional quanto ao assassino, conseguiria sobreviver no fim do dia sem muitas consequências.
Mas ele tinha matado mais uma.
O desgraçado estava acelerando todo o processo, como se estivesse perdendo o controle, ou, de alguma forma, soubesse que seria pego de qualquer jeito e estava aproveitando o mais rápido e máximo que podia. Tara tinha razão. Thomas McCall não estava tão disposto a ser paciente daquela vez e isso começava a preocupar a equipe.
— É uma área muito isolada — disse para um policial, analisando o espaço que o assassino tinha usado para ser seu primeiro local de desova. — Nenhuma testemunha, imagino?
O policial assentiu. Madison, um pouco mais distante dos dois, observou ao seu redor. Era uma estrada que ligava à uma parte da floresta desmatada, então não havia sequer uma câmera. O corpo tinha sido encontrado por um ciclista que fazia o mesmo caminho toda semana.
— A vítima é a Kira Cooper — o policial tinha informado assim que eles chegaram.
Reid e Simmons foram designados para o legista, enquanto e tinham sido escolhidos para irem ao local de desova, e o resto da equipe se instalaram na delegacia, iniciando a conversa com as famílias das vítimas.
O corpo de Kira tinha sido encontrado totalmente coberto, somente com o rosto para fora, os olhos abertos e sangue ao seu redor.
— Não sei se chamo isso de desespero ou confiança — Madison comentou, assim que aproximou-se dela, parando na sua frente. — Mas ele vai matar novamente se não formos rápidos.
— Ele deve conhecer bem essa área — completou. — Talvez não contasse com o fato que o corpo seria descoberto tão rápido, mas ainda assim, é um local de desova muito específico. ?
— Ela tinha 23 anos.
mordeu o próprio lábio, odiando a si mesma no momento. O enjoo estava mais forte e ela tentava ao máximo disfarçar a sensação, mas o clima morno não ajudava a melhorar. A mulher passou as mãos pelo rosto, respirando fundo.
— Não deveria pensar muito nisso, — murmurou.
Ele entendia bem que não valia a pena levar os casos para o lado pessoal sempre. Ele mesmo já tinha feito aquilo algumas vezes e não se orgulhava, mas ele também entendia que simplesmente era algo que não conseguia evitar. Mesmo assim, não podia deixar de desejar proteger a mulher de uma realidade que ela já estava completamente acostumada, mas não significava que era menos difícil.
Ele a abraçou por um momento, antes de decidirem terminar o trabalho ali e seguir direto para a delegacia, para reunirem novas informações e avançar na investigação. Quanto mais rápido estivessem perto de Thomas McCall, mais rápido todo aquele caso seria resolvido.
Delegacia de Missouri — Uma hora mais tarde
Madison fez parar no caminho de uma farmácia. Ela não permitiu que ele o acompanhasse, informando-o que seria rápida e que só compraria um remédio para aliviar o mal estar que estava sentindo. Para sustentar a sua mentira, além de ter comprado dois testes de gravidez, comprou também um remédio qualquer.
O homem não fez perguntas a respeito de nada e só dirigiu de volta até a delegacia, para o alívio dela. Madison achava que, às vezes, conseguia ver demais dentro dela e isso fazia-na ser incapaz de sustentar suas mentiras por tanto tempo. Tinha sido assim desde que o conhecera.
Quando o agente estacionou o carro, ela saiu primeiro, entrando na delegacia em seguida. Ainda segurava a pequena sacola com o remédio e os testes, mas fingiu não dar importância para aquilo, temendo que sua ansiedade fosse identificada por qualquer um ali. Era a desvantagem de ser cercada por uma equipe especialista em analisar perfis e comportamentos. Se um deles se atentasse à ela, Madison também não passaria despercebida, exceto por, talvez, .
— Srta. ? — A voz soou incerta.
Parando no caminho da sala em que a equipe estava, Madison virou-se na direção da voz, encontrando a Sra. Blackwell. Ela engoliu a seco, percebendo a situação, mas não tinha escolha. Não podia dar as costas para aquela mulher.
— Sra. Blackwell. — Madison aproximou-se da mais velha. — Não deveria estar aqui.
sabia que não deveria estar ali, acompanhando a conversa, mas ele não ousou dar nem mais um passo e deixar as duas sozinhas. Ao invés disso, ficou um pouco distante de , observando-a.
— Bobagem, minha querida, onde mais eu estaria? — A mais velha dispensou, voltando a se sentar na cadeira. — Minha outra menina foi levada. É ele de novo, não é?
A agente suspirou. Ainda segurando a pequena sacola entre os dedos, ela deu uma olhada para antes de sentar-se ao lado da mulher. Madison a conheceu quando precisou dar a infeliz notícia do sequestro de sua outra filha. Agora ela estava ali de novo, vivendo o mesmo inferno outra vez.
— Sra. Blackwell, eu sinto muito — murmurou, sincera. — Estamos fazendo o possível para trazê-la viva.
— Às vezes, fazer o possível não é suficiente, minha querida — a outra respondeu, segurando a mão de Madison entre as suas. — Eu confio em você. Mas temo não conseguir lidar com mais uma perda, você entende?
Sim, ela entendia. Madison sentiu a mulher apertar seus dedos contra os dela, como se buscasse algum conforto involuntário. Ela ainda sentia o olhar de sobre si, julgando uma promessa que ela jamais deveria ter feito.
— Eu prometo, Sra. Blackwell — disse, a voz carregando a promessa dura e pessoal. — Vou pegar o desgraçado que sequestrou a sua filha.
atravessou a porta da sala de descanso com logo atrás. Ela tinha dito para a Sra. Blackwell ir para casa, prometendo mantê-la a par de novas informações, deixando-a mais tranquila. Mas aquilo não era o problema.
— … — ela tentou dizer.
— , você não pode prometer a um familiar da vítima uma coisa que você não tem a certeza que vai cumprir — ele explicou, uma leve irritação escapando da sua voz. — Isso é…
— Eu sei o que eu fiz! — exclamou , virando-se de frente para o homem. — Você não precisa ditar as regras para mim.
Ele suspirou. Encarou-a com um balançar de cabeça negativo, colocando as mãos na cintura, demonstrando uma seriedade que ela não estava acostumada mais.
— Acho que esse caso está te afetando demais, — comentou, expondo o seu ponto de vista. — Talvez eu possa conversar com a Emily e…
— Está sugerindo que eu não posso fazer o meu trabalho? — ela questionou.
— Não — o homem respondeu, certo quanto àquilo. — Estou dizendo que você não pode garantir trazer a filha dela viva e não sei o quanto isso vai te afetar.
Ela sorriu sem humor, umedecendo os lábios, desacreditada. Era uma discussão idiota demais para ser levada a sério, mas estava com os nervos à flor da pele e não deixou aquilo passar. Às vezes, ela cansava de evitar bater de frente os conflitos pequenos e raros que tinha com .
— Quer que eu me comova com a sua preocupação, ? — indagou, a respiração pesada. — Você, dentre qualquer pessoa, é a última que eu esperava que fosse duvidar de mim.
Ele sentiu algo o atingir e não gostou da sensação que aquilo lhe proporcionou. Tirou as mãos da cintura, tentando aproximar-se de , mas ela não deixou.
— , eu não…
— Eu te disse, — ela o interrompeu, a voz firme. — Isso nunca vai dar certo.
Apontou para os dois, sinalizando que aquela relação casual que acontecia entre ambos, nunca deveria ter tomado ínicio. O homem sentiu o coração pequeno dentro de si quando ela respirou fundo e se afastou, saindo da sala em seguida, ao perceber que ele não diria mais nada.
Ele não tinha o que dizer.
Exceto perceber que tinha acabado de deixar deslizar por seus dedos, perdendo-a.
sentia-se ainda pior. Naquele momento, enjoo não era o maior dos seus problemas, mas a briga com tinha desencadeado algo dentro dela que ela preferia manter guardado. Bom, não tinha sido exatamente uma briga… mas uma discussão feia o suficiente para os dois fingirem que estava tudo bem, quando havia uma névoa de mágoa rondando os dois.
E ainda havia aquilo. O positivo nos dois testes que ela tinha feito minutos atrás, concretizando o seu temor. não queria estar grávida. Não queria ser mãe quando sua carreira ainda era o tópico mais importante da sua vida, mas agora que estava, não tinha ideia do que deveria fazer. Ela não conseguia mover os pés para ir direto até e contar a novidade, esperando que ele lhe jogasse uma solução plausível, já que ela se sentia ainda mais perdida com tudo. A mulher passou a mão pelo rosto, sentindo-se cansada.
— ? — a voz da Agente Jareau a despertou dos devaneios dos próprios pensamentos.
Ela tentou sair primeiro do banheiro e esconder os testes de gravidez no lixo, mas a loira foi ainda mais rápida em aparecer na porta, flagrando-a com os dois testes indicando o positivo na mão.
— Oh, eu… — Jennifer tentou dizer, mas havia uma expressão constrangida no seu rosto. — Desculpe, eu não sabia.
— Tudo bem — tranquilizou-a. — Acho que uma hora você ia acabar descobrindo.
Não era exatamente verdade, mas não quis deixar a situação ainda mais constrangedora. Jareau não a flagrou de propósito, mas a novidade estava começando a sair do controle quando Emily Prentiss apareceu.
— O que você ia acabar descobrindo? — questionou.
A loira abriu a boca para dizer algo, mas não saiu nada. Ela olhou para , que comprimiu os lábios, xingando mentalmente, mas optou por dar de ombros. Prentiss não era burra, se uma delas mentissem, a mulher iria saber.
— A Agente está grávida — Jareau respondeu.
jogou os dois testes no lixo, finalmente saindo do banheiro para a sala pequena. Era como se fosse uma outra sala de descanso, mas ao invés de ter os sofás, tinham apenas duas mesas e uma bancada para preparar café.
— Isso é… — Emily tentou uma reação diante da resposta, mas não conseguiu.
a entendia.
— Incrível! — Jareau completou, parecendo ter a ficha caída. — Quando você pretende contar para o ? Quando contei para o Will, eu...
piscou. Algo dentro dela remexeu desconfortavelmente. Ela não gostou da pergunta e nem da animação repentina da mulher, mas lembrava de saber que ela tinha dois filhos pequenos e com certeza estava extasiada com a ideia de outra pessoa ser mãe.
— Não pretendo — interrompeu.
A Agente Jareau parou de falar. Emily fingiu pigarrear, odiando estar no meio daquela situação. Ela não tinha o que dizer, aconselhar ou algo do tipo, ao contrário da amiga.
— Não me entendam mal — continuou, sentindo-se na obrigação de explicar. — Eu não sei o que fazer, isso não foi planejado. Eu nem sequer tenho uma relação séria com o , nós só somos…
— Nós entendemos — Emily pronunciou.
suspirou, assentindo. A ideia de estar grávida ainda era muito nova para ela, mas era algo que a mulher não achou que fosse precisar se acostumar.
— Sabe o que vai acontecer quando eu anunciar essa gravidez? Serei afastada da Força Tarefa. Eu não sei como vocês fazem nessa unidade, Agente Jareau, mas lá as coisas são diferentes — ela continuou a explicação. De alguma forma, sentia que precisava explicar para aquelas duas mulheres. — Preciso provar a minha capacidade todos os dias. Alguns não aceitam que eu seja mais inteligente do que eles. Às vezes, quando eu estou dando palestra, ouço gracinhas dos alunos mais novos. Aparentemente, meu corpo vale mais do que a minha mente. Então, serei afastada, e não será porque um trabalho em campo põe a minha gravidez em risco, mas porque ela me invalida.
não precisou olhar muito a expressão de ambas para saber que elas entendiam do que a mulher estava falando. O mundo era muito mais duro com as mulheres do que com os homens. Principalmente se elas fossem mães.
— E para a própria infelicidade deles, eu não nasci para ficar sentada em uma mesa de escritório, encarando a tela branca do computador. Eu nasci para manter o mundo girando em cima de um par de saltos — continuou. — E sabe como vou fazer isso? Caçando cada desgraçado fugitivo e mandando-os de volta ao seu lugar. Se é para o inferno ou para a cadeia, é escolha deles. É por isso que eu estou pedindo para que vocês mantenham segredo, enquanto eu decido o que quero fazer.
Por um momento, nenhuma das duas respondeu. não sabia o que esperar, já que não as conheciam tão bem quanto se conhecia uma amiga, mas ficou aliviada quando a resposta finalmente veio.
— É claro — Prentiss disse primeiro.
— Agente , eu sinto muito se…
— .
— O quê? — Jareau indagou, sendo interrompida.
— Podem me chamar de — respondeu, sorrindo calma. — E não precisa sentir por nada.
— E, ? — Prentiss chamou. — Você seria muito bem-vinda à equipe.
não sabia se deveria interpretar aquilo como um convite de trabalho, mas ficou grata mesmo assim e agradeceu. Ela não achava que podia se adaptar na Unidade de Análise Comportamental, como , mas ficou satisfeita em saber que poderia ter uma oportunidade, caso quisesse.
— Alguma novidade? — indagou, lembrando que Jareau tinha aparecido primeiro, procurando-a.
As duas mulheres suspiraram, Emily verificando o celular com um semblante nada bom.
— Sim — a loira respondeu. — E não acho que você vai gostar.
não tinha mesmo gostado. Nem um pouco.
A mulher respirou fundo, agora sentada na cadeira da mesa de reunião, com toda equipe reunida, e massageou as têmporas, como se isso fosse ajudar a melhorar o estresse que se instalara em seu corpo em poucos segundos.
— Isso é… — ela tentou dizer, a voz firme, mas ao mesmo tempo cansada. — Estou preocupada. O caso não deveria ter vazado para a mídia. Ele odeia exposição.
Ela estava mesmo preocupada. Enquanto tentavam discutir planos sobre o vazamento e opções para lidar com a mídia, focava mais na parte de que mais duas mulheres desapareceram depois daquilo.
Para a mulher, o tempo estava ficando mais curto, e sua promessa, consequentemente, ia ficando mais distante e difícil de ser cumprida. Havia tanta coisa em sua cabeça acumulando a sua preocupação, que ela não percebia o olhar de o tempo todo em si. Desde que entrara na sala, preferia evitar o contato direto com o homem, devido à discussão recente.
— Teme que ele mude o comportamento tão de repente? — Embora pudesse fugir do contato visual, não poderia fugir do som da voz de .
— Sim — foi tudo o que ela respondeu.
Se o assassino mudasse seu comportamento, isso significava que as vítimas não tinham mais tempo de vida do que teriam antes. Por se sentir insultado tão publicamente, talvez ele sentisse-se na obrigação de puni-las por algo que não tinha controle.
— Há algo que deveríamos estar pondo em pauta aqui — continuou. — Ele é um fugitivo. O que significa que é procurado e seu rosto é reconhecido. Não há a menor chance dele pegar as vítimas tão rápido e tão fácil sem ser reconhecido ao menos uma vez no processo.
A agente parou de massagear as têmporas. Ainda se sentia enjoada, sem a menor fome possível, embora tivesse comido pela última vez há horas. Sua mente processava o caso e o positivo do teste de maneira dividida.
— Ele tem ajuda — Reid completou o raciocínio da mulher.
Simmons foi rápido o suficiente em discar o telefone direto para Garcia, que atendeu no segundo toque, prestativa como sempre era em relação a ajudar a equipe.
— Garcia, você consegue descobrir se o assassino mantém algum contato familiar por aqui? — Tara questionou.
— Há poucas coisas que eu não consigo, gatinha — a analista respondeu, arrancando sorrisos de alguns. — Um momento.
O momento, no entanto, durou menos que um minuto.
— Não, não há ninguém — ela continuou.
— Colegas de cela? — Prentiss tentou.
— Também não — respondeu. — Todos seus colegas de cela ainda continuam presos.
— Bom, deve haver alguma coisa — Rossi se pronunciou. — Garcia, verifique todo o passado dele, procure pelos mínimos detalhes. Alguém está ajudando-o e nós queremos saber quem.
— Sim, senhor — Garcia respondeu, encerrando a ligação logo em seguida.
Emily Prentiss levantou primeiro, olhando para os outros.
— Hora de divulgar o perfil.
[flashback]
3 anos atrás
Força—Tarefa de Fugitivos — 21:43 pm
— ?
O som da voz de fez a mulher girar a cadeira em direção da voz. Não que ela precisasse saber quem a estava chamando, ela o reconheceria de costas em qualquer lugar. Mesmo que ele não pronunciasse o seu nome em voz alta, ainda assim, a mulher saberia da sua presença no local. tinha passos pesados demais para passar despercebido.
— Sim? — respondeu, piscando os olhos para afastar o cansaço.
Ele cruzou os braços bem acima do peito e a encarou com uma expressão leve, quase divertida.
— Você sabe que horas são, não sabe?
— Hm… — ela resmungou, passando os olhos pelo local, à procura de qualquer relógio, mas o único que havia ali, não funcionava. — Ultrapassei de novo?
— Sim — concordou, assistindo a mulher juntar os arquivos depois de soltar um suspiro. — Eu já estava indo, quando percebi que você não se despediu.
Ela virou-se para ele novamente, levantando da cadeira.
— Você não acha que está muito dependente de mim? — questionou, um resquício de humor na voz.
Ele não respondeu a provocação. Tinha medo que, se abrisse a boca para responder qualquer coisa, sairia nada mais do que a verdade. Ele gostava de passar o tempo com ela, gostava de estar no mesmo local que ela estava e também gostava, principalmente, quando ela estava emaranhada nua em seus lençóis, na sua cama.
não saberia dizer o momento em que aquilo aconteceu. Os dois juntos. Não propriamente juntos, como um casal, mas juntos sempre que queriam. Ninguém sabia que a relação de ambos ultrapassava o profissionalismo. Para os olhos alheios, e apenas se tornaram amigos demais desde que ela chegara, como novata. A mulher preferia que ninguém soubesse.
Era melhor assim.
Percebendo que não responderia, deu de ombros e saiu andando primeiro, com ele logo a seguindo.
— Você quer jantar? — ele convidou, passando pela porta de saída logo após dela.
— , eu estou cansada.
Os dois entraram no elevador, com indicando o botão do andar do estacionamento. Ela realmente estava cansada. Não conseguia cogitar considerar sair para jantar tão tarde da noite, quando precisaria acordar duas vezes mais cedo na manhã seguinte.
— Transar? — ele tentou.
Ela o encarou, uma sobrancelha levantada.
— Cansada, — repetiu. — Cansada.
Ele riu, levantando as mãos, como se estivesse se rendendo. Ao menos tinha tentado.
O elevador abriu as portas, deixando ambos saírem juntos. Dessa vez, tomou a atitude de ir na frente, já que ele estava com a chave do carro da empresa.
— Pelo menos, durma no meu apartamento — ele pediu, indo para o lado do motorista do carro, prestes a abrir a porta. — Podemos tomar um banho e talvez eu te faça uma massagem para relaxar.
— Sua massagem se chama “sexo oral” — ela retrucou, parada do lado da porta do passageiro.
— Você gosta — o homem rebateu, sorrindo.
balançou a cabeça, mas estava se divertindo.
— Meu Deus, — murmurou. — Você está mesmo dependente, não é?
Ele revirou os olhos, abrindo a porta do carro.
— Entra logo, .
A agente riu, ainda balançando a cabeça, e abriu a porta do carro, entrando ao lado dele. Nenhum dos dois disse alguma coisa.
Mas, para , ela não precisava dizer mais nada. E estava cansada demais para perceber que os dedos dele estavam ficando branco por apertar o volante com força.
Naquele momento, percebeu que estava mais do que simplesmente dependente da presença dela.
Ele estava apaixonado por aquela mulher.
[flashback off]
Delegacia de Missouri, 07:38 pm
— Garcia?
Depois de terem divulgado o perfil do serial killer, os policiais locais saíram para cumprirem reforços nas áreas das famílias antigas das vítimas, embora algumas ainda estivessem ali na delegacia. A equipe estava reunida na sala de reunião novamente, com Penelope na linha.
— Bom, senhor — ela respondeu ao chamado de Rossi, continuando. — Tenho novidades. O assassino, de fato, não tem nenhum parente por aí, mas puxei gravações de todos os locais onde aconteceram os sequestros e encontrei a mesma caminhonete em todas as cenas. — Está no nome dele? — Jareau questionou.
— Não — respondeu. — Está no nome de Jack Foster, o que seria comum, se eu não tivesse descoberto que ele é sobrinho de Donald Foster, colega de cela de Thomas McCall.
— Garcia, onde ele está agora? — Prentiss questionou.
sentiu parte do seu corpo tenso. Se aquele pesadelo terminasse naquela noite, ela se sentiria muito, mas muito aliviada.
— Jack Foster ainda está no trabalho. Estou mandando o endereço — ela respondeu rapidamente, como sempre fazia. — Também estou mandando o endereço da casa onde a caminhonete está estacionada.
— Obrigada, Garcia.
Depois de murmurar um “peguem o desgraçado”, Penelope encerrou a ligação. A equipe inteira se colocou de pé novamente, recebendo nos celulares os endereços que Garcia tinha mandado.
Com expectativas, todos olharam para Prentiss.
— Se dividam — ela ordenou. — Um grupo vai para a casa e outra para o endereço do trabalho. Chamem reforços.
Todos assentiram, saindo da sala em seguida. Jennifer comunicou ao delegado, que disponibilizou alguns policiais e ele mesmo de reforço e a equipe se dividiram em grupos de dois.
seguiu com Reid, Simmons e para o local de trabalho, enquanto o resto da equipe seguia o endereço da casa. Evitando a todo custo ficar muito perto de , optou por ir na parte de trás do carro, ao lado de Reid.
— Você gosta de mágica? — Spencer questionou à mulher ao seu lado, enquanto dava partida no carro.
Ainda ajeitando o colete no corpo, levantou a cabeça na direção do rapaz.
— O quê?
Sua expressão era confusa. Ela não tinha entendido muito bem a pergunta, mas não queria soar grossa ou indiferente com ele.
— Você parece muito tensa — Reid justificou. — Mágica pode relaxar, às vezes.
Coçando a bochecha, ela terminou de ajeitar o colete no próprio corpo e encarou o garoto. Ela tinha plena consciência que estava atento a tudo no banco da frente, mas ela não se importou.
— Você é muito gentil, Dr. Reid. — Ela lançou um sorriso agradecido. — Mas eu estou bem. Só estou um pouco… É, tensa.
Reid espremeu os lábios, assentindo.
— , você não precisa… — tentou dizer, mas foi interrompido.
— O quê? — Ela o olhou através do espelho. — Provar a minha capacidade?
Ele não respondeu nada. Seu peito subiu e desceu em uma respiração pesada e percebeu que tinha sido rude o suficiente para deixar Tara e Spencer desconfortáveis ao lado de ambos.
— Desculpem, isso… — Ela massageou as têmporas novamente, sentindo a irritação por fazê-la responder daquela maneira na frente de seus colegas de trabalho. — Não foi minha intenção deixá-los desconfortáveis.
Tara, ao lado de , virou-se para observar melhor . A mulher balançou a cabeça e exibiu um sorriso tranquilo, como se estivesse entendido qual era o problema e era mais do que compreensivo acontecer.
— Eu não sei o que aconteceu com vocês, mas acho que uma conversa pode resolver — ela aconselhou.
Spencer, em silêncio, concordou.
— Não sei se uma conversa pode resolver o meu problema — murmurou, encontrando os olhos de pelo espelho retrovisor.
O homem sentia-se péssimo. Ele conseguia ver que algo a incomodava, e se ele fosse o motivo dela estar tão tensa daquela maneira, depois da discussão de mais cedo, então ele deveria estar se sentindo duas vezes pior.
— Chegamos — ele anunciou, encerrando o clima.
Os quatros saíram do carro. encarou o prédio enorme ao lado de Reid e Tara tomou a atitude de ir na frente, apresentando a equipe e o crachá na recepção. A secretária permitiu a entrada deles.
— Eu e Reid podemos ir pelo elevador — informou.
— Nós vamos pelas escadas — Tara concluiu, apontando para conosco.
As duplas se dividiram. e Tara seguiram as escadas em silêncio, não demorando mais do que cinco minutos para chegarem ao terceiro andar. Spencer e já estavam lá.
— Não conseguimos identificá-lo ainda — disse.
olhou o local. Havia diversas mesas, separadas, mas sempre coladas uma na outra, como um mini escritório sem privacidade. Não havia muitas pessoas e as poucas os encaravam curiosos.
— Há uma maneira mais prática — ela disse, andando até o centro do local. — Meu nome é e eu sou uma Agente do FBI. Procuro por Jack Foster.
Todas as cabeças presentes apontaram para o outro lado da sala. seguiu com o olhar e depois andou até a mesa, encontrando um homem jovem demais, concentrado na tela do computador e com os fones no ouvido. Era uma mesa mais afastada e escondida, e como ele não estava ouvindo nada, sequer percebeu a movimentação na frente.
Jack percebeu a presença de e retirou os fones do ouvido. O som estava tão alto, que mesmo a mulher não usando os fones, ainda conseguia ouvir o som estridente que saía dentro dele.
— Jack Foster? — ela questionou, observando o homem assentir, sem entender. — FBI. Você vem conosco.
Ela mostrou o crachá, guardando logo em seguida, e apontou com a cabeça para a saída. Jack levantou, avistando mais três agentes.
— Qual a acusação? — ele finalmente se pronunciou.
— Você está sendo acusado de ser cúmplice de um serial killer fugitivo, em sequestros e assassinatos — Spencer Reid respondeu, surpreendendo.
Jack arregalou tantos os olhos que Tara temeu que eles saíssem para fora. Os quatros estavam notando o comportamento do rapaz e, segundo o perfil que haviam dado mais cedo aos policiais, ele não condizia com alguém que era cúmplice de um assassino.
— O quê!? — Jack exclamou. — Eu mal consigo me livrar de uma aranha, como vocês acham que eu sequestraria ou mataria um ser humano?
— Essa é uma resposta que você deve nos dar — respondeu, como se fosse óbvio.
revirou os olhos.
— Sua caminhonete está em todos os locais do sequestro — ela explicou.
Jack, por algum motivo, pareceu bastante aliviado. Ele respirou e sua expressão suavizou.
— Eu não uso aquela caminhonete há anos — ele explicou. — Está no meu nome, mas não é minha.
— E de quem é? — Tara questionou.
— Do meu irmão gêmeo, Joey — respondeu, encarando o relógio de pulso. — Ele deveria aparecer aqui há trinta minutos, mas… Joey?
Ele olhou muito além dos quatros. Os agentes seguiram o olhar, encontrando um homem entrando, mas parando de andar quando percebeu que o irmão tinha companhia. Joey sequer esperou, quando começou a correr.
— FBI! Parado! — gritou, começando a correr logo em seguida, perseguindo o suspeito. Reid e Tara acompanharam , mas , sem nenhuma disposição para correr, virou-se para Jack e apontou para a cadeira que ele estava sentado antes.
— Sente aí — ela ordenou. — Você vai me contar tudo o que sabe sobre o seu irmão.
Continua...
if my body had a say: I
if my body had a say: II