Inside the Forest by Mia Rossi

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Autora Independente do Cosmos 🪐

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Escrita por Mia Rossi

Última Atualização: 16/07/2024

PARTE 1

Misturo-me entre as folhas molhadas, o sereno encostando em meu braço conforme mergulho floresta adentro e corro o mais rápido possível.

Já perdi a conta de quantos espinhos passaram por meu braço, de quantas folhas sinto grudarem no meu cabelo. Tudo o que ouço são os corvos entoando à noite, as corujas assobiando e as folhas secas que esmago sob os pés.

A floresta está escura. Porra, isso aqui está um breu. Mal consigo saber para onde estou indo. Desde que escapei daquela caverna, mal sou capaz de enxergar qualquer coisa.

Paro por alguns segundos de correr, respirando com dificuldade, e olho para cima. A lua brilha, forte e iridescente. Foco nela por alguns segundos, como se implorasse por um guia. Então meu celular vibra.

Agarro-o com violência do bolso do moletom. Minha respiração faz um barulho estranho, alto e descontrolado. Temo que ele possa ouvir. O pensamento me causa pânico; então olho para os lados cegamente, desesperada, tentando ouvir ou enxergar qualquer coisa através da escuridão. Como não ouço nada além de puro silêncio, desbloqueio meu celular e encaro a tela, assustada por um segundo com a iluminação. Preciso piscar por uns instantes a fim de conseguir enxergar alguma coisa.

Uma luz aqui é arriscado. Pode atrai-lo até mim. No entanto, não me importo. Meu coração se acelera e todo o medo some de meu corpo quando visualizo a mensagem que pula na tela.

.

Fale comigo.

Inspiro mais uma vez, a vontade de chorar me invadindo. Meu corpo se alivia e minhas pernas parecem desmontar, mas me forço a permanecer de pé conforme recuo alguns passos pela grama, encostando-me a uma árvore e me camuflando um pouco entre a floresta sombria de RedLog ao abrir minha conversa com .

A foto dele é a mesma de sempre; a imagem de uma máscara sombria, o símbolo de seu trabalho como hacker.

Meu chat com ele está vazio. Não há nada exposto na conversa além das duas mensagens que acabam de chegar. Como se ele surgisse do além, do meio do nada, para falar comigo. A saudade que sinto dele parece desabrochar do meu peito, mas o tom desesperado de sua mensagem entrega que algo está errado. Ele sabe que estou aqui? sabe que estou dentro da floresta de RedLog, fugindo de uma criatura mascarada?

Respirando com dificuldade pela boca, digito uma mensagem com pressa, conferindo meus arredores outra vez.

… estou aqui

Por favor, me ajude

Ainda estou digitando quando um barulho soa.

Bloqueio a tela de imediato.

E é então que eu ouço.

Distante, entoado como um canto sombrio, alguém assobia.

Um assobio cantado, lento, que segue em um ritmo assustador; subindo e descendo de tom como um aviso melódico.

Está longe, mas não tanto. Visto a imensidão que é esta floresta, possivelmente não passa de trinta metros de mim.

Seguro o choro na garganta e volto a caminhar em direção ao nada.

Não sei para onde estou indo. Não sei nem ao menos onde estou.

Meu celular vibra em minha mão. Me agacho e leio a mensagem que surge na tela.

, me diga onde você está.

Agora.

Dessa vez eu não demoro a responder.

Inspiro devagar conforme a fadiga se alivia, digitando com ferocidade no pequeno aparelho que carrego nas mãos.

Na floresta de RedLog Pines

Ele está atrás de mim

Me desculpe, , eu deveria ter te avisado

Eu… pensei que podia lidar com isso

Que podia descobrir algo

Mas… acho que isso é maior do que pensávamos

Esses desaparecimentos… são muito mais sombrios do que o que acontecia em Duskwood

Acho que não vou ser capaz de encontrar o Adam como prometi a eles

Isso está perigoso demais

Eu sei.

Aperto os lábios para não chorar, pensando em Adam, o pobre garoto que achou poder confiar em mim para encontrá-lo.

Um dia, fui capaz de selecionar um desaparecimento. Hannah foi resgatada e levada de volta à sua família.

Mas… bem, acho que meus dias de investigadora já acabaram.

Agora, aqui estou eu. Presa na mesma armadilha que levara Adam.

E prestes a ser pega pelo mesmo caçador.

Minha tela se acende outra vez.

, me escute.

Quero que preste bem atenção.

Endireito as costas diante da escuridão. O assobio para por um momento, o que me faz focar com mais afinco na mensagem de .

Procure por uma lanterna.

Qualquer uma. Qualquer luz. Procure por algo na escuridão.

?

, o que você quer dizer?

Que luz?

não fala mais. Assustada, olho ao redor. Não vejo nada. Devagar, dou um passo à frente. O sereno a essa altura já ensopou o chão; a grama faz um som baixo de sguish sob meus pés. A escuridão agora já não é mais tão absurda, e até consigo identificar uma árvore da outra conforme caminho devagar.

E então ele retorna. O maldito assobio.

Agora, parece mais próximo. Não sei se o estranho assobia mais alto ou se está mais perto de mim. De toda forma, não quero ficar aqui para descobrir.

Caminho com mais velocidade, ignorando os espinhos que relam em meu braço. Meu coração se acelera. Sinto o desespero me invadir novamente, então fito meu celular outra vez. Só então vejo que mais mensagens do chegaram.

, se concentre, por favor.

Procure por uma luz.

Desesperada, olho para cima, tentando visualizar algo entre as árvores escuras. Algum animal passa voando sob minha cabeça, e me assusto. O fato de estar perdida me faz perder a coragem de continuar. Eu deveria ficar aqui? Ou será que sigo em frente?

Estou frustrada e nervosa quando mergulho no meio de dois arbustos, chegando a algo que parece ser uma parte um pouco mais extensa. Piso em uma lata amassada de coca sem querer, e só então percebo a quantidade de lixo abandonada nessa parte da floresta. Mais à frente avisto um montinho de galhos que indicam uma fogueira apagada. A luz da lua entra com mais precisão aqui, iluminando pedaços de lixo e mais outras coisas espalhadas pelo chão. Não sei há quanto tempo isso está aqui, nem se é uma área muito visitada. Estou seguindo em direção à mais destroços quando algo às minhas costas chama minha atenção.

Viro-me de imediato. Tensa, analiso os movimentos das árvores. Começa a ventar um pouco. Ouço um ruído ao fundo, então uma coruja murmura. E então, de novo.

Viro-me para o outro lado. E mais uma vez. Um flash de luz parece soar de algum lugar. Como se piscasse para mim. Seria a minha imaginação?

De repente, encontro a fonte. Meu corpo gela. Fico estática em meu lugar, analisando a pontada de luz que oscila em meio ao interior distante da floresta.

É alguém. É definitivamente alguém.

Recuo alguns passos enquanto penso no que fazer. A oscilação da luz se aproxima, piscando algumas vezes e então desaparecendo. Noto que alguém parece caminhar com ela. Seria… seria uma…

Uma lanterna?

Arregalo os olhos em meio à penumbra, puxando meu celular do bolso com pressa e digitando uma mensagem, os dedos trêmulos e escorregadios.

, estou vendo

Aguardo alguns segundos, olhando da tela para a movimentação da luz. Parece estar mais próxima. não responde, então mando mais coisas.

, está aí?

Estou vendo a luz

Logo a lanterna se apaga. O desespero pulsa em minhas veias.

Se passa um, dois, três segundos. O ar parece congelar.

?!

Tento respirar, mas meus pulmões travam. Ouço um ruído, e a luz dispara em minha reação.

Fecho os olhos, sentindo a lanterna me cegar. Coloco as mãos em meu rosto e tento enxergar alguma coisa. Sinto que não é ele, não aquele estúpido caçador. A criatura dos assobios não estava com uma lanterna.

É então que meu celular vibra.

Não desbloqueio a tela. Apenas leio a notificação.

Estou aqui, .

Venha em minha direção.






Continua...


Nota da autora: Quem aí tá com saudades do Jake levanta a mããão 🖐🏻

Para os fãs de Duskwood (e tolerantes de Moonvale) aqui está um gostinho do nosso hacker gostoso. Prometo atualizar rapidinho, hein, pois a segunda parte vai ser só 🔥

Quem gostou deixe um comentário aqui embaixo contando o que achou, ou lá no meu twitter: @miaescreve. Irei avisar por lá e no meu insta quando a atualização sair <3 até daqui a pouco!

xoxo,

Mia


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