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Independente do Cosmos🪐

finalizada em: 15.01.2025 🪐

Kim Minji estava acostumada a vencer. Desde o primeiro semestre da faculdade, sempre se destacara como a aluna mais dedicada e, consequentemente, era a favorita dos professores no curso de Literatura. O que ela não estava acostumada, era competir. E pior, com Byun Baekhyun, do curso de Música, que a desafiava quase que o tempo todo — não porque ele fosse melhor, mas porque ele sempre conseguia irritá-la até tirar o foco.
Era assim desde o primeiro ano. Ele era o tipo de pessoa que chegava atrasado às aulas conjuntas, mas ainda assim tirava as melhores notas — e se gabava por isso. Enquanto Minji passava horas revisando redações e trabalhando em análises literárias, Baekhyun criava músicas no último minuto e recebia inúmeros aplausos e suspiros apaixonados.
Por isso, quando ouviu o professor de Artes Interdisciplinares anunciar as duplas para o projeto final, sentiu sua alma sair do corpo:
— Kim Minji e Byun Baekhyun.
O nome dele ecoou como um trovão na sala, contrastando com a calma usual do Sr. Park. Minji sentiu os ombros enrijecerem, sem querer olhar para o lado e correr o risco de vê-lo com um sorriso presunçoso, a encarando. Não podia ser sério. Poderia ser qualquer uma das quase 40 pessoas naquela sala, por que havia sido justamente ele?
— Professor, isso é mesmo necessário? — ela não pôde evitar questionar, com um toque de desespero na voz. — Você sabe que me desenvolvo melhor sozinha e…
O professor sorriu, implacável. Ele sempre agia de forma irredutível em suas aulas, mas Minji não podia deixar de tentar. Era sua única esperança.
— Absolutamente não. Vocês dois têm talentos complementares. Quero ver o que são capazes de criar juntos. Confio no seu talento, Srta. Kim.
Ela finalmente ouviu a reação de Baekhyun, que parecia soltar um riso de forma irônica. Sem que ela convidasse, o rapaz se aproximou de sua bancada, sentando ao lado da mais nova.
— Relaxa, Minji. Vai ser bem divertido.
Ela revirou os olhos. Não seria nada divertido.
Minji ficou tão nervosa que a aula passou como um borrão. Tudo que saía da boca do Sr. Park era prontamente ignorado por seu cérebro, que trabalhava em dobro tentando ignorar a presença ao seu lado. Tensa, passou a alternar o olhar entre sua saia longa e tentar exercitar a criatividade. Quanto mais cedo tivesse uma boa ideia, mais cedo desenvolveriam algo e poderiam acabar com aquela tortura psicológica.
Portanto, quando o sinal tocou, ela sequer fez menção de chamar Byun, mas sabia que ele viria ao seu encontro, saindo imediatamente da sala. Pensou em trabalharem na biblioteca, seria o mais seguro e cordial. Vê-lo após o horário de aulas ou em um ambiente mais privado estava fora de cogitação.
A biblioteca era um dos ambientes mais bonitos da faculdade. Minji não pôde deixar de notar o quão vazio estava o ambiente, com um silêncio quase que ensurdecedor. A bibliotecária estava tediosamente concentrada em algo diante da tela do computador, sequer cumprimentando-a quando passou. A menina escolheu uma das mesas mais afastadas, em madeira pura e com um longo espaço para espalhar seus papéis e anotações.
— Precisamos estruturar o roteiro antes de qualquer coisa — disse, ajustando os óculos, assim que Baekhyun se fez presente. —, é mais fácil começar pela escrita. Eu pensei em…
— Ou podemos criar uma melodia primeiro e depois pensar na letra. Assim flui melhor. — o mais velho a interrompeu, ao passo que sentou-se sobre a cadeira estofada.
Minji franziu o cenho, incrédula. Nem naquele momento ele era incapaz de ser clubista.
— Isso não faz sentido. O roteiro é a base! Como vou escrever algo engessado pela música?
— Discordo. A melodia dá vida ao projeto. Devíamos trabalhar assim e deixar fluir.
Minji era controladora, e deixar algo fluir pela influência dele, não seria tão fácil. A mulher fez um bico e sentou-se, esboçando algumas palavras soltas em seus papéis.
Baekhyun olhou-a, intrigado. Apesar da teimosia e de seu jeito controlador, ela era linda. Os cabelos loiros e claros lhe davam uma aparência quase que angelical, contrastando com seu jeito mandão. Ela simplesmente ignorava qualquer investida masculina na faculdade, totalmente entregue e pertencente às disciplinas. Byun achava aquilo intrigante, mas principalmente, sexy e desafiador.
— Você não vai ajudar? — ela soou um pouco irritada, observando o rapaz.
Ele suspirou.
— Não é como se você fosse me deixar ajudar de qualquer forma. A criatividade não vem assim de uma hora para a outra.
— Me avisa quando sua criatividade quiser cooperar então… — Minji respondeu em tom de zombaria.
Byun franziu o cenho, levemente irritado com o comentário. Ele normalmente fazia sim as coisas de última hora, mas porque funcionava melhor sob pressão.
— Eu não vou ficar aqui dividindo espaço com você, seu ego e sua ironia… — o sul-coreano levantou-se.
— E onde você pensa que vai?
Byun riu, colocando a mochila nas costas.
— Me inspirar em algo, mas de verdade. Você deveria fazer o mesmo.

***


A maioria dos alunos havia apresentado alguns esboços de seus projetos, exceto por Minji e Baekhyun. O professor, obviamente, os cobrou para serem mais rápidos em sua execução, e a contragosto, foram para a sala de música — obviamente com certa oposição vinda de Kim.
Minji adentrou o ambiente observando absolutamente tudo, os instrumentos, equipamentos e a amplitude do ambiente. Nunca tivera a oportunidade de estar ali, mas também não fizera questão. E de certa forma, arrependeu-se disso assim que avistou Baekhyun ao piano, tocando uma melodia suave.
— O que é isso? — ela perguntou, curiosa.
Apoiado no piano, estava um papel de rascunho, levemente rabiscado com uma canção. Era bastante sentimental, descrevendo um autor apaixonado por uma mulher que não a correspondia e sequer sabia de seu sentimento. Minji engoliu em seco, com a sensação de invadir a privacidade do mais velho.
— Algo que escrevi quando estava… apaixonado por uma garota.
Havia sinceridade na voz dele, o que a desconcertou instantaneamente. Byun nunca baixava a guarda, principalmente falando dos próprios sentimentos. Aquilo era novo para ambos, deixando-a levemente tensa. Afinal, quem imaginaria um homem galinha como aqueles amando uma mulher?
— É bonita.
Baekhyun parou de tocar, surpreso com o elogio. Obviamente, esperava objeções, não elogios.
— Obrigado. Acho que combina com o que você escreveu aquele dia.
Minji hesitou, mas sentou-se ao lado dele, encarando-o. Tirou uma mecha de cabelo do rosto, fazendo Baekhyun engolir em seco com o simples gesto. O homem sentiu a pele arrepiar com a leve aproximação.
— Podemos tentar. Acho que podemos encaixar as letras e deixar de acordo com a proposta do Sr. Park.
Ele sorriu, concordando silenciosamente.
Ambos pareciam incrivelmente conectados desde que iniciaram a tarefa. Apesar das desavenças motivadas pelas provocações de Byun, ele parecia estar sereno e Minji mais tolerante. Encaixaram algumas estrofes na música, removeram outras e até fizeram uma pequena alteração na melodia. Os ponteiros do relógio corriam e eles sequer repararam.
— Sabia que você é meio inspiradora?
Minji corou levemente. O elogio veio de forma genuína e quase que automática, deixando Baek com vergonha do que havia dito. Um silêncio fez-se presente antes que ela o respondesse:
— E eu achava que você só levava tudo na brincadeira.
Ele riu.
— Talvez eu só goste muito de te irritar.
Pela primeira vez, ela riu com ele. Uma gargalhada gostosa e sincera, apreciando realmente a companhia do homem. Sequer se deu conta do fato enquanto o fez. Mas ele guardava cada pedaço daquela interação em sua memória e inspiração. Afinal, foi baseado nela que Baekhyun escreveu aquela canção.
O silêncio pairou por alguns segundos, mas não era desconfortável. Baekhyun a observou por um instante antes de se inclinar levemente. Eles estavam mais próximos do que nunca, tanto fisicamente quanto emocionalmente. Era algo incomum para ambos.
— Mas se você quiser que eu pare de te irritar... — ele murmurou, a voz baixa. — É só pedir.
Minji sentiu o coração acelerar, mas não recuou. Estava em um grande impasse, sentindo-se enfeitiçada pela situação, embora quisesse sair correndo dali. Seus sentimentos não faziam nenhum sentido sequer, bagunçados e embolados como nunca estiveram. Sem dizer nada, se aproximou também.
Para sua sorte, no entanto, a primeira atitude veio de Baekhyun. O homem tirou as mãos das teclas do piano e levou-as em direção ao seu rosto. Retirou uma mecha de seu cabelo que estava em frente a sua face e aproximou-se, deixando que lábios se encontrassem de forma hesitante. Contudo, logo o beijo se tornou mais confiante, exasperado e desesperado por ainda mais.
O ósculo ficou intenso, como se precisassem daquele beijo como uma necessidade básica. Ele gentilmente levou a outra mão até sua cintura, passeando pela região de forma maliciosa. Levemente assustada em como tudo escalonou tão rápido, Minji recuou instantaneamente, encarando-o com os olhos levemente arregalados.
— Minji, eu…
— Eu preciso ir. — ela saiu de seu lado instantaneamente, dando um passo para trás. — Eu tenho um compromisso.
— Compromisso? Do que você está falando?
Baekhyun se levantou, mas Minji foi mais rápida, deixando a sala e Baekhyun confuso. Ela pareceu retribuir, mas por que hesitou?
Ele insistiu em mandar uma mensagem, mas sequer foi entregue. De repente, a sensação boa que Byun sentira há alguns minutos atrás, deu espaço a amargura e arrependimento pelo que fizera. Por que diabos ele havia a beijado? Conseguiu guardar a porra daquele sentimento por meses, mas estragou tudo em poucos segundos.
Ele estava triste e arrependido como nunca se sentiu antes.

***


Os primeiros acordes do piano ecoaram pelo auditório, suaves e precisos, como. Minji e Baekhyun estavam lado a lado, os dedos deslizando pelas teclas com uma sincronia quase natural. A melodia de Baekhyun envolvia as delicadas palavras que escrevera com as de Minji, ao passo que sua voz baixa e poética dançava entre as notas. O contraste entre o tom firme dele e a suavidade dela criava uma harmonia inesperada, mas arrebatadora.
Ele sequer sabia que ela cantava tão bem. Nunca tiveram a oportunidade de colaborar de maneira efetiva, e por um momento, ele se arrependeu de ter pegado no pé da garota por tanto tempo. Desde o beijo ambos estavam afastados, limitando-se às pequenas trocas de mensagem para finalizar o projeto. Baekhyun estava péssimo por isso, mas não deixou transparecer.
A música Lights Out tomou forma praticamente sozinha, contando com os ajustes de Minji e a construção da melodia. Baekhyun colocou todos os seus sentimentos naquela canção, que de forma nada consciente, dedicou à mulher que estava ao seu lado. Mesmo quando suas interações eram calorosas e provocativas, isso acendia uma chama nele, uma luz. Era isso que ele sentia por Minji.
O público parecia prender a respiração, completamente absorvido, ao passo que ambos cantavam de forma melódica e melancólica. Cada pausa e olhar trocado entre eles no palco, carregava uma tensão invisível, desconhecida pelo público alheio. Quando a última nota soou e o silêncio pairou por um instante, a plateia explodiu em aplausos ensurdecedores.
O professor estava orgulhoso. Sentiu-se vitorioso, pois reconheceu o potencial entre os dois antes de qualquer um, combinando talentos imbatíveis. E obviamente, parte das palmas e aclamações vieram dele, ao passo que Baekhyun e Minji agradeceram com uma reverência no palco.
Ambos caminharam para a parte interna das cortinas, indo em direção aos bastidores. A vibração dos aplausos ainda ecoava, mas o ar entre eles era diferente. Baekhyun encostou-se na parede, observando Minji enquanto ela ajeitava distraidamente o cabelo de forma sutil. Ele coçou a garganta e ajeitou a gravata, um pouco tímido e nada parecido com o Byun presunçoso e engraçadinho de sempre.
— Então, Minji, posso dizer que não sou tão ruim assim? — A voz dele cortou o silêncio, leve, mas carregada de significado.
Minji cruzou os braços, lançando-lhe um olhar de canto. Tentou não reparar no terno perfeitamente ajustado em seu corpo, ou no cabelo sedoso e macio, conjuntamente àquele odor amadeirado de sempre. Não queria cair em tentação mais uma vez, não se perdoaria por isso.
— Talvez você não seja tão insuportável. — Um sorriso sutil apareceu, mas seus olhos refletiam algo mais.
Baekhyun deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles. Olhou-a de cima a baixo, observando o vestido longo e dourado, os cabelos soltos e longos e o perfume floral da mais nova. Mesmo petulante, irritante e prepotente, ela ainda era a mulher mais linda daquela faculdade.
— Eu estava falando da escrita, mas… Engraçado... você fugiu depois daquele beijo. Por que não falamos sobre isso?
Ela sentiu o estômago revirar, mas manteve a postura, respirando fundo:
— E o que você queria que eu fizesse? Ficar?
Ele deu uma risada baixa. A indagação dela era coerente, em vista da forma que se tratavam, mas ele esperava algum tipo de manifestação sentimental dela. Qualquer uma que fosse.
— Talvez. Ou foi tão ruim assim?
Minji segurou o olhar por um momento. Ela não queria admitir que aquele foi o melhor beijo da vida dela, e que se não fosse pela teimosia, ela gostaria de muito mais. No entanto, não sentia que podia dar corda àquele tópico. Não naquele momento.
— Não foi… ruim. Foi ótimo. Mas não muda o fato de que você continua irritante.
Baekhyun sorriu de lado, satisfeito:
— Vou aceitar isso como uma vitória.
Ela sabia que ele era imensamente convencido e talvez aquilo custasse sua paz. Mas não importava. Era exatamente isso que ela queria. Que aquele sentimento intenso e confuso finalmente fizesse sentido dentro de si.
O som distante de vozes animadas se misturava aos aplausos que ainda ecoavam. Logo, o anúncio da vitória foi feito, acompanhado por uma nova onda de palmas. Ambos haviam ganhado o primeiro lugar pela sua canção de amor, sendo recebidos de forma calorosa pelo público.
Minji e Baekhyun se entreolharam no palco, sem dizer uma palavra sequer. Não precisavam. O peso daquela conquista e da conexão silenciosa entre eles falava mais alto do que qualquer coisa. E o sentimento que tinham um pelo outro, finalmente parecia fazer sentido.





Fim!


Nota da autora: Oi, May! Aqui é a Thaís (ou Hydra)!
Não tivemos muita oportunidade de conversar, mas saiba que escrevi com todo o carinho! Sempre admirei muito o EXO e poder revisitar essa época tão gostosa foi uma delícia.
Espero que você tenha gostado da leitura e que tenha atingido suas expectativas. Um beijo!

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