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Independente do Cosmos🪐

Última Atualização: 05/08/2024


I once believed love would be burning red.
But it’s golden, like daylight.

Taylor Swift


Sua respiração ficou pesada, e o coração batia tão forte que nem parecia ter perdido a consciência.
Porra. E que merda foi aquilo?
Não importava.
Naquele momento, na verdade, nada importava.
Seu peito doía, e seus olhos estavam pesados. A dor de cabeça poderia até ser dilacerante, se ele não estivesse tão quebrado por dentro. Se não estivesse à beira de um colapso.
Ou talvez à beira de um precipício.
A porra do fim.
O fim de tudo.
Precisava se concentrar, ser forte o suficiente para segurar o peso de tudo que estava por vir. As palavras ainda rondavam sua mente como uma voz perturbadora.
Eu sinto muito. Nós fizemos tudo que podíamos.
Em uma ironia do caralho, ele sacou um maço de cigarros e encarou aquela porcaria, a raiva consumindo seu peito.
Como podia, mesmo diante daquela situação, ceder ao maldito vício?
Era mesmo um grande de um filho da puta.
? — Uma voz reverberou na sala, colocando-o em alerta.
Não, de novo não, sua mente gritou.
Não teve coragem de responder. Talvez assim, tudo desaparecesse e voltasse ao normal.
Ele só queria ir para sua casa. Para ela.
— Sr. ?
Seus olhos dele tremulavam, mas soltou um resmungo e sentou-se na maca dura que o tinham colocado.
Infelizmente, não poderia fugir para sempre.
— Acha que consegue conversar? — A médica o encarou com um pesar nos olhos que o deixou puto.
Pena não mudaria a merda dos fatos.
— Então, quanto tempo? — Seu tom saiu bem diferente de como ele realmente se sentia.
Ninguém precisava saber do inferno dentro dele.
— Escuta, nós podemos….
— Só me fala a droga do tempo — exigiu, com o gosto da bile na ponta da língua.
A mulher o encarou bem no fundo dos olhos. E ele teria deixado as lágrimas caírem, se não fosse o nó em sua garganta e o desespero de sair correndo.
— 6 meses — disse ela, seca, direta, exatamente como ele havia pedido. — Com sorte.







E fuja. Como se você estivesse fugindo da lei.
Querido, vamos fugir.
Fugir de tudo.
Podemos ir aonde os nossos olhos podem nos levar.
Podemos fugir para onde ninguém mais está, fuja.


Run — Taylor Swift feat Ed. Sheeran



recostou-se em seu carro e tragou o cigarro que se encontrava entre os dedos, ao deixar a nicotina lhe proporcionar o efeito relaxante de sempre. A paz era momentânea.
Ele sabia muito bem que aquela porcaria o mataria ou diminuiria sua expectativa de vida em uns bons anos, mas com toda a merda em sua vida, estava se tornando simplesmente impossível de parar. E, para ser sincero, ele nem sabia se realmente queria.
O rapaz precisou respirar fundo ao sentir a bile subir até a garganta quando olhou para o outro lado da rua. O casal do ano desfilava sem preocupação alguma bem na sua frente.
Quando foi que a sua vida se transformou naquela merda? Ele sabia muito bem como, apenas não queria aceitar.
Quase riu com a ironia da pergunta. adorava ironias, mas, naquele momento, as odiava.
Aqueles filhos da puta pareciam não se contentar em quase o foder por completo; precisavam esfregar na sua cara. E, mesmo ardendo em raiva, não conseguiu desviar o olhar, até perceber que a garota encontrou seus olhos.
Aquela foi a deixa para ele sair dali.
Não adiantava perder tempo com algo que não poderia mudar.
jogou a bituca no chão, pisou para apagar e foi para dentro do bar onde tocaria naquela noite. O lugar estava lotado, e, apesar de amar o que fazia, ele não se sentia nem um pouco animado, nem mesmo com a ideia de um público maior.
Estava fodido demais para se empolgar com qualquer coisa.
Sem cumprimentar ninguém, foi direto para o espaço que deveria ser o camarim da banda. Precisava de um tempo sozinho para colocar a cabeça no lugar e fazer o que deveria ser feito.
Não podia deixar aquilo destruir tudo à sua volta, incluindo o que mais gostava de fazer.
Ele encarou o reflexo no espelho e suspirou audivelmente. As olheiras eram mais evidentes do que nunca, e a carranca parecia ainda maior, se é que era possível. Em uma tentativa quase falha de refrear seus pensamentos, ele apoiou as mãos sobre a bancada e abaixou a cabeça.
Precisava se concentrar, focar no que importava.
E, ao erguer a cabeça e ver o rosto dela, soube que jamais encontraria paz.
— O que você está fazendo aqui? — rosnou entredentes ao se virar.
A garota diante dele tinha um sorriso presunçoso nos lábios e o abriu ainda mais ao encará-lo.
Como ela conseguia ser tão cara de pau?
queria explodir a porra da sala inteira, se isso a fizesse desaparecer.
— Eu queria dizer um oi, saber como você está…— A voz dela saiu mansa, como se fosse uma garotinha inocente.
Ele a encarou incrédulo. Aquela filha da puta não cansava de foder com a sua cabeça?
— Você quer dizer antes ou depois de eu te pegar fodendo com o meu melhor amigo, Allyssa? — O nome dela saiu de sua boca em um tom de nojo.
Nojo era tudo o que ele conseguia sentir por ela.
Allyssa o encarou boquiaberta; aquela era uma versão do rapaz que jamais conhecera, mas que merecia.
também não conseguiu dizer nada, apenas a encarou. Não estava afim de acabar com a sua noite por causa de Allysa; só a queria o mais longe possível. Por isso, ele sentiu cada músculo de seu corpo travar ao vê-la caminhar em sua direção.
Seu maxilar travou e a respiração ficou acelerada.
Que porra ela pensava que estava fazendo?
— Allyssa…— soltou em tom de aviso.
A garota sorriu ao tombar a cabeça, divertindo-se com a ideia de que ele ainda poderia sentir algo por ela, mesmo depois de tudo.
— Me diga, , como é me odiar e ainda ter sentimentos por mim?
— Allyssa deixou o rosto próximo ao dele e sorriu maliciosa.
sentiu a garganta fechar, sua boca seca como se não bebesse água há dias. E ele estava pronto para afastá-la, quando notou a presença de alguém na sala e sentiu-se apavorado.
— Oh — uma voz feminina soou nervosa. — Me desculpem, eu…eu…
afastou Allyssa sem delicadeza alguma e conseguiu ver quem era a estranha que falava. Sua íris penetrante o encarava, sem parecer ter ideia de onde estava ou de quem ele era, e as bochechas da garota estavam vermelhas como sangue.
Por um momento ele achou que fosse sua imaginação, até que a voz do diabo o trouxe de volta à realidade.
— Como você pode ver, não é aqui, garota — Allyssa respondeu ríspida.
— Sai daqui! — esbravejou, deixando sair toda a raiva que sentia por ela.
A garota ainda parada a porta pareceu recuar, e ele se sentiu uma merda; não era com ela que estava falando daquele jeito.
— Allyssa, sai daqui! — levou o olhar até a ruiva parada ao lado dele, e, depois, voltou-se para a desconhecida.
Sentiu-se aliviado ao ver que a expressão dela havia se suavizado.
Allyssa o encarou com ódio no olhar, mas não disse nada e saiu de lá muito mais rápido do que havia entrado.
Ele nem conseguiu disfarçar a sensação de alívio, parte por saber que realmente não sentia mais nada pela mulher e parte por ela ter ido embora.
— Me desculpa, eu não queria interromper. Eu só estava procurando o banheiro…— A garota desconhecida riu nervosa; seus olhos em um tom hazel pareciam brilhar. — Pode me mostrar onde fica?
Ele a encarou por alguns instantes, queria memorizar cada traço da garota, e, sem perceber, não produziu resposta alguma.
— Deixa, eu mesma procuro…
então, saiu de seu transe e a segurou pelo braço. Sua mão deslizou até a da garota, e ele franziu o cenho, ao virar a palma e ver que continha diversas escoriações e hematomas.
— Quem fez isso com você? — a encarou no fundo dos olhos.
A raiva se fez presente, mas ele não deixou transparecer.
Ela o encarou meio confusa, então se deu conta do que se tratava e retirou a mão. Não o conhecia, e não era da conta dele.
— Ninguém. — Ela desviou o olhar. — Então, vai me dizer onde fica o banheiro?
— Vai me dizer quem fez isso com você?
A garota riu nervosa.
não desistiria, então teve uma ideia.
— Se eu te disser, me conta quem fez isso com você?
Ele não sabia, mas ela estava apertada demais, por isso aceitou sem pensar duas vezes.
— Vem, pode usar o do camarim; esses banheiros de bar são nojentos — explicou e apontou para onde ela deveria ir.
não sabia o que era, mas sentia-se curioso em saber mais sobre a garota, principalmente porque ela parecia não saber quem ele era. Não que fosse absurdamente famoso, mas, se ela estava no bar é porque iria ver o show.
Ele esperou um pouco afastado da entrada do banheiro e, quando a garota saiu, não se esqueceu do acordo.
— E então?
— Olha…
— Temos um acordo. — a encarou no fundo dos olhos.
Ela estava pronta para abrir a boca, mas foi interrompida por outra pessoa entrando no camarim. Um homem, que aparentava ter mais ou menos uns quarenta anos, os encarou com uma cara de segundas intenções, o que a fez revirar os olhos.
— Está na hora do show, .
A desconhecida nem mesmo esperou o mais novo dizer mais alguma coisa e saiu, deixando-o com a curiosidade à flor da pele.
— Valeu, Anthony. — O cantor bufou irritado e foi em direção ao palco.
Aquela garota não sairia de seus pensamentos tão cedo.



💛💛




estava bem na frente do palco. Dali ela conseguia ter a visão perfeita de toda a banda, principalmente do vocalista, ou melhor, . O nome dele e aqueles olhos atormentavam sua mente conforme ela tentava aproveitar o show.
Ele estava olhando para ela?
A lembrança do pouco contato que teve com ele ressoou na mente da garota, assim como seu toque delicado em sua mão machucada. A memória recente a fez se questionar, mais uma vez, do porque ele estava tão interessado em saber sobre ela.
Não era nada de mais e muito menos interessante.
Eles já tinham tocado diversas músicas e ela não conhecia muitas, afinal só estava ali para o aniversário da sua melhor amiga, mas gostou muito mais da banda e do show do que gostaria de admitir.
Em meio à multidão, ela sentiu seu coração bater mais forte quando um ritmo lento começou a ressoar e a voz grave de explodiu nos alto falantes. tentou, mas não conseguiu disfarçar o quanto ficou impactada, não só com a letra da música, mas com o talento dele.
Por um instante foi como se tivesse entrado em uma espécie de bolha, onde só ela e o vocalista da banda pudessem coexistir. Os olhos negros a encaravam sem nem piscar e ela devolveu o olhar, completamente envolvida pelo rapaz e a voz dele.
Nunca havia experimentado nada igual. Nenhum dos dois.
Sem pensar em mais nada, se deixou levar pela batida, contagiada por cada palavra cantada; ela nem mesmo se deu conta de quando acabou e só acordou de seu transe ao ouvir as pessoas ao seu redor explodirem em palmas.
— Eu já volto, tudo bem? — Voltou completamente à realidade ao escutar a voz de sua melhor amiga e aniversariante.
Ela sabia muito bem o que aquilo queria dizer. Savannah não voltaria pelo resto da noite, pois estaria em algum lugar apertado e escuro com um dos integrantes da banda.
— Não se preocupe comigo — tranquilizou a amiga, que sorriu e saiu logo em seguida.
respirou fundo. De repente o lugar pareceu quente demais e ela se lembrou de ler que o bar tinha um terraço. Então, foi em direção às escadas sem pensar duas vezes. Um pouco de ar depois de toda aquela intensidade não faria mal algum.
Ao alcançar o espaço, ela se sentiu aliviada por ser a única ali. O lugar era simplesmente esplêndido, com uma vista incrível de Nova Iorque. Para ela, tinha que ser muito doido para não gostar da cidade, pois estava na sua lista de melhores lugares do mundo para se estar. Mal podia esperar pelo dia que poderia viver ali.
Ela caminhou a passos lentos até o parapeito e, mesmo a contragosto, não resistiu em sacar seu celular e pesquisar um pouco sobre a banda que tinha acabado de assistir. E, sem perceber, abriu páginas e páginas para saber mais sobre o vocalista. .
Estava tão vidrada em ler sobre ele que tomou um susto ao ouvir a porta do terraço bater, fazendo seu celular cair no chão.
— Desculpa, eu não queria te assustar…— sussurrou e pegou o celular dela.
o encarou sem jeito.
— Hm — resmungou ao encarar a tela do celular. — Eu posso responder a todas as perguntas que tiver.
Ela encarou o sorriso divertido no rosto do vocalista, mas demorou para entender do que se tratava.
— Ah — ficou sem palavras por alguns segundos. — Eu só fiquei curiosa sobre a banda…
— Posso responder as perguntas sobre isso também. — Ele sorriu ladino e estendeu o celular para ela.
franziu o cenho, não sabia ao certo o que pensar sobre ele ou como reagir, então pegou o aparelho e o enfiou no bolso do casaco.
Eles se encararam, nenhum dos dois sabia ao certo o que dizer, mas o silêncio não era nem um pouco desconfortável. aproveitou o momento para poder observar a garota com mais precisão, já que tinham sido interrompidos no camarim.
Os olhos dele foram direto aos dela, nunca se cansaria dos tons de haze misturados ao brilho que existia ali, mas com a luz da noite, ficou ainda melhor.
então desceu para os lábios carnudos de , que continham uma espécie de tom avermelhado que ele achou combinar perfeitamente com ela.
sentiu como se o ar do mundo inteiro tivesse desaparecido, apenas pela forma como ele a encarava. Não queria deixar transparecer o quanto estava afetada e desviou o olhar para os braços dele, adornados por diversas tatuagens, mas logo voltou a olhar para ele e sorriu ao ver como uma mexa dos cabelos negros do rapaz caiam sobre seus olhos.
Eles tinham uma diferença grande de altura, por isso ela precisou se inclinar bastante para retirar a mecha do rosto dele.
— Desculpa eu…— só se deu conta do que tinha feito quando sentiu a mão dele em seu pulso.
segurou sua mão com calma e passou a ponta dos dedos sob seu machucado com uma delicadeza nunca experimentada por ela, e um arrepio percorreu todo seu braço.
Nunca se sentiu tão grata por estar de jaqueta, ou ele teria notado.
— Então, vai me contar quem fez isso com você? — a encarou no fundo dos olhos.
Dessa vez ele, não sairia dali sem as respostas que buscava.
— Vai me contar a história do camarim? — Ela sorriu de lado.
Estava até começando a achar graça na insistência do cantor.
ponderou por alguns instantes, mas então se deu por vencido ao responder:
— A história é longa, então é melhor nos sentarmos… — Ele então se deu conta de que não sabia o nome dela. — E preciso do seu nome, linda.
As bochechas da garota coraram, e antes de responder, ela caminhou até uma das poltronas que havia ali.
— Então? — perguntou ao se sentar quase ao lado dela.
— Você é bem insistente, .
Porra. Ele gostou muito de como o nome dele soou na boca dela e precisou de muito esforço para não deixar transparecer.
— ela disse finalmente. — Meu nome…
— Bonito nome, . — também gostou de como o nome dela soou na boca dele e ela, bem, ficou vermelha. — Ta me devendo uma resposta.
— Que tal se você me contar a sua história primeiro? — A garota sugeriu. — Eu não sei nada sobre a banda, ou sobre você, me parece justo.
— Isso é uma meia verdade. — riu, referindo-se a pesquisa no celular.
A garota riu, mas não disse nada.
Ele estava curioso, mas falar sobre sua vida não pareceu uma ideia tão ruim, se isso o desse mais tempo ao lado dela.
— Fechado. — Ele estendeu a mão para ela, que segurou como se estivessem selando um acordo. — Mas não me importa se alguém aparecer e nos interromper, vou arrancar a resposta de você com ou sem pessoas aqui, entendido?
engoliu em seco pela forma como ele a encarou, o coração indo parar na boca.
Era gostoso e desesperador o que o cantor a fazia sentir com apenas um olhar.
— Parece justo. — Deu de ombros. — Mas me diz, o que a Allysa fez para te deixar tão irritado?
— O que te faz pensar que ela me fez algo? — Não sei…você não parece, aquela pessoa…— não sabia ao certo como se explicar.
— Aquela pessoa? — ficou confuso.
— Sabe…grosseiro pra caramba com uma garota.
Ele quase riu da maneira como ela disse, mas ela tinha razão. Aquele não era ele e odiava ter sido tão grosseiro com Allyssa, mesmo que tivesse merecido.
— Eu e a Allyssa namoramos por quase cinco anos e estávamos noivos — começou a explicação, e a sensação era de que tudo o que tinha vivido não se passava de um filme ou fruto de sua imaginação. Era estranho pensar que um dia foi apaixonado por Allyssa. — Porra, ela era o amor da minha vida…quero dizer, ao menos eu achava que era.
o encarava sem piscar, concentrada em cada palavra dita por ele, quase como ela o olhou quando estava em cima do palco.
Ah, se lembrava muito bem dela na plateia, e, de repente, sentiu vontade de voltar para aquele momento.
— Você está bem? — chamou sua atenção, o tirando do transe que tinha se enfiado.
— É, tô legal. — riu sem graça.
— Olha, se não quiser falar sobre isso…
— Não, tudo bem…vai ser bom falar sobre isso — ele a tranquilizou.
Seria realmente bom colocar tudo aquilo para fora com alguém que mal o conhecia e enterrar de uma vez por todas a história no passado.
Ela assentiu e então se ajeitou, como se estivesse pronta para assistir seu filme favorito. reparou em como a garota apoiou a cabeça sob a mão e o encarou no fundo dos olhos, com a luz da noite iluminando seu rosto.
era linda pra caramba, e ele não sabia como conseguiria continuar se concentrando sem se perder em cada detalhe da garota.
— Vocês terminaram há muito tempo? — Ela achou melhor lembrá-lo sobre o que conversavam.
— Uns meses. — Ele deu de ombros.
— Sentimentos inacabados?
— Por ela? Nem fodendo — foi duro nas palavras, mas ela pareceu achar graça na maneira dele de falar. — Não dá pra ter sentimentos inacabados por alguém que te traiu.
ficou boquiaberta, completamente em choque.
Ela esperava algo dramático sobre como era possivelmente difícil manter uma relação com alguém que precisava estar quase sempre na estrada, mas nenhum cenário de traição tinha sequer cruzado seus pensamentos.
— Eu sinto muito, … — o encarou com um meio sorriso acolhedor, ela realmente sentia muito por ele.
Não poderia dizer o mesmo sobre Allyssa.
— Não esquenta com isso. — Ele deu de ombros, não queria deixar transparecer como odiava a história toda.
— Você o conhecia? — a encarou meio confuso. — O cara com quem ela te traiu.
— Ah, meu melhor amigo, o baterista da banda. — riu em escárnio.
— Cacete — soltou, e então levou as mãos até a boca.
tentou se segurar, mas então caiu em uma gargalhada que foi acompanhada por ela. Os dois riram como se nada mais importasse, até que um silêncio tomou conta e eles se encararam.
Ele estava assustado com como falar sobre o assunto o deixou aliviado, e ela, bem, realmente sentia muito pelo cantor. Nem conseguia imaginar como deveria ser amar alguém e ser traído de maneira tão baixa.
— E você, me conta, já foi traída? — brincou.
riu, nervosa.Falar sobre relacionamentos nunca era fácil para ela, não mesmo.
De repente, ela sentiu como se o ar tivesse ficado quente demais e se levantou, indo até o parapeito onde estava antes de se sentar com ele. Mesmo sem olhar para o rapaz, ela sentiu o olhar dele a acompanhar.
Aquilo só a deixou ainda mais nervosa. Por que raios ele estava tão interessado em saber sobre ela?
— E então, ? — A voz de soprou contra seu cabelo e ela se assustou ao se dar conta de que ele estava bem perto.
Ainda afetada pelo clima entre eles, ela se virou, o que os deixou cara a cara.
não hesitou em momento algum; já tinha falado praticamente a parte mais obscura de sua vida. Então, por que raios fugiria?
Com os olhos fixos aos de , ele apoiou as mãos no parapeito, fazendo-a ficar entre os seus braços e não passou despercebido por ele a forma como ela puxou o ar com força.
— Eu…— Ela o encarou no fundo dos olhos, o nervosismo lambendo sua pele. — Nem nunca namorei, .
Um sorriso tomou conta dos lábios dele. Era quase inacreditável que uma garota como ela nunca tivesse namorado.
Sentiu-se ainda mais curioso para saber sobre ela, mas por hora, queria apenas uma resposta. Então, em busca dela, ele segurou o pulso de e encarou os profundos machucados e roxos que tinham em sua palma.
Seus olhos brilharam e a pupila dilatou.
estava pronta para dar a ele o que queria, mas então, a porta do terraço se abriu.
— Eu disse que teria minha resposta, com ou sem pessoas. — sorriu para ela, sem nem se preocupar em ver quem estava ali.
Ela sentiu o coração massacrar seu peito e a respiração ficar pesada. Os olhos negros a encaravam com uma veracidade tangivel e ela teria caido ali mesmo, se nao estivesse apoiada ao parapeito.
.
.
A garota fechou os olhos, a bochecha queimando como nunca, e então voltou a abri-los e se inclinou para o lado. Savannah, sua melhor amiga, encarava tudo boquiaberta.
Ótimo.
Era tudo o que ela precisava.
Mesmo com o nervosismo, não tinha o que fazer; tinham sido flagrados juntos e, ao voltar a encarar , ela soube que ele não sairia dali sem respostas.
— Eu gosto de patinar, vivo caindo nos meus treinos.
olhou bem no fundo dos olhos dela e então suspirou aliviado. Não gostaria nem um pouco de saber que alguém a machucou; não sabia explicar o porquê, mas a ideia o incomodava pra caralho.
— Tem noção do alívio que estou sentindo? — expressou, e ele ficou tão chocado com a revelação quanto ela.
estava boquiaberta, dividida entre continuar ali com ele e mandar a amiga embora, ou simplesmente sair correndo. Não conseguiu escolher nenhuma das opções.
Os dois se encararam por um longo tempo, até que escutaram a porta do terraço bater.
não conteve o sorriso e mal conseguia respirar.
— Eu posso te levar pra casa, não se preocupa — ele ofereceu, ao ver a tensão no olhar dela.
— Não quero ir para casa… — a garota soprou baixo contra os lábios dele. — Quer ir para onde, linda?
O coração dela bateu mais forte com o apelido e, por fim, respondeu: — Me surpreenda, .




🎤🎙️





A noite era uma criança e os dois sentiam como se tivessem voltado à infância. convenceu a ir na garupa de sua moto, depois de ela dizer por diversas vezes que não subiria em uma coisa feita para cair.
Ele achou no mínimo cômico o comentário dela.
De primeira, ele não soube ao certo para onde iria, por isso dirigiu por um longo tempo entre as ruas de Nova Iorque.
Ela o segurava como se sua vida dependesse disso, ainda sem acreditar que estava mesmo montada na garupa da moto de um quase desconhecido. Era estranho como se sentia confortável com ele.
Ficou feliz por ser verão, ou seria praticamente impossível estarem alí.
Ele não tinha ideia, mas a garota havia sonhado muito com aquela cidade e ido pouquíssimas vezes até ali. Na maioria delas, foi para competições e nunca teve muito tempo para explorar.
estava ansiosa com as coisas que poderia ver. estava ansioso pelo que poderia ver com ela.
Nenhum dos dois tinha muita certeza do que estavam fazendo; afinal, tinham acabado de se conhecer, mas parecia certo.
Certo pra caramba.
— Nossa primeira parada — anunciou ao estacionar na ponte do Brooklyn.
Os olhos da garota brilharam. Todas as vezes em que passou por ali foi dentro de um carro e tudo havia acontecido muito rápido. Ela estava tão empolgada que nem esperou por ele e desceu da garupa da moto.
observou o encanto nos olhos dela e sorriu. — Você nunca esteve aqui? — Só algumas vezes e todas foram de carro. — não conseguia tirar os olhos da paisagem.
De noite, era ainda mais bonito, com toda a iluminação dos prédios e o farol de alguns carros que passavam. Ela poderia admirar a cidade por horas e nunca se cansaria.
— Tem que ser muito maluco para passar apenas de carro neste lugar. —
riu e se aproximou da garota.
Não sabia o que era, mas não conseguia tirar os olhos dela ou deixar de admirá-la. Em poucas horas, havia se tornado o seu passatempo favorito.
Quando aceitou fazer o primeiro show depois de tudo o que tinha acontecido, ele nunca imaginou que sua noite seguiria aquele curso. Especialmente depois que viu Allyssa e com toda a situação dentro do camarim.
Pela primeira vez em um longo período, ele sentiu que as coisas estavam começando a mudar.
— O que foi? — riu ao ver como o cantor a encarava.
— Já sentiu como se estivesse completamente sozinha? — Ele não tinha ideia de onde tinha vindo aquela pergunta.
— Bem-vindo ao meu mundo, . — abriu um sorriso amarelo.
Aquela foi a primeira vez em que ele viu qualquer traço de tristeza na garota, mas que logo desapareceu.
— Pode me chamar apenas de , linda — ele soprou baixo, ao colocar uma mecha do cabelo dela para trás da orelha.
Porra. O rosto dela era lindo pra caramba.
— Certo… riu nervosa com a proximidade.
Como era possível que até seu apelido ficasse perfeito na boca dela?
— Vai, me da seu celular — pediu e ela franziu o cenho meio sem entender. — Vai, confia em mim!
— Hm, nem te conheço direito, — ela brincou ao frisar o apelido.
— Isso é mais do que uma meia verdade, já que sabe uma das coisas mais obscuras da minha vida. — franziu o cenho.
— Achei que todo mundo soubesse… Ele negou com a cabeça e ela ficou boquiaberta. Não esperava aquilo.
Por que ele lhe contaria algo tão íntimo?
— Então, o celular… — a lembrou.
mordeu o lábio, meio incerta, mas acabou entregando o celular para ele.
— O que vai fazer com isso? — Ela riu nervosa.
se aproximou e ficou cara a cara com a garota, como havia acontecido no bar.
— Vou fotografar a coisa mais linda que encontrei nessa noite.
travou, sua boca ficou seca e mal conseguia piscar diante das palavras dele. E então, em uma resposta diante do nervosismo, ela começou a rir. achou a coisa mais fofa do mundo e não parou de encará-la.
— Estou falando sério — ele deu um passo à frente, ficando mais próximo.
— Não sou boa nisso…
— Bom, não precisa ser boa, só precisa ser você.
Ela não sabia muito bem o que fazer, já tinha sido fotografada antes para algumas revistas sobre patinação ou para as competições, mas nunca de maneira tão íntima. Meio sem jeito ela se recostou no parapeito da ponte, virou apenas o rosto e sorriu.
tirou a primeira foto
Então, ela passou a trocar de posições, até que se virou completamente e começou a rir junto dele, como se fossem dois adolescentes sem preocupação nenhuma. Como se um mundo tivesse parado só para eles.
— Tira a jaqueta — pediu. — E a segure para trás sob o ombro — o rapaz instruiu como se fosse um fotógrafo profissional.
nem qestionou e fez exatamente o que ele pediu.
parou, completamente atordoado com a beleza dela, e seus olhos captaram uma tatuagem presente no ombro da garota. Era uma espécie de pássaro, que parecia cobrir uma cicatriz. Ficou tão vidrado que levou alguns minutos para realmente tirar a foto.
— Ok, fotógrafo — riu e se aproximou, em uma tentativa falha de pegar o celular da mão dele. — Sua vez de ser modelo!
— Nem ferrando. — fez uma careta.
— Ah, não é justo — ela resmungou baixinho. — Por favor?
revirou os olhos diante dos olhos pidões que o encaravam e cedeu.
Como diria não a ela?
De um jeito todo desengonçado, ele se afastou e começou a fazer caretas. capturou cada uma delas entre as risadas que soltava, então se encantou quando o viu ficar mais sério e pensativo.
Sem dúvidas, aquela era a versão de que ela mais gostava, quando não tinha ideia do que se passava na cabeça dele. Exatamente como tinha acontecido quando se encararam no terraço do bar.
— Certo, acho que é o suficiente. — riu fraco.
Ele não se sentia tão bem em muito tempo.
— O que estava pensando? — ela quis saber.
— Que estou com fome. — pegou seu celular e pareceu procurar por algo. — Eu fico com essas caras feias quando não como o suficiente.
A garota riu, sabia muito bem que não era verdade, mas acabou se dando conta de que estava com fome ao sentir o estômago roncar.
— Tem uma Joe 's Pizza bem perto daqui, podemos ir lá…se quiser — ofereceu meio receoso, não queria fazer parecer que gostaria de mais tempo com ela.
— Eu sempre quis ir lá! — ela confessou, animada.
— Nunca foi no Joe 's Pizza? — tinha uma expressão de indignação ao subir em sua moto. — Sobe logo aí, porque isso é inaceitável!
O lugar estava bem vazio, afinal, já passava da meia noite. Não demorou nem cinco minutos para chegarem ali e logo fizeram seus pedidos. escolheu o sabor pepperoni, e decidiu por mussarela.
— Aqui, minha parte. — ofereceu uma nota de cinco dólares.
— Nem pensar, esta noite você é minha convidada, …— ele se deu conta de que não sabia o sobrenome dela.
— ela completou. — Obrigada…— A garota ficou nas pontas dos pés, agradeceu baixinho após depositar um beijo na bochecha de e foi em busca de uma mesa.
levou alguns segundos para processar o que tinha acabado de acontecer e, sem tirar os olhos da garota, a encarou até vê-la se sentar em uma das mesas do fundo.
— Senhor, o seu troco — o atendente chamou sua atenção, o que pareceu ser a milésima vez.
— Desculpa, eu…
— É um cara de sorte. — O atendente sorriu.
Sou mesmo. Foi o que ele pensou, mas apenas assentiu gentilmente e foi em direção à mesa onde ela já estava.
— Você está bem? — sentiu-se nervoso, ao ver a expressão pálida de quando chegou à mesa.
Ela pareceu guardar algo em sua bolsa com pressa e então, quando o encarou, sorriu.
— Ah, sim, eu só acho que fiquei muito tempo sem comer. — A garota balançou a mão, como se a sua aparência pálida não tivesse muita importância.
a encarou por alguns instantes; sua intuição lhe dizia que algo estava errado, mas ele mal a conhecia e não queria ser invasivo.
Os dois ficaram em completo silêncio, e então, não demorou muito para a pizza chegar.
— Está pronta para comer a melhor pizza da sua vida? — perguntou animado, ao sentir o cheiro delicioso.
sorriu empolgada; ela tinha sonhado muitas vezes em ter ido até ali, estava feliz por ser com alguém como .
— Mais do que pronta — respondeu finalmente.
— Tem um jeito único de se comer essa pizza — passou a falar e pegou um pedaço de mussarela com um guardanapo. Como se estivesse dando uma aula, ele a encarou. — Você coloca em cima do guardanapo e tem que dobrar assim. E então, você dá uma bela mordida!
prestou atenção sem nem piscar, achando graça na maneira como ele explicou.
— Assim? — Ela se certificou de que estava fazendo certo ao mostrar a ele.
— Perfeito. — sorriu vitorioso. — Uma perfeita nova-iorquina.
Exceto que ela não era, mas ele não sabia disso.
estava realmente faminta; logo terminou o primeiro pedaço e partiu para o segundo. tinha razão: a pizza era realmente deliciosa e uma das melhores que já tinha experimentado em sua vida.
Estava feliz em saber que não morreria sem um dia experimentar Joe 's Pizza.
— E então, eu te surpreendi? — a lembrou de seu pedido.
— Bem mais do que eu esperava, . Ele estava pronto para fazer alguma gracinha, mas foi interrompido pelo celular dela, que começou a tocar.
deu um pulo, como se estivesse fazendo algo errado, o que não passou despercebido aos olhos dele, principalmente quando ela segurou o celular com pressa e o levou até a orelha.
A expressão da garota o deixou ainda mais preocupado.
— Eu, eu…me desculpa, preciso atender — foi tudo o que ela disse e então, saiu dali.
queria ir atrás dela, mas, por hora, achou melhor ficar ali e esperar. Ainda não conseguia acreditar em como sua noite tinha começado e o rumo que tomou até ali. Ele se sentia aliviado, como se finalmente pudesse respirar de novo depois de tantos meses conturbados.
Estar com era leve, parecia certo…como se nada pudesse atingi-lo dentro da bolha que haviam criado.
Ele ficou ali preso em seus pensamentos, até que foi interrompido por uma apressada, que passou a recolher suas coisas e pedir desculpas. Tudo aconteceu tão rápido que ele nem conseguiu processar muito bem.
Onde ela estava indo?
Em meio à confusão ele saiu atrás dela e foi para fora também.
Ela estava indo embora? Do nada?
— Ei, ei — ele chamou ao segurar o braço de , que parecia ter chamado um táxi. — Aconteceu alguma coisa? Eu posso te levar…
— Não se preocupe, eu vou ficar bem. — o encarou, o nervosismo claramente estampado em seu rosto. — Eu me esqueci completamente…me perdi no horário.
— Se esqueceu de quê? — As palavras dela eram desconexas, e ele se sentiu confuso. — Pode falar comigo, se eu puder ajudar…
A garota o encarou por alguns instantes, e viu como seus olhos brilharam, mas logo os desviou.
, o que está acontecendo? — segurou o queixo dela.
Queria olhar em seus olhos e saber que tudo estava bem.
— Eu amei a noite, . De verdade, mas preciso ir. Obrigada por tudo! — Ela sorriu para ele e então caminhou para perto de um táxi que tinha acabado de estacionar no meio-fio próximo a eles.
não sabia ao certo como reagir.
Tudo pareceu mudar do nada; não era assim que ele tinha planejado encerrar a noite.
— Te vejo por aí? — Sentiu-se um idiota por suas palavras; não era o que realmente queria dizer.
não disse nada, e então ele a viu entrar no táxi e partir.
ficou ali parado, sem saber como reagir. Ele nem mesmo tinha pedido o telefone dela.
Não sabia o que pensar.
Mas de uma coisa ele tinha certeza: não a esqueceria nem se quisesse.


Continua...


Nota da autora:
Oi, amores, tudo bem? Eu nem acredito que essa fanfic FINALMENTE saiu! Demorei o que? Uns 4 anos? hahahahah, mas a fic com JK veio. Estou COMPLETAMENTE apaixonada por esse casal e espero que vocês gostem também!