Prophecy by Mia

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Autora Independente do Cosmos 🪐

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Escrita por Mia Rossi 🧚‍♂️

Última Atualização: 07/07/2024

PRÓLOGO

O Salão Principal estava adornado por milhares de velas pulsantes sob as mesas que ladeavam os alunos da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts naquele dia.

Muchichos espalhavam-se pelo ar; alunos reuniam-se ao redor das mesas, esticando-se para conversar uns com os outros. Entre a multidão de vestes pretas e vermelhas localizadas de um lado do Salão, três alunos se empoleiravam para conversar.

Era o trio de ouro.

— Eu ouvi ela, Hermione, tenho certeza — dizia Harry Potter, inclinando-se sobre a mesa para cochichar aos amigos. — Ouvi Trelawney com o Dumbledore na sala dele. No mesmo dia em que ela teve aquela visão sobre mim. Não pode ser coincidência.

Rony olhava do amigo para o prato entre uma mordida e outra de frango, mastigando grosseiramente.

— E como você sabe que era uma visão?

Harry deu de ombros, olhando ao redor para garantir que ninguém lhes ouvia.

— Porque eu ouvi ela mencionar alguém — sussurrou. — Alguém do Brasil. Tenho certeza. Com a exata mesma voz estranha. Quais as chances de não ser algo relacionado comigo?

Hermione franziu a testa ao lado de Rony.

— Mas… como você tem certeza de que era sobre a mesma garota?

Harry abriu a boca para falar, mas no mesmo instante as portas do Salão Principal se abriram em um baque; calando metade dos alunos presentes.

Harry também se calou. Virou-se em direção às portas e observou, atônito, Dumbledore caminhar para dentro.

Minerva McGonagall estava ao seu lado direito, e, ao esquerdo, Hagrid os acompanhava.

Mas havia mais alguém junto deles.

— Quem é aquela?! — sussurrou Rony.

— Ah, por Merlin… — adicionou Hermione num cochicho.

Harry engoliu em seco. Observou, de olhos arregalados, a garota que caminhava entre Dumbledore e Minerva, encolhida, os ombros curvados para frente e as mãos juntas sobre o corpo. Olhava ao redor, mas não encarava ninguém nos olhos. Permanecia vislumbrando mais o chão do que qualquer outra coisa. Acanhada, como se sentisse medo. Lembrava os novatos do primeiro ano.

As portas se fecharam outra vez. Dumbledore parou, analisando um por um entre os alunos. Quando avistou Harry, seu olhar pousou-se nele por um instante maior.

— Senhoras e Senhores, venho apresentá-los a nossa mais nova aluna de Hogwarts, transferida diretamente do CasteloBruxo. Dêem boas-vindas à , que se juntará a nós neste semestre!

O corpo de Harry gelou.

Os alunos se levantaram.

Era ela.

Era a garota da profecia.




CAPÍTULO 01:
A VISITA DE DUMBLEDORE

ALGUNS DIAS ANTES

Entre a ensopa enevoada daquele raro dia de chuva, Albus Dumbledore arrastava seus pezinhos diante da calçada da entrada, coberto por uma espessa camada de roupas e de luvas grossas nas mãos.

Não estava habituado ao clima úmido do Brasil. Mesmo em meio à chuva, carteladas de sol eram lançadas por cima das nuvens, surgindo em meio à tempestade como espiões. As poças se acumulavam no chão entre redemoinhos de água, e Dumbledore tentava desviá-las ao dar uma leve batidinha na porta.

Um cachorro latiu ao fundo; uma criança gritou. Então, poucos segundos depois, a porta escancarou-se diante de um rosto redondo e amigável. Olhos brilhantes e barbas por fazer decoravam a face do homem, que, com um sorriso, deu um passo agitado para o lado.

— Pode entrar, pode entrar. Ela já tá descendo.

Dumbledore não era fluente em português. Pelo menos não antes de preparar-se para aquela visita.

— Obrigado, . Não tomarei muito de seu tempo. — Sua voz, no entanto, parecia diferenciada conforme as palavras desenrolavam-se pelo ar; um efeito da poção volubilis.

O homem pareceu surpreso por um instante, observando Dumbledore com os olhos arrebitados.

— Ah, claro! Seu português tá ótimo. — Ele riu para si mesmo, balançando a cabeça. — já vai descer. Quer um café?

Dumbledore assentiu. Acomodou-se na cadeira acolchoada e observou a residência dos . Viagens não programadas eram sempre agitadas. Repletas de anfitriões desajeitados com o visitante repentino, correndo para lá e para cá entre a urgência de ajeitar uma casa ocupada em ser vivida. Albus também não gostava de tamanha intromissão. Nas circunstâncias atuais, jamais iria para tão longe apenas para passar um recado.

O tempo estendeu-se por alguns segundos. Passos soaram no andar de cima, e Dumbledore pôde ouvir uma conversa ecoar do alto da escada.

— Vem, ! Ele tá esperando! — sussurrava uma mulher com agitação.

Em meio a mais cochichos e movimentações, duas moças pularam os degraus com pressa, uma após a outra, ainda murmurando algo como uma discussão silenciosa.

A jovem de trás, usando calças trouxas largas e um casaquinho, parou após a mãe, ainda encarando-a com o que parecia ser grande incômodo estampado na face.

Então as duas avistaram Dumbledore.

— Ah, já chegou! Seja bem-vindo, Albus. É um grande prazer conhecê-lo! — exclamou a mãe, caminhando até Dumbledore e cumprimentando-o com vigor, um sorriso de orelha a orelha esboçando-se no rosto conforme balançava os braços para cima e para baixo.

Dumbledore sorriu modestamente, retribuindo ao cumprimento ao levantar-se.

— É um prazer conhecê-los. Perdoem-me pela aparição tão repentina. Precisava discutir um assunto importante.

Embora a poção Volubilis fizesse um excelente trabalho na comunicação, o tom de voz de Albus ainda era extremamente formal, percebeu . Notava-se com clareza que ele não tinha conhecimento das gírias da língua, embora um trouxa jamais fosse notar tamanho detalhe.

Nervosa, pigarreou do canto da sala. Ela alisava as próprias mãos contra o tecido das calças, mexendo-se desconfortavelmente ao observar o novo visitante dali, afastada.

Não sabia como agir. Jamais pensara que veria um bruxo tão importante pessoalmente. Pelo menos não um de fora do Brasil. Tudo o que sabia sobre Dumbledore dizia respeito às cartas predas que dividia com as amigas. Ele era como uma lenda, uma figura que parecia existir apenas nos livros de magia. Vê-lo ali, em sua casa, cumprimentando seus pais, parecia um sonho louco. Quase febril. sentia que a figura do bruxo não se encaixava em sua casinha, um cenário que não combinava. Algo que parecia ir contra a natureza humana. O equivalente a ver a cantora Arienda Salius sentada em seu sofá. Uma situação que simplesmente não fazia sentido.

— Ah! Nós soubemos pela carta. Sobre a

Tensa, sua mãe virou-se em direção a ela. Os olhos carregavam a mesma pena que presenciara nos pais quando a carta de Dumbledore chegara algumas semanas atrás. Sua mãe lhe encarava tão profundamente que a menina era capaz de entender as palavras não ditas em seus olhos. Deixe de ser medrosa, filha. Ignorar isso só vai te prejudicar. Encare o desconhecido.

Com um bufo irritado, caminhou até a mãe. A cabeça abaixada, os olhos caídos. Parou ao lado dela e observou o bruxo em sua frente pelo canto do olho.

— Prazer te conhecer, Dumbledore. Sou a .

Milimetricamente, Albus ajeitou os oclinhos na ponta do nariz, observando-a mais de perto.

Era jovem, com certeza não passava dos quinze anos. Pálida, embora as bochechas estivessem vermelhas como espinelas. Tinha cabelos compridos e um rosto arredondado, bastante angelical. Uma menina bonita, de fato. Excêntrica. Apenas seu rosto em Hogwarts entregaria a verdade de sua nacionalidade. Uma bela jovenzinha brasileira.

No entanto, parecia demasiado assustada. Com medo, talvez. Receio do que Albus iria lhe dizer. Provavelmente já imaginava.

Por fim, quando o pai da jovem juntou-se aos três sob a sala de estar, Dumbledore suspirou, sorrindo cordialmente para a jovem bruxa. Sua mãe abraçava-a pelos ombros, como se estivessem prestes a receber uma terrível notícia. Seus olhares para Dumbledore eram penosos, tristes. Amedrontados com o que poderiam ouvir.

O sorriso de Albus Dumbledore parecia se perder em meio ao ar tenso daquela casa. Ainda assim, ele anunciou de cabeça erguida:

, minha jovem, trago notícias não muito boas.

engoliu em seco. Dumbledore havia cruzado as mãos em frente ao corpo, levantando uma sobrancelha ao olhar para ela com seriedade.

— Como já é de conhecimento de vocês, recebemos há alguns dias notícias um tanto alarmantes. Nossa professora de Hogwarts, Sybill Trelawney, teve uma visão um tanto apavorante sobre uma jovem brasileira. — Dumbledore fez uma pausa, lançando um olhar para os pais dela. — Demoramos um pouco para encontrar a jovem de suas visões, e, após algumas buscas delirantes, chegamos a um nome. — Dumbledore virou-se para o pai de com um pouco de dificuldade. — . .

Silêncio.

Ninguém na casa dizia nada.

Com um sorriso esperto, Dumbledore olhou para outra vez.

— Srta., me responda uma coisa. Você estaria, por alguma razão, encarando alguns… pesadelos recentemente?

Os olhos de se arregalaram. Sua mãe soltou uma exclamação muda, deixando os braços que lhe abraçavam caírem para trás. O pai de se aproximou.

A resposta não podia mais ser evitada. Já faziam meses, meses…. que pesadelos terríveis vinham lhe assombrar. não aguentava mais. Jamais pensara que… jamais imaginara… que eles podiam ser mais do que apenas sonhos confusos. Por mais que acordasse com a sensação terrível de que estivesse presenciando algo real.

— O que… o que isso significa? Eu pensei que fossem só… só pesadelos.

Dumbledore assentiu.

— E de fato, pesadelos nunca costumam ser nada além de viagens delirantes. Mas, no entanto… alguns casos à parte podem nos dar alguns sinais.

olhou para a sua mãe, depois para o seu pai. Então encarou Dumbledore. Não parecia mais tão envergonhada ou assustada agora. O assunto atual parecia tê-la despertado.

— E o que tenho que fazer pra descobrir o que está acontecendo?

Dumbledore pensou antes de responder. Parecia decidir algo em sua cabeça. Por fim, com os olhos franzidos de modo concentrado, anunciou:

— Bem, o melhor a se fazer agora é vir para Hogwarts. Não poderei protegê-la ou investigar as razões de tal visão de tão longe. As conexões podem ser perigosas, até mesmo mortais. Hogwarts é a escola mais segura do mundo, deve saber. Estará em segurança conosco.

— Mas… espere um pouco. — O tom de voz da mãe de aumentou, e a bruxa levantou uma mão em sinal de silêncio. — Por que ela precisa estar em segurança? Não ficou claro pra gente o que foi essa tal visão que o senhor mencionou. A tá em perigo?

Dumbledore abaixou a cabeça, assimilando a pergunta da Sra..

— E, além do mais… eu nunca saí do Brasil. Como posso ter algo relacionado ao que acontece lá? — perguntou , observando-o com confusão e curiosidade.

Dumbledore abriu um sorriso gentil.

— O mundo bruxo é um só, Srta.. Estamos todos ligados pelo mesmo elo. A magia não costuma mudar de nacionalidade.

— Ouvi falar sobre o tal retorno dos Da Morte — sussurrou o pai de sombriamente, olhando de um para o outro, apreensivo ao intrometer-se na conversa. — Marcas Negras e sinais no céu. Acompanhei pelo Profeta Internacional. Tem mesmo algo acontecendo.

— Mas são… boatos…! — murmurou num pingo de voz, agitando-se. — Como aquela notícia de que um dragão surgiria do oceano e o mundo acabaria! Coisas que todo mundo fala pra botar medo e nunca acontece. Até os trouxinhas criam essas teorias entre eles….

Dumbledore deu um passo à frente, encarando-a com seriedade por baixo dos oclinhos redondos.

— Eu não viria até aqui se não soubesse da importância do que falo. Por favor, minha jovem, compreenda que a segurança é essencial para se pensar agora. Até entendermos o que ocorre em nosso mundo, quero garantir sua segurança.

Embasbacada, lançou um olhar suplicante para os pais. Eles a olharam com pena, como se estivessem de mãos atadas. Sua mãe ainda trajava seus roupões, enrolados desajeitadamente em volta do corpo, com o cabelo preso para trás e olheiras abaixo dos olhos. Seu pai havia acordado com tanta pressa que colocara a camiseta do avesso. Ele não parecia ter notado até então.

— Eu teria que… me mudar? — indagou num cisco de voz.

— Não diria isso por agora. Mas, enquanto investigamos a razão para nossa professora ter tido tal aviso, é melhor que a transfiramos para Hogwarts durante o atual período de aulas. O Ministério está ciente da minha visita. Podemos conseguir uma transferência oficial com sua escola.

cruzou os braços, suspirando nervosamente. Hogwarts… a maior e melhor escola de magia e bruxaria do mundo. Aquela onde tudo acontecia. O lugar mais seguro da terra. Fazia sentido que Dumbledore quisesse levá-la para lá.

Mas… bem, não queria ir. Não queria estar tão longe de sua família. E muito menos saber que continuaria tendo os pesadelos agora cercada por desconhecidos. Se algo piorasse, se ela sentisse mais medo, em quê se apoiaria? Não teria nada nem ninguém. Seus pais não poderiam ajudá-la. Não teria mais suas amigas. Não teria ninguém. Precisaria enturmar-se a um outro país, com pessoas que falam outra língua. E se seu inglês não fosse bom o suficiente? Será que Dumbledore teria para ela a mesma poção que usara para estar aqui falando português?

Viagens assim são coisas para os corajosos. E não se considerava nem um pouco corajosa. Intercâmbios não eram algo que lhe agradava. Outro país, outra cultura… mal se adaptara aos espanhóis chatos com os quais convivia no CasteloBruxo, quem dirá os britânicos?

Bem, mas, no entanto…. também não podia fingir que os pesadelos não estavam lhe perturbando. Que não estivera acordando todas as noites repleta de suor, com visões embaralhadas sobre algo que entoava o mal. Ela sabia que a situação era séria, tanto quanto seus pais. E se um bruxo tão importante como Dumbledore estava oferencendo um lugar em sua escola, por que deveria se opor, afinal?

Talvez não houvesse de fato uma escolha. precisava ir. Precisava descobrir o que vinha acontecendo com ela nos últimos meses.

Com um suspiro derrotado, encarou, então, o bruxo poderoso que lhe observava.

— Tudo bem. Eu aceito ir para Hogwarts.




Hogwarts era muito diferente do que imaginara.

As escolas bruxas tinham o costume de prezar a tradição, disso ela sabia. Mesmo na América Latina, o Castelo era antigo e repleto de artefatos valiosos. A história da magia parecia sussurrada pelas paredes, exposta nos quadros enormes que sempre achara assustadores e também nos livros de história. E em Hogwarts não parecia ser muito diferente.

Mas, no entanto, havia algo ali que não lhe era familiar. Como se até a forma como os pinheiros balançavam soasse diferente, estranha, estrangeira. Mesmo se fechasse os olhos, não conseguiria fingir que estava no Brasil ou no CasteloBruxo. Até a forma como o vento a atingia era diferente.

— Ah! Chegamos. Bem em meu horário favorito — anunciava Dumbledore com entusiasmo, dando um passo à frente, ambos parados diante das grandes portas do Castelo. — Imagino que o lanche já tenha começado. Se agilizarmos, poderemos inclusive nos juntar a eles.

Antes que Dumbledore pudesse alcançar a entrada, entretanto, as portas se abriram subitamente, revelando uma figura alta e elegante, de postura impecável, parada diante deles.

— Bom dia, Minerva — cumprimentou Dumbledore. — Tudo pronto para a nossa chegada?

A mulher assentiu.

— Vejo que a missão foi bem-sucedida. Seja bem-vinda a Hogwarts, . É um grande prazer recebê-la.

Ela sorriu, a careta rígida sumindo do rosto rapidamente. retribuiu com um sorriso tímido.

, esta é McGonagall, sua professora enquanto estiver conosco — explicou Dumbledore, virando-se para com um sorriso. — Minerva lhe ensinará Transfiguração.

olhou curiosa para ela. Sabia o que era Transfiguração, é claro; estudava a matéria em sua escola.

— É um prazer conhecê-la — disse baixinho, a voz grave e desconexa. Não estava acostumada a falar em inglês. Parecia que estava brincando ou algo semelhante.

McGonagall assentiu, voltando àquela postura impecável, e liberou a passagem para que passassem. hesitou. Apertava os dedos das mãos com ansiedade, os pezinhos cuidadosamente parados abaixo do casaco pesado. Emprestara da mãe de quando ela viajara para a Europa; era largo e grande demais. Sentia-se como uma criancinha vestindo roupas de adulto. Ela raramente usava esse tipo de roupa na América Latina.

Quando Dumbledore adentrou o Castelo e Minerva olhou para ela, limpou a garganta e pegou seu malão, seguindo-o para dentro.

⚯͛

Os professores de Hogwarts eram esquisitos. Bem, ao menos alguns.

Depois que entrara no Castelo, seguira Dumbledore por caminhos confusos demais para sua compreensão. Foram até a sala de Dumbledore, onde conheceu mais dois professores de Hogwarts, incluindo Severus Snape, que era um tanto esquisitão. Dumbledore explicara para ela sobre como Hogwarts funcionava, o que lhe foi difícil de compreender. As diferenças culturais eram enormes.

No CasteloBruxo não existiam casas. Os alunos dividiam os quartos com aqueles de sua idade, separando-os entre meninos e meninas e pelo país. Os brasileiros tinham uma ala do Castelo e os falantes de língua espanhola ocupavam a outra. Ainda assim, não existia uma separação, de fato. Eles sempre tiveram aulas de espanhol, então entendia o idioma deles da mesma forma que estes entendiam o português. E os brasileiros eram muito extrovertidos também; ela tinha várias amigas que falavam espanhol.

No entanto, a questão das casas lhe era novidade. Não compreendia.

— Como nossa convidada, fique à vontade para escolher uma casa a qual se estabelecer em seu período conosco — Dumbledore dissera a ela mais cedo naquele dia, parado diante de , que estava sentada sobre um banquinho e evitando encarar os professores parados no canto da sala. Ela sentia que eles a observavam, especialmente o de cabelos oleosos; o que era um tanto desagradável. — Ou, caso preferir, pode passar por uma seleção, como acontece aos nossos alunos. O Chapéu Seletor tratará de escolhê-la a casa que mais lhe satisfaça.

concordara com a segunda opção. Achava mais justo. Então, quando Dumbledore lhe explicara o básico sobre a escola e lhe entregara uma lista de horários para as aulas do quinto ano, a professora McGonagall pegara o Chapéu Seletor, que Dumbledore lhe explicara fazer parte da tradição para escolha da casa. Ela havia colocado o chapéu sob sua cabeça e esperado junto dos outros, todos analisando-a em silêncio.

adorara a experiência, pois não possuíam um Chapéu Seletor no CasteloBruxo. Ele era surpreendentemente leve, embora ela tivesse sentido-o se mexendo em sua cabeça quando começara a falar.

Ele falara muitas coisas. Ela estava tão nervosa na hora que não conseguira gravar tudo, apenas alguns trechos de seu monólogo.

….mas que mente interessante, muito interessante… quantos talentos ocultos… vejo um objetivo, uma razão… mas qual seria? Qual seria essa importante razão? Huum, de fato precisa descobrir… por isso, vamos ver… eu acho, que… bem… GRIFINÓRIA!

deu um pulo da cadeira com o grito inesperado. McGonagall comemorara de imediato, indo empolgada até para retirá-lo. O professor de cabelos oleosos permanecera emburrado em um canto lhe encarando.

— Oh, maravilhoso! Você irá adorar esta casa, querida. Fará muitos amigos!

— Certo, certo… mas imagino que a essa altura estejamos famintos, não? Que tal fazermos uma entrada triunfal em nosso salão? — anunciara Dumbledore em seguida, sorrindo com satisfação ao lado de , as mãos cruzadas para frente como um diretor orgulhoso.

assentira, sabendo que de fato estava com fome. Mas ela não se sentia pronta para encarar os alunos de Hogwarts. E se eles fossem muito metidos à sabe-tudo? E se a desprezassem por ser de outro país? Ou, pior: e se o jeito deles de fazer magia fosse muito diferente?

Era esse tipo de coisa que a impedia de tomar riscos muito grandes. Além de que nunca precisara se arriscar tanto, também. Sua vida sempre tinha sido confortável, especialmente depois que começara a treinar magia.

Por isso, as palmas de sua mão já suavam de nervosismo quando seguira Dumbledore pelos corredores, pelas escadas que mudavam de lugar e entre os labirintos daquele castelo. Vários bruxos olharam para ela de dentro dos quadros, e eles pareciam ser bem mais rabugentos do que os do Castelobruxo. E bem curiosos, também. notou quando uma moça quase pulara para fora pra segui-la com o olhar conforme acompanhava Dumbledore. Estava alegre e curiosa.

Quando as portas do Salão Principal se abriram em um baque alto demais, se deparou com milhares de alunos e muitas velas flutuantes além de um céu estrelado.

O falatório era absurdo. Todavia, praticamente todos se calaram quando viraram-se em direção a Dumbledore, milhares de cabecinhas curiosas concentrando-se nela. Eram tantos, tantos rostos… sentiu vontade de aparatar imediatamente de volta para o Brasil. Ela notou que eles eram coloridos, também. Alguns trajavam vermelho, outros verde, outros amarelo… havia até uniformes azuis. Os detalhes eram tantos que queria observar com mais cuidado, mas não havia tempo. Quando voltou a si, Dumbledore já estava falando.

— Senhoras e Senhores, venho apresentá-los a nossa mais nova aluna de Hogwarts, transferida diretamente do Castelobruxo. Dêem boas-vindas à , que se juntará a nós neste semestre!

Ele falava com tanto ânimo que abaixara a cabeça, tamanha vergonha sentia. Ela ouviu quando os alunos começaram a se remexer, levantando-se para recebê-la. Mas mantera o olhar baixo, evitando encará-los. Apenas lembrara-se de levantar os ombros para não parecer mal-posturada.

cresceu no Brasil, onde aprendeu magia justamente com o restante nós. Que possamos recebê-la com muito carinho e comoção! Ela se juntará à Grifinória, bem como guiado por nosso Chapéu Seletor.

Os alunos continuavam quietos, analisando-a. Alguns cochichavam e riam, empurrando uns aos outros. notou pelo canto de olho um grupo de garotos em trajes verdes observá-la com malícia. Ela desviou o olhar rapidamente.

Então Dumbledore virou-se para ela.

— Pode juntar-se aos seus novos colegas agora — murmurou o bruxo, estendendo o braço diante da enorme mesa no canto direito, repleta de alunos em trajes vermelhos. — Grifinória será sua casa enquanto estiver conosco.

virou-se melhor para observá-los, surpresa e curiosa. Todos estavam de pé, olhando para ela. reconheceu um deles; o jovem que sentava próximo à ponta, de cabelos escuros e bagunçados e óculos redondos muito familiares. O mesmo rosto que já vira exposto nos jornais. Oh, caramba. Era Harry Potter! E ali estava ele, misturado em meio aos outros como um mero estudante. E ele também a observava fixamente. Isso deixou ainda mais nervosa.

Engolindo em seco e juntando coragem, ela deu um passo à frente, em seguida outro. Aos poucos foi caminhando em direção àqueles estranhos. Quando se aproximara o suficiente, alguns sorriram, exclamando um “bem-vinda!” num sotaque britânico carregado. Então começaram a se mexer, afobados, para liberá-la um lugar em meio à mesa. manteve o olhar baixo, perturbada, quando sentou-se no espaço livre que dispuseram para ela. Apoiou as mãos na mesa e tentou entender o inglês confuso que saía de suas bocas.

— Prazer! Eu sou Lino Jordan — anunciou um garoto sorridente perto dela, apertando sua mão num cumprimento agitado. Ela observou-o em silêncio, sorrindo de canto. — Você veio de qual país? Meus pais também estudaram no Castelobruxo. Minha mãe é brasileira.

sorriu para ele, admirada.

— Eu também sou do Brasil — confessou baixinho.

A expressão de Lino Jordan tornou-se ainda mais entusiasmada.

— Sério? Isso é incrível! Eu também falo português. Posso te ajudar caso fique perdida com algo. Seria um prazer.

alisou os próprios joelhos, acostumando-se ao tecido do traje que Minerva McGonagall lhe dera para vestir, parte de seu novo uniforme. Então sorriu para Lino outra vez.

— Muito obrigada. É muito legal da sua parte.

Ele sorriu, pegando algo de seu prato e dando uma mordida saborosa. então arriscou-se a olhar ao seu redor. Levou um susto quando olhou para o lado. Estava sentada bem ao lado de Harry Potter, o próprio. E ele era bem mais bonito pessoalmente. notou que seus olhos eram claros, verdes e brilhantes. Jamais pudera notar isso pelos jornais.

Ela ficou imediatamente encabulada. Isso porque Harry Potter ainda olhava para ela, sério e impassivo, como se ela fosse algum inseto estranho do qual ele precisasse se livrar. O bruxo não parecia nem sequer piscar. tentou disfarçar, observando o prato em sua frente, mas estava tão nervosa que não conseguia nem pensar em comer. Ainda sentia que todos olhavam para ela. O salão inteiro.

Então, repentinamente, uma garota acertou algo na cabeça de Harry Potter. Isso o fez parar de olhar para e virar-se incomodado na direção da menina.

— Ai! Essa doeu, Hermione!

analisou-os pelo canto do olho. A garota, Hermione, olhava para Harry com um olhar de censura, apontando disfarçadamente para com o queixo; como se passasse uma mensagem silenciosa.

Harry Potter, então, limpou a garganta. Ajeitou os óculos no rosto e virou-se para outra vez. Ele abriu um sorriso estranho, como se fizesse um grande esforço para mantê-lo no rosto.

— Prazer, sou Harry — disse ele, evitando olhar para ela, por mais que se esforçasse para fazê-lo. — Bem-vinda a Hogwarts. Você vai adorar esse lugar.

Ele sorriu novamente, dessa vez com mais afinco. Quando olhou em seus olhos, ficou nervosa. Harry Potter era bastante bonito. Ela mal podia acreditar que estava ao lado dele.

— Prazer — murmurou , então ergueu a cabeça e sorriu timidamente. — Sou . Pode… me chamar de .

Harry assentiu, parecendo nervoso; o sorriso vacilando no rosto.

— Certo. Ah, bem… estes são Rony e Hermione. — olhou na direção em que Harry apontava. A garota, a mesma que acertara Harry na cabeça, sorriu para ela do outro lado da mesa. Tinha cabelos castanhos e olhos gentis. O garoto ao lado dela, de cabelos ruivos, acenou também, embora parecesse bem concentrado em sua refeição para prestar muita atenção nela.

— Prazer em conhecê-la — disse Hermione com um sorriso terno, parecendo genuinamente gentil.

sorriu para ela e assentiu, logo vendo-se cercada por estudantes curiosos fazendo-lhe perguntas sem parar. Eles sorriam e eram gentis, o tornava as coisas mais fáceis, ainda que estivesse extremamente perdida. Eram muitos alunos e muita barulheira. Para onde olhava via estudantes dizendo-a algo. “Você é do Brasil?”, “Como é estudar no Castelobruxo?”, “Por que veio para cá?”. Ela nunca sabia o que responder. Na maior parte das vezes, gaguejava alguma resposta simples e fingia-se de concentrada em sua refeição. Havia um prato bonito em sua frente, cheio de coisas diferentes para provar. tentava se distrair as experimentando. Eram diferentes das de seu país.

— Deixem a garota respirar, por Merlin! — exclamou uma garota ruiva de repente, sentada ao lado da amiga de Harry Potter, Hermione. Ela revirava os olhos e sorria para . — A menina mal chegou e vocês já não a deixam em paz!

A maioria deles riu, embora tenham dado uma trégua e saído um pouco de cima dela. Foi quando a garota ruiva olhou para e estendeu a mão:

— Sou Gina, Gina Weasley. Irmã daquele cabeçudo ali. Bem-vinda a Hogwarts. Você vai adorar. É bom ter mais uma menina na Grifinória. Eu sentia que estávamos muito cercadas de homens ultimamente.

riu.

— Prazer em conhecê-la. Sou , mas pode me chamar de .

Embora tivesse achado engraçado o jeito dela de cumprimentar, segurou sua mão por cima da mesa e balançou-a com animação, aliviada pela maneira amigável com que fora recebida por Gina.

Talvez fazer amigos acabasse não sendo tão difícil como ela imaginara, afinal de contas.

Por mais que, pelo resto do jantar, houvesse sentido o olhar de Harry Potter sobre ela a todo momento.


CONTINUA...


Nota da autora: Não tive tempo de revisar este último capítulo pois queria enviá-lo logo para a atualização de sexta, então ME PERDOEM se encontrarem algum erro. Deixem um comentário se gostarem, por favor. Beijo!


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