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Independente do Cosmos🪐

Última Atualização:02/09/2024

“Wallflower”:

(n.) 1. Alguém considerado tímido ou pouco confortável em meio a outras pessoas. Alguém que se sente desconfortável ao ser o centro das atenções.
2. Alguém que está sempre à margem de eventos e interações sociais.
3. Uma flor de jardim de aroma e beleza peculiares e agradáveis.





“Trying to remember how it feels to have a heartbeat”
Two Ghosts - Harry Styles


fechou os olhos e se permitiu ficar assim por alguns segundos. Não aguentava mais ler todos os nomes dos ossos minúsculos do crânio, enquanto seu cérebro tentava relacioná-los com as origens dos nervos. Definitivamente ia socar alguém na próxima vez que uma “lâmina cribriforme do etmóide” aparecesse na sua frente. Era mesmo uma pena que a biblioteca fosse tão intolerante com barulhos e ruídos, porque sua única vontade naquele exato instante era gritar.
Estava tão concentrada em suas críticas e destilações de ódio mentais acerca da neuroanatomia que deu um pulo na cadeira ao sentir uma mão repousando sobre seu ombro. Enquanto respirava fundo para tentar controlar a taquicardia e fazer seu corpo entender que ela não estava em situação de fuga, virou-se para ver o sorriso amarelo que lhe aguardava.
— Acho que te assustei.
— Você acha, Mia?! — bufou em frustração, enterrando o próprio rosto no livro de anatomia que mantinha aberto a muito custo.
— Você está aí desde o fim da aula?
— Na verdade, desde o começo. Matei aula para estudar e agora vou entrar num ciclo vicioso e eterno por ter perdido a matéria de hoje. Por que é que eu sou assim? — Ela choramingava.
Mia não conseguiu evitar rir da amiga. Aquela cena se repetia sempre que uma prova se aproximava e, no final das contas, ela ia bem e percebia que nem precisava ter surtado. Até que tornava a surtar na próxima.
— Você já está aí há tempo demais — A amiga estendeu a mão. — Vamos. Eu sei exatamente o que vai te fazer bem agora.
— Não, Mia. Eu não quero sair para encontrar alguém disposto a sexo casual porque eu sou a pessoa que definitivamente não está disposta.
— Não era disso que eu estava falando. — Revirou os olhos. — Dessa vez.
gesticulou exageradamente, atestando que seu ponto estava mais que comprovado. Aquela sugestão era tão frequente que sua audição já tinha se tornado seletiva a ela.
— A menos que você vá dizer que eu preciso de uns amassos com o gostoso do Chris Evans, eu serei obrigada a discordar.
— Nesse caso, eu sugeriria algo a três — Mia apontou. — Mas não é nada disso. Não sei se a senhorita se lembra, mas está me devendo uma música.
levantou a cabeça instantaneamente, fazendo com que seus cabelos caíssem sobre os ombros e algumas partes incômodas no pescoço.
— Socorro! Eu tinha esquecido completamente.
— Que coisa mais feia! Seus fãs estariam decepcionados.
Mia recebeu uma careta em resposta.
— Eu não tenho fãs. Você precisa parar de ser ridícula.
— Seus oito mil seguidores dizem o contrário. E a sua melhor amiga também. Você me prometeu. Sabe que é a minha música favorita.
Em instantes, a outra jovem tinha seus livros guardados e a bolsa pendurada no ombro, pronta para deixar aquele ambiente que estava prestes a lhe dar calafrios e novas crises de ansiedade pré-avaliações. Com um sorriso, Mia acompanhou a amiga até o seu próprio carro. Era a incumbência que lhe sobrava ao desenvolver amizade com alguém que se recusava a tirar a carteira de motorista por morrer de medo de ter de rodar um volante e mover um câmbio para coordenar um trambolho metálico de algumas centenas de quilos.
passou todo o caminho ouvindo enquanto a amiga contava animadamente sobre os seus planos para o fim de semana. Era o terceiro sábado em sequência em que sairia com Nicholas, o rapaz que havia recebido o título de “crush” por ela há alguns meses, e tudo parecia estar indo às mil maravilhas. As palavras “fofo”, “engraçado” e “lindo” já tinham sido repetidas tantas vezes que se aquilo tudo não terminasse em namoro, nenhum outro relacionamento no universo funcionaria. Mia estava absurdamente feliz e isso fazia com que a amiga automaticamente também estivesse.
Ao chegarem ao apartamento de , as duas jovens prepararam o pequeno espaço que usavam para os curtos vídeos postados com considerável frequência no instagram. Com a iluminação ambiente maximizada e os móveis afastados, o teclado conseguia seu espaço estratégico para as lentes da câmera, já fixada em seu tripé.
A parede branca de fundo tinha alguns detalhes de decoração nas prateleiras, majoritariamente carregadas de suculentas e mini cactos em vasinhos coloridos por tons pastéis.
Mia ajustou a câmera e a centralizou na posição de costume, focando nas mãos da amiga no teclado e cortando tudo que estivesse acima de sua boca. Era assim que sempre faziam: criava uma versão mais acústica com acordes um tanto diferentes de algumas músicas, tocava-as e cantava suas letras enquanto a amiga filmava. As publicações jamais tinham mostrado seu rosto e a conta no instagram escondia seu nome atrás de um pseudônimo: Saturno. Este fora o jeito que encontrara de unir duas de suas maiores vontades: cantar e poder fazê-lo no silêncio público de seu anonimato.
Com o tempo e a gigantesca quantidade de tags que a amiga colocava na descrição de seus covers - afinal, Mia era praticamente sua agente -, Saturno havia conquistado alguns milhares de seguidores que apreciavam sua voz, suas melodias e que, acima de tudo, contagiavam-se pela curiosidade de jamais terem visto a face por trás daquilo que escutavam.
A gravação foi iniciada e a garota pressionou os dedos contra as teclas de seu instrumento, dando início aos acordes da música favorita da amiga: Two Ghosts de Harry Styles.

— Same lips red, same eyes blue
(Mesmos lábios vermelhos, mesmos olhos azuis)
Same white shirt, couple more tattoos
(Mesma camisa branca, algumas tatuagens a mais)
But it’s not you and it’s not me
(Mas essa não é você e esse não sou eu)
Tastes so sweet, looks so real
(É tão doce, parece tão real)
Sounds like something that I used to feel
(Soa como algo que eu costumava sentir)
But I can’t touch what I see
(Mas eu não consigo tocar o que vejo)

sustentou a nota calmamente, enquanto seus dedos deslizavam pelas teclas, flutuando por um território mais conhecido do que a palma de sua própria mão. Era quase magnético, parecia natural demais. E realmente era. Tinha uma memória auditiva musical impressionante e uma facilidade absurda para controlar os tons das melodias, fosse no canto, no violão, no baixo ou no piano. Era seu dom e a fazia questionar diariamente suas escolhas. Talvez devesse ter ingressado no ensino superior como musicista em vez de se dedicar à neurociência. Mas o que faria com o pequeno e incômodo detalhe de sempre ter uma plateia a observando em cada piscada ou passo no palco? Não gostava nem de pensar na possibilidade. Estava muito bem quieta no seu canto, seguindo a vida passando despercebida como se sequer existisse.

— We’re not who we used to be
(Nós não somos quem costumávamos ser)
We’re not who we used to be (Nós não somos quem costumávamos ser)
We’re just two ghosts standing in the place of you and me (Somos apenas dois fantasmas no lugar de você e eu)
Trying to remember how it feels to have a heartbeat
(Tentando nos lembrar de como é ter um coração batendo)

Mia balançava o corpo serenamente de um lado para o outro, olhos fechados, acompanhando o ritmo da canção. Continuava achando absurdo que pudessem escrever uma música tão profunda como aquela e a sonoridade ainda parecer tão doce. Quase conseguia imaginar algumas luzes amareladas, uma sala maior onde alguns casais pudessem dançar juntos, ignorando o teor levemente entristecido da letra… Daria um vídeo - e um momento, diga-se de passagem - incrível. Era mesmo uma pena que se recusasse tanto a fazer algo maior por medo da exposição. Jamais conseguiria compreender a amiga, mas a apoiava de toda forma. Afinal, era essa sua função; constava nas entrelinhas do contrato que assinara quando concordara com o seu papel de melhor amiga.

— The fridge light washes this room white
(A luz da geladeira deixa esse quarto branco)
Moon dances over your good side
(A lua dança sobre seu lado bom)
This was all we used to need
(Isso era tudo de que costumávamos precisar)
Tongue-tied like we’ve never known
(Calados como se nunca tivéssemos nos conhecido)
Telling those stories we already told
(Contando aquelas histórias que já contamos)
‘Cause we don’t say what we really mean
(Porque não dizemos o que realmente queremos dizer)

O refrão retornou com o mesmo poder de antes. canalizava sua voz, tentando demonstrar toda a emoção que a canção carregava. Apesar de nunca ter dado o braço a torcer para dizer que Harry Styles era um excelente cantor - até porque ela precisava criticá-lo para conseguir irritar Mia -, ela precisava admitir que ele tinha várias músicas realmente capazes de mexer profundamente com alguém.
Quando Mia fez um sinal, assinalando que tinha finalizado a gravação, empurrou o banquinho do teclado e se levantou, indo imediatamente até a amiga. Precisava desse retorno e da opinião dela, já que era, basicamente, a única que poderia dá-la sinceramente sabendo de todo o processo por trás.
— E então?
— Bom, se Harry Styles cantasse na minha frente, eu provavelmente me jogaria em cima dele e tentaria lambê-lo. — Mia deu um sorriso inocente. — Eu não quero te lamber, mas eu, definitivamente, quero te dar um abraço muito apertado e dizer que você é maravilhosa. Ficou muito lindo, amiga. Eu, sinceramente, acho que esse deve ser um dos seus melhores covers, se não for o melhor mesmo.
— Não quero mais seus elogios. Você é uma falsa.
A amiga franziu o cenho, boquiaberta, sem entender o que tinha acabado de acontecer ali.
— Com licença, mas que merda é essa?
— Garota, você lamberia o Harry e não me lamberia. Tem noção do tamanho da afronta?
Mia riu alto, puxando a amiga e lambendo sua bochecha da forma mais nojenta que pôde. gargalhou, tentando empurrar a outra para longe de si. Bom, a culpa era realmente dela no fim das contas.
— Feliz? Tem protetor solar seu na minha língua, então eu espero mesmo que você esteja porque eu não pretendo repetir.
assentiu, enquanto abaixava-se para ligar o computador. Precisavam editar alguns detalhes, fazer mínimos ajustes e, então, poderiam publicar o vídeo da forma que sempre faziam.
Enquanto Mia corrigia a luz pelo computador, a amiga foi até a cozinha para pegar um pouco de sorvete de pistache para ambas.
— Você quer mudar a tonalidade na iluminação para tentar combinar com a música ou vamos manter o visual de fundo mais clean?
— Acho melhor mantermos como está. Combina melhor com os outros vídeos, não? Deixa o feed mais homogêneo.
Mia meneou a cabeça.
— Tem razão. Posso publicar, então?
fez um joinha antes de se jogar em um pufe verde-limão ali por perto. Estava tão mais leve depois de poder ter seu momento com a música - e com o sorvete - que mal se lembrava da porcaria da neuroanatomia. A prova seria dali dois dias, ela podia fingir que o mundo não estava explodindo lá fora por alguns últimos instantes de paz.
— Cover de Two Ghosts de @harrystyles, #music #harrystyles #twoghosts #onedirection #cover #saturn #song #dream #thevoice.
revirou os olhos enquanto engolia o sorvete.
— Primeiramente, não sei se você sabe, mas você não precisa falar alto tudo o que você digita. Segundo: The Voice, sério?
— Sério. — Mia deu de ombros. — É um reality show famoso, as pessoas procuram isso. Sem contar que talvez alguém da produção veja e queira você lá. Não sabemos se eles realmente só aceitam os inscritos, reality shows não são confiáveis.
— Certo. Terceiro: por que você continua marcando os artistas se eles nunca vão ver isso? Você pode só escrever os nomes deles, sem linkar a conta.
— Exatamente porque eles nunca vão ver que você deveria parar de se preocupar com isso. Além de que, desse jeito, as pessoas conseguem descobrir as músicas originais caso ainda não a conheçam. Garota, eu marquei a Taylor Swift rainha maior do universo, por que não marcaria o Styles?
— Você colocou tag para One Direction. Sabe que isso é um golpe baixo, não sabe?
— Golpes baixos rendem visualizações. Se eu estou enfrentando a dor eterna com o fim da minha boyband, você pode muito bem parar de encher o saco e me deixar fazer o meu trabalho. Estamos de acordo ou a diva tem mais alguma reclamação?
ergueu o dedo do meio para a amiga.
— Pode postar.
— Obrigada, madame — Mia respondeu ironicamente e enviou a nova publicação. — Caramba, tem menos de dez segundos que eu postei e você já tem cinco curtidas. Acho que você pode começar a agradecer ao muso por ser um nome atrativo.
— Eu nunca vou agradecer a Harry Styles. Por nada.
— Nunca diga nunca, . Até porque já subimos para vinte curtidas e dois comentários: “Você tem uma voz linda” e “Eu amo essa música, @harrystyles você precisa ver isso!”.
A garota riu alto. Ainda se impressionava com o fato de que adolescentes apavoradas e devotadas acreditavam mesmo que um cantor ultra famoso com mais de vinte e cinco milhões de seguidores no instagram acabaria por ver uma simples marcação em um vídeo aleatório. Ele deveria receber aquele tipo de notificação milhares de vezes e ignorá-las em todas as tentativas. Mas tudo bem. Era assim que os fãs eram. E, apesar de meio bobo, ela deveria admitir que também era bem fofo que alguém tivesse tanto carinho ao ponto de manter aquele tipo de esperança.
— Quase cem curtidas. Mais de dez comentários. Alô, quem fala? — franziu a testa ao ouvir a amiga. — É da Billboard, eles querem uma entrevista exclusiva para divulgar o seu hit.
arremessou a almofada mais próxima na amiga. Ela sonhava um pouco alto demais até mesmo para o seu gosto.


❀❀❀



Styles estava tirando medidas pela terceira vez no mês. Os figurinos da turnê davam muito mais trabalho do que parecia e exigiam uma seriedade que ele não tinha. Toda vez em que alguém da equipe encostava em algum ponto delicado, ele se contorcia e ria. Isso quando não estava fazendo pequenas caretas até que alguém notasse.
— Se você ficasse parado, nós acabaríamos isso aqui muito mais rápido — disse Celina, funcionária da Gucci. Os dois já se conheciam há certo tempo, dada a parceria estreita do cantor com a marca desde a sua primeira turnê. Mesmo assim, ele continuava exatamente o mesmo bobo, atrapalhando-a.
— Mas que graça teria nisso, Celina?
A mulher o espetou levemente com um dos alfinetes, fazendo com que ele soltasse uma exclamação de surpresa seguida de algumas risadas compartilhadas. Tentava sempre manter uma relação leve e divertida com todos em sua equipe. Ajudava a tornar o ambiente melhor e, no fim das contas, era mais um reflexo de sua própria personalidade - que fazia amizade fácil com quase todo mundo - do que de uma obrigação, de fato.
— De novo dando trabalho para a Celina? — Jeffrey perguntou ao adentrar a sala.
— Ele não desiste — a mulher respondeu simplesmente, recebendo um sorriso do rapaz. — Mas eu consegui terminar. Vou deixar vocês dois a sós. Até mais, Harry.
— Tchau, Celina. Amo você.
Ela saiu, meneando a cabeça e rindo. Era quase impossível para qualquer um tentar se manter sério diante de uma pessoa como aquela. Styles emanava energia e, por vezes, a própria equipe lamentava o fato de Anne não tê-lo feito com um botão liga-desliga. Seria infinitamente mais prático.
— Pode falar — Harry indicou, enquanto se sentava no sofá branco improvisado. O empresário o acompanhou, posicionando-se perto dele.
— Agendamos a parte sul americana da Love on Tour. Serão dois shows no Brasil, um na Argentina, um no Chile, um no Peru e um na Colômbia. Fechado?
— Se eu puder voltar para o Brasil no final para passar uns dias, fechado.
— Vamos discutir isso depois. Temos muito o que fazer com as divulgações do Fine Line e com a própria turnê antes de você começar a se preocupar com férias.
— Caramba, Jeff. Pensei que você fosse meu amigo.
— É por ser seu amigo que preciso cortar suas asinhas de vez em quando — o outro respondeu. — Mas, sim, você vai ter férias. Não pretendo matar você de exaustão.
— Liga para o Cowell rapidinho e explica para ele como funciona essa questão de descanso e de não trabalhar até a exaustão?
Jeff empurrou o ombro do amigo, rindo sozinho. Já tinha passado horas suficientes ouvindo reclamações sobre como a época da banda havia sido massacrante em vários momentos e ocasiões. Sabia bem que o seu trabalho priorizava o oposto e agradecia pelo fato de Harry ter confiado a carreira solo a ele de qualquer forma.
— Só temos uma questão. Você ainda precisa decidir se quer colocar mais alguém nas participações especiais ou se já posso dar por encerrada a organização dos shows de abertura. Preciso dessa informação para começar a dialogar os detalhes com os estádios e arenas e para podermos vender os ingressos.
Styles serviu-se de um copo de água, dando longos goles. Agradecia por manterem sempre uma garrafa grande perto de si ou morreria desidratado pelo simples fato de constantemente se esquecer de tomar água enquanto se ocupava com as questões do trabalho.
— Acho que podemos fechar. Confirmo para você até amanhã, pode ser?
Jeff assentiu e se sentou, puxando o próprio computador para analisar os últimos e-mails. O planejamento da turnê estava a todo vapor e sua caixa de entrada estava quase tão lotada quanto o tráfego em Moscou. Precisaria de mais uma xícara de café na próxima hora ou começaria a confundir todos os patrocinadores e fornecedores.
Harry aproveitou seu momento para puxar o próprio celular e se lembrar por poucos segundos de que suas redes sociais existiam. Era um evento fatídico que às vezes demorava quase um mês para se repetir. Sua mãe brincava que logo suas aparições seriam mais raras e cronometradas que a passagem do cometa Halley. Ele não tinha muitos argumentos para rebater isso.
Escolheu uma menção aleatória no twitter para responder.
— Harry, qual a sua música favorita no ‘Fine Line’? - Leu em voz alta e tomou alguns segundos pensando no que responder. — Hoje é Falling. Pergunte de novo amanhã.
— Você nunca mais vai responder essa menina — Jeff interveio. — Por que faz isso?
— É para isso que serve o twitter, Azoff. Eu sei o que faço. Vamos ver se tem algo de interessante. Talvez uma nova petição para um microfone rosa brilhante.
— Já encomendei — Jeff respondeu simplesmente.
Harry voltou a rolar a sua tela de notificações, buscando algo que realmente quisesse responder antes de se ausentar até o nascimento do próximo bebê real.
— Que estranho — murmurou, percebendo que tinham várias notificações de pessoas diferentes lhe enviando o mesmo vídeo. Talvez fosse um presente das fãs, muitas faziam isso. Clicou no link e foi redirecionado para o instagram. Uma página chamada “saturnsingss” abriu em sua tela. Harry prontamente retirou o aparelho do mudo e aumentou o volume, estranhando o fato de só ver o colo e a boca da pessoa. As fãs geralmente faziam o máximo para aparecer por completo a fim de serem notadas.
O som do teclado começou e algo dentro dele parecia procurar de onde conhecia aquela melodia. Era familiar, apesar de nunca tê-la ouvido daquela maneira. Estava completamente intrigado até que as palavras que ele já conhecia tão bem passaram a ser entoadas.
Assistiu ao vídeo inteiro com mais atenção do que ele costumava dar para as coisas. Clicou na tela, permitindo que o vídeo recomeçasse do zero. Precisava ouvir aquilo de novo. Era tão doce, tão sutil. Uma versão bem diferente da sua, mas que passava toda a emoção que ele sempre quis carregar naquela letra.
— Jeff, é a minha música! — Exclamou sem se dar conta da obviedade do que estava dizendo. Quase jogou o aparelho nas mãos do empresário, esperando que ele visse o mesmo que ele.
— Legal — o outro respondeu simplesmente. Não estava prestando atenção em mais nada direito.
— Você não está me entendendo. Jeffrey, é essa a minha última atração especial. Eu quero essa garota no meu show.
— Só porque ela cantou uma música sua?
— Porque eu quero que ela cante a versão dela comigo. Eu quero ela.
Jeff passou as mãos pelo rosto, esfregando os olhos com certa força.
— Quem raios é essa garota, Harry? Você sequer sabe quem é?
— Não. Ela usa um pseudônimo. Saturno. Não tem imagens de rosto ou outras redes sociais.
— E como você espera que eu agende shows com uma pessoa que mal existe?! Eu estou muito ocupado, cara. Tenho uma porrada de coisas sérias da turnê para resolver. Não tenho tempo para ir atrás da garota. Sinto muito.
Harry expirou com mais força, enquanto andava em círculos com as mãos na cintura. Ainda não tinha desistido daquela ideia e nem pretendia. Conseguia ser bem teimoso quando queria.
— Eu já sei. Devolve meu celular.
— Não é para ligar para o Louis — Jeff disse antes de entregar o aparelho. — Ele não tem tempo para resolver seus problemas.
— Não é o Louis. Dessa vez.
Azoff revirou os olhos.
— Por que ocupar uma pessoa se eu posso facilmente ocupar várias?
O amigo não estava entendendo mais nada. Até receber a notificação do twitter que explicava tudo.

“Oi, gente! Essa garota cantou a minha música e eu preciso conhecê-la imediatamente. Será que vocês podem me ajudar a encontrá-la? Com amor, H x”

— Você não fez isso.
— Ah, eu fiz, sim. Agora, sente-se e espere. Hora de comprovar o assustador poder do fandom.


Continua...


Nota da autora: WHAT IF I TOLD YOU I'M BACK?
Quem já lia Wallflower anteriormente sabe que essa história nasceu há vários anos (e por isso eu talvez esteja surtando pensando que fiquei velha demais para ela) e foi meu xodó, meu porto seguro por muito tempo. Até que veio a vida e destruiu tudo.
Muitas coisas aconteceram de lá para cá, mas algo que nunca mudou foi o carinho imenso que eu sigo tendo por essa história.
Então, sei lá, acho que ela merece um final. Por isso vou tentar de novo. AGORA VAI, FOCO, FORÇA E FÉ!
Para quem não conhecia Wallflower: oi! Bem-vinde! Por aqui temos apenas surtos e uma fanfic bem fanfic mesmo.
E, sim, a Saturno tem um instagram (sim, é @saturnsingss) e vocês podem segui-la! Por lá rolam spoilers dos próximos capítulos (como a fanfic já estava postada até o capítulo dezessete, já tem spoilers de pelo menos todos eles), avisos das atualizações, interações etc.
E como uma boa fic musical, temos a playlist no spotify (está no ícone do spotify logo ali) que também tem vários spoilers do que virá daqui até o fim. E várias músicas bem boas. Acho que vale a pena ouvir.
Bom, é isso. Vou parar de escrever essa nota de autora antes que ela vire mais um capítulo. Prometo parar de ser prolixa daqui para frente. Ou não.
UM BEIJO E UM QUEIJO (saudades de dizer isso), Mi!