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Revisada por: Aurora Boreal 💫
Finalizada em: Maio/2025


Capítulo Único

— Você já tentou essa posição aqui?
Ela olhou por cima do ombro com o sorriso mais sacana que existia, vendo as minhas mãos presas com seu par de algemas felpudas cor de rosa acima da cabeça e o meu olhar de desejo sobre seu corpo, inflamando todo o meu interior, me dando muito mais do que apenas borboletas idiotas. Aquela criatura divina sobre mim era uma peça desenhada sob medida que me fazia esquecer até o meu próprio nome em determinados momentos muito específicos.
Mas antes de entrar em detalhes sórdidos, talvez seja mais interessante tentar explicar como eu, , fui parar algemado na cabeceira da cama de hotel com uma mulher de um metro e meio e uma língua afiada que me fazia murmurar o nome de deuses que eu nem sabia da existência.

Um ano antes

— Seja bem-vindo de volta, Sr. .
Afastei o fone de ouvido, pendurando-o em meu pescoço. sorria para mim e, ao seu lado, fazia o mesmo.
— Acho que já passamos da fase do “senhor”, hein ? — falei, lhe entregando uma sacola grande. Eram presentes de aniversário para seus filhos.
— Você lembrou! — disse ela, animada, abrindo a sacola e vendo dois pacotes idênticos, que mudavam apenas a cor: um era rosa e o outro verde, ambos com bolinhas brancas estampadas.
— Como eu iria esquecer do aniversário dos gêmeos? — perguntei, sorrindo enquanto puxava minha mochila apoiada em um só ombro, retirando de lá duas barrinhas de Snickers que tinha comprado para elas. Caramelo com bacon para e branco para .
— Sei lá, comentei o aniversário deles uma década atrás — afirmou, pegando o chocolate que eu oferecia. — Isso é meio assustador.
— Sou muito bom com datas — expliquei. — E com presentes. Sou o tio preferido das minhas sobrinhas!
— Aposto que é o único tio — brincou, dando seu sorriso incrível, pegando o chocolate de minha mão.
— Isso não vem ao caso — me defendi, fazendo-as rir.
— Precisa de ajuda para encontrar a poltrona? — A frase automática saiu tão natural, que quando ela deu por si, já tinha dito.
, quantas vezes vou ter que repetir que se você quiser me seduzir, primeiro tem que pagar um drink?
— Não posso mandar você àquele lugar porque estou em ambiente de trabalho, mas vá para a sua poltrona, Sr. .
— Preciso de ajuda para encontrar minha poltrona, comissária de bordo — falei, com a voz séria, fazendo-a bufar.
— Você é insuportável. O pior passageiro.
Ela me guiou pelo corredor folgado da primeira classe e indicou a poltrona com educação, guardei minha mochila no porta-bagagens de mão.
— Precisa de mais alguma coisa? — Seu tom de voz era claro que ela não queria me ajudar em nada. Soltei meu melhor sorriso.
— Água seria ótimo.
Notei os olhos de rondando meu rosto com uma falsa raiva, prendendo-se com mais atenção em meus lábios, mas aquele momento durou meio segundo, até ela assentir.
Arrumei meu assento enquanto ela trazia minha água.
— Prontinho, Sr. , posso te ajudar com mais alguma coisa?
tinha um sorriso bonito, lábios carnudos, sobrancelhas grossas e um belo par de olhos contornados por uma maquiagem um pouco pesada demais para seus traços delicados de maçãs do rosto proeminentes, porém, eu já sabia que aquele tipo de maquiagem era exigência da companhia aérea. Sabia disso porque já conhecia ela e por tempo suficiente para que nossas conversas ultrapassassem os limites de um aeroporto.
era casada, tinha um casal de gêmeos e era moradora de Kansas City, por isto, sempre que o voo para Chicago não tinha volta programada de madrugada e ela tinha que passar a noite na cidade, nós saíamos para beber. Às vezes, meu voo era durante o dia, mas isto dependia muito da passagem que a minha empresa comprava e da disponibilidade da companhia. Então, esporadicamente saíamos para tomar duas cervejas antes de irmos dormir.
era uma recém solteira que terminou o namoro por incompatibilidade de horário, também morava em Kansas City e, vez ou outra, nos acompanhava tomando drinks virgens extravagantes.
— Avise à que ela está me devendo uma IPA — falei, sorrindo de maneira descontraída.
— E você está me devendo um Sex on The Beach — respondeu ela, mas suas bochechas ficaram coradas com a informação.
— Não vou dar a resposta que você merece por ter feito esse comentário, em respeito ao seu trabalho, mas saiba que posso te ajudar com isso — brinquei, fazendo-a dar um peteleco em minha testa.
— Já não basta todos os velhos tarados e adolescentes dando em cima de mim, ... Você não! — Suspirou ela, tentando ser dramática, porém um sorrisinho já escapava por seus lábios.
— Foi você que trouxe o assunto à tona, eu estava falando de cerveja.
— Tudo bem, engraçadinho. Te vejo mais tarde? — perguntou, se afastando.
— McGrady’s às oito?
— Combinado.

— Aqui está, . Agora para de me encher. — iniciou a rodada, trazendo uma IPA para mim e uma cerveja de baixa calorias para ela.
— Você não trouxe uma para mim? — a interrompeu, com indignação.
— Ué? Você sempre toma aqueles drinks sem álcool!
— Só porque eu tenho que trabalhar no dia seguinte.
— Não vai trabalhar amanhã? — perguntei, pegando o abridor de garrafas que ficava amarrado na mesa por uma correntinha. Abri a minha e a de .
— Não, pedi uma folga para ir ao show da Taylor Swift, vai ser aqui em Chicago!
— Legal, fui ano passado com minha sobrinha — falei, erguendo a cerveja para , que brindou.
— Você foi à um show da Taylor Swift?! — Aquilo parecia um absurdo vindo de maneira tão surpresa em sua voz.
— É claro, como eu disse, sou um ótimo tio — falei, bebendo um gole da minha cerveja e desci do banco.
— Estou começando a acreditar nisso...
— O que você quer? — perguntei, me referindo à bebida.
— Ela quer alguém que a faça esquecer o próprio nome na cama — disse, de maneira distraída, como se aquilo fosse um assunto normal entre nossas noites no bar.
Engoli seco, sem saber o que fazer com aquela informação, e bateu na mesa com as duas mãos, chamando a atenção de nós dois.
!
— O que foi? É verdade!
— Pelo amor de Deus... É verdade, mas eu não estava preparada para essa revelação sem nem uma bebida em mãos. — Suspirou, tapando o rosto com as mãos.
Meus pés ainda estavam cravados no chão quando , rindo à beça, chamou minha atenção e disse:
— Ela quer um Sex on the Beach, .
Finalmente consegui acordar meu cérebro e segui para o balcão para pedir a bebida, ainda sem entender muito bem porque aquela brincadeira havia me pegado tão de surpresa. É claro que eu tinha uma quedinha por , ela era linda, simpática e divertida e me desestabilizava um pouco saber que uma mulher como ela estava solteira, já que ela era exatamente o tipo de mulher que eu tentaria algo em uma circunstância normal. Mas não era uma circunstância normal, nos víamos duas vezes por semana, durante algumas poucas horas e tínhamos uma boa convivência. Só isso.
Não existe motivo para eu querer imaginar qualquer outro cenário com ela.
Voltei à mesa com sua bebida em mãos.
— O assunto ainda é a vida sexual da ? — brinquei, vendo suas bochechas corarem, e riu.
— Infelizmente, não, este assunto foi banido da mesa por pressão popular.
Soltei uma risada.
— Que pena, talvez eu pudesse te ajudar, . — Eu tinha que fingir normalidade naquele assunto, não podia parecer um idiota travado. Entreguei o drink a ela.
— Você acha? Olha que eu aceito, não sou de ficar brincando não.
Eita porra. Olhei para , que ergueu os ombros de maneira descontraída, como se não quisesse se envolver naquilo.
— A oferta está de pé.
— Bom saber, vou pensar no seu caso. — Seus olhos desceram até meus pés, como se estivesse me medindo. — Agora vamos mudar de assunto, porque a queria te perguntar o que você comprou de aniversário para os filhos dela.
Encarei por alguns segundos, analisando sua fala e os seus trejeitos para tentar desvendar se aquilo foi só um flerte divertido ou se ela iria realmente cogitar a ideia. Olhei novamente para , encerrando o assunto:
— Para Milo, comprei um kigurumi do Stitch, e para Susie, um de unicórnio.
— Mentira! — bebeu sua cerveja, animada. — Eles vão amar! Nossa, Milo vive me pedindo um desses, mas acho um dinheiro jogado fora.
— Que nada, meu sobrinho usa 24 horas por dia. Está até perdendo a cor... — falei, bebendo minha própria cerveja, ainda sentindo os olhos de sobre mim.
Depois disso, o assunto fluiu sem qualquer tipo de menção à vida sexual de . Os assuntos variavam entre viagens de avião até viagens intergalácticas, a cada assunto abordado, mais claro ficava que uma amizade duradoura estava se formando ali.
Quando pedi minha quarta cerveja, avisou que estava indo embora para fazer um vídeo chamada com os gêmeos antes de dormir e me avisou que voltaria amanhã pela manhã (não nos veríamos mais de Chicago para Kansas).


— Então, ... — bebeu mais um gole do seu Moscow Mule, lambeu a espuma de gengibre do lábio superior, fazendo um calafrio percorrer minha espinha. — Estou ficando cansada de flertar com você a noite inteira.
— É... O quê? — Deixei um sorriso nervoso escapar, já que a conversa tomou um rumo que eu não esperava depois que foi embora. Eu realmente achei que a sua vida sexual estava fora de questão e que aquele flerte seria apenas passageiro.
— Esse flerte todo vai me levar a algum lugar? — Como uma pessoa de um metro e meio conseguia exalar tanto poder? Demorei para perceber isso, mas existia uma áurea que rondava .
Algo poderoso e intimidador.
— Depende, você quer que leve? — Ergui uma das sobrancelhas.
— A gente não estaria tendo essa conversa se eu não quisesse.
— Você está me testando, ?
Ela deu um sorriso ladino, mordendo a pontinha da unha. Essa garota ia me desgraçar por dentro e eu estava preparado para o baque.
— Não é todo cara que aguenta uma mulher bem resolvida, então preciso saber se você...
— Eu aguento — a interrompi, fazendo-a rir. — Eu posso lidar com o peso de uma mulher bem resolvida, sou muito bom em resolver problemas.
— Fico realmente feliz em saber disso, — disse, com o rosto na caneca de cobre.
— O que você tem em mente, ?
— Eu adoraria ter uma transa casual — ela disse, ligeiramente sem graça, batendo a caneca com força na mesa. — Vamos nos ver só duas vezes por semana, isso se nossos voos coincidirem...
— Espera, espera, você realmente está me propondo uma transa casual? — Essa saída no bar, com certeza, estava saindo melhor do que a encomenda. que me desculpe, amo suas conversas, mas estava superando qualquer expectativa que eu sequer havia imaginado até ela tocar no assunto. Eu sabia o meu lugar na escala, sabia que eu era um sete enquanto ela era um dez com estrelinhas.
— Não era disso que estávamos falando? — perguntou ela, confusa, soltando uma risadinha, eu já me considerava fã da sua risada.
— Achei que seria algo de uma noite só.
— É, pensei que, bom, nós dois somos solteiros, vamos nos ver aproximadamente duas vezes por semana... Nossas profissões não ajudam muito no quesito “conhecer gente nova”. Uma transa programada poderia ser uma boa... — Deu de ombros.
— Porra! — exclamei, terminando minha cerveja. — , me diz a verdade agora, porque eu meio que estou me iludindo aqui: você está falando sério?
— É claro que estou! Você é gato, engraçado, está disponível e, como eu disse, nossos horários são perfeitos. Nada daquela coisa de namoro sério, conhecer os pais, o nervosismo de dizer o primeiro eu te amo... Você não acha?
Eu sorri, aquilo parecia bom demais para ser verdade. Analisei seu rosto bonito por um instante, lambi os lábios e uni as mãos sobre a mesa antes de responder:
— Acho. Então... Sexo sem compromisso? Apenas colegas aliviando a tensão duas vezes por semana?
sorriu, aquela porra de sorriso ia me destruir, eu já sabia disso.
— Só uma condição. — Levantou um dedo e eu ergui minhas sobrancelhas, esperando que ela continuasse. — Você tem que me prometer que não vai se apaixonar.
— Eu posso fazer isso. — Eu posso fazer isso? Oi, Deus, sou eu de novo. — Quero dizer, não é que você não seja uma mulher apaixonante. — Você é. — Mas, só estou tentando chegar no mesmo consenso que você.
Ela riu.
— Está tudo bem, . Eu entendi.
— E... posso saber o motivo desse pedido?
— Ah, nossos horários são... complicados. Como iríamos manter um relacionamento assim? São ossos do ofício. — Era o medo de repetir o mesmo problema com o ex.
— Entendo.
— Então, fechado? — Ela esticou sua pequena mão até mim.
O que poderia dar errado, não é? Encontrar a garota perfeita, sair com a garota perfeita, transar com a garota perfeita e não precisar se apaixonar por ela? O que, em nome de Deus, poderia dar errado? Hein, ?
— Fechado. — Apertei sua mão, sorrindo.
Foi nesse momento.
Nesse exato momento que eu percebi que havia feito a pior cagada da minha vida.
— Vamos sair daqui? — perguntou ela, em seguida, dando uma pequena piscadinha.
Tenha misericórdia, garota.

Se alguém me falasse que no voo do dia 3 de setembro, uma terça-feira comum, eu estaria às 10 horas da noite seguindo para meu hotel acompanhado de uma bela garota com quem eu havia acabado de fazer uma promessa de que iria transar com ela sempre que nos víssemos, e sem compromisso... Eu daria uma risada alta no meio da sua cara, aquelas risadas escrachadas, que você aponta o dedo no rosto da pessoa e se curva com dor na barriga de tanto rir.
Porém, como tudo na vida é imprevisível, lá estava eu no elevador que levava até o seu andar.
A antecipação estava me matando.
.
— Sim? — Seus belos olhos seguiram caminho até os meus, ela mordeu o lábio inferior.
— Você tem certeza disso? Você nem me conhece, está tudo bem se quiser dar para trás.
Dei um passo em sua direção, tentando encurtar a distância de nossos corpos, mas ela acabou dando um passo para trás por reflexo. Ela não estava bêbada, assim como eu. Estávamos leves.
Então tudo que foi conversado naquela noite era puramente verdade ou uma brincadeira de mau gosto. De qualquer maneira, eu não queria ser o babaca que força nada.
— Não sou mulher de dar pra trás.
Aproveitei seu consentimento para levar minha mão até sua nuca e acabar com a distância de nossos corpos. Ela prendeu a respiração quando aproximei meu rosto do dela, olhando sua boca com uma intensidade sobrenatural.
— Não vai ter volta depois disso. — Soprei as palavras e minha voz saiu mais grave, fazendo-a fechar os olhos.
— É a última coisa que eu quero. — Uniu nossas bocas testando o território, encaixamos os lábios antes de misturarmos nossas línguas, levei minha mão livre até suas costas e a puxei para mim com força, com a rispidez que o momento pedia, com a intensidade que aquela mulher queria.
Enquanto suas mãos agarravam o tecido de minha camisa com força, e nossas bocas se misturavam com um desejo reprimido (de minha parte), aproveitei para tirar a mão da sua nuca e levar até a parte da frente do seu pescoço, separando nossos lábios e apertando-o com domínio, sem machucá-la, mas com força o suficiente para que ela entendesse que naquele momento ela era minha.
Ela gostou.
Os lábios rosados denunciavam que eu devia ter feito a barba (tinha me programado para fazer amanhã de manhã antes de ir para o trabalho), e a falta de ar mostrava que o beijo tinha tido o mesmo efeito nela que teve em mim. A merda de um beijo perfeito.
— Porra, — grunhi com uma falsa irritação, minha testa encostando na sua. — Como vou conseguir esperar até sexta pra te ver de novo?
Ela mordeu meu lábio inferior, me provocando.
— Eu estou aqui e agora, esquece o futuro . — O elevador apitou.
Tirei a mão do seu pescoço e levei as duas até suas nádegas, puxando-a para meu colo, suas pernas enrolaram-se em minha cintura com facilidade e eu a guiei para fora, pouco me importando que alguém nos visse daquele jeito. Ninguém nos conhecia ali, no máximo, . Nos beijamos o trajeto inteiro, nos apertando, mordendo, sentindo um ao outro. Meu pau já incomodava dentro da cueca e eu só tinha beijado aquela mulher.
— Quarto 282.
Pressionei seu corpo contra a porta do seu quarto, descendo meus beijos por seu pescoço enquanto ela tateava sua bolsa à procura da chave do quarto. Entramos de qualquer jeito, fechei a porta empurrando com o pé e voltamos a nos beijar, querendo excluir qualquer espaço que tivesse entre nós. Seu beijo era delicioso, suas mãos eram quentes e tudo nela queria me fazer explodir em pedacinhos.
Separamos nossos lábios em busca de ar, nos olhamos por alguns segundos de respiração ofegante antes de começarmos a tirar as roupas num claro sinal de desespero que aquela pegação tinha nos proporcionado. Joguei minha camisa longe, abri o cinto sentindo minhas mãos tremerem, enquanto a olhava puxar a blusa, revelando um sutiã de renda preto, aqueles modelos sem bojo que eu adorava. Merda. Essa criatura parecia ter sido desenhada para mim, tudo nela me atraía.
— Eu preciso perguntar — disse ela, quando ficou apenas de calcinha e sutiã e agarrou meu rosto com as duas mãos, juntando nossos lábios mais uma vez. — Você é um serial killer?
— Não. — Minha voz falhou, sentindo seus lábios descerem pelo meu pescoço. — E mesmo se fosse, acho que não iria te contar, não é?
Ela parou de me beijar e uniu as sobrancelhas olhando em meus olhos.
, me fala agora se você é a porra de um serial killer, ou eu vou te expulsar do meu quarto do jeito que você está.
— De cueca e pau duro?
Sem cueca e pau duro.
— Não sou um serial killer, juro — falei, passando minhas mãos por sua cintura, puxando-a comigo para a cama. Ela sentou em meu colo com as mãos em minha nuca.
— E o que você é? — sussurrou, roçando os lábios nos meus.
— Eu sou o que você quiser que eu seja.
— Resposta correta. — Uniu nossos lábios mais uma vez, me deixando inebriado com o seu gosto alcoólico.
Aquilo ali estava mesmo acontecendo? Aquela era a , a garota que usava um coque apertado e roupas desconfortáveis, a garota que vi fechando a porta do avião uma vez e pensei que nunca iria arrumar briga com ela, a garota que vi dando um pirulito para um menino que não parava de chorar de medo, e que me deu um peteleco na testa há algumas horas.
Era a mesma que eu beijava o colo agora, a que arranhava minhas costas com força o suficiente para deixar marcas. Levantei-me da cama com ela em meu colo e joguei-a sobre os lençóis bem arrumados. A observei por inteiro: uma pintinha no ombro direito e uma na coxa esquerda que pareciam gêmeas, marquinhas de biquíni provenientes de férias de verão bem aproveitadas, uma frase tatuada nas costelas que não consegui ler por estar sem lentes... Uma obra divina que teve a indecência de me fazer a proposta dos sonhos.
— Você é gostoso pra caralho. — Para a minha surpresa, também estava me observando com um sorriso no rosto.
— Você acha? — Flexionei meus braços, mostrando meus tríceps recém treinados. Ela soltou uma gargalhada, jogando a cabeça para trás e aproveitei a deixa para enfiar meu nariz na curva do seu pescoço.
Nos beijamos com avidez, mãos apertando, gemidos contidos e suor brotando. Eu não queria ser apressado, não queria ser o cara da foda rápida, queria saborear cada momento com aquela mulher porque tinha uma possibilidade de que ela se arrependesse daquele contrato verbal e não quisesse mais transar comigo, então havia uma pressão implícita em minha mente que dizia: dê tudo de si, pois essa pode ser a primeira e última vez que você come uma mulher desse patamar.
Seus seios eram doces e deliciosos, seus gemidos em meu ouvido me deixavam tonto e a única coisa que se passava em minha cabeça era que aquela mulher estava com a lingerie combinando e que aquela conversa de transa casual foi planejada com antecedência. Ou seja, me achava atraente antes de me ver sem roupa... Isso me dava uma certa esperança.
Espera, esperança do que? , foco. Você prometeu que não iria se apaixonar.
Eu descia meus beijos por sua barriga enquanto meus dedos já puxavam sua calcinha para baixo, tinha as costas arqueadas e seus gemidos já não eram mais tão contidos assim, e tudo se confirmou quando lambi seu clitóris e suas mãos se agarraram aos lençóis ao mesmo tempo em que um soluço travou em sua garganta.
Seu gosto era indescritivelmente bom e o cheiro do seu sexo só fazia meu pau latejar de dor, uma dor que minhas mãos não podiam mais satisfazer, eu precisava de contato, mas primeiro: foco. Deslizei dois dedos para dentro de sua boceta enquanto brincava com a língua em seu clitóris, ouvindo cada um de seus gemidos e suspiros, guiando-me com sua ajuda para saber o que ela gostava mais. Não demorou muito para sentir os espasmos em meus dedos vendo aquela mulher deliciosa se desfazer em minha frente.
— Porra, . — Suspirou ela com a voz falha, descendo da cama com certa dificuldade. Foi até a sua mala no canto do quarto, abaixando-se de propósito com a bunda virada em minha direção.
Grunhi, sentindo meu pau doer ainda dentro da cueca. Fui até ela, dando-lhe um tapa na bunda que provavelmente ficaria marca, ela gemeu gostoso, sentindo meu membro roçando em sua boceta molhada pra caralho. Ela tentou se levantar com uma camisinha nas mãos.
— Não — falei, pegando a camisinha e pondo-a entre meus dentes. Segurei suas mãos e apoiei nas paredes e ela prontamente entendeu o recado e arqueou as costas, deixando sua bunda perfeitamente empinada para mim. — Boa garota.
Arrumei a camisinha, levei uma mão em seu quadril perfeito e lambuzei a cabeça do meu pau em sua própria lubrificação antes de enfiá-lo por completo de uma vez.
— Caralho. — Não consegui conter um gemido, sentindo seu corpo apertando o meu de maneira tão entorpecente.
O gemido de não foi baixo nem discreto, foi quase um grito de boca fechada, um som do fundo da sua garganta, um som que me fez arrepiar enquanto dava estocadas fortes e profundas nela. Ela estava tão molhada, tão empinada, tão deliciosamente perfeita que era difícil me concentrar no que eu estava fazendo, foco , foco. Alternei as estocadas entre lentas e rápidas, dependendo dos sons que ela fazia, ou do modo como arqueava seu quadril para mim.
— Não para. Não para. — Sua voz saiu em um suspiro. Querida, eu nunca pensaria em parar em um momento desses. — , porra, , se você parar...
— Cala a boca, . — Minha voz saiu em um som rouco e gutural. Não sei se foi isso, mas a mulher em minhas mãos iniciou uma sequência de espasmos, com gemidos intercalados com suspiros que fez eu perceber que estava gozando novamente. E esse foi o meu ápice, ver seu cabelo colando nas costas, a bunda empinada com aquelas covinhas acima das nádegas, os ombros cobertos de pintinhas, a porra da marquinha de biquíni... Jorrei meu líquido, apertando seu quadril com força, soltando um grunhido que parecia ter vindo de um homem das cavernas.
Camisinha no lixeiro, quarto cheirando a sexo, cabelo grudando na testa, com um sorriso que podia me desmantelar inteiro, sapatos nas mãos e sem camisa. Assim estava meu fim de noite.
— Te vejo daqui a dois dias? — perguntou ela, ficando na ponta dos pés para selar nossos lábios.
Ela estava usando minha camisa, ficava grande para tapar sua bunda, mas não o suficiente para cobrir tudo quando ela ergueu o braço para me abraçar.
— Com certeza. — Retribui o abraço e segui em direção ao elevador.
? — me chamou, quando eu estava prestes a entrar.
— Sim?
— Isso foi bom pra caralho.
— Foi, certo? Achei que era só eu que tinha achado.
Ela riu.
— Achei que eu tinha deixado bem claro. Talvez a gente devesse conversar mais...
— É, na próxima a gente conversa melhor.
— Boa noite, .
— Boa noite, .

✈️✈️✈️

— Seja bem-vindo de volta, Sr. . — O sorrisinho de me dizia muitas coisas.
Merda. Eu devia fingir que não sabia de nada? Tive a infelicidade de ter meu voo de volta ao Kansas sem ou , então aquela era a primeira vez que eu via as duas novamente depois do ocorrido no dia 3 de setembro.
— Bom dia, . — Paguei o pedágio falso, lhes entregando uma barrinha de Kitkat para cada. Capuccino para , branco para . — Quando você vai aprender a me chamar pelo primeiro nome?
— São ordens da companhia, senhor. — Ela ainda mantinha um sorrisinho no canto dos lábios. Olhei para ao seu lado e ela sorria da maneira de sempre, um sorriso bonito, porém automático.
— Que besteira. Nós sempre...
— São as regras, senhor. Nenhum funcionário pode se envolver ou se relacionar de qualquer maneira com os passageiros. Devemos sempre manter a cordialidade — disse, em um tom ligeiramente ameaçador, mas agarrando o chocolate que eu oferecia.
Minhas bochechas esquentaram e um calor subiu por meu pescoço.
— Ah... Ah! — Finalmente entendi o que elas estavam fazendo, me afastando de qualquer suspeita que pudesse surgir se eu fosse muito íntimo delas. — Vou para a minha poltrona, então.
Nada de pegação no banheiro do avião. Anotado.
— Precisa de ajuda para encontrar a poltrona? — perguntou , com suas sobrancelhas arqueadas, como se estivesse esperando por aquilo. Um minuto sozinha comigo para dizer que ia desistir aquilo, que eu era um panaca, que ela estava bêbada e que aquilo não iria se repetir.
— Sim, por favor.
Ela me guiou pelo corredor da primeira classe sem pressa, como se estivesse escolhendo as palavras para me dar um fora daqueles.
Guardei minha mala de mão e sentei-me, levando meus olhos até seu rosto, tentando desvendar o mistério por trás de seus olhos.
— Precisa de mais alguma coisa, senhor? — perguntou ela, de maneira automática, em suas mãos o Kitkat provavelmente derretia com o calor de seus dedos.
— Não, estou bem. Obrigado. — Meus olhos ainda a fitavam com uma intensidade acima do normal, aquele clima sério e esquisito estava me deixando doido. Vê-la tão fria, mesmo sabendo que era para não levantar suspeitas, me destruía.
— Pode ficar com o chocolate, estou de dieta — disse ela, me devolvendo o chocolate que escolhi com um sorriso no rosto, lembrando dos seus gemidos em meu ouvido.
Aceitei o chocolate de volta, sentindo seus dedos roçarem nos meus e uma onda de eletricidade rondou meu corpo. Ela se virou e observei sua bunda, dando um suspiro saudoso de algo que provavelmente não teria mais, levando em conta o jeito frio que fui tratado.
Quando ela finalmente saiu do meu campo de visão, notei que atrás do chocolate, havia um bilhetinho de papel dobrado.

“Me manda o número do seu quarto”

✈️✈️✈️

— Merda, . — Gemi, apoiando minha cabeça na parte interna da porta do meu quarto de hotel, entrelaçando meus dedos nos cabelos da mulher que estava ajoelhada na minha frente, engolindo meu pênis até o talo.
Ainda estávamos de roupa, sequer nos beijamos, tocou a campainha do quarto e entrou, fechando a porta atrás de si, se abaixou e começou a desabotoar o botão da minha calça jeans. A sua proximidade foi o suficiente para dar os primeiros sinais de vida, no segundo seguinte, ela estava me chupando.
sabia o que fazia, sugava e engolia com habilidade, segurava a base com domínio e, porra, sabia exatamente o que eu queria sem eu precisar dizer nada, como se lesse a minha mente.
Eu não ia durar um minuto daquele jeito.
Pensa em qualquer coisa, .
Gatinhos em cesto de roupa suja.
Abóboras murchas depois do Halloween.
PS5 com capa de crochê.
Coca-cola sem gás.
começou a massagear meus testículos com a mão livre e me vi fechando os olhos com força.
Vai, pensa, caralho.
Mick Jagger sem camisa.
Baby Yoda triste.
Pão embolorado dentro da geladeira.
Pisar em poça d’água com meia.
Porra. Porra. Porra. Não consigo pensar em nada que não seja a língua dela passeando pelo meu pau com tanta vontade que arrepiava até os pelos de lugares que eu jamais mostraria a ela.
. — Minha voz quase não saiu, pigarrei. — , eu vou... Porra, eu vou gozar — grunhi tão rouco que tenho minhas dúvidas de que ela escutou, mas entendeu o recado, pois aumentou a velocidade como se quisesse acabar comigo, me dando carta branca para soltar o que eu estava prendendo. E assim eu fiz, ejaculei, soltando um gemido cavernoso, sentindo meu interior se contorcer de prazer. engoliu tudo sem deixar uma gota escorrer, levantou-se com um sorriso travesso, passou os braços pelo meu pescoço e me deu um selinho.
— Oi — disse, sorrindo.
Minhas pernas estavam bambas e a minha respiração descompassada, com um sorriso daqueles eu podia facilmente ser levado ao IML.
Tenha misericórdia, .
— Quer me matar, porra? — perguntei, fazendo-a soltar uma gargalhada.
— Ainda não.
— Ainda não? Então isso é meio que uma ameaça?
— Talvez. — Selou nossos lábios novamente. Pus minhas mãos por baixo das suas nádegas e a carreguei pelo quarto.
— Eu estava morrendo de tesão. — Arfei, prensando seu corpo contra a parede da sala. — Porra, achei que você não ia querer de novo.
Ela riu.
— Achei meio dramático o jeito que lidamos com você, mas achamos melhor não arriscar...
— Achamos?
— Eu e .
— Você contou para a ? — Eu tinha minhas desconfianças, mas...
— Contei tudo. — Ela começou a beijar meu pescoço.
— Tudo?!
— Tudo — murmurou, ainda empenhada em beijar meu pescoço, me arrancando arrepios. — Até... os detalhes...
— Detalhes? — Eu apertava sua cintura, erguendo sua blusa no percurso.
— Comemoramos... — gemeu, quando minhas mãos alcançaram seus seios.
— Comemoraram?! — Tirei sua blusa, ela me olhava com os olhos travessos.
— Comemoramos quando eu falei o tamanho do seu pau.
Soltei uma risada, imaginando as duas batendo um high-five nos bastidores de um voo qualquer em que eu não estava presente. Beijei sua boca com vontade, dessa vez com uma certeza mútua de que não seria a última vez, peguei-a no colo novamente, jogando-a na cama. Arranquei minha camisa em um só movimento e meu pênis já estava pronto novamente, vendo seus belos seios livres enquanto seu short de malha com estampas de girassóis ainda estava cobrindo uma parte importante do momento.
Ela ergueu as pernas retas, apontando os pés para o teto, e eu puxei seu short com a calcinha junto, abriu as pernas com a elasticidade de uma bailarina, abrindo um espacate lateral perfeito. Aquilo fez minha boca salivar, a visão mais linda que eu já tinha visto. A porra de uma obra-prima.
Aquela mulher ia me levar à loucura.
Caí de boca em sua vulva sem nem pensar duas vezes, baixando minha bermuda e acariciando meu pau enquanto a sinfonia de seus gemidos fazia meus pelos se arrepiarem. Fodi sua boceta com a língua, chupei cada milímetro e lambi seu clitóris com a destreza de quem queria fazer a coisa certa, me guiava indicando o que gostava mais com alguns murmúrios e gemidos de prazer, era fácil ter esse tipo de conexão quando eram apenas dois amigos se divertindo sem tanta pressão de um relacionamento. E quando suas mãos agarraram meus cabelos, puxando-os com força demais enquanto um gemido silencioso saía de sua boca entreaberta, eu soube que ela chegou ao seu ápice e não perdi tempo me levantando e penetrei-a naquela posição divina de pernas abertas, a vulva inchada e melada implorando para ser fodida e, deuses, eu queria muito fazer o que ela pedia.
— Caralho, ... — Suspirou ela, mole e sem forças, erguendo o tronco de maneira preguiçosa para unir nossos lábios.
— Você é gostosa pra caralho, . — Eu estava tão sem fôlego quanto ela.
— Por que a gente não começou isso antes? — Riu, enfiando o rosto na curva do meu pescoço, levando seus dedos até a minha nuca, massageando meus cabelos.
— Porque você namorava, depois ficou muito ocupada pensando no ex-namorado para ver o quanto eu era gostoso. Eu, em compensação, vi que você era gostosa desde a primeira vez que botei os olhos em você.
— Awn, é mesmo? — Ergueu aqueles olhos lindos na minha direção.
— É claro, porra. Você acha que sou cego? Sou respeitoso, mas vejo as coisas.
— Você é um fofo.
Fofo, ? Sério? Te comi igual um condenado que está indo para a forca.
— Eu não disse que você é um soca-fofo. — Soltou uma risada alta. — Disse que você é um fofo.
— Por ter feito o mínimo e não ter dado em cima de você enquanto estava namorando?
É claro que flertei algumas poucas vezes, apenas para fazê-la lembrar que eu estava ali, disponível, porém sempre me mantive afastado e educado, por ter o mínimo de noção.
— É. Obrigada por fazer o mínimo.
Ficamos conversando nus por mais algumas horas antes de ela voltar para o seu quarto.
Foi nessa noite que eu percebi que não conseguiria cumprir a única condição do nosso trato.


✈️✈️✈️


— Você está saindo com outras garotas?
perguntou certa noite, nossas transas já haviam atingido o nível “conexão de um casal que transa pra caralho”, eu já sabia os locais em que ela tinha orgasmos mais rápidos, os locais em que ela sentia cócegas ao invés de sentir tesão e até as coisas em mim que a faziam sentir tesão, como falar algumas coisas sujas em seu ouvido.
— Em que momento eu vou fazer isso, me diz? Quando não estou em um voo de cinco horas com escala em algum aeroporto, estou trabalhando feito um doido. Quando não estou trabalhando, estou no Kansas visitando minha família e meus amigos e quando não estou no Kansas, significa que estou dormindo em um hotel, o que significa que estou com você. Se não estou com você, estou com a — falei, listando nos dedos, fazendo-a rir a cada citação. — Não sei se você sabe, mas é casada e mesmo que isso não nos impedisse, não faz o meu tipo.
— Entendi. E qual é o seu tipo?
— Baixinha, atrevida, com a flexibilidade de uma instrutora de yoga... Tão safada que me faz ficar de pau duro só de ver que recebi mensagem dela no meio de uma reunião do trabalho.
Ela sorriu, satisfeita.
Era verdade, uma vez aquela peste em forma de mulher me enviou uma foto do novo conjunto de lingerie que havia comprado, vermelho sangue, de renda, aqueles completos com cinta-liga e os caralhos. Naquele dia, ela apareceu na porta do meu quarto só de roupão, com uma garrafa de champanhe e duas taças, foi a nossa comemoração de dois meses de sexo sem compromisso, ela cavalgou em mim feito um peão de rodeio, gritou tanto que recebemos uma ligação da recepção.
— Acho que preencho todos os requisitos.
— É mesmo? Que coincidência... — brinquei, dando de ombros. — Mas e você?
— Eu o que? — Eu não sabia dizer se ela realmente estava tão desligada a esse ponto ou estava tentando desconversar.
— Está saindo com outros caras?
— Eu? Cruz credo!
— Como assim “cruz credo”?
— Ah, ... Homens são complicados, estou feliz pra caralho com esse relacionamento estranho que a gente está tendo, eu gosto do meu trabalho, sabe? Gosto de transar também, então as coisas estão bem confortáveis para mim.
— Entendi.
Senti uma felicidade inexplicável encher meu peito com aquela confissão... Eu não queria sentir ciúmes, sabia que esse sentimento estava fora de cogitação no nosso trato, mas me animava saber que era um contrato verbal mútuo.
Eu gostava de transar com ela.
Gostava de conversar com ela.
Gostava de passar tempo com ela.
Merda, talvez até demais.
Ela me fazia esquecer um pouco aquele lixo de trabalho que eu estava, me fazia querer viajar, coisa que aquela empresa me obrigava a fazer.
— Está tudo bem? — Ela provavelmente percebeu que eu estava pensando demais.
— Está sim. Só estou tentando entender a parte do “homens são complicados”. Não somos complicados...
— Você não é complicado porque eu estou sendo bem clara sobre o que eu quero. Você já teria estragado tudo, se eu não tivesse tido a iniciativa.
— Como você ousa!
— É verdade, ... Homens têm essa necessidade de ser o macho alfa, de ser o fodão, acabam estragando tudo.
— Está me dizendo que eu não sou alfa? — Peguei no seu pé, fazendo-a bufar e se sentar na cama, ela usava minha blusa para se cobrir. Eu amava quando ela usava minhas blusas, minha camisa da primeira noite ainda estava com ela.
— Você se transforma na hora de transar, você faz tudo que uma mulher já sonhou na vida: puxa meu cabelo, me agarra com força, me fala umas sacanagens que me deixam arrepiada só de lembrar... — disse ela, mostrando o braço com os pelinhos arrepiados. — Não tem nojo de boceta, puta merda, , você é um alfa na cama... Mas fora dessas quatro paredes, você é um fofo. Um querido de carteirinha.
Merda.
Eu não queria ser fofo.
Ser fofo é broxante pra caralho.
Como ela quis transar comigo pela primeira vez, sendo que me achou um fofo?
Mulheres querem transar com caras assim? Não é coisa de melhor amigo? De melhor amigo gay?
— Hm... Obrigado?
— Qual é! Foi um elogio e tanto! — falou ela, sentando-se em meu colo.
— Uhum.
— Está vendo?
Girei meu corpo com ela junto, deitando-a na cama e ficando por cima dela, prendi suas duas mãos acima da cabeça.
— Vendo o que?
— Complicados, vocês, homens... Não sabem nem receber a porra de um elogio.
— Você disse que eu sou fofo! — Afundei meu rosto em seu pescoço, arranhando-a com minha barba.
Ela soltou uma gargalhada. Mordi seu ombro e a risada se transformou em um gemido.
— Continua sendo um elogio, seu idiota.
Foi a minha vez de rir.
— Ei, me respeita, porra.
— Se não, o que? — desafiou ela, correndo sua língua pelos lábios, me desconcertando um pouco.
— Porra — grunhi, saindo de cima dela, fui até minha mala e peguei uma gravata com o nó pronto, voltei até ela e prendi suas mãos pra valer dessa vez.
Meu pênis já estava com tudo dentro da minha cueca box, pus um travesseiro embaixo da sua cintura, puxei sua calcinha, jogando-a longe e olhei em seus olhos antes de dizer:
— Nem um pio, porra.
Seus olhos brilharam em resposta, levantei a camisa que ela usava para poder ver sua boceta e sua barriga com mais facilidade. Passeei meu dedão sobre sua vulva, apenas para sentir o clima e notei que ela já estava pingando de tesão. Acariciei seu clitóris por alguns segundos, vendo-a se contorcer e um gemidinho manhoso fugiu pela sua boca fechada. Me aproximei do seu rosto e tapei sua boca com a mão.
— Shhhhhhh, . Você está de castigo. Entendeu?
Ela concordou com a cabeça.
— Vai ficar quietinha? Enquanto eu te fodo bem gostoso?
Concordou com a cabeça de novo.
— Boa garota — falei, e ela revirou os olhos de tesão, como se só aquelas palavras já a levassem à loucura. Fiquei de joelhos, pincelei meu pau na sua boceta, brincando com a sua entrada, eu queria vê-la sofrer, queria vê-la gemer, mesmo quando eu disse que não podia.
Era uma delícia vê-la tão à mercê do meu toque, do meu próximo movimento, a antecipação ao ato era tão gostosa quanto o ato em si. Penetrei-a por completo e ela soltou um gemido contido pelos dentes enquanto eu levava minhas duas mãos, deslizando lentamente pelo seu corpo, até seu pescoço e apertei-o com força moderada. Seus olhos faiscaram em minha direção, deliciando-se com tudo que estava acontecendo: seus braços presos acima da cabeça, minhas mãos agarrando seu pescoço, e meu quadril atolando meu pau em seu corpo com tanta força que a cama dançava abaixo de nós.
Nem em meus maiores sonhos eu achei que estaria fazendo aquilo, era o efeito sobre mim, aquela mulher me deixava tonto, inebriado, completamente perdido, e ao mesmo tempo era como se eu soubesse exatamente o que devia fazer, como fazer.
A porra da mulher perfeita para mim.
aguentou o quanto deu, porém, poucos minutos se passaram até eu sentir seu corpo tremer em um orgasmo quente em meu ponto mais sensível, sua boca se abriu silenciosa até o momento em que um gemido alto saiu sem que ela pudesse segurar.
— Porra. Porra. Porra — xingou ela, no ritmo das minhas estocadas, e eu tirei as mãos do seu pescoço e tapei sua boca.
— Assim nós vamos receber mais uma ligação da recepção, .
Seu corpo amoleceu embaixo de mim feito água, retirei meu membro de dentro dela, sentindo-o molhado com a sua lubrificação. Uni suas pernas e dobrei-as, levando seus joelhos até seu peito, trouxe suas mãos amarradas para baixo, afrouxei o nó e as prendi abaixo dos joelhos. Sua boceta ficou apertada pra cacete e agora ela estava em uma posição em que eu não conseguia mais tapar a sua boca, e eu não me importava com seus gemidos, queria que os vizinhos de quarto soubessem que eu estava comendo aquela gostosa em minha cama, queria que Deus e o mundo inteiro soubesse que era eu o motivo daqueles gemidos deliciosos. Naquela posição, não demorou muito até eu me desfazer em pedaços junto com ela novamente e ficamos tão exaustos que caímos no sono logo depois.
Foi a primeira vez que ela dormiu no meu quarto.


?
Acordei com um susto e me sentei na cama, respirando assustado.
— Nossa, você sempre acorda assim?
Os olhos grandes de me encaravam de sobrancelhas erguidas e um sorriso surgia em seus lábios.
— Eu não... — Esfreguei os olhos, devolvendo o sorriso. Ela já estava de pé com as roupas de ontem. — Eu não estou acostumado a dormir acompanhado. Desculpa.
— Tá tudo bem. Só queria avisar que estou indo, não quis sair de fininho.
Olhei meu celular e percebi que já tinha amanhecido, eu devia estar tomando café de banho tomado nesse momento.
— Claro, claro. — Eu ainda estava meio zonzo de sono. Me levantei para leva-la até a porta sem necessidade nenhuma, ela fitou meu corpo sem qualquer tipo de filtro.
Eu estava completamente nu e não tinha mais motivo para ficar sem graça na frente dela.
— Pare de me olhar como se eu fosse um pedaço de carne, — brinquei, catando minha cueca jogada sobre a poltrona.
— A gente tem mesmo que ir trabalhar?
Dei uma risada enquanto vestia a peça de roupa.
— Está sugerindo que eu falte o meu emprego para ficar com você? Porque eu não vou me opor a isso. Você já sabe o que eu acho do meu emprego.
Seu sorriso aumentou, mas ela balançou a cabeça, como se tentasse fazer os pensamentos intrusivos irem embora.
— Não — disse, ainda avoada, refletindo algo. — Não, tenho que ir para Kansas City.
— Aniversário da sua mãe, não é?
Seus olhos brilharam em minha direção, em alguma forma de admiração simplesmente por eu lembrar do que ela havia dito na noite anterior enquanto estávamos em uma daquelas nossas conversas pós-sexo.
— É...
Deixei seus pensamentos em silêncio enquanto nos guiava até a porta, meu quarto era maior do que o dela, que era apenas uma cama, um frigobar, uma escrivaninha e um banheiro. Não dava para dizer que era uma suíte máster, mas tinha alguns metros quadrados a mais, um banheiro mais confortável, uma geladeira grande, um closet e poltronas para assistir tv.
— Até mais, .
— Até mais, . Obrigada pela noite.

✈️✈️✈️


: Hoje não vai rolar.

: Aconteceu alguma coisa?

: Sim, meu útero resolveu me lembrar que ele existe, assim como acontece uma vez por mês.

: Entendi, precisa de alguma coisa?

: Não, não, está tudo bem. Obrigada.


Recebi aquelas mensagens assim que passei por ela e na entrada do avião, depois da decolagem onde foi liberada a movimentação dentro do avião, fui atrás de para conversar. Não era algo anormal de acontecer.
— Merda, , você está apaixonado por ela. — pôs os dedos nas têmporas, como se aquilo estivesse lhe dando uma enxaqueca.
— Por que você diz isso? — É, eu já sabia que estava apaixonado por ela... Já sabia que ia acontecer antes mesmo de finalmente conhecê-la de verdade, mas o que eu podia fazer? Nossas conversas durante a madrugada eram profundas e divertidas, a garota sabia tudo sobre mim e eu sabia tudo sobre ela, era linda de todas as maneiras possíveis e eu nunca tive uma chance sequer de conseguir fugir de me apaixonar por ela.
, você não vai nem negar? — Sua indignação era divertida de ver.
— Não, , eu não vou negar, eu já sei disso, merda. Estou pedindo a sua opinião imparcial.
— Não consigo ser imparcial em uma situação dessas! Vocês me meteram no meio disso com esse casinho casual que não ia machucar ninguém e agora você está aí derretido feito manteiga... Não tenho mais idade para draminha adolescente.
— Eu tenho 35 anos.
— Irrelevante.
— Eu vim te perguntar o que posso fazer para ajudá-la com a menstruação, sua grossa do caralho.
— É, mas tudo que eu ouvi foi “estou apaixonadinho por ela, mesmo que eu tenha dito que não ia me apaixonar”, não posso te ajudar com isso, , cai fora antes que você se machuque mais. é durona, consegue aguentar uma menstruação sozinha e também consegue se virar sem seu pau-amigo.
era difícil de engolir às vezes, porém, era o tipo de pessoa que eu precisava para manter meus pés no chão.
Desviei o olhar, digerindo o que havia acabado de ouvir e senti uma de suas mãos no meu ombro.
— Me desculpa, . Não quis ser grossa.
— Você sempre é grossa.
Ela riu.
— Eu esqueço que você é um serzinho sensível. Olha esses olhinhos de bebê foca. — Apertou minha bochecha.
— Vai se foder, . — Me esquivei dela, rindo.
— Compra chocolates, alguma coisa crocante, alguma bebida quente, uma bolsinha térmica...
Levantei meus olhos até os dela, e seu sorriso bonito com os dentes da frente levemente separados me mostrou que ela aprovava aquilo, mesmo sabendo que eu iria me machucar.
— Obrigado.
— Compra plástico bolha também.
— Plástico bolha?
— Para enrolar seu coraçãozinho quando ela o arrancar do seu peito.
— Você fala como se ela fosse um monstro.
— Ela não é um monstro, ela é uma mulher decidida.
— Eu posso lidar com isso.
me olhou de cima a baixo com um olhar de “não, você não pode”, mas a conversa acabou ali e eu voltei para minha poltrona.

✈️✈️✈️


?
usava um roupão do hotel, os cabelos presos de maneira desengonçada e meias grossas nos pés.
Eu sorri, erguendo a sacola de papel do mercado.
— Trouxe algumas coisinhas para você... — Eu não sabia como ela iria reagir àquilo, tentei ser cauteloso sem parecer um doido. — Posso entrar?
Ela deu espaço, sem dizer nada, e eu entrei meio temeroso.
A roupa de cama estava bagunçada e o filme Juno estava passando na TV, no momento em que ela conta ao pai e a madrasta que está grávida.
— O que você está fazendo aqui?
— Vim trazer algumas coisas para você.
Ela me encarou sem entender, então virei a sacola sobre a cama.
Chocolates, balas ácidas, chicletes, biscoitos, salgadinhos caíram em uma grande cascata, além disso, havia um hidratante com cheiro de morango, uma bolsa térmica elétrica em formato de algum animal não identificado, refrigerantes e remédios para cólica que a moça da farmácia me indicou. Não levei bebidas quentes, pois sabia que ela não gostava.
Seu rosto analisava tudo que estava sobre a cama e ela agarrou o pacote de balas ácidas primeiro.
— Depois você fica bravo quando eu digo que você é fofo.
Abriu o pacote e me ofereceu, jogando-se na cama. ainda tinha um semblante sério no rosto, como se ainda não tivesse entendido o que era tudo aquilo e eu estou pouco me fodendo para o que ela ia pensar de mim, agora não tinha mais volta.
Eu estou apaixonado por aquela garota, a barreira de “transa casual” já havia sido derrubada por mim há tempos, talvez tenha sido no dia em que ela me contou como foi o show da Taylor Swift. Foi o momento em que eu percebi que ela não tinha vergonha de dizer que era fã daquela loira padrão, porque ela sabia que era muito mais do que aquilo e não precisava provar nada para ninguém. Porque era assim, não tinha oito nem oitenta, ela sabia o que queria e o que gostava sem espaço para outras opções, uma pessoa cheia de argumentos e bons pontos, cheia de opiniões e boas conversas, e eu adorava mergulhar nesse mundo complexo que era a sua cabeça.
— Não começa.
Soltou uma risada.
— Qual é, . Se isso — apontou para a montanha de coisas sobre a cama — Não é ser fofo, não sei o que é.
— Estou sendo legal, é diferente. — Não é, mas não quero ter que concordar com ela.
— Tudo bem! Deus, você é teimoso. — Encheu a mão com um punhado de balas e jogou na boca, depois deu tapinhas na cama ao seu lado.
Eu me sentia como um adolescente conversando sozinho pela primeira vez com a garota que está afim.
— Você que é. — Eu, por outro lado, não tinha certeza de que conseguia acompanhar todas as camadas que compunham aquela mulher, mas eu dava o meu máximo e torcia para que aquilo bastasse.
bufou, fingindo indignação, e eu me sentei ao seu lado, no meu lado da cama quando eu dormia lá. As palmas das minhas mãos suavam e eu esfreguei-as na calça para secar.
— O que há com você?
— O quê?
— Você está bem? Tá esquisito...
— Esquisito como?
— Me trouxe todas essas coisas, está aí todo pensativo, com as mãos suando, olhando para o nada...
Suspirei e resolvi ser honesto.
— É que estou nervoso.
— Nervoso com o quÊ?
— Com como você poderia reagir a tudo isso, eu não sabia se estava saindo dos limites e... — Olhei em seus olhos, pronto para dizer o que estou pensando durante semanas. — Estava com medo que você quisesse me bater. — É, não saiu, mas valeu a tentativa.
Era claro que eu ia conseguir, não com aqueles olhos enormes e lindos me olhando como se eu fosse um doido, como se já soubesse que eu havia quebrado nosso trato.
— Eu vou te bater... — disse, pondo mais um punhado de balas na boca. — Se você não ligar aquela bolsa térmica e não fizer uma massagem nos meus pés.
— O que você não pede sorrindo que eu não faço chorando?
— Não estou pedindo nada, você trouxe, isso é ideia sua.
Dei uma olhada rápida nas instruções da bolsa térmica e lhe entreguei quando estava quentinha e me ajeitei no meio da cama para massagear seus pés.
Ela tinha um sorrisinho bobo no rosto que não saía de jeito nenhum e mesmo com a Juno falando sobre filmes gore no fundo, prestava atenção em mim.
— Como foi o seu dia? — perguntou ela, quebrando o silêncio.
— O de sempre, reunião e aquele blá blá blá desnecessário que poderia ser feito sem eu estar presencialmente. — Seus pés eram bonitos, as unhas eram quadradas e pintadas de vermelho, assim como as da mão.
— Porque você não sai desse emprego, ? — Ela abriu uma barra de chocolate branco e me ofereceu um pedaço, levando-o até a minha boca, já que minhas mãos estavam ocupadas. — Você é claramente infeliz lá.
Desviei o olhar, encarando o frigobar ao lado da cama e flashes do dia em que transei com ela de quatro apoiada nele vieram à tona.
— Eu... Não sei. Salário, talvez?
— Não existe dinheiro no mundo que compre a felicidade de um emprego legal, baby.
— Eu gosto de comodidade, de sossego, acabei me acostumando com essa rotina. — Tentei encontrar argumentos.
— Essa rotina é horrível, e você sabe disso. — É claro que eu sabia, mas nem sempre saber é sinônimo de aceitar.
— E por que você tem essa mesma rotina?
— Porque eu amo o que faço! Amo a rotina bagunçada, amo a imprevisibilidade das coisas, de conhecer gente nova todos os dias, amo estar no controle da situação dentro do avião, amo ser o ponto de referência, aquilo lá é a minha vida. Conhecer o mundo é incrível e conhecer o nosso país também.
Suspirei, o cheiro do creme de morango invadindo minhas narinas de modo que fui automaticamente transportado para o dia em que ela trouxe um gel comestível do mesmo sabor e lambeu do meu corpo como se eu fosse a porra de uma tampa de embalagem de iogurte.
— Você está dizendo que eu deveria me demitir?
— Não, estou dizendo que você odeia o seu emprego e poderia pensar em uma possibilidade melhor, algo que te faça feliz, pra variar.
— Eu sou feliz.
Seus olhos me encararam com uma profundidade que arrepiaram minhas entranhas, um pequeno e gentil modo de me mostrar que eu estava errado.
— Tudo bem. — Suspirei. — Talvez eu não esteja tão feliz assim com esse emprego, mas tem um lado bom, não é? A gente se conheceu assim.
Tentei parecer engraçadinho, talvez até fofo, mas ainda me engolia com seus olhos de pálpebras baixas como se eu fosse um monstro por ter dito aquelas palavras.
... — Seu suspiro era exausto, pôs um quadradinho de chocolate entre na boca e mastigou devagar com os olhos fechados. — Não me entenda mal, eu amo o fato de ter te conhecido... — Meu coração palpitou com o uso da palavra amor no meio da sentença. — Mas isso não pode ser o único motivo pelo qual você está aguentando esse emprego dos infernos. Por favor, me diz que você não está nesse emprego só por causa disso.
Desviei o olhar para a TV, Juno estava no shopping com a melhor amiga.
? — me chamou.
— Eu estou apaixonado por você, .
Seus olhos piscaram devagar, como se ela estivesse tentando assimilar o que eu havia acabado de dizer. Algum tempo passou, mas não sei dizer quanto.
— Eu sei que não devia, que fizemos um trato, mas é bem difícil de controlar quando você é... Você!
Seu silêncio me deixou nervoso e não consegui controlar minha língua.
, você é a pessoa mais interessante e intrigante que eu já conheci, tudo em você me atrai feito a porra de um imã e ultimamente eu não estou conseguindo mais pensar em outra coisa que não seja você.
— Merda, ... A me disse que você não era o cara que transa uma vez só e vai embora, mas eu achei que se a gente transasse com recorrência, isso não seria um problema, sabe?
Pensar em conversando fatos não superficiais sobre mim me assustava sobre o quanto eu já havia me aberto com ela, mas me alegra saber que ela me conhecia do jeito certo. Porque sim, eu sou o cara que pega e se apega e isso não é legal, já me fez dar de cara na parede exatamente do mesmo jeito que eu estou vendo os tijolos se formando em minha frente agora. Estava preparado para o baque, mas não podia ficar sem tentar.
— Me desculpe, . Sei que estou estragando algo legal aqui, mas se não falasse nada, sinto que iria explodir. Eu não quero só transar com você. Quero passar tempo contigo, quero conhecer tudo sobre você, quero assistir uma comédia romântica adolescente e descobrir o que se passa dentro da sua mente fora do sexo, quero te conhecer mais do que só chocolate branco e balinhas ácidas, mais do que unhas do pé pintadas de alguma cor escura ou bebidas extravagantes sem álcool.
— Não posso te dar isso, não quando nossos horários são tão apertados, não vou repetir o mesmo erro.
Soltei seus pés com delicadeza porque sabia que estava ficando um clima estranho e logo eu teria que me afastar dela, porque eu nunca iria convencê-la de que somos certos juntos, de que não somos como seu antigo relacionamento e que eu não sou igual o seu ex-namorado. Ela precisa ver isso sozinha, talvez nunca sinta isso e está tudo bem.
, eu não sou ele. Eu não vou pedir para você deixar de seguir os seus sonhos por mim.
— Não é sobre isso, .
E num piscar de olhos, deixei de ser para ser de novo.
— Eu sei que não.
Eu estava mesmo disposto a abrir mão de um sexo incrível, que transbordava química, por causa do meu coração zoado? Acho que era meio tarde para pensar nessa pergunta.
— Desculpa, , eu não sei o que dizer nessa situação, não queria estragar a vibe ou te magoar de alguma maneira... Mas talvez seja inevitável, não é?
— Não precisa se desculpar, eu sabia dos riscos desde o começo.
Juno estava cantando Anyone else, but you quando eu saí.

✈️✈️✈️


Talvez o que eu realmente precisasse fosse um detox de .
Detox de .
Detox do meu antigo emprego.
Detox de aviões.
Depois de dois meses que pedi demissão, trabalhar com algo que eu realmente me conectava era esquisito e satisfatório, sair do mundo corporativo para ganhar dinheiro documentando minha vida como tio preferido dos meus sobrinhos não foi exatamente o que eu tinha em mente, porém, as coisas simplesmente aconteceram.
Quando minha psicóloga me perguntou do que eu mais gostava e eu disse com um sorriso no rosto que tinha os melhores sobrinhos do mundo, ela disse que aquilo podia ser a minha vocação, podia ser que eu fosse ser um pai incrível, que eu tinha um amor fraternal por minha família, que aquilo não era um defeito e eu teria que usar a meu favor, já que eu tinha dito que não queria mais trabalhar com o que sou formado ou nada ligado à contabilidade, computação e administração.
Comecei postando um vídeo deles que viralizou, caí em um limbo esquisito de não saber o que postar e comecei a amadurecer a ideia junto com ela e o “@unclekyle” hoje é um perfil com mais de um milhão de visualizações diárias, onde eu, Simon e Patty fazemos receitas, contamos piadas, construímos casinhas para bichinhos em condições de caridade, damos dicas do meio-ambiente, testamos hacks da internet e qualquer outra coisa que crianças e adultos possam se divertir assistindo. Minha irmã ganhou uma babá em tempo integral, eu virei um membro monetizado e meus sobrinhos têm um tio presente. Todos saíram ganhando.

— Titio! — Quatro braços contornaram meu pescoço e ergui cada um em um braço.
— Caramba, Simon, não dá mais pra te erguer com um braço só. — Ele realmente tinha espichado muito no verão. O garoto riu travesso e o pus no chão.
— E eu, tio? — Patty perguntou-me, risonha.
— Você ainda é uma pipoquinha! — Fiz cócegas no seu pescoço e ela se contorceu gargalhando.
Minha irmã deixou as malas deles comigo e eu suspirei, sabendo que estaria sozinho a partir dali, estávamos no aeroporto, Simon estava com seu celular gravando tudo para podemos fazer uma edição legal de tudo no final.
— Cuida dos meus filhos. — Ela me abraçou.
— Quando eles estão comigo, eles não são seus filhos, são meus sobrinhos.
— Cala a boca. — Riu ela, empurrando meu ombro.
Se despediu dos filhos e nós seguimos para fazer o check-in. Íamos para a Disney, seria um modo de comemorar a quantidade de seguidores do meu perfil, um modo de agradecer as crianças por estarem fazendo aquilo comigo e um modo de mostrar que aquilo ali não era um teatrinho e que o tio era realmente um tio legal.
Seguimos para dentro do avião e percebi meu coração palpitando pelo corredor, seria ansiedade de entrar em um avião novamente depois de tantos meses, seria ansiedade de viajar pela primeira vez com meus sobrinhos e talvez eu não desse conta ou a ansiedade de ver alguém que eu não tinha certeza alguma de que queria ver novamente?
— Sr. ! Quanto tempo!
O sorriso com os dentes separados me recepcionaram com uma certa surpresa.
! Caramba... — A abracei animado, seu semblante era realmente feliz, como se ela tivesse mesmo sentido a minha falta durante aquele tempo. Seus cabelos estavam mais claros, como se tivesse pintado e aquele tom combinava com ela.
— Como você está? — perguntei animado, enquanto Simon filmava tudo.
— Estou ótima! Nossa, você está bonito, que glow up que essa demissão te causou.
Soltei uma risada, percebendo que aquela era a mesma sem filtro de sempre.
— Obrigada, , você está linda também, esse loiro ficou bem em você.
— Obrigada, meu bem. — Ela tocou no coque apertado, querendo exibir o resultado.
— Titio! Essa é a sua namorada? — Patty sussurrou a última palavra como se fosse um segredo que todas as pessoas que estavam por perto não tivessem ouvido.
— Não, pipoca. Essa é uma amiga.
— Ah... Mas podia ser, né? Ela é bem bonita... — O desapontamento dela fez rir.
— Eu sou casada, gatinha. Mas prometo que se eu fosse solteira, já estaria namorando seu tio há muito tempo. — Ela se abaixou para ficar da altura de minha sobrinha. Depois apontou para Simon e disse: — Deleta essa parte, moleque.
Soltei uma risada alta e segurei ambos pela parte de trás do pescoço para guiá-los pelo corredor.
— Depois a gente se fala, .
— Precisa de ajuda para encontrar a poltrona, senhor? — A voz que disse aquilo fez os pelos do meu corpo se arrepiarem, uma sensação de déjà vu passou por todo o meu corpo e eu não sabia dizer se aquilo era bom.
Eu e meus sobrinhos viramos o rosto ao mesmo tempo e lá estava ela, o mesmo sorriso incrível que podia me desmanchar em pedaços, os mesmos olhos enigmáticos que liam até os meus pensamentos e o mesmo coque apertado com uma fita vermelha, o mesmo lenço amarrado no pescoço e eu senti meu corpo tremer na base.
— Sim, eu preciso de ajuda para encontrar minha poltrona, comissária de bordo . — Seu sorriso se abriu mais e meus sobrinhos me olhavam com rostinhos curiosos e ligeiramente impacientes por tantas interrupções.
nos guiou pelo corredor, mostrou a poltrona de cada um e perguntou se eles queriam algo, e tudo que eu conseguia fazer era encará-la de boca meio aberta, notando como, em nome de Deus, ela conseguiu ficar ainda mais bonita do que eu me lembrava.
Quando ela se virou para buscar as bebidas que meus sobrinhos pediram, avaliei sua bunda uma última vez com um suspiro nostálgico e ouvi Simon dizer algo, mas não prestei atenção da primeira vez.
— Patty, eu acho que essa é a verdadeira namorada do tio . — Sua voz carregava um tom de piada e o celular ainda estava ligado na minha direção, fico imaginando a cara de idiota que eu devia estar naquele momento.
— Quieto, Simon, ou eu vou cancelar a sua viagem.
O garoto se ajeitou na poltrona e bloqueou o celular.
voltou com dois sucos de caixinha para meus sobrinhos, e me entregou uma barrinha de Snikers branco para mim, na parte de baixo da embalagem, escrito com uma caneta de retroprojetor azul dizia:

“Podemos conversar?”

Enxuguei minhas mãos na calça quando percebi que Simon e Patty haviam baixado o nível de energia da decolagem e agora pareciam crianças normais assistindo desenhos em telas. Simon assistia algum Youtuber e Patty assistia o Laboratório de Dexter.
Me levantei com a desculpa de que ia ao banheiro e a primeira pessoa que encontrei foi , conversamos brevemente sobre como estávamos na vida e me surpreendi com o fato dela me dizer que me seguia nas redes sociais e acompanhava todos os meus vídeos, disse que estava muito feliz e orgulhosa, como se eu fosse um irmão mais novo que ela nunca teve. Por fim, me disse onde estava.
! — Ela se assustou quando cheguei na parte onde podia ser considerada a cozinha, eu não sabia como se chamava aquele local, copa?
— Hey. — Cruzei os braços, me recostando em uma prateleira, fingindo estar tranquilo com aquela situação.
, eu te devo desculpas, você sempre foi um cara incrível para mim e sinto como se não tivesse te dado o devido valor. — Ela segurava uma caneca com força, como se aquilo fosse o pilar que a mantivesse sã. — Então, me desculpa por... Ter sido tão insensível naquele momento, tão pouco compreensiva, você não merecia aquele tratamento.
— Você nunca me tratou mal.
— Eu sei, mas não te tratei da maneira certa, você abriu o seu coração para mim e eu não fui capaz de te...
— Corresponder? Tá maluca, ? Você não tinha os sentimentos para me corresponder, você fez o certo, me pôs no meu lugar e impôs limites. Em momento nenhum eu fiquei bravo com você ou magoado...
— É, mas não precisava ser daquele jeito e...
, está tudo bem. De verdade. Não precisa ficar trazendo esse assunto à tona e...
— Para de me interromper!
Só agora percebi que estava nervosa de verdade, com os olhos ligeiramente arregalados, mordendo o lábio inferior, segurando a caneca com as duas mãos.
— Desculpa.
, o que eu estou querendo dizer é que eu também estava sentindo o mesmo, eu podia te corresponder, só estava com medo de que as coisas não fossem funcionar, você era tão ocupado com o trabalho e... Não sei, acho que era um pouco de trauma por causa do meu último relacionamento — disse tudo com tanta velocidade que mal entendi as palavras, tenho certeza de que minha boca estava aberta, pois eu conseguia sentir o peso para levantar minha mandíbula. Respirou, fechando os olhos. — Então, me desculpa por te fazer sentir tudo aquilo por nada, nunca foi minha intenção te machucar.
— Também... sentiu o mesmo? — Engoli seco, tentando absorver a frase, o contexto, o peso daquelas palavras.
— É, . Eu também estava apaixonada por você. — Pôs a caneca sobre a bancada.
Suspirei, sem saber exatamente o que fazer, pisquei algumas vezes tentando entender o que estava acontecendo ali, porque, necessariamente não era como se ela ainda estivesse apaixonada por mim, assim como eu também não tinha certeza se ainda era apaixonado por ela. Existia um sentimento dentro de mim que me puxava para ela feito um imã gigante? Sim, mas isso não significava amor, só uma atração absurda.
— Tá bem. — A frase fugiu dos meus lábios e ela a recebeu de sobrancelhas erguidas, como se não estivesse esperando aquela reação.
— Tá bem?? — surgiu por trás da porta de entrada. — Tá bem, ? Sério?
Olhei para , franzindo minhas sobrancelhas, tentando entender o que ela estava fazendo ali, e o que ela queria dizer com toda aquela indignação. Me afastei da prateleira que estava apoiado ficando com a postura normal.
— O que você quer dizer com isso? — perguntei, a encarando, e, antes que ela pudesse responder, senti as mãos de agarrarem meu rosto e unindo nossos lábios sem cerimônias.
Minha cabeça parecia aquele edit brega de flores desabrochando, o sol nascendo e um passarinho batendo asas em câmera lenta com uma música triunfante de fundo, sua boca tinha gosto de chocolate e imediatamente fui transportado para a vez em que transei com ela na porta da geladeira do meu quarto, a porta aberta, sua bunda apoiada nas prateleiras, derrubando tudo o que tinha dentro, tudo isso porque ela foi buscar uma barra de chocolate branco. Agarrei sua cintura com domínio e aprofundei o beijo, fazendo-a levar seus dedos em meus cabelos, guiando nossas cabeças em um beijo que tinha tantos sentimentos envolvidos que me faziam querer gritar para todo o avião ouvir que aquela gostosa ali estava dando bola para mim. DE NOVO.
— Eu ainda estou apaixonado por você, . — Ouvi minha voz dizer assim que separamos nossas bocas, saiu tão automático e verdadeiro que não consegui pensar antes.
— Eu também ainda estou apaixonada por você, .
Puxei sua boca para mais um beijo, dessa vez com mais intensidade, com mais sabor de saudade, com mais sintonia e vontade. Porra. Que vontade que eu estava em mergulhar naquela mulher de novo.
— Tá, tá, tá, apaixonadinhos. Agora se afastem que ninguém aqui quer perder o emprego. Sr. , volte para a sua poltrona, por favor — disse , me arrancando uma risada sincera.
— Acho que já passamos da fase do “senhor”, hein, .

✈️✈️✈️


— Você já tentou essa posição aqui?
Ela olhou por cima do ombro com o sorriso mais sacana que existia, vendo as minhas mãos presas com seu par de algemas felpudas cor de rosa acima da cabeça e o meu olhar de desejo sobre seu corpo, inflamando todo o meu interior, me dando muito mais do que apenas borboletas idiotas. Aquela criatura divina sobre mim era uma peça desenhada sob medida que me fazia esquecer até o meu próprio nome em determinados momentos muito específicos.
rebolou seu quadril sobre a minha virilha e riu, provavelmente da cara que eu fazia ou do gemido contido que segurei. Malditas algemas felpudas que não me deixavam apalpar seu corpo maravilhoso, eu queria fazê-la grita meu nome, mas algo me dizia que hoje quem iria gritar seu nome era eu, a cara diabólica dela não negava.
Ainda de costas para mim, ela posicionou meu pau na sua entrada e desceu tão devagar que pensei quantas em horas por dia essa mulher ficava treinando agachamentos na academia, quando chegou até o fim, parou durante alguns segundos, sentindo meu membro preenche-la antes de iniciar a subida e descida com ritmo. Eu queria ficar de olhos abertos, porque aquela era uma cena que eu nunca queria me esquecer para o resto da minha vida, mas o prazer que me preenchia fazia eu fechar os olhos mesmo sem querer.
Cada movimento que ela fazia, cada rebolada sacana, cada risadinha depois que eu soltava um gemido me faziam querer arrancar aquelas algemas e fodê-la tão forte que ela ia se arrepender de me convencer a fazer aquilo, mas era tudo tão bom, tudo tão milimetricamente certo que ter a visão de comer sua boceta por trás sentindo seu corpo quicar sobre o meu com tanta maestria até me fazia perder a linha de raciocínio.
gozou sobre o meu pau, gemendo tão deliciosamente que fazia os pelos do meu corpo se arrepiarem.
— Me solta, — pedi, quando ela veio beijar meu pescoço, seus seios tão perto de mim que quase me machucava não poder tocá-los.
— Nada disso. Esse não foi o combinado.
— Por favor — supliquei quando seus lábios roçaram os meus. — Eu quero te comer bem gostoso.
— Você está me comendo bem gostoso — retrucou.
— Não, você não entendeu... — Suspirei, fechando os olhos quando sua mão massageou entre minhas pernas.
— Entendi perfeitamente, só não concordo. Hoje você é meu assim, e você vai gozar do jeitinho que eu quiser.
— Porra, quando foi que eu arrumei uma mulher teimosa assim?
— Há um ano, quando fez um trato bem esquisito com uma doida aí. — Sorriu, sacana, ainda me masturbando, me levando ao delírio com aquela mão de unhas perfeitas. Um gemido rouco escapou pela minha garganta.
— Então senta na minha cara.
— O quê?
— Senta na minha cara, porra. Aqui. — Afastei meus cotovelos o máximo que consegui com as mãos presas. riu.
— Você não presta.
O paraíso existe, o paraíso existe e se chama minha mulher sentada na minha cara, Deus queira que se algum dia eu morra, que seja assim, sendo sufocado por um par de coxas em minhas orelhas. gemia e tremia com tanta intensidade que meu pau latejava lá embaixo, abandonado por uma causa nobre, seu mel escorria pelo meu queixo e tudo que eu pensava era em fazer essa mulher gozar quantas vezes ela quisesse ou precisasse. Eu nunca enjoaria disso e posso até estar reclamando das algemas, mas nada no mundo me faz ficar com mais tesão do que as ideias que essa mulher tem, tanto de posições quanto de lugares. Agora, por exemplo, estávamos em uma cama de hotel, com a sacada aberta e uma tempestade horrível lá fora, a areia branca do Caribe há poucos metros de distância da calçada do nosso quarto e eu estava ali, deitado, algemado com seu quadril posicionado no meu rosto e chupando sua boceta tão gostoso que estava com medo que alguém pudesse vir até a nossa sacada perguntar se estava acontecendo algum crime hediondo.
Quando seu clímax chegou, , que não estava com o rosto virado para a parede porque a posição das minhas algemas não deixava, baixou o tronco e seu rosto praticamente encontrou meu pênis, ela o abocanhou com força, com uma paixão que me fez soltar um grunhido rouco que veio das profundezas do meu ser.
Não levou um minuto para ela me fazer gozar, não com a sua boca me chupando e a sua bunda empinada na direção do meu rosto sem que eu pudesse fazer absolutamente nada a não ser admirar.
Quando terminou, soltou minhas algemas e eu a agarrei com força, puxando-a para meu peito, selando nossas bocas.
— Isso foi bom pra caralho, Sr. .
— Sim, isso foi bom pra caralho, Sra. . — Beijei a testa de minha esposa. — Para onde vamos amanhã?
— É surpresa de lua-de-mel da companhia, foi que escolheu.
— Oh, merda.

FIM!

Nota da autora: Eu tinha prometido para mim mesma que só ia pegar uma música do álbum se ainda tivesse Juno ou Bed Chem livres quando eu fosse dar uma olhada na lista de músicas e adivinhem só, Juno estava lá prontinha para ser escolhida. É a minha música favorita do álbum, e dei o meu melhor, espero que tenham gostado tanto quanto eu adorei escrever.
Deixem aquele comentário gostoso, beijos <3