
Codificada por:
Calisto
Finalizada em: 18/05/2025
PRÓLOGO
Os raios solares atingiram os olhos e as bochechas de , fazendo-a despertar. Piscou lentamente, sentindo o corpo nu coberto apenas por um lençol de linho, e sorriu ao se recordar da noite anterior. Porém, seu sorriso morreu ao perceber o movimento ágil de alguém se vestindo.
se sentou na cama, encarando as costas nuas de Callum enquanto ele colocava a bota correndo, embora de forma silenciosa.
— Bom dia. Tentando escapar? — ela disse, a voz com um tom de humor.
Callum congelou no movimento, suas orelhas pontudas ficando esverdeadas. sempre achou aquilo um charme dos elfos, mas, naquele momento, a irritou. Ele se virou, gaguejando:
— Eu… Bem, eu…
A mulher fez sua expressão mais amável e compreensiva.
— Está tudo bem, pode falar comigo — ela respondeu, levantando-se da cama para alcançar o vestido que havia lançado no chão na noite passada.
Callum relaxou um pouco ao encará-la. Ela abriu um sorriso que ele mimetizou, receoso.
— Eu apenas… sinto que isso não está mais funcionando.
— Isso? — ela perguntou, cuidadosa e doce.
— É… nós dois.
engoliu em seco toda a raiva. No dia anterior, ele lhe fizera milhares de juras e se devotara ao seu corpo, e agora isso? Mesmo assim, ela continuou sorrindo.
— Se não está se sentindo bem, não devemos insistir.
Um grande peso pareceu deixar as costas do elfo, que se levantou, as calças ainda meio frouxas, para contornar a cama e segurar as mãos dela.
— , eu sempre soube que você era madura e compreensiva. Muito obrigado. Você não fez nada de errado, sabe? Não é você, sou eu.
Ela conteve o revirar de olhos e apertou a mão de Callum com gentileza. Então, saiu do quarto, caminhando para a cozinha.
— Tenho que ir para o mercado hoje. Gostaria de comer algo antes de partir? Posso fazer as suas panquecas favoritas, como uma despedida dos nossos quatro meses juntos.
Os olhos dele brilharam como os de uma criança aceitando felizmente doces.
— Com geleia de morango?
— Feita ontem mesmo — ela respondeu, piscando alegremente para ele, antes de se virar para a pilha de lenhas e selecionar algumas para aquecer o fogão.
— Fico feliz que estejamos bem. Puxa, passei o mês inteiro pensando em como te falar isso.
A mão dela parou de bater a massa por apenas um milissegundo antes de ela responder:
— Por que não falou antes, Callum? Sou só eu.
— Eu esqueci quão diferente das outras mulheres você é, só isso. Você é… um pouco demais, , pode assustar.
Ela deu uma risadinha, dessa vez sem precisar forçar.
— Entendo, namorar alguém que trabalha para o rei deve ser muita pressão.
— Exatamente! — Ele soltou uma risada. — Não é nada pessoal, entende?
— Claro que sim! Então, você vai trabalhar hoje? — ela perguntou, enquanto despejava a massa na frigideira.
— Hoje não. Decidi tirar uma semana de folga, visitar a vila e meus pais. Twyla disse que estava sentindo a minha falta.
Twyla. Ah, a doce ex-namorada Twyla. Era claro que ela também estava envolvida.
— Que ótimo, fará bem a você — respondeu, colocando as panquecas ferventes em um prato.
A mulher então ficou na ponta dos pés para pegar o frasco de geleia. Ela encarou no armário, vendo que havia dois potes. Deu uma última olhada em Callum, que olhava para a floresta por sua janela. Ela sentiria falta dele. Sentiria, se ele não tivesse citado a ex.
Então, ela pegou o pote da direita.
— Bom apetite! — Ela serviu as panquecas na mesa de madeira, despejando geleia por cima, abrindo um grande sorriso, antes de começar a cantarolar uma canção.
— Você é a melhor, — ele exclamou, antes de segurar uma panqueca com as mãos e enfiá-la por inteiro na boca.
— Eu sei — ela disse, sorrindo, quando percebeu que ele havia engolido tudo.
Então, a cor esverdeada começou a sumir do rosto de Callum, substituída por um pálido preocupante. Os olhos dele se arregalaram e gotas de suor começaram a escorrer de seu rosto.
— … Não estou me sentindo bem.
Mas ela o ignorou, o sorriso ainda no rosto, cantarolando sua canção enquanto mordiscava um pedaço sem geleia da sua panqueca.
— Eu de fato sou a melhor.
Então, ela ergueu os olhos, sabendo que era hora de sua parte favorita.
O corpo voltou a ficar esverdeado, mas agora em um tom mais forte, conforme rugas surgiram por toda a pele. Callum abriu a boca, provavelmente para gritar, mas tudo o que saiu foi um coaxar. Em um segundo, um elfo estava na sua frente. No seguinte, só restava uma pequena rã assustada.
se agachou e segurou o pequeno animal paralisado antes que ele decidisse fugir. A rã estava molenga e assustada em suas mãos, assim como o elfo medroso que havia sido até pouco tempo.
— Que sorte, precisava reabastecer meu estoque de pernas de rã.
se sentou na cama, encarando as costas nuas de Callum enquanto ele colocava a bota correndo, embora de forma silenciosa.
— Bom dia. Tentando escapar? — ela disse, a voz com um tom de humor.
Callum congelou no movimento, suas orelhas pontudas ficando esverdeadas. sempre achou aquilo um charme dos elfos, mas, naquele momento, a irritou. Ele se virou, gaguejando:
— Eu… Bem, eu…
A mulher fez sua expressão mais amável e compreensiva.
— Está tudo bem, pode falar comigo — ela respondeu, levantando-se da cama para alcançar o vestido que havia lançado no chão na noite passada.
Callum relaxou um pouco ao encará-la. Ela abriu um sorriso que ele mimetizou, receoso.
— Eu apenas… sinto que isso não está mais funcionando.
— Isso? — ela perguntou, cuidadosa e doce.
— É… nós dois.
engoliu em seco toda a raiva. No dia anterior, ele lhe fizera milhares de juras e se devotara ao seu corpo, e agora isso? Mesmo assim, ela continuou sorrindo.
— Se não está se sentindo bem, não devemos insistir.
Um grande peso pareceu deixar as costas do elfo, que se levantou, as calças ainda meio frouxas, para contornar a cama e segurar as mãos dela.
— , eu sempre soube que você era madura e compreensiva. Muito obrigado. Você não fez nada de errado, sabe? Não é você, sou eu.
Ela conteve o revirar de olhos e apertou a mão de Callum com gentileza. Então, saiu do quarto, caminhando para a cozinha.
— Tenho que ir para o mercado hoje. Gostaria de comer algo antes de partir? Posso fazer as suas panquecas favoritas, como uma despedida dos nossos quatro meses juntos.
Os olhos dele brilharam como os de uma criança aceitando felizmente doces.
— Com geleia de morango?
— Feita ontem mesmo — ela respondeu, piscando alegremente para ele, antes de se virar para a pilha de lenhas e selecionar algumas para aquecer o fogão.
— Fico feliz que estejamos bem. Puxa, passei o mês inteiro pensando em como te falar isso.
A mão dela parou de bater a massa por apenas um milissegundo antes de ela responder:
— Por que não falou antes, Callum? Sou só eu.
— Eu esqueci quão diferente das outras mulheres você é, só isso. Você é… um pouco demais, , pode assustar.
Ela deu uma risadinha, dessa vez sem precisar forçar.
— Entendo, namorar alguém que trabalha para o rei deve ser muita pressão.
— Exatamente! — Ele soltou uma risada. — Não é nada pessoal, entende?
— Claro que sim! Então, você vai trabalhar hoje? — ela perguntou, enquanto despejava a massa na frigideira.
— Hoje não. Decidi tirar uma semana de folga, visitar a vila e meus pais. Twyla disse que estava sentindo a minha falta.
Twyla. Ah, a doce ex-namorada Twyla. Era claro que ela também estava envolvida.
— Que ótimo, fará bem a você — respondeu, colocando as panquecas ferventes em um prato.
A mulher então ficou na ponta dos pés para pegar o frasco de geleia. Ela encarou no armário, vendo que havia dois potes. Deu uma última olhada em Callum, que olhava para a floresta por sua janela. Ela sentiria falta dele. Sentiria, se ele não tivesse citado a ex.
Então, ela pegou o pote da direita.
— Bom apetite! — Ela serviu as panquecas na mesa de madeira, despejando geleia por cima, abrindo um grande sorriso, antes de começar a cantarolar uma canção.
— Você é a melhor, — ele exclamou, antes de segurar uma panqueca com as mãos e enfiá-la por inteiro na boca.
— Eu sei — ela disse, sorrindo, quando percebeu que ele havia engolido tudo.
Então, a cor esverdeada começou a sumir do rosto de Callum, substituída por um pálido preocupante. Os olhos dele se arregalaram e gotas de suor começaram a escorrer de seu rosto.
— … Não estou me sentindo bem.
Mas ela o ignorou, o sorriso ainda no rosto, cantarolando sua canção enquanto mordiscava um pedaço sem geleia da sua panqueca.
— Eu de fato sou a melhor.
Então, ela ergueu os olhos, sabendo que era hora de sua parte favorita.
O corpo voltou a ficar esverdeado, mas agora em um tom mais forte, conforme rugas surgiram por toda a pele. Callum abriu a boca, provavelmente para gritar, mas tudo o que saiu foi um coaxar. Em um segundo, um elfo estava na sua frente. No seguinte, só restava uma pequena rã assustada.
se agachou e segurou o pequeno animal paralisado antes que ele decidisse fugir. A rã estava molenga e assustada em suas mãos, assim como o elfo medroso que havia sido até pouco tempo.
— Que sorte, precisava reabastecer meu estoque de pernas de rã.
CAPÍTULO UM
reorganizava o seu estoque, fazendo sua contagem diária antes de encerrar as atividades do dia quando escutou o sino da porta anunciar alguém.
Não foi surpresa se virar e encontrar Pandora chegando junto com a escuridão da noite. A vampira abriu um sorriso.
— Achei que já havia ido embora.
A bruxa imitou a espressão feliz da amiga enquanto estalava os dedos, acendendo as chamas das velas da loja.
— Precisava terminar de arrumar o estoque.
Era mentira. nunca ia embora antes de escurecer justamente para que pudesse ver Pandora.
A vampira se jogou na poltrona vermelha que sempre ocupava, da mesma cor de seus olhos, e Circe, a gatinha preta de , logo veio se esfregar em sua perna, reconhecendo o cheiro da visitante.
— Olá, coisa linda — Pandora disse, a voz doce feita para falar com o bichano.
— Vinho?
— Você sabe que sim.
pegou as duas taças e serviu o vinho tinto, pingando três gotas da sua poção da juventude na sua.
— À sua poção — Pandora falou.
— À sua maldição — completou, a resposta na ponta da língua depois de tantos anos.
A bruxa se sentou em um banco perto dos livros de feitiçaria e da poltrona vermelha. Circe imediatamente veio ronronando para seu colo.
— Nossa, eu estava precisando disso — Pandora resmungou depois de um longo gole.
— Charlie?
— Charlie — Pandora confirmou, resmungando.
— O que ela fez dessa vez?
— Decidiu se envolver com um Orc. Um Orc, ! Se meu pai estivesse vivo, já teria a matado.
— Melhor do que a fase dela com sereias, não?
— Eu preferia as sereias — Pandora reclamou, apoiando a testa na mão, cansada. — Como alguém de 143 anos pode ser tão imprudente? Namorar um monstro? Pelos espíritos!
— Tem quem diga isso dos vampiros — tentou ponderar.
— É, mas não assamos ninguém nas fogueiras quando nos convém. Só damos mordiscadinhas e matamos apenas quem merece.
— Sim, eu li o artigo sobre direitos dos vampiros que você republicou essa semana.
— Eu amo esse trabalho. A cada vinte anos, ele precisa ser relembrado.
— E você está certa. Mas relaxa, você sabe que Charlie consegue se cuidar.
— Eu sei, eu sei, mas ela me tira do sério.
— Quer que eu a transforme em um besouro? — perguntou, acariciando o pelo macio de Circe. Sentia a poção entrando em seu sangue e sua respiração saía mais leve.
— Não quero. Eu a odeio, mas eu a amo também. Não vou fazer que nem você e seus namorados.
— Se você diz…
— Inclusive, por onde anda o Callum?
olhou para o teto, então para Circe, então para suas poções empilhadas, e começou a enrolar uma mecha de seu cabelo rosa claro no seu indicador. Claro que Pandora, sendo sua amiga há mais de um século, não demorou para entender.
— ! O que ele fez?
— Disse que nós não estávamos mais funcionando — respondeu, manhosa.
— Hm, e o que mais?
— Que queria reencontrar Twyla.
— A ex dele?! — Pandora se levantou da poltrona, indignada.
— A própria.
— E cadê ele agora?
— Para a cidade? Voltou para a vila dos elfos da terra. Para a família? Trabalhando. Pra você? — abriu um sorriso cruel. — As pernas estão na poção de sono de Rosemary. Os olhos estão no estoque.
— E o resto?
— Eu nunca desperdiço um bom caldo de rã. — deu de ombros.
— Você é terrível.
— Sou apenas prática. Eu preciso de ingredientes, e o mundo precisa de menos homens sendo… bom, homens.
Pandora sacudiu a cabeça, mas escondia um sorrisinho. Seus olhos vermelhos encararam a taça vazia da amiga.
— Mais vinho?
— Não posso. Amanhã bem cedo a carruagem do rei vai estar na minha porta.
— Você já parte amanhã?!
— Sim, já deixei tudo organizado para ficar um mês fora. — indicou a bancada perfeitamente organizada aos fundos.
— Quem diria que o pirralho do príncipe já estaria na idade para ser treinado por você.
— Pois é. Você se lembra dele, Dora? Só consigo pensar numa criancinha chorando no canto porque um inseto morreu.
— Era o inseto de estimação dele, não?
— Sim, o inseto de estimação do nosso futuro rei — resmungou, então estalou o pescoço. — Estou começando a ficar velha para essa história de treinar os próximos governantes.
— Então passe a função para uma das meninas. Lilith está pronta.
— Ainda não. Mas pretendo levá-la comigo dessa vez, se ela se sair bem, vou deixar que assuma daqui a uns 30 anos o próximo herdeiro.
— A histórica bruxa conselheira se aposentando? Não achei que viveria o suficiente para ver — Pandora disse.
— Você vai viver pra sempre! E eu não posso fazer isso pra sempre — resmungou.
Mas era mentira. Ela era extremamente importante para todo o reino, sabia que os governantes implorariam para que ela ficasse. E ela gostava quando os humanos imploravam.
Pandora pegou a taça da mão dela e, antes que pudesse reclamar, esta já estava cheia de vinho.
— Eu te disse que não posso.
— Para de desculpa! Eu sei que você tem um excelente antídoto para ressaca, isso é brincadeira pra você.
— É mesmo — respondeu, dando de ombros. — À sua maldição.
— À sua poção.
✨
O sol já se punha no horizonte quando a bruxa começou a reconhecer as terras do reino. espiou pela cortina da carruagem. Ao longe, no alto da montanha e cercado por florestas e vilas, ela já conseguia avistar o Castelo de Elwyn. Mesmo depois de 150 anos visitando o castelo, ela se sentia impressionada, toda vez. Mesmo sem nenhuma magia, os humanos conseguiam construir coisas lindas.
, porém, admirava apenas em sua cabeça, não demonstrando suas emoções na frente de sua aprendiz, Lilith. Essa, por sua vez, espiava a paisagem com seus olhos lilases curiosos e alegres. Tinha apenas 18 anos, mas era a maior prodígio desde o nascimento da própria .
Quando a carruagem freou, a bruxa esperou o criado abrir a porta e lhe oferecer a mão enquanto ela descia. Não podia deixar de perceber que, embora tentasse manter a cabeça baixa, não parava de relanceá-la, maravilhado. Ela segurou uma risadinha, enquanto discretamente ajustava o vestido comprido rosa no tom de seus cabelos, com tecido leve e mangas compridas que se alargavam perto de seus punhos. Em sua cabeça, ostentava um diadema prateado enfeitado de pedras da lua, presente do rei Arathorn, oferecido há mais de um século. Apesar de não ostentar uma coroa como uma rainha, o diadema mostrava que não estava tão longe disso.
Lilith estava corada da atenção que as duas estavam recebendo e se apressou em seguir atrás da mais velha enquanto elas cruzavam os arcos de entrada do grande castelo. Esperaram até o aviso de sua chegada ser enviado. Dois guardas, então, abriram as estrondosas portas para o conhecido salão de mármore em que ficavam os tronos, ocupados pelo rei Andrew e a rainha Katherine.
Quando as duas já haviam avançado o suficiente, as bruxas se abaixaram em uma perfeita reverência aos seus governantes.
— Majestades — disseram, em uníssono.
— Senhoras, agradeço por atenderem o meu chamado e se deslocarem tão rapidamente.
— Sempre ao seu dispor, Majestade — respondeu, com um pequeno sorriso, que foi retribuído por Andrew. Por Deus, havia visto aquele homem de fraldas.
— Seus quartos foram preparados e esperamos que a estadia das senhoras sejam de seu agrado — a rainha Katherine falou, com sua voz doce. Aquela voz que fizera aprovar o casamento real. — estará preparado ao amanhecer na clareira amanhã, como solicitado.
— Agora, por favor, pedimos que descansem. Terão um longo trabalho a ser feito e não queremos tomar seu precioso tempo.
Ambas fizeram mais uma reverência antes de saírem da sala do trono, guiadas por dois guardas para dentro dos suntuosos corredores do castelo.
Elas foram guiadas até a ala real, a conhecia muito bem de visitas passadas. Lilith recebeu um quarto bem no início da ala e se despediu, maravilhada, enquanto adentrava nele. continuou seguindo os guardas mais à frente. Quando reconheceu as portas do quarto do rei, da rainha e dos filhos, o guarda enfim apontou para o quarto mais próximo possível.
— Seus aposentos, Milady.
— Obrigada.
entrou naquele quarto e, assim que fechou a porta, começou a analisar se o cômodo ainda estava como se lembrava.
Apesar de claramente ter passado por umas faxinas necessárias, o quarto ainda estava intacto. As prateleiras estavam com alguns lindos exemplares de livros de magia na linguagem da Natureza que apenas as bruxas poderiam entender, além de conterem potes dos mais variados ingredientes que pudesse precisar à sua disposição. E o estoque real era muito amplo. encarava um pote repleto de partículas douradas se perguntando quando havia sido a última vez que tivera acesso a pó estelar.
A bruxa abriu a porta que dava para a longa varanda. O vento fresco atingiu seu rosto enquanto ela olhava para o céu. Lua minguante. Isso ajudaria bastante a aula do dia seguinte.
Voltando para dentro, encontrou suas coisas ao pé da cama. Abriu a mala e pegou o espelho de prata, junto com uma poção pequena e transparente. Pingou 3 gotas e voltou para a varanda enquanto a poção fazia efeito. O reflexo sumiu e foi substituído pela imagem de uma vampira de cabelos pretos e olhos vermelhos, que estava passando batom.
Os olhos de Pandora se arregalaram e ela soltou um gritinho.
— Pelos espíritos, , eu nunca vou me acostumar com isso!
— Eu já inventei a poção há 40 anos. Está na hora de se acostumar, não?
— Nunca — a amiga respondeu, sacudindo a cabeça. Então, começou a espiar com mais atenção o entorno de . — Ah, seu quarto parece um sonho! Nunca sentiu vontade de aceitar a oferta do Rei e se mudar definitivamente para Elwyn?
— Às vezes — a bruxa confessou. — Mas gosto demais de trabalhar no mercado e da minha pequena cabana em Brys.
— Mas você poderia continuar criando as poções e vendendo do palácio.
— Isso não vem ao caso — desconversou. — Lilith está tão contente, é uma graça. Ela se impressiona com tudo.
— Ela é a melhor aprendiz que você já teve — Pandora concordou.
— Mal posso esperar para ver a reação dela quando estiver frente a frente com um príncipe desajeitado.
— Você precisa me contar todos os detalhes.
— Vou te ligar todas as noites.
— Vou tentar não me assustar todas as vezes.
gargalhou e caminhou de volta para a varanda, apoiando os cotovelos no extremo de mármore, espiando a parte de baixo. Continuou conversando com Dora sobre o trajeto e sobre como ela estava, mas sua mente frequentemente desviava para o dia seguinte. Algo no ar a informava que tudo estava para mudar.
Não foi surpresa se virar e encontrar Pandora chegando junto com a escuridão da noite. A vampira abriu um sorriso.
— Achei que já havia ido embora.
A bruxa imitou a espressão feliz da amiga enquanto estalava os dedos, acendendo as chamas das velas da loja.
— Precisava terminar de arrumar o estoque.
Era mentira. nunca ia embora antes de escurecer justamente para que pudesse ver Pandora.
A vampira se jogou na poltrona vermelha que sempre ocupava, da mesma cor de seus olhos, e Circe, a gatinha preta de , logo veio se esfregar em sua perna, reconhecendo o cheiro da visitante.
— Olá, coisa linda — Pandora disse, a voz doce feita para falar com o bichano.
— Vinho?
— Você sabe que sim.
pegou as duas taças e serviu o vinho tinto, pingando três gotas da sua poção da juventude na sua.
— À sua poção — Pandora falou.
— À sua maldição — completou, a resposta na ponta da língua depois de tantos anos.
A bruxa se sentou em um banco perto dos livros de feitiçaria e da poltrona vermelha. Circe imediatamente veio ronronando para seu colo.
— Nossa, eu estava precisando disso — Pandora resmungou depois de um longo gole.
— Charlie?
— Charlie — Pandora confirmou, resmungando.
— O que ela fez dessa vez?
— Decidiu se envolver com um Orc. Um Orc, ! Se meu pai estivesse vivo, já teria a matado.
— Melhor do que a fase dela com sereias, não?
— Eu preferia as sereias — Pandora reclamou, apoiando a testa na mão, cansada. — Como alguém de 143 anos pode ser tão imprudente? Namorar um monstro? Pelos espíritos!
— Tem quem diga isso dos vampiros — tentou ponderar.
— É, mas não assamos ninguém nas fogueiras quando nos convém. Só damos mordiscadinhas e matamos apenas quem merece.
— Sim, eu li o artigo sobre direitos dos vampiros que você republicou essa semana.
— Eu amo esse trabalho. A cada vinte anos, ele precisa ser relembrado.
— E você está certa. Mas relaxa, você sabe que Charlie consegue se cuidar.
— Eu sei, eu sei, mas ela me tira do sério.
— Quer que eu a transforme em um besouro? — perguntou, acariciando o pelo macio de Circe. Sentia a poção entrando em seu sangue e sua respiração saía mais leve.
— Não quero. Eu a odeio, mas eu a amo também. Não vou fazer que nem você e seus namorados.
— Se você diz…
— Inclusive, por onde anda o Callum?
olhou para o teto, então para Circe, então para suas poções empilhadas, e começou a enrolar uma mecha de seu cabelo rosa claro no seu indicador. Claro que Pandora, sendo sua amiga há mais de um século, não demorou para entender.
— ! O que ele fez?
— Disse que nós não estávamos mais funcionando — respondeu, manhosa.
— Hm, e o que mais?
— Que queria reencontrar Twyla.
— A ex dele?! — Pandora se levantou da poltrona, indignada.
— A própria.
— E cadê ele agora?
— Para a cidade? Voltou para a vila dos elfos da terra. Para a família? Trabalhando. Pra você? — abriu um sorriso cruel. — As pernas estão na poção de sono de Rosemary. Os olhos estão no estoque.
— E o resto?
— Eu nunca desperdiço um bom caldo de rã. — deu de ombros.
— Você é terrível.
— Sou apenas prática. Eu preciso de ingredientes, e o mundo precisa de menos homens sendo… bom, homens.
Pandora sacudiu a cabeça, mas escondia um sorrisinho. Seus olhos vermelhos encararam a taça vazia da amiga.
— Mais vinho?
— Não posso. Amanhã bem cedo a carruagem do rei vai estar na minha porta.
— Você já parte amanhã?!
— Sim, já deixei tudo organizado para ficar um mês fora. — indicou a bancada perfeitamente organizada aos fundos.
— Quem diria que o pirralho do príncipe já estaria na idade para ser treinado por você.
— Pois é. Você se lembra dele, Dora? Só consigo pensar numa criancinha chorando no canto porque um inseto morreu.
— Era o inseto de estimação dele, não?
— Sim, o inseto de estimação do nosso futuro rei — resmungou, então estalou o pescoço. — Estou começando a ficar velha para essa história de treinar os próximos governantes.
— Então passe a função para uma das meninas. Lilith está pronta.
— Ainda não. Mas pretendo levá-la comigo dessa vez, se ela se sair bem, vou deixar que assuma daqui a uns 30 anos o próximo herdeiro.
— A histórica bruxa conselheira se aposentando? Não achei que viveria o suficiente para ver — Pandora disse.
— Você vai viver pra sempre! E eu não posso fazer isso pra sempre — resmungou.
Mas era mentira. Ela era extremamente importante para todo o reino, sabia que os governantes implorariam para que ela ficasse. E ela gostava quando os humanos imploravam.
Pandora pegou a taça da mão dela e, antes que pudesse reclamar, esta já estava cheia de vinho.
— Eu te disse que não posso.
— Para de desculpa! Eu sei que você tem um excelente antídoto para ressaca, isso é brincadeira pra você.
— É mesmo — respondeu, dando de ombros. — À sua maldição.
— À sua poção.
O sol já se punha no horizonte quando a bruxa começou a reconhecer as terras do reino. espiou pela cortina da carruagem. Ao longe, no alto da montanha e cercado por florestas e vilas, ela já conseguia avistar o Castelo de Elwyn. Mesmo depois de 150 anos visitando o castelo, ela se sentia impressionada, toda vez. Mesmo sem nenhuma magia, os humanos conseguiam construir coisas lindas.
, porém, admirava apenas em sua cabeça, não demonstrando suas emoções na frente de sua aprendiz, Lilith. Essa, por sua vez, espiava a paisagem com seus olhos lilases curiosos e alegres. Tinha apenas 18 anos, mas era a maior prodígio desde o nascimento da própria .
Quando a carruagem freou, a bruxa esperou o criado abrir a porta e lhe oferecer a mão enquanto ela descia. Não podia deixar de perceber que, embora tentasse manter a cabeça baixa, não parava de relanceá-la, maravilhado. Ela segurou uma risadinha, enquanto discretamente ajustava o vestido comprido rosa no tom de seus cabelos, com tecido leve e mangas compridas que se alargavam perto de seus punhos. Em sua cabeça, ostentava um diadema prateado enfeitado de pedras da lua, presente do rei Arathorn, oferecido há mais de um século. Apesar de não ostentar uma coroa como uma rainha, o diadema mostrava que não estava tão longe disso.
Lilith estava corada da atenção que as duas estavam recebendo e se apressou em seguir atrás da mais velha enquanto elas cruzavam os arcos de entrada do grande castelo. Esperaram até o aviso de sua chegada ser enviado. Dois guardas, então, abriram as estrondosas portas para o conhecido salão de mármore em que ficavam os tronos, ocupados pelo rei Andrew e a rainha Katherine.
Quando as duas já haviam avançado o suficiente, as bruxas se abaixaram em uma perfeita reverência aos seus governantes.
— Majestades — disseram, em uníssono.
— Senhoras, agradeço por atenderem o meu chamado e se deslocarem tão rapidamente.
— Sempre ao seu dispor, Majestade — respondeu, com um pequeno sorriso, que foi retribuído por Andrew. Por Deus, havia visto aquele homem de fraldas.
— Seus quartos foram preparados e esperamos que a estadia das senhoras sejam de seu agrado — a rainha Katherine falou, com sua voz doce. Aquela voz que fizera aprovar o casamento real. — estará preparado ao amanhecer na clareira amanhã, como solicitado.
— Agora, por favor, pedimos que descansem. Terão um longo trabalho a ser feito e não queremos tomar seu precioso tempo.
Ambas fizeram mais uma reverência antes de saírem da sala do trono, guiadas por dois guardas para dentro dos suntuosos corredores do castelo.
Elas foram guiadas até a ala real, a conhecia muito bem de visitas passadas. Lilith recebeu um quarto bem no início da ala e se despediu, maravilhada, enquanto adentrava nele. continuou seguindo os guardas mais à frente. Quando reconheceu as portas do quarto do rei, da rainha e dos filhos, o guarda enfim apontou para o quarto mais próximo possível.
— Seus aposentos, Milady.
— Obrigada.
entrou naquele quarto e, assim que fechou a porta, começou a analisar se o cômodo ainda estava como se lembrava.
Apesar de claramente ter passado por umas faxinas necessárias, o quarto ainda estava intacto. As prateleiras estavam com alguns lindos exemplares de livros de magia na linguagem da Natureza que apenas as bruxas poderiam entender, além de conterem potes dos mais variados ingredientes que pudesse precisar à sua disposição. E o estoque real era muito amplo. encarava um pote repleto de partículas douradas se perguntando quando havia sido a última vez que tivera acesso a pó estelar.
A bruxa abriu a porta que dava para a longa varanda. O vento fresco atingiu seu rosto enquanto ela olhava para o céu. Lua minguante. Isso ajudaria bastante a aula do dia seguinte.
Voltando para dentro, encontrou suas coisas ao pé da cama. Abriu a mala e pegou o espelho de prata, junto com uma poção pequena e transparente. Pingou 3 gotas e voltou para a varanda enquanto a poção fazia efeito. O reflexo sumiu e foi substituído pela imagem de uma vampira de cabelos pretos e olhos vermelhos, que estava passando batom.
Os olhos de Pandora se arregalaram e ela soltou um gritinho.
— Pelos espíritos, , eu nunca vou me acostumar com isso!
— Eu já inventei a poção há 40 anos. Está na hora de se acostumar, não?
— Nunca — a amiga respondeu, sacudindo a cabeça. Então, começou a espiar com mais atenção o entorno de . — Ah, seu quarto parece um sonho! Nunca sentiu vontade de aceitar a oferta do Rei e se mudar definitivamente para Elwyn?
— Às vezes — a bruxa confessou. — Mas gosto demais de trabalhar no mercado e da minha pequena cabana em Brys.
— Mas você poderia continuar criando as poções e vendendo do palácio.
— Isso não vem ao caso — desconversou. — Lilith está tão contente, é uma graça. Ela se impressiona com tudo.
— Ela é a melhor aprendiz que você já teve — Pandora concordou.
— Mal posso esperar para ver a reação dela quando estiver frente a frente com um príncipe desajeitado.
— Você precisa me contar todos os detalhes.
— Vou te ligar todas as noites.
— Vou tentar não me assustar todas as vezes.
gargalhou e caminhou de volta para a varanda, apoiando os cotovelos no extremo de mármore, espiando a parte de baixo. Continuou conversando com Dora sobre o trajeto e sobre como ela estava, mas sua mente frequentemente desviava para o dia seguinte. Algo no ar a informava que tudo estava para mudar.
CAPÍTULO DOIS
observou o céu começar a clarear pela copa das árvores enquanto ela e Lilith caminhavam pelas florestas que cercavam a propriedade. Usava botas de couro que combinavam com o vestido verde musgo e o corset marrom. O cabelo estava preso em um rabo de cavalo e a bruxa estava consideravelmente mais simples que no dia anterior, mas não menos impressionante, com a capa preta pendurada em suas costas.
Quando as duas chegaram na clareira, percebeu os três sentinelas e soube que o príncipe já havia chegado. De fato, havia um único homem que não usava o uniforme oficial. Usava roupas e botas de qualidade superior, e se isso não fosse o suficiente para indicar sua posição, ela percebeu em suas mãos, que estavam juntas em suas costas, o anel com a insígnia real.
— Bom dia, Alteza — falou, anunciando sua chegada.
No mesmo momento, os três sentinelas se viraram, junto com o príncipe. Por um segundo, o ar escapou de .
Achava os humanos muito sem graça, não tinham cabelos nem pele nem olhos coloridos, as orelhas eram redondas, tudo neles era em tons de bege e marrom. Porém, de alguma forma, a pele levemente bronzeada de , junto com os cachos castanhos que caíam em seu rosto, a barba da mesma cor, a deixaram desconcertada. E os olhos… olhos castanhos como uma linda semente, intensos como a lenha queimando lentamente…
Ao seu lado, Lilith faz uma reverência, despertando-a daquele sentimento tão… incomum. Inclinou a cabeça de leve e desviou o olhar para os sentinelas, tentando recompor a calma.
— Retornem em uma hora.
Os homens olharam para seu príncipe, que acenou rapidamente com a mão, dispensando-os. observou a compostura dele, curiosa. Com a fácil mortalidade dos humanos, geralmente treinava os príncipes no fim de sua adolescência, início da vida adulta, porém parecia estar perto dos 30. Devia ser por isso que estava estranhando a aparência dele.
Com os sentinelas distantes, fez um sinal para Lilith se aproximar.
— Certo, não temos muito tempo antes de o sol nascer, então serei breve. Sou a grande maga, de Brys, e serei a responsável por seu treinamento em um mês. Esta é minha assistente, Lilith de Brys.
— É um prazer, Alteza — Lilith disse, com um sorriso doce.
— Sua Alteza foi preparado pelos melhores mestres nos quesitos políticos, intelectuais e de etiquetas — continuou, encarando-o. — E para manter esse padrão, minha presença foi solicitada. Sua Alteza sabe o que iremos aprender?
— Ocultismo — ele respondeu, e algo no tom do príncipe incomodou profundamente.
— Aprenderemos os princípios da magia — ela o corrigiu. — Afinal, apesar de reinar sobre os humanos, compartilha território com várias criaturas mágicas, e é chegada a hora de conhecê-las. Vamos?
olhou para o céu, então para a terra, voltou a encarar algumas árvores, até que suspirou e fez um pequeno aceno com a cabeça.
O sangue de ferveu. Estaria o príncipe fazendo pouco caso de seus ensinamentos? Ela de fato estava precisando se aposentar.
Depois de caminharem por cinco minutos, os três alcançaram um terreno extremamente florido, tomado de cores rosas, amarelas e brancas. Os primeiros raios do sol começaram a se espreguiçar no horizonte. sorriu rapidamente.
— Observe.
Assim que os raios atingiram as flores, pequenos brilhos começaram a surgir nas pétalas. Eram partículas quase tão minúsculas que, para alguém sem um olhar atento, poderia ser ignorado.
— São lindas, não? — disse, sem ar.
Mas, quando olhou para o lado, mal olhava para as flores.
Seu rosto se fechou.
— Lilith, explique à Sua Alteza.
A ajudante arregalou os olhos.
— Eu, senhora?
— Sim, você. Sei que é capaz. — sorriu, encorajando-a, embora quisesse fechar a cara e sacudir o príncipe.
A aprendiz sorriu, então pigarreou, assumindo uma postura mais séria.
— Essas pequenas partículas que você está vendo são as fadas do campo. Elas gostam de dormir nas flores e absorvem a luz do sol nascente, o único momento do dia em que podem ser vistas. É de suprema importância garantir o cuidado com suas flores, pois as fadas são muito importantes na criação dos frutos e distribuição das sementes.
abriu um sorriso orgulhoso para a ajudante, que tinha as bochechas coradas, então relanceou . O príncipe, por sua vez, franziu a testa.
— Não estamos caindo em uma ilusão de ótica? Criando lendas em cima de coisas que achamos bonitas e não sabemos explicar?
O gelo atingiu o estômago da bruxa. Quem ele pensava que era?!
— Pois veja por si mesmo, Alteza.
Em um movimento com as mãos, o orvalho das folhas se reuniram na mão de , formando uma esfera um pouco maior que uma maçã. Com cuidado, ela manipulou a água para a frente de uma flor, utilizando de seu efeito como uma lente de aumento.
— Veja.
Por meio da água, agora era possível ver olhos bulbosos e asas brilhantes em um corpo esguio e minúsculo. Pequenas antenas enfeitavam a cabeça das fadas que, com interesse, olhavam para eles por meio da bolha.
encarou o príncipe com expectativa. Em Brys, não costumava lidar com muitos céticos, mas já os havia conhecido em seus muitos anos de vida.
— Parecem insetos — o príncipe por fim falou.
A bruxa se esforçou para manter uma aparência minimamente simpática.
— Tome cuidado para nunca ofender as fadas, ou somente comerá frutas podres pelo resto da vida — Lilith disse, tentando espiar também pela grande gota de orvalho.
parecia querer revidar. Seus olhos não demonstravam beleza ou encantamento como os olhos das duas bruxas, nem ao menos confusão. Neles, só podia ler resolução absoluta. Parecendo cansado, o príncipe apenas concordou com a cabeça, sem dizer mais nada.
Enquanto permitia que Lilith continuasse conduzindo o treinamento, percebeu que aqueles dias seriam muito, muito difíceis.
✨
— Chamou as pobres fadas de ilusão de ótica, Dora! Temo que ele seja um caso perdido.
Por meio do espelho, percebia a cara de indignação da amiga enquanto ajustava algumas pinhas no cabelo, tentando ajeitar os cachos para mais tarde.
— Acho que nunca havia escutado falar de um príncipe cético sobre seu próprio povo.
— Por isso gosto de treiná-los mais novos, quando o coração humano ainda não foi corrompido. E tem mais!
— Mais? — Dora arregalou os olhos.
— Tenho certeza de que há algum problema com ele no departamento sexual.
— Que escândalo! Por que diz isso?
— Porque — se apoiou no balcão, deixando os raios solares aquecerem suas costas — ele mal olhou para mim. E, quando olhava, era do pescoço para cima! Pelos espíritos, eu estava com meu corset marrom! Meus seios estavam lindos e ele não abaixou o olhar nenhuma vez! — A bruxa praticamente berrava. — O avô dele me pediu em casamento, Dora! O pai dele demorou duas semanas para parar de corar quando me via! Ele com certeza só se envolve com homens.
— Isso complicará sua função de arrumar uma esposa para ele, não?
— Não, ele pode ser um grande imbecil, mas ainda cumprirá sua função com alguma princesa de um reino distante. Basta engravidá-la duas vezes, por garantia, e depois viver em paz com seus amantes.
passou a mão no rosto. Tinha que começar a analisar a lista do baile de boas vindas.
— Você parece bem estressada, tem certeza de que está bem? — Dora arregalou seus olhos vermelhos, preocupada.
— Estou sim, mas decidi só irei cumprir essa última função com o rei e me aposentar. Lilith se saiu muito bem hoje.
— Fico feliz. Você merece descansar.
— Parece que vai ser a última coisa que vou fazer nesse próximo mês — lamuriou.
— Ah, pare com essa autopiedade. — Pandora revirou os olhos. — Vamos, já cansei da sua cara irritada. Me mostre o sol, sabe que não posso ter esse luxo muitas vezes.
suspirou, mas virou o espelho, escutando o arquejo da amiga. Era sempre assim. No entanto, estava feliz que a vampira estivesse distraída. A última coisa que queria era que a amiga pudesse perceber quão mexida havia ficado com o príncipe, e não só por sua grosseria.
Quando as duas chegaram na clareira, percebeu os três sentinelas e soube que o príncipe já havia chegado. De fato, havia um único homem que não usava o uniforme oficial. Usava roupas e botas de qualidade superior, e se isso não fosse o suficiente para indicar sua posição, ela percebeu em suas mãos, que estavam juntas em suas costas, o anel com a insígnia real.
— Bom dia, Alteza — falou, anunciando sua chegada.
No mesmo momento, os três sentinelas se viraram, junto com o príncipe. Por um segundo, o ar escapou de .
Achava os humanos muito sem graça, não tinham cabelos nem pele nem olhos coloridos, as orelhas eram redondas, tudo neles era em tons de bege e marrom. Porém, de alguma forma, a pele levemente bronzeada de , junto com os cachos castanhos que caíam em seu rosto, a barba da mesma cor, a deixaram desconcertada. E os olhos… olhos castanhos como uma linda semente, intensos como a lenha queimando lentamente…
Ao seu lado, Lilith faz uma reverência, despertando-a daquele sentimento tão… incomum. Inclinou a cabeça de leve e desviou o olhar para os sentinelas, tentando recompor a calma.
— Retornem em uma hora.
Os homens olharam para seu príncipe, que acenou rapidamente com a mão, dispensando-os. observou a compostura dele, curiosa. Com a fácil mortalidade dos humanos, geralmente treinava os príncipes no fim de sua adolescência, início da vida adulta, porém parecia estar perto dos 30. Devia ser por isso que estava estranhando a aparência dele.
Com os sentinelas distantes, fez um sinal para Lilith se aproximar.
— Certo, não temos muito tempo antes de o sol nascer, então serei breve. Sou a grande maga, de Brys, e serei a responsável por seu treinamento em um mês. Esta é minha assistente, Lilith de Brys.
— É um prazer, Alteza — Lilith disse, com um sorriso doce.
— Sua Alteza foi preparado pelos melhores mestres nos quesitos políticos, intelectuais e de etiquetas — continuou, encarando-o. — E para manter esse padrão, minha presença foi solicitada. Sua Alteza sabe o que iremos aprender?
— Ocultismo — ele respondeu, e algo no tom do príncipe incomodou profundamente.
— Aprenderemos os princípios da magia — ela o corrigiu. — Afinal, apesar de reinar sobre os humanos, compartilha território com várias criaturas mágicas, e é chegada a hora de conhecê-las. Vamos?
olhou para o céu, então para a terra, voltou a encarar algumas árvores, até que suspirou e fez um pequeno aceno com a cabeça.
O sangue de ferveu. Estaria o príncipe fazendo pouco caso de seus ensinamentos? Ela de fato estava precisando se aposentar.
Depois de caminharem por cinco minutos, os três alcançaram um terreno extremamente florido, tomado de cores rosas, amarelas e brancas. Os primeiros raios do sol começaram a se espreguiçar no horizonte. sorriu rapidamente.
— Observe.
Assim que os raios atingiram as flores, pequenos brilhos começaram a surgir nas pétalas. Eram partículas quase tão minúsculas que, para alguém sem um olhar atento, poderia ser ignorado.
— São lindas, não? — disse, sem ar.
Mas, quando olhou para o lado, mal olhava para as flores.
Seu rosto se fechou.
— Lilith, explique à Sua Alteza.
A ajudante arregalou os olhos.
— Eu, senhora?
— Sim, você. Sei que é capaz. — sorriu, encorajando-a, embora quisesse fechar a cara e sacudir o príncipe.
A aprendiz sorriu, então pigarreou, assumindo uma postura mais séria.
— Essas pequenas partículas que você está vendo são as fadas do campo. Elas gostam de dormir nas flores e absorvem a luz do sol nascente, o único momento do dia em que podem ser vistas. É de suprema importância garantir o cuidado com suas flores, pois as fadas são muito importantes na criação dos frutos e distribuição das sementes.
abriu um sorriso orgulhoso para a ajudante, que tinha as bochechas coradas, então relanceou . O príncipe, por sua vez, franziu a testa.
— Não estamos caindo em uma ilusão de ótica? Criando lendas em cima de coisas que achamos bonitas e não sabemos explicar?
O gelo atingiu o estômago da bruxa. Quem ele pensava que era?!
— Pois veja por si mesmo, Alteza.
Em um movimento com as mãos, o orvalho das folhas se reuniram na mão de , formando uma esfera um pouco maior que uma maçã. Com cuidado, ela manipulou a água para a frente de uma flor, utilizando de seu efeito como uma lente de aumento.
— Veja.
Por meio da água, agora era possível ver olhos bulbosos e asas brilhantes em um corpo esguio e minúsculo. Pequenas antenas enfeitavam a cabeça das fadas que, com interesse, olhavam para eles por meio da bolha.
encarou o príncipe com expectativa. Em Brys, não costumava lidar com muitos céticos, mas já os havia conhecido em seus muitos anos de vida.
— Parecem insetos — o príncipe por fim falou.
A bruxa se esforçou para manter uma aparência minimamente simpática.
— Tome cuidado para nunca ofender as fadas, ou somente comerá frutas podres pelo resto da vida — Lilith disse, tentando espiar também pela grande gota de orvalho.
parecia querer revidar. Seus olhos não demonstravam beleza ou encantamento como os olhos das duas bruxas, nem ao menos confusão. Neles, só podia ler resolução absoluta. Parecendo cansado, o príncipe apenas concordou com a cabeça, sem dizer mais nada.
Enquanto permitia que Lilith continuasse conduzindo o treinamento, percebeu que aqueles dias seriam muito, muito difíceis.
— Chamou as pobres fadas de ilusão de ótica, Dora! Temo que ele seja um caso perdido.
Por meio do espelho, percebia a cara de indignação da amiga enquanto ajustava algumas pinhas no cabelo, tentando ajeitar os cachos para mais tarde.
— Acho que nunca havia escutado falar de um príncipe cético sobre seu próprio povo.
— Por isso gosto de treiná-los mais novos, quando o coração humano ainda não foi corrompido. E tem mais!
— Mais? — Dora arregalou os olhos.
— Tenho certeza de que há algum problema com ele no departamento sexual.
— Que escândalo! Por que diz isso?
— Porque — se apoiou no balcão, deixando os raios solares aquecerem suas costas — ele mal olhou para mim. E, quando olhava, era do pescoço para cima! Pelos espíritos, eu estava com meu corset marrom! Meus seios estavam lindos e ele não abaixou o olhar nenhuma vez! — A bruxa praticamente berrava. — O avô dele me pediu em casamento, Dora! O pai dele demorou duas semanas para parar de corar quando me via! Ele com certeza só se envolve com homens.
— Isso complicará sua função de arrumar uma esposa para ele, não?
— Não, ele pode ser um grande imbecil, mas ainda cumprirá sua função com alguma princesa de um reino distante. Basta engravidá-la duas vezes, por garantia, e depois viver em paz com seus amantes.
passou a mão no rosto. Tinha que começar a analisar a lista do baile de boas vindas.
— Você parece bem estressada, tem certeza de que está bem? — Dora arregalou seus olhos vermelhos, preocupada.
— Estou sim, mas decidi só irei cumprir essa última função com o rei e me aposentar. Lilith se saiu muito bem hoje.
— Fico feliz. Você merece descansar.
— Parece que vai ser a última coisa que vou fazer nesse próximo mês — lamuriou.
— Ah, pare com essa autopiedade. — Pandora revirou os olhos. — Vamos, já cansei da sua cara irritada. Me mostre o sol, sabe que não posso ter esse luxo muitas vezes.
suspirou, mas virou o espelho, escutando o arquejo da amiga. Era sempre assim. No entanto, estava feliz que a vampira estivesse distraída. A última coisa que queria era que a amiga pudesse perceber quão mexida havia ficado com o príncipe, e não só por sua grosseria.
CAPÍTULO TRÊS
— Estou lhe dizendo que o senhor vai entrar no barco para que possamos encontrar as sereias. Alteza — acrescentou rapidamente, à contragosto.
— E estou dizendo que muitas baleias e outros seres marinhos são confundidos com sereias. Os estudos mostram.
A bruxa cerrou os dentes. Príncipe teimoso e rabugento! Durante toda aquela primeira semana, deixou ao máximo que Lilith lidasse com seu mau humor e seu ceticismo, porém mesmo assim ele conseguia dar um jeito de irritá-la. Como naquele momento.
A mulher fechou os olhos, respirou fundo, então tornou a abri-los.
— Pode não acreditar em uma palavra que eu digo, Alteza, mas apenas se lembre disso: essas aulas foram arranjadas por Sua Majestade, então, caso deseje encerrá-las, irá contra as ordens do rei Andrew. É o que fará?
Os olhos de brilharam quando percebeu que o príncipe engolia em seco. Por mais irritante que fosse, não iria desobedecer a uma ordem do rei.
Depois de um minuto inteiro do que pareceu uma eternidade de reflexão, entrou na embarcação, deixando para trás os três sentinelas de sempre.
— Graças aos espíritos — a bruxa sussurrou, quase erguendo os braços para o alto tamanho seu alívio.
Lilith entrou na embarcação e, logo em seguida, também, puxando consigo a âncora que os prendiam no lugar, permitindo que a correnteza os guiasse. O barco acomodaria facilmente 10 pessoas, e ainda assim era a embarcação mais simples que a realeza possuía.
colocou a mão na água salgada, observando os sentinelas ficarem para trás nas pedras, o castelo ao fundo. A energia da água fluiu por seu corpo, alcançando cada fio de cabelo seu, chamando-a para oeste, onde a concentração de vida era maior.
— Os seres humanos perderam a capacidade de escutar o mar — Lilith começou. — Estão sempre em busca de tesouro, e o grande oceano sempre os guia na direção certa se deixarem. Mas é claro que esse tesouro não é fácil de ser alcançado. Na superfície, sereias tentam distraí-los, e, nas profundezas, tritões brandem suas armas.
olhava para o horizonte, em silêncio, sem parecer absorver uma única palavra. sentiu uma forte vontade de transformá-lo em uma de suas rãs. Daria um caldo excelente.
Depois de navegarem por meia hora, o barco subitamente parou. O castelo à distância mal era visível, e até as gaivotas pareciam ter se silenciado.
— Ouça — Lilith sussurrou.
A princípio, o barulho poderia parecer somente das pequenas ondas no mar, puxando e empurrando, mas um ouvido mais atento poderia distinguir as suaves notas musicais.
— Você escuta o canto? — Lilith continuou, os olhos lilases arregalados.
não respondeu, mas seu rosto não demonstrava nenhuma emoção. bufou, revirando os olhos.
— Feche os olhos — ela sussurrou, encarando-o.
Os olhos castanhos a encararam, sem emoção, embora parecessem queimá-la. Um arrepio subiu sua pele, embora ela acreditasse que fosse irritação, já que ele não a obedeceu.
— Feche os olhos agora — ela repetiu, baixo, mas sua voz parecia mais presente que uma tempestade, tomada de poder, movida pela raiva.
Dessa vez, o príncipe fechou os olhos. Ela segurou uma das mãos dele, e o homem se sobressaltou.
— Não abra os olhos. Confie em mim, Alteza.
Vendo que o homem continuou parado, ela conduziu a mão dele até a água e a segurou ali. O canto começou a se tornar mais forte, mais doce, e a maré se agitou mais. Por baixo do barco, a bruxa conseguia distinguir as nadadeiras que apareciam por baixo d'água, difusas pela luz refratada do sol. Uma então se aproximou o suficiente deles e tirou a mão azulada do mar, alcançando as mãos deles. nem ousou respirar enquanto a sereia colocava uma pequena pérola brilhante nas mãos do homem.
Rápida como vieram, as sereias sumiram, o canto se tornando cada vez mais distante. abriu um sorriso, contente.
— Agora pode abrir os olhos.
abriu os olhos e encarou diretamente a mão de ainda em cima da sua. Ela se soltou rapidamente.
— As sereias te aprovaram. Se as visitar de forma respeitosa assim no futuro, pode conseguir mais tesouros.
O príncipe encarava a pequena pérola, que girou delicadamente nos dedos, enquanto o pequeno barco voltou a se movimentar, levando-os de volta. Lilith arquejou.
— É linda, não, Alteza? Pescadores passam a vida inteira procurando pérolas assim.
— Pode pegar de volta. Não preciso de mais tesouros. — estendeu a pérola na direção de .
A bruxa franziu as sobrancelhas.
— Como assim, de volta? É sua, Alteza.
— E a senhora me deu, mas não é necessário.
— Essa pérola não é minha, é das sereias — disse, como se estivesse se dirigindo a uma criança.
O príncipe se ergueu no barco, fazendo com que todos sacudissem.
— Já me cansei dessa brincadeira. Aceitei o suficiente por hoje, mas não escutarei mais de suas baboseiras.
— Não são baboseiras, é seu povo!
— Pare de se iludir! Sei que gosta de fingir que a magia existe porque a torna especial, mas não irá me vender suas mentiras.
O sangue de pegou fogo.
— Está chamando minha existência de mentira? Que vivo há 200 anos inventando tudo isso? Veja nas paredes! Estou em pinturas de homens que você nem mesmo conheceu!
— Talvez tenha descoberto algo que viole a lei da vida, mas isso não é magia, apenas uma ciência desconhecida pelos humanos.
— Então está me dizendo que não acredita na existência de metade de seu povo e dúvida de tantos de nós? — ela perguntou, sem perceber que o vento agitava seu cabelo de forma sobrenatural.
— Sim. Estou dizendo que a senhora é uma farsa.
Uma ventania violenta atingiu o barco antes que pudesse replicar. Ela só pôde ver o príncipe se desequilibrar antes de ela mesma cair no mar.
Por alguns segundos, tudo ficou preto. Achou que seria uma grande ironia do destino nascer da mãe terra para morrer no pai oceano. Os elementos que tanto se familiarizou durante sua vida agora pareciam lutar contra seu corpo. O ar queria sair e a água queria entrar. Havia desenvolvido diversas poções que possibilitavam que respirasse embaixo d'água, mas não havia nada em seu bolso. Pensou que, na próxima vez, levaria uma consigo. Então pensou que talvez não houvesse uma “próxima vez”.
Os pensamentos já ganhavam incoerência quando, em algum canto distante da mente, sentiu algo segurá-la em seu pulso e puxá-la cada vez mais em direção a um pequeno ponto de luz.
Quando seu corpo chegou à superfície, não conseguia parar de tossir. Sentiu alguém puxá-la para o barco e se deitou, o sol esquentando sua pele gelada. Assim que sua visão deixou de ficar tão embaçada e sentiu-se um pouco mais forte, colocou a mão na garganta e expulsou os resquícios de água salgada que invadiam seus pulmões.
Se sentindo um pouco melhor, olhou para cima, encontrando o rosto em pânico de Lilith, que não parava de se tremer, com o príncipe quieto atrás de si.
— Senhora?
— Estou viva, Lilith. Será preciso um pouco mais que água salgada para me tirar desse mundo — brincou, o que lhe arrancou uma última crise de tosse.
Lilith se ajoelhou perto dela e afastou seu cabelo rosa, agora parecendo uma flor murcha depois de uma tempestade.
— Minha senhora, o que aconteceu?
olhou para trás, para onde o príncipe estava, longe o suficiente, antes de responder:
— Creio que me exaltei e perdi o controle. Há tempos não era testada assim.
— Poderia ter morrido. Precisa tomar mais cuidado, por favor. Se não fosse aquela sereia…
— Não foi uma sereia.
As duas olharam para trás, em direção ao príncipe, que estava sério demais. Pelo visto, não estava longe o suficiente.
— Alteza? — Lilith perguntou, insegura.
— Vamos voltar para a superfície. Agora. Já me cansei de brincar de mitos por hoje.
As bochechas de ficaram vermelhas. Seu prestígio não valia aquela humilhação, não valia arriscar sua própria vida e sanidade. Ela se levantou no barco, incitando a correnteza a acelerar.
— Está decidido. Está tendo essas aulas sem seu desejo, Alteza? Pois que assim seja. Irei embora ao amanhecer, respeitando ao desejo do príncipe. Te direi quando preparar sua bagagem, Lilith.
— Eu não disse…
— Ao amanhecer — ela frisou, cerrando os dentes, interrompendo o homem. — Estamos entendidos?
A mandíbula de travou, então ele virou a cara, olhando para o horizonte, antes de dizer:
— Entendidos.
✨
Ao amanhecer, no entanto, não havia ido embora. Estava na mesa da sala de refeições, encarando seu prato cheio sem fome alguma, quando o rei entrou.
A bruxa rapidamente se levantou e fez uma reverência, que ele dispensou.
— Por favor, . Somos só nós.
Ela abriu um pequeno sorriso. Andrew havia sido um de seus preferidos.
— Certo. Então posso confessar que roubei um pouco de pão antes da entrada do rei.
O homem gargalhou, a voz mais grossa e os cabelos brancos denunciando sua idade. Mais do que nunca, tinha certeza de que nunca encontraria alguém com quem envelhecer valeria à pena.
— Fico feliz que tenha vindo. Confesso que acreditei que já teria ido embora — o rei disse, o semblante parecendo abatido enquanto separava algumas frutas.
— Confesso que quase fui — ela admitiu. — Sabe que a vida no mercado é agitada, me complico toda para realizar viagens como essa, que além de estarem custando meu tempo, quase custaram minha vida.
— Sinto muito por ter te colocado nessa situação. A questão com é… complicada.
— Ele é cético — ela falou, espalhando os ovos mexidos no prato sem realmente comê-los. — Não adianta explicar nada para ele. Sua Alteza se recusa a aprender e amar seu povo no que são diferentes. Ofendeu as fadas e as sereias como se fossem ilusão de ótica. Chamou minha magia de mentira para benefício próprio. Diga-me, Andrew, que benefício é esse que faz com que eu nunca possa ter uma vida normal?
Para sua vergonha, a voz da bruxa saiu mais vulnerável e cansada do que ela esperava. Estava guardando aquilo há muito tempo, e estar com o príncipe apenas confirmou que estava velha e ocupada demais para aquilo.
O rei Andrew, por sua vez, suspirou e apoiou o rosto nas mãos.
— A culpa é minha.
— Não diga isso. Apenas cumpriu o protocolo de treinamento, não tinha como saber que isso aconteceria.
— Não, , a culpa realmente é minha. — O rei afastou o rosto das mãos e a encarou, envergonhado. — Sabe que contratamos os melhores tutores do reino para nossos filhos. Dentre eles, contratei um excelente tutor que ensinava ciências políticas e da natureza como ninguém. Simplesmente um gênio. Começou a dar aulas para aos nove anos. Mas…
O rei soltou um longo suspiro, como se estivesse tomando coragem para falar. abriu um pequeno sorriso para ele, reconhecendo aquele gesto que tantas vezes aparecera em sua adolescência.
— Está tudo bem, Andrew. Não vou julgá-lo.
Ele a encarou, grato, antes de pigarrear.
— Mas o sr. Phett era um cético. Ensinou para que a magia nada mais era do que a ciência que muitos ignoravam. Não soube dessa prática até mês passado, confesso, quando informei de sua chegada e ele me confrontou com essas ideias absurdas. Ora, afirmar que metade de seu povo não existia? Sabia que logo enfrentaríamos problemas. Desesperado, tentei me livrar do causador dos problemas, porém acho que apenas piorei tudo.
ficou em silêncio, processando as palavras de Andrew, conforme o olhar raivoso de queimava em sua cabeça.
— Você demitiu o homem.
— Demiti.
— E provavelmente me culpa por isso — ela concluiu.
— Ele com certeza culpa. E agora, mais do que nunca, está tendo que colocar em cheque tudo o que seu grande mentor o ensinou. O que faria se alguém atacasse todos os princípios de suas mestres?
não precisava imaginar o que faria. havia feito isso e, como consequência, ela perdera o controle a ponto de quase morrer afogada.
Andrew pareceu ler a resposta em seus olhos, porque ele se levantou da cadeira e se ajoelhou ao seu lado.
— Andrew! — ela repreendeu.
— Por favor, , não vá. Dê mais uma chance ao meu filho. Ajude-me a consertar meu erro, ou nosso reino se enfraquecerá. Eu te imploro.
O homem abaixou a cabeça, totalmente submisso. o encarou, boquiaberta, estava pronta para ir embora, mas, com o rei a implorar, não havia muita escolha. Além disso, não podia negar a sensação satisfatória que enchia seu peito. Amava vê-los implorarem.
Ela suspirou pesadamente antes de mover os dedos, o vento fazendo com que o rei se erguesse, antes de abrir um pequeno sorriso.
— Dizem que apenas os fracos desistem diante de grandes desafios, não?
O homem abriu um sorriso enorme, o mesmo que havia aberto no dia em que recebera ele mesmo uma linda pérola de uma sereia, pérola que decorava o anel de sua esposa.
— Você é a mulher mais fantástica a pisar nestas terras, . Obrigado por não desistir do meu filho.
O sorriso da bruxa se transformou em um sorriso amarelo. Havia decidido ficar, mas duvidava que mudaria a mente do príncipe. Só precisaria aguentar firme por mais três semanas em nome de seu amigo. Mas aquilo viria com alguns favores, e o rei com certeza sabia.
se levantou para se retirar quando, no canto da sala, ela percebeu a entrada de um guarda silencioso nos aposentos. Não parecia estar muito longe dos 30. Era alto, loiro, e parecia muito bonito. E, principalmente, pela forma que ele a encarava, parecia que poderiam se divertir.
— E estou dizendo que muitas baleias e outros seres marinhos são confundidos com sereias. Os estudos mostram.
A bruxa cerrou os dentes. Príncipe teimoso e rabugento! Durante toda aquela primeira semana, deixou ao máximo que Lilith lidasse com seu mau humor e seu ceticismo, porém mesmo assim ele conseguia dar um jeito de irritá-la. Como naquele momento.
A mulher fechou os olhos, respirou fundo, então tornou a abri-los.
— Pode não acreditar em uma palavra que eu digo, Alteza, mas apenas se lembre disso: essas aulas foram arranjadas por Sua Majestade, então, caso deseje encerrá-las, irá contra as ordens do rei Andrew. É o que fará?
Os olhos de brilharam quando percebeu que o príncipe engolia em seco. Por mais irritante que fosse, não iria desobedecer a uma ordem do rei.
Depois de um minuto inteiro do que pareceu uma eternidade de reflexão, entrou na embarcação, deixando para trás os três sentinelas de sempre.
— Graças aos espíritos — a bruxa sussurrou, quase erguendo os braços para o alto tamanho seu alívio.
Lilith entrou na embarcação e, logo em seguida, também, puxando consigo a âncora que os prendiam no lugar, permitindo que a correnteza os guiasse. O barco acomodaria facilmente 10 pessoas, e ainda assim era a embarcação mais simples que a realeza possuía.
colocou a mão na água salgada, observando os sentinelas ficarem para trás nas pedras, o castelo ao fundo. A energia da água fluiu por seu corpo, alcançando cada fio de cabelo seu, chamando-a para oeste, onde a concentração de vida era maior.
— Os seres humanos perderam a capacidade de escutar o mar — Lilith começou. — Estão sempre em busca de tesouro, e o grande oceano sempre os guia na direção certa se deixarem. Mas é claro que esse tesouro não é fácil de ser alcançado. Na superfície, sereias tentam distraí-los, e, nas profundezas, tritões brandem suas armas.
olhava para o horizonte, em silêncio, sem parecer absorver uma única palavra. sentiu uma forte vontade de transformá-lo em uma de suas rãs. Daria um caldo excelente.
Depois de navegarem por meia hora, o barco subitamente parou. O castelo à distância mal era visível, e até as gaivotas pareciam ter se silenciado.
— Ouça — Lilith sussurrou.
A princípio, o barulho poderia parecer somente das pequenas ondas no mar, puxando e empurrando, mas um ouvido mais atento poderia distinguir as suaves notas musicais.
— Você escuta o canto? — Lilith continuou, os olhos lilases arregalados.
não respondeu, mas seu rosto não demonstrava nenhuma emoção. bufou, revirando os olhos.
— Feche os olhos — ela sussurrou, encarando-o.
Os olhos castanhos a encararam, sem emoção, embora parecessem queimá-la. Um arrepio subiu sua pele, embora ela acreditasse que fosse irritação, já que ele não a obedeceu.
— Feche os olhos agora — ela repetiu, baixo, mas sua voz parecia mais presente que uma tempestade, tomada de poder, movida pela raiva.
Dessa vez, o príncipe fechou os olhos. Ela segurou uma das mãos dele, e o homem se sobressaltou.
— Não abra os olhos. Confie em mim, Alteza.
Vendo que o homem continuou parado, ela conduziu a mão dele até a água e a segurou ali. O canto começou a se tornar mais forte, mais doce, e a maré se agitou mais. Por baixo do barco, a bruxa conseguia distinguir as nadadeiras que apareciam por baixo d'água, difusas pela luz refratada do sol. Uma então se aproximou o suficiente deles e tirou a mão azulada do mar, alcançando as mãos deles. nem ousou respirar enquanto a sereia colocava uma pequena pérola brilhante nas mãos do homem.
Rápida como vieram, as sereias sumiram, o canto se tornando cada vez mais distante. abriu um sorriso, contente.
— Agora pode abrir os olhos.
abriu os olhos e encarou diretamente a mão de ainda em cima da sua. Ela se soltou rapidamente.
— As sereias te aprovaram. Se as visitar de forma respeitosa assim no futuro, pode conseguir mais tesouros.
O príncipe encarava a pequena pérola, que girou delicadamente nos dedos, enquanto o pequeno barco voltou a se movimentar, levando-os de volta. Lilith arquejou.
— É linda, não, Alteza? Pescadores passam a vida inteira procurando pérolas assim.
— Pode pegar de volta. Não preciso de mais tesouros. — estendeu a pérola na direção de .
A bruxa franziu as sobrancelhas.
— Como assim, de volta? É sua, Alteza.
— E a senhora me deu, mas não é necessário.
— Essa pérola não é minha, é das sereias — disse, como se estivesse se dirigindo a uma criança.
O príncipe se ergueu no barco, fazendo com que todos sacudissem.
— Já me cansei dessa brincadeira. Aceitei o suficiente por hoje, mas não escutarei mais de suas baboseiras.
— Não são baboseiras, é seu povo!
— Pare de se iludir! Sei que gosta de fingir que a magia existe porque a torna especial, mas não irá me vender suas mentiras.
O sangue de pegou fogo.
— Está chamando minha existência de mentira? Que vivo há 200 anos inventando tudo isso? Veja nas paredes! Estou em pinturas de homens que você nem mesmo conheceu!
— Talvez tenha descoberto algo que viole a lei da vida, mas isso não é magia, apenas uma ciência desconhecida pelos humanos.
— Então está me dizendo que não acredita na existência de metade de seu povo e dúvida de tantos de nós? — ela perguntou, sem perceber que o vento agitava seu cabelo de forma sobrenatural.
— Sim. Estou dizendo que a senhora é uma farsa.
Uma ventania violenta atingiu o barco antes que pudesse replicar. Ela só pôde ver o príncipe se desequilibrar antes de ela mesma cair no mar.
Por alguns segundos, tudo ficou preto. Achou que seria uma grande ironia do destino nascer da mãe terra para morrer no pai oceano. Os elementos que tanto se familiarizou durante sua vida agora pareciam lutar contra seu corpo. O ar queria sair e a água queria entrar. Havia desenvolvido diversas poções que possibilitavam que respirasse embaixo d'água, mas não havia nada em seu bolso. Pensou que, na próxima vez, levaria uma consigo. Então pensou que talvez não houvesse uma “próxima vez”.
Os pensamentos já ganhavam incoerência quando, em algum canto distante da mente, sentiu algo segurá-la em seu pulso e puxá-la cada vez mais em direção a um pequeno ponto de luz.
Quando seu corpo chegou à superfície, não conseguia parar de tossir. Sentiu alguém puxá-la para o barco e se deitou, o sol esquentando sua pele gelada. Assim que sua visão deixou de ficar tão embaçada e sentiu-se um pouco mais forte, colocou a mão na garganta e expulsou os resquícios de água salgada que invadiam seus pulmões.
Se sentindo um pouco melhor, olhou para cima, encontrando o rosto em pânico de Lilith, que não parava de se tremer, com o príncipe quieto atrás de si.
— Senhora?
— Estou viva, Lilith. Será preciso um pouco mais que água salgada para me tirar desse mundo — brincou, o que lhe arrancou uma última crise de tosse.
Lilith se ajoelhou perto dela e afastou seu cabelo rosa, agora parecendo uma flor murcha depois de uma tempestade.
— Minha senhora, o que aconteceu?
olhou para trás, para onde o príncipe estava, longe o suficiente, antes de responder:
— Creio que me exaltei e perdi o controle. Há tempos não era testada assim.
— Poderia ter morrido. Precisa tomar mais cuidado, por favor. Se não fosse aquela sereia…
— Não foi uma sereia.
As duas olharam para trás, em direção ao príncipe, que estava sério demais. Pelo visto, não estava longe o suficiente.
— Alteza? — Lilith perguntou, insegura.
— Vamos voltar para a superfície. Agora. Já me cansei de brincar de mitos por hoje.
As bochechas de ficaram vermelhas. Seu prestígio não valia aquela humilhação, não valia arriscar sua própria vida e sanidade. Ela se levantou no barco, incitando a correnteza a acelerar.
— Está decidido. Está tendo essas aulas sem seu desejo, Alteza? Pois que assim seja. Irei embora ao amanhecer, respeitando ao desejo do príncipe. Te direi quando preparar sua bagagem, Lilith.
— Eu não disse…
— Ao amanhecer — ela frisou, cerrando os dentes, interrompendo o homem. — Estamos entendidos?
A mandíbula de travou, então ele virou a cara, olhando para o horizonte, antes de dizer:
— Entendidos.
Ao amanhecer, no entanto, não havia ido embora. Estava na mesa da sala de refeições, encarando seu prato cheio sem fome alguma, quando o rei entrou.
A bruxa rapidamente se levantou e fez uma reverência, que ele dispensou.
— Por favor, . Somos só nós.
Ela abriu um pequeno sorriso. Andrew havia sido um de seus preferidos.
— Certo. Então posso confessar que roubei um pouco de pão antes da entrada do rei.
O homem gargalhou, a voz mais grossa e os cabelos brancos denunciando sua idade. Mais do que nunca, tinha certeza de que nunca encontraria alguém com quem envelhecer valeria à pena.
— Fico feliz que tenha vindo. Confesso que acreditei que já teria ido embora — o rei disse, o semblante parecendo abatido enquanto separava algumas frutas.
— Confesso que quase fui — ela admitiu. — Sabe que a vida no mercado é agitada, me complico toda para realizar viagens como essa, que além de estarem custando meu tempo, quase custaram minha vida.
— Sinto muito por ter te colocado nessa situação. A questão com é… complicada.
— Ele é cético — ela falou, espalhando os ovos mexidos no prato sem realmente comê-los. — Não adianta explicar nada para ele. Sua Alteza se recusa a aprender e amar seu povo no que são diferentes. Ofendeu as fadas e as sereias como se fossem ilusão de ótica. Chamou minha magia de mentira para benefício próprio. Diga-me, Andrew, que benefício é esse que faz com que eu nunca possa ter uma vida normal?
Para sua vergonha, a voz da bruxa saiu mais vulnerável e cansada do que ela esperava. Estava guardando aquilo há muito tempo, e estar com o príncipe apenas confirmou que estava velha e ocupada demais para aquilo.
O rei Andrew, por sua vez, suspirou e apoiou o rosto nas mãos.
— A culpa é minha.
— Não diga isso. Apenas cumpriu o protocolo de treinamento, não tinha como saber que isso aconteceria.
— Não, , a culpa realmente é minha. — O rei afastou o rosto das mãos e a encarou, envergonhado. — Sabe que contratamos os melhores tutores do reino para nossos filhos. Dentre eles, contratei um excelente tutor que ensinava ciências políticas e da natureza como ninguém. Simplesmente um gênio. Começou a dar aulas para aos nove anos. Mas…
O rei soltou um longo suspiro, como se estivesse tomando coragem para falar. abriu um pequeno sorriso para ele, reconhecendo aquele gesto que tantas vezes aparecera em sua adolescência.
— Está tudo bem, Andrew. Não vou julgá-lo.
Ele a encarou, grato, antes de pigarrear.
— Mas o sr. Phett era um cético. Ensinou para que a magia nada mais era do que a ciência que muitos ignoravam. Não soube dessa prática até mês passado, confesso, quando informei de sua chegada e ele me confrontou com essas ideias absurdas. Ora, afirmar que metade de seu povo não existia? Sabia que logo enfrentaríamos problemas. Desesperado, tentei me livrar do causador dos problemas, porém acho que apenas piorei tudo.
ficou em silêncio, processando as palavras de Andrew, conforme o olhar raivoso de queimava em sua cabeça.
— Você demitiu o homem.
— Demiti.
— E provavelmente me culpa por isso — ela concluiu.
— Ele com certeza culpa. E agora, mais do que nunca, está tendo que colocar em cheque tudo o que seu grande mentor o ensinou. O que faria se alguém atacasse todos os princípios de suas mestres?
não precisava imaginar o que faria. havia feito isso e, como consequência, ela perdera o controle a ponto de quase morrer afogada.
Andrew pareceu ler a resposta em seus olhos, porque ele se levantou da cadeira e se ajoelhou ao seu lado.
— Andrew! — ela repreendeu.
— Por favor, , não vá. Dê mais uma chance ao meu filho. Ajude-me a consertar meu erro, ou nosso reino se enfraquecerá. Eu te imploro.
O homem abaixou a cabeça, totalmente submisso. o encarou, boquiaberta, estava pronta para ir embora, mas, com o rei a implorar, não havia muita escolha. Além disso, não podia negar a sensação satisfatória que enchia seu peito. Amava vê-los implorarem.
Ela suspirou pesadamente antes de mover os dedos, o vento fazendo com que o rei se erguesse, antes de abrir um pequeno sorriso.
— Dizem que apenas os fracos desistem diante de grandes desafios, não?
O homem abriu um sorriso enorme, o mesmo que havia aberto no dia em que recebera ele mesmo uma linda pérola de uma sereia, pérola que decorava o anel de sua esposa.
— Você é a mulher mais fantástica a pisar nestas terras, . Obrigado por não desistir do meu filho.
O sorriso da bruxa se transformou em um sorriso amarelo. Havia decidido ficar, mas duvidava que mudaria a mente do príncipe. Só precisaria aguentar firme por mais três semanas em nome de seu amigo. Mas aquilo viria com alguns favores, e o rei com certeza sabia.
se levantou para se retirar quando, no canto da sala, ela percebeu a entrada de um guarda silencioso nos aposentos. Não parecia estar muito longe dos 30. Era alto, loiro, e parecia muito bonito. E, principalmente, pela forma que ele a encarava, parecia que poderiam se divertir.
CAPÍTULO QUATRO
entrou na biblioteca, iluminada apenas pelas velas, de forma que a luz solar não comprometesse a conservação dos livros. Ao fundo, como fora informada pelo rei Andrew, estava , lendo um grande livro de capa de couro. Ela caminhou silenciosamente e puxou uma cadeira na frente dele, atraindo seu olhar. O príncipe ergueu os olhos e voltou a ler, então tornou a erguer os olhos, agora arregalados.
— Senhora! Achei… achei que havia partido.
— E quase parti, mas seu pai me pediu que ficasse, como um favor pessoal.
O príncipe acenou com a cabeça, então olhou em volta.
— Onde está sua aprendiz?
— Em seu quarto. Não quis trazê-la para ser humilhada novamente, quando esse papel é meu. Sabe, ela tem apenas dezoito anos.
O homem teve a decência de parecer constrangido, e baixou os olhos para o livro.
— Sinto muito se as ofendi, mas saiba que não irei mudar de ideia.
— Eu sei — ela respondeu, seu tom revelando mais camadas do que as duas palavras poderiam.
O príncipe tornou a encará-la, então semicerrou os olhos.
— Ele te contou, não foi?
— Sobre seu tutor? Sim, contou.
— Então agora compreende por que não posso ignorar meus ideais.
— Dizer que te compreendo não justifica suas ações imaturas e mal educadas, Alteza — continuou, tranquila. — Sabe, como rei, se encontrará com diversos governantes com ideias diferentes das suas, mas que terá que ouvir, respeitar e até mesmo fingir concordância, porque, caso não o faça, haverá guerra. Sabe que em Filder, por exemplo, eles executam mulheres solteiras grávidas?
— Sim — ele respondeu, sério.
— E o que fará se visitar Filder e tiver que presenciar um julgamento? Intercederá pela vítima? Dirá que isso é contra o que acredita? Começará uma guerra que custaria a vida de milhares por uma pessoa?
ficou em silêncio, pela primeira vez não parecendo debochar dela com seus olhos. Ele olhou em volta, então começou a responder, cauteloso:
— Compreendo seu ponto e admito que perdi a razão por questões pessoais, e por isso me desculpo. Mesmo assim, seu exemplo não se aplica para a nossa situação porque, no caso, não posso ofender o que não é real.
engoliu sua vontade de sacudi-lo, então prestou atenção no título do livro que ele lia: Lendas e outros contos.
— Lilith me disse que você viu a sereia que me salvou — ela disse, calma.
— Não foi uma sereia — ele respondeu, resoluto.
— Então o que me tirou da água, ? Você não estava bêbado, e sabe que eu não poderia me atirar sozinha para cima do barco. Use sua inteligência.
Mas o príncipe apenas sacudiu a cabeça.
— Eu estava apenas atordoado, estava…
— Sei que é difícil ir contra nossos princípios e aceitar ideias diferentes, principalmente quando elas ferem aqueles que amamos. Mas, como rei, você deve saber diferenciar o absurdo do desconhecido. Deve saber aceitar o momento de aprender. — estava prestes a abrir a boca quando estendeu a mão, silenciando-o. — Por hoje é só, fique com seus livros e tente fingir que não passam de lendas, mas a verdade nunca se esconde por muito tempo. Tenha um bom dia, Alteza.
E se levantou da cadeira, saindo tão silenciosa quanto chegou. Queria olhar para trás e ver o olhar chocado dele, seria extremamente prazeroso, mas ela precisava agir além. Poder também era maturidade.
Do lado de fora da biblioteca, Alecsander a esperava.
— Senhora, espero que a conversa tenha corrido bem.
— Dentro do possível, sim. Agora me acompanhe, preciso de um favor seu.
Os dois caminharam pelos corredores por algum tempo, o guarda loiro atrás dela, até alcançarem os aposentos da bruxa. Ela abriu a porta, indicando o interior.
— Creio ter visto um rato ontem à noite. Poderia checar, senhor?
— Claro, minha senhora.
Alecsander passou pela porta, seguido por , que os trancou no quarto logo em seguida. Segundos depois, ela já estava em cima dele, e as mãos do guarda alcançaram suas coxas, apertando-as com vontade.
— Você demorou demais.
— Sou uma mulher ocupada.
Depois do café da manhã com o rei, correu para saber mais sobre o guarda loiro, e não demorou para acertarem seus interesses. Agora, teria uma longa manhã em seu quarto, bem longe daquele príncipe cético e irritante, por mais que seu rosto tentasse entrar em seus pensamentos às vezes.
✨
No dia seguinte, ao anoitecer, o primeiro favor que pedira ao rei chegou em uma carruagem completamente coberta e protegida. Pandora desceu da carruagem, trajada com um vestido roxo, olhando boquiaberta para tudo ao seu redor. Quando avistou , ignorou o criado e veio correndo para abraçar a amiga.
— Não consigo acreditar que estou aqui!
— Graças aos espíritos está! Não seria capaz de suportar aquele príncipe sem você ao meu lado!
Um pigarro chamou a atenção das duas, que estavam presas em um abraço, e deram de cara com o príncipe logo atrás delas, passando com alguns sentinelas. sentiu o próprio rosto esquentar enquanto o homem observava a cena.
Dora, muito mais sensata que ela, se abaixou em uma reverência ao reparar no anel com a insígnia real.
— Alteza.
— Não fui informado da chegada de ninguém ao castelo — comentou, parecendo levemente confuso.
— Alteza, esta é Pandora de Brys. A presença dela foi acordada com o rei.
— Quando?
— Ontem de manhã — ela respondeu, erguendo uma sobrancelha.
Agora, ele que parecia constrangido. Inteligente como era, tinha juntado as peças e entendido que a presença de Pandora era alguma espécie de barganha para que ficasse.
— Então seja bem-vinda, Pandora de Brys, espero que se sinta confortável no tempo que passar conosco.
— Obrigada — ela respondeu, alegre, e sorriu.
Vários arquejos tomaram o ambiente. Logo, os sussurros começaram.
— Ela é…
— O rei não permitiria…
— É uma mancha de sangue?
— Nunca soube de vampiros nessa região…
— Guardas — chamou, e o barulho cessou. — Vamos, Sua Majestade me aguarda para uma reunião. Foi um prazer vê-las, senhoras.
E se retirou, embora tenha percebido que ele olhava fixamente para a boca de Pandora. Mais especificamente, seus caninos pronunciados.
Os demais guardas que estavam presentes se afastaram consideravelmente da vampira, que nem ao menos parecia ciente da comoção que causava.
— Vamos, vou te mostrar o seu quarto — falou, lançando olhares feios para os demais presentes.
— Espero que o meu seja mais bonito que o seu.
— Treine sete gerações de reis e poderá ganhar um quarto mais bonito que o meu.
— Quanta exigência…
Quando as duas chegaram em um quarto próximo do de Lilith, abriu a porta, deixando que Pandora passasse. Sua bagagem já se encontrava lá dentro, assim como as pesadas cortinas.
— Certeza que o meu não é maior? Tenho quase certeza disso…
— É ilusão do espelho — falou.
— Não sei, sinto que você está me escondendo coisas. Por exemplo, não me contou que o príncipe era tão bonito assim. — As bochechas da bruxa ficaram coradas, e Dora arregalou os olhos. — Eu sabia que você também tinha percebido!
— Claro, não sou cega. Mas outras coisas são muito mais importantes, como o fato de ele ser incompetente, cético, um pé no saco e, muito provavelmente, só se relacionar com homens.
— Eu aguentaria todos os chiliques se ele fizesse sem camisa — Pandora disse, sorrindo maliciosamente.
— Você não presta! — As duas gargalharam. — Além disso, já me ajeitei aqui na corte.
— Qual o nome do sortudo?
— Alecsander. Era o guarda loiro que estava me acompanhando.
— Loiro, ?! Seus padrões definitivamente decaíram.
— Eu sei, mas o jeito que ele sorri… E o jeito que ele me beija enquanto o pau dele…
— Certo, já entendi. Loiro aprovado. — Pandora abriu a mala e tirou um vinho de lá. — Onde estão as taças? Temos que brindar esse milagre. Não é todo dia que temos uma vampira no castelo.
— Eu diria que é a primeira vez.
— O rei realmente queria que você ficasse.
— Ele se ajoelhou aos meus pés, Dora! Não tinha o que ser feito!
— E você ama quando eles imploram — Pandora falou, sorrindo de forma maléfica enquanto pegava as taças que estendia.
— Não dá pra negar a sensação satisfatória de admiração e medo nos olhos deles.
— Você é tão narcisista! Eu amo isso em você. — Dora estendeu a taça para a amiga, e então ergueu a própria. — À sua poção.
— À sua maldição.
Aturar o príncipe seria difícil, mas nada ficava impossível quando tinha sua melhor amiga ao seu lado.
— Senhora! Achei… achei que havia partido.
— E quase parti, mas seu pai me pediu que ficasse, como um favor pessoal.
O príncipe acenou com a cabeça, então olhou em volta.
— Onde está sua aprendiz?
— Em seu quarto. Não quis trazê-la para ser humilhada novamente, quando esse papel é meu. Sabe, ela tem apenas dezoito anos.
O homem teve a decência de parecer constrangido, e baixou os olhos para o livro.
— Sinto muito se as ofendi, mas saiba que não irei mudar de ideia.
— Eu sei — ela respondeu, seu tom revelando mais camadas do que as duas palavras poderiam.
O príncipe tornou a encará-la, então semicerrou os olhos.
— Ele te contou, não foi?
— Sobre seu tutor? Sim, contou.
— Então agora compreende por que não posso ignorar meus ideais.
— Dizer que te compreendo não justifica suas ações imaturas e mal educadas, Alteza — continuou, tranquila. — Sabe, como rei, se encontrará com diversos governantes com ideias diferentes das suas, mas que terá que ouvir, respeitar e até mesmo fingir concordância, porque, caso não o faça, haverá guerra. Sabe que em Filder, por exemplo, eles executam mulheres solteiras grávidas?
— Sim — ele respondeu, sério.
— E o que fará se visitar Filder e tiver que presenciar um julgamento? Intercederá pela vítima? Dirá que isso é contra o que acredita? Começará uma guerra que custaria a vida de milhares por uma pessoa?
ficou em silêncio, pela primeira vez não parecendo debochar dela com seus olhos. Ele olhou em volta, então começou a responder, cauteloso:
— Compreendo seu ponto e admito que perdi a razão por questões pessoais, e por isso me desculpo. Mesmo assim, seu exemplo não se aplica para a nossa situação porque, no caso, não posso ofender o que não é real.
engoliu sua vontade de sacudi-lo, então prestou atenção no título do livro que ele lia: Lendas e outros contos.
— Lilith me disse que você viu a sereia que me salvou — ela disse, calma.
— Não foi uma sereia — ele respondeu, resoluto.
— Então o que me tirou da água, ? Você não estava bêbado, e sabe que eu não poderia me atirar sozinha para cima do barco. Use sua inteligência.
Mas o príncipe apenas sacudiu a cabeça.
— Eu estava apenas atordoado, estava…
— Sei que é difícil ir contra nossos princípios e aceitar ideias diferentes, principalmente quando elas ferem aqueles que amamos. Mas, como rei, você deve saber diferenciar o absurdo do desconhecido. Deve saber aceitar o momento de aprender. — estava prestes a abrir a boca quando estendeu a mão, silenciando-o. — Por hoje é só, fique com seus livros e tente fingir que não passam de lendas, mas a verdade nunca se esconde por muito tempo. Tenha um bom dia, Alteza.
E se levantou da cadeira, saindo tão silenciosa quanto chegou. Queria olhar para trás e ver o olhar chocado dele, seria extremamente prazeroso, mas ela precisava agir além. Poder também era maturidade.
Do lado de fora da biblioteca, Alecsander a esperava.
— Senhora, espero que a conversa tenha corrido bem.
— Dentro do possível, sim. Agora me acompanhe, preciso de um favor seu.
Os dois caminharam pelos corredores por algum tempo, o guarda loiro atrás dela, até alcançarem os aposentos da bruxa. Ela abriu a porta, indicando o interior.
— Creio ter visto um rato ontem à noite. Poderia checar, senhor?
— Claro, minha senhora.
Alecsander passou pela porta, seguido por , que os trancou no quarto logo em seguida. Segundos depois, ela já estava em cima dele, e as mãos do guarda alcançaram suas coxas, apertando-as com vontade.
— Você demorou demais.
— Sou uma mulher ocupada.
Depois do café da manhã com o rei, correu para saber mais sobre o guarda loiro, e não demorou para acertarem seus interesses. Agora, teria uma longa manhã em seu quarto, bem longe daquele príncipe cético e irritante, por mais que seu rosto tentasse entrar em seus pensamentos às vezes.
No dia seguinte, ao anoitecer, o primeiro favor que pedira ao rei chegou em uma carruagem completamente coberta e protegida. Pandora desceu da carruagem, trajada com um vestido roxo, olhando boquiaberta para tudo ao seu redor. Quando avistou , ignorou o criado e veio correndo para abraçar a amiga.
— Não consigo acreditar que estou aqui!
— Graças aos espíritos está! Não seria capaz de suportar aquele príncipe sem você ao meu lado!
Um pigarro chamou a atenção das duas, que estavam presas em um abraço, e deram de cara com o príncipe logo atrás delas, passando com alguns sentinelas. sentiu o próprio rosto esquentar enquanto o homem observava a cena.
Dora, muito mais sensata que ela, se abaixou em uma reverência ao reparar no anel com a insígnia real.
— Alteza.
— Não fui informado da chegada de ninguém ao castelo — comentou, parecendo levemente confuso.
— Alteza, esta é Pandora de Brys. A presença dela foi acordada com o rei.
— Quando?
— Ontem de manhã — ela respondeu, erguendo uma sobrancelha.
Agora, ele que parecia constrangido. Inteligente como era, tinha juntado as peças e entendido que a presença de Pandora era alguma espécie de barganha para que ficasse.
— Então seja bem-vinda, Pandora de Brys, espero que se sinta confortável no tempo que passar conosco.
— Obrigada — ela respondeu, alegre, e sorriu.
Vários arquejos tomaram o ambiente. Logo, os sussurros começaram.
— Ela é…
— O rei não permitiria…
— É uma mancha de sangue?
— Nunca soube de vampiros nessa região…
— Guardas — chamou, e o barulho cessou. — Vamos, Sua Majestade me aguarda para uma reunião. Foi um prazer vê-las, senhoras.
E se retirou, embora tenha percebido que ele olhava fixamente para a boca de Pandora. Mais especificamente, seus caninos pronunciados.
Os demais guardas que estavam presentes se afastaram consideravelmente da vampira, que nem ao menos parecia ciente da comoção que causava.
— Vamos, vou te mostrar o seu quarto — falou, lançando olhares feios para os demais presentes.
— Espero que o meu seja mais bonito que o seu.
— Treine sete gerações de reis e poderá ganhar um quarto mais bonito que o meu.
— Quanta exigência…
Quando as duas chegaram em um quarto próximo do de Lilith, abriu a porta, deixando que Pandora passasse. Sua bagagem já se encontrava lá dentro, assim como as pesadas cortinas.
— Certeza que o meu não é maior? Tenho quase certeza disso…
— É ilusão do espelho — falou.
— Não sei, sinto que você está me escondendo coisas. Por exemplo, não me contou que o príncipe era tão bonito assim. — As bochechas da bruxa ficaram coradas, e Dora arregalou os olhos. — Eu sabia que você também tinha percebido!
— Claro, não sou cega. Mas outras coisas são muito mais importantes, como o fato de ele ser incompetente, cético, um pé no saco e, muito provavelmente, só se relacionar com homens.
— Eu aguentaria todos os chiliques se ele fizesse sem camisa — Pandora disse, sorrindo maliciosamente.
— Você não presta! — As duas gargalharam. — Além disso, já me ajeitei aqui na corte.
— Qual o nome do sortudo?
— Alecsander. Era o guarda loiro que estava me acompanhando.
— Loiro, ?! Seus padrões definitivamente decaíram.
— Eu sei, mas o jeito que ele sorri… E o jeito que ele me beija enquanto o pau dele…
— Certo, já entendi. Loiro aprovado. — Pandora abriu a mala e tirou um vinho de lá. — Onde estão as taças? Temos que brindar esse milagre. Não é todo dia que temos uma vampira no castelo.
— Eu diria que é a primeira vez.
— O rei realmente queria que você ficasse.
— Ele se ajoelhou aos meus pés, Dora! Não tinha o que ser feito!
— E você ama quando eles imploram — Pandora falou, sorrindo de forma maléfica enquanto pegava as taças que estendia.
— Não dá pra negar a sensação satisfatória de admiração e medo nos olhos deles.
— Você é tão narcisista! Eu amo isso em você. — Dora estendeu a taça para a amiga, e então ergueu a própria. — À sua poção.
— À sua maldição.
Aturar o príncipe seria difícil, mas nada ficava impossível quando tinha sua melhor amiga ao seu lado.
CAPÍTULO CINCO
No fim da segunda semana, depois de apenas pedir para que o príncipe fizesse leituras sobre elfos e orcs (e quase ter um ataque ao descobrir que todo o material estava na seção de mitologia), finalmente o encontrou novamente. Dessa vez, os sentinelas nem se preocuparam em aparecer.
Estava ajustando a corda de escalada, estendendo-a sobre sua perna, quando ouviu o trote do cavalo e ergueu a cabeça.
— Bom dia, Alteza, chegou bem na hora.
— Bom dia. Onde está sua aprendiz? — ele perguntou enquanto amarrava seu cavalo ao lado da égua dela.
— Achei melhor dispensá-la. Ainda está abalada desde a última vez, e, para hoje, precisamos de foco total. — Ela apontou com a cabeça para o monte sob a qual estavam. — O que sabe sobre o Monte Zephyron?
— É um local estranho. Muitos desmoronamentos, o solo é muito instável, recomendamos que todos do reino se mantenham afastados. Meu… — O príncipe ficou subitamente calado.
— Pode falar — ela disse, docemente, e ele a encarou. Ambos trocaram um olhar cúmplice, e ele respirou fundo.
— Meu tutor costumava dizer que o que fosse que agisse nessa montanha, era muito parecido com a ação de vulcões.
— Nisso eu e ele concordamos. Embora provavelmente pensemos em motivos diferentes.
— Tenho medo de perguntar o seu — falou e, quando o encarou, percebeu que um pequeno sorriso estampava seu rosto. O coração dela deu um salto esquisito. E pensar que o estava xingando em pensamentos há poucos minutos antes.
— Você vai descobrir no que eu acredito assim que escalarmos esse monte.
O corpo do príncipe se resetou.
— Escalar? Mas…
— Confie em mim. Desde que Sua Alteza e eu nos apressarmos e alcançarmos o topo antes de meio dia, estaremos bem.
Os dois se encararam. Os olhos castanhos de lenha dele pareciam queimar os olhos verde folha dela, em um duelo silencioso. Por fim, ele suspirou.
— Ao sinal de qualquer coisa perigosa, vamos embora — ele disse, resoluto.
— Certo, Alteza — ela confirmou, contente.
Os olhos dele baixaram para o chão e o príncipe passou a mão no cabelo.
— Pode… me chamar de .
Provavelmente não existia nada que pudesse ter surpreendido mais a bruxa do que aquilo.
— Ahn… certo. . — Ela gostou de pronunciar o nome. — Então me chame de .
— Como desejar, .
O estômago da mulher se retorceu. Então ela olhou para o Monte Zephyron e o estômago se revirou de forma mais intensa. Nunca, em nenhum treinamento, jamais havia feito o que estava prestes a fazer, porém, depois de passar a semana inteira refletindo, percebeu que era sua última alternativa para tentar despertar nele a realidade.
E com a resolução de que aquilo era extremamente necessário, com ajuda do vento, ela começou a caminhar pela mata, iniciando a subida.
Uma hora depois, fizeram a primeira pausa. Estavam em cerca de metade do caminho e nenhum dos dois cedeu pelo máximo possível, mas estavam esgotados. observou o sol e viu que já deviam ser mais de nove horas. Um tremor se espalhou por seu corpo.
— Aqui. Tome um pouco de água. — O príncipe estendeu o cantil que carregava consigo.
— Obrigada. — Ela tomou um longo gole, então devolveu o cantil para . Depois, buscou um pequeno frasco no bolso de sua blusa para beber.
— O que é? — ele perguntou, curioso.
— Uma poção de revigoramento. Quer um gole?
— Não, obrigado.
— Sabe, mesmo que não acredite, mal não vai fazer. No mínimo, será água.
— A não ser que seja veneno — ele disse, e surpreendentemente ela sentiu que ele estava brincando.
— Ora, por favor. Depois de subir tudo isso, acha que te ofereceria veneno? Seria muito mais divertido vê-lo rolar monte abaixo.
— Mas seria muito menos mágico, não?
— Ah, acredite, eu poderia convocar uma ventania bem poderosa para me ajudar.
Os dois trocaram um olhar amistoso e se recostaram na sombra, em silêncio. não sabia dizer como exatamente aquela trégua havia se iniciado, mas estava surpreendentemente agradável, especialmente com seu estômago nem um pouco alegre com a situação.
A poção agiu rapidamente e, pouco depois, os dois continuaram a subida. Naquele ponto, a mata se tornou rarefeita, de forma que precisaram começar a colocar as mãos na pedra e verdadeiramente escalar.
O sol queimava a nuca deles, assim como esquentava a pedra na qual precisavam se apoiar, deixando pequenos machucados nas palmas. Estavam alcançando o topo quando tiveram que fazer mais uma pausa. Eram quase 11 horas e isso começava a preocupar a bruxa.
— Uma pérola por seus pensamentos — falou, tirando do bolso a pérola dada pela sereia.
— Você guardou a pérola? — perguntou, surpresa.
— Acho que vivemos problemas demais naquele dia para simplesmente jogá-la fora. — Ele girou a pérola nos dedos.
— Já reparou no anel de casamento da sua mãe? — a bruxa perguntou, enxugando o suor de sua testa.
— Sim.
— A pérola central foi conquistada por seu pai quando eu o treinei.
tomou mais um gole do cantil, pensativo.
— É verdade então que você esteve envolvida no casamento deles?
— Sim. Até o baile final do treinamento dos príncipes, nós dois iremos escolher sua noiva, e o pedido formal acontecerá lá.
— Era o que eu temia.
encarou o príncipe. Será que ele de fato não sentia nada por mulheres e temia isso?
— Fique tranquilo. Talvez de fato você não encontre um casamento por amor, mas isso não significa que não será feliz. Um casamento de cumplicidade pode ser perfeitamente agradável.
— Eu imagino que sim. — Ele fez uma pausa. — Mas quando se cresce com pais apaixonados, é difícil não desejar o mesmo — ele confessou, baixo.
olhou para o príncipe, levemente surpresa.
— Confesso que, para alguém tão racional, você não me parecia alguém que acreditaria no amor.
— Eu trabalho com provas teóricas e experimentais, e tenho uma delas bem diante dos meus olhos — ele disse.
A bruxa percebeu que ele encarava o chão, tentando esconder o rosto envergonhado. Ele estava vulnerável compartilhando essa informação, e talvez por isso ela tenha se visto compelida a falar:
— Eu nunca duvidei do amor. Sempre vi minhas mentoras se apaixonando, e alguns casamentos reais que passavam por mim eram verdadeiros, como os de seus pais. Já atendi diversos casais no mercado e muitos pareciam felizes, compartilhavam um tipo de compreensão e sentimento que… me fez desejar o mesmo — ela admitiu. — Mas eu percebi com o tempo que eu não nasci para o amor, o que não significa que eu não seja tola de continuar procurando.
— Eu acredito que todas as pessoas têm alguém feita para elas, e que as infelizes apenas não as encontraram.
— Talvez minha pessoa certa já tenha morrido então — respondeu, revirando os olhos.
— Ou nem tenha nascido.
— Isso era para eu me sentir melhor?! — ela reclamou, incrédula, arrancando uma gargalhada do príncipe que reverberou em seu peito.
— Só quero dizer que ainda há esperança. Você é uma pessoa importante demais para o amor te abandonar.
— Mas talvez eu já tenha ganhado meu amor. Tenho uma melhor amiga que é como uma irmã, não acho que há amor maior que este.
— Pandora, não é? — confirmou com a cabeça. — Hm. Acho que eu tenho alguém assim também. Mas isso não significa que isso supre o amor.
— É… eu até tentei beijar a Pandora, mas fomos feitas apenas para a amizade. Deve ser bom, não? Beijar alguém que você ama e sentir a emoção narrada nos grandes poemas.
deu de ombros, o rosto levemente envergonhado, e pensou que talvez estivesse pensando em seus amantes. Então, olhou para o céu. Assustada, percebeu que eram passadas as 11 horas.
— Vamos! Se não terminarmos a subida agora, teremos grandes problemas!
— Fico pensando que tipo de motivo para os tremores só é ativado ao meio dia.
— Você logo vai descobrir. Vem!
segurou as mãos de e o ergueu rapidamente. Quando os dois se tocaram, ela sentiu um arrepio ainda mais forte do que no dia do barco. Os dois trocaram um olhar, antes que ele desviasse o rosto.
Por um segundo, para seu horror, ela desejou que o príncipe sentisse algum tipo de interesse por ela.
Meia hora depois, os dois alcançaram o topo do monte, onde uma pequena toca rochosa se erguia. convocou um vento refrescante para secar seu suor e percebeu que haviam chegado antes de meio dia. A informação, no entanto, não serviu para acalmá-la, já que seu estômago se revirava pelo que estava por vir.
— Certo — ela começou, sussurrando, para . — A partir de agora, teremos que fazer muito silêncio. Senão podemos acordá-lo.
— Acordar… quem? — o príncipe perguntou, o tom de voz baixo.
— O motivo pelos tremores. Preste muita atenção aonde pisa.
segurou na mão de e o conduziu silenciosamente para a entrada na toca. Tudo estava tão silencioso que ela conseguia ouvir seu coração acelerado como a marcha de um tambor. Eles seguiram passo a passo, a iluminação ficando cada vez mais rarefeita conforme avançavam para dentro da formação rochosa. Por algumas fendas no teto, feixes de luz lutavam para entrar, dando o direcionamento preciso para que não tropeçassem em nada. Até que escutaram um som que se assemelhava a uma grande máquina soltando fumaça.
— O que…?
silenciou com um olhar letal. Então, os dois viraram a esquina e se depararam frente a frente com o dragão dormindo.
sentiu o medo a dominar, mas seu olhar foi imediatamente para , que havia congelado no lugar. Haviam muitas emoções passando por seu rosto geralmente tão sério. Medo, surpresa, deslumbre, choque, descrença, confusão… Seus olhos arregalados varriam o ambiente como se não pudessem acreditar em si mesmo.
A bruxa o puxou para trás, forçando-o a desviar os olhos e sair do local. Os dois caminharam apressados e silenciosos para saírem da toca, e a mulher sentiu um alívio imediato quando avistou a entrada.
Assim que saíram da toca, o sol invadiu seus olhos, deixando-a levemente desnorteada, mas grata por estar ali. Já começava a retornar para a trilha quando escutou a voz do príncipe.
— Um… Era um dra…
— Shh! — ela o repreendeu, e olhou assustada para a caverna atrás dos dois. Então, sinalizou o caminho por onde eles tinham vindo, fazendo um sinal de “depois”.
O homem apenas concordou com a cabeça, passando a segui-la monte abaixo até, dez minutos depois, alcançarem um local onde poderiam parar.
— Certo… — A bruxa o olhou, tentando não soar convencida. — Entendo que talvez muita coisa do que chamamos de magia possa ter alguma explicação dessas que você acredita. Mas ainda assim vai negar a existência?
não respondeu, encarando um ponto fixo com os olhos arregalados como se o dragão ainda estivesse ali na sua frente. A mulher sacudiu a cabeça.
— Muito bem, acho que não. Isso é ótimo, porque…
Mas, naquele momento, um pedregulho rolou do topo e passou a poucos metros de onde os dois estavam.
— Ah, não…
— O quê? O que foi, ? — o príncipe perguntou, totalmente alerta.
— Zephyron acordou. Devem ser meio dia. Nesse horário mais ou menos, o sol entra na caverna e sempre o desperta, o que causa a agitação da terra. — parecia prestes a vomitar. — Mas está tudo bem. Fique perto de mim, eu vou te proteger.
Ela se sentou na pedra e começou a descer do monte. Olhou para trás e encontrou ainda paralisado.
— Vem!
Ele se agachou rapidamente e começou a segui-la na mesma hora que outro pedregulho desceu. Tirando uma de suas mãos de apoio da pedra, afastou a pedra com facilidade, antes de descer mais um pedaço.
Esse processo se repetiu por mais uma hora, até os dois alcançarem novamente o trecho ds trilha. Ao mesmo tempo, o dragão pareceu voltar a descansar e os pedregulhos pararam de cair.
se ergueu da pedra, batendo uma mão na outra para tirar a terra, e se virou para um cuja tez bronzeada estava completamente pálida.
— Viu? Não foi tão ruim assim — falou, tanto para ele, quanto para si mesma.
O príncipe, em resposta, desmoronou ao seu lado. correu para segurar o corpo, com ajuda do vento, antes que caísse diretamente no chão. Então soltou um longo suspiro.
— Tão frágil… — A bruxa olhou o caminho que faltava, provavelmente bem mais de uma hora de trajeto, e soltou um lamento. — Teremos uma longa descida pela frente, principezinho.
Estava ajustando a corda de escalada, estendendo-a sobre sua perna, quando ouviu o trote do cavalo e ergueu a cabeça.
— Bom dia, Alteza, chegou bem na hora.
— Bom dia. Onde está sua aprendiz? — ele perguntou enquanto amarrava seu cavalo ao lado da égua dela.
— Achei melhor dispensá-la. Ainda está abalada desde a última vez, e, para hoje, precisamos de foco total. — Ela apontou com a cabeça para o monte sob a qual estavam. — O que sabe sobre o Monte Zephyron?
— É um local estranho. Muitos desmoronamentos, o solo é muito instável, recomendamos que todos do reino se mantenham afastados. Meu… — O príncipe ficou subitamente calado.
— Pode falar — ela disse, docemente, e ele a encarou. Ambos trocaram um olhar cúmplice, e ele respirou fundo.
— Meu tutor costumava dizer que o que fosse que agisse nessa montanha, era muito parecido com a ação de vulcões.
— Nisso eu e ele concordamos. Embora provavelmente pensemos em motivos diferentes.
— Tenho medo de perguntar o seu — falou e, quando o encarou, percebeu que um pequeno sorriso estampava seu rosto. O coração dela deu um salto esquisito. E pensar que o estava xingando em pensamentos há poucos minutos antes.
— Você vai descobrir no que eu acredito assim que escalarmos esse monte.
O corpo do príncipe se resetou.
— Escalar? Mas…
— Confie em mim. Desde que Sua Alteza e eu nos apressarmos e alcançarmos o topo antes de meio dia, estaremos bem.
Os dois se encararam. Os olhos castanhos de lenha dele pareciam queimar os olhos verde folha dela, em um duelo silencioso. Por fim, ele suspirou.
— Ao sinal de qualquer coisa perigosa, vamos embora — ele disse, resoluto.
— Certo, Alteza — ela confirmou, contente.
Os olhos dele baixaram para o chão e o príncipe passou a mão no cabelo.
— Pode… me chamar de .
Provavelmente não existia nada que pudesse ter surpreendido mais a bruxa do que aquilo.
— Ahn… certo. . — Ela gostou de pronunciar o nome. — Então me chame de .
— Como desejar, .
O estômago da mulher se retorceu. Então ela olhou para o Monte Zephyron e o estômago se revirou de forma mais intensa. Nunca, em nenhum treinamento, jamais havia feito o que estava prestes a fazer, porém, depois de passar a semana inteira refletindo, percebeu que era sua última alternativa para tentar despertar nele a realidade.
E com a resolução de que aquilo era extremamente necessário, com ajuda do vento, ela começou a caminhar pela mata, iniciando a subida.
Uma hora depois, fizeram a primeira pausa. Estavam em cerca de metade do caminho e nenhum dos dois cedeu pelo máximo possível, mas estavam esgotados. observou o sol e viu que já deviam ser mais de nove horas. Um tremor se espalhou por seu corpo.
— Aqui. Tome um pouco de água. — O príncipe estendeu o cantil que carregava consigo.
— Obrigada. — Ela tomou um longo gole, então devolveu o cantil para . Depois, buscou um pequeno frasco no bolso de sua blusa para beber.
— O que é? — ele perguntou, curioso.
— Uma poção de revigoramento. Quer um gole?
— Não, obrigado.
— Sabe, mesmo que não acredite, mal não vai fazer. No mínimo, será água.
— A não ser que seja veneno — ele disse, e surpreendentemente ela sentiu que ele estava brincando.
— Ora, por favor. Depois de subir tudo isso, acha que te ofereceria veneno? Seria muito mais divertido vê-lo rolar monte abaixo.
— Mas seria muito menos mágico, não?
— Ah, acredite, eu poderia convocar uma ventania bem poderosa para me ajudar.
Os dois trocaram um olhar amistoso e se recostaram na sombra, em silêncio. não sabia dizer como exatamente aquela trégua havia se iniciado, mas estava surpreendentemente agradável, especialmente com seu estômago nem um pouco alegre com a situação.
A poção agiu rapidamente e, pouco depois, os dois continuaram a subida. Naquele ponto, a mata se tornou rarefeita, de forma que precisaram começar a colocar as mãos na pedra e verdadeiramente escalar.
O sol queimava a nuca deles, assim como esquentava a pedra na qual precisavam se apoiar, deixando pequenos machucados nas palmas. Estavam alcançando o topo quando tiveram que fazer mais uma pausa. Eram quase 11 horas e isso começava a preocupar a bruxa.
— Uma pérola por seus pensamentos — falou, tirando do bolso a pérola dada pela sereia.
— Você guardou a pérola? — perguntou, surpresa.
— Acho que vivemos problemas demais naquele dia para simplesmente jogá-la fora. — Ele girou a pérola nos dedos.
— Já reparou no anel de casamento da sua mãe? — a bruxa perguntou, enxugando o suor de sua testa.
— Sim.
— A pérola central foi conquistada por seu pai quando eu o treinei.
tomou mais um gole do cantil, pensativo.
— É verdade então que você esteve envolvida no casamento deles?
— Sim. Até o baile final do treinamento dos príncipes, nós dois iremos escolher sua noiva, e o pedido formal acontecerá lá.
— Era o que eu temia.
encarou o príncipe. Será que ele de fato não sentia nada por mulheres e temia isso?
— Fique tranquilo. Talvez de fato você não encontre um casamento por amor, mas isso não significa que não será feliz. Um casamento de cumplicidade pode ser perfeitamente agradável.
— Eu imagino que sim. — Ele fez uma pausa. — Mas quando se cresce com pais apaixonados, é difícil não desejar o mesmo — ele confessou, baixo.
olhou para o príncipe, levemente surpresa.
— Confesso que, para alguém tão racional, você não me parecia alguém que acreditaria no amor.
— Eu trabalho com provas teóricas e experimentais, e tenho uma delas bem diante dos meus olhos — ele disse.
A bruxa percebeu que ele encarava o chão, tentando esconder o rosto envergonhado. Ele estava vulnerável compartilhando essa informação, e talvez por isso ela tenha se visto compelida a falar:
— Eu nunca duvidei do amor. Sempre vi minhas mentoras se apaixonando, e alguns casamentos reais que passavam por mim eram verdadeiros, como os de seus pais. Já atendi diversos casais no mercado e muitos pareciam felizes, compartilhavam um tipo de compreensão e sentimento que… me fez desejar o mesmo — ela admitiu. — Mas eu percebi com o tempo que eu não nasci para o amor, o que não significa que eu não seja tola de continuar procurando.
— Eu acredito que todas as pessoas têm alguém feita para elas, e que as infelizes apenas não as encontraram.
— Talvez minha pessoa certa já tenha morrido então — respondeu, revirando os olhos.
— Ou nem tenha nascido.
— Isso era para eu me sentir melhor?! — ela reclamou, incrédula, arrancando uma gargalhada do príncipe que reverberou em seu peito.
— Só quero dizer que ainda há esperança. Você é uma pessoa importante demais para o amor te abandonar.
— Mas talvez eu já tenha ganhado meu amor. Tenho uma melhor amiga que é como uma irmã, não acho que há amor maior que este.
— Pandora, não é? — confirmou com a cabeça. — Hm. Acho que eu tenho alguém assim também. Mas isso não significa que isso supre o amor.
— É… eu até tentei beijar a Pandora, mas fomos feitas apenas para a amizade. Deve ser bom, não? Beijar alguém que você ama e sentir a emoção narrada nos grandes poemas.
deu de ombros, o rosto levemente envergonhado, e pensou que talvez estivesse pensando em seus amantes. Então, olhou para o céu. Assustada, percebeu que eram passadas as 11 horas.
— Vamos! Se não terminarmos a subida agora, teremos grandes problemas!
— Fico pensando que tipo de motivo para os tremores só é ativado ao meio dia.
— Você logo vai descobrir. Vem!
segurou as mãos de e o ergueu rapidamente. Quando os dois se tocaram, ela sentiu um arrepio ainda mais forte do que no dia do barco. Os dois trocaram um olhar, antes que ele desviasse o rosto.
Por um segundo, para seu horror, ela desejou que o príncipe sentisse algum tipo de interesse por ela.
Meia hora depois, os dois alcançaram o topo do monte, onde uma pequena toca rochosa se erguia. convocou um vento refrescante para secar seu suor e percebeu que haviam chegado antes de meio dia. A informação, no entanto, não serviu para acalmá-la, já que seu estômago se revirava pelo que estava por vir.
— Certo — ela começou, sussurrando, para . — A partir de agora, teremos que fazer muito silêncio. Senão podemos acordá-lo.
— Acordar… quem? — o príncipe perguntou, o tom de voz baixo.
— O motivo pelos tremores. Preste muita atenção aonde pisa.
segurou na mão de e o conduziu silenciosamente para a entrada na toca. Tudo estava tão silencioso que ela conseguia ouvir seu coração acelerado como a marcha de um tambor. Eles seguiram passo a passo, a iluminação ficando cada vez mais rarefeita conforme avançavam para dentro da formação rochosa. Por algumas fendas no teto, feixes de luz lutavam para entrar, dando o direcionamento preciso para que não tropeçassem em nada. Até que escutaram um som que se assemelhava a uma grande máquina soltando fumaça.
— O que…?
silenciou com um olhar letal. Então, os dois viraram a esquina e se depararam frente a frente com o dragão dormindo.
sentiu o medo a dominar, mas seu olhar foi imediatamente para , que havia congelado no lugar. Haviam muitas emoções passando por seu rosto geralmente tão sério. Medo, surpresa, deslumbre, choque, descrença, confusão… Seus olhos arregalados varriam o ambiente como se não pudessem acreditar em si mesmo.
A bruxa o puxou para trás, forçando-o a desviar os olhos e sair do local. Os dois caminharam apressados e silenciosos para saírem da toca, e a mulher sentiu um alívio imediato quando avistou a entrada.
Assim que saíram da toca, o sol invadiu seus olhos, deixando-a levemente desnorteada, mas grata por estar ali. Já começava a retornar para a trilha quando escutou a voz do príncipe.
— Um… Era um dra…
— Shh! — ela o repreendeu, e olhou assustada para a caverna atrás dos dois. Então, sinalizou o caminho por onde eles tinham vindo, fazendo um sinal de “depois”.
O homem apenas concordou com a cabeça, passando a segui-la monte abaixo até, dez minutos depois, alcançarem um local onde poderiam parar.
— Certo… — A bruxa o olhou, tentando não soar convencida. — Entendo que talvez muita coisa do que chamamos de magia possa ter alguma explicação dessas que você acredita. Mas ainda assim vai negar a existência?
não respondeu, encarando um ponto fixo com os olhos arregalados como se o dragão ainda estivesse ali na sua frente. A mulher sacudiu a cabeça.
— Muito bem, acho que não. Isso é ótimo, porque…
Mas, naquele momento, um pedregulho rolou do topo e passou a poucos metros de onde os dois estavam.
— Ah, não…
— O quê? O que foi, ? — o príncipe perguntou, totalmente alerta.
— Zephyron acordou. Devem ser meio dia. Nesse horário mais ou menos, o sol entra na caverna e sempre o desperta, o que causa a agitação da terra. — parecia prestes a vomitar. — Mas está tudo bem. Fique perto de mim, eu vou te proteger.
Ela se sentou na pedra e começou a descer do monte. Olhou para trás e encontrou ainda paralisado.
— Vem!
Ele se agachou rapidamente e começou a segui-la na mesma hora que outro pedregulho desceu. Tirando uma de suas mãos de apoio da pedra, afastou a pedra com facilidade, antes de descer mais um pedaço.
Esse processo se repetiu por mais uma hora, até os dois alcançarem novamente o trecho ds trilha. Ao mesmo tempo, o dragão pareceu voltar a descansar e os pedregulhos pararam de cair.
se ergueu da pedra, batendo uma mão na outra para tirar a terra, e se virou para um cuja tez bronzeada estava completamente pálida.
— Viu? Não foi tão ruim assim — falou, tanto para ele, quanto para si mesma.
O príncipe, em resposta, desmoronou ao seu lado. correu para segurar o corpo, com ajuda do vento, antes que caísse diretamente no chão. Então soltou um longo suspiro.
— Tão frágil… — A bruxa olhou o caminho que faltava, provavelmente bem mais de uma hora de trajeto, e soltou um lamento. — Teremos uma longa descida pela frente, principezinho.
CAPÍTULO SEIS
— Muito bem. Digamos que talvez unicórnios sejam mutações genéticas. Eu disse talvez! Como você explica que o toque em seu chifre pode causar cura instantânea?
olhou em volta da biblioteca, vazia exceto pelos dois, e suspirou.
— Não sei — confessou. — Isso me dá dor de cabeça. — E apoiou a cabeça no ombro de .
Algumas coisas haviam mudado entre os dois desde a subida ao Monte Zephyron. De fato, desmaiar na frente de alguém e ser arrastado por essa pessoa fazia com que algumas linhas de intimidade fossem alcançadas.
Surpreendentemente, a bruxa descobriu que o príncipe era uma pessoa interessantíssima de se manter por perto. Sempre tinha algum comentário inteligente ou engraçado para fazer, e seu humor se mostrava bem mais alegre. Tinha as melhores indicações de livros e cantos escondidos da biblioteca que eram seus favoritos.
Como o que estavam, entre a seção de “Poesia” e a seção de “História – Anos 100 a 300”, que ele dissera ter a parede em um tom particularmente bonito de verde.
— Parecem seus olhos — ele disse no dia em que lhe mostrou o lugar.
E ficou sem saber o que responder porque, cada vez mais, se via atraída para um homem que não gostava de mulheres.
Ela deu uma ombrada de leve na cabeça dele, o afastando, o que tirou um resmungo fingido da boca do príncipe.
— Por favor, , temos que terminar isso! O baile é semana que vem e já estamos atrasados no conteúdo porque alguém cismou em odiar a própria tutora.
Inabalado pelo comentário ácido da bruxa, o homem apoiou o queixo na mão e olhou para como um filhote de coelho selvagem
— Você não precisa ir embora semana que vem. Você podia ficar mais.
O estômago de se revirou.
— Não posso. Eu tenho que gerenciar minha loja no mercado, tenho muitos clientes que precisam de mim.
— Você poderia atendê-los daqui. Mandaríamos nossa melhor cavalaria para entregar cada produto com segurança e cuidado em mãos de cada cliente.
O argumento era o mesmo que Pandora havia dito e, quando repetido por , parecia ainda mais certeiro. Seria tão ruim aceitar a vida no palácio? Um quarto luxuoso, um jardim maravilhoso para visitar, próxima das fadas e das sereias. Próxima de , que a levaria em cada canto da gigantesca biblioteca que ela ainda não conhecia.
, que ia estar casado com outra pessoa na semana que vem.
Ela sacudiu a cabeça, assustada com a dor do pensamento que aquilo lhe trouxe.
— Meu trabalho é treinar os príncipes e partir. Sempre foi.
Não era a primeira vez que ela dizia não para um príncipe ou rei que implorava que ela ficasse. Mas seria a última vez que treinaria um príncipe. Da próxima vez, Lilith seria a encarregada. A mesma Lilith que ela havia dispensado de vir na biblioteca porque, vergonhosamente, queria ficar sozinha com e aproveitar daquela conexão que estavam sentindo.
Agora, com o príncipe a encarando com tanta tristeza, ela se arrependia da decisão.
— Não seja teimoso e termine a sua leitura. Vou pedir para Lilith passar aqui em uma hora para conferir seu trabalho — ela falou, se levantando da cadeira, mas interrompeu o movimento quando sentiu uma mão quente no seu punho.
— Por que não pode ser você? Por favor…
engoliu em seco ao olhar para a boca dele e sentir uma súbita necessidade de beijá-lo. E não era a primeira vez.
— Porque eu sou ocupada. Deixe de agir como uma criança e aja como o futuro rei!
Para sua surpresa, ele assentiu e largou sua mão, voltando calmamente para sua leitura.
— Homens… — ela sussurrou antes de sair da biblioteca.
Precisava encontrar Pandora. Com urgência. Apenas ela saberia o que fazer para ajudá-la a superar a imensa vontade de beijar seu amigo. Que por acaso era o príncipe e que nunca, de forma alguma, teria interesse nela.
Caminhou o mais rápido que conseguiu sem perder sua compostura, o que custou seu fôlego rapidamente. Se encostou em uma parede para se recuperar, o que apenas lhe trouxe assombrações das feições adoráveis de lhe implorando.
Que merda, ela amava quando ele implorava.
Estava prestes a voltar a correr para Dora quando escutou cochichos no corredor. espiou de leve e percebeu que era um guarda bem próximo de uma criada. Imaginou que não era de sua conta e estava prestes a dar a volta quando reconheceu o cabelo loiro do guarda que prendia a criada entre seu corpo e a parede.
— Qual é, deixa eu te ajudar…
— Não precisa, de verdade…
A menina não parecia ter mais que quinze anos. Ela olhava para o chão, o corpo frágil tremendo, enquanto segurava uma pilha de roupas. Alecsander segurou no queixo dela, forçando-a a olhar para ele. Ondas de desgosto percorreram o corpo da bruxa.
— Escuta aqui, você vai me deixar te ajudar, não vai?
— Eu…
ergueu uma mão e fez uma corrente de vento forte fechar com força uma janela de vidro próxima deles, estilhaçando-a. Alecsander se soltou da criada para se proteger e logo o corredor se encheu de outros guardas que ouviram o barulho.
— O que houve? — um deles disse.
— Apenas o vento. Chame alguém para limpar essa bagunça — Alecsander disse para a criada.
— Sim, senhor.
Nessa hora, a bruxa saiu do seu esconderijo e fingiu uma cara de preocupação.
— Está tudo bem?
— Tudo sim, senhora. Apenas um incidente com o vento — outro guarda a respondeu.
— Ninguém está ferido, está?
— Apenas o meu ego — Alecsander disse, em um tom brincalhão que, se ela não tivesse presenciado a cena anteriormente, juraria que era verdadeiro.
— Fico aliviada. Já que está bem — ela se aproximou mais, ficando cara a cara com ele —, poderia ir ao meu quarto mais tarde? Tenho um problema que só você pode resolver.
Os olhos dele brilharam de malícia. Nojento.
— Às suas ordens, senhora.
sorriu falsamente e segurou aquele sorriso enquanto caminhava, listando mentalmente os ingredientes que tinha no estoque real. Estava mais acostumada com geleias de morango, mas um vinho serviria perfeitamente.
✨
Quando Alecsander bateu em sua porta horas mais tarde, o vinho já estava servido em duas taças e usava uma de suas roupas mais especiais: um corset branco com uma saia translúcida. Ele observou deslumbrado o corpo da mulher iluminado pela luz das velas. Ela sorriu, genuinamente feliz. Não via a hora de se livrar dele.
— Uau, preparou tudo isso para mim?
— Com muito cuidado e dedicação — ela respondeu, honestamente. — Sente-se.
Ele se sentou ao lado dela na cama e aceitou a taça que ela lhe estendia, tão docemente. Com a outra mão, ele apertou a coxa dela por cima da saia, e ela segurou a repulsa.
— Você está fantástica… Mal posso esperar para tirar essa roupa de você.
— Para chegarmos à sobremesa, precisamos jantar. — Ela soltou um risinho. — Um brinde a nós.
— Um brinde — ele respondeu, com uma piscadela, antes de tomar um longo gole.
— Fico muito feliz por estarmos juntos aqui. Estava cansada de homens me traindo, me trocando por mulheres mais novas… Era sempre a mesma coisa. Como homens indo atrás de crianças que trabalham com eles… Sorte que você não é assim, não é mesmo, Alecsander?
Ela piscou inocentemente, mas percebeu o rosto dele se fechar conforme ele absorvia cada palavra que ela dizia.
— A janela… foi você, não foi?
— Gostou? Achei que te ensinaria a não mexer mais com quem não deve.
— Bruxa maldita!
E voou para cima dela, apertando a garganta dela com força. Ela soltou um grito, que logo foi interrompido com o aperto da mão de Alecsander, e o chutou de cima dela, mas ele não queria sair. Tentou convocar um vento, mas era difícil se conectar com o ar quando este não estava entrando em seu corpo.
escutou a porta se abrir de supetão.
— ?! Eu ouvi um grito!
Por baixo do corpo pesado, a bruxa viu congelar encarando a cena, boquiaberto, antes de se jogar para frente para tirar o guarda de cima dela.
Antes de alcançar Alecsander, no entanto, onde antes havia um guarda, restou apenas uma rã assustada.
E no local do bravo príncipe que tentava defendê-la, restou apenas um garotinho assustado que, mais uma vez, desmaiou.
olhou em volta da biblioteca, vazia exceto pelos dois, e suspirou.
— Não sei — confessou. — Isso me dá dor de cabeça. — E apoiou a cabeça no ombro de .
Algumas coisas haviam mudado entre os dois desde a subida ao Monte Zephyron. De fato, desmaiar na frente de alguém e ser arrastado por essa pessoa fazia com que algumas linhas de intimidade fossem alcançadas.
Surpreendentemente, a bruxa descobriu que o príncipe era uma pessoa interessantíssima de se manter por perto. Sempre tinha algum comentário inteligente ou engraçado para fazer, e seu humor se mostrava bem mais alegre. Tinha as melhores indicações de livros e cantos escondidos da biblioteca que eram seus favoritos.
Como o que estavam, entre a seção de “Poesia” e a seção de “História – Anos 100 a 300”, que ele dissera ter a parede em um tom particularmente bonito de verde.
— Parecem seus olhos — ele disse no dia em que lhe mostrou o lugar.
E ficou sem saber o que responder porque, cada vez mais, se via atraída para um homem que não gostava de mulheres.
Ela deu uma ombrada de leve na cabeça dele, o afastando, o que tirou um resmungo fingido da boca do príncipe.
— Por favor, , temos que terminar isso! O baile é semana que vem e já estamos atrasados no conteúdo porque alguém cismou em odiar a própria tutora.
Inabalado pelo comentário ácido da bruxa, o homem apoiou o queixo na mão e olhou para como um filhote de coelho selvagem
— Você não precisa ir embora semana que vem. Você podia ficar mais.
O estômago de se revirou.
— Não posso. Eu tenho que gerenciar minha loja no mercado, tenho muitos clientes que precisam de mim.
— Você poderia atendê-los daqui. Mandaríamos nossa melhor cavalaria para entregar cada produto com segurança e cuidado em mãos de cada cliente.
O argumento era o mesmo que Pandora havia dito e, quando repetido por , parecia ainda mais certeiro. Seria tão ruim aceitar a vida no palácio? Um quarto luxuoso, um jardim maravilhoso para visitar, próxima das fadas e das sereias. Próxima de , que a levaria em cada canto da gigantesca biblioteca que ela ainda não conhecia.
, que ia estar casado com outra pessoa na semana que vem.
Ela sacudiu a cabeça, assustada com a dor do pensamento que aquilo lhe trouxe.
— Meu trabalho é treinar os príncipes e partir. Sempre foi.
Não era a primeira vez que ela dizia não para um príncipe ou rei que implorava que ela ficasse. Mas seria a última vez que treinaria um príncipe. Da próxima vez, Lilith seria a encarregada. A mesma Lilith que ela havia dispensado de vir na biblioteca porque, vergonhosamente, queria ficar sozinha com e aproveitar daquela conexão que estavam sentindo.
Agora, com o príncipe a encarando com tanta tristeza, ela se arrependia da decisão.
— Não seja teimoso e termine a sua leitura. Vou pedir para Lilith passar aqui em uma hora para conferir seu trabalho — ela falou, se levantando da cadeira, mas interrompeu o movimento quando sentiu uma mão quente no seu punho.
— Por que não pode ser você? Por favor…
engoliu em seco ao olhar para a boca dele e sentir uma súbita necessidade de beijá-lo. E não era a primeira vez.
— Porque eu sou ocupada. Deixe de agir como uma criança e aja como o futuro rei!
Para sua surpresa, ele assentiu e largou sua mão, voltando calmamente para sua leitura.
— Homens… — ela sussurrou antes de sair da biblioteca.
Precisava encontrar Pandora. Com urgência. Apenas ela saberia o que fazer para ajudá-la a superar a imensa vontade de beijar seu amigo. Que por acaso era o príncipe e que nunca, de forma alguma, teria interesse nela.
Caminhou o mais rápido que conseguiu sem perder sua compostura, o que custou seu fôlego rapidamente. Se encostou em uma parede para se recuperar, o que apenas lhe trouxe assombrações das feições adoráveis de lhe implorando.
Que merda, ela amava quando ele implorava.
Estava prestes a voltar a correr para Dora quando escutou cochichos no corredor. espiou de leve e percebeu que era um guarda bem próximo de uma criada. Imaginou que não era de sua conta e estava prestes a dar a volta quando reconheceu o cabelo loiro do guarda que prendia a criada entre seu corpo e a parede.
— Qual é, deixa eu te ajudar…
— Não precisa, de verdade…
A menina não parecia ter mais que quinze anos. Ela olhava para o chão, o corpo frágil tremendo, enquanto segurava uma pilha de roupas. Alecsander segurou no queixo dela, forçando-a a olhar para ele. Ondas de desgosto percorreram o corpo da bruxa.
— Escuta aqui, você vai me deixar te ajudar, não vai?
— Eu…
ergueu uma mão e fez uma corrente de vento forte fechar com força uma janela de vidro próxima deles, estilhaçando-a. Alecsander se soltou da criada para se proteger e logo o corredor se encheu de outros guardas que ouviram o barulho.
— O que houve? — um deles disse.
— Apenas o vento. Chame alguém para limpar essa bagunça — Alecsander disse para a criada.
— Sim, senhor.
Nessa hora, a bruxa saiu do seu esconderijo e fingiu uma cara de preocupação.
— Está tudo bem?
— Tudo sim, senhora. Apenas um incidente com o vento — outro guarda a respondeu.
— Ninguém está ferido, está?
— Apenas o meu ego — Alecsander disse, em um tom brincalhão que, se ela não tivesse presenciado a cena anteriormente, juraria que era verdadeiro.
— Fico aliviada. Já que está bem — ela se aproximou mais, ficando cara a cara com ele —, poderia ir ao meu quarto mais tarde? Tenho um problema que só você pode resolver.
Os olhos dele brilharam de malícia. Nojento.
— Às suas ordens, senhora.
sorriu falsamente e segurou aquele sorriso enquanto caminhava, listando mentalmente os ingredientes que tinha no estoque real. Estava mais acostumada com geleias de morango, mas um vinho serviria perfeitamente.
Quando Alecsander bateu em sua porta horas mais tarde, o vinho já estava servido em duas taças e usava uma de suas roupas mais especiais: um corset branco com uma saia translúcida. Ele observou deslumbrado o corpo da mulher iluminado pela luz das velas. Ela sorriu, genuinamente feliz. Não via a hora de se livrar dele.
— Uau, preparou tudo isso para mim?
— Com muito cuidado e dedicação — ela respondeu, honestamente. — Sente-se.
Ele se sentou ao lado dela na cama e aceitou a taça que ela lhe estendia, tão docemente. Com a outra mão, ele apertou a coxa dela por cima da saia, e ela segurou a repulsa.
— Você está fantástica… Mal posso esperar para tirar essa roupa de você.
— Para chegarmos à sobremesa, precisamos jantar. — Ela soltou um risinho. — Um brinde a nós.
— Um brinde — ele respondeu, com uma piscadela, antes de tomar um longo gole.
— Fico muito feliz por estarmos juntos aqui. Estava cansada de homens me traindo, me trocando por mulheres mais novas… Era sempre a mesma coisa. Como homens indo atrás de crianças que trabalham com eles… Sorte que você não é assim, não é mesmo, Alecsander?
Ela piscou inocentemente, mas percebeu o rosto dele se fechar conforme ele absorvia cada palavra que ela dizia.
— A janela… foi você, não foi?
— Gostou? Achei que te ensinaria a não mexer mais com quem não deve.
— Bruxa maldita!
E voou para cima dela, apertando a garganta dela com força. Ela soltou um grito, que logo foi interrompido com o aperto da mão de Alecsander, e o chutou de cima dela, mas ele não queria sair. Tentou convocar um vento, mas era difícil se conectar com o ar quando este não estava entrando em seu corpo.
escutou a porta se abrir de supetão.
— ?! Eu ouvi um grito!
Por baixo do corpo pesado, a bruxa viu congelar encarando a cena, boquiaberto, antes de se jogar para frente para tirar o guarda de cima dela.
Antes de alcançar Alecsander, no entanto, onde antes havia um guarda, restou apenas uma rã assustada.
E no local do bravo príncipe que tentava defendê-la, restou apenas um garotinho assustado que, mais uma vez, desmaiou.
CAPÍTULO SETE
— Ele me trocou por outra garota e a importunou, então eu decidi transformá-lo em rã — terminou de explicar, olhando para suas mãos, completamente desconfortável com o silêncio súbito de .
O príncipe, por sua vez, encarava a jarra de vidro na qual uma pequena rã pulava, desesperada, covarde na forma de anfíbio como era na forma de homem.
— Então… Você e Alecsander… estavam namorando.
— Satisfazendo nossas necessidades é uma explicação melhor. Nunca namoraria um loiro.
— Certo… — o príncipe a olhou, confuso, e ela temeu que ele pudesse desmaiar de novo. — Então vocês não estão mais juntos?
— O que você acha? — apontou para a jarra.
— Você tem um bom ponto. — engoliu em seco, e se voltou para encará-la. — Você fala disso como se não fosse a primeira vez.
O rosto de ficou tão vermelho quanto um morango maduro, e ela virou o rosto.
— Talvez não tenha sido a primeira vez.
O quarto ficou silencioso, e ficou congelada, esperando que fosse denunciá-la ou minimamente sair do quarto e nunca mais dirigir-lhe a palavra.
— Legal.
Ela levantou o rosto, chocada.
— Legal?! , estou te falando que eu matei pessoas! E não só uma vez!
— Você deve ter tido seus motivos. — Ele deu de ombros.
— Eu matei homens por me rejeitarem! Por me tratarem mal!
— Então os matou por serem burros.
O queixo da bruxa caiu. Ele estava a defendendo para ela mesma?
— Mas… mas…
— A única coisa que não entendo — ele disse, ficando sério — é por que se vestiu assim para matá-lo.
— Para ele não suspeitar de nada.
— O que não parece ter dado certo. — A expressão dele estava fechada ao encarar o pescoço marcado dela.
— Mas isso foi culpa minha, eu me dedurei. Não sabia que o efeito da poção no vinho era diferente do efeito na geleia de morango.
— Geleia de morango?
— Não importa! O que importa é que tudo deu certo. Você que entrou igual a um maluco no meu quarto e ainda desmaiou.
— Eu te ouvi gritar, eu só quis saber se você estava bem.
— E o que você estava fazendo na minha porta?
Ele teve a decência de parecer constrangido.
— Você sumiu a tarde inteira.
— Argh! Está vendo? Você não pode agir assim!
— Assim como?
— Gentil desse jeito! Dizer que sentiu saudades, que se preocupa, que tudo bem eu transformar homens babacas em rãs…
— Eu realmente achei maneiro. Acabou mais uma vez com meus argumentos sobre a magia, embora eu fique pensando como você cientificamente altera parte por parte do corpo.
— Viu? Você está sendo legal demais comigo!
— E qual o problema?
— O problema é que você parece bom demais para ser verdade! Você era tão irritante, e agora está todo bonzinho.
Ele a encarou com aqueles olhos de madeira, iluminados pelas chamas das velas, com todo o tom de inocência.
— E isso é ruim?
— Claro que é! — se levantou e percebeu que ele virou o rosto, evitando olhar para sua bunda totalmente à mostra com o tecido translúcido. — Viu?
— O que foi?
— Você nem consegue olhar para mim! Você age como o homem perfeito, mas, no fim do dia, só se interessa por homens?
franziu a testa.
— Me interessar por homens? Onde escutou esse boato interessante?
— Eu não ouvi, eu…! Você não olhou para meu peito quando nos conhecemos! E acabou de virar a cara!
— Isso se chama ser respeitoso. Caramba, , não me surpreende que você tenha uma coleção de rãs com o tipo de homem que você conviveu.
— Mas… Mas você não me acha atraente — ela disse, a voz começando a ficar mais baixa.
— Não? Por quê acha que fico o dia inteiro atrás de você?
— Porque eu sou incrível — ela respondeu, quase em um sussurro.
— Isso também. Mas principalmente — ele cobriu lentamente a distância entre eles, o olhar sempre fixo no dela — porque eu estava ficando louco por você.
— Mas… Mas você…
— O quê? A tratei como um idiota no começo? Sim, mas eu estou tentando correr atrás do prejuízo. Não estou conseguindo demonstrar isso?
Ele colocou uma mão na cintura dela e, com a outra, afastou uma mecha de cabelo da frente de seu rosto, roçando de leve o dedo na pele, causando um arrepio na bruxa. Seu olhar demonstrava carinho, desejo e uma leve insegurança que fez o coração da mulher acelerar.
— Eu estou muito interessado em você. Me daria a honra de beijá-la?
ficou sem palavras, incapaz de responder com a confusão e o desejo se misturando em seu corpo. Porém, perdida naquele frenesi, ao encarar os lábios de , ela encontrou forças para assentir.
E ele não precisou de mais nada.
Em um segundo, ele pressionava os lábios, o peito, tudo que pudesse contra o corpo dela. A pele dela queimava onde eles se encostavam, principalmente onde a mão dele repousava, possessiva.
O beijo não era nem de longe o mais preciso que ela já havia compartilhado, mas conseguia, de alguma forma, ser o mais especial. Ela sentia um calor se acumular entre as pernas toda vez que a língua dele se movimentava dentro da boca dela, e soltou um gemido alto quando ele passou para o pescoço dela.
não conseguiu mais controlar as próprias mãos, que logo estavam desabotoando o colete do príncipe, embora ela muitas vezes se demorasse no mesmo botão, a cabeça nublada de desejo embolando seus movimentos. Quando ela enfim tirou o colete e lançou a blusa dele ao chão, foi recompensada pelo peitoral bronzeado e musculoso, coberto de pelos, que a deixou maluca.
— Você é delicioso.
O rosto de ficou vermelho, o que a bruxa achou simplesmente adorável. Aproveitando aquele momento desconcertado, ela se aproximou e depositou alguns beijos no pescoço dele enquanto seus dedos trabalhavam na calça. O príncipe soltou um gemido completamente entregue, mostrando que a dinâmica havia se alterado.
Ela estava quase se livrando do último botão quando ele colocou as mãos nas suas, fazendo-a erguer uma sobrancelha.
— Um segundo… Ainda não, eu… Primeiro, eu queria…
E sem falar mais nada, se ajoelhou na frente dela, encarando-a de baixo com um olhar de súplica ardente, necessitado. As pernas de bambearam com a simples cena dele ajoelhado na sua frente.
— Primeiro, eu queria te dar prazer.
A bruxa esboçou um sorriso. Parte dela achou simplesmente adorável aquele lindo príncipe estar tão preocupado com como ela iria se sentir. De fato, em toda sua vida, ela nunca havia conhecido alguém como ele.
Ela suspirou, levando as mãos para trás, onde os botões da saia se encontravam.
— Que assim seja.
E, em um único movimento, o tecido se amontoou em seus pés, revelando por completo toda a parte inferior de seu corpo.
O olhar de desejo de triplicou e suas bochechas ficaram ainda mais vermelhas quando caminhou para a frente, grudando o rosto dele no encontro das coxas dela, e afastou as pernas.
Tímido, se agarrou nas coxas da mulher e depositou um beijo em sua intimidade. Ele começou lentamente, os lábios passeando pela pele, deixando-a completamente trêmula, mas ainda no controle. Até que ele a lambeu em seu ponto mais sensível.
gemeu e agarrou o cabelo de como se sua vida dependesse daquilo.
Incentivado pela mulher, ele passou a delicadamente lambê-la, para depois acelerar os movimentos, o que por sua vez acelerava a respiração da bruxa. sentia tudo com uma intensidade surreal, e o prazer aumentava toda vez que encarava a olhando como um cachorro sem dono, pedindo que ela o adotasse. Tudo isso enquanto colocava a língua dentro dela.
A sensação deliciosa começou a se acumular em seu ventre conforme o príncipe a penetrava com a língua e, com sua ajuda, acariciava seu ponto de prazer. Os gemidos começaram a se intensificar e, inconscientemente, fechou os olhos, esperando a sensação maravilhosa.
E os abriu rapidamente quando sentiu parar.
Ele a encarava, ainda de joelhos, novamente com sua cara de filhote perdido, as bochechas coradas e a boca tomada pelo brilho da umidade da mulher.
— Por que parou? — ela ralhou, sem fôlego.
— Porque eu… queria muito sentir você de outra maneira.
— Mas eu estou tão perto.
— Por favor, . Deixe eu sentir o seu prazer também — falou, mais como uma súplica.
Ela era capaz de explodir bem ali. Como amava que ele implorasse.
Por causa disso, com as pernas trêmulas, ela caminhou até a cama e se deitou ali, deixando as pernas bem abertas para ele.
— E então?
Boquiaberto, se levantou, desajeitado, e desabotoou aquele último botão, deixando as calças caírem de seu corpo. estava tão desesperada que gemeu só ao olhar o membro do príncipe pronto para ela.
— Agora, vem para cá e coloca tudo dentro de mim — ela disse, a voz rouca conforme ela perdia o controle.
Ela pôde vê-lo engolir em seco e se aproximar rapidamente. Ambos gemeram quando ele se posicionou na entrada dela.
— Assim?
— Isso. Agora mais fundo.
pressionou a entrada e deslizou facilmente para dentro, arrancando um grito de e fazendo com que ele revirasse os olhos.
— Pelos espíritos… Você é maravilhosa.
Ela gemeu em resposta, agarrando a mão dele e levando-o de volta ao seu ponto sensível conforme incentivava-o a se mexer devagar.
— Isso, assim. Desse jeito, eu…
Suas palavras se tornaram inteligíveis conforme ele continuava avançando e a estimulando. Em pouco tempo, sentiu seu corpo explodir de uma forma que nunca havia sentido antes, sentindo sua intimidade apertar o membro dele conforme liberava a onda de prazer. Ela gritou e sentiu o príncipe gemer alto também, acelerando os movimentos.
— Isso foi muito gostoso — ele disse, no meio de gemidos, acelerando o ritmo.
mal conseguia falar, tomada pela corrente de sensações que se prolongavam conforme continuava investindo. Ela apenas curvou as costas e ele rapidamente compreendeu, puxando o laço do espartilho e tirando a última peça de roupa entre eles. Sem mais qualquer barreira, o príncipe gemeu ao encarar os mamilos descobertos e acelerou.
buscou a mão dele sobre a sua intimidade e levou para a sua boca, lambendo cada dedo, molhados por culpa dela. Estava sugando o dedo anelar dele quando soltou um gemido gutural e, sem mais avisos, se derramou dentro dela.
Segundos depois, o príncipe desabou em cima da bruxa, retirando-se com cuidado da sua intimidade. bufou, irritada, e lhe deu um tapa leve nas costas.
— Sai! Você é muito pesado.
se levantou, o rosto tomado de suor e as bochechas coradas de vergonha. Os dois se ajeitaram na cama da mulher, embora o príncipe mal parecesse conseguir encará-la nos outros.
— Me desculpa, eu… Não estava esperando que eu fosse…
— Gozar? — ela completou por ele. — Está tudo bem, eu tomo uma poção para isso.
— Mas eu queria ter te avisado.
— Você é muito gentil. — Ela depositou um beijo no braço dele e afundou a mão no peitoral dele. — Hm, isso é gostoso…
Ele soltou um suspiro e encostou a cabeça na dela. A mão dele foi até o cabelo rosa da bruxa e começou a afagá-lo, deixando-a molenga conforme o cansaço ia se apoderando dela.
— Você é muito mais do que eu esperei e sonhei — ele sussurrou.
— E você até que se mostrou menos chato — ela murmurou, lutando contra a escuridão.
— Por favor, fique no palácio.
Antes que pudesse responder, no entanto, a inconsciência tomou conta de , que adormeceu afagada nos braços do príncipe.
✨
colocou a primeiro vestido que viu com rapidez e discrição. Sem fazer nenhum barulho, chegou até a porta do quarto. Ela olhou para trás, se sentindo levemente culpada de largar o príncipe adormecido ali, sozinho, mas ela não suportava mais ficar ali. Assim que fechou a porta, ela avançou no corredor com discrição. O sol estava nascendo ao longe, e diversos pensamentos terríveis tomavam conta de sua mente.
Quando chegou ao quarto de Pandora, nem conseguia lembrar se chegara a bater na porta. Estava desnorteada demais e só se recordava de se sentar na cama da amiga, que a encarava com preocupação.
— Ah, Pandora, eu estou ferrada — falou, antes de desabar em choro.
O príncipe, por sua vez, encarava a jarra de vidro na qual uma pequena rã pulava, desesperada, covarde na forma de anfíbio como era na forma de homem.
— Então… Você e Alecsander… estavam namorando.
— Satisfazendo nossas necessidades é uma explicação melhor. Nunca namoraria um loiro.
— Certo… — o príncipe a olhou, confuso, e ela temeu que ele pudesse desmaiar de novo. — Então vocês não estão mais juntos?
— O que você acha? — apontou para a jarra.
— Você tem um bom ponto. — engoliu em seco, e se voltou para encará-la. — Você fala disso como se não fosse a primeira vez.
O rosto de ficou tão vermelho quanto um morango maduro, e ela virou o rosto.
— Talvez não tenha sido a primeira vez.
O quarto ficou silencioso, e ficou congelada, esperando que fosse denunciá-la ou minimamente sair do quarto e nunca mais dirigir-lhe a palavra.
— Legal.
Ela levantou o rosto, chocada.
— Legal?! , estou te falando que eu matei pessoas! E não só uma vez!
— Você deve ter tido seus motivos. — Ele deu de ombros.
— Eu matei homens por me rejeitarem! Por me tratarem mal!
— Então os matou por serem burros.
O queixo da bruxa caiu. Ele estava a defendendo para ela mesma?
— Mas… mas…
— A única coisa que não entendo — ele disse, ficando sério — é por que se vestiu assim para matá-lo.
— Para ele não suspeitar de nada.
— O que não parece ter dado certo. — A expressão dele estava fechada ao encarar o pescoço marcado dela.
— Mas isso foi culpa minha, eu me dedurei. Não sabia que o efeito da poção no vinho era diferente do efeito na geleia de morango.
— Geleia de morango?
— Não importa! O que importa é que tudo deu certo. Você que entrou igual a um maluco no meu quarto e ainda desmaiou.
— Eu te ouvi gritar, eu só quis saber se você estava bem.
— E o que você estava fazendo na minha porta?
Ele teve a decência de parecer constrangido.
— Você sumiu a tarde inteira.
— Argh! Está vendo? Você não pode agir assim!
— Assim como?
— Gentil desse jeito! Dizer que sentiu saudades, que se preocupa, que tudo bem eu transformar homens babacas em rãs…
— Eu realmente achei maneiro. Acabou mais uma vez com meus argumentos sobre a magia, embora eu fique pensando como você cientificamente altera parte por parte do corpo.
— Viu? Você está sendo legal demais comigo!
— E qual o problema?
— O problema é que você parece bom demais para ser verdade! Você era tão irritante, e agora está todo bonzinho.
Ele a encarou com aqueles olhos de madeira, iluminados pelas chamas das velas, com todo o tom de inocência.
— E isso é ruim?
— Claro que é! — se levantou e percebeu que ele virou o rosto, evitando olhar para sua bunda totalmente à mostra com o tecido translúcido. — Viu?
— O que foi?
— Você nem consegue olhar para mim! Você age como o homem perfeito, mas, no fim do dia, só se interessa por homens?
franziu a testa.
— Me interessar por homens? Onde escutou esse boato interessante?
— Eu não ouvi, eu…! Você não olhou para meu peito quando nos conhecemos! E acabou de virar a cara!
— Isso se chama ser respeitoso. Caramba, , não me surpreende que você tenha uma coleção de rãs com o tipo de homem que você conviveu.
— Mas… Mas você não me acha atraente — ela disse, a voz começando a ficar mais baixa.
— Não? Por quê acha que fico o dia inteiro atrás de você?
— Porque eu sou incrível — ela respondeu, quase em um sussurro.
— Isso também. Mas principalmente — ele cobriu lentamente a distância entre eles, o olhar sempre fixo no dela — porque eu estava ficando louco por você.
— Mas… Mas você…
— O quê? A tratei como um idiota no começo? Sim, mas eu estou tentando correr atrás do prejuízo. Não estou conseguindo demonstrar isso?
Ele colocou uma mão na cintura dela e, com a outra, afastou uma mecha de cabelo da frente de seu rosto, roçando de leve o dedo na pele, causando um arrepio na bruxa. Seu olhar demonstrava carinho, desejo e uma leve insegurança que fez o coração da mulher acelerar.
— Eu estou muito interessado em você. Me daria a honra de beijá-la?
ficou sem palavras, incapaz de responder com a confusão e o desejo se misturando em seu corpo. Porém, perdida naquele frenesi, ao encarar os lábios de , ela encontrou forças para assentir.
E ele não precisou de mais nada.
Em um segundo, ele pressionava os lábios, o peito, tudo que pudesse contra o corpo dela. A pele dela queimava onde eles se encostavam, principalmente onde a mão dele repousava, possessiva.
O beijo não era nem de longe o mais preciso que ela já havia compartilhado, mas conseguia, de alguma forma, ser o mais especial. Ela sentia um calor se acumular entre as pernas toda vez que a língua dele se movimentava dentro da boca dela, e soltou um gemido alto quando ele passou para o pescoço dela.
não conseguiu mais controlar as próprias mãos, que logo estavam desabotoando o colete do príncipe, embora ela muitas vezes se demorasse no mesmo botão, a cabeça nublada de desejo embolando seus movimentos. Quando ela enfim tirou o colete e lançou a blusa dele ao chão, foi recompensada pelo peitoral bronzeado e musculoso, coberto de pelos, que a deixou maluca.
— Você é delicioso.
O rosto de ficou vermelho, o que a bruxa achou simplesmente adorável. Aproveitando aquele momento desconcertado, ela se aproximou e depositou alguns beijos no pescoço dele enquanto seus dedos trabalhavam na calça. O príncipe soltou um gemido completamente entregue, mostrando que a dinâmica havia se alterado.
Ela estava quase se livrando do último botão quando ele colocou as mãos nas suas, fazendo-a erguer uma sobrancelha.
— Um segundo… Ainda não, eu… Primeiro, eu queria…
E sem falar mais nada, se ajoelhou na frente dela, encarando-a de baixo com um olhar de súplica ardente, necessitado. As pernas de bambearam com a simples cena dele ajoelhado na sua frente.
— Primeiro, eu queria te dar prazer.
A bruxa esboçou um sorriso. Parte dela achou simplesmente adorável aquele lindo príncipe estar tão preocupado com como ela iria se sentir. De fato, em toda sua vida, ela nunca havia conhecido alguém como ele.
Ela suspirou, levando as mãos para trás, onde os botões da saia se encontravam.
— Que assim seja.
E, em um único movimento, o tecido se amontoou em seus pés, revelando por completo toda a parte inferior de seu corpo.
O olhar de desejo de triplicou e suas bochechas ficaram ainda mais vermelhas quando caminhou para a frente, grudando o rosto dele no encontro das coxas dela, e afastou as pernas.
Tímido, se agarrou nas coxas da mulher e depositou um beijo em sua intimidade. Ele começou lentamente, os lábios passeando pela pele, deixando-a completamente trêmula, mas ainda no controle. Até que ele a lambeu em seu ponto mais sensível.
gemeu e agarrou o cabelo de como se sua vida dependesse daquilo.
Incentivado pela mulher, ele passou a delicadamente lambê-la, para depois acelerar os movimentos, o que por sua vez acelerava a respiração da bruxa. sentia tudo com uma intensidade surreal, e o prazer aumentava toda vez que encarava a olhando como um cachorro sem dono, pedindo que ela o adotasse. Tudo isso enquanto colocava a língua dentro dela.
A sensação deliciosa começou a se acumular em seu ventre conforme o príncipe a penetrava com a língua e, com sua ajuda, acariciava seu ponto de prazer. Os gemidos começaram a se intensificar e, inconscientemente, fechou os olhos, esperando a sensação maravilhosa.
E os abriu rapidamente quando sentiu parar.
Ele a encarava, ainda de joelhos, novamente com sua cara de filhote perdido, as bochechas coradas e a boca tomada pelo brilho da umidade da mulher.
— Por que parou? — ela ralhou, sem fôlego.
— Porque eu… queria muito sentir você de outra maneira.
— Mas eu estou tão perto.
— Por favor, . Deixe eu sentir o seu prazer também — falou, mais como uma súplica.
Ela era capaz de explodir bem ali. Como amava que ele implorasse.
Por causa disso, com as pernas trêmulas, ela caminhou até a cama e se deitou ali, deixando as pernas bem abertas para ele.
— E então?
Boquiaberto, se levantou, desajeitado, e desabotoou aquele último botão, deixando as calças caírem de seu corpo. estava tão desesperada que gemeu só ao olhar o membro do príncipe pronto para ela.
— Agora, vem para cá e coloca tudo dentro de mim — ela disse, a voz rouca conforme ela perdia o controle.
Ela pôde vê-lo engolir em seco e se aproximar rapidamente. Ambos gemeram quando ele se posicionou na entrada dela.
— Assim?
— Isso. Agora mais fundo.
pressionou a entrada e deslizou facilmente para dentro, arrancando um grito de e fazendo com que ele revirasse os olhos.
— Pelos espíritos… Você é maravilhosa.
Ela gemeu em resposta, agarrando a mão dele e levando-o de volta ao seu ponto sensível conforme incentivava-o a se mexer devagar.
— Isso, assim. Desse jeito, eu…
Suas palavras se tornaram inteligíveis conforme ele continuava avançando e a estimulando. Em pouco tempo, sentiu seu corpo explodir de uma forma que nunca havia sentido antes, sentindo sua intimidade apertar o membro dele conforme liberava a onda de prazer. Ela gritou e sentiu o príncipe gemer alto também, acelerando os movimentos.
— Isso foi muito gostoso — ele disse, no meio de gemidos, acelerando o ritmo.
mal conseguia falar, tomada pela corrente de sensações que se prolongavam conforme continuava investindo. Ela apenas curvou as costas e ele rapidamente compreendeu, puxando o laço do espartilho e tirando a última peça de roupa entre eles. Sem mais qualquer barreira, o príncipe gemeu ao encarar os mamilos descobertos e acelerou.
buscou a mão dele sobre a sua intimidade e levou para a sua boca, lambendo cada dedo, molhados por culpa dela. Estava sugando o dedo anelar dele quando soltou um gemido gutural e, sem mais avisos, se derramou dentro dela.
Segundos depois, o príncipe desabou em cima da bruxa, retirando-se com cuidado da sua intimidade. bufou, irritada, e lhe deu um tapa leve nas costas.
— Sai! Você é muito pesado.
se levantou, o rosto tomado de suor e as bochechas coradas de vergonha. Os dois se ajeitaram na cama da mulher, embora o príncipe mal parecesse conseguir encará-la nos outros.
— Me desculpa, eu… Não estava esperando que eu fosse…
— Gozar? — ela completou por ele. — Está tudo bem, eu tomo uma poção para isso.
— Mas eu queria ter te avisado.
— Você é muito gentil. — Ela depositou um beijo no braço dele e afundou a mão no peitoral dele. — Hm, isso é gostoso…
Ele soltou um suspiro e encostou a cabeça na dela. A mão dele foi até o cabelo rosa da bruxa e começou a afagá-lo, deixando-a molenga conforme o cansaço ia se apoderando dela.
— Você é muito mais do que eu esperei e sonhei — ele sussurrou.
— E você até que se mostrou menos chato — ela murmurou, lutando contra a escuridão.
— Por favor, fique no palácio.
Antes que pudesse responder, no entanto, a inconsciência tomou conta de , que adormeceu afagada nos braços do príncipe.
colocou a primeiro vestido que viu com rapidez e discrição. Sem fazer nenhum barulho, chegou até a porta do quarto. Ela olhou para trás, se sentindo levemente culpada de largar o príncipe adormecido ali, sozinho, mas ela não suportava mais ficar ali. Assim que fechou a porta, ela avançou no corredor com discrição. O sol estava nascendo ao longe, e diversos pensamentos terríveis tomavam conta de sua mente.
Quando chegou ao quarto de Pandora, nem conseguia lembrar se chegara a bater na porta. Estava desnorteada demais e só se recordava de se sentar na cama da amiga, que a encarava com preocupação.
— Ah, Pandora, eu estou ferrada — falou, antes de desabar em choro.
CAPÍTULO OITO
ajeitou nervosa o vestido com as mãos. Era noite do último baile e não havia mais como fugir de .
Passara uma semana se escondendo no quarto de Pandora. Sabia que, como príncipe, ele poderia exigir sua presença independente de onde estivesse, mas se sentia mais segura ao lado da amiga. Menos imprudente.
Lilith terminou o treinamento na última semana. Ela se saiu muito bem, para orgulho da bruxa. Seria ótima treinando o filho de , mesmo que aquele pensamento lhe embrulhasse o estômago. Não queria admitir, mas talvez, pela primeira vez na vida, ela se sentia verdadeiramente apaixonada. E era a primeira vez que não poderia ficar.
Seu coração doía em agonia com a ausência do príncipe. Sua mente completava os espaços vazios com o rosto dele, memórias do corpo dele, comentários que ele certamente faria, e ela sofria por estarem longe, embora aquele fosse o correto a se fazer.
— Terminei! Você está linda — Pandora disse, radiante.
se levantou. Não havia nenhum espelho no quarto, então teria que confiar na amiga. Como em todos os bailes, ela usava um vestido completamente prateado e brilhoso, que abraçava cada curva do seu corpo com perfeição, enquanto pequenas pérolas marcavam sua cintura e o contorno do seu busto. Na cabeça, Dora havia feito um lindo penteado adornando o diadema de pedras da lua do rei Arathorn. Luvas translúcidas cobriam das suas mãos até os cotovelos, e pó de fada fazia seus olhos brilharem. Devia estar linda, mas se sentia triste.
Pandora, vendo o estado da amiga, suspirou.
— Desde quando você fica tão deprimida assim? Está pior que a Charlie.
— Ah, Dora! Sei que estou me comportando como uma adolescente, mas… eu não sei, me sinto tão estranha, não consigo acreditar que é minha última noite aqui.
A vampira se aproximou da amiga e tomou as mãos dela nas suas.
— Amanhã tudo ficará bem. Você vai voltar ao mercado, vai vender suas poções e continuar sendo a mulher mais fantástica desse reino, ocupada até o último fio de trabalho com seu trabalho e às vezes esbarrando em alguns homens de caráter duvidoso. Aprendeu a não confiar mais em loiros, né?
soltou uma risada. Estar junto com a amiga juntava um pouco os cacos do seu coração. E Dora tinha razão, era só mais uma noite e estaria de volta à sua vida. Mesmo assim…
— Não sei se consigo ficar e assisti-lo pedir outra pessoa em casamento — confessou.
As duas amigas ficaram em silêncio. Ambas sabiam o poder daquela informação para uma bruxa que nunca se importou verdadeiramente com nenhum de seus relacionamentos.
— Eu estarei ao seu lado. Assim que ele terminar, iremos embora e vamos nos embebedar em alguma estalagem aqui por perto, até você xingar o príncipe de todos os nomes e as garçonetes me implorarem para te tirarem de lá. Combinado?
— Combinado — respondeu com um pequeno sorriso no rosto e puxou a amiga para um abraço. — Obrigada por ser a melhor.
— Não se preocupe, eu não me esforço muito.
Elas riram e se abraçaram, então Pandora se soltou do abraço e pegou duas taças de vinho. Em uma delas, a vampira pingou três gotas da poção da juventude, antes de estender para a bruxa.
— À sua poção.
— À sua maldição.
— Amanhã estaremos de volta ao normal e tudo ficará bem — Pandora assegurou enquanto brindavam.
As duas beberam a taça e, sem mais escapatória, tiveram que descer para o baile.
✨
Meia hora depois, já não suportava mais. O príncipe ainda não havia chegado, e ela já havia sido simpática com estranhos demais. Mantinha sua compostura perfeita de sempre e esperou, mas o tempo parecia se arrastar como um lento caracol.
— Boa noite, senhora. — Um homem de meia idade se aproximou dela. — A senhora é a alta maga do rei, certo?
abriu um sorriso contido, mas por algum motivo sentiu grande simpatia pelo senhor.
— Sim, sou eu.
— Gostaria de agradecê-la.
— Desculpe, senhor, mas não sei do que isso se trata.
— Ora, senhora — ele abriu um sorriso bondoso, e havia um relance de sabedoria e inteligência em seus olhos —, Sua Majestade me disse que a senhora insistiu pessoalmente pela minha presença no baile, pelo príncipe. Não posso te agradecer o suficiente.
ficou em choque ao reconhecer o homem à sua frente. Há três semanas, quando negociou com o rei que ficaria, exigiu a presença do homem demitido injustamente: Giulian Phett.
Antes que pudesse responder ao senhor, no entanto, um outro homem, de idade próxima a do príncipe, surgiu ao seu lado.
— Pai, você não deveria se dirigir a essa mulher, muito menos agradecê-la, pois é a causa de nossa saída em primeiro lugar.
A raiva no olhar do homem era extremamente semelhante à expressão que ela havia visto nos olhos de na primeira semana. Analisando-o, pareciam dois lados da mesma moeda. se relembrou da conversa que havia tido com o príncipe quando escalaram o Monte Zephyron e, olhando para aquele homem, sentiu que ele era para o príncipe o que Pandora era para ela. Seu coração se partiu ao perceber que ele não havia perdido apenas uma, mas duas pessoas extremamente especiais.
— Peço desculpas por Lorenzo. A despedida de Sua Alteza foi muito dolorosa para nós.
— Eu imagino, e peço desculpas se de alguma forma influenciei nisso. Agora, fico contente com a volta dos senhores para o palácio.
— A senhora parece extremamente sensata.
— Obrigada. Gostaria que tivéssemos nos conhecido melhor. me contou várias de suas teorias e, apesar de não concordar com todas, achei-as muito interessantes e sempre estou disposta a conhecer um pouco mais.
O olhar do senhor mudou ao escutar o nome do príncipe saindo de sua boca. Até a carranca de Lorenzo se transformou em um olhar curioso, fazendo a bochecha de se enrubescer.
— A senhora poderia continuar aqui. Tenho certeza que o príncipe não se oporia e que possui muitas habilidades que serão de grande importância para o príncipe.
abriu a boca para responder quando, ao longe, viu . E perdeu o fôlego.
Ele estava injustamente lindo em um traje vinho e dourado, as cores oficiais de Elwyn, e usava uma coroa dourada na cabeça. Era a primeira vez que a bruxa o via assim, assumindo tão firmemente a postura de príncipe. Reparou em como sua educação era polida conforme ele cumprimentava os convidados, o poder exalando de sua presença, embora suas feições fossem convidativas e agradáveis. Ele estava maravilhoso, e ela sentia uma necessidade imensa de dizer isso pessoalmente.
Mas então viu que ele conversava com a princesa Isobel de Praxthal, a noiva que ela aconselhou Lilith a indicar como a ideal.
Ela se voltou bruscamente para o sr. Phett, se lembrando de que ele ainda estava ali.
— Agradeço suas palavras gentis, mas infelizmente sou muito ocupada com meus negócios. Se me permitem, preciso encontrar com minha amiga. Com licença.
Ela mal viu a expressão dos dois enquanto fugia na direção oposta da de . Onde estava Pandora agora que precisava dela? Só faltava ter encontrado alguém para flertar, depois do choque inicial dos convidados com a vampira presente. Do outro lado do salão, ela avistou Lilith, que rodopiava contente com um dos convidados. Não, ela nao poderia se aproximar de sua adorável aprendiz e arruinar sua noite.
acabou se afastando da festa e caminhando até os jardins. Sozinha, sentou-se em um banco e respirou fundo o perfume das flores, olhando para o céu. Estava um pouco nublado, mas ainda conseguia identificar algumas constelações. Nomeou uma a uma até seu estômago se acalmar.
— Cassiopeia, Draco, Andrômeda, Cygnus, Orion…
— Esqueceu de Lyra.
O corpo de congelou ao escutar aquela voz. Ela se virou calmamente para trás, encontrando o príncipe a encarando com intensidade.
— Eu ia dizer, mas você não me deu tempo.
— Tive medo que, se eu desse tempo o suficiente, você fugisse. Como agora.
Ela de fato já havia se levantado do banco, pronta para fugir, e sentiu as bochechas corando ao ser pega no flagra. Suspirou e se sentou no banco.
— Tem razão. Em geral, sou mais corajosa que isso.
— Mas fugiu de mim a semana inteira.
Havia mágoa na voz do príncipe, ela sentiu, e percebeu que ele se sentou ao lado dela. Olhou para o rosto dela, tão tristemente lindo, olhando para o céu e admirando as estrelas.
— Você sabe que eu preciso ir.
— Na verdade, acho que você está se forçando a ir. Assim como se forçou a fugir.
— Você sabe por que eu fugi. Você precisa se casar com outra pessoa, e sabe como é estranho saber o que fazer depois de dormir com a pessoa.
— Na verdade, eu não sei.
o encarou, confusa, então percebeu ao que ele se referia. Ela se levantou do banco, em completo choque.
— Você era virgem!
— Era.
— Pelos espíritos! E agora? Você é o príncipe herdeiro, ! O que eu faço depois de tirar sua virgindade?!
— Se casa comigo, .
A bruxa o encarou, sem realmente processar o que ele disse. Precisou de três segundos para compreender. Então ela gritou.
— Você está maluco?!
— Não — ele respondeu, franzindo a sobrancelha.
— Você quer se casar comigo?
— Quero.
— Depois de saber que matei diversas pessoas? Você poderia ser o próximo.
— Sou muito mais esperto que os outros homens com quem se envolveu, eu nunca te deixaria ir.
O coração dela se aqueceu por completo. Mas aquilo estava errado.
— Você deve se casar com a princesa Isobel. Seria o melhor acordo econômico.
— Podemos negociar de outras maneiras. Eles ficaram interessados nos projetos de ferrovias que nossos engenheiros estão desenvolvendo.
— Mas… O mercado…
se levantou e segurou as mãos de nas suas, calando-a.
— Você pode inventar quantos motivos quiser, mas sabe melhor que eu que eles não são os verdadeiros impeditivos. Diga-me que não quer ficar comigo e que não sente nada por mim, e eu te deixarei ir. Pedirei a mão de Isobel e viveremos longe um do outro. Mas apenas se disser que não se apaixonou por mim como eu me apaixonei por você.
O tom de era ardente, assim como as chamas em seus olhos, que não escondiam o amor que sentia. Amor que não sufocou , pelo contrário, a deixou confortável como se, depois de anos, seu coração houvesse encontrado seu lugar.
Ela deveria mentir. Pelo bem dos dois, ela deveria ir embora. Mas esse era o motivo de ter evitado o príncipe a semana inteira: era incapaz de se esconder dele.
— Eu me apaixonei por você também — ela confessou, baixinho.
soltou um suspiro de alívio. Então, abriu o sorriso mais lindo que já havia visto, capaz de cegar todas as estrelas do céu.
— Então, de Brys — ele começou, se ajoelhando e tirando algo do bolso —, como a mulher mais inteligente, bonita e poderosa de todo o reino, você daria a esse humilde príncipe a chance de dividir todos os dias de sua vida, como amiga, esposa e rainha? Guiando minhas decisões, sendo meu porto seguro, a magia da minha cética vida? Me deixaria ser o amor que você esperou por séculos para encontrar?
E então ele estendeu o anel, que fez a última barreira de seu peito derreter. No centro, como no anel de sua mãe, havia a singela pérola presenteada pelas sereias, e o metal estava impregnado com pó de fada, representando a primeira semana dos dois juntos, o início de tudo, a aceitação do mundo dela e de quem ela era.
não soube dizer mais nada além de um choroso:
— Sim.
Ele encaixou o anel no dedo anelar dela, que encaixou perfeitamente, e, ainda ajoelhado, a abraçou, seus braços circundando o quadril dela, e o rosto espremido na barriga. Ela sentiu um carinho genuíno naquele gesto que fez com que as lágrimas finalmente descessem.
— , levante! Você é um príncipe!
— E você é minha mulher, a única pela qual sempre me ajoelharei.
— Você está sendo ridículo — ela disse, embora sua voz entregasse todas as emoções.
— Não consigo me soltar, senti tanto a sua falta essa semana que meu peito doía.
— O meu também — ela confessou, cedendo e fazendo cafuné no cabelo dele. Então, parou bruscamente. — ! E o que faremos sobre seu pai?
— Ele já sabe. Eu conversei com ele mais cedo. Ficou surpreso, com certeza, mas feliz por nós. Disse que eu não poderia ter feito melhor escolha.
Ah, Andrew… O coração de se aqueceu ainda mais.
— Isso me lembra outra coisa. — Ele enfim se soltou dela e se levantou, os olhos brilhando de alegria. — Eu gostaria de te agradecer.
— Me agradecer? — ela questionou, confusa.
— Encontrei Giulian e Lorenzo antes de te encontrar. Eles me contaram o que você fez.
— Ah — as bochechas dela esquentaram —, não foi nada.
— Não. Foi tudo — ele respondeu, encarando-a no fundo dos olhos.
Ela não conseguiu segurar o sorriso emocionado. Como havia tentado mentir para si mesma de que conseguiria viver sem aquele homem?
— Inclusive — ela disse, secando as últimas lágrimas —, Lorenzo me odiou.
gargalhou, como se não esperasse que ela dissesse aquilo, e aquele único som foi capaz de deixá-la plena e feliz.
— Ah, é claro que odiou. Somos muito parecidos. Tão parecidos que temo que, quando ele a conhecer melhor, goste até demais de você.
Os dois riram e voltaram a se encarar, até caírem em um silêncio confortável, no qual acabaram abraçados. Aquilo sim parecia certo, os dois juntos. Enfrentando o mundo e um reino lado a lado. Ah, como ela precisava contar para Pandora!
Depois de um tempo, se afastou o suficiente para depositar um beijo na testa dela.
— Vamos? Preciso apresentar minha noiva para o mundo.
soltou um gemido cansado.
— Queria dizer que deveríamos ficar aqui, mas eu mais do que ninguém sei que você está certo.
— Por isso você é a mulher certa para mim.
O coração de se aqueceu ao olhar para o príncipe. O seu príncipe. Seu .
— Eu te amo — ela confessou, sem nenhum motivo em particular, mas simplesmente porque sentiu que deveria dizer.
Ele a encarou com carinho infinito e sorriu.
— E eu te amo. Vamos?
Ele estendeu a mão para ela, que ela segurou prontamente. Apenas um anúncio estava entre eles e o resto de suas vidas, em que seriam excelentes rei e rainha, pais, amantes e amigos. No qual sentiriam perdas e alegrias. Em que passariam por dificuldades, que somente juntos seriam capazes de vencer.
sorriu com o pensamento. Quão inesperado depois de duzentos anos ela ter a chance de experimentar o amor. Naquele momento, ao olhar para aqueles olhos castanhos, ardentes e acolhedores, ela entendia todas as bruxas que vieram antes dela. Porque sabia, que daquele dia em diante, nunca mais tomaria uma única gota da poção da juventude.
Passara uma semana se escondendo no quarto de Pandora. Sabia que, como príncipe, ele poderia exigir sua presença independente de onde estivesse, mas se sentia mais segura ao lado da amiga. Menos imprudente.
Lilith terminou o treinamento na última semana. Ela se saiu muito bem, para orgulho da bruxa. Seria ótima treinando o filho de , mesmo que aquele pensamento lhe embrulhasse o estômago. Não queria admitir, mas talvez, pela primeira vez na vida, ela se sentia verdadeiramente apaixonada. E era a primeira vez que não poderia ficar.
Seu coração doía em agonia com a ausência do príncipe. Sua mente completava os espaços vazios com o rosto dele, memórias do corpo dele, comentários que ele certamente faria, e ela sofria por estarem longe, embora aquele fosse o correto a se fazer.
— Terminei! Você está linda — Pandora disse, radiante.
se levantou. Não havia nenhum espelho no quarto, então teria que confiar na amiga. Como em todos os bailes, ela usava um vestido completamente prateado e brilhoso, que abraçava cada curva do seu corpo com perfeição, enquanto pequenas pérolas marcavam sua cintura e o contorno do seu busto. Na cabeça, Dora havia feito um lindo penteado adornando o diadema de pedras da lua do rei Arathorn. Luvas translúcidas cobriam das suas mãos até os cotovelos, e pó de fada fazia seus olhos brilharem. Devia estar linda, mas se sentia triste.
Pandora, vendo o estado da amiga, suspirou.
— Desde quando você fica tão deprimida assim? Está pior que a Charlie.
— Ah, Dora! Sei que estou me comportando como uma adolescente, mas… eu não sei, me sinto tão estranha, não consigo acreditar que é minha última noite aqui.
A vampira se aproximou da amiga e tomou as mãos dela nas suas.
— Amanhã tudo ficará bem. Você vai voltar ao mercado, vai vender suas poções e continuar sendo a mulher mais fantástica desse reino, ocupada até o último fio de trabalho com seu trabalho e às vezes esbarrando em alguns homens de caráter duvidoso. Aprendeu a não confiar mais em loiros, né?
soltou uma risada. Estar junto com a amiga juntava um pouco os cacos do seu coração. E Dora tinha razão, era só mais uma noite e estaria de volta à sua vida. Mesmo assim…
— Não sei se consigo ficar e assisti-lo pedir outra pessoa em casamento — confessou.
As duas amigas ficaram em silêncio. Ambas sabiam o poder daquela informação para uma bruxa que nunca se importou verdadeiramente com nenhum de seus relacionamentos.
— Eu estarei ao seu lado. Assim que ele terminar, iremos embora e vamos nos embebedar em alguma estalagem aqui por perto, até você xingar o príncipe de todos os nomes e as garçonetes me implorarem para te tirarem de lá. Combinado?
— Combinado — respondeu com um pequeno sorriso no rosto e puxou a amiga para um abraço. — Obrigada por ser a melhor.
— Não se preocupe, eu não me esforço muito.
Elas riram e se abraçaram, então Pandora se soltou do abraço e pegou duas taças de vinho. Em uma delas, a vampira pingou três gotas da poção da juventude, antes de estender para a bruxa.
— À sua poção.
— À sua maldição.
— Amanhã estaremos de volta ao normal e tudo ficará bem — Pandora assegurou enquanto brindavam.
As duas beberam a taça e, sem mais escapatória, tiveram que descer para o baile.
Meia hora depois, já não suportava mais. O príncipe ainda não havia chegado, e ela já havia sido simpática com estranhos demais. Mantinha sua compostura perfeita de sempre e esperou, mas o tempo parecia se arrastar como um lento caracol.
— Boa noite, senhora. — Um homem de meia idade se aproximou dela. — A senhora é a alta maga do rei, certo?
abriu um sorriso contido, mas por algum motivo sentiu grande simpatia pelo senhor.
— Sim, sou eu.
— Gostaria de agradecê-la.
— Desculpe, senhor, mas não sei do que isso se trata.
— Ora, senhora — ele abriu um sorriso bondoso, e havia um relance de sabedoria e inteligência em seus olhos —, Sua Majestade me disse que a senhora insistiu pessoalmente pela minha presença no baile, pelo príncipe. Não posso te agradecer o suficiente.
ficou em choque ao reconhecer o homem à sua frente. Há três semanas, quando negociou com o rei que ficaria, exigiu a presença do homem demitido injustamente: Giulian Phett.
Antes que pudesse responder ao senhor, no entanto, um outro homem, de idade próxima a do príncipe, surgiu ao seu lado.
— Pai, você não deveria se dirigir a essa mulher, muito menos agradecê-la, pois é a causa de nossa saída em primeiro lugar.
A raiva no olhar do homem era extremamente semelhante à expressão que ela havia visto nos olhos de na primeira semana. Analisando-o, pareciam dois lados da mesma moeda. se relembrou da conversa que havia tido com o príncipe quando escalaram o Monte Zephyron e, olhando para aquele homem, sentiu que ele era para o príncipe o que Pandora era para ela. Seu coração se partiu ao perceber que ele não havia perdido apenas uma, mas duas pessoas extremamente especiais.
— Peço desculpas por Lorenzo. A despedida de Sua Alteza foi muito dolorosa para nós.
— Eu imagino, e peço desculpas se de alguma forma influenciei nisso. Agora, fico contente com a volta dos senhores para o palácio.
— A senhora parece extremamente sensata.
— Obrigada. Gostaria que tivéssemos nos conhecido melhor. me contou várias de suas teorias e, apesar de não concordar com todas, achei-as muito interessantes e sempre estou disposta a conhecer um pouco mais.
O olhar do senhor mudou ao escutar o nome do príncipe saindo de sua boca. Até a carranca de Lorenzo se transformou em um olhar curioso, fazendo a bochecha de se enrubescer.
— A senhora poderia continuar aqui. Tenho certeza que o príncipe não se oporia e que possui muitas habilidades que serão de grande importância para o príncipe.
abriu a boca para responder quando, ao longe, viu . E perdeu o fôlego.
Ele estava injustamente lindo em um traje vinho e dourado, as cores oficiais de Elwyn, e usava uma coroa dourada na cabeça. Era a primeira vez que a bruxa o via assim, assumindo tão firmemente a postura de príncipe. Reparou em como sua educação era polida conforme ele cumprimentava os convidados, o poder exalando de sua presença, embora suas feições fossem convidativas e agradáveis. Ele estava maravilhoso, e ela sentia uma necessidade imensa de dizer isso pessoalmente.
Mas então viu que ele conversava com a princesa Isobel de Praxthal, a noiva que ela aconselhou Lilith a indicar como a ideal.
Ela se voltou bruscamente para o sr. Phett, se lembrando de que ele ainda estava ali.
— Agradeço suas palavras gentis, mas infelizmente sou muito ocupada com meus negócios. Se me permitem, preciso encontrar com minha amiga. Com licença.
Ela mal viu a expressão dos dois enquanto fugia na direção oposta da de . Onde estava Pandora agora que precisava dela? Só faltava ter encontrado alguém para flertar, depois do choque inicial dos convidados com a vampira presente. Do outro lado do salão, ela avistou Lilith, que rodopiava contente com um dos convidados. Não, ela nao poderia se aproximar de sua adorável aprendiz e arruinar sua noite.
acabou se afastando da festa e caminhando até os jardins. Sozinha, sentou-se em um banco e respirou fundo o perfume das flores, olhando para o céu. Estava um pouco nublado, mas ainda conseguia identificar algumas constelações. Nomeou uma a uma até seu estômago se acalmar.
— Cassiopeia, Draco, Andrômeda, Cygnus, Orion…
— Esqueceu de Lyra.
O corpo de congelou ao escutar aquela voz. Ela se virou calmamente para trás, encontrando o príncipe a encarando com intensidade.
— Eu ia dizer, mas você não me deu tempo.
— Tive medo que, se eu desse tempo o suficiente, você fugisse. Como agora.
Ela de fato já havia se levantado do banco, pronta para fugir, e sentiu as bochechas corando ao ser pega no flagra. Suspirou e se sentou no banco.
— Tem razão. Em geral, sou mais corajosa que isso.
— Mas fugiu de mim a semana inteira.
Havia mágoa na voz do príncipe, ela sentiu, e percebeu que ele se sentou ao lado dela. Olhou para o rosto dela, tão tristemente lindo, olhando para o céu e admirando as estrelas.
— Você sabe que eu preciso ir.
— Na verdade, acho que você está se forçando a ir. Assim como se forçou a fugir.
— Você sabe por que eu fugi. Você precisa se casar com outra pessoa, e sabe como é estranho saber o que fazer depois de dormir com a pessoa.
— Na verdade, eu não sei.
o encarou, confusa, então percebeu ao que ele se referia. Ela se levantou do banco, em completo choque.
— Você era virgem!
— Era.
— Pelos espíritos! E agora? Você é o príncipe herdeiro, ! O que eu faço depois de tirar sua virgindade?!
— Se casa comigo, .
A bruxa o encarou, sem realmente processar o que ele disse. Precisou de três segundos para compreender. Então ela gritou.
— Você está maluco?!
— Não — ele respondeu, franzindo a sobrancelha.
— Você quer se casar comigo?
— Quero.
— Depois de saber que matei diversas pessoas? Você poderia ser o próximo.
— Sou muito mais esperto que os outros homens com quem se envolveu, eu nunca te deixaria ir.
O coração dela se aqueceu por completo. Mas aquilo estava errado.
— Você deve se casar com a princesa Isobel. Seria o melhor acordo econômico.
— Podemos negociar de outras maneiras. Eles ficaram interessados nos projetos de ferrovias que nossos engenheiros estão desenvolvendo.
— Mas… O mercado…
se levantou e segurou as mãos de nas suas, calando-a.
— Você pode inventar quantos motivos quiser, mas sabe melhor que eu que eles não são os verdadeiros impeditivos. Diga-me que não quer ficar comigo e que não sente nada por mim, e eu te deixarei ir. Pedirei a mão de Isobel e viveremos longe um do outro. Mas apenas se disser que não se apaixonou por mim como eu me apaixonei por você.
O tom de era ardente, assim como as chamas em seus olhos, que não escondiam o amor que sentia. Amor que não sufocou , pelo contrário, a deixou confortável como se, depois de anos, seu coração houvesse encontrado seu lugar.
Ela deveria mentir. Pelo bem dos dois, ela deveria ir embora. Mas esse era o motivo de ter evitado o príncipe a semana inteira: era incapaz de se esconder dele.
— Eu me apaixonei por você também — ela confessou, baixinho.
soltou um suspiro de alívio. Então, abriu o sorriso mais lindo que já havia visto, capaz de cegar todas as estrelas do céu.
— Então, de Brys — ele começou, se ajoelhando e tirando algo do bolso —, como a mulher mais inteligente, bonita e poderosa de todo o reino, você daria a esse humilde príncipe a chance de dividir todos os dias de sua vida, como amiga, esposa e rainha? Guiando minhas decisões, sendo meu porto seguro, a magia da minha cética vida? Me deixaria ser o amor que você esperou por séculos para encontrar?
E então ele estendeu o anel, que fez a última barreira de seu peito derreter. No centro, como no anel de sua mãe, havia a singela pérola presenteada pelas sereias, e o metal estava impregnado com pó de fada, representando a primeira semana dos dois juntos, o início de tudo, a aceitação do mundo dela e de quem ela era.
não soube dizer mais nada além de um choroso:
— Sim.
Ele encaixou o anel no dedo anelar dela, que encaixou perfeitamente, e, ainda ajoelhado, a abraçou, seus braços circundando o quadril dela, e o rosto espremido na barriga. Ela sentiu um carinho genuíno naquele gesto que fez com que as lágrimas finalmente descessem.
— , levante! Você é um príncipe!
— E você é minha mulher, a única pela qual sempre me ajoelharei.
— Você está sendo ridículo — ela disse, embora sua voz entregasse todas as emoções.
— Não consigo me soltar, senti tanto a sua falta essa semana que meu peito doía.
— O meu também — ela confessou, cedendo e fazendo cafuné no cabelo dele. Então, parou bruscamente. — ! E o que faremos sobre seu pai?
— Ele já sabe. Eu conversei com ele mais cedo. Ficou surpreso, com certeza, mas feliz por nós. Disse que eu não poderia ter feito melhor escolha.
Ah, Andrew… O coração de se aqueceu ainda mais.
— Isso me lembra outra coisa. — Ele enfim se soltou dela e se levantou, os olhos brilhando de alegria. — Eu gostaria de te agradecer.
— Me agradecer? — ela questionou, confusa.
— Encontrei Giulian e Lorenzo antes de te encontrar. Eles me contaram o que você fez.
— Ah — as bochechas dela esquentaram —, não foi nada.
— Não. Foi tudo — ele respondeu, encarando-a no fundo dos olhos.
Ela não conseguiu segurar o sorriso emocionado. Como havia tentado mentir para si mesma de que conseguiria viver sem aquele homem?
— Inclusive — ela disse, secando as últimas lágrimas —, Lorenzo me odiou.
gargalhou, como se não esperasse que ela dissesse aquilo, e aquele único som foi capaz de deixá-la plena e feliz.
— Ah, é claro que odiou. Somos muito parecidos. Tão parecidos que temo que, quando ele a conhecer melhor, goste até demais de você.
Os dois riram e voltaram a se encarar, até caírem em um silêncio confortável, no qual acabaram abraçados. Aquilo sim parecia certo, os dois juntos. Enfrentando o mundo e um reino lado a lado. Ah, como ela precisava contar para Pandora!
Depois de um tempo, se afastou o suficiente para depositar um beijo na testa dela.
— Vamos? Preciso apresentar minha noiva para o mundo.
soltou um gemido cansado.
— Queria dizer que deveríamos ficar aqui, mas eu mais do que ninguém sei que você está certo.
— Por isso você é a mulher certa para mim.
O coração de se aqueceu ao olhar para o príncipe. O seu príncipe. Seu .
— Eu te amo — ela confessou, sem nenhum motivo em particular, mas simplesmente porque sentiu que deveria dizer.
Ele a encarou com carinho infinito e sorriu.
— E eu te amo. Vamos?
Ele estendeu a mão para ela, que ela segurou prontamente. Apenas um anúncio estava entre eles e o resto de suas vidas, em que seriam excelentes rei e rainha, pais, amantes e amigos. No qual sentiriam perdas e alegrias. Em que passariam por dificuldades, que somente juntos seriam capazes de vencer.
sorriu com o pensamento. Quão inesperado depois de duzentos anos ela ter a chance de experimentar o amor. Naquele momento, ao olhar para aqueles olhos castanhos, ardentes e acolhedores, ela entendia todas as bruxas que vieram antes dela. Porque sabia, que daquele dia em diante, nunca mais tomaria uma única gota da poção da juventude.
FIM!
Nota da autora: Escrever essa história foi uma aventura! Quando escutei a letra da música que não saía da minha cabeça, eu imediatamente pensei em uma relação de uma empresária com um músico, mas eu não estava sentindo a alegria de escrever. Então, um dia, tudo simplesmente clicou quando me veio à cabeça um plot de fantasia!
Foi uma loucura. Como enfiar um universo complexo com uma história original, personagens se conhecendo, se odiando e se apaixonando em um único versefic? Foi muito desafiador, mas, para minha alegria, também teve uma conclusão. Talvez não tenha sido a melhor história que já escrevi, mas estou tão contente de ter escrito essa história que consumiu minha mente por um mês!
Obrigada a cada um que se dispôs a ler essa loucura e espero de coração que vocês tenham gostado, assim como eu adorei escrever. Não se esqueçam de deixar um comentário e conferir as outras histórias maravilhosas que entraram nesse versefic <3
Um beijo de coração, Elena
Foi uma loucura. Como enfiar um universo complexo com uma história original, personagens se conhecendo, se odiando e se apaixonando em um único versefic? Foi muito desafiador, mas, para minha alegria, também teve uma conclusão. Talvez não tenha sido a melhor história que já escrevi, mas estou tão contente de ter escrito essa história que consumiu minha mente por um mês!
Obrigada a cada um que se dispôs a ler essa loucura e espero de coração que vocês tenham gostado, assim como eu adorei escrever. Não se esqueçam de deixar um comentário e conferir as outras histórias maravilhosas que entraram nesse versefic <3
Um beijo de coração, Elena