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Codificada por: Cleópatra

Última Atualização: 06/08/2024

estava tão nervosa que pensava que poderia facilmente desmaiar. Seus pais, Will e Nico, tentaram ajudá-la, mas como poderiam? Eram apenas trouxas – não que ela também não fosse até algumas semanas atrás, ou pelo menos pensasse que fosse.

Ela se sentia um pouco culpada. Seus pais só queriam uma garotinha comum para amar e cuidar. Com certeza não tinham concordado com uma bruxa disfarçada, mas ali estava ela, encarando a parede que deveria atravessar para entrar na Plataforma 9 3/4 com os dois ao seu lado. Nico fazia carinho em sua cabeça e repetia que ela ia se sair muito bem enquanto Will repousava a mão em seu ombro, fazendo-se presente e esperando que ela tomasse uma iniciativa que ela não se sentia exatamente pronta para tomar. Os dois eram protetores, mas Will Solace apoiava e incentivava muito mais a independência de .

– Não se preocupe tanto, amor. Você ficará bem. Vamos escrever toda semana.

– Prometem? – Perguntou a garota de onze anos olhando de um pai a outro.

– Mas é claro, querida – Will reafirmou a fala de seu marido. – Está levando tudo?

Ela assentiu.

– Já conferi várias vezes, papai.

– Então vamos lá. Vamos atravessar com você, baixinha.

A pequena assentiu e se preparou para correr, mas na mesma hora uma grande família de ruivos apareceu em sua frente.

– Todo ano a mesma confusão! – Uma mulher de boina disse parando perto da entrada da estação, segurando na mão de duas crianças pequenas, um garoto e uma garota com os cabelos mais ruivos que já havia visto. – Vamos, vamos. Charlie querido, você primeiro e depois Percy.

Os dois garotos altos e mais velhos ultrapassaram a barreira na mesma hora e a mulher virou-se para gritar novamente:

– Fred, George! Parem de enrolar, andem logo!

– Como você é apressada, mulher! Não devia ser carinhosa no nosso primeiro ano? – Disse um deles.

– Ela só faltou trazer Percy nas costas no primeiro ano dele. Nem estava aqui e eu sei – Disse o outro.

Eles eram bonitos, pensou . Os dois eram iguais, com o mesmo cabelo ruivo liso flamejante caindo levemente na testa e até que bem altos para estarem no primeiro ano. Seus traços eram bem marcados e seus olhos eram castanhos. Eram idênticos, mas um deles chamava a atenção de , até parecia que já os tinha visto em algum lugar.

Foi então que ela lembrou-se que sim, ela de fato tinha visto ele em outro lugar.

Apenas alguns dias antes de embarcar para Hogwarts, e seus pais foram até o Beco Diagonal para comprar as coisas esquisitas que tinham na lista de materiais escolares. Seus pais a deixaram na frente de uma loja chamada Olivaras. Era a compra mais importante, disseram. E a mais pessoal também. Então a deixaram lá com essa missão: comprar uma varinha enquanto eles comprariam os livros na loja da frente. sabia o que era uma varinha, podia ser nova nessa coisa toda de bruxaria, mas tinha entendido o básico (era o que ela gostava de pensar). Sem contar que havia assistido muitos filmes trouxas também, e sabia o que era uma varinha. De qualquer forma ficou nervosa. Não tinha muito tempo de vida, mas achava que já podia dizer com certeza que uma carta e uma coruja aleatória colocaram sua vida de cabeça para baixo. E uma varinha mágica deixaria tudo muito mais confuso.

Ela continuava parada encarando a vitrine quando um garoto parou do seu lado. se virou para ele, porque ele estava claramente a encarando e então, antes que pudesse dizer alguma coisa, o menino ruivo sorriu.

– O que está fazendo aqui parada? O Sr. Olivaras sempre repete a mesma coisa sobre varinhas, mas pra isso você precisa entrar lá, sabia?

– O que?

– A varinha que escolhe o bruxo e todo o lenga-lenga, você sabe – disse ele, mas ainda parecia confusa, então, com um sorriso que parecia um pouco sem graça agora, ele continuou: – Ou não sabe? Você não é daqui? – Perguntou e depois balançou as mãos. – Desculpe, não quero ofender nem nada. É que você parece que vai vomitar.

sentia mesmo que poderia vomitar, por isso apenas confirmou com a cabeça. Não, não sou daqui. Não mesmo!

– Vou comprar a minha varinha agora, você pode vir comigo se quiser. O velho é legal, eu já conheço ele. Vem, vamos.

Ele empurrou a porta e o seguiu. Não sabia o nome do garoto, mas ele também ia para Hogwarts e estava no primeiro ano. Isso já era alguma coisa.

– E aí, Sr. Olivaras!

Um homem que parecia muito velho e muito magro estava em cima de uma escada no meio de várias prateleiras. se perguntou se aquilo era seguro para um homem da idade dele. Ao ouvir o chamado do garoto, ele voltou ao balcão.

– Ora, ora, mais um Weasley – ele sorriu. – Vendi a varinha do seu irmão ontem.

– Eu sei, é que eu acabei me atrasando escolhendo a coruja e ele não quis me esperar, mas agora estou aqui! Eu quero a melhor que você tem! E minha amiga... – ele parou de falar e olhou para ela, abaixando seu tom de voz. – Qual é mesmo o seu nome?

– respondeu.

– Minha amiga também!

O senhor na frente deles riu e assentiu indo até os fundos da loja.

– Receio que você saiba, Sr. Weasley, que a varinha escolhe o bruxo e não nós.

O menino soltou uma risadinha e olhou para , sussurrando:

– Viu só o que eu disse?

riu junto com ele e poucos segundos depois, o vendedor apareceu novamente com quatro caixas finas e pretas. Colocou-as lado a lado e tirou as tampas. Dentro delas haviam quatro varinhas e o ar de quase escapou. Era algo realmente lindo. Os dois se aproximaram do balcão e o garoto Weasley sorriu para ela. Ele parecia ainda mais encantado do que ela.

– Vai, você primeiro.

– Tem certeza? – quis confirmar. A empolgação do garoto era quase palpável. Era estranho que ele a deixasse ir primeiro. Contudo, seu sorriso apenas aumentou e ele assentiu.

escolheu a varinha da ponta e não tinha nada a ver com o fato de que estava mais perto dela e ela estava agitada demais para pensar direito, com certeza. Era uma varinha lisa, toda marrom exceto em seu punho, onde escurecia mais e uma cor tão forte que quase virava verde-musgo.

– O que eu faço agora? – Perguntou olhando para o seu novo amigo. – Só seguro?

– Sacode assim – disse, balançando a mão em demonstração. assentiu e fez como ele ensinou.

No mesmo segundo um enorme estalo pôde ser ouvido vindo da parte de cima do local. O Sr. Olivaras arregalou os olhos, pegou sua própria varinha, olhou para o teto e disse um feitiço baixo. O barulho parou e ele voltou a olhar para as crianças à sua frente.

– Penso que essa não seja a varinha ideal para a senhorita – disse. – E acho que meu banheiro também.

O garoto ruivo soltou uma risada alta e olhou de cara feia pra ele.

– Olha só o que eu fiz! – reclamou, colocando a varinha dentro de sua caixa novamente. – Sinto muito, Sr. Olivaras. Não sabia que isso podia acontecer, ele não me avisou!

– Ei, eu também não sabia! – Alegou. – Bom, mais ou menos…

– Está tudo bem, é assim mesmo. Vamos, pegue outra.

encarou as três que restavam e quando estava prestes a escolher, seu guia de iniciantes em magia pessoal empurrou uma das caixas em sua direção.

– Que tal essa? É bonitinha – falou. A varinha era a única que possuía uma cor diferente das que estavam ali, diferentemente das marrons, essa parecia ser marfim quase brilhante. Dependendo da luz, talvez parecesse até dourada, mas realmente era bonita, então a pegou. O punho dessa varinha era diferenciado, sua ponta possui relevos que davam a volta nela, até mesmo formando um pequeno “braço” logo no final. A garota a pegou e no mesmo instante soube. Saberia até mesmo se o Sr. Olivaras não tivesse sorrido abertamente para ela.

Não sabia explicar exatamente como, pois nem sequer havia feito nada, mas ela sentiu. Todas as luzes ao seu redor começaram a piscar fracamente, seu coração acelerou e o objeto pareceu ficar repentinamente quente.

– Parece que achamos – disse o vendedor. colocou sua varinha novamente na caixa e o homem a levou.

– Uau... Isso foi... Incrível!

O ruivo sorriu e ergueu a mão. demorou um pouco para entender o que queria dizer, mas quando entendeu, ergueu sua mão também e eles bateram uma na outra.

– Isso! – Ele se alegrou. – Ok, agora é a minha vez.

O vendedor havia trazido novas caixas e posicionado todas na frente das crianças exatamente como fizera antes. O garoto ruivo se aproximou e pegou a primeira varinha. Assim como recomendou a , ele a sacudiu de uma vez só, mas nada aconteceu.

– Está quebrada?

O Sr. Olivaras riu.

– Não, apenas não é pra você – falou, pegando o objeto da mão do menino Weasley – Tente outra.

A segunda varinha, entretanto, deixou claro que não estava quebrada quando, apenas depois de uma só sacudida, os vasos de plantas perto da porta se estraçalharam.

– Ok, acho que é um “não” pra essa também – o vendedor disse, guardando essa também. O garoto ruivo soltou um suspiro insatisfeito, então resolveu se intrometer.

– Deixa eu escolher sua próxima tentativa? Você acertou a minha!

Ele olhou para com uma sobrancelha erguida, mas assentiu ansioso. observou as novas caixas que o dono da loja havia colocado em cima do balcão e apontou para a da ponta, que estava mais próxima do amigo.

– Essa. Essa aqui é a sua cara.

O ruivo pegou a varinha que havia apontado. Ela era toda marrom como as outras e sua ponta era fina, mas na parte debaixo era grossa com grandes protuberâncias na parte do punho, como espinhos. Assim que o garoto a pegou, uma luz emanou da varinha fazendo seus cabelos ruivos balançarem. Quando ele a agitou um pequeno feixe de luz saiu de sua ponta, explodindo no meio da loja com várias faíscas coloridas.

– Que incrível – ele parecia sem falas. O senhor que os observava riu com tamanha inocência e a felicidade em sua forma mais pura.

– Parece que achamos novamente – comentou. – Vocês devem se conhecer muito bem.

riu, negando com a cabeça.

– Eu nem sei o nome dele!

– Meu nome é Fred – Se apresentou ele no mesmo instante.

Com as sacolas na mão, os dois saíram da loja. parou no mesmo lugar onde Fred havia encontrado ela.

– Vou esperar meus pais aqui. Obrigada por... sabe, ter ido comigo. Acho que ainda estaria aqui fora se não fosse você.

Fred sorriu.

– Eu não fui com você, eu te levei comigo, tem uma diferença – revirou os olhos. – Eu sei que o primeiro ano pode ser assustador.

– Você não parece assustado. Na verdade, parece que você nem está no primeiro ano!

– Eu tenho três irmãos que já foram para Hogwarts antes de mim. Sem contar o que vai entrar junto comigo semana que vem e meus pais, que também já estudaram lá. Às vezes parece que não é uma novidade.

– Sorte sua – olhou em volta a multidão de pessoas com suas roupas e chapéus pontudos e peculiares passando entre eles. – Para mim, tudo aqui é uma novidade.

Fred assentiu lentamente.

– Você se acostuma. Não é nada mau por aqui. Embora eu não saiba como é no mundo trouxa, então não tenho muito com o que comparar, mas meu pai adora, sabe, os trouxas.

sorriu com a maneira irreverente e carismática de falar do garoto, mas antes que pudesse responder avistou seus pais chegando com uma enorme gaiola.

– Meus pais estão me trazendo uma coruja! – Exclamou ela. – Olha só, Fred! Vou ganhar uma coruja!

Fred olhou na mesma direção que a garota e sorriu.

– Parece com a minha! A minha também tem essas penas brancas – ele a olhou. – Talvez nossas corujas sejam irmãs.

ficou tão animada com a ideia de ganhar um animalzinho que não cogitou que seu novo colega achasse estranho ela ter dois pais e nenhuma mãe, mas o tom de voz de Fred não quebrou e seu sorriso não parecia falso como a da maioria das crianças de sua antiga escola trouxa. Será que ele não tinha notado? Ou era só um bom mentiroso?

– Olá, crianças – Seu pai Nico disse ao se aproximar.

– Oi, papais – respondeu devagar, fitando cada pequeno movimento na expressão de Fred em busca de hesitação, mas o garoto apenas sorria educadamente. – Este é Fred Weasley. Nos conhecemos agora enquanto comprávamos nossas varinhas. Ele também vai para o primeiro ano. Fred, esses são meus pais: Nico e Will Solace.

– Olá, Sr. Solace e Sr. – Fred cumprimentou animadamente. – É uma linda coruja essa que os senhores escolheram!

– Sim, eu amei!

– FRED! – Fred fez uma careta ao ouvir um grito distante.

– Ih, é a minha mãe. Ela vai me matar por demorar tanto.

Os pais de riram.

– Então é melhor correr. Foi um prazer conhecê-lo, Fred – disse Will.

– Digo o mesmo para os senhores! – Ele respondeu sorrindo. Fred se virou para a garota ao seu lado. – Nos vemos em Hogwarts, , tchau!

Agora lembrava perfeitamente. Ele havia comprado sua varinha com ela e havia sido extremamente normal sobre seus pais. Não que isso fosse algo incrível, era obrigação de todos, mas ela definitivamente não estava acostumada.

– Sei que está nervosa, , mas vai ficar tudo bem. Eu juro – disse Nico observando a filha. Eles haviam ultrapassado a passagem e agora estavam na plataforma. encarava a locomotiva como se ela fosse capaz de criar vida no meio do caminho e abandoná-la na estrada.

– Não sei se deveria estar aqui, papai.

– Claro que deveria! Isso aqui faz parte de você, filha. Você é uma bruxa.

– Não sei como vocês estão tão calmos. Não foi isso que vocês pediram quando me adotaram.

Nico riu, revirando os olhos com carinho para a filha.

– Não, mas pedimos a garotinha mais inteligente e corajosa que existisse e isso nós ganhamos.

– Você vai gostar de lá, . Foi uma surpresa descobrir isso tudo, eu sei, para todos nós, mas vai ser bom pra você – Will disse, fazendo com que o olhasse. – Você vai aprender coisas novas e surpreendentes e conhecer pessoas que fazem a mesma coisa que você. Você vai ter o melhor dos dois mundos, querida. E estaremos aqui sempre que você precisar.

– Se você não gostar, não precisa voltar no ano que vem. Lembre-se disso.

assentiu e eles começaram a ver as outras crianças entrando no trem. O tempo estava acabando. A garotinha encarou os pais com os olhos cheios de lágrimas.

– Eu amo vocês. Obrigada por serem os melhores pais do mundo – Ela tentou sorrir e abraçou os dois ao mesmo tempo..

– Também te amamos, querida.

– Nos escreva assim que descobrir em que equipe ficou!

– É casa, pai! – revirou os olhos, mas riu, já subindo as escadas do trem.

se sentia com muita sorte de ter Will e Nico como pais. Não sabia o que era não ter família, pois eles a adotaram quando ela era realmente muito nova, mas sabia que não poderia pedir por uma família melhor do que aquela. Alguns trouxas não entendiam muito bem a relação dos dois e já se meteu em boas brigas por conta disso. Ninguém desrespeitaria seus pais ou o amor deles na sua frente. Ela não se incomodava em ter que brigar com alguém, mas esperava que os bruxos fossem menos preconceituosos. Fred não parecia ser.

Ela deu um último aceno e entrou no trem.

colocou a cabeça para dentro de uma das cabines no fundo do trem e viu um garoto magrelo com um cabelo castanho cortado em formato de tigelinha e grandes olhos azuis sentado. Ele vestia uma calça jeans meio rasgada nos joelhos e uma camiseta branca. Na sua frente estava uma garota de óculos com um longo cabelo escuro. Ela também tinha uma franja e estava de jeans e suéter rosa.

– Desculpem, pensei que estava vazia – disse .

– Não tem problema, pode entrar. As outras devem estar cheias também – respondeu o garoto, ao que prontamente sorriu agradecida e aliviada por não ter que procurar nenhum outro lugar para ficar. Ela se sentou ao lado da garota.

– Olá, meu nome é Park.

– E eu sou o – disse o outro. – Fender. E você?

– Eu me chamo . Vocês também são do primeiro ano?

– Sim – respondeu . – Eu estou tão nervosa! Fico pensando em que casa vou ficar. É agoniante!

– Eu só estou feliz por estar aqui – disse . – Não me importo muito em que casa vou ficar. Só de não ter que estudar em Beauxbatons com as minhas irmãs mais novas já é uma alívio.

riu, mas não fazia ideia do que era Beauxbatons, embora tenha sorrido como se soubesse. Ela fez uma nota mental para pesquisar sobre isso quando chegasse na escola. Precisava aprender tudo ou então iria parecer uma idiota.

– Nem se você ficar na Sonserina?

– Nem se eu ficar na Sonserina – respondeu ele com firmeza, sustentando o olhar de .

– O que tem de errado com a Sonserina?

– As pessoas gostam de dizer por aí que lá só tem bruxos malvados por causa de um ou três que se só ficaram famosos nessa parte, sabe? – Ele deu de ombros, como se fosse bobagem. – Sua família não é bruxa?

– Alguém deve ser, mas eu não conheço – respondeu sinceramente.

– Entendi – respondeu. Ele não parecia se importar menos com o fato de não saber sobre essa parte da sua família. – Bom, então vou te dizer uma coisa: As quatro casas de Hogwarts são importantes. Elas não definem quem você é, só você pode fazer isso – um silêncio se instalou enquanto e encaravam , que sorriu sem graça. – Pelo menos é isso que a minha mãe diz desde que eu aprendi a falar.

As duas garotas riram, o que fez com que ele risse também.

– Meus pais iam gostar da sua mãe, ela te disse algo muito legal. Obrigada, .

– Vocês podem me chamar de .

– Então vocês podem me chamar de .

ficou quieta por um instante, e então disse:

– Vocês podem me chamar de . Eu não tenho nenhum apelido.

Os três se entreolharam e começaram a rir. E assim continuaram até o destino final, que pareceu levar menos tempo do que deveria. No barco, se perguntou se haviam encontrado um atalho, porque segundo o livro de Hogwarts: Uma História, o percurso levava quase oito horas.

Entretanto, não houve nenhum atalho a não ser a distorção do tempo quando estamos nos divertindo, e percebeu, fazer novos amigos era sempre divertido.

*

– LUFA-LUFA! – gritou o chapéu seletor assim que foi colocado na cabeça de Park. Ela sorriu enquanto a mesa fazia barulho para recebê-la. e se entreolharam compartilhando silenciosamente o nervosismo que sentiam. Todos os estudantes do primeiro ano estavam parados no meio do salão principal esperando serem chamados para descobrirem sua futura casa em Hogwarts, o lugar que seria o seu novo lar, como havia dito a Professora McGonagall.

O salão era gigantesco e haviam quatro mesas, uma de cada casa, os alunos mais velhos estavam tão ansiosos quanto os novatos para descobrirem os novos integrantes de suas pequenas famílias.

Fender – chamou a professora McGonagall calmamente.

levantou a cabeça e subiu elegantemente os três degraus que o separavam do objeto mágico. Não demorou muito para que o Chapéu Seletor se decidisse e gritasse para todo o salão ouvir:

– SONSERINA!

sorriu, se levantou e correu animadamente para a mesa que possuía as cores verde e prata. seguiu com o olhar até que ele se sentasse e olhasse para ela de volta. Ele ergueu os dois polegares como se dissesse: "vai dar tudo certo!". Ela respirou fundo e mirou seus próprios sapatos. Só havia feito dois amigos e ficar longe deles não parecia uma coisa boa. Não que ela não soubesse fazer amigos, mas havia gostado de e . Queria poder ficar na casa de pelo menos um deles.

A voz da professora despertou de seus pensamentos.

– Fred Weasley.

O garoto saiu correndo do final da fila, passando ao lado de , mas tomando cuidado para não esbarrar em ninguém. não o via desde aquele momento na passagem, mas ele não a tinha visto. Será que ele lembrava dela?

reparou que as roupas do menino pareciam um pouco velhas, mas ele era a última pessoa que parecia se preocupar com isso. Ele tinha essa energia confiante emanando dele. Seu sorriso parecia iluminar todo o salão e assim que bateu o olho nele, seu coração pareceu se iluminar um pouco também.

Fred Weasley soltou uma risadinha quando o Chapéu Seletor foi posto em sua cabeça, e ainda mais rápido do que havia acontecido com , sua seleção terminou em um alto e barulhento anúncio:

– GRIFINÓRIA.

Logo depois que Fred saiu correndo com um sorriso que cobria todo seu rosto, seu irmão, George, foi chamado e o destino foi novamente o mesmo.

Eles são idênticos, pensou, e ainda assim, ela conseguiu reconhecer Fred sem nenhum esforço.

– Não sei por quê o Chapéu Seletor ainda se dá ao trabalho de testar essa família. Meu irmão disse que não existe um Weasley que não seja da Grifinória – um dos alunos perto de sussurrou para outro.

Ela olhou para , que parecia muito feliz na Lufa-Lufa cumprimentando todos ao seu redor, depois observou que estava conversando com um rapaz de cabelos escuros ao seu lado. E então, sem nem sequer perceber, seus olhos foram parar nos gêmeos Weasley que estavam sentados ao lado de seus irmãos. Os garotos riam e não paravam de falar e todos pareciam felizes ao seu lado.

Como se sentisse o olhar de em si, Fred a olhou de volta e sorriu. pensou em sorrir, acenar de volta, fazer alguma coisa, mas no mesmo segundo, ouviu a professora chamar seu nome.

sentou-se lentamente no banco e sentiu o chapéu que iria decidir todo seu futuro pousar em sua cabeça. Ela não conseguiu evitar de olhar para na Sonserina, na Lufa-Lufa e Fred na Grifinória. Se tivesse que escolher... ela definitivamente não saberia. Ainda bem que não era responsabilidade dela fazer isso. Tentou relaxar, era só uma casa… uma equipe, como chamava seu pai. Talvez nem sequer fosse para perto deles. Talvez fosse para Corvinal, onde ainda não conhecia ninguém.

– Srta. , você parece ter um futuro grandioso pela frente. Bom ou ruim, eu não vou poder respondê-la, mas grandioso com certeza. E eu sei exatamente onde te colocar para intensificar as qualidades que já existem dentro de você – sentiu seus olhos se fechando involuntariamente e seu coração bater tão forte que parecia que ia sair do peito. – Não tenha medo, criança, você vai gostar. SONSERINA!

Ela abriu os olhos e se sentiu relaxada depois de horas de pura tensão. Não sabia para onde queria ir, qual era o melhor lugar, não sabia nem se a Sonserina seria boa pra ela, mas sentia-se leve só de já ter passado por essa espécie de ritual de iniciação. sorriu e correu em direção ao sorriso brilhante que a dava e a comemoração que sua nova casa fazia para recebê-la.

*

Papais,

Minha casa é Sonserina. Nós usamos verde e prata e no nosso brasão tem uma serpente! QUÃO LOUCO É ISSO?! Nosso dormitório também fica em uma MASMORRA DE VERDADE!! Mas não se enganem, por dentro parece coisa de outro mundo, eu juro. É tudo muito chique e elegante. Tenho certeza que você, papai Nico, iria adorar.

Tenho dois amigos: Fender e Park. Nós nos conhecemos no trem e ficou na Lufa-Lufa, mas e eu ficamos juntos, então estou feliz. Todos os dias de manhã nos encontramos e vamos tomar café da manhã. Depois encontramos e vamos todos para a aula juntos.

As pessoas por aqui gostam de se colocar em caixinhas e se rotular pela casa onde foram colocados. Não faz muito tempo, porém já ouvi alguns comentários desagradáveis por ser da Sonserina. Mas não vou ser injusta: também ouvi colegas dizendo coisas feias sobre outros alunos por serem de outras casas. Pelo que pude perceber, isso parece ser uma grande coisa por aqui. Meu amigo nos contou que a mãe dele costuma dizer que nada nos define a não ser nós mesmos, muito menos a casa onde fomos colocados. Muito legal, né? Aposto que vocês gostaram. Parece com algo que vocês me diriam.

Não se preocupem. Eu não julgo ninguém pela casa onde eles estão. E se alguém fizer isso comigo, leva um pancadão! Brincadeira hehe.

Já estou com saudades. Não assistam os melhores filmes sem mim!

Amo muito vocês.

.




, qual é, você precisa se acalmar… – praticamente implorou a amiga.

– Me acalmar? Mas foi ela quem começou! Estou farta dessas histórias idiotas envolvendo o meu nome, !

não gritava, mas estava nervosa. No primeiro ano, ela não ouvia tantas piadas em Hogwarts sobre sua origem, mas o tempo foi passando e os outros alunos passaram a comentar. Acontece que não era tão comum nesse mundo ter dois pais ou não saber o que dizer quando perguntavam sobre a sua mãe ou então simplesmente não fazer ideia se você correspondia ou não a linhagem "puro-sangue" que a Sonserina tanto prezava. realmente não sabia, e não aguentava mais esse tipo de pensamento do século passado, então internamente torcia para que não, desejava que sua família biológica fosse a família mais mestiça que já existiu no mundo bruxo.

Ela não tinha como saber e nem se interessava. Mas se perguntassem o que ela achava, era isso que dizia.

Dessa vez, entretanto, estava irritada, pois uma garota do segundo ano estava inventando, novamente, histórias sobre ela e sobre seus pais adotivos. Ela podia aturar ofensas direcionadas a si, mas não aos seus pais. estava tentando evitar que ela fosse arranjar confusão no dormitório das meninas.

– Ela só quer te provocar, porque você tirou uma nota maior do que ela em Feitiços, , não vale a pena se encrencar por isso – tentou de novo. – Você já está na mira do Zack por ter brigado com o idiota do Steven.

suspirou, porque era verdade. Não fazia nem sequer uma semana desde que lançou um feitiço de levitação em Steven Johnson, aluno do terceiro da Sonserina, por ter feito comentários horríveis sobre seus pais. simplesmente não conseguia evitar a raiva que tomava conta de si quando isso acontecia. Zack é o monitor-chefe da Sonserina, e embora seja um cara bem legal (em comparação aos outros alunos da Sonserina que estão no sétimo ano), sabia que se aprontasse mais uma, o professor Snape ficaria sabendo, e isso não seria nada bom pra ela.

– Tá, tá bom. Vou deixar passar desta vez.

– Ótimo. Vou jogar um pouco de xadrez bruxo agora. Tente não se meter em muitas encrencas.

revirou os olhos, mas não conseguiu deixar de rir. Embora não parecesse, não era exatamente o garoto mais pacifico do mundo, mas em sua opinião, brigas deveriam ser começadas por um bom motivo, e apenas se você fosse perder, nem muito menos se encrencar por causa disso. Ele era muito mais calculista do que , que deixava-se levar quase sempre. Quando se dirigiu até o grupo de alunos da Sonserina que jogava, se virou e saiu da sala comunal.

A aula de Herbologia havia sido cancelada, pois a professora havia passado mal, então teria um bom tempo livre. Embora não tivesse muito o que fazer, já que resolveu ficar nas masmorras e em aula. Infelizmente, agora no segundo ano, a Lufa-Lufa não tinha mais tantas aulas com a Sonserina como costumava ter no primeiro ano, então os horários dos três amigos quase nunca batiam. não se incomodaria de ter tantas aulas com a Grifinória, se isso não tivesse custado a companhia da amiga.

Ainda caminhando pela escola, percebeu que alguns alunos estavam indo em direção ao campo de quadribol, mesmo que não tivesse nenhum jogo no dia de hoje. Então resolveu segui-los, afinal, ela era curiosa e também muito fã de aglomerações, não importando o motivo.

se sentou na arquibancada e observou o capitão do time de quadribol da Grifinória andar de um lado para o outro gritando sobre responsabilidade e obrigações. Ele repetia constantemente que "isso não é brincadeira" e “nem jogo de criança”. achou um pouco engraçado toda a energia que ele colocava nisso. Era uma seleção de novos jogadores, mas Oliver Wood agia como se eles estivessem prestes a perder a taça mundial de quadribol.

mudou sua atenção para os alunos enfileirados perto do capitão. Ela sempre sabia quem estava procurando quando via tantos estudantes da Grifinória junta.

Fred Weasley.

E ele sempre estava lá, obviamente ao lado do seu irmão gêmeo, George, sorrindo e sussurrando algo para o irmão, provavelmente alguma piada que Oliver Wood odiaria ouvir.

reconhecia Fred tão facilmente que já havia se tornado uma piada entre e , pois eles não acreditavam que ela era capaz disso, não quando eles eram tão parecidos que confundiam até os próprios irmãos.

Ela não sabia explicar como diferenciar Fred e George Weasley, mas não se importava. Ela simplesmente sabia. Sabia exatamente quando era Fred contando uma piada ou defendendo algum aluno da Grifinória que estava sendo provocado por outros estudantes.

também sabia que ela não era a única a reparar no garoto que conhecera antes mesmo da escola começar, pois sempre que estavam no mesmo lugar e Fred a via, ele sorria e acenava de longe. retribuía mesmo se sentindo a pessoa mais inapta socialmente do mundo. Ela não era nada tímida, realmente não era, mas com Fred Weasley era diferente. Ao mesmo tempo em que sentia a necessidade de sempre procurar por ele em meio a multidões, também sentia que precisava se manter afastada.

De qualquer forma, Fred nunca sequer sentou para conversar de verdade com ela, então mesmo se quisesse, não sentia que podia fazer isso por ele. também a mataria por “não ter nem um pouquinho de orgulho”, segundo ele. sabia que eles apenas haviam se esbarrado uma única vez e não precisavam ser amigos por isso. Estava tudo bem, ela entendia.

Ainda assim, ela gostava de Fred Weasley, de seu bom humor e da leveza que emanava dele sempre que o garoto entrava em alguma sala. Portanto, agora que estava aqui, ela torceria para que ele e seu irmão entrassem para o time.

Discretamente, é claro.

não era nenhuma fã apaixonada ou algo do tipo, só não tinha mais nada pra fazer.



Vamos, gente! Estamos quase atrasados! – Pediu pela quarta vez, correndo na frente de e .

– Não estamos nem perto de estarmos atrasados… – Ela ignorou a falação de , seguindo a pequenos saltos na frente dos dois amigos. – Ela está mesmo ansiosa para essa aula de Adivinhação, não é?

– Sim – confirmou com um sorriso. Não se incomodava com a animação da amiga, achava adorável e também estava feliz por terem pelo menos uma aula em conjunto este ano.

No terceiro ano, além das sete disciplinas de sempre, os alunos precisam escolher mais duas aulas optativas que sejam de seu interesse para que comecem a pensar sobre o que pretendem fazer após Hogwarts. Afinal, em apenas 2 anos eles estariam prestando os N.O.M.s.

Levando isso em conta, depois de muita discussão, , e escolheram Adivinhação para terem juntos como primeira disciplina. Era a única aula que todos concordavam que seria irrelevante o suficiente para não se incomodar em ter. Como segunda, escolheu Estudo dos Trouxas, optou por Runas Antigas e , Trato das Criaturas Mágicas.

Não sabia o que queria fazer ainda, mas se tivesse que escolher algo definitivamente não teria nada a ver com Aritmancia ou Runas Antigas, e muito menos Estudo dos Trouxas. Ela já morava e convivia com muitos deles.

Os três amigos se sentaram na mesa do canto e ficou perto da janela. Uma das melhores partes de ter aula naquela parte do castelo era a vista. A aula de adivinhação ficava em uma das torres de Astronomia e era uma grande fã da paisagem que Hogwarts proporciona, ainda mais se pudesse vê-la lá de cima.

– Cedric falou que essa aula é péssima – comentou depois que se sentaram.

havia conhecido Cedric Diggory através de , já que ambos são da Lufa-Lufa. Mas a amizade entre os dois apenas iniciou de verdade quando se encontraram, mais de uma vez, na biblioteca: no mesmo horário e na mesma seção sobre animagos. Cedric se mostrou simpático o suficiente para atravessar a cara emburrada de qualquer sonserino, então foi só uma questão de tempo até que ele se tornasse amigo próximo de e , transformando o trio inicial em um quarteto.

Tudo do mundo mágico impressionava mesmo após 3 anos sendo uma bruxa. Contudo, tinha um ponto fraco quando o assunto era animagos. Demorou muito para entrar na cabeça da sonserina que alguém poderia simplesmente se transformar em um animal, mesmo que visse isso através da professora Minerva. O assunto acabou se tornando uma pequena obsessão que levava para a biblioteca frequentemente. Ela queria saber tudo, especialmente como se tornar uma, porque é claro que ela gostaria de se tornar uma animaga. e não a levaram a sério, mas Cedric levou, pois ele possuía o mesmo desejo.

– Não dá, isso parece impossível! – Exclamou ela certa vez, fechando um dos livros que Cedric havia pegado na sessão restrita com a ajuda do monitor-chefe da Lufa-Lufa.

– É claro que parece. Nós nem temos quinze anos ainda. Vai parecer ainda mais impossível para nós.

– Então por que sequer tentar?

– Estamos estudando para ter resultados a longo prazo – respondeu ele, virando-se na cadeira para fitar a amiga. – Tenho certeza que vamos conseguir em algum momento, .

– Como você sabe?

Cedric deu de ombros como se fosse óbvio.

– Somos nós – respondeu simplesmente.

Cedric acreditava, então acreditava também. Eles fariam isso ao mesmo tempo e seriam os dois únicos adolescentes listados no registro do Ministério: este era o objetivo.

– Cedric não sabe o que fala. Tenho certeza que não deve ser tão ruim assim – falou . – Olha só… – A lufana soltou uma risadinha baixa. – O namorado de chegou.

suspirou exasperada. Tentou parecer indiferente, mas com o canto do olho não conseguiu evitar ver Fred entrando na sala junto de seu irmão gêmeo, Lee Jordan e Angelina Johnson.

– Para com isso, , nós nem nos conhecemos.

– Você definitivamente conhece ele – intrometeu-se .

lançou um olhar feroz para , torcendo para que o melhor amigo entendesse o recado e o assunto morresse. Mas é claro que foi em vão.

– Agora ela fica com vergonha – continuou ele – Você não parece sentir nem um pouquinho de vergonha quando acorda no sábado de manhã só para vê-lo jogar. E ainda me arrasta junto!

colocou a mão no peito fazendo sua melhor expressão ofendida.

– Para sua informação, Fender, eu sou uma grande fã de quadribol!

– Ah, por favor! Você nem mesmo…

– E a Grifinória entrega um ótimo jogo todos os sábados, especialmente depois que aquele garoto entrou no time…

– O nome dele é Harry…

– E eu me sinto extremamente ofendida por você achar que eu…

– Você não sabia nem o que era um balaço, !

– ...Faria isso tudo apenas para…

– Você mal vai aos meus jogos e somos da mesma casa!

– ...Ver um garoto!

, que ria baixinho da discussão dos amigos, empurrou o ombro dos dois ao mesmo tempo.

– Tá bom, chega, calem a boca.

– Eu só estou tentando me defender das acusações desse aí.

– Se defender do quê? Não tem ninguém te acusando de nada, só estou expondo alguns fatos. Além do mais, você gosta dele, grande coisa! Não é a única do mundo.

O sorriso no rosto de sumiu na mesma hora. Ela tentou não parecer tão interessada, mas foi em vão.

– Do que você está falando?

se empertigou inteiro, como se guardasse o maior segredo do mundo com ele.

– Quem também gosta dele? – Quis saber . Seu tom agora era bem mais baixo e ela puxou a cadeira para frente, movimento este que os outros dois copiaram.

– Angelina Johnson gosta – revelou quase sussurrando. – Foi o que ouvi dizer.

Involuntariamente, o olhar de foi em direção à mesa do outro lado da sala, onde Fred, George e Jordan estavam sentados. Angelina estava na mesa ao lado com mais duas garotas da Grifinória, mas sua cadeira estava levemente virada para o lado e ela conversava com Fred, que dava toda sua atenção para ela.

– Tem certeza que é dele que ela gosta? – Perguntou . – Quer dizer... As pessoas podem se confundir, sabe, eles são iguais. Talvez ela goste do George.

– Cedric e Wood estavam comentando – disse, fazendo sentir seu estômago ir ao chão. deve ter percebido a expressão da amiga, pois sua voz suavizou na mesma hora ao emendar: – Mas eles podem estar enganados. Às vezes aqueles dois são meio tontos. Principalmente o Cedric, vocês sabem.

Cedric e Oliver Wood eram amigos, o que fez com que também se aproximasse um pouco do capitão da Grifinória. não diria que eles eram super amigos, mas eles conversavam e pareciam gostar de quadribol na mesma medida. Wood havia criado uma certa afeição e respeito por depois que os dois separaram uma briga entre um jogador da Grifinória e outro da Sonserina. Melhorou ainda mais quando interveio em favor de Harry Potter quando Draco Malfoy estava soltando ofensas sobre ele no meio do campo antes de um dos jogos.

não era o capitão do time, é claro, pois ainda estava no terceiro ano. O capitão de verdade era Logan Grint, e ele era, como gostava de pontuar quando estava apenas entre os melhores amigos, um capitão de merda. Grint havia percebido o quanto o time parecia importante para , talvez até mais do que para os outros jogadores, então costumava dar muitas tarefas para o garoto, que as realizava prontamente e muito bem. esperava que Severus Snape estivesse prestando atenção nisso, pois Grint estava prestes a se formar e logo a Sonserina precisaria de um novo capitão. Seria melhor para todos se, desta vez, fosse alguém bom de verdade e que não aceitasse a entrada de alunos em troca de vassouras novas, como Grint havia feito com Malfoy. tentou argumentar, pois Draco não merecia, de jeito algum, a posição de apanhador do time, mas foi em vão. De qualquer forma, certo dia, Grint estava coordenando o treino da Sonserina sentado na arquibancada e o time da Grifinória chegou. Malfoy imediatamente se aproximou de Potter em busca de briga, mas logo o mandou embora. sabia que se tinha algo que gostava menos do que Draco Malfoy, era alguém atrapalhando o treino.

Ele podia não ser tão velho quanto Logan, mas os garotos do time o obedeciam. Talvez tivesse a ver com o quanto ele ficou alto no verão ou quem sabe com sua personalidade gélida e meio assustadora.

Wood agradeceu e ficou surpreso com o profissionalismo e seriedade partindo de alguém da Sonserina, então mesmo sendo de times rivais e tendo alguns anos de diferença, graças a Cedric, os dois passaram a conversar algumas vezes. começava a perceber que estava passando a levar o esporte cada vez mais a sério.

– Bom... Ele é bonito e engraçado. É normal, não é?

sorriu enquanto falava, tentando mostrar aos amigos que aquilo tudo não era nada demais. Deve ter falhado, pois parecia a ponto de matar o amigo por ter aberto a boca.

Mas não se importava com isso. Qualquer um com olhos veria o quanto Fred é bonito, legal e engraçado. Logo, qualquer um gostaria dele.

E também, não era como seus amigos faziam parecer. não gostava-gostava dele. Era um sentimento platônico que ela carregava só porque Fred estava sempre por perto, a olhando no meio de uma aula de Herbologia antes mesmo que ela o procurasse, dando um sorrisinho idiota ou acenando discretamente pra ela quando estavam no salão principal.

Isso fazia com que não tivesse tempo para simplesmente esquecer que Fred Weasley existia, o que era muito, muito chato, mas definitivamente não era amor. Não estava apaixonada, e se fosse sincera consigo mesma, nem sequer achava que tinha idade para saber o que era isso.

No entanto, o sentimento de saber sobre Angelina Johnson continuou martelando dentro dela, causando uma sensação ruim e um gosto amargo na boca muito pior do que quando comeu uma balinha de todos os sabores de cera de ouvido. Talvez preferisse comer umas vinte dessas novamente se pudesse parar de se sentir incomodada com o fato de Fred ainda estar conversando com Angelina.

Ela balançou a cabeça e colocou um sorriso no rosto tentando não preocupar seus amigos com o que considerava uma besteira. Pouco tempo depois, a professora finalmente chegou.

Sibila Trewlaney era alta e muito magra. Seus longos cabelos pretos eram volumosos e ela usava fundos e pesados óculos redondos, bem como um lenço na cabeça. Ela sorriu para os alunos enquanto parava em frente a sua mesa.

– Talvez esperem que eu peça desculpas pelo atraso... – começou Sibila Trelawney, sua voz etérea percorrendo toda a sala de aula. – Mas eu não peço desculpas pelas forças do destino – Trewlaney deslizou graciosamente até o meio da sala, seus olhos amplificados pelos óculos com lentes grossas pareciam brilhar. Com um movimento teatral, passou a mão sobre a bola de cristal no centro da mesa – Cheguei exatamente quando os astros determinaram. Vamos começar.

e não conseguiram evitar trocar uma risada baixa.

*

A Professora Trewlaney passou alguns minutos explicando como surgiu a Adivinhação, sua origem e sua história. fazia anotações precisas, enquanto anotava uma palavra ou outra e apenas prestava atenção no monólogo que a professora estava tão dedicada a fazer.

– Muito bem! Agora que passamos a teoria, que tal mergulhar nos mares profundos da prática? – Ela sorriu. – Escolham alguém da mesa para tocar a bola de cristal que está na frente de vocês. Os demais do grupo deverão decifrar os mistérios que se revelarem dentro dela.

negou com a cabeça na mesma hora, imediatamente colocando as duas mãos seguras embaixo da mesa.

– Você é realmente engraçada, Park – a encarou. – Não era você que queria tanto vir a essa aula? Agora não quer nem ver seu suposto futuro?

– Adivinhação é uma matéria interessante, mas não quer dizer que estou disposta a participar, muito obrigada.

bufou e se virou para , seus olhos azuis tinham um brilho monótono, e mesmo que não falasse, sabia o que o amigo queria dizer: “você ou eu?”

Ela apenas deu de ombros e colocou a mão no objeto.

– Não é grande coisa – resmungou.

– Excelente, excelente... Agora, vamos trabalhar nossa clarividência. Vejamos... – Sibila Trelawney deslizou suavemente até a mesa de Fred, onde ele era aquele que segurava a esfera brilhante. – O que você prevê para o futuro do Sr. Weasley? Consegue discernir algo, Sr. Jordan?

– Bem... É um tanto confuso. Parece… incerto – respondeu Lee Jordan, que mirava o objeto brilhante com atenção. – Tem alguma coisa, mas está fragmentada. É como se uma espessa fumaça escura tentasse esconder uma luz que tenta brilhar. É como se essa luz tentasse crescer, mas não parece ter muito sucesso… – Lee franziu o cenho e balançou a cabeça, parecendo desistir.

George fez uma careta, enquanto Fred apenas riu, dando de ombros e retirando a mão da bola de cristal. Não parecia nem por um segundo levar a aula a sério.

assistia a professora Trewlaney, que olhava para Fred e para a esfera de cristal. Ela parecia tentar entender o que Lee havia acabado de dizer e seu semblante não parecia bom, mas ela tentou disfarçar, colocando a mão no ombro de Jordan e dizendo "bom trabalho". provavelmente encarou demais a professora no meio da sala, pois Trewlaney virou-se exatamente em sua direção.

– E agora, vejamos... vocês... Oh! – Exclamou a professora, sua voz ecoando pela sala e atraindo todos os olhares para a mesa dos três amigos. Seus olhos estavam arregalados e seu semblante transparecia profundo pesar. lançou um olhar confuso para e , que também pareciam perplexos, e depois para a bola de cristal, como se ela pudesse entender o que estava acontecendo.

– Professora?

– Oh, querida... Sinto muitíssimo – disse Trelawney, fechando os olhos por um momento e balançando a cabeça com tristeza. – Que destino cruel o seu, ser deixada sozinha tantas vezes.

– Eu não estou sozinha – retrucou defensivamente, quase instintivamente. Ela sentia muitas coisas, mas a solidão não era uma delas. A professora Trelawney, no entanto, ignorou sua resposta, mantendo sua postura dramática perante os alunos.

– Pouco depois do primeiro suspiro... E novamente no início de sua vida, quando você estava descobrindo algo tão fenomenal e único.

– Desculpe, professora, mas do que você está falando?

– Vejo um brilho fulgurante em seu futuro, mas a fumaça negra é tão mais forte… Oh, vocês estão destinados a serem engolidos pela escuridão antes que possam plenamente aproveitar o futuro… – Trelawney virou-se para , que encarava a bola de cristal inutilmente, passando as páginas do livro com tamanha rapidez que parecia prestes a rasgá-las. – Não é triste? Trágico, eu diria, perder o amor tão cedo em sua vida.

Os olhos de se arregalaram e ela tirou a mão da bola de cristal como se o objeto estivesse queimando sua pele. Embaixo da mesa, longe da visão de todos, esfregou a mão sem parar nas próprias vestes, tentando limpar algo que ela não sabia o que era, mas podia jurar que existia. Seu coração parecia prestes a sair do próprio peito, mas tudo que Trewlaney fazia era olhar para ela com pena.

A mente de girava em um turbilhão como nunca tinha acontecido antes. Queria sair correndo, mas sabia que isso não impediria que as palavras da professora repetissem incessantemente em sua cabeça. Perder o amor? Ela perderia alguém e se tornaria uma pessoa amarga e sem vida? Estava destinada a ficar sozinha para sempre? Não haveria outra chance de encontrar alguém? E se não fosse sobre uma pessoa? Como poderia perder algo "tão cedo na vida" se ela mal tinha começado a viver? E se nem havia encontrado algo que pudesse perder ainda? Como ela seria engolida pela escuridão? O medo e a confusão envolviam a estudante, como se a fumaça escura da previsão estivesse agora dentro de sua própria mente.

– Uau, Professora Trewlaney – A voz familiar de Fred Weasley a despertou do labirinto desesperador que sua mente estava se tornando, fazendo com que a professora deixasse de encará-la, transferindo agora seu olhar de pesar para o Weasley, que as olhava com um sorriso no rosto e a sobrancelha erguida. – Não acha que talvez seja um pouco cedo para lançar uma previsão dessas sobre ? Se está tentando diminuir o número de alunos na sala, George e eu estamos sempre disponíveis para uma saída, você sabe!


Continua...


Nota da autora: Sem nota

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