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Revisada por: Saturno 🪐

Última Atualização: 31/10/2024.

— Tem certeza de que eu posso entrar na sua casa assim, Joshua? Se algum vizinho seu chamar a polícia, eu juro que mato você. — Astrid havia acabado de virar a esquina da rua onde o rapaz morava e avistou a fachada da residência dele enquanto resmungava no celular.
— É claro, gata. Meus pais estão viajando, já te disse. E nenhum vizinho vai encher o saco. O pessoal daí é bem tranquilo, mesmo se você fizer uma gritaria e derrubar a casa, ninguém chama a polícia.
— Isso daí era pra me tranquilizar? Porque agora eu fiquei preocupada. Como assim não chamam a polícia se alguém gritar? — Ela franziu o cenho e passou a caminhar com mais cautela, como se de repente sentisse uma ameaça bem próxima.
Olhou em volta e não encontrou nada, porém, ainda assim, estava agoniada.
— É brincadeira, Tree. Lógico que eles chamam a polícia se acharem que tem alguém correndo perigo ou passando mal. Eu só quis te deixar mais relaxada. Ninguém vai me dedurar para os meus pais. Até porque… desde quando levar a namorada pra casa é um crime?
— Bom, estou indo escondida pra lá, não é?
— Prometo que quando eles voltarem te apresento a eles, tá?
— Se não fizer isso, vai ficar sem namorada. É sério, Joshua.
Ele riu, por mais que acreditasse nas palavras dela.
— Não ri! Eu estou falando muito sério.
— Eu sei, gata. Não vou arriscar.
— E trata de vir logo. Não gosto nada dessa ideia de ficar sozinha na sua casa, Joshua. — O rapaz não precisou de muito para ter certeza de que ela fazia um bico.
— Prometo que logo estarei aí. Meu expediente acaba em meia hora.
— Droga, por que você tem que ser tão responsável? Está só você aí. Ninguém vai ligar se a locadora fechar mais cedo. — A voz dela era persuasiva demais, e Joshua quase cedeu.
— Babe…
— Por favor. Não me deixe sozinha, Josh.
— Meia hora e vou reto para casa, juro.
— Merda. Não posso dizer que não tentei. — Astrid suspirou, enquanto caminhava rapidamente até a porta da casa do rapaz, então se abaixou para pegar a chave debaixo do tapete do hall de entrada. — Sério, vocês precisam arrumar um lugar menos óbvio para esconder a chave. Qualquer um pode entrar na casa de vocês.
— E você acha que não falei isso aos meus pais antes? Isso daí parece um convite a um serial killer. — Riu e negou com a cabeça quando Tree, do outro lado da linha, soltou uma exclamação irritada.
— Não brinque com essas coisas, Joshua. Estou entrando na sua casa.
— Tá bom, gata. Tem um cara estranho ali na seção de filmes infantis. Já te ligo de volta.
— Okay, babe. Te amo.
— Também te amo, Tree.
A garota suspirou quando a linha do outro lado ficou muda.
Não era a primeira vez que entrava na casa de Joshua, obviamente, porém era a primeira vez em que o fazia sem a companhia dele e isso, de certa forma, a incomodou. Tudo estava silencioso e escuro demais.
Tree colocou um pacote de pipoca para estourar no microondas e começou a ajeitar as coisas para a noite de filmes que os dois haviam planejado. Sabia que não assistiriam metade deles e provavelmente transariam na maior parte do tempo, porém, ainda assim, organizar as coisas ajudava a manter sua mente ocupada enquanto Joshua não chegava.
Quando a garota adentrou a sala, a fim de ajeitar tudo da forma mais confortável possível, o soar da campainha a fez parar e franzir o cenho. Seu coração acelerou imediatamente e ela ponderou se deveria atender ou não. Para todos os efeitos, não havia ninguém na casa.
A não ser que algum dos vizinhos tenha a visto entrar ali.
Merda.
Ficou nervosa e olhou puxou o celular do bolso. Joshua ainda não havia ligado de volta como prometido.
Tentou se acalmar. Se ignorasse, talvez a pessoa fosse embora.
No entanto, como se respondesse aos seus pensamentos, a campainha tocou mais uma vez. Quem quer que fosse, sabia que havia alguém na casa.
Mordeu a boca e, respirando fundo, seguiu até a porta. Tentou espiar quem estava do lado de fora pelo olho mágico, porém não viu nada e isso a fez franzir o cenho mais uma vez.
Dando de ombros, Astrid se virou para voltar à sala e a campainha tocou de novo.
— Porcaria. — O resmungo soou quase inaudível e ela, por fim, girou a chave na fechadura e abriu a porta.
Nada. Não havia ninguém ali.
— Mas que merda? — Não podia acreditar que aquilo era uma pegadinha.
Se fosse obra de Joshua, ela o mataria, isso era fato.
O bipe do microondas a fez pular de susto e, após dar uma última olhada para o hall vazio, fechou a porta e voltou para a cozinha.
Sua bexiga apertou cinco minutos depois.
Tree não queria subir até o banheiro antes que Joshua chegasse. Por algum motivo, ela não se sentia bem indo até o segundo andar da casa sem a companhia dele e por isso tentou esperar por mais alguns minutos, até simplesmente não conseguir aguentar mais.
Joshua chegaria em dez minutos, porém Astrid estava literalmente quase fazendo xixi nas calças.
Respirou fundo e subiu as escadas. Seria rápida e acabaria com aquilo de uma vez.
Praticamente correu até o quarto de Joshua e passou para o banheiro. Nada era mais aliviador do que aquilo, precisava confessar.
E o namorado definitivamente precisava dar um jeito naquele banheiro antes que seus pais voltassem de viagem. Na verdade, a casa toda num geral estava uma bagunça.
Depois de encarar o celular pela segunda vez, Tree se levantou, deu a descarga e foi até a pia lavar as mãos. Encarou seu reflexo no espelho e, enquanto limpava os olhos levemente borrados de maquiagem, sentiu sua nuca arrepiar.
Arregalou os olhos e se virou rapidamente. Só podia estar paranoica. Não havia como se sentir observada se estava sozinha.
Balançou a cabeça em negação. Uma espinha chata estava para nascer em seu queixo e ela aproximou o rosto do espelho para tentar tirá-la.
E, naquele instante, ela pode jurar que algo havia se mexido atrás de si.
Seu coração parecia querer saltar pela boca e, trêmula, ela pegou o celular para discar o número de Joshua. Não importava quantos minutos faltavam para o fim do expediente dele, não poderia ficar sozinha naquela casa por nem mais um minuto.
Saiu do banheiro e enquanto passava pelo quarto até a porta, algo chamou sua atenção.
— Puta merda, Joshua! — Levou a mão ao peito, indignada com a audácia do namorado.
Ser fã de filmes de terror, tudo bem. Mas aquilo já tinha passado dos limites.
— Tô indo, gata. Acabei de fechar tudo aqui. — Foi a primeira coisa que ele disse, ao atender o celular.
— Eu não vou dormir no seu quarto, Joshua. Ou ficamos na sala, ou invadimos o quarto dos seus pais. No seu quarto, eu não fico.
— Como assim, Tree? — O rapaz deu risada da atitude da garota, completamente sem entender.
— Não se faça de desentendido, Joshua.
— Tree, eu realmente não sei do que você está falando.
— A porcaria da estátua de palhaço no seu quarto. Agora sabe do que estou falando?
O outro lado da linha ficou mudo por alguns segundos e quando Joshua voltou a falar, sua voz era trêmula e urgente.
— Babe, me escuta com atenção. Eu não tenho nenhuma estátua de palhaço.
Astrid sentiu seu estômago afundar, porém, logo em seguida, revirou os olhos, caminhando até as escadas.
— Muito engraçado, babe. Mas é sério, não vou dormir no seu quarto.
— Tree, não estou brincando. Você já está fora do quarto? Sai da casa o mais rápido possível. Eu não tenho nenhuma estátua de palhaço.
A seriedade na voz de Joshua espalhou tremores pelo corpo de Astrid. Sim, o namorado gostava de fazer brincadeiras para assustá-la, porém não era tão bom ator assim, e, ao parar para pensar na figura dentro do quarto do rapaz, Tree se deu conta de que era realista demais para uma estátua.
O assoalho do quarto rangeu e confirmou os piores temores da garota.
— Joshua… — Astrid soltou, em um fio de voz.
— Corre, babe! Por favor, corre! — Desesperado, o rapaz tentava colocar a chave na ignição de seu carro, porém suas mãos tremiam tanto que era quase impossível.
O rangido no assoalho se transformou em passos apressados e Tree correu escada abaixo. Estava a cinco degraus do chão, quando pisou em falso e rolou a distância que faltava. O impacto da queda fez uma dor lancinante atingir seu tornozelo esquerdo e se o osso não estivesse quebrado, ao menos havia saído do lugar.
Lágrimas escorreram pelos olhos da garota, que segurou o pé machucado, então encarou o topo da escada quando se sentiu observada mais uma vez.
O palhaço estava parado ali e assistia a cena com divertimento. Apontou para Astrid, para a escada e o tornozelo ferido, fez uma imitação boba da garota caindo e riu sem emitir som algum.
— Seu pervertido filho da puta, isso não tem graça! — Tree rosnou, tomada pela dor e em um surto de raiva.
Imediatamente, o palhaço desfez o sorriso e a olhou com uma expressão assassina. O corpo inteiro da garota tremeu e ela tentou se levantar, desesperada.
Numa fração de segundos, o palhaço havia descido todos os lances de escada e a agarrava pelos cabelos com força. Puxou o rosto de Astrid para encará-lo e gesticulou como se a chamasse de rude por xingá-lo.
— Eu sei, eu sei. Por favor, não me machuque! Por favor! — Mais lágrimas escorreram dos olhos dela e o medo fazia seu corpo quase convulsionar.
O palhaço fedia principalmente a sangue e puxava os cabelos dela com tanta força que Tree sentia que perderia o couro cabeludo.
Ele a jogou contra as escadas como se não fosse nada e Astrid ofegou ao sentir suas costelas se chocarem contra os degraus. O ar fugiu de seus pulmões e ela rolou mais uma vez os lances até atingir o chão.
Era patético se arrastar, Tree sempre havia criticado aquilo quando assistia filmes de terror com o namorado, porém, totalmente sem fôlego ou forças, aquela alternativa era tudo o que tinha.
Astrid se arrastou, tentando alcançar seu celular caído a poucos metros, e viu o exato momento em que o palhaço abriu um grande saco de lixo e tirou de dentro de lá uma faca de cozinha.
Os olhos dela se arregalaram, o coração batia mais rápido do que nunca e o desespero tomou conta de si.
— Não! Por favor. Eu faço qualquer coisa! Qualquer coisa!
O palhaço sorriu enviesado para ela, como se debochasse da proposta e, num movimento rápido, passou a faca na garganta de Astrid.
Ela se engasgou no próprio sangue, que jorrava sem controle algum. Os olhos dela ainda estavam arregalados e o palhaço a imitava e ria daquela cena.
Com mais um movimento, ele a esfaqueou no peito, puxou a faca e repetiu o gesto uma, duas, cinco vezes. E a cada perfuração no corpo de Tree o palhaço se divertia mais. Até que, num puxão mais profundo, fez a carne da barriga dela se rasgar.
Os últimos sopros de vida de Astrid foram repletos de agonia, porém o palhaço, ainda assim, não parou. Continuou despedaçando a garota, separou as vísceras e saiu espalhando pela sala como se montasse uma nova decoração. Havia sangue por todo lado, e aquilo o deixava satisfeito, tão satisfeito que quase não ouviu o barulho do carro estacionar do lado de fora.
— Astrid! Babe! — Joshua gritava desesperado e chorava desde o momento em que a ligação com a namorada caiu.
Então, ao notar que tinha mais companhia, o palhaço virou a cabeça na direção da porta e abriu um sorriso maníaco ao ouvir o som da chave girando na fechadura.
A diversão daquela noite estava apenas começando.


FIM


Nota da autora: Será que eu fui completamente influencia por Terrifier? HEHEHEHE. Eu só posso dizer que não consigo não escrever uma carnificina de vez em quando.
Me contem o que acharam!
Happy Halloween! 🎃
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