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Revisada por vênus. 🛰️
Concluída em: 31.10.2024

— Droga! Minha cerveja acabou — resmungou, acariciando a mão de . — Amor, você podia pegar outra para nós, não é?
— Quero olhar o resto do filme — rebateu, fazendo beicinho.
chamou —, já te contei que e eu estamos pensando em nos casar?
— Mentira! — olhou para a amiga, incrédula.
— É isso mesmo. — entrou na conversa. — Quem diria que ela finalmente perdeu todo aquele medo.
— Ah, então falar sobre isso você pode? Agora, pegar mais cervejas para dividir com a sua futura mulher é algo fora de questão. — fez drama, como de costume. — Acho que vou ter que repensar o casório.
— Ai, , você sabe que está sendo mega injusta, né? — riu da situação. — Ainda mais que está quase chegando no final do filme.
— Não, , tudo bem. — suspirou. — Eu já olhei esse filme umas quinhentas vezes.
Entre brigar com ou seguir pelo caminho contrário, sempre escolheria a segunda opção. Esse foi o motivo principal por não ter levado a discussão em frente. No entanto, a intenção de sua namorada não era discutir. Ela só queria tirar sarro da cara dele mesmo. Era uma de suas coisas favoritas no mundo inteiro.
— Amor, volta aqui. É brincadeira! — o puxou pelo braço, sem conter o riso. — Você sabe que eu te amo.
— Não sei por que ainda não me acostumei com isso. — Ele revirou os olhos, resignado. — E eu também te amo.
— Eu sei! — Ela abriu um sorriso enorme e o beijou.
— Ai, que melação. Chega! Ninguém aguenta mais! — Jason levantou, balançando a cabeça. Já estava acostumado com os amigos, apesar de tudo. — Eu mesmo vou buscar essas cervejas. Alguém mais quer?
Várias mãos se ergueram.
— Vocês acham que eu tenho quantos braços para trazer para todo mundo?
Ele riu da própria reclamação sem nem olhar para trás. Era óbvio que seus amigos não dariam a mínima para suas palavras assim como não estavam dispostos a irem até a cozinha. Ninguém queria parar de assistir o filme quando a luta de Freddy e Jason começara. Eles podiam até conversar entre si, mas quase nunca tiravam os olhos daquela tela enorme. Neste único dia, já haviam assistido os três primeiros filmes da franquia A Hora do Pesadelo e, agora, estavam no final de Freddy vs. Jason. Planejavam assistir mais filmes de terror durante a madrugada, afinal, era Halloween. Tinham vindo para a casa do lago da família de para beber, se divertir e esquecer dos estresses da vida e faculdade.
Porém, essas não eram as únicas coisas que os aguardavam naquela noite sombria.
— Já estou ficando com sono. — reclamou. — Não posso ficar com sono quando estou olhando um filme de terror em que o cara mata as pessoas quando elas adormecem!
— Se fodeu! — Arabella abriu a boca pela primeira vez desde que o filme havia começado e, é claro, fez isso apenas para curtir com a cara de uma das amigas. Isso era tão a cara dela.
— Se fodeu nada, tá doida? — Michael se intrometeu. — Ela namora o cara das drogas, e sabe como é, tem remédio para tudo hoje em dia
— Verdade, olha só para ele. — comentou. — Está com os olhos tão vidrados que parece que usou cocaína.
— Ah, , não exagera. Não é para tanto. — cutucou a namorada. — Ele só está vidrado na tela mesmo.
— Amooor, todos os olhos estão em você. — cutucou de leve. Foi só então que o garoto tirou os olhos da televisão e se voltou aos outros.
— Não se preocupa. — Sorriu para de forma carinhosa. — Eu tenho uns remédios para te manter acordada.
mexeu na mochila que estava jogada na mesa ao lado deles, largou compridos brancos na mão da namorada e levantou, seguindo em direção à cozinha.
— Ele estava mesmo ouvindo esse tempo todo? — murmurou.
— É claro! Ele sabe de tudo o que acontece. — deu uma risadinha, como se tivesse afirmado a coisa mais óbvia de todo o universo. — Não é como se ele não percebesse nada só porque ele é viciado em remédios.
— Sabe que eu estou aqui ouvindo tudo o que você está falando sobre meu namorado, não é? — semicerrou os olhos.
— O que você acha? — rebateu a amiga.
— É claro que sabe. — revirou os olhos e riu.
— Isso é o mais próximo de um elogio que ela consegue fazer — disse , que retornava com um copo de água para sua namorada. não hesitou em tomar os comprimidos.
— Credo, ele ouviu até isso? — Arabella voltou a falar. — Por que a só namora caras estranhos, hein?
— Falando em caras estranhos, cadê o Jason? — perguntou Michael.
— Está lutando com o Freddy, é óbvio! — apontou para a imagem exibida na tela.
— O nosso Jason — explicou ele.
— Está na cozinha, comendo — disse simplesmente.
E assim eles estavam, felizes, entre amigos, assistindo Jason Voorhees lutar contra Freddy Krueger. Todos sabiam como o filme acabaria, mas ninguém ligava. Estavam se divertindo do jeitinho deles. E todos estavam tão absortos naquilo que nem mesmo percebera que o comprimido que dera para sua namorada não tinha o efeito que desejavam. No meio de tantas cartelas jogadas em sua mochila, em vez de um remédio que a mantivesse acordada, acabara pegando um ansiolítico.
— Ai, droga! — gritou, em um susto.
— Vai dizer que ficou com medinho? — a provocou.
— Mas é claro que sim! Você me assustou, seu desgraçado! — ela deu uns tapas nele, o afastando e fazendo os outros rirem.
— O que vamos fazer agora? — foi o primeiro a perguntar.
— Vocês, eu não sei. — Arabella fez careta ao levantar. — Já eu, vou para o quarto que me obrigaram a dividir com o Michael e o Jason.
— Você tem que agradecer por estar no quarto dos solteiros e não no dos casados. — Michael apontou os dois casais.
— Ai, , você é um porre, sabia? — Arabella reclamou. — Por que tinha que trazer só esses dois? Figurinha repetida não completa álbum.
— Arabella, para de ser uma vaca por um segundo. — pediu.
— Vaca é a sua mãe! — ela rebateu.
— É a mesma mãe que a sua, caso não se lembre, irmãzinha — enfatizou.
— Deixa ela, . Arabella só está indo dormir porque está com medo. — provocou.
— Eita, eu não deixava assim, hein! — se intrometeu. — A medrosa do grupo tirando sarro de você.
— Vocês estão sendo muito infantis. — Arabella suspirou e balançou a cabeça de um lado para o outro.
— E você é muito adulta, não é mesmo, pirralha? — jogou uma almofada na direção da irmã.
— Isso mesmo, corra para o quarto que o Jason vai acabar pegando você primeiro. — ameaçou.
— Hey, isso é injusto comigo! — Michael se exaltou. — Por que ele se sou eu quem está aqui agora?
— Não esse Jason. — revirou os olhos. — Estamos em uma casa do lago. Jason Voorhees poderia muito bem se levantar daquele lago ali e vir nos matar.
— O único jeito de isso acontecer é se o nosso Jason colocasse uma máscara de hockey e resolvesse fazer isso. — riu.
— E por que eu colocaria uma máscara de hockey? — Jason voltou da cozinha. — Ah, entendi. Se eu fizer isso, posso matar vocês?
— Só se eu puder filmar as mortes — Michael disse.
— Agora eu entendi porque suas mães colocaram nomes de vilões famosos em vocês. — constatou.
— Gente, vamos sair daqui. É sério! — olhou pela janela. — Não consigo mais ficar olhando para aquele lago.
— Ah, meu Deus, ela está com medo disso de verdade. — Arabella desandou a rir. — E você, ? Também está com medinho? — questionou ao perceber que a outra amiga estava abraçada em seu irmão.
só tem medo do Freddy. — revelou.
— Não tenho, não! — Negou prontamente. — Eu nem acredito nessas coisas.
— Ela tinha — lembrou. — Disse que morria de medo do Freddy quando era criança.
— Sim, porque eu era uma criança. — Fez careta. — Quer saber? Eu preciso da minha cerveja que ninguém quis pegar para mim.
— Cuidem para não cair no sono. — Jason alertou, soando como se fosse um locutor de filmes de terror. — Vocês sabem que, se dormirem, jamais acordarão. Freddy vai pegar vocês!
O grupo de amigos riu daquilo. Era fácil rir quando se acreditava que aquilo não estava prestes a se tornar realidade. O que eles não sabiam era que seus pais tinham mexido naquele vespeiro muitos anos atrás e que, agora, Freddy realmente estava vindo para pegá-los.


“Doces sonhos são feitos disso
Quem sou eu para discordar?”

Sweet Dreams (Are Made Of This) — Eurythmics


~
— Você está tão linda assim. — me fitou longamente.
— Assim como? — Ri um pouco, empurrando o seu rosto para longe. — Com sono?
— Assim também. — Ele me acompanhou nas risadas.
se virou, fazendo-me ficar por cima dele, e então me beijou. Mas aquilo não podia continuar como um beijo normal. Não comigo. Não com . Éramos bobos demais para levar alguma coisa a sério por muito tempo. O primeiro a mudar o rumo do momento foi . Ele começou a fazer cócegas em mim. Eu tinha pavor disso, mas até que era divertido. Gritei para que ele parasse, mas ele não o fez, obviamente. Virei para trás, puxando-o comigo pelos braços. Entre risadas altas, acabamos caindo da cama.
Algo macio assentou a queda, mas eu não me mexi. Quando cansei de encarar o teto, olhei ao redor. Estava deitada no sofá da casa do lago de e não tinha ninguém ali. Por que eles não voltavam logo? Era chato ficar sozinha naquela sala enorme durante a noite. Levantei e peguei o porta-retrato da mesinha ao lado do sofá. Observei-o com atenção. Era uma foto de Arabella e quando crianças em que ela puxava o cabelo dele, que estampava uma careta feia em seu rosto. Era uma foto bem espontânea, por assim dizer. Parecia que pouca coisa havia mudado entre aqueles dois depois de todos esses anos.
— Mas que droga. Onde está todo mundo, afinal? — reclamei em alto e bom som. — Por que me deixaram sozinha? Sabem que eu odeio ficar sozinha!
— Você não está sozinha. — uma voz assustadora pronunciou aquelas palavras.
Um arrepio percorreu desde a minha espinha até cada canto do meu corpo. Virei-me rapidamente na direção de onde a voz viera. Foi então que avistei o chapéu e aquele suéter com largas listras horizontais vermelhas e pretas. Clássico demais! Era impossível não reconhecer.
— Puta merda!
Arregalei os olhos e dei alguns passos para trás. Não podia ser. Não ele.
“1, 2, Freddy's coming for you...”. Ouvi aquelas palavras em minha cabeça, como se fosse um aviso. Não, não, não e não! Isso era impossível. Era um sonho. Só podia ser um sonho. Mas se aquele era o Freddy Krueger, o fato de ser um sonho não era sinônimo de segurança, certo? Ah, que merda! Eu estava ferrada. Muito ferrada. O homem andava na minha direção em passos lentos e torturantes. Não pensei que seria possível me assustar ainda mais, porém o brilho daquelas lâminas fora capaz de fazer isso. Eu estava aterrorizada em um nível imensurável. Corri, meio desajeitada. Enquanto virava as costas para aquele monstro, acabei tropeçando no tapete e caindo.
O chão se dissolveu abaixo de mim, dando lugar a água. Não! Eu quis gritar ao mergulhar de cara naquela água. Bati os pés e as mãos, forçando-me a voltar à superfície. Vi a lua brilhar acima de mim apenas por um segundo e afundei de novo, engolindo um pouco daquela água. Água, não, por favor! Entrei em desespero, chutando mais e mais, tentando me manter na superfície. Esse era um trabalho difícil. Eu sabia nadar, sim, mas o medo ainda me preenchia desde o dia em que me afogara há alguns anos, naquele mesmo lago, e ficara com uma espécie de trauma.
“3, 4, better lock your door...”. Eu ainda podia ouvir, mesmo em meio a muita água e desespero. Não era como se uma porta trancada fosse impedi-lo e, de qualquer modo, eu estava no meio do lago. Que porra de porta eu deveria trancar?
“5, 6, grab a crucifix...”. Como se um crucifixo fosse resolver essa situação. Desde quando ele havia se tornado um vampiro. Minha mente deu mil e uma voltas enquanto eu tentava pensar em algo que fizesse sentido ou apenas parar de pensar que morreria perante um dos meus maiores medos. Mas eu precisava viver, precisava sair dali. Era hora de enfrentar aquilo de uma vez por todas. Bati minhas mãos e pés e nadei na direção da beira daquele lago.
“7, 8, gonna stay up late...”. Dessa vez era eu mesma quem cantava. Sabia que, de algum jeito, era o que eu precisava fazer. Tentei me manter calma para que o pânico passasse — não adiantou, mas pelo menos consegui raciocinar mesmo em uma situação daquelas. Assim que saí do lago, avistei Freddy bem próximo a mim. Gritei e tentei correr em direção a casa de . Talvez eles me ouvissem.
— 9, 10... — me esforcei para dizer.
Eu precisava manter minha sanidade. Freddy Krueger não podia me pegar enquanto eu estivesse acordada, não é? A não ser que... Freddy me alcançou e me derrubou, interrompendo meus pensamentos. Ele apertou meu braço direito com força, me fazendo grunhir. Senti as lâminas geladas de sua mão direita em meu rosto e ouvi sua risada. Fiquei imóvel por causa do medo que eu sentia e encarei aquele rosto completamente desfigurado por causa das queimaduras.
“Não durma nunca mais!”.
Abri os olhos. Eu estava ofegante.
— O que você disse? — me lançou um olhar um tanto estranho.
estava em cima de mim. Mesmo sem mover minha cabeça para os lados, eu podia ver o rosto de e . Todos me encaravam. Eles pareciam preocupados. Pareciam, não, com certeza estavam.
— O que aconteceu? — perguntei, fazendo sair de cima de mim.
— Você estava se revirando e gritando. — explicou. — Foi tudo muito rápido e louco.
— Você teve um pesadelo — disse . — Está se sentindo bem?
9, 10, never sleep again. Não durma nunca mais. — repeti. — Não foi um pesadelo. Foi real.
— Não, amor, você estava dormindo.
— É claro que eu estava. — Bufei, irritada. — Se eu não estivesse, Freddy não poderia ter vindo atrás de mim.
— Você diz “Freddy” tipo em “Freddy Krueger”? — questionou.
— Sim! — insisti. — Não podemos mais dormir.
, Freddy Krueger não existe. — não conseguiu segurar o riso.
— Então, é isso mesmo? — Encarei-a, boquiaberta. — Não acredito que estou sendo zoada pela medrosa do grupo!
— Amor, você sonhou com isso só porque assistimos ao filme logo antes de dormir. — tentou segurar o riso. — Não é nada fora do normal.
— Sim, é claro, porque eu sou a medrosa que sonha com os supervilões que eu queria abraçar. — irozinei, sem paciência alguma para aquilo. — Eu sou a cética, porra! Ou será que se esqueceram disso? Vocês deveriam acreditar em mim quando algo assim acontece.
— Ela tem um ponto. — notou.
— Sim, eu tenho! Por que o parece ser o único que está acreditando em mim ou, pelo menos, que não está tirando sarro? — Lancei um olhar ameaçador à minha melhor amiga e ao meu namorado enquanto massageava meu braço direito. — Se não fosse real, por que meu antebraço está doendo tanto bem onde ele apertou?
, é sério. — disse de forma pausada, demonstrando pura preocupação. — Uma coisa dessas não é possível. Só em ficção mesmo.
Eu não conseguia acreditar naquela merda. Eu estava lá. Aconteceu comigo. De verdade. Eu senti. Levantei a manga do meu pijama e observei uma marca no local onde Freddy havia apertado. Um hematoma bem real. Aquele maldito!
— Talvez agora vocês... — comecei a falar, mas fui interrompida por um grito estridente de mulher.
— Arabella! — constatou e meu corpo inteiro se arrepiou. Era real. E frente àquela prova, quase rezei para que estivesse ficando doida e tudo fosse um linda e macabra mentira. Mas não era.
— Que merda está acontecendo? — perguntou ao ver Jason entrar em nosso quarto correndo.
— Michael estava dormindo e… E… — Jason gaguejou, tentando encontrar palavras. — Ele está morto.
— Como assim está morto? — rebateu.
— Pessoas jovens não morrem dormindo. — disse. — Ao menos não deveriam.
Levantei com uma rapidez jamais vista. Nós quatro acompanhamos Jason até o “quarto dos solteiros”. tapou a boca com as mãos para abafar um possível grito. Arabella estava sentada do outro lado do quarto com os olhos esbugalhados. Michael estava envolto em sangue. Sua camiseta estava rasgada na barriga, assim como a sua pele. Arabella levantou e correu até , abraçando-o de um modo desesperado e chorando sem parar.
— Como isso aconteceu? — perguntou enquanto tentava, ao mesmo tempo, acalmar sua irmã.
— Eu não sei, , eu não sei. — Arabella o soltou para enxugar as lágrimas de tristeza e desespero. — Ele estava ali, dormindo, e começou a se revirar. Foi então que os cortes apareceram sem mais nem menos.
— Foi terrível — Jason complementou.
me encarava desde que colocou os olhos naquela cena. O garoto era mesmo esperto, afinal de contas. Agora, no entanto, e também não conseguiam evitar. Os olhares dos três estavam em cima de mim.
— Odeio ter que dizer “eu avisei”, mas eu avisei. — Soltei um longo suspiro, carregado de tristeza e medo. — Não durma nunca mais.


“Seu coração bate como um tambor
A perseguição acabou de começar”

Monsters — Ruelle


~
gritava coisas relacionadas sobre ter um corpo na casa de lago dele e isso não era nada bom. dizia que estava certa. Arabella soluçava enquanto seu irmão gritava. Jason olhava o corpo do amigo, catatônico.
— Ei, vem cá! — apareceu no meu campo de visão e me puxou para um abraço apertado, automaticamente me fazendo esconder meu rosto em seu peito. — Vocês não acham melhor cobrir o corpo? — sugeriu e depois deu de ombros, voltando seu belo rosto para mim. — Vamos sair deste quarto. Posso ver o pânico em seu rosto! — completou, alisando meu rosto.
Concordei sem dizer nada e segurei em sua mão. Fomos para a sala e sentei-me no canto com ao meu lado.
— Não deveríamos chamar a polícia? — me olhou e antes dele responder Jason apareceu na sala.
— Claro, e o que iríamos dizer? O Freddy saiu da TV e veio para o nosso mundo?
Rolei os olhos.
— Tecnicamente ele não veio para o nosso mundo. — comentou baixinho e me olhou.
— O que vamos fazer? — sussurrei para o meu namorado, que se aproximou de mim e colou seus lábios nos meus por alguns longos e maravilhosos segundos.
— Vamos sobreviver! — respondeu simplesmente, mesmo não tendo tanta certeza disso.
— E se o Jason, não eu, mas o outro também existir e estiver aí fora só esperando para entrar aqui e nos picar em mil pedacinhos?! — Jason disse olhando pela janela, o ignoramos.
— E se tudo isso for mentira? E se o Freddy não existir mesmo, afinal ele é o Freddy Krueger, né? O vilão mais famoso! Entendeu onde quero chegar? — me ouvia atentamente, olhei para Jason de relance, que ainda observava a janela pensativo.
— Está insinuando que talvez outro alguém tenha matado o Michael? — sussurrou de volta.
Não respondi. Embora tivesse pensado naquela possibilidade, todos ali eram meus amigos, e eu estava certa de que nenhum deles seria capaz de matar. Recostei-me no sofá, sentindo os olhares do meu namorado e de Jason sobre mim.
De repente, um cantarolar sinistro e demasiadamente familiar ecoou da cozinha. Sobressaltada, levantei-me parcialmente e direcionei meu olhar apreensivo para aquela direção. “1, 2, Freddy's coming for you…” A melodia arrepiante reverberava pelas paredes, enchendo o ar com um tom ameaçador, digno de um filme de terror horripilante.
! — chamei, mas meu namorado já não estava ao meu lado, e Jason também havia desaparecido sem deixar vestígios. Um frio desesperador se apossou de mim.
Sozinha, voltei a me deitar na cama que compartilhava com momentos atrás. A brisa gélida que invadia o quarto pela janela aberta fazia-me estremecer, tocando meu rosto com dedos invisíveis e gelados. Com movimentos trêmulos, levantei-me para fechar a janela, tentando afastar o frio que parecia carregar sussurros de ameaças obscuras. Ao retornar para a cama, puxei a coberta mais para perto, tentando encontrar algum consolo no seu abraço têxtil, mas o medo já tinha se instalado profundamente, cada sombra parecendo dançar ao ritmo daquela canção macabra.
— Oh, minha pequena, sempre com medo de ficar sozinha... — Ouvi uma voz ao meu lado. Arregalei os olhos; não era quem estava ali.
Sem me virar para enfrentar quem quer que fosse, tentei sair da cama, mas estava impossibilitada. Parecia presa à ela, e comecei a gritar desesperadamente, embora soubesse que era inútil. Aquele era o mundo dos sonhos, um reino onde ele era invencível.
— Não precisa gritar, minha pequena, nunca vou te deixar sozinha! — Então riu com aquela voz horrenda; e foi aí que o olhei:
O Freddy clássico, o vilão que eu adorava estava parado ali na minha frente, porém eu seria a próxima a morrer.
— Por favor… Por favor… Socorro! — Voltei a gritar e a me debater na cama, Freddy gargalhava e ofuscava todos os meus gritos.
Ele subiu em cima de mim e passou uma de suas lâminas em meu pescoço, bem levemente. Era desesperador, ele podia me rasgar, me picotar ou simplesmente me matar, mas não, brincar era o que ele gostava e queria.
— Todos os seus amigos vão morrer e você sempre vai ficar sozinha... Minha pequena! — ele sussurrou ameaçadoramente no meu ouvido. Em um movimento rápido, respondi com uma forte cabeçada.
— Sai de cima de mim, seu verme imundo! — gritei, me debatendo com todas as minhas forças. — Socorro!
Ele não se intimidou e rapidamente voltou, segurando-me com mais firmeza. As lâminas de suas mãos deslizavam pela pele do meu braço, cortando-a à medida que ele apertava mais e mais, a dor aumentando a cada movimento.
Para...para...para! — Olhei para o sangue escorrer em meus braços e ele voltou a rir. Passou as lâminas em meus ombros e mais sangue, mais cortes apareciam.
— Vamos nos divertir tanto juntos. — debochou, agora levantando apenas uma de suas lâminas, passando em minha bochecha.
Socorro! — gritei, fechando os olhos enquanto me debatia freneticamente para escapar.
Ele ria alto, um som cada vez mais macabro, mas mantive meus olhos cerrados, consumida pelo pânico. Eu precisava apenas acordar.
Me acordem! Me acordem! Socorro! — Minha voz escalava em desespero, até que finalmente senti um estalo agudo: alguém me deu um tapa no rosto.
Assim que abri os olhos estava em minha frente.
— Ai, você me bateu? — perguntei sentindo a ardência. Ela riu e me abraçou forte. — , achei que tínhamos te perdido também!
Retribui o abraço e olhei em volta.
— Cadê o ? — saiu do abraço e olhou minhas feridas expostas e sangrando.
— Meu Deus, ! Precisamos cobrir isso imediatamente. — Seu olhar voltou para que já saia correndo na direção do quarto.
, graças a Deus! — apareceu na sala, seu rosto estava inchado de tanto chorar. Ele veio correndo em minha direção e me abraçou forte.
Ai, ai, ai… — Afastei-me um pouco, sentindo as feridas arderem.
— Me perdoa… Meu Deus, me perdoa, por favor! Achei que tivesse te perdido! — Ele voltou a chorar enquanto segurava meu rosto.
, tá tudo bem. Estou aqui, estou viva! Tá tudo bem! — Dei-lhe um selinho rápido e voltou com um kit de primeiros socorros.
te deu os remédios errados, eram calmantes. — contou olhando para um ainda desesperado. — Ele se sentiu culpado! Mas estava escuro e eles são parecidos mesmo, ninguém o culpou por isso. Só ele mesmo.
“Droga, mandei minha namorada direto para o Freddy Krueger!” — Jason o imitou. Sorri disso e alisei seu rosto.
— Que belo dia para se errar os remédios, né? — Ele riu nervosamente e secou um pouco das inúmeras lágrimas que nunca paravam de cair.
Retraí os lábios ao sentir jogar um pouco de álcool iodado nos cortes e depois os cobrir com gazes. também pegou o álcool e limpou o corte da minha bochecha.
— Ei, estou acordada e viva… Por enquanto, todos estamos! — Todos me olharam desconfortáveis.
— Ele disse que vai nos matar um por um.
Não consegui decifrar quem disse aquilo, mas foi o bastante para causar a desesperança não somente em mim, como em todos.
— É só não dormirmos! — Arabella disse como se fosse a coisa mais fácil e óbvia do mundo e ainda abriu os braços para enfatizar.
— Claro, nunca mais vamos poder dormir, quem conseguiria? Nem com remédios vamos conseguir! Uma hora o cérebro desliga. — Jason disse e finalizou com: — Não é, menino dos remédios?
— Com um certo tempo começamos a dormir acordados mesmo, então não conseguiríamos diferenciar o que é sonho da realidade. — respondeu, pegando a capa do DVD de A Hora do Pesadelo.
— É o que acontece com a Nancy e Quentin no remake de A Hora do Pesadelo — relembrei. — O de 2010.
assentiu para mim e segurou minha mão com força.
— Mas até lá... — Arabella se levantou, veio até mim e , parou em frente ao meu namorado e estendeu a mão. — É melhor acertar o remédio, menino dos remédios! — Piscou para ele, que olhou para a mochila em cima de uma das poltronas.
— Não vamos só nos drogar e rezar. Não podemos ficar parados esperando ele nos matar um por um! — afirmou com bastante determinação. — Vamos mandar esse desgraçado de volta para o inferno.
Jason soltou um gritinho no final e todos acabaram rindo.
— Aliás em Freddy vs. Jason, ele apanha pra caramba do grandão! — Jason comentou, concordou e os dois bateram as mãos.
— Não está sentindo nenhuma dor? — me perguntou e balancei a cabeça em negação.
— Analgésicos estão fora de cogitação — pontuei, tirando uma risada fofa dele.
— Achei que tivesse te perdido. Já estava quase dormindo para te buscar aonde quer que estivesse.
Sentei no sofá e segurei suas duas mãos.
— Eu estou aqui e estou viva. Vamos dar um pouco de trabalho para esse desgraçado! — Sorri de lado e ele me beijou rapidamente.
— Talvez não sejamos os únicos que tenham passado por isso. Vamos estudar tudo o que sabemos sobre o Freddy. Podemos revisar os filmes também. Estamos com tudo o que precisamos para saber dele. — sugeriu, se ltando ao lado de . — É só estudarmos o que usaremos contra ele.
— Você está certa. Vamos ver se achamos alguma coisa na internet! — Jason se animou. — Vem comigo, Arabella? — A garota deu de ombros e o acompanhou.
e eu vamos anotar o que nos lembramos dos filmes. — anunciou, me olhando.
— Vou separar o que tenho de anfetamina. — foi a vez de declarar o que iria fazer. Ele pegou sua mochila logo em seguida.
— Eu ainda estou com o calmante no corpo, então me manter acordada já será um trabalho difícil — falei, fazendo rir e estreitou os olhos em minha direção.
— Se cuida! — disse ela. Depois os dois seguiram em direção às escadas.
— Ok, é só eu não dormir! — Dei alguns tapas em meu rosto e respirei fundo. — Só isso.
— Estou do seu lado, não vou deixar. — segurou minha mão bem forte, me fazendo abrir um sorriso para ele.
— Isso seria tão mais fácil com sexo! — O comentário fez ele soltar uma risada alta, negando com a cabeça.
— Me ajuda com os remédios, então.
Assenti e me sentei no chão na frente dele, recebendo alguns potinhos de remédios que ele me entregava. "Nunca vou te deixar sozinha". Essas eram as palavras que meu pai costumava dizer antes de ir embora, deixando minha mãe e eu para trás.


“Estou sentindo que o pior ainda está por vir
Porque a noite acabou de começar”

Night Alone — Mest


~
— Voltou mais rápido do que eu previ.
Aquela voz aterrorizante ao pé do ouvido fez cada pelinho do meu corpo se eriçar. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, mesmo que por reflexo, senti a lâmina fria escorregar suavemente pelo lado do meu rosto. Um corte leve se abriu em minha bochecha, fazendo um filete de sangue percorrer a superfície do meu rosto.
— Não. — Mantive-me firme. Ou pelo menos tentei. — De novo, não, porra!
— Não tive tempo o suficiente de fazer mais do que um corte em seu namorado. — Freddy sorriu diabolicamente. — Mas eu posso muito bem me divertir com você.
Retalhou com destreza o meu braço esquerdo, perto do ombro, e riu, em deleite. Ele estava se divertindo. E muito. Grunhi alto com a ardência do local e o sangue quente escorreu. Aquele corte fora rápido, sim, mas havia sido mais fundo. E, ah, que ótimo! Eu não conseguia me mover.
— Você não vai me matar. Não vai conseguir — provoquei, tentando ao máximo manter a calma. — Já percebi que estou sonhando, sabia? Logo, logo eu vou acordar.
— Matarei todos vocês, um por um. — Ele feriu o meu antebraço dessa vez, um corte ameaçador para enfatizar suas palavras. — Se não for você, , algum dos seus amigos terá que ser o próximo.
! — Abri os olhos de súbito, assustando-me com aquela estranha sensação de baque, mas eu estava imóvel, de volta a mim. me chamou outra vez e completou: — O café está pronto.
— Esse café que você faz é maravilhoso, viu? — Sorri, carinhosa. — Eu já disse isso?
— Apenas um milhão de vezes desde ontem à noite. — Ele riu.
— Eu só trabalho com verdades. — Peguei uma das grandes canecas de suas mãos. — Ai! — resmunguei ao notar aquela dor enjoativa no momento em que mexi o braço.
— Você está sangrando! — Meu namorado arregalou os olhos. — O quê...?
nem mesmo conseguiu terminar a pergunta. Ele já sabia, no fim das contas. Todos na casa sabiam o que significava qualquer sinal de machucado naquela noite.
— Eu apaguei por um mínimo período de tempo. — Tomei um gole daquele café quente e forte. — Você me acordou quando entrou de volta no quarto.
— Aquele maldito! — ele resmungou.
— E por falar nisso… — Estreitei os olhos. — Quando ia me dizer que caiu no sonho e foi atacado pelo Freddy?
— Eu... Como você sabe disso? — questionou.
— Como você acha? — Revirei os olhos. — Droga, , eu amo você! Sabe o que isso quer dizer, né? Se você é atacado pelo Freddy Krueger, tem que me contar.
— Por favor, não vamos brigar por causa disso. — ele pediu. — Eu não queria te deixar preocupada.
— Foi por isso que trocou de roupa? — investiguei e ele confirmou com um aceno de cabeça. — Me mostra.
— Fiz o curativo enquanto estava esperando que o café ficasse pronto. — levantou a camiseta e eu arfei. Pelo tamanho do curativo, o corte havia sido grande. — Posso limpar seus ferimentos?
Confirmei, sem nem hesitar. Confia em com a minha vida. Ele limpou a pele e se colocou a fazer os curativos logo em seguida.
— A propósito, como você dormiu e foi cortado se estava comigo o tempo todo? — Bati a mão na testa, praguejando comigo mesma. — Como eu nem sequer percebi isso?
— Bem, você estava toda focada nas pesquisas e eu simplesmente apaguei — lamentou. — Foi você quem me trouxe de volta também, quando esbravejou pelo computador ter travado.
Não pude conter a risada com aquilo. Eu sempre fazia isso.
— Estou falando que esse computador está uma droga faz tempo. — Sacudi a cabeça. — E olha só, vê se pensa duas vezes na próxima vez que for reclamar dos meus gritos na frente do computador.
— Não me esquecerei disso. — Ele riu também. — Foi naquele momento que você notou que não tinha mais café, aí eu aproveitei a deixa para sair daqui antes que notasse o meu estado.
— Ah, … — Suspirei alto. — E aí foi a minha vez de apagar.
— Pois é — concordou . — Isso está acontecendo porque você e eu dormimos somente duas horas essa manhã.
— Maldito seja aquele projeto complicado que precisávamos entregar hoje. — Bufei. — Só o seu maravilhoso café para me salvar mesmo.
— Sabe como é. — Estufou o peito, orgulhoso. — Estudantes de TI aprendem a fazer seu café em algum ponto da vida.
— E aperfeiçoam a técnica com o tempo — observei.
— Fato. — Ele tomou mais alguns goles do seu café.
— Então café é tudo o que temos para sobreviver a essa noite — notei.
— É, mas somos a prova de que nem isso funciona muito bem quando estamos acordados há tanto tempo.
— E extremamente exaustos — complementei. — Se eu morrer, vou voltar para assombrar a nossa maldita faculdade.
— Por favor, , não caia no sono outra vez. — envolveu meu rosto em suas mãos e me puxou para um beijo lento e apaixonado. — Eu não quero te perder.
— Continue com esses beijos que assim você me mantém acordada, garanto. — Umedeci os lábios. — Também não quero te perder.
— E é por isso mesmo que não podemos ficar só nos beijos. — Ele olhou para o monitor, que havia acabado de se apagar sozinho. — Conseguiu encontrar alguma coisa que possa nos ajudar?
— Só encontrei o que já sabíamos. — Deixei meus ombros caírem. — A única dessas coisas que poderia ajudar é o que acabamos de assistir em Freddy vs. Jason.
— Trazer Freddy para o mundo real, para o nosso mundo? — Ele pareceu pensativo. — Isso poderia ser perigoso.
— Eu sei. É por isso mesmo que não vamos lembrar a ninguém dessa coisa do filme — falei como se estivesse o induzindo a seguir a minha ideia de manter segredo de nossos amigos. — Isso seria um atestado de morte para qualquer um de nós.
— Mas, — contrapôs —, e se esse for o único jeito?
— Não, . Pode parar. Isso está acontecendo por minha culpa. Eu planejei esse Halloween e convidei essas pessoas para estarem aqui. — Fiz questão de lembrar. — Não podemos assinar o atestado de morte de ninguém.
— Mas eu poderia… — começou sua sugestão, mas o interrompi com um aceno violento.
— Eu jamais deixaria você tentar. Seu sono é pesado. Você só acordou com o meu grito porque mal tinha caído no sono. De outro modo, não acordaria — expliquei. — Você precisa me prometer que não vai contar a ninguém.
— Tudo bem, eu prometo. — Ele sorriu de lado. — Você sabe que eu não quebro as promessas que faço para você.
— É por isso que eu te amo. — Sorri para ele e fui até a janela. — Ei, olha isso. O que Jason está fazendo sozinho na varanda?
— Merda, ele não deveria ficar sozinho — murmurou. — Vai até lá. Vou pegar mais café.
E eu fui. Corri até lá o mais rápido que eu pude. Jason estava sentado no chão.
— Por favor, não caia no sono, Jason — implorei. — Você é o melhor. Não queremos te perder.
— Estou cansado — resmungou baixo.
— Nem me fale sobre isso. — Bocejei. — Mas no Freddy vs. Jason da nossa vida, você tem que ser o vencedor.
— Ah, … — Ele desandou a rir. — Você não disse isso.
— Pode crer que eu disse. Estava querendo fazer essa piadinha a noite inteira. — Ri também. — Ei, olha aí, está chegando com uma entrega especial para você.
— Toma, vai te ajudar pelo menos um pouquinho. — entregou a caneca de café para o nosso amigo. — Onde está Arabella?
— Ela me pediu para deixá-la sozinha. — Jason deu de ombros, visivelmente cansado.
— E você deixou? — indagou.
— Ela insistiu com muita veemência — explicou Jason.
— Jason, cara — comecei. — Não é um bom momento para qualquer um ficar sozinho. E isso inclui você.
— Não pode culpá-lo, . Estamos falando de Arabella. — retorceu os lábios. — Não tem como ganhar uma discussão com ela, e ela fica insuportável quando não fazem algo que ela quer.
— É, tem razão, mas… — Estava pronta para levar adiante a ideia de que, mesmo sem culpados, ninguém deveria ficar sozinho esta noite, mas Jason me cortou.
— Não, a tem razão. Não deveríamos deixá-la ninguém sozinho. — Jason levantou em um movimento rápido. — E Arabella já estava sonolenta no fim do filme.
— Merda, é verdade — se deu conta. — Onde ela está?
— No quarto dos seus pais — respondeu ele.
— Uh, na zona proibida — falei baixinho enquanto seguíamos Jason para dentro.
A casa tinha três quartos, mas tínhamos nos dividido em dois: o quarto dos solteiros e o dos casados — como Michael gostava de chamar. E agora ele estava morto no “quarto dos solteiros”. O quarto dos pais de e Arabella sempre fora zona proibida. Arabella devia estar triste demais e ainda aterrorizada com o que tinha presenciado e, por esse motivo, pedira para Jason a deixar sozinha. E então optara por ir para o único lugar que…
— Puta merda! — gritei.
Uma cena horrorosa se desenrolava diante dos meus olhos. Arabella estava sentada no chão com as costas escoradas na parede. Seus olhos estavam fechados e tinha sangue para todos os lados. Mas ela ainda não estava morta. Não. Ela se debatia e era possível ver o movimento dos seus olhos por baixo das pálpebras. Freddy Krueger, seu maldito! Corri até ela, mas antes que eu pudesse tentar fazer qualquer coisa para tirá-la daquele pesadelo, sua garganta se abriu — fora cortada — de fora a fora. O sangue respingou em mim. Meus olhos se arregalaram. Um sentimento de impotência me preencheu, junto com tristeza. Lágrimas desceram pelo meu rosto, misturando-se com o sangue. Não! Arabella, não.
— Não! — socou a parede com uma tremenda força. — A minha irmã, não.
O barulho de algo se estilhaçando me tirou do choque. Levantei e limpei o sangue e as lágrimas do meu rosto e olhei ao redor. Jason estava parado, atônito. A caneca de café jazia em pedaços no chão.
— Eu a deixei sozinha — disse pausadamente e cada pelinho do meu corpo se arrepiou. — A culpa é minha.
— Não diga isso — implorei.
— Não, Jason, a culpa não é sua. — colocou a mão sobre o ombro dele e apertou. — Só tem um culpado aqui, é o Freddy. Foi ele quem fez isso, não você. A culpa é daquele maldito.
Olhei de novo para Arabella ensanguentada no chão do quarto dos pais dela.
— Foi por causa dela que eu conheci você, . — As lágrimas retornaram sem serem chamadas. — O Jason aqui me apresentou Arabella e bem, ela era sua irmã. Sempre foi detestável, sim, mas era isso que a fazia ser legal. Ela era uma pessoa incrível. Não podia ter se ido. — Enxuguei meus olhos. — Freddy me avisou que teria um próximo. Eu odeio aquele cara!
, não chora — disse Jason.
Ele me envolveu em um abraço e se juntou a ele. Eu tinha, enfim, desabado, porém eles estavam ali, firmes e fortes me apoiando. Eu sabia que ambos também sentiam o mesmo, apenas não deixavam transparecer apenas para que eu me sentisse melhor. Aquilo não era justo. Afastei-me deles devagar e então esbravejei para ninguém em especial. Saí do quarto apressada, batendo o pé, e ouvi os passos de e Jason ao meu encalço.
— Cadê a porcaria dos remédios para nos mantermos acordados? — berrei enquanto descia escada a baixo puxando tanto quanto Jason pela mão.
— O que aconteceu? — perguntou, de olhos arregalados.
— O meu cérebro e o de desligaram por alguns segundos por causa dos cansaço e ele ganhou isso. — Levantei a camiseta dele, mostrando o corte na barriga. — E eu, isso. — Apontei o corte no rosto e os dois no braço.
— E Jason estava quase caindo no sono quando o encontramos — complementou.
— De onde veio todo esse sangue? — insistiu, ainda olhando para mim. Ele sabia que aqueles pequenos cortes não causariam tudo aquilo.
— Arabella está morta, porra! O sangue é dela — explodiu Jason. — Precisamos da droga dos remédios agora.
— O quê? — gritou, em choque. — A Arabella, não. Não pode ser.
— Os remédios! — insisti. Jason e eu nos entreolhamos, impacientes.
— Bem, quanto a isso... — O semblante de retorceu-se em uma careta.
— Não encontramos — disse de uma vez. — Nem sequer um comprimido de nenhum tipo de remédio que nos ajude a ficar acordado.
— No meio de todos aqueles vidros!? — exclamou, incrédulo.
Apertei a mão dele, como se quisesse o reconfortar, ainda que soubesse que meu ato era em vão. Chegaria uma hora que cairíamos no sono outra vez, direto para o os braços de Freddy Krueger, direto para a nossa dolorosa morte.
é o cara das drogas! — Jason insistiu, desanimado. — Ele não pode simplesmente não ter as drogas que precisamos.
— Sinto muito — se desculpou, também se mostrando exausto.
— Ei, você está sempre acordado — relembrei. — Quando foi a última vez que tomou um daqueles?
— Há muitas horas — suspirou.
— Então, é isso. — Perdi todo o ânimo que ainda me restava. — Estamos todos exaustos e com sono.
— Estamos ferrados — disse .
— Não, não estamos ferrados — Jason retrucou. — Nós vamos morrer!


“E se deveríamos morrer esta noite
Deveríamos morrer todos juntos
Levante uma taça de vinho pela última vez”

I See Fire — Ed Sheeran


~
Nunca antes havíamos compartilhado um momento de silêncio tão profundo e carregado em todos esses anos de amizade. Eu estava ao lado de , nossas mãos entrelaçadas num aperto confortável. Minha cabeça repousava suavemente em seu ombro enquanto ele, por sua vez, inclinava a sua cabeça para descansar na minha, criando um ninho de cumplicidade e calma entre nós.
e ocupavam o chão, cada um perdido em seus pensamentos, com olhares fixos e distantes que penetravam o vazio do ambiente, como se buscassem respostas nas sombras silenciosas que se estendiam pelo chão. Enquanto isso, Jason estava acomodado na poltrona defronte ao sofá, a expressão de exaustão marcada profundamente em suas feições, como se o peso de todo o mundo tivesse decidido se acomodar sobre seus ombros. Logo ele se levantou, provavelmente indo à cozinha tomar alguma coisa. O ambiente estava permeado por uma atmosfera de reflexão intensa, onde cada suspiro e movimento parecia amplificado pelo silêncio envolvente.
— Não... , acorda ele agora! — berrou. Olhei para o meu lado e tinha caído no sono.
Não! Essa não!
Desesperada, comecei a sacudir os ombros de com urgência, tentando despertá-lo. , percebendo a gravidade da situação, correu até a cozinha. Ao meu lado, uniu-se a mim, alternando entre gritos e estalos com as mãos na tentativa de trazê-lo de volta à consciência.
— Não, , não! Por favor... Por favor! — Os soluços interrompiam meus gritos, escapando de mim de forma involuntária e desesperada.
retornou, quase tropeçando, com uma bacia de água fria que lançou sobre , mas sem qualquer efeito.
— Não posso te perder! Isso está fora de cogitação! Acorde agora!
A angústia me dominava enquanto eu me sentava em seu colo, cravando minhas unhas em seus ombros numa tentativa frenética de sentir alguma reação. De repente, começou a se debater violentamente, me lançando ao chão com uma força inesperada.
e continuaram tentando acordá-lo, até que vi um corte em seu rosto, que só aumentava.
— Freddy, seu desgraçado! — Tentei me levantar, mas a fraqueza dominava cada músculo do meu corpo, e minha visão estava embaçada pelas lágrimas incessantes que turvavam meus olhos.
Foi quando , subitamente, despertou. Ele acordou com um sobressalto, olhando ao redor, confuso e alarmado com o ambiente e a situação.
— Graças a Deus! — Ajoelhei-me e segurei suas mãos com força. Mas ele se levantou desesperado.
— O Jason apareceu no sonho! — gritou procurando Jason. — Cadê ele?
— Mas que merda! — gritou e saiu correndo para a cozinha, foi logo atrás.
Com o apoio de , consegui me erguer, e juntos, apressamo-nos em seguir e , mas eles já estavam de volta. Se ele não estava na cozinha…
— Quarto dos solteiros! — exclamei de repente. — As coisas dele estavam lá.
O corpo de Michael também estava, mas achei melhor não comentar algo tão macabro. disparou na nossa frente e todos nós o seguimos. Ao entrarmos no quarto, uma cena horripilante nos aguardava. Jason estava suspenso no ar, seus pés a centímetros do chão, como se flutuasse em uma força invisível. Cada um de nós ficou horrorizado, encarando a cena com descrença e terror. Era evidente que não havia como ajudá-lo da maneira convencional.
— Jason… Meu Deus! — gritei e dei um passo para trás.
No instante seguinte, ele começou a ser rasgado da cabeça aos pés. Sangue se espirrava para todos os lados enquanto nosso amigo gritava em agonia, desespero e uma dor descomunal que acabava nos rasgando por dentro também por estarmos completamente de mãos atadas. Tampei o rosto no braço de que me abraçou, podia ouvir os gritos de raiva de .
— Eu não aguento mais ver as pessoas que eu amo morrer… Não aguento mais! — choraminguei, afundando meu rosto no braço de enquanto as lágrimas escorriam. Ele me envolveu em um abraço apertado, transmitindo um pouco de conforto em meio ao caos, tentando acalmar meu desespero com sua presença.
Pude ouvir o corpo de Jason ser arremessado ao chão e gritar.
— Jason… — ele choramingou. — Ah, não, cara!
Deixei o abraço de e me aproximei de , que estava ao lado do corpo de Jason. Abaixei-me lentamente, segurando a mão dele, agora coberta de sangue.
— Você vai ser nosso herói para sempre, Jason! — As palavras saíram num sussurro quebrado enquanto as lágrimas começavam a transbordar novamente.
Então desabei completamente, a tristeza me consumindo por inteiro. me lançou um olhar, seus olhos também brilhando com lágrimas iminentes, compartilhando a dor da perda que nos envolvia.
— Ele era o melhor, não era? — disse ele. Eu concordei com a cabeça e tentei enxugar aquelas tantas lágrimas com as costas das mãos.
— Sempre tinha a piada certa para contar no meio de um momento tenso — comentou. Todos rimos baixo e sem humor, concordando. — Ele era o Jason, tinha que ter sobrevivido.
— E como faremos sem ele? — perguntei no meio de tantos soluços que nem eu mesma me entendera direito.
— Nós conseguiremos por ele! — afirmou e todos nos viramos para ele.
se levantou e me ajudou a fazer o mesmo em seguida.
está certo! — exclamou mais determinado, olhando para cada um de nós. — Faremos aquele maldito pagar pelo o que fez.
Retornado à sala e nossos olhos fixaram-se na poltrona vazia onde Jason costumava sentar. As lágrimas já haviam secado em meu rosto após um choro contínuo e desgastante, mas a tristeza ainda permeava todo o ambiente.
— Um de nós vai acabar dormindo. Restou apenas nós quatro. Temos que fazer alguma coisa, ou não vai sobrar ninguém! — Levantei-me com um misto de determinação e desespero, começando a caminhar de um lado para o outro.
— Vamos dar um jeito de acabar com esse desgraçado — afirmou, lançando um olhar rápido para , que parecia perdida em pensamentos profundos. — Só estou pensando melhor no plano.
— Vocês dois já têm um plano, só não querem nos envolver nele. — Parei diante deles, as mãos firmemente apoiadas na cintura. — , eu te conheço bem o suficiente para afirmar isso!
... — ela disse apenas. Rolei os olhos e saí para a varanda.
Sentei-me no degrau da escada, sentindo a brisa fria daquela madrugada terrível tocar meu rosto, como um sussurro gelado de advertência. Ouvi a porta se abrir atrás de mim, mas não me virei. Sabia que logo se sentaria ao meu lado.
— Não devemos brigar entre nós enquanto tem um louco querendo nos matar. — Sua voz era calma, um contraste bem-vindo ao caos da noite. Virei-me para encará-lo.
— Você sempre foi o garoto que não falava com ninguém, o caladão que ficava lendo livros de terror, que nunca matava aula e que, quando aparecia nas festas, era aquele que ficava no fundo, bebendo sozinho enquanto observava as pessoas…
Minhas palavras flutuaram entre nós, pesadas e carregadas de significados passados. Ele me olhou fixamente enquanto eu falava, seus olhos revelando uma mistura de surpresa e algo mais suave.
— Mas era você quem estava sendo observado — continuei, sentindo uma pontada de nostalgia ao recordar.
— Pela garota mais linda que eu já vi em toda minha vida — respondeu com um sorriso tímido, que iluminou seu rosto e dissipou, por um momento, a tensão da noite.
— E então essa garota pensou em como faria para se aproximar dele, afinal ele era tão fechado, e ela era uma palhaça com um grupo de palhaços. Mas até que em um belo dia, na biblioteca, enquanto ela se matava para fazer um trabalho de literatura gótica, esse belo jovem se sentou ao seu lado e disse... — Abri a boca para continuar o relato, mas me interrompeu.
“Bates Motel pode ser uma literatura gótica” e apontei para sua camiseta do Norman Bates — Rimos juntos ao relembrar. — Então ele notou a garota que o observava tanto e ela o deu uma chance! — Ele se aproximou e segurou meu rosto entre as mãos.
— Você quem me deu uma chance. — Dei-lhe um beijo rápido.
— Eu não sei como essa noite vai terminar… — ele começou a dizer.
— Para! Não quero uma despedida — fui logo pedindo e o interrompendo, odiava despedidas.
— Eu só quero dizer que te amo demais.
Tive que beijá-lo outra vez, porém mais lentamente. Ele retribuiu, me puxando para mais perto, e intensificou o beijo. Subi em seu colo e puxei seus cabelos com um pouco de força, fazendo-o arfar entre o beijo. Suas mãos apertavam minha cintura com força contra si.
— Isso foi o meu “eu te amo demais também” — respondi o fazendo rir e me beijar novamente.
— Estaremos sempre juntos. Sou o menino esquisito que acredita em vida após a morte — recordou aquele detalhe esquisito dele, me fazendo rir alto.
— Verdade, o garoto que assustava os demais! — Continuamos a rir.
— Menos você, não é? A garota que se apaixonou pelo estranho. — Concordei, mordendo seus lábios de leve.
— Olha os meus amigos, quer mais esquisito? — Ele riu, mas de repente ficamos tristes novamente. Quase todos meus amigos já estavam mortos.
— Eu sinto tanto… — lamentou, passando a mão delicadamente pelo meu rosto. — Isso é tão injusto!
— Não sei mais o que dizer ou pensar. Nem chorar eu consigo mais! — confessei, desviando meu olhar do dele.
— Tudo vai ficar bem, tenho certeza disso. — Ele tentou me tranquilizar, fazendo com que eu o olhasse novamente. — O vilão nunca vence no final do filme, aqui não vai ser diferente.
— Você está certo, e o casal ali dentro sabe como! — Levantei-me, deixando no degrau.
Assim que entrei na casa, e pararam de conversar abruptamente e voltaram seus olhares para mim.
— Vão ficar de segredinho ou vão nos deixar a par do que está acontecendo? — Cruzei os braços. lançou um olhar para antes de responder.
— O plano é maluco, pode dar errado e dar uma tremenda merda — confessou, passando as mãos pelos cabelos num gesto de nervosismo.
— Estamos discutindo sobre ele ainda — adicionou, tentando manter a calma. — Pode até envolver um sacrifício.
— Sacrifício foi o que Jason pode ter feito para salvar , então contem logo essa merda e vamos acabar com isso, antes que mais alguém morra! — Elevei o tom de voz, apontando o dedo para eles. Minha frustração e urgência transbordando em cada palavra. — Agora, porra!
Então os dois se entreolharam e deu de ombros e confirmei com a cabeça.
— Vamos mandar esse cretino para o inferno! — se levantou e concordou, sorrindo de lado, um sorriso nervoso que eu conhecia bem.


“Essas feridas não parecem cicatrizar
Essa dor é apenas muito real
Há apenas muita coisa
Que o tempo não pode apagar”

My Immortal — Evanescence


~
— Então, o negócio é o seguinte. — Entreguei canecas de café a e . — Freddy vs. Jason é a resposta. Não há nada além disso que a gente possa fazer.
— Do que você...? — começou, mas meu namorado a interrompeu.
— Se a pessoa acorda enquanto o Freddy está encostando nela, ela traz ele para o nosso mundo — foi sucinto. — E aqui, ele não é imortal.
— Então podemos matá-lo. — pareceu pensar sobre aquilo. — Não quero ser aquela que diz o óbvio, mas… Não vai ser fácil.
— Sabemos. Só que essa é a nossa única opção — desabafou. — E nós decidimos que
— Não posso fazer isso — confidenciei.
— Mas você tinha decidido — disse.
— Eu sei! — Passei as mãos pelos cabelos. — É só que… não dá mais, .
— Eu posso fazer isso — se voluntariou. — Sim, eu sei que sou a medrosa e tudo o mais, porém…
— De jeito nenhum. Não vou te perder também — surtei. — Você esqueceu que a garota não consegue acordar daquele pesadelo? Ela só acorda quando eles estão fugindo do Jason e arrastam ela. A mão dela encosta no fogo e tal.
— Mas eu…
— Que droga, ! Já disse que não. e você têm sono pesado. Eu sou a única com sono leve o suficiente para ser mais fácil de trazer de volta — falei sem parar, despejando todo o meu medo e nervosismo sobre eles. — A culpa de todo mundo ter vindo para cá morrer é minha. Eu só... Eu não consigo.
— Nós jamais insistiríamos para você fazer algo desse tipo. — segurou firme em minha mão.
— Só não estou pronta para tentar porque a possibilidade de isso ser um sacrifício é grande demais e, droga, isso me assusta — solucei, enxugando as lágrimas que saíam sem parar. — Não sou o Jason. Não tenho tanta coragem assim. Sinto muito.
— Olha, o não tem o sono tão pesado — comentou . — Talvez ele tope tentar.
— A propósito, cadê ele? — questionou.
— Eu o deixei lá fora e...
— Droga, ! — berrei. — Você o deixou sozinho.
— Eu achei que ele viria logo atrás de mim e… — Ela se deu conta. — Puta merda! Eu não podia ter o deixado sozinho, deveria ter arrastado ele para dentro junto comigo.
Saímos da cozinha e corremos até a varanda, os três em desespero. Gritei sem nem pensar. Já era tarde demais. estava deitado no chão, coberto de sangue.
— Ele ainda está vivo — foi firme.
Era verdade. Seus olhos estavam se movendo logo abaixo das pálpebras. o sacudiu, no entanto, não adiantou de nada. Tentamos acordá-lo de diversos jeitos, mas ele não voltava a si de jeito nenhum. A cada segundo, ele era cortado mais e mais. Empurrei , a fazendo sair da minha frente e parei ao lado de . Bati na sua cara várias vezes. Nada aconteceu. Sacudi seus ombros loucamente, mas o movimento de seus olhos foram se desvanecendo até que tudo nele só se movia porque eu ainda o sacudia. Ele parara de respirar. me tirou de cima dele para dar espaço para a nossa amiga.
— Não! — gritava. — Não. Não. Não. Não.
Ela se abraçou no corpo ensanguentado de e chorou. Chorou muito. Sem parar. Estava desesperada, afinal, tinha acabado de assistir o amor da vida dela ser retalhado na frente dela sem que conseguíssemos fazer nada para ajudar. Eu não havia conseguido. Eu…
Corri para dentro da casa e subi as escadas, procurando pelo quarto de , que era tão familiar para mim. Michael o chamara de “quarto dos casados”. Michael… Sentei-me no chão e abracei minhas pernas. Isso não podia ter acontecido. Isso não podia estar acontecendo. Estavam todos mortos. Arabella no quarto dos pais. Michael no quarto dos solteiros junto com Jason. Jason... Não pude conter minhas lágrimas de desespero. Jason havia juntado nós todos. Ele era o único amigo em comum que todo nós tínhamos antes de virarmos amigos. E agora, o ... Em poucos segundos, relembrei de todos os momentos bons e ruins que nós sete já havíamos passado juntos. Nenhum de nós merecia o que havia acontecido, o que estava acontecendo.
Eu nunca me esqueceria disso. Nunca me esqueceria deles.
Eu havia convidado cada um deles para esse Halloween. E Freddy tinha os tirado de mim. Um por um. Eu não podia perder e, muito menos, minha melhor amiga.
Eu precisava fazer isso.
Ergui a cabeça e encarei e , que haviam acabado de entrar no quarto. Levantei-me, decidida, e dei um abraço forte em .
— Sinto muito pela sua perda, . Eu vou fazer ele pagar — declarei. — Vamos colocar o plano em ação. Eu vou trazer Freddy Krueger para o nosso mundo.
, você não precisa — disse.
— Na verdade, eu preciso, sim. — Um sorriso de lástima tomou meus lábios. — Aquele filho da puta nos tirou todo mundo. Ele tem que pagar por isso.
Pedi para que pegasse algumas coisas que poderíamos usar de arma contra aquele monstro quando eu o trouxesse para o nosso mundo. Se eu conseguisse fazer isso.
— E pelo amor de Deus, não durma. — implorou a ela.
— Vamos tacar fogo nesse filho da puta! — disse, com raiva. — Vou preparar o terreno, digamos assim.
— Certo, confio em você — falei. — Se eu não voltar, foi bom ser sua amiga.
— Como se você não fosse voltar, né. — Ela revirou os olhos e saiu. Sempre detestou despedidas, afinal de contas.
Subi na cama e me deitei. sentou-se ao meu lado, se abaixou e me beijou carinhosamente.
— Eu te amo, — sussurrou. — Volta para mim.
— Eu também te amo, . E é claro que eu vou voltar, amor. — Acariciei seu rosto, um rosto do qual eu sentiria muita falta se tudo desse errado. — Mas caso isso não aconteça, eu só quero que você seja feliz.
— Acho que vai ser difícil fazer isso se você não conseguir. — Ele fez careta. — Porque sabe, o Freddy vai vir e nos matar também.
— Droga, , estou tentando dormir — reclamei. — Não me faça rir.
— Me desculpa, meu amor. — Ele segurou a minha mão. — É lindo o que está fazendo por nós e nossos amigos que foram levados, mas juro que eu não queria que você fizesse.
— Não tem mais volta, . — Fechei meus olhos, sorrindo. — Estou, literalmente, caindo no sono.
Pude ouvir um outro “eu te amo” vindo de , bem baixinho, como se estivesse sussurrando, se afastando de mim. E então a voz do meu namorado foi substituída por aquela voz assustadora:
— Bem vinda de volta ao meu mundo, vadia.


“Queime tudo o que você ama
E então queime as cinzas
No final, tudo colide
Minha infância cuspiu de volta o monstro que você vê”

My Songs Know What You Did In the Dark — Fall Out Boy


~
já havia sucumbido ao cansaço e dormia profundamente enquanto , ao seu lado, com um visível apreensão em seu semblante. Em suas mãos, ele manipulava dois isqueiros, evidenciando o nervosismo com o qual lidava. Ao lado dele, repousava um galão de gasolina, um presságio sinistro do que estava por vir, e sobre seu colo, um machado imponente, pronto para ser usado. Em meu próprio colo, eu segurava uma grande tesoura de cortar grama, seu peso e frieza metálica lembrando-me da gravidade de nossa situação. Eu me esforçava para afastar os pensamentos sobre as mortes que havíamos testemunhado. Sabia que ceder às lágrimas novamente apenas me tornaria mais vulnerável.
? — chamou-a e eu notei mais cortes aparecendo nela.
Levantei-me e me aproximei da minha amiga, que começava a gemer de dor. Percebendo que o momento decisivo havia chegado, firmei minha voz:
— Está na hora! — declarei, segurando a tesoura firmemente enquanto deslizava o isqueiro para o bolso da minha calça.
Ao meu lado, se preparava para o que viria a seguir. Com uma mão, ele apertava o cabo do machado, sentindo o peso e a responsabilidade do objeto em sua pegada. Com a outra mão, ele chacoalhava , tentando acordá-la enquanto ela se debatia, lutando contra a dor e o medo que a consumiam.
, acorda, pelo amor de Deus! — gritei empurrando minha amiga, mas foi um pouco mais forte do que eu esperava.
virou-se abruptamente, perdendo o equilíbrio e caindo no chão. No mesmo instante, ela despertou, soltando um grito lancinante. Ao seu lado, para o horror de todos, estava ele: o maldito Freddy Krueger, surpreendentemente assustado com a reação dela.
, sem hesitar um segundo, reagiu instintivamente. Com o machado firmemente em mãos, ele avançou sobre a figura sinistra de Freddy. O medo e a urgência impulsionaram seus movimentos enquanto ele se lançava para proteger e acabar com a ameaça que por tanto tempo nos aterrorizou.
No entanto, Freddy foi mais eficaz, com agilidade e precisão suas lâminas atravessaram o peito de fazendo e eu gritarmos desesperadamente. começava a sangrar pela boca, então Freddy passou suas outras lâminas no pescoço dele, para completar o serviço e manchar ainda mais aquela casa com o sangue dos nossos amados. ainda gritava agoniada em pura dor, todavia usando a raiva que se apossava em seus olhos, ainda no chão, ela deu uma rasteira no Freddy, que caiu junto de .
agiu rapidamente, agarrando o galão de gasolina e derramando seu conteúdo sobre Freddy, que começou a gritar enquanto tentava alcançá-la com suas lâminas afiadas. Enquanto ele estava distraído, abri a tesoura em minhas mãos e a cravei em suas costas, fazendo-o urrar de dor.
— Isso foi pelo , desgraçado! — gritei, empurrando a tesoura ainda mais fundo.
No chão, encontrou o machado que havia soltado. Com um grito de fúria, ela o levantou e o cravou no peito de Freddy, declarando:
— E isso por todos nós!
Freddy cambaleou para trás, batendo contra a parede enquanto tentava, em vão, remover o machado de seu peito. Eu me posicionei ao lado de , retirando os dois isqueiros do bolso e entregando um a ela. Juntas, acendemos nossos isqueiros, as chamas tremeluzindo em nossas mãos determinadas.
— Bem-vindo ao nosso mundo, otário! — rosnou, jogando o isqueiro nele.
— Como diria nosso amigo Jason… — Arremessei o meu nele também e completei: — Queima, vadia. Queima!
Ele gritava e corria inutilmente, tentando apagar o fogo que se espalhava pelo seu corpo. Conforme ele queimava ainda mais, correndo e agonizando, sua pele se derretendo mais do que já era derretida. O fogo automaticamente e, de forma surpreendentemente rápida, se alastrou pelos móveis, cortinas e, infelizmente, pela casa toda.
, temos que sair daqui! — berrei, segurando o braço dela.
Ela chorava, imóvel, olhando para o corpo de estendido no chão. Respirei fundo e a abracei com força, compartilhando a dor imensa que ambos sentíamos. Era uma dor que parecia eterna, um peso que nunca nos deixaria.
— Ele iria querer que nos salvássemos, então… — Afastei-me do abraço, olhando diretamente nos olhos dela, ainda marejados. — Vamos dar o fora daqui, por favor.
Ela assentiu e corremos para fora da cabana, sem nos permitirmos olhar para nada ao nosso redor, muito menos para trás. Ao alcançarmos o exterior, paramos, observando as chamas consumirem o lugar que, até então, guardava nossas vidas. Lágrimas brotaram novamente enquanto víamos nosso passado sendo devorado pelo fogo. Todos os nossos amigos, nossos amores, nossas memórias — tudo o que a gente amava estava sendo reduzido a cinzas.
Ali, naquela noite, uma parte de nós também queimava dentro daquela cabana. Sabíamos que nunca mais seríamos as mesmas. Não após perdermos tudo, não após sobrevivermos ao inimaginável. A realidade de que nossas próprias essências estavam sendo alteradas naquele fogo era inevitável e dolorosa. Era um adeus não apenas aos que amávamos, mas também às pessoas que éramos antes dessa noite fatídica.


~ 2 anos depois.
— Feliz Halloween, professora! — os gritos animados dos meus alunos ecoavam pelo corredor enquanto eles desfilavam com suas máscaras assustadoras, celebrando o feriado com um entusiasmo juvenil.
Eu sorria enquanto terminava de arrumar minhas coisas na sala e, de repente, as luzes se apagaram. Suspirei, balançando a cabeça, divertindo-me com as travessuras. Caminhei até o interruptor e acendi as luzes. Ah, crianças!
Retornei à minha mesa e peguei minha bolsa e as pastas que precisava levar. No corredor, enquanto eu caminhava em direção à saída, meu celular começou a tocar dentro da bolsa. Ao abri-la para pegar o aparelho, as luzes da escola inteira se apagaram novamente, mergulhando tudo em uma escuridão súbita e completa. O som do celular parecia mais alto e mais urgente na penumbra inesperada.
Puta merda! — sussurrei com raiva. — Ainda tem gente aqui! — gritei para a escuridão, ouvindo apenas o eco da minha voz.
Parei de andar e olhei em volta. O celular parara de tocar, mas o peguei mesmo assim e liguei a lanterna, deparando-me com um vulto na minha frente. Não segurei a expressão horrorizada, deixando o susto tomar conta de todo meu corpo e o grito histérico sair no mesmo instante.
— Ponto para mim! — gargalhava enquanto a escuridão me envolvia, surpreendendo-me pela segunda vez naquela noite. Rolei os olhos e respirei fundo, tentando controlar o susto.
— Palhaça! — Empurrei-a levemente e comecei a rir também. — O que está fazendo aqui?
— Vim te buscar para irmos naquela festa do meu trabalho, é claro. O pessoal é meio doido lá, e eles decidiram fazer uma festa numa floresta aqui perto — explicou, ainda entre risadas, iluminando o ambiente com seu entusiasmo contagiante. — Vai ser bem legal!
— Uma festa de Halloween? Uau, que emocionante! — debochei, voltando a caminhar pelo corredor.
— Qual é, ?! Vai ser divertido. — Ela caminhava ao meu lado enquanto tentava me convencer. — Melhor do que ficar em casa, sabe? Seria bom esquecer um pouco o quanto essa data é horrível.
Saímos da escola e fomos até meu carro. Antes de entrar no carro, me virei para a minha amiga e vi que ela me olhava com aquela cara de pidona.
— Tudo bem. Mas não vou fantasiada! — Ela deu uns pulinhos em comemoração e concordou.
— A festa não é a fantasia mesmo. — riu, acenando, e entrou em seu carro.

***


Estávamos na festa há algum tempo e eu já bebia meu nono copo de cerveja, ainda surpreendentemente sóbria… ou não. havia ido buscar mais bebidas enquanto eu aproveitava o cenário selvagem da festa. Realmente estávamos em uma clareira cercados por uma floresta e, no centro, havia uma grande fogueira, que lançava sombras dançantes nas árvores decoradas com caveiras e abóboras. Algumas pessoas usavam máscaras, adicionando um ar misterioso ao ambiente.
Sentei-me em um tronco afastado, buscando um respiro da algazarra. A brisa fria da noite acariciava meu rosto, trazendo com ela uma sensação estranhamente familiar e reconfortante, um eco de um sentimento há muito esquecido. Foi então que o vi.
— Jason! — sussurrei.
O rapaz se assemelhava incrivelmente ao meu amigo. Ele estava encostado em uma árvore, observando-me com um sorriso tranquilo. O sorriso do Jason. No exato momento em que me levantei, movida por uma mistura de surpresa e emoção, surgiu à minha frente, estendendo-me outro copo de cerveja. A aparição do rapaz parecido com Jason deixou-me momentaneamente desorientada, perdida entre o passado e o presente.
— O que foi que você viu? — olhou para trás, mas Jason não estava mais lá.
— Nada. Só achei que tivesse visto alguém conhecido, mas não era, não. — Dei de ombros e voltei a me sentar ao lado dela agora.
Após tomar mais alguns goles da minha cerveja, senti apertar meu braço com uma força surpreendente. Seu rosto estava pálido, seus olhos arregalados fixos em algo à frente. Segui seu olhar e lá estava ele novamente, a figura enigmática que se assemelhava tanto a Jason, observando-nos com uma quietude perturbadora. Se era algo compartilhado entre mim e , talvez não fosse um efeito do álcool, não é?
— Você está vendo o mesmo que eu? — perguntei, a voz baixa, carregada de incerteza.
Ela assentiu, visivelmente abalada, o que confirmava que aquela visão não era apenas fruto da minha imaginação. Sem hesitar mais nem um pouco, levantei-me, puxando comigo. Caminhamos em direção ao homem misterioso. À medida que nos aproximávamos, o ar tornava-se mais pesado, carregado de uma tensão palpável. O garoto continuava nos observando, imóvel, enquanto um misto de curiosidade e receio crescia dentro de nós.
— Como é possível…? — ela começou a dizer, mas algumas pessoas entraram na nossa frente e perdemos Jason de vista.
acreditava em vida após a morte — me lembrei em um sussurro.
— Certo, mas isso é uma coisa completamente diferente de ver o fantasma do Jason — disse ela.
— Dizem que no Halloween o véu entre os mundos se abre ou fica mais fino, algo assim — comentei, confusa. — E se estivermos delirando, ? Estamos digerindo muito álcool, isso seria normal! — Olhei para o copo de cerveja em minha mão, não tão confiante de minhas próprias palavras.
— Eu deveria ser a cética, , caramba! — Ela bufou. — Fomos atacadas pelo Freddy Krueger uma noite inteira, se lembra? Não estávamos delirando.
— Vocês duas não deveriam estar aqui. — A voz de Jason nos fez dar um pulo.
A aparição de Jason à nossa frente era tão real quanto aterrorizante. Os cortes de sua morte começaram a se manifestar em seu corpo, trazendo um ar de urgência e horror à cena. Suas palavras eram um sussurro carregado de gravidade e perigo.
— Como é que você está aqui? E vivo? — gritei, incapaz de conter a confusão e o medo que se misturavam em minha voz.
— Jason, como você está aqui? — indagou, tentando manter a calma, embora sua voz tremesse ligeiramente.
— Não sou eu, são vocês! Vocês não deveriam estar aqui. Vão embora enquanto ainda há tempo! — Jason alertou, lançando olhares nervosos ao redor, como se temesse que algo ou alguém pudesse surgir das sombras a qualquer momento. Enquanto falava, os cortes em seu corpo sangravam mais intensamente e a expressão em seu rosto era de puro terror. — Já é tarde demais.
Suas palavras, embora enigmáticas, carregavam um peso que nos gelava o sangue, fazendo-nos questionar o que realmente estava acontecendo e se a nossa própria segurança estava em risco iminente.
Então ele simplesmente se partiu ao meio, resultando com que nós duas gritássemos juntas. Olhamos em volta e as pessoas gritavam também. Percebemos que Jason não tinha sido o único corpo presente naquela festa, pois agora havia vários corpos no chão. Tinha sangue para todo lado.
— Vamos embora. Agora! — gritei.
Apertei a mão de com força e puxei-a para tentar escapar daquela situação assustadora. No entanto, antes que pudéssemos correr para longe, Arabella e Michael bloquearam nosso caminho, surgindo como se materializados das sombras da floresta.
— Meu Deus! — exclamamos juntas, paralisadas pela súbita aparição.
— Vocês duas não deviam estar aqui. — Arabella falou com uma calma perturbadora enquanto limpava o sangue de um dos seus cortes. A cena era tão surreal quanto aterrorizante, e eu não conseguia conter as lágrimas que brotavam dos meus olhos, marcadas pelo desespero.
— O que está acontecendo aqui? — Minha voz era um misto de súplica e terror.
Eu precisava entender, precisava de respostas, mas parte de mim temia saber a verdade por trás daquele pesadelo que se desenrolava diante de nós.
— Talvez não seja tão tarde assim — a voz de ecoou claramente, um sopro de esperança que fez meu coração saltar.
Eu não queria me virar, temendo encontrar seu rosto marcado pelos cortes da tragédia que havia ocorrido. Em vez disso, fechei os olhos e me deixei ser consumida pelo choro.
— Vocês duas podem salvar a todos! — A voz de agora se juntava ao coro, cada palavra impregnada de urgência e possibilidade.
Não sabia se havia se virado para encará-los, pois meus olhos permaneciam cerrados, lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas.
— O passado nunca vai abandonar vocês. — As vozes se uniram, falando como um único ente. Era uma mensagem enigmática e sombria que reverberava através do ar.
Então, subitamente, tudo mudou. Ao abrir os olhos, encontrei-me de volta à casa do lago de , mas tudo estava como se nada tivesse acontecido. A casa estava inteira, imaculada, como se nossos pesadelos fossem apenas ecos de um sonho ruim. Alguém segurou minha mão. Com hesitação, me virei e lá estava , não como o espectro ferido que eu temia, mas radiante, com um sorriso caloroso iluminando seu rosto.
O choque de ver todos reunidos de forma tão normal foi abruptamente interrompido pelo pavor que me golpeou ao olhar novamente para fora. Lá estava ele, Freddy Krueger, em toda a sua horrível glória, com seu suéter listrado de vermelho e preto, chapéu desgastado, e a pele grotescamente queimada. Seu sorriso sinistro era o mesmo de sempre, e ele passava suas lâminas afiadas na janela com um ruído que rasgava a noite.
"Não!"
Meu coração disparou e um frio percorreu minha espinha. O alívio momentâneo evaporou-se tão rapidamente quanto tinha surgido. Apesar da aparente normalidade dentro da casa, a ameaça ainda estava lá, à espreita, nunca realmente afastada.
A angústia e o medo tomaram conta de mim enquanto eu recuava um passo. Não podíamos baixar a guarda, nem mesmo por um momento. Eu precisava alertar os outros, proteger-nos. Com um último olhar determinado para a figura ameaçadora na janela, respirei fundo e me preparei para entrar e enfrentar a noite de Halloween que, claramente, ainda guardava seus terrores. Era um lembrete cruel de que, neste mundo surreal em que nos encontrávamos, o pesadelo estava longe de terminar.





FIM.


Nota da Sereia: O tanto que eu amo essa fic não tá escrito. Foi uma doideira só a Frann e eu escrevendo ela há uns bons anos atrás. Mas reler e revisar ela agora retornou aquele mesmo sentimento de quando escrevemos: “Que doideira mais incrível!”
Eu amei escrever essa fic contigo, amiga. Tu é incrível, adoro sua ideias tão malucas quanto as minhas. Obrigada por essa parceria 🧡🛐

Nota da Fran: Gente, ela não tá mentindo, vi? Eu juro!!! A gente se divertiu muito com essa história doisa. Sei que é contraditório dizer que nos divertimos numa fic com 5465474525458 mortos, mas é isso KKKKKKKKKK eu também sofri, não vou mentir. Amo Jason de todo o meu coração, mas não deu pra proteger o coitado, me desculpem. JASON, VC SEMPRE SERÁ LEMBRADO!!!!!!1 E você que aguentou até aqui e tá lendo isso: deixe nos comentários o que achou dessa nossa loucurinha. A gente te ama, viu <3

❯ beth's note: um pouco preocupada agora com a minha hora de dormir? sim. preocupada de reunir os amigos pra assistir filmes de terror? também! mas que fanfic bem escrita, viu? parabéns às autoras, parabéns pelo ótimo desenvolvimento e pelo final. fiquei triste pelo Bobby, eu acreditei *mesmo* que ele ia sobreviver :( só me resta aceitar e pedir pra lançarem mais coisas juntas ᰔ.


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