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Codificada por vênus. 🛰️
Atualizada em: 20.07.2024

Sete horas.
Sete horas seguidas em pé e sem qualquer pausa para descanso. conseguia ver os seus pés inchando e sentia seus calcanhares doendo. Nunca mais vir de tênis plataforma, anotou mentalmente.
Aquele freelance que sua prima havia conseguido para ela não era a pior coisa do mundo, mas estava muito longe de ser a melhor. May tinha uma lista de contatos gigantesca espalhadas por toda a Coreia do Sul, e sabia que esse pequeno trabalho no Waterbomb Festival podia ser o start para ela começar a sua própria lista.
— E falando nela… — comentou consigo mesma assim que sentiu o celular vibrar em sua mão, mostrando o nome da garota no visor. — Oi, May!
— Oieeee, ! Como foi hoje?
— Cansativo — sua voz saiu levemente arrastada, apesar do sorriso nos lábios. May também sorria do outro lado da tela. — Estou no ponto esperando o ônibus para voltar para casa.
— O Isaac não te ofereceu carona? — sua expressão mudou. — Eu vou ter uma conversa com ele depois.
— Na verdade, ele ofereceu — coçou a nuca. — Mas ele me liberou mais cedo, então eu preferi pegar o ônibus mesmo. O Isaac ficou arrumando outras coisas no festival.
— Ah — May pareceu perder a fala por meia fração de segundo. — Então ele está perdoado.
se permitiu rir um pouco. O trabalho no festival era bem corrido. Ela ajudava Isaac, um dos produtores – que era um dos diversos conhecidos de May –, no QG, onde o caos acontecia. Infelizmente, ela não tinha contato algum com os artistas que vinham se apresentar, mas a sala da administração tomava demais do seu tempo para ela sequer pensar nisso.
— Queria ter conseguido assistir pelo menos um pouco da apresentação do ION do camarote — reclamou baixinho, lembrando de ter assistido bem pouquinho por uma televisão que tinha no QG.
— Infelizmente, trabalhar em festival é assim mesmo — May lamentou, compreendendo a chateação da prima. — Ficamos tão cheios de trabalhos que somos os que menos aproveitam dos shows. Eu comecei assim também, com o tempo você se acostuma.
Não sei se quero me acostumar, comentou com seu subconsciente, mas preferiu não falar em voz alta.
— Mas o que você fez hoje?
— Ajudei em algumas planilhas, acompanhei Isaac de cima ‘pra baixo, fui nos camarins conferir se estava tudo certo, mas não esbarrei com nenhum famoso — suspirou. — Eu só queria esbarrar em algum deles e viver minha fanfic.
May riu alto. agradeceu por estar sozinha no ponto de ônibus.
— Quem sabe, não é mesmo? — sorriu. — Prima, eu vou ter que desligar agora. Estão me ligando lá da empresa, mas eu prometo que amanhã eu te ligo de novo para perguntar sobre a sua primeira experiência no festival.
— Tudo bem, May. Obrigada mais uma vez.
— Que isso, não tem de que. Vou indo, beijos! — deu um tchauzinho com a mão livre. — Ah, e me avisa quando chegar em casa.
— Ok — soltou ar pelo nariz. Mesmo com May a vários quilômetros de distância, ela sempre pedia sua localização quando estava sozinha. — Pode deixar, boa noite.
Assim que a tela se apagou, respirou fundo, olhando em volta para ver se tinha algum sinal do ônibus. Algumas pessoas passavam pela calçada, mas nenhuma parava no ponto. Era estranhamente confortável estar sozinha ali, depois de tantas horas escutando diversas vozes falando consigo de uma só vez. Mas, se ela quisesse realmente seguir os passos da prima e se tornar uma empresária no futuro, precisaria enfrentar os primeiros passos.
Pelo menos, Isaac era um cara legal. E a tratava muito bem.
— Céus, finalmente — falou baixo quando enxergou o ônibus vindo. Ele estava a algumas quadras de distância, por isso, aproveitou para ficar mais alguns segundos sentada no banco e procurar seus fones de ouvido dentro da mochila.
Se eu não pude escutar ao vivo, vou ter que me contentar com a versão do spotify mesmo.
Assim que colocou os fones no ouvido, se levantou calmamente, olhando na direção do ônibus se aproximando.
Porém, no momento em que o ônibus parou na sua frente, um rapaz chegou correndo e entrou assim que o motorista abriu as portas.
Misericórdia, como não vi esse cara se aproximando?, pensou, logo diminuindo um pouco o volume da música em seus fones. Graças a Deus não era um cara vindo me assaltar.
Com paciência, subiu as poucas escadas e passou o cartão rapidamente no sensor para debitar o passe e poder procurar um lugar livre.
Tinha apenas um assento vago.
E o mesmo rapaz tinha acabado de sentar nele.
respirou fundo. Tinha tido um dia cheio e cansativo. Todos os músculos de sua perna pareciam doer. E aquele estranho havia simplesmente cortado caminho e entrado antes dela no ônibus.
Ele vai entender, eu só preciso explicar a minha necessidade.
Se aproximou calmamente, segurando nos apoios superiores para não cair com o veículo andando. O garoto também estava com fones de ouvido, olhando pela janela.
— Ham, com licença? — tentou fazer a voz mais gentil que conseguia. Ele não olhou em sua direção. Respirou fundo antes de encostar levemente em seu ombro, chamando sua atenção. — Desculpe, mas você poderia ceder o seu lugar para eu me sentar? É que eu estou trabalhando nesse festival o dia todo e–
— Não.
E se virou novamente.
Como é que é?
encostou em seu ombro outra vez, mas com menos delicadeza.
— Olha, moço, com todo o respeito, mas você simplesmente me cortou quando eu estava prestes a entrar no ônibus. Era para eu estar sentada neste banco.
Ele se remexeu, olhando para o assento de ambos os lados, logo levantando o rosto e respondendo:
— Não vi seu nome nele.
ficou sem reação. Esse cara não pode estar falando sério.
— Moço, eu trabalhei o dia inteiro, estou super cansada. Você poderia, por favor, ceder esse lugar para eu me sentar? — pediu educadamente mais uma vez.
— Eu também trabalhei hoje, preciso descansar.
— Mas eu estava esperando no ponto a mais tempo!
— Ninguém mandou andar que nem uma lesma.
Oi?
— Você ‘tá falando sério? — ela perguntou com vontade de voar em seu pescoço. Era simplesmente inacreditável que ele estava falando daquele jeito.
— Eu pareço estar brincando ‘pra você?
precisou piscar algumas vezes, desacreditada. Certo, não era obrigação dele deixá-la sentar em seu lugar, de fato, mas ele não tinha nem mesmo um pingo de cavalheirismo.
O que esse cara tem de beleza, ele tem de estupidez.
Afastou-se, ainda atordoada pelo seu último diálogo. Esperaria alguém descer no próximo ponto para se sentar, então. Era o que restava.
A dor nos pés pareceu diminuir. Ela estava com tanto ódio que nem mesmo a dor em seu corpo parecia surtir algum efeito na adrenalina correndo em suas veias. nunca tinha esbarrado com alguém tão… Idiota.
Aumentou o volume da música. Precisava abafar seus pensamentos mortíferos antes que ela fizesse alguma besteira. Ela ainda estava vestindo a blusa de staff do festival, era necessário manter os bons modos. Mesmo que sua maior vontade era pegar o cordão de sua credencial e enforcar aquele garoto até ele desmaiar.
Não acredito que esse cara tirou a minha paz pós expediente.




continua...


Nota da autora: E betcha voltou com tudo, SIM!! E já deixo muito bem avisado que essa fic vai ser bem assim: bobinha e engraçada :)
Espero que você tenha amado esse capítulo tanto quanto eu. Para saber mais do meu mundinho de fics, me siga no insta!
~xoxo


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