Revisada por: Sagitário
Última Atualização: 9/1/25Ao final do seu segundo ano, se despediu de amigos, professores e daquele lugar maravilhoso que fora seu lar por dois anos encantadores. Ela se adaptou relativamente rápido às matérias e ao ensino dos novos professores, mas o clima frio demorou bastante para se tornar familiar.
Este seria seu terceiro Natal comemorado em Hogwarts. Acordou animada, vestindo seu uniforme da Lufa-Lufa e um casaco, decidida a não passar frio nas masmorras. Colocou uma tiara no cabelo e seguiu em direção ao café da manhã. Embora fosse maravilhoso ter seu dormitório ao lado da cozinha, havia um lado ruim: sempre que passava pelos elfos, a vontade de pedir algo para comer era quase irresistível.
— , está fugindo de mim? — aquela voz era familiar até de longe para , mesmo à distância. — Não havíamos combinado de ir juntos?
— Eu imaginei que você iria com a Cho — respondeu, virando-se para encará-lo. — Por isso saí.
— Bom dia — desejou. Ele sorriu, um sorriso que fazia seu coração acelerar.
— Bom dia! Você sabe que hoje é nossa última aula da semana, não é? — Sua animação era evidente em seu tom de voz. — O problema é que eu termino com Poções hoje.
— Eu tenho Herbologia. Preferiria Poções. — Ele a olhou com um ar confiante. — É mais tranquilo, e eu precisei ajustar meu horário por causa dos jogos de Quadribol.
— Ah, é verdade, havia me esquecido desse detalhe. — Ela sorriu, um pouco envergonhada.
Pararam em frente ao Salão Principal.
— Vou ficar com a Cho. Te vejo em breve na aula de História da Magia. — Ele inclinou a cabeça levemente, um gesto que parecia carinhoso, quase como se quisesse garantir que ela não ficasse triste.
— Até — respondeu, tentando esconder a decepção.
Observou Cedric se afastar, dirigindo-se à mesa da Corvinal. A ideia de vê-lo tomando café da manhã na mesa da outra casa ainda era estranha para ela. Revirou os olhos e seguiu em direção à mesa da Lufa-Lufa. Embora não fosse uma mesa designada para cada casa, para ela, desde o dia em que foi selecionada para a Lufa-Lufa, aquela grande mesa sempre pertenceria a eles, assim como era no Castelobruxo.
abriu um sorriso ao ver Penny, que acenou para ela. Fez um espaço ao seu lado, indicando que havia lugar para a amiga, como quase todas as manhãs.
— Oie, bom dia, flor do dia! — cumprimentou ao se sentar ao lado dela.
— Oi, ! Como você está? Ansiosa para que as aulas acabem o mais rápido possível?
— Eu não vejo a hora. — Serviu-se de chá. — Quero que passe logo. Estou contando os dias para fazer bonecos de neve e também para irmos a Hogsmeade.
— E comprar doces na Honey! Eu não acredito que você se tornou minha melhor amiga. — Penny encostou a cabeça no braço dela rapidamente. — Ah, pega um pedaço do bolo de caldeirão. — Ela entregou um pedaço.
— Agradecida!
— Suas aulas são as mesmas que as minhas? — Penny perguntou curiosa.
— Hum… — descansou a xícara e terminou de engolir. — Eu acho que sim. Tentamos ao máximo, não é? Por conta dos N.O.M.S.
— Eu trouxe o meu horário, deixa eu dar uma olhadinha. — Mexeu na bolsa aos seus pés. — Aqui, vou ler por ordem: Runas, Trato de Criaturas Mágicas, Transfiguração, e Poções é a última de todas.
— Aí, nem fale de Runas, matéria insuportável. Dentre essas, a única que não tenho é Trato de Criaturas, mas ao longo do dia vamos vendo quais vamos fazer juntas.
— Você não tem nenhuma com o Diggory?
— Apenas uma, Runas, mas nem compensa pensar por esse lado.
— Você fala isso porque é seu pai que dá aula.
— Vou ficar quieta para não me comprometer.
— Ai, . — Penny riu. — Você é incrível.
— Eu sei. — se aproximou de Penny, com um sorriso travesso. — Hogwarts tem a melhor bruxa de todos os tempos, mas preciso me manter discreta.
— Terei que concordar. Por sorte, você ainda é da Lufa-Lufa.
— Se eu não fosse, faria o chapéu me colocar. — Comeu mais um pedaço do bolo. — Vamos ou você quer comer mais alguma coisa?
— Podemos ir já, não aguento comer mais nada.
— Vamos, porque hoje o tempo vai passar bem devagar.
As aulas para elas passaram tão devagar quanto imaginaram. Em compensação, estavam caminhando para as últimas aulas, agora separadas, já que as matérias eram diferentes.
Na aula de Astronomia, estranhou ao notar que Cedric não estava lá; tinha certeza de que eles faziam aquela aula juntos. Olhou para os lados, confirmando que não estava na mesa errada. Não, ela estava na mesa que sempre se sentava com ele.
Cedric simplesmente não estava lá.
Aquela aula parecia infinita, não terminava nunca. Olhou para o relógio mais vezes do que se olhava no espelho. Quando a professora finalmente os liberou, pegou a bolsa voando e desceu as escadas correndo. A primeira coisa que passou pela sua mente foi que ele tinha faltado à última aula para ficar com a Cho.
Chegando perto da sala comunal, viu alguns alunos passando e cochichando entre si, arqueando a sobrancelha, estranhando a atitude.
— .
— Penny, o que foi?
— Não era por mim que você deveria saber. — A maior informante de Hogwarts estava à sua frente, prestes a quebrar um dos pedidos dela. — Só que preciso que você encontre o Diggory o mais rápido possível.
— Ele se machucou?
— Não, mas… — Mordiscou o lábio. — Talvez ele tenha uma notícia para você que vai soar maravilhosa e dolorosa.
Um calafrio subiu pela espinha de , aterrorizada com aquelas duas palavras.
— Toma a minha jaqueta e me dá sua bolsa. — Fizeram a troca. — Por tudo que é mais sagrado, não dê atenção ao que você escutar pelos corredores.
— Tá bom. Volto em breve.
— Vai, vai. — Movimentou a mão, insinuando para ela ir logo.
foi aos lugares mais prováveis onde ele poderia estar, ignorando as fofocas dos corredores. A ansiedade gritava em seu coração, além da curiosidade que sentia para descobrir todo aquele mistério. Em uma de suas tentativas de encontrá-lo, ela descia a escadaria da casa dos barcos quando avistou Cedric subindo as escadas, pulando um degrau e com a cabeça baixa.
— Cedric? — Sua voz saiu preocupada.
— , como sabia que eu estaria aqui?
— Intuição. O que aconteceu? — Desceu os degraus o mais rápido que pôde. — Você andou chorando? — tentou olhar nos olhos dele.
— Não. — Ele desviou o olhar.
— Ah, claro que não, e eu também não saí do Castelobruxo, estou lá até agora conversando com as caiporas. Anda, me fala o que aconteceu.
— Vamos voltar à casa dos barcos. Prefiro contar para você lá.
— Já sei que não é nada agradável.
— Para alguns, está sendo a melhor coisa.
— O que é? Estou morrendo de curiosidade. — Terminaram de descer as escadas. — Acho que você consegue me contar daqui.
— Cho terminou comigo. Ela me disse que…
A maior verdade naquele momento foi que ignorou 100% de tudo que Cedric tinha falado depois que escutou que Cho havia terminado com ele. Continha o riso, sua expressão de felicidade, a vontade de comemorar; foi obrigada a pensar nos N.O.M.S. e em tantas outras coisas.
— , você está me ouvindo?
— Claro, eu só não estou acreditando ainda — mentiu, sem nenhum pingo de medo.
— Acho que o Harry nem sabe. — Entrou na casa dos barcos. — Ou já deve saber.
— Particularmente, eu acho que ele ficou sabendo minutos depois. — Lari o acompanhou.
— Eu ainda não consigo entender, como ela pode falar como se fosse normal terminar um relacionamento só porque o outro chamou tanta atenção assim.
— O Harry?
— Foi dele que eu falei no começo, .
A pergunta foi proposital; ele precisava recapitular toda a história perdida.
— Eu sei, mas o que me impressiona — se sentou em cima de um barril que estava ali — É ele chamar a atenção, dessa forma como as garotas ficaram no baile de inverno, e agora a Cho.
— Duvido que você não fique assim por ele. — Cedric encostou na parede, cruzando os braços com um sorriso provocador.
— Ele não faz o meu tipo. Eu gosto de garotos mais altos, que sempre se cuidam. Dou um leve desconto quando é popular. — Apoiando as mãos para trás, ela balançou o cabelo, tirando-o dos ombros.
— Popular, então.
— Claro, mas nada muito exagerado. E não posso me esquecer dos olhos claros. — Ela deu uma risadinha.
— Você descreveu o Harry.
— Ah, claro! No quarto ano, ele estava com aquele cabelo desgrenhado, parecia que ficou com preguiça de cortar.
Cedric gargalhou, e ele teve certeza de que viu fumaça saindo da cabeça dela de tão irritada que ficou.
— Calma lá, foi uma brincadeira. — Ele ainda ria. — Mas é verdade, você o descreveu um pouco.
— E eu te garanto que nunca seria ele. Eu poderia ficar com o Malfoy, mas com ele nunca.
— Malfoy?! — Cedric fechou a cara no mesmo momento, o sorriso que tinha se transformou em uma expressão mais séria.
— O próprio! Mas voltando ao assunto…
— Por que ele? Podia ter falado de mim.
— Você é meu amigo. Por que eu falaria do meu amigo? Voltando ao assunto, você precisa esquecer isso. Deixa as coisas como estão; se você aparecer no meio da escola com esse semblante, você já sabe, né?
— Como se toda Hogwarts não soubesse.
— Sim, toda Hogwarts já sabe, mas você é o Diggory, o campeão de Hogwarts. Tudo isso acaba rápido.
— Até o Natal, eu duvido.
— Falando em Natal, você vai ficar aqui ou voltar para casa? — ela saltou, saindo de cima do barril.
— Ficarei, o que é pior ainda.
— Ai, credo! Você não consegue parar quando começa com uma ideia, não? Melhor você voltar. Assim, talvez nem tantos comentários continuem rodando.
O recesso de aulas estava só começando.
Não houve muitas conversas paralelas enquanto passavam pelos corredores; nada referente ao Cedric, mas sim à escolha de Cho. Muitos deduziram que ela simplesmente não o amava mais, outros acreditavam fielmente que Cho estava apaixonada por algum aluno de Durmstrang e terminou com o lufano. O bom foi que ninguém imaginou que ela tinha se apaixonado por Harry Potter.
Sem querer conversar muito, Cedric se retirou para o seu aposento mais cedo do que o habitual. Penny ficou com na sala, assistindo à lareira queimar.
Penny compreendia o silêncio da amiga. Naquela cabecinha cheia de cachos, uma única dúvida a atormentava. Desde a primeira noite em que se sentou ao lado de Penny, seus olhos pararam em Diggory, e como se um feitiço tivesse sido lançado, ela se apaixonou perdidamente por ele.
Quando Penny contou que ele namorava Cho, todas as suas esperanças foram lançadas ao rio. Tê-lo próximo como amigo foi a única forma que encontrou de suprir a vontade de olhá-lo de perto. O término do relacionamento dele abriu inúmeras possibilidades em sua mente, e suas atitudes teriam que ser calculadas minuciosamente; não poderia errar em nada. Decidiu, então, não agir, não por enquanto. Compreendia que, para o amigo, o processo do amor era complicado, cada um com seu tempo.
— Qual a ideia? — cochichou Penny.
— Nenhuma.
— Nenhuma? Como assim?
— Se você acha justo eu me aproximar dele e me declarar, então temos visões diferentes.
— Agora compreendi. Não, eu tô de acordo com você. Esperar vai ser a melhor coisa.
— Sim. — escorregou no sofá, ficando mais deitada. — Só espero que esse tempo não seja o suficiente para ele reatar o namoro.
Quem achou que o final de semana iria ser calmo, estava enganado. Por algum motivo, um boato de que Cho saiu às escondidas com Harry se espalhou, tornando-se o assunto daquela manhã. Mesmo com eles negando, poucos pararam de falar sobre isso, e não foi tão simples para Cedric.
Os dois estavam na ponte de pedra, apoiados no parapeito e conversando. Tentavam fingir naturalidade sobre o assunto para não dar a impressão de que ele ainda sofria por Cho.
— Eu vou sair na história como o enganado e tolo. — Ele suspirou, olhando para o horizonte.
— Com quem você aprendeu esse drama todo? — perguntou, arqueando uma sobrancelha.
Ele a olhou, respondendo à pergunta dela sem precisar falar.
— Por favor, esqueça esse drama e seja o Diggory que eu amo. Você não é de ficar de cabeça baixa, nem quando não levou a Taça Tribruxo você ficou assim.
— E como vou ficar? — ele perguntou, um sorriso maroto começando a se formar.
— Pense em algo! Faltam duas semanas para o Natal. Vamos fazer bonecos de neve, andar por Hogsmeade...
— Não. — Ele virou-se para ela, a expressão mais séria. — , eu vou para o campo de quadribol. Qualquer coisa, você pode ir para lá.
— Tá bem.
Ela ficou triste, como se o problema fosse com ela. Odiava ver Cedric para baixo, especialmente quando o assunto tinha nome e sobrenome.
permaneceu ali até a neve tocar sua pele. Mais uma vez, ouviu as meninas falando sobre seu amigo, e uma frase despertou uma ideia estranha, mas brilhante.
Correu até o campo de quadribol e encontrou Cedric sentado em frente ao vestiário. Com um sorrisinho, ela acenou para ele, que retribuiu o sorriso com um brilho no olhar.
— Cedric, eu tive uma ideia, mas não sei se você vai aceitar. — Ela se aproximou animada.
— Me conta. — Ele abriu espaço para ela sentar ao seu lado.
— Se você achar loucura, pode dizer, ok? Todos começaram a falar que ela supostamente saiu com o Harry às escondidas, certo? — Ele concordou curioso. — Então, por que você não aparece com uma garota?
— Isso pode até funcionar, mas quem aceitaria e manteria em segredo?
— Eu. A gente só fica de mãos dadas, sem beijos, até o Natal. Se ela sentir remorso, ótimo, vocês voltam. Se não... — Ela queria muito dizer que o namoraria. — Voltamos para como estamos e tudo resolvido.
Ele a olhava nos olhos, como se pudesse desvendar seus sentimentos mais profundos. O olhar azul dele a deixava nervosa e animada ao mesmo tempo.
— Fala alguma coisa — ela pediu ansiosa.
— Nós começamos agora? — Ele sorriu, um brilho travesso nos olhos.
Seu coração disparou ao saber que seria a namorada de mentira de Cedric Diggory.
— Se você quiser. — O sorriso dela era inevitável, a felicidade transbordava em seu olhar.
— Garanto que vão parar no exato momento em que nos verem. — Ele se inclinou um pouco mais perto, como se compartilhasse um segredo.
— Mas e você? — perguntou, preocupada.
— O que tem eu? — Ela deu de ombros, casual. — Se falarem, que falem. Eles vão ter o que merecem.
— Às vezes acho que o chapéu errou — ele brincou.
— Ah, por favor! Não é porque eu sou da Lufa-Lufa que preciso aguentar tudo calado. — Ela sorriu.
Mesmo sendo uma das ideias mais malucas que já tinha aceitado, não havia outra garota naquela escola que ele aceitaria ficar ao seu lado como sua namorada de mentira a não ser .
Voltaram para o castelo juntos, de mãos dadas, já colocando o plano em ação. Como ela havia previsto, todos os olhares se voltaram para eles. estava mais calma com tudo aquilo do que imaginou; na verdade, poderia se dizer que, todas as noites, havia sonhado com aquele momento.
O final de semana estava repleto de surpresas, e nem mesmo Penny conseguiu prever o novo casal da Lufa-Lufa. Aqueles que conheciam Penny sabiam que, além de ser amiga de , ela era a principal informante de todas as novidades do castelo. Por isso, não foi surpresa que ela se tornasse o alvo principal das perguntas sobre esse namoro repentino.
ficou sentada no sofá aguardando Cedric voltar, mantendo a expressão mais natural possível. Penny sentou ao seu lado, dando um curto tempo para ela se pronunciar sobre tudo.
— Não vai contar? — Penny perguntou, com um sorriso curioso.
— Contar o quê? — tentou disfarçar.
— Você e Cedric.
— Aconteceu! Estávamos conversando, e quando percebi, ele me pediu em namoro, se é que posso dizer assim.
— Como assim? Tem outro tipo de pedido? — Penny arregalou os olhos.
— Eu me refiro a apenas "ficar".
— Ficar?
— Nós, brasileiros, usamos o termo "ficar" quando não queremos algo muito sério. Eu já tinha explicado isso para ele. — Ela viu Diggory se aproximar. — Por isso que disse "se é que posso dizer assim".
— Algum problema por aqui? — Cedric sentou ao lado de , lançando um olhar cúmplice.
— Nenhum, só a Penny querendo saber mais sobre nosso "namoro". — sorriu, um pouco nervosa.
— Ah, Penny. — Cedric sorriu de lado. — Eu a pedi em namoro no campo de quadribol. Percebi que sempre foi ela.
— A dona do seu coração? — Penny perguntou, com um brilho nos olhos.
— E também a única que fica nos meus pensamentos. — Ele olhou para , um sorriso sedutor nos lábios.
— Que fofo! — Penny juntou as mãos ao lado do rosto. — Eu nunca imaginei vocês juntos.
respirou fundo, receosa de que Penny comentasse sobre os sentimentos dela.
— Improvável demais? — Cedric provocou.
— Claro, e também a …
— Eu falei que você não era exatamente cem por cento o meu tipo, além de termos uma amizade. — pensou rápido para interrompê-la.
— Mas estou feliz que vocês estão juntos. Vou colocar vocês como o meu casal favorito.
— Aí, Penny. — riu, aliviada.
— Eu preciso me encontrar com os garotos. Volto depois, tá bom? — Cedric avisou sua namorada, piscando para ela antes de sair.
— Sem problemas, não esquece de levar agasalho.
— Já estou levando. Até mais, .
Para que todos vissem, Cedric deu um beijo no rosto de , demorando um pouco mais do que o normal, deixando-a ruborizada pela surpresa.
Esperou ele sair e, aproximando-se de , discretamente cochichou em seu ouvido:
— Você não falou que gosta dele?
— Não, ia parecer meio “uhu, vocês terminaram e agora você é só meu”, não ia?
— É, agora a minha dúvida é se ele já gostava de você, mas achou que nunca teria chance.
— Acho que não. Ah, Penny, isso não é coisa para ficar pensando sério.
— Mas faz sentido! Se ele estava com a Cho…
— Penny, a última coisa que eu quero é brigar com você. Então para de achar que isso faz sentido. Faz sentido a Cho deixar um namoro estável só por conta do Harry?
— Desculpa, eu tenho que controlar a minha língua.
— É, até porque pensar sem comentar, todos podem. — olhou em volta da sala comunal.
Não tinha reparado no quão bonita estava a decoração, em todo o cuidado para não haver exagero de cores por todos os cantos. A árvore não era necessária, já que a sala tinha lindos vasos de plantas. A lareira seguia a tradição de manter as meias penduradas em cima.
Tudo tão bonito para uma cena de um namoro não verdadeiro, mas com aquelas decorações, uma ideia surgiu. Não soava bem, mas poderia funcionar.
Desde aquele dia em que estava sentada no sofá, passou a colocar seu plano em prática. Todos os momentos ao lado de Cedric eram uma oportunidade para conquistá-lo. Quando podia, dizia palavras mais amorosas e calorosas, as mesmas que pareciam ter um efeito dentro dele. A postura ao lado dele, como se realmente fosse sua namorada, contribuía para seu plano, mas ela não tinha certeza se estava indo pelo caminho certo.
Enfim, a semana de Natal havia chegado, trazendo uma feliz, mas sem saber lidar com o frio. Saindo do corujal depois de enviar as cartas para a sua família no Brasil, com algumas fotos dela e de seu pai para sua avó materna matar as saudades, ela se encontrou com alguém que não esperava.
— Oi, poderíamos conversar?
Quem diria: Cho Chang, na frente dela, querendo conversar.
— Oi, claro.
— Vocês estão realmente juntos?
— Sim, por quê?
— Ele nunca tinha falado que tinha sentimentos por você.
— Pois é, é uma pena, né? Não posso fazer nada se ele sempre me achou mais atraente.
— Eu sinto te informar, mas esse relacionamento é apenas para suprir a minha ausência.
— Cho, tudo que eu mais odeio é essa rivalidade. Se ele quis começar um namoro comigo, é porque no fundo ele sempre teve um sentimento por mim. Me desculpa se isso está te incomodando, mas você fez a sua escolha. Com licença.
saiu, deixando a garota sem reação, digerindo todas as palavras. Cho realmente ficou incomodada com toda a situação, isso ficou perceptível. Mas também saiu do corujal pensativa. Se ele soubesse que Cho estava incomodada, seu plano poderia desandar.
Pensou em algo justo para não interferir em nada e também não acabar com a amizade dela com Cedric.
— Talvez se eu…
— Falando sozinha?
A voz surgiu de repente, assustando-a. Olhou para o lado para certificar-se de quem era, já que não conseguia decifrar a pessoa dona da voz — de qualquer um que fizesse isso com ela quando estava focada.
— Cedric.
— Se assustou? — ele ria divertido.
— Não, só não esperava ser você. — Ela entrelaçou os braços. — Voltando de Hogsmeade com os garotos?
— Sim, trouxe varinha de alcaçuz para você. Deixei lá no dormitório. O que você estava sibilando?
— Nada demais, só planejando minha ida para Hogsmeade com a Penny. Deixa eu te fazer uma pergunta. — Olhou ao redor, caso alguém suspeito estivesse ouvindo. — Se por acaso a Cho quiser reatar, o que iremos fazer?
— Nada.
— Nada?
— Não há motivos para remexer no passado, e ela já fez a escolha dela. — Ele a olhava com serenidade, a confiança transparecendo em seu tom de voz.
— Mas e se a Cho realmente tentar se aproximar de novo? — insistiu , preocupada.
— Olha, se isso acontecer, eu vou ser honesto com ela. Não quero criar falsas esperanças.
— Entendi... — refletiu, parecendo um pouco mais aliviada.
— Ficou sabendo de alguma coisa?
— Passou pela minha cabeça, só. Como eu disse, eu teria que enfrentar isso de forma diferente. — Ela lutou contra sua própria ideologia.
A todo custo, tentou se manter tranquila perante aquela história.
De formas sutis, deu leves indícios de que teve aquela conversa com Cho, e mesmo assim ele não esboçou nenhuma surpresa. Talvez ele já estivesse preparado para essa reação.
Independente de tudo, estava determinada a curtir o Natal da maneira que mais amava. Os momentos ao lado de Cedric Diggory eram únicos. Em uma das tardes frias, enquanto passeavam pelo vilarejo, a neve caía suavemente e as luzes das decorações natalinas brilhavam.
Com um sorriso nos lábios, decidiu que aquele breve afastamento do grupo de amigos que a acompanhava era ideal. Aproximou-se de Diggory e, com um toque sutil, deixou seus dedos deslizarem pelo braço dele, sentindo a textura do tecido do casaco e a firmeza de seu corpo. Cedric a olhou, surpreso e intrigado, vendo-a soltar o braço e ficar mais à frente dele. se movia com confiança, seus gestos eram graciosos e cheios de intenção.
Era sua última tentativa de conquistá-lo. O Natal seria no dia seguinte, e era bem provável que toda aquela armação bem feita terminasse à meia-noite.
Considerando que aquela manhã começava a véspera de Natal, o coração de amanheceu apertado. Era hoje o fim de tudo, e todas as suas tentativas de conquistá-lo poderiam não ter funcionado. Mas não era momento para lamentar o que não havia dado certo; mesmo desanimada, ela se levantou, vestiu sua roupa de inverno e ficou um tempo esperando Penny aparecer para irem tomar café juntas.
Ainda não tinha visto Cedric, mas isso seria o de menos, já que, mesmo com o namoro falso, era raro conseguirem tomar café juntos durante o recesso.
— Eu fico abismada como ele dorme tanto — Penny comentou, olhando os degraus que descia. — Ele supera até a Bones.
— Ótima comparação. — riu. — Cedric é assim mesmo. Por conta do quadribol, conciliar os horários deve ser exaustivo, e ter tempos assim é muito bom para descansar.
— Entendo nada disso, mas deve ser mesmo. Ah, olha. — Penny apontou para a mesa onde sempre se sentavam. — Talvez tenhamos tido impressões erradas.
forçou um sorriso ao vê-lo. Podia ser mais compreensivo e terminar isso depois do café da manhã, quando eles ficassem a sós, como de costume, na ponte suspensa. Aproximando-se dele, Cedric escorregou para o lado, deixando sentar ao seu lado e Penny ao lado de sua “namorada”.
— Bom dia, meninas — ele desejou, depositando um beijo suave na bochecha de . — Teve uma boa noite?
— Sim, dormi tranquilamente.
— Bom, deve estar ansiosa para a meia-noite, não?
— Estou, bastante. Minha vontade é desejar Feliz Natal para todos vocês, dormir lindamente e depois abrir meus presentes. — Ela segurou o riso.
— O espírito natalino dela é o melhor — Penny comentou. — Eu nunca vi ninguém querer passar o Natal e ao mesmo tempo querer dormir.
— Mas é fofo.
— Você fala isso só porque eu fico toda alegrinha quando a neve começa a cair.
— Você acertou. — Ele olhava diretamente nos olhos castanhos dela. — Foi exatamente esse detalhe que me conquistou.
Todos os amigos de Cedric e Penny começaram a exclamar sons de felicidade e a bater na mesa. parecia um morango, de tanto que seu rosto ficou avermelhado. Não sabia onde esconder o rosto e, para ajudá-la, Cedric se aproximou mais dela, permitindo que ela escondesse o rosto em seu ombro.
Do outro lado do salão, na mesa onde Cho sempre tomava seu café da manhã, a garota apertou um doce com toda a força, esmagando-o em sua mão. Sentia-se imbecil por ter colocado seu namoro perfeito de lado por um mero capricho.
— Podia ter pegado mais leve, eu não tenho reação para isso — falou em um tom mais baixo.
— Eu preciso manter as aparências.
— Ok, dessa vez eu passo.
Levantou a cabeça, deixando alguns fios de cabelo caírem sobre o rosto. Ela ficava tão linda envergonhada que um sorriso genuíno surgiu no rosto de Cedric. O café da manhã manteve aquele clima agradável e ainda acanhado para ; depois, passaram o tempo juntos na sala comunal até o momento em que ela se despediu dele e saiu de braços cruzados com Penny, cada uma carregando um embrulho.
Elas iriam se encontrar com as outras amigas. Haviam combinado que, por volta das nove horas da noite, se encontrariam na torre do relógio para fazerem o amigo secreto. Rendendo boas risadas e adivinhações engraçadas, elas não perceberam o tempo passar.
O relógio badalou, anunciando que a meia-noite estava por chegar. Sabendo que seu acordo estava prestes a acabar, ela se despediu das amigas, mentindo que passaria a virada com Cedric e que se veriam amanhã pela manhã.
Entrou na sala comunal, e o silêncio era intenso. Estava vazia e iluminada como de costume, pelas luzes de Natal. Olhou para os lados, procurando por Cedric, até que o achou no andar superior, apoiado no parapeito. Sorriam ao se olhar, e ele movimentou a mão, chamando-a para subir até o andar.
— Oi.
— Oi, demorei?
— Não, como foi o amigo secreto?
— Divertido, ganhei lindas tiaras. — Levantou a sacolinha. — E você, passou esse tempo bem?
— Passei pensando... talvez eu passe a posição de capitão ano que vem. — Ele se referiu ao quadribol.
— Hm… — encostou no parapeito. — Eu posso dizer qual foi o motivo da nossa "separação"?
— Você pode falar que… — ele olhou para cima.
— Mas antes, eu preciso falar uma coisa.
Iria revelar seus sentimentos a ele.
— Um visco.
Um visco que ela nunca tinha visto antes estava elegantemente pendurado acima deles. pensou em seguir a tradição, mas hesitou ao ver Cedric se aproximar, deixando-a paralisada. Fechou os olhos involuntariamente ao sentir os dedos dele acariciando seu rosto, enquanto ele a puxava pela cintura, eliminando qualquer espaço entre eles. O beijo foi intenso e quente, uma troca de emoções que se desenrolava lentamente até que ela precisou interromper para recuperar o fôlego.
— O que você tem a dizer? É muito importante? — ele a mantinha em seus braços, olhando-a com um brilho sedutor nos olhos.
— É. — ela fechou os olhos e depois os abriu, reconectando-se ao que era. — Eu queria dizer que, antes de terminar nosso namoro falso, eu sempre tive sentimentos por você e sei do risco que isso envolve.
— Riscos? , eu passei duas semanas te chamando de minha garota e olhando para você o tempo todo. Todos os seus jeitos, olhares e sorrisos me fizeram sentir algo por você, desejar viver como seu namorado por um bom tempo.
— Então... — ela estava envergonhada. — Aquela declaração no café da manhã não foi apenas uma insinuação?
— Não mesmo. Eu me declarei para você ali, mas se quiser, posso fazer isso até você falar chega.
— Melhor se acostumar a fazer isso todos os dias, então.
— Então... — Ele deu um selinho nela. — Começarei hoje, na noite de Natal. — Mais um selinho. — Cada vez que nossos lábios se encontram, eu sinto que estou exatamente onde deveria estar. Feliz Natal — ele sussurrou contra os lábios dela.
— Feliz Natal, meu amor.