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Revisada por: Júpiter

Última Atualização: 24/11/2024

— Sem ir pro fundo, Naeun!
NamJoon chamou o mais alto que podia enquanto a bebê corria na areia. O som de ondas espatifando-se nas pedras escuras e Naeun rindo a cada vez que a água banhava a areia e encostava em seus pezinhos era música para os seus ouvidos.
Ele suspirou, aliviado, quando ela saltou na água rasa o suficiente para cobrir apenas seus tornozelos. A bebê gargalhou quando correu para longe da margem, areia branca e fofinha grudada em seus dedinhos. Seus olhos foram da água para o horizonte, mas ele não podia ver o Sol, o céu previamente azul tinha se tornado um rosa claro, com vestígios de laranja parcialmente oculto nas nuvens. O azul suave de meras horas atrás foi substituído por um fundo rosado e redemoinhos de lilás e azul.

Mais cedo, Naeun observava a sua réplica perfeita do castelo da Cinderela, aquele com que havia se familiarizado em apenas dois dias no Mundo Mágico da Disney – pelo menos, no de Orlando – ser desfeito pela água da maré. Seus lábios rechonchudos, semelhantes ao do pai, tremeram ao formar um beicinho imediato.
se sentou na espreguiçadeira, MyungSoo pressionado em seu peito e, no instante em que se levantaria, NamJoon pousou a mão em sua perna, acima da saída de praia, e lhe ofereceu um sorriso que a implorava para finalmente descansar. O compositor se sentia culpado, em especial, por não ter conseguido matricular os filhos na creche do resort onde estavam hospedados. Céus, ele amava os filhos, mas pagaria milhões por um mísero momento com a esposa. havia passado os últimos dois anos ou grávida ou trocando fraldas enquanto ele tentava – com sucesso – dar uma guinada na produtora que havia aberto em filial a Hybe. Então, concluiu que o mínimo que podia fazer era lhe dar alguns minutos de descanso antes que Soo despertasse. Reconfortada com a folga, a mulher o ofereceu um sorriso delicado por baixo do chapéu enorme que também fazia uma sombra sobre o membro mais jovem da família, rosto erguido para receber um selar em sua bochecha antes de observar o marido levantar-se e caminhar pelas dunas até a filha.
— O que houve, Nana? — NamJoon questionou em seu tom mais suave ao se ajoelhar na frente da garotinha, entristecido, pois Naeun fungava e esfregava os olhinhos.
O mar levou o meu castelo da Cinderela, papai ela respondeu com outro fungar, a voz miúda e tímida da primogênita partindo o coração alheio. Eu fiz um quarto para a Cinderela e o Príncipe, um para o Rei, para o Jaq, Tatá e o Bruno. As lágrimas finalmente escaparam os olhos da pequena, dedos erguidos ao enumerar os personagens. NamJoon lhe deu um sorriso triste ao trazê-la para seus braços, afagando suas costas como fazia quando bebezinha.
Pense assim, gatinha... NamJoon tocou na areia próximo aos pés da pequena, quase rindo pelo esmalte azul brilhoso na unha miúdas, estas sendo lavadas pela água que tocou em seus joelhos também. O mar pensou que o seu castelo era tão bonito, que quis levar e dividir com os outros oceanos e criaturas. Até com o... Apertou a boca, acariciando as trancinhas da filha ao tentar lembrar-se do maldito personagem. Sebastião! Lembra do Sebastião? O amigo da Ariel? O homem questionou-se o quanto a paternidade havia lhe mudado para até mesmo saber o nome de personagens da Disney. Mas a garotinha em seu colo valeria cada sacrifício, mesmo que fosse assistir Festa das Princesas doze vezes na semana. E aí, todos vão ver a obra prima que você fez.
Mas isso é roubar, papai! Naeun fez careta ao olhar para o oceano, o repreendendo igual sua mãe fazia quando riscava as paredes com giz.
O mar vai e vem. Dá e tira. Você com certeza vai receber algo em retorno por deixar a água dividir a sua criação, eu prometo. Nana o olhou com um sorriso pequeno, satisfeita com o retorno, imediatamente deixando a sua mente navegar para imaginar a mãe com aquele barrigão e um outro irmãozinho. O que podia fazer? MyungSoo era a sua coisa favorita no mundo inteiro! Logo depois de algodão doce.
Como o senhor tem certeza?
NamJoon ergueu a coluna, virando a cabeça do oceano para Nana, então para e Soo.
Ele trouxe a mamãe para mim. Você sabe de onde ela era, não sabe? Um lugar bem longe daqui.
Nana concordou ao tocarem no seu assunto favorito.
Lá de onde o Blu veio! disse, animada, como se precisasse lembrar o pai. NamJoon concordou com a cabeça, os nós dos dedos acariciando a bochecha macia da filhinha. De onde a vovó Eline vem todo ano me ver! Ele se questionava como poderia ter tido tanta sorte. Tem Copa... Copabanana.
Copacabana. — Não que importasse, Kim Naeun já estava serelepe de novo.
E o Jesus com os braços abertos! E água de coco! E guaraná!
Nana, você nunca nem provou guaraná... Mesmo após dez anos em um relacionamento com uma brasileira, ele não conseguia pronunciar corretamente a fruta. Mas Nana não se importou e encolheu os ombros, voltando a se acomodar confortavelmente nos braços protetores do pai. Mas, por fim, você conseguiu entender sobre o oceano? ele questionou, sustentando o bumbum da garotinha com a mão, nariz franzido ao imaginar ter de trocar a fralda a prova d’água depois.
Agora, alheio ao impasse, Kim MyungSoo sentava-se confortavelmente entre as pernas de , suas risadinhas de bebê enchendo o ar enquanto a mãe fazia cócegas em suas pernas e dava beijinhos no ombro do filho.
Será que o senhor pode falar com o oceano? Nana questionou em sua puríssima inocência, olhos enormes ao buscar alguma confirmação no rosto confuso do pai. Ainda que suas mãos estivessem empanadas de areia e água do mar, NamJoon não se afastou quando a menor apertou suas bochechas, logo imitando o pai e explicando-se por meio de um bico apertado. Pode pedir que ele traga algodão doce e guaraná para a Nana?

Um bufar baixo chamou a atenção do homem, o trazendo de volta para o presente e o fazendo olhar para baixo, na direção da figura pequena no canguru. Suas mãos grandes seguravam a forma com gentileza e um instinto protetor, nada confiante que o mais singelo vento não o levaria para longe. Como poderia? Tão pequeno e tão especial, que talvez até mesmo o oceano deseje roubá-lo. Uma mão descansava abaixo das costas, no bumbum protuberante pela fralda, e a outra na cabeça macia e com fios esparsos. Namjoon abaixou a cabeça para encontrar olhinhos curiosos o observando.
— Bom fim de tarde para você, Soo. A soneca estava gostosa? — ele riu baixo, em respeito à criaturinha ainda confusa por estar acordando, movendo a mão de sua cabeça para as omoplatas do menininho, massageando a pele macia com movimentos circulares enquanto erguia os olhos para buscar por Nana no rasinho. MyungSoo respondeu com um punho babado enfiado na boca, sons típicos de bebê e relutância para mover a cabeça fora do canguru, olhos enormes ao observar o céu rosa e lilás. Em uma outra vibe, a irmã mais velha e mais arteira já corria para a água e longe do pai. — Nana! Princesa, não vá longe! — NamJoon chamou, acelerando o passo e os sons que Soo fazia se entrecortaram, arrancando uma risada do bebê.
O idol estava quase no ritmo da filha quando uma figura o cortou na direção de Nana e outra risada, mais alta e madura, uniu-se para formar a melodia favorita dele.
— Deixa comigo, amor! — anunciou por cima do ruído do vento, atraindo atenção de ambos os filhos. O seu marido podia garantir que Soo estava perdendo a cabeça tentando localizar a mãe. avançou alguns metros antes de agarrar Nana pela cintura, girando nos calcanhares com a filha no ar. — Peguei você, monstrinha! — Nana gritou em meio a uma risada, a barriga doendo pelo exercício. , uma eterna criança, apanhou os tornozelos da filha, a menina ficando de cabeça para baixo e com o rosto próximo a água, mas na verdade, só na área do quadril da mãe.
Mamãe! — O chamado foi em português, a palavra e a entonação complicada para NamJoon se desenrolando com perfeição pela língua da filha. O homem não conseguiu evitar sorrir, assim como a própria , em um de seus momentos de maior telepatia, ambos se indagando a possibilidade do pequeno MyungSoo também absorver a segunda linguagem com a facilidade da irmã.
NamJoon não conseguia parar de olhar para o filho, então inclinando-se e pressionando um beijo carinhoso no cabelo dele. Ele sorriu ao olhar de volta para Nana e sua mulher, a filha ao lado da mãe, agarrando os dedos dela com a palma pequena ao saltitar enquanto as ondas se partiam e molhavam seus pés. Se aproximando, ele não hesitou em apanhar a mão livre de , que apertou a palma dele de volta e exibiu o sorriso mais satisfeito e relaxado do mundo para o marido. A brasileira estava nas pontas dos pés, esticando-se para beijá-lo, quando Nana deu um gritinho e se agarrou em suas pernas para fugir de uma onda e MyungSoo deu o bocejo mais alto conhecido pelos bebês do mundo inteiro. Sorrindo com a interrupção, escondeu o rosto no ombro de NamJoon, mão descansando no de Nana.
— Vamos voltar para o hotel? — o maior questionou, segurando-se para não bocejar como o filho, sua mão escorregando para as costas da esposa e descendendo um pouco acima de suas nádegas. sorriu de novo, assentindo com a cabeça ainda enfiada no pescoço dele e respirando a maresia e o perfume do marido. Era o mesmo perfume nos últimos dez anos desde que se conheceram. Nunca saindo de linha e apenas melhorando a fragrância.
adiantou-se para o baldinho na mão da filha e o sacudiu.
— Nana, vamos pegar conchinhas? — convidou a garotinha, abaixando-se na sua altura e limpando a areia em sua testa. A menção de conchas fez os olhos dela brilharem. — Aquela trilha ali tem muitas, bebê. — Apontou para o caminho que os levaria de volta para a área principal do resort, a mão abanando mais areia grudada no bumbum da filha e nas pernas. — Vamos?
Nana assentiu com a cabeça, zarpando na frente dos pais e do irmão como se sua vida dependesse de conchinhas. Mas se bem que dependia, certo? Jinah havia pedido por conchas, já que o pai dela, o Tio SeokJin, estaria ocupado demais para viajar com ela. Não que ambas entendessem o motivo e o quão importante um drama na KBS era.
— Kim Naeun, mais devagar!
Diferente de NamJoon, antes preocupado se a filha se afogaria, estava atenta às perninhas grossas e o equilíbrio da filha ao correr. Não sabia se tinha colocado band-aids suficiente para marido e filha na mala. A pequena era ironicamente semelhante ao pai, desde as bochechas e lábios, até o gosto por criaturas marinhas e conhecimento. Se bem que livrinhos de desenho sobre a vida marinha não são exatamente conhecimento. De qualquer forma, ela veio equipada: uma redinha, balde e pás para pegar o que quisesse. E, olhando a sua alegria, NamJoon não conseguia encontrar em si forças para reclamar do número de malas despachadas para trazer tudo.
— Ela quer ir ao Brasil, eu acho — ele comentou, um braço se esgueirando na cintura da esposa, essa ocupada demais apoiada em seu peito e fazendo caras e bocas para o filho.
abriu bem os olhos para olhá-lo, os dedos massageando o pé de MyungSoo enquanto tentava encontrar humor na cara do marido. Joon não conseguiu não sorrir com a surpresa dela. Mesmo após duas gravidezes, a mulher não parecia envelhecer nunca.
— Ao Brasil? Por quê? — Não que fosse aversa a retornar a seu lar por alguns dias, mas o tema a fez questionar o que poderia ter levado a garotinha a querer ir.
Acariciando a pele macia da cintura dela, NamJoon respondeu, corado:
— Conversa vai, conversa vem, eu posso ter mencionado que você foi um presente que o oceano trouxe para mim. — MyungSoo bocejou com o papo e a mãe voltou a massagear seus pés, sorrindo para o marido e os resquícios de um rosado em suas bochechas bronzeadas. abaixou o rosto e agarrou-se a camisa dele, encantada com a forma que o homem sempre arranjava maneiras de ensinar pequenas coisas para os filhos, dedicado ao extremo a fim de ser um bom pai. E ele realmente era. soltou um “ah...” apenas para fazê-lo corar ainda mais. — E ela decidiu me contar tudo o que sabe sobre o Brasil.
Ambos pararam de caminhar, pacientemente aguardando enquanto Nana lutava com uma concha em particular. As marias-chiquinhas da menininha balançavam com o vento e Joon automaticamente apertou MyungSoo ainda mais no peito.
Alice, bebê, está ficando frio. Vamos indo, amanhã podemos voltar. — Naeun assentiu com a cabeça, fingindo limpar um suor exausto da testa e voltar a marchar trilha acima para o hotel. Se inflasse ainda mais o peito de orgulho da filha que, com apenas dois anos e meio já compreendia dois idiomas, iria estourar. Atentando-se de novo ao marido, cutucou com o dedo do pé a concha teimosa ao passarem por ela. — Minha mãe ainda está cobrando um nome em português para o Soo.
NamJoon afagou o bumbum do filho e beijou o cabelo da esposa, olhos fixados em Nana. Ou Alice, como foi a escolha dos dois devido à necessidade da família de ter um nome mais fácil para reconhecê-la. E, agora que chegava a vez de Soo, teriam de se sentar por algumas horas para decidir.
— Que tal “Benjamin”?
quase não reconheceu a pronúncia do marido. Joon estava inclinado a sempre pronunciar nomes e outras palavras brasileiras com um sotaque americano, gastando todo o seu inglês em vão. Mas “Benjamin” soou tão natural e... brasileiro, que ela não sabia como se negar. Ainda mais quando somada à carga emocional que o nome carrega para ela. Era o avô mais querido de , quando ainda carregava o sobrenome dele e era a sua neta mais querida. Em meio a quatro meninos, foi a mais mimada em disparada, recebendo até uma viagem para Seoul onde, em vez de conhecer e casar-se com Choi MinHo, conheceu e casou-se com Kim NamJoon, RM do BTS (que jurou jamais gostar) e faz morada no país após uns anos. E com o marido oferecendo o nome de uma das pessoas que mais amou para batizar o filho, não havia dúvida alguma.
— Eu gosto de Benjamin. — Ela observou MyungSoo. Infelizmente, não havia muito de seu avô nele, mas gostaria de imaginar que tinha. — Obrigada, Joonie.
O casal parou nos trilhos, os lábios insistentes dela pressionados nos dele, um agradecimento físico pelo agrado tão significante. Em outro momento, ela estaria nos braços do marido; pernas em sua cintura e peito apertado contra o dele, cambaleando para uma das cabanas particulares na praia. Mas agora, o pequeno Benjamin, ou Benji (como foi apelidado pela irmã quando soube do novo nome), estava aninhado no peito do pai, fugindo da brisa refrescante e Naeun estava perto demais. Perto o suficiente para que a ouvissem chamar e encerrassem o ósculo, atentos para a Nana apontando para o céu com a pá amarela e um sorriso enorme.
— Papai! — Kim Naeun exclamou, o sorriso nítido em sua voz enquanto os pais erguiam os olhos para as nuvens acima deles, o céu noturno em um lilás adorável enquanto se mantinha indeciso entre tarde e noite, estrelas surgindo e a lua os espiando por entre palmeiras. — Algodão doce!
— Isso aí, Nana! — NamJoon concordou, trazendo uma maravilhada ainda mais para perto.
decidiu completar: — Nuvens de algodão-doce.



FIM.


Nota da autora: Oiê! Espero que tenham gostado :D

Nota da beth: Eu vou explodir de amor, que história mais fofa 😭💜

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