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Codificada por: Cleópatra (Mari)

Finalizada em: 20/07/2024
18 de Abril de 1933
St. Louis, USA

A mulher entrou como se fosse dona do lugar, mesmo que a época não permitisse tal comportamento de uma dama solteira, era o tipo de mulher que exalava poder. Ela era segura de si e de cada passo que dava em cima dos saltos. nem acreditou quando a viu, ela ostentava um cabelo rosa preso para trás e uma franja ondulada caindo na lateral do rosto, suas pálpebras delineadas destacando os olhos verde esmeralda e as sobrancelhas bem arqueadas. era uma mulher bela, e seria impossível o não notá-la. Ficou achando ousado quando ela sentou no banco alto do bar e pediu uma dose de whisky, ela parecia ser conhecida do barman, um cara loiro e boa pinta.

levantou de onde estava e foi até ela, sentando ao seu lado, o perfume parecia ter sido extraído das rosas mais perfumadas de todo o país; era inebriante, segundo ele. O moreno trocou algumas palavras com ela e em poucos minutos estavam rindo e se divertindo um com o outro e como já era de se esperar, o levou mais uma para a cama; para a dela dessa vez. chegou em casa no dia seguinte com um sorriso no rosto.

— Parece feliz. — comentou.

— E estou, que mulher, irmão… Que mulher.

— Qual o nome dela?

, .

— ‘Hm…

— Perguntou o sobrenome dessa vez. — surgiu na cozinha debochando do melhor amigo. — Você bem que poderia me arrumar alguma, ‘né?

— Caso saísse mais de casa, arrumaria por conta própria. — O mais velho deu de ombros, servindo-se de café.

, era o irmão mais novo de , sempre estava com ele. , era primo dos dois e melhor amigo do mais velho, seus pais tinham sido assassinados pela polícia, assim como os pais dos irmãos e desde então moravam juntos. Mesmo que não tivessem decicido morarem juntos quando seus pais morreram, em algum momento o trabalho os obrigaria a isso, já que eles eram uma família de ladrões, quando a geração passada morreu, eles assumiram os crimes, pois o legado era passado de geração em geração.

Com o passar das semanas, estava cada vez mais enrolado com , ele parecia estar apaixonado por ela, então o mais novo decidiu que era hora deles mudarem os ares, no entanto, queria incluir algo em suas viagens, o que deixou os seus companheiros de crime enfurecidos.

— Você perdeu o juízo? — bateu na mesa.

— Vamos ficar aqui no St. Louis por mais tempo, eu só preciso ter a certeza que ela é de confiança. — falava com propriedade.

— Irmão, isso está fora de questão! — O mais novo alterou a voz. — Você se encantou por um rabo de saia e quer colocar tudo a perder?

— Vou trazer ela aqui para conhecer vocês e creio que irão pensar o mesmo que eu. — O de cabelos longos deixou a sala de jantar pisando duro.



25 de Abril de 1933
St. Louis


era um gênio, pena que ele usava isso para o crime, ou não, não é? Para os Uchihas era de grande ajuda. Ele entrou na sala com um sorriso malicioso, sempre que ele tinha alguma ideia era com esse sorriso que o mais velho aparecia em frente aos dois companheiros. o mirou de soslaio e apenas esperou o que ele tinha a dizer, já não tinha tanta paciência e logo perguntou: — O que você tem para nós, Irmão?

— Vamos até o Forest Park, coloquem um terno decente.

— O que vamos fazer lá? Só vai ‘granfino. — franziu o cenho.

— Só se arrumem. — Os dois concordaram a contragosto, mas foram na ideia do mais velho, que sempre sabia o que estava fazendo, então algo bom deveria ser.

Chegaram na parte subterrânea do hotel onde havia um nightclub ilegal, nada novo para eles já que os bares que iam eram todos assim. Com a lei seca que se instaurou em todo o país, era assim que todos bebiam seus drinks e bebidas favoritas; ilegalmente. andou em direção aos três devagar, segurava uma taça de martini, com um palito fincado em duas azeitonas, de forma graciosa. Ela usava um vestido vermelho até os joelhos, colado ao seu corpo, o batom rosa claro deixava seus lábios atrativos e o rímel deixava o verde de suas orbes mais chamativas. A sorriu discretamente ao passar por eles, que estavam hipnotizados com a beleza dela, saindo logo em seguida em direção a uma mesa onde jogavam cartas.

— Vamos para o bar. — O mais velho chamou a atenção dos outros dois. Sentaram nas banquetas e pediram suas bebidas. — Prestem atenção nela.

e se entreolharam e ficaram sem entender, o caçula olhava com atenção, via os movimentos que a fazia e ela parecia realmente entender de carteado. Aquele bar só recebia a mais alta classe do Missouri, ou seja, pessoas realmente ricas e quando menos o mais novo esperou, ele viu ela roubando jóias, relógios, carteiras e até mesmo no jogo. Ela era uma puta de uma ladra. olhou para como se dissesse que tinha entendido o que ele tinha dito, um sorriso surgiu nos lábios dos três e aquela era a prova de que ela era de confiança. Contudo, sempre foi o mais desconfiado dos três e queria testá-la, um carregamento de armas chegaria no domingo e eles precisariam delas para o próximo roubo. Naquela noite foi para a casa dos Uchihas, ao chegar sentou na mesa, cruzou as pernas e acendeu um cigarro camel.

— Então… — ela tirou sua pocket hammerless da cinta liga e colocou na mesa de jantar, atraindo os olhos saltados dos mais novos —, como vai ser?

soltou uma risada anasalada. — Vamos com calma, amor — disse o mais velho ao sentar ao lado dela e apoiar seu braço em volta do pescoço da mulher. — Temos que roubar um carregamento de armas, temos algumas, mas precisamos de umas melhores, e mais munição, claro. — O de cabelos longos pegou o cigarro que estava entre os dedos de e tragou a fumaça.

— Entendi, acho que será fácil. — Ela pareceu pensar. — Creio que só precisamos criar uma distração… — Ela deu um sorriso malicioso.



02 de Maio de 1933
Em algum lugar da ferrovia

era telefonista, então ela tinha um conhecimento inacreditável da vida dos moradores da região, ela criou a distração perfeita bem no meio da cidade de St. Louis, o prefeito descobriu que sua mulher estava dormindo com um de seus aliados. O centro da cidade virou um burburinho, atraindo todos os policiais para lá e assim, deixando livre a passagem para eles irem até o trem. Os quatro seguiram no carro para uma parte deserta onde passaria o trem, saltou para o vagão e passou as armas e munições para e que estavam no carro, enquanto dirigia acompanhando o trem. Quando tiveram o suficiente, partiram para a casa dos ’s, comemorando assim a conquista das suas ferramentas de trabalho.

parecia estar completamente enfeitiçado por , e agora não só ele, mas como também a olhava do mesmo jeito, enquanto a dançava ao som de Ivie Anderson, com uma garrafa de whisky em mãos, pelo meio da sala, os dois a admiravam de forma desejosa e foi nessa noite de bebedeira que pôde perceber a troca de olhares entre e . já estava muito alterado para perceber algo, e o caçula podia até ser o mais impaciente, mas era o mais perspicaz. Ele riu de tudo aquilo, sabia que uma hora ou outra isso iria os levar para a prisão e restaria a ele, tirá-los de lá, pois se tinha uma coisa que tinha deixado bem claro, era que ela era chave de cadeia. Não que os Uchihas fossem muito diferentes, mas sabiam driblar as grades muito bem, já a mulher que agora os acompanhava, eles não sabiam muito bem.

Na manhã seguinte, entrou na cozinha onde estavam seu irmão, primo e companheira, lendo um jornal, sentou à mesa e avisou: — Amanhã vamos para Williamsburg.

— Recebeu alguma informação? — perguntou.

— Nem precisei. — Colocou o jornal em cima da mesa, onde tinha uma matéria sobre um novo banco que tinha acabado de ser instalado na cidade. — Sabe o que significado novos bancos, não é? — O mais novo apenas assentiu sorrindo.

Os bancos novos costumavam ser o centro das atenções da cidade, então ninguém suspeitaria deles, caso entrassem e ficassem tirando fotos ou olhando atentamente para tudo. Eles precisavam estudar o espaço e isso os ajudaria. Arrumaram toda a bagagem no Ford cupê V-8, o carro mais potente que conseguiram roubar e no dia seguinte, logo cedo, deixaram St. Louis. Williamsburg não era uma cidade grande, mas tinha lá seus atrativos, ainda não havia uma ferrovia, então a movimentação da cidade ficava por conta dos habitantes nativos e a segurança não era tão rígida. Ao chegarem, foram em busca de um hotel e após acharam o quarto perfeito, que dava vista para o banco, finalmente sentaram para discutir os preparativos para o plano.

— Acho que devemos começar sondando a cidade. — começou.

— Isso é importante, mas principalmente o banco. — complementou sentando na poltrona próxima da janela. foi até ele enquanto acendia um cigarro e sentou no braço da poltrona, sendo segurada pela mão do em seu quadril. — , você fica responsável pelo banco.

— Eu vou até o centro para analisar os moradores. — A escorregou pelo couro marrom, ficando quase sentada na perna esquerda de , e cruzou as pernas dentro da saia lápis. Tragou o cigarro e colocou nos lábios do moreno. — , você deveria ir nos bares e barbearias, esses lugares vão nos dar informações.

— Concordo plenamente. — O mais velho sorriu, recebendo o cigarro de em seguida.


09 de Maio de 1933
Williamsburg

Semanas exaustivas seguiram, foi ao banco algumas vezes depositar e retirar dinheiro, com um nome falso, óbvio. Ele era o mais observador, então a tarefa de analisar o banco era perfeita para ele. e , separadamente, visitaram os mais diversos bares, lojas e barbearias, eles precisavam estudar com muito cuidado o andamento da cidade. Já ficou responsável por analisar a entrada do banco da janela do quarto do hotel, quantas pessoas entravam e saíam por dia e qual era o dia em que o carro forte ia ao banco. Era necessário saber quando o movimento de pessoas diminuísse, pois seria aí que todos os habitantes teriam depositado seus dinheiros, e aí sim eles poderiam colocar o plano em ação. Tudo estava muito bem esquematizado.

Sem dúvidas o natal era uma época incrível, mas para os Uchihas, e agora também, eles viam uma oportunidade. As fantasias de papai noel ajudariam no roubo, afinal, ninguém suspeitaria de pessoas usando algo no tema natalino. e foram os primeiros a entrarem no banco, abateram os seguranças e os amarraram, deixando livre a entrada para arrombar o cofre. Foi fácil colocar o dinheiro em grandes sacos vermelhos e saírem de lá sem chamar atenção de ninguém, os três entraram no carro, que estava dobrando a esquina, onde estava de motorista e deixaram a cidade para trás. O roubo tinha sido um sucesso e daquele momento em diante, souberam que escolher a para se juntar a eles, tinha sido a melhor das ideias. No entanto, na cabeça de ainda parecia um tanto perigoso, já que ele olhava pelo retrovisor e via a beijando e em seguida , aparentemente tudo estava sob controle, até chegar o momento de não estar mais; mulheres.

A viagem até a próxima cidade que tinha um banco era longa, porém por onde passavam, lojas de conveniência em postos no meio da estrada, supermercados de cidades pequenas e pessoas de carro, eles assaltavam. Eles não tinham um alvo fixo, mas tinham um objetivo; dinheiro. Quando chegaram em Boonville notaram que deveriam ser mais cuidadosos, afinal, o banco já era antigo, não teriam a facilidade que tiveram em Williamsburg. Começaram a reconhecer o local e a movimentação de pessoas, e principalmente do dinheiro. Começaram a juntar as informações que conseguiam em bares e nos próprios jornais, os leilões de gado feito pelos fazendeiros das cidades vizinhas. Eles iam vender seus gados nas cidades vizinhas e ao voltarem, depositavam seu dinheiro no banco.

— Temos que esperar o leilão de sábado, pelas minhas contas, os fazendeiros devem voltar na segunda para depositar o dinheiro. — falava confiante. — Com isso, devemos fazer o assalto na terça.

— É um dia de pouco movimento na cidade, acho que não devemos ter problemas. — pontuou.

— O que acha, ? — olhou para a mulher, que estava parada na janela admirando a rua, ela puxou a fumaça do cigarro e encarou os três homens que esperavam uma resposta de si.

— Acho que você é inteligente demais para algo dar errado, . — Ela olhou para o mais velho e sorriu, deixando levemente incomodado, era notório o ciúme começando a surgir devido ao maxilar tensionado e o olhar cerrado.


17 de Maio de 1933
Boonville


Os três estavam no quarto quando adentrou o ambiente eufórica, atirando o jornal em cima de uma das camas. Os três homens se entreolharam e em seguida desviaram a atenção para ela.

— Estamos famosos, garotos. — Ela sorriu largo e sentou na poltrona. — Eu achava que só armas eram o suficiente, mas a fama está facilitando a nossa vida.

— Não vejo isso como algo bom. — O caçula comentou.

— As pessoas estão com medo de nós, como não pode ser bom? — A refutou, acendendo o Camel em sua mão.

— Eles estão se preparando melhor, a polícia está esperta. — Foi a vez do pontuar.

— Não tão inteligente como nós. — O mais velho sorriu travesso, pegando o cigarro da mão da , que recebeu um beijo dele no dorso. — Está tudo sob controle.

[...]

estava a postos na rua lateral do banco esperando os três saírem pela porta lateral que dava em um beco. O caçula ao ver e vindo em sua direção, já ligou o carro e ao olhar para frente viu o seu primo correndo em sua direção pela saída da frente do banco.

! — gritou e foi em direção a ela, mas não chegou a tempo. volta sua atenção ao beco e vê o policial mirando a arma para a , que se assusta. pula na frente dela e atira ao mesmo tempo que o policial, os dois são baleados.

! — A mulher o segura e logo chega até eles para ajudar a levar o mais velho para o carro. — , acelera! — gritava enquanto pressionava o ferimento no ombro de .

— Estou indo o mais rápido que eu posso.

Conseguiram chegar em um posto de beira de estrada, saiu às pressas do carro e comprou os primeiros socorros e voltou. olhou e ditou mais algumas coisas para ele comprar. Ele voltou até a conveniência e comprou o que ela pediu, também perguntou ao atendente onde ficava o hotel mais próximo. Quando chegaram em uma hospedagem, nada confiável, entraram em um dos quartos carregando . O deitaram na cama e a tentava manter a calma, o caçula caminhava de um lado para o outro. era bem sério e centrado, entretanto, quando se tratava do irmão sua ferida doía. Era um de seus piores medos; perdê-lo, assim como perdeu sua família.

rasgou a roupa que ele usava enquanto pedia algumas coisas para , ele tinha perdido bastante sangue e precisava retirar a bala com urgência para poder suturar. Ela já tinha feito procedimentos assim por necessidade, estudou sobre esse tipo de coisa devido a vida que levava. A respirou fundo e pressionou a clavícula com a palma, enfiando em seguida o dedo no buraco até sentir a bala, o ferido se contorceu. Os outros 's franziram o cenho diante de tal cena, pareciam estar sofrendo tanto quanto ele. Quando a mulher sentiu a bala, retirou o dedo e o limpou na bacia com água que tinha trazido. Pegou a pinça que pediu para comprar e engoliu em seco antes de levá-la em direção ao ferimento.

— O que vai fazer? — praticamente gritou.

— A bala está alojada, eu não posso fechar com a bala lá dentro, ele morreria de infecção.

— Você sabe o que está fazendo?

— É claro que sei! — exaltou-se. — Você acha que eu o machucaria? — O caçula apenas bufou e acenou para que ela continuasse.

Após a retirada da bala e a sutura do ferimento, ainda ardia em febre. estava preocupada e então pediu para que e fossem comprar remédios. Os dois foram até uma farmácia que o recepcionista do motel indicou e ao voltar, viram pela janela do quarto que acariciava os cabelos de . Ela não tinha saído do lado dele, talvez se sentisse culpada por ele ter entrado na frente dela, afinal, o tiro teria sido nela.

— Ela é realmente confiável. — mirou , que parecia absorto em seus pensamentos. Foi ali que o seu primo deu sinais ainda mais claros que estava com ciúmes e até mesmo inveja, ele parecia querer estar no lugar de , talvez apenas para ter a atenção que ele recebia da .



23 de Maio de 1933
Em algum lugar na rota 70


Com o passar das semanas não melhorava e os outros começaram a ficar desesperados, principalmente . A possibilidade iminente de perder assolava sua mente dia e noite, fazendo com que ele deixasse sua razão de lado. Com a pressão, as brigas e discussões começaram a surgir. O ferimento parecia estar inflamado e os remédios que vendiam em farmácias já não eram suficientes, ele precisava ver um médico o mais rápido possível.

— Nós não podemos ir a um hospital! — repreendeu .

— Ele vai morrer!

— Vamos pensar com calma — olhou para trás —, e falar mais baixo, vocês vão acordá-lo.

— Eu estou acordado, . — Os três olharam para trás ao ouvir a voz do mais velho.

, você está bem? — A foi até ele e sentou ao seu lado. — Quer água ou algo para comer?

— Obrigado, mas não. — sentou-se na cama com a ajuda da . — Lembrei de algo… — e se aproximaram com esperança. — , vocês lembram dele?

— O filho do amigo do papai?

— Sim, ele se formou em medicina, não? — olhou para como se buscasse respostas. — Ele deve favores ao nosso pai.

— Ele mora em Kansas, são apenas três dias de viagem. — falou animado. — Amanhã cedo partiremos para lá.

Três dias de viagem e chegaram ao seu destino, não foi difícil achar a casa do doutor , afinal, ele era um dos poucos médicos cirurgião da cidade. Por mais que ele fosse contra a vida que os 's levavam, tinha uma dívida pela ajuda que recebeu de Fugaku, pai dos irmãos. Ao chegarem na casa do médico, teve que convencê-lo a ajudá-los, mas ao ser lembrado da grande dívida que tinha com os 's, aceitou. Caso negasse, sabia que seria obrigado, sabia bem até onde eles chegavam para conseguir o que queriam. O doutor analisou o estado do ferimento e recebeu elogio pela sutura que tinha feito, já foi medicado de forma apropriada. Dali em diante ele se recuperaria de forma rápida, mais alguns dias e ele estaria cem por cento novamente.

foi conhecer a cidade em que estavam após se instalarem no hotel, era nítido a falta que ela sentia de roubar da alta classe, pois chegou no quarto do hotel com uma sacola em mãos, um sorriso no rosto e uma ideia maluca.

, vamos ao baile que vai ter no Howard hotel.

— Como? — O mais novo uniu as sobrancelhas.

— Vamos conseguir informações da cidade, além de claro, roubar os ricos. — Ela riu malicioso.

— Acho uma ótima ideia, gostaria muito de ir, mas os remédios me deixam grogue demais. — suspirou. se aproximou dele, fez carinho em seu rosto e o beijou na testa.

— Fique tranquilo, vamos arrumar uma boa aventura para nós. — Ela piscou para o mais velho, que retribuiu com um sorriso.

— Vão, eu fico com . — sorriu de canto ao receber um selinho da em agradecimento. Era evidente o quanto ele queria impressioná-la.

O Howard hotel recebia os mais diversos eventos, dessa vez era apenas mais um dos bailes da alta classe de Kansas city. se esgueirava entre as pessoas, flertava com alguns homens, que achavam que a levariam para a cama, mas mal sabiam eles que ela já tinha conseguido o que queria; seus relógios e carteiras. , assistia tudo de longe bebendo um whisky, mantinha seus olhos e ouvidos bem abertos, pois qualquer informação seria importante. O banco de Kansas era um dos centrais do Estado, não seria nada fácil roubá-lo, e naquela festa, com banqueiros, empresários e donos de grandes fazendas, eles teriam a chance de descobrir alguma brecha.

tinha conseguido descobrir quem era o gerente do banco, então foi dele que ele ficou mais próximo. Em dado momento, ouviu uma conversa dele com outro homem, aparentemente o gerente conversava com o dono da estação ferroviária, que disse que o trem tinha quebrado com uma carga valiosa. Tal carga deveria ser guardada no banco e isso seria feito na segunda-feira. O caçula viu uma oportunidade que não poderia passar, pois se a carga estava sendo transportada de trem, poderia ser só uma coisa; ouro. Ouviu dos homens que o conserto do trem levaria três semanas, então esse era o tempo que tinham para estudar o funcionamento do banco. Era arriscado, mas não impossível.





30 de Maio de 1933
Kansas city


sabia que tinha sido sua melhor escolha para acompanhá-la ao baile, mas jamais imaginou que ele teria tanta malícia para descobrir um carregamento de ouro. Aquilo era grande, seria um assalto que todo o mundo falaria durante anos. Ela se animou quando eles conversavam a respeito disso no quarto do hotel, sorria enquanto dividia um cigarro com a , que estava sentada em seu colo. ficou orgulhoso do irmão ser tão esperto, o elogiou e disse que precisariam começar os trabalhos o mais rápido possível. Menos de três semanas para analisar a movimentação de um banco, grande como o de Kansas, não seria fácil. Contudo, caso eles fossem minuciosos, tudo daria certo.

Tarde da noite, acordou para ir ao banheiro e viu a porta do quarto, que dava para uma pequena varanda, aberta.

— Eu quero me casar com você, . — falou ao passar o cigarro para a .

— Você fala demais, . Não acredito em uma só palavra. — Ela riu com humor.

— Estou falando sério! — exclamou ele. — O que eu preciso fazer para acreditar?

— Depois do assalto me peça em casamento, com direito a anel e você de joelhos na minha frente. — Ela soltou a fumaça e se aproximou do , o beijou com volúpia enquanto o moreno agarrava sua cintura com força.

— Isso é uma promessa, .

— Mal posso esperar.

O dia tinha chegado, era o dia do assalto e por mais que eles tivessem assaltado inúmeras lojas, conveniências, supermercados e bancos, estavam nervosos. Eles tinham analisado tudo, elaborado um bom plano e estavam confiantes de que daria tudo certo. Saíram no carro e ao chegar no beco atrás do banco, os três desceram com as Thompsons, colocaram suas máscaras e partiram para entrar no banco. deu partida no carro e fez a volta no quarteirão, ele ficaria do outro lado da rua os esperando. Eles teriam que sair pela porta da frente, era a única entrada e saída do banco por questões de segurança. O caçula estava ansioso, ficava olhando para a porta do banco a cada cinco minutos. Queria, ou melhor, desejava que eles saíssem logo e eles fossem embora daquela cidade.

Quando ele finalmente viu os três saindo do banco, no mesmo instante ele ouviu o barulho de pneus derrapando no asfalto, eram carros da polícia. se desesperou, seu coração quase saltava do peito e a respiração ficou acelerada. foi o primeiro a disparar contra os policiais e acabou levando um tiro na barriga, caiu no chão com o impacto e a dor. correu até ele gritando seu nome e com o movimento rápido dela, um policial atirou e com isso, se colocou na frente dela.

— Não! — gritou, já com lágrimas nos olhos, segurando os dois homens que se encontravam um de cada lado.

segurava o volante com força enquanto assistia o pior de seus pesadelos. Ele não conseguia se mover, encontrou os olhos verdes da e ela parecia ter perdido a vida, mesmo antes de ser baleada. Ela apenas levantou a arma e começou a atirar em todos os policiais, que metralharam os três e então essa foi a vez de gritar, alto o suficiente para chamar a atenção dos policiais. Ele ligou o carro e começou a dirigir o mais rápido que pôde, ele corria pela avenida principal de Kansas, ele queria sair dali, sair daquele pesadelo. Ele agora não tinha mais ninguém. Viu sirenes pelo seu retrovisor e apertou ainda mais o pedal do acelerador, mas já estava na velocidade máxima que o carro aguentava.

— Porque… porque eu perdi tudo? — Ele sentia lágrimas molhando o seu rosto, e então, uma sirene ficou nítida em sua frente, fazendo com que ele freasse bruscamente e capotasse o carro.


09 de Abril de 1933
Kansas city

— Mais alguma pergunta, senhorita ? — O policial perguntou.

— Sim. — Ela respondeu e voltou sua atenção a . — O que você acha que vocês fizeram de errado?

— Nós confiamos demais que poderíamos fazer um assalto dessa magnitude em tão pouco tempo.

— Entendo. Eu sinto muito pelo seu irmão e primo, mesmo que sejam ladrões, acredito na sua dor. — A jornalista falou com sinceridade. — Outra coisa que gostaria de saber.

— 'Hm…

— Como sabia do encontro no bar de e ?

— Eu estava lá, eu sempre estava.

— Quer deixar algum recado para alguém na última matéria do jornal?

— Não, você contar a nossa história já é o suficiente. — sorriu de canto. — Acho que assim, nossa memória vai ficar viva.

— Vamos, . — O guarda o puxou da cadeira e foi levando o detento que foi condenado à cadeira elétrica por assassinato, formação de quadrilha e assalto qualificado.

— Mais uma coisa — virou para encarar a jornalista, que já tinha guardado seu bloco de papel e levantado da cadeira —, obrigado, .




Fim.


Nota da autora: Eu posso dizer que tenho um pouco de orgulho dessa história? Eu gosto muito dela, pelo plot, pela construção dos personagens e do romance. Não é uma história feliz, já aviso, mas espero que vocês gostem!

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