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Revisada por: Saturno 🪐

Última Atualização: 31/10/2024

Minha vida nunca foi um conto de fadas. Acho que nenhuma é. No meu caso, as coisas só foram mais… violentas.
Filha de um dos assassinos de aluguel mais procurados dos Estados Unidos, nunca pude levar muitos amigos para minha casa nem dormir fora por quase toda a minha vida. Sempre foi assim e nunca me importei muito. Gostava de fazer as coisas sozinha, sem depender muito das pessoas para ser feliz.
Quem vê assim, imagina que tive uma vida infeliz. Muito pelo contrário, meu pai me criou com todo o amor que uma criança merece. Sempre tive do bom e do melhor, como queria e quando queria. Eu era chamada de princesinha pelos capangas de meu pai, que até o momento já havia construído um império.
Você deve estar se perguntando. Mas e minha mãe? Bem, uma coisa que meu pai valoriza muito, tanto com sua facção, quanto na família, é a lealdade, a fidelidade. Acho que já dá para saber o que aconteceu, não é mesmo? Um dia ela acabou sendo pega na cama com o braço direito do meu pai. Foi preciso apenas alguns minutos e tanto ela, quanto seu amante fizeram a passagem.
Como eu fiquei? Obviamente, no início, fiquei extremamente revoltada com meu pai, mas isso logo passou. No fundo, eu sabia que ele estava certo. Nenhuma traição deve ser perdoada.
Nesse momento você pode me achar louca, sem coração. Entenda, não é como se ela tivesse sido uma boa mãe. Na verdade, tenho minhas dúvidas se ela era minha mãe mesmo. Quem me criou, quem me deu amor e carinho, foi meu pai. Ela me tratava com indiferença, como se eu fosse um fardo em sua vida. Então, não me julgue por não sentir sua falta.
Por ter sido criada nesse ambiente, eu me tornei uma mulher um tanto… temperamental. As coisas precisam ser do jeito que eu quero, quando eu quero.
Lembro uma vez, muito engraçada por sinal. Um menino que eu gostava na época da escola começou a flertar de volta comigo. Nós até tínhamos combinado de sair, claro, com meu segurança à paisana. Mas, de última hora, uma outra garota o chamou para sair, ele me deu um bolo. Eu descobri mais tarde que ele só havia me usado para fazê-la sentir ciúmes dele. E o que tem de engraçado? Ah, vamos dizer que ele ficou com algumas cicatrizes no rosto. Sabe como que é, unhas compridas…
Desde então, sempre que tenho algum acesso de raiva, sempre me falam “, você não é como seu pai”.
Onde eu estava mesmo? Ah, sim. Traição, é uma palavra engraçada. Significa quebra da fidelidade, deslealdade. Sabia que ela vem da mesma origem da palavra tradição? Pois é, aqui é cultura, caro leitor.
Sabe uma palavra que também gosto muito? Vingança. Podemos trocar por punição. Mas eu gosto mais de justiça. E é agora que chegamos ao ponto pelo qual acredito que você está lendo. Você não está aqui para ouvir a história de uma garota que deu a volta por cima em sua infância perturbada e é uma nova mulher. Você está aqui para saber uma coisa. Como eu matei meu noivo e minha melhor amiga.
Então venha, pegue uma cadeira. Se for sensível a sangue, aconselho que procure outra coisa, você foi avisado.

💋


Faz alguns meses, quase 1 ano. Estava preparando meu casamento com Ethan. Ele foi meu namorado desde a faculdade, e quando ele pediu minha mão, não foi nenhuma surpresa para nenhuma das famílias. Já estava quase tudo pronto, tinha minha dama de honra, minha melhor amiga desde sempre, e seu namorado seria o padrinho do lado de Ethan.
Era um dia quente do verão na Flórida, essa época do ano era insuportável as vezes. Estava na beira da piscina, tomando um sol, quando me entregaram um envelope. Era de Dean, o ex-namorado de Alice, minha melhor amiga. Fazia alguns dias que ela descobriu que esse cretino havia a traído. Ele estava desaparecido desde então, por quê? Vamos dizer que ele temia por sua vida. Com uma sobrancelha levantada, abri o envelope. Seu conteúdo era feito de apenas fotos de ninguém mais, ninguém menos que Ethan e Alice juntos. As fotos não eram de um noivo e uma dama de honra que estavam apenas acertando algum detalhe do casamento. Ah, não. Eram fotos muito mais... íntimas.
Olhar aquelas fotos não me deixou triste, não me senti mal por ver aquelas promiscuidades. Senti raiva, alguma coisa deveria ser feita. Afinal, a traição só é punida de uma forma. O último conteúdo do envelope era um endereço e uma mensagem, informando que eles iam para esse lugar todos os dias, depois das 00:00. Então guardei as fotos de volta no envelope e subi até meu quarto. Sempre gostei de algumas coisinhas diferentes na cama, então ter perucas não era nenhuma novidade.
Coloquei um macacão preto, colado no corpo. Prendi meus cabelos perfeitamente e coloquei uma lace preta que ia até a altura dos ombros. Fiz uma maquiagem que me deixava praticamente irreconhecível. Peguei minha arma, coloquei meus Louboutin e fui até o escritório do meu pai. Precisava de um favor.
— Papai. — Entrei em seu escritório sem bater. Ele estava conversando com um de seus capangas. Nunca precisei saber seus nomes, eles sabiam o meu, era isso que importava. Assim que meu pai encontrou meu olhar, apenas acenou com a mão para seu fantoche, e ele saiu sem dizer uma palavra.
— Princesa, vejo que vai sair. Mas eu esconderia a arma melhor se fosse você — ele falou, como se o fato de ter um revólver em minha mão fosse a coisa mais normal do mundo. Bem, era.
— Preciso de um favor… — disse, me aproximando de sua mesa e me sentando ao seu lado, colocando a arma em sua mesa. — Você teria um silenciador? — Ele observou a arma, analisando.
— Até tenho, mas posso saber aonde vai tão… pronta para matar? — meu pai perguntou lentamente. Sabia que ele não me negaria nada, mas parecia claramente curioso. Peguei o envelope que estava no bolso do macacão e entreguei para ele.
Meu pai levou meio segundo analisando as fotos, antes de abrir uma gaveta e me entregar não só um silenciador, como também uma faca e uma chave mestra. Sorri para ele, antes de me jogar em seus braços, beijando seu rosto.
— Você é o melhor pai do mundo, sabia?
— Pior que eu sei — ele respondeu satisfeito, enquanto observava eu guardar a faca e acoplar o silenciador. — Quando acabar, me ligue. Vou limpar sua brincadeira dessa vez — ele falou brincalhão, enquanto estava quase abrindo a porta. Parei no meio do ato e olhei para ele.
— Como assim, dessa vez? — perguntei curiosa.
— Algo me diz que você vai gostar, afinal, é minha filha. — Meu pai sorriu para mim. — Agora vá, , e não deixe digitais.
— Pode deixar. — Mandei um beijo para meu pai e fui até meu carro.
Coloquei o endereço no GPS e deixei minha arma e minha faca apoiados no banco do passageiro. Deixei meu CD favorito do momento tocando no rádio, enquanto cantarolava as músicas.
Não demorei muito para chegar ao motel de estrada em que eles deveriam aparecer. Deixei meu carro estacionado em uma parte afastada do local, assim não seria reconhecida pelos dois. Seria uma pena se meu plano fosse por água abaixo.
Depois das 00:00, como o bilhete havia me informado, vi o carro de Dean estacionar do outro lado do estacionamento. Ele logo saiu do carro, seguido de Alice, confirmando as fotos que eu recebi mais cedo. Deixei que eles entrassem no quarto e aguardei um pouco, afinal, queria fazer uma entrada triunfal. Percebi que o quarto estava bem afastado da recepção, mais perfeito impossível.
Abri o porta luvas, colocando minhas luvas de couro, afinal, sem digitais. Saí do carro e fechei a porta com cuidado. Fui andando lentamente até a porta do quarto 11. Os barulhos de sexo eram tão altos que eles não me ouviram destravar a fechadura, nem entrar no local. Fiquei um tempo ali, os observando, eles nunca iriam me ver mesmo, afinal, Dean estava comendo-a de quatro. Bati a porta do quarto com uma certa força, assustando os dois.
— Dean, Alice. Boa noite — disse calma, pegando uma cadeira e me sentando nela.
? Não... Não é o que você está pensando. — Dean tentou se defender, mas soltei uma gargalhada da sua tentativa medíocre.
— Quer dizer que você está em um hotel barato de beira de estrada, enrabando uma pessoa que não é sua noiva e não é o que estou pensando? Curioso.
, eu posso explicar, eu nunca quis fazer isso. — Alice tentou falar.
— Não preciso de explicações. Na verdade, nem quero. Eu só vim aqui fazer uma única coisa. Sabe o que é? — perguntei cínica.
, você não está falando sério quanto a — Dean parou de falar no momento em que peguei a faca. — , você não está em plenas condições.
— Ah, eu estou sim… — Girei a faca, olhando para ela.
, vamos conversar, não precisa ser desse... — Ele se calou novamente. Ele estava tentando chegar até mim, provavelmente iria me imobilizar e mandar Alice chamar alguém. Apontei a arma para ele, fazendo movimento para baixo e sorrindo quando vi ele se sentando.
, você não vai fazer isso mesmo, não é? Somos ami... — Sua frase foi interrompida por um grito. Atirei em seu antebraço. Minha pontaria sempre foi boa, então o tiro pegou perto de seu cotovelo. Devo ter atingido a veia braquial pela cor do sangue, de um vermelho fechado, indicando sangue venoso. Ela vai sangrar devagar, como eu queria.
— Você vai sobreviver. Por enquanto — disse, sorrindo. Respirei fundo, inspirando o cheiro ferroso que começou a exalar pelo ambiente. — Esse cheiro é ótimo não acham? — Soltei uma risadinha.
Eles não me acompanharam, seguiram me olhando como se eu fosse louca. Vi o sangue que escorreu pelo braço de Alice, estava muito devagar.
— Vamos lá, quando isso começou? — perguntei, olhando para os dois. Ninguém respondeu. Fiz um bico. — Ninguém?
Dessa vez, atirei na perna de Dean, tomando cuidado para não atingir a artéria femoral. Ele gritou de dor, o sangue deu uma leve espirrada, sujando meu rosto. Passei o dedo no respingo que estava bem em minha bochecha. Não resisti e acabei colocando o dedo na boca. Alice começou a chorar.
— Ah, cala a boca, vai — disse, olhando para ela com tédio.
— Você não pode fazer isso com a gente!
— Ficou corajosa do nada? — Me aproximei dela com a faca na mão e vi Dean tentando se mexer na cama, pelo canto do olho. Apontei a arma para ele, que congelou. — Sem gracinhas, amor. Onde eu estava? É mesmo. Você, minha querida amiga. — Andei, ainda com a arma apontada para ele, mas com a faca na mão, indo em direção a ela. — Quando começou?
Novamente, ela não respondeu. Peguei seu outro braço. Ela tentou resistir, mas desistiu quando coloquei a faca em seu pescoço.
— Vamos, estou tentando me divertir aqui — disse, fingindo frustração. — Mas, se quiserem que seja rápido, posso fazer também… — Pressionei a faca em seu pescoço com um pouco mais de força. Consegui sentir a jugular pulsando, pedindo para ser cortada.
— Do que adianta responder se você vai me matar de qualquer forma? — ela perguntou, com dificuldade. Mesmo sabendo seu fim, ainda temeu acabar se cortando.
— Sabe, você tem razão. — Com apenas um movimento, cortei seu pescoço.
O sangue começou a escorrer e Alice soltou uma espécie de engasgo, enquanto tentava, sem sucesso, respirar. Seu corpo tombou para trás, na cama, que logo ficou da cor que eu gosto, um vermelho vivo, aberto, um vermelho sangue.
, princesa, vamos conversar. Não tem que acabar assim — Dean começou a implorar. Ele continuava na mira da arma, então não ousava se mexer. Ele nem conseguiria, com um tiro na perna.
— Tem sim, você sabe que tem — disse fria, olhando para ele apenas por uma fração de segundos antes de olhar para o corpo de Alice. — Me diga, Dean, o que ela tinha que eu não tenho? — Minha voz saiu doce, quase inocente. Levei minha mão até seu rosto, não ligando que minha luva ficasse cheia de sangue. — Foi o rosto? — Passei a mão em meu rosto, deixando um pequeno rastro de sangue em minha pele. Olhei para ele. — Seu rosto não parece tão bonito agora…
Saí de perto dela e fui andando até o outro lado da cama. Agora na mira da faca e da arma, ele se apoiou nos cotovelos e tentou, sem sucesso, se afastar de mim.
— Sabe, Dean. — Passei uma perna de cada lado dele, me sentando em seu colo. Apoiei meu corpo em sua coxa, ele gemeu de dor por conta do ferimento. — Eu tinha planejado um futuro tão lindo para nós dois… — Fingi estar triste, antes de olhar para ele, sorrindo. — Mas fico tão feliz que tenha me mostrado esse seu lado antes de me unir a você perante a igreja.
Deslizei o cano do silenciador em seu peito. Ele arfou e começou a murmurar uma oração. Acabei gargalhando.
— Você é patético — disse entediada e levemente irritada. Não acreditava que iria me casar com ele. — Te vejo no inferno.
Um disparo. No meio do peito? Não, não completamente, levemente para a esquerda, o coração é virado para lá. O sangue espirrou, sujando meu rosto. Lambi meus lábios sujos de sangue e saí de cima dele.
Me sentei na mesma cadeira que usei quando cheguei, pegando o celular e discando a chamada rápida.
— Papai? — perguntei, a voz inocente como sempre quando vou lhe pedir algo. — Te mandei minha localização. Terminei… — Desliguei o telefone e o guardei no decote do macacão.
Com um sorriso de satisfação e alegria verdadeira em meu rosto, percebi o que sempre falaram para mim todos esses anos. Eles tinham razão, eu não era como meu pai. Eu era pior.


FIM


Nota da autora: E chegamos ao final de mais uma fic.
Dessa vez, é uma fic tanto diferente do que estou acostumada a escrever.
Não esqueça de comentar.
ps, não é a ultima vez que veremos Diana em ação.
XOXO, Cleo.

🪐


Nota da Beth Saturno: Ai, eu não nego que amo fics com pps sádicos, ainda mais se é a pp kkk. Adorei a vingança dela e achei muito bem feito para os dois traidores. Aff, amei demais e vou correndo pra continuação hehehe. ♥

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