Codificada por: Saturno 🪐
Última Atualização: 28/02/2025.Ele não havia nem sequer nutrido esperanças de que ela viria, afinal, não frequentara o festival em nenhum dos últimos anos. A Casa Martell sediava o Festival do Sol nas pitorescas praias próximas aos Jardins de Água. Eram festividades para celebrar a vida, a alegria, o sol — obviamente — e a cultura dornesa. A celebração era repleta de música, dança, exibições com fogo, competições e roupas coloridas que transformavam os arredores em uma cena de caos jubiloso. Nobres e plebeus eram bem-vindos, sem distinção, para se deleitarem naquele espírito ardente.
O Príncipe Oberyn manteve-se fitando sua antiga amante. A cativante Sand conversava com seus próprios amigos e, por isso mesmo, nem tinha o visto. Mas ele a faria vê-lo; é claro que faria. Todo o gelo criado pelos anos sem se encontrarem pareceu derreter quando decidiu ir até ela. Um sorrisinho tomou os seus lábios. O espírito desafiador dela sempre fora tão intrigante, que se tornara impossível resistir à sua atração magnética. Conforme se aproximava em passos leves e silenciosos, não pôde deixar de sentir a centelha de antecipação que apertava-lhe o peito.
— Já disse que não estou mentindo, ora essa! Eu realmente não queria vir — disse aos seus amigos. — Eu amo essas celebrações, vocês sabem bem, mas eu não tenho me sentido muito festiva nos últimos anos. Aliandra foi quem me convenceu.
Oberyn riu baixinho quando ela explicou sua relutância. Sabia que podia ter sido parte dos motivos para ela não ter aparecido nos últimos anos, afinal, esta era uma celebração sediada pela Casa Martell, e ele era um Martell, o irmão do Senhor de Lançassolar.
— Ah, então lady Aliandra teve que intervir, é mesmo? — Oberyn intrometeu-se na conversa com uma pitada de diversão na voz. Seu sorriso apenas aumentou.
— Sim, eu… — A garota Aliandra congelou no meio de sua fala quando viu a quem estava se dirigindo.
— Príncipe Oberyn, é sempre um prazer maravilhoso vê-lo — o cumprimentou, quase com cortesia demais. — Não vi que tinha se juntado a nós.
Ele ergueu a sobrancelha ao perceber que a polidez dela tentava mascarar uma leve tensão.
— Lady — respondeu em uma mistura de charme e escárnio. — Soa quase como se não estivesse esperando me ver. Você com certeza sabia que eu não perderia este festival por nada.
— Não há lady aqui, meu príncipe, como bem sabe. Sou apenas mais um grão de areia dos desertos de Dorne. Uma Sand. Apenas uma bastarda — reforçou. — Mas não, todos acreditávamos que viria, é claro; porém eu, assim como meus amigos aqui, estou certamente surpresa por vê-lo se aproximar de nós.
O sorriso de Oberyn cresceu ainda mais. Seus olhos brilhavam com diversão e uma pitadinha de desafio. enfatizara tanto sua origem, mas não era como se aquilo fizesse alguma diferença. Diferente do resto de Westeros, os bastardos não eram desprezados em Dorne. E sim, devido ao seu sobrenome de bastardia, ela poderia muito bem ser só mais um grão de areia. No entanto, a verdade era que cada grão de areia do mundo era único… Assim como ela.
— Ah, sim, você nunca foi de títulos ou formalidades, se bem me lembro. Uma bastarda, de fato, não muito diferente de mim. — Riu suavemente e deu um passo na direção dela. — Por que te surpreende eu me aproximar? Não me diga que não sentiu a minha falta, minha paixão.
— Creio que saiba muito bem que eu não sinto falta de muita coisa — falou em tom firme, mas suas bochechas esquentaram, afinal, estavam conversando daquele jeito na frente de seus amigos. — E sim, você pode ser um bastardo no seu comportamento, mas eu sou por causa da minha origem. — Ela riu. — Se você me perdoa pela falta de cortesia ao falar de você, é claro.
— Ah, minha dama feroz, sempre rápida com sua língua afiada. E lá vai você de novo, tentando se justificar quando não há necessidade. — Inclinou a cabeça. — Nunca esperei polidez de você, . Na verdade, prefiro quando é qualquer coisa, menos polida.
— Eu… — ela hesitou. Oberyn Martell sempre fora tão sedutor, que a desconcertava. — Você quer conversar? — Foi direta. — Porque se quiser, talvez pudesse simplesmente me dizer e então caminharemos juntos e conversaremos.
— Ah, aí está aquele fogo do qual me lembro. — Ofereceu o braço a ela, seu sorriso nunca vacilando. — Sim, . Caminhar e conversar. Vamos encontrar um lugar… mais isolado e privado — sugeriu apenas para vê-la mais desconcertada na frente dos amigos. Ele gostava do efeito que seu flerte tinha nela e queria saborear o máximo daquilo. — Há muitos amigos aqui, não é? Acho que não deseja vê-los bisbilhotando, deseja?
— Em nome do Senhor da Luz, você pode, por favor, parar com isso? — revirou os olhos e Oberyn riu baixinho. Em seguida, ela voltou-se aos amigos: — Até breve.
Pegou, então, no braço de Oberyn e eles começaram a caminhar através do festival lotado.
— Apenas admita. — Ele inclinou-se para mais perto, sem conseguir evitar a vontade de provocá-la ainda mais. — Você sentiu a minha falta. Ao menos um pouquinho.
— Bem, é difícil não sentir falta quando eu me lembro — admitiu ela. — Mas acho que nunca acaba bem.
Sand conseguia se lembrar muito bem de como a última despedida deles fora agridoce, dolorosa. O modo como ele desejava que ela fosse exclusiva, apenas dele, e como ela não fora capaz de concordar com isso. Oberyn também se lembrava, tanto da paixão avassaladora como da dor no final. As memórias o acompanhavam aonde quer que fosse. Tentou ignorar a pequena pontada em seu peito. No entanto, por mais que seu sorriso não vacilasse, seus olhos transpareciam um resquício de vulnerabilidade.
— Sim, suponho que nem sempre termine bem, porém aqui está você… ainda caminhando comigo. — Conduziu-a até um canto mais afastado, um tantinho longe da música e do maior aglomerado de pessoas. — Então, por que está aqui sozinha? — perguntou ao virar-se para ela. — Onde está a sua… companhia?
— Não há nenhuma — disse sem rodeios. — A única companhia de que preciso é a do Senhor da Luz e, a mais importante, é claro: eu mesma.
— Ah, o Senhor da Luz e você, dois bons companheiros, presumo — comentou. Sabia que ela acreditava no Deus Vermelho, apesar de não ser das mais adeptas à religião. Olhou bem para ela. — Ninguém mesmo? Nenhum… namorado ou amante?
— Nenhum — garantiu. — Ninguém relevante o suficiente para trazer comigo para um Festival do Sol. E você?
o observou bem. Havia algo no sorriso de Oberyn que traía seus pensamentos, uma mistura de alívio e alguma outra coisa que ela não conseguia decifrar. Talvez acreditasse que estava mentindo para ele em relação àquilo.
— Eu? Bem, não sou de me amarrar. Meus companheiros e companheiras vêm e vão. — Escolheu suas palavras com cuidado. Não queria afastá-la. — Realmente não encontrou alguém capaz de cativar o seu coração tão ardente?
— Depois de você? Não — respondeu. — Pode até não ser alguém que se amarra, meu querido Oberyn, mas queria que eu estivesse entrelaçada a você.
E ali estava. O elefante na sala. Ambos sabiam. Oberyn não conseguiu suprimir um pequeno estremecimento. Seu sorriso, enfim, vacilou por um breve momento. Não negou a afirmação dela. Não havia sentido em tentar esconder. Seria incapaz de negar o modo como uma vez quisera a possuir, fazê-la só dele, sua amante fixa para permanecer ao seu lado aonde quer que fosse, como fizera mais tarde com Ellaria.
Sacudiu a cabeça e esforçou-se para vestir sua máscara de confiança outra vez.
— E ainda assim, aqui está você, livre como um pássaro, minha feroz flor do deserto. — Aproximou-se um pouco mais. Sua voz transbordava encanto e um tantinho de desafio. — Por quê?
— Por que eu não aceitei? Porque busco liberdade e ajudar as pessoas — respondeu. — Eu sempre quis ser realmente livre, e agora me tornei uma curandeira… Já deve ter ouvido alguém me chamando de “bruxa” hoje.
Oberyn parou por um momento e observou o modo como ela riu após dizer o apelido que a deram. Ele admirava os ideais dela, assim como sua dedicação ao ofício.
— Ah, eu ouvi. Sussurros de “bruxa” flutuando pelo ar. — Seus olhos cintilaram, fixos nos dela. — Diga-me, esse nome te incomoda?
— Na verdade, não. — Deu de ombros. — Contanto que não me atrapalhe na hora de curar alguém, está tudo bem para mim.
— Entendo. — Um leve sorriso brincou no canto de seus lábios. Oberyn apreciava sua atitude indiferente em relação aos rumores sobre si mesma. Muito intensa por si só. Era uma das razões pelas quais se sentia tão atraído por ela. — E o amor? — questionou em um tom cuidadosamente casual. — Nunca anseia pelo calor do abraço de um amante? Por alguém para segurar nos braços e amar?
— Como costumávamos fazer um com o outro anos atrás? — Ergueu as sobrancelhas.
Ele piscou algumas vezes. As palavras de agitavam uma profunda mistura de emoções dentro dele. Ambos sabiam o significado de seus encontros passados. Memórias de paixão e emoções intensas brilharam como o sol em sua mente.
— Sim — admitiu, uma nota sutil de vulnerabilidade em sua voz. — Como costumávamos fazer um com o outro.
— Não houve ninguém — ratificou. — Estive com outras pessoas, sim, assim como você esteve, mas não da mesma forma… Não com o mesmo desejo de quando estava com você.
Oberyn se viu mais cativado pela confissão dela do que imaginava ser possível. Arrependimento, orgulho, nostalgia e um sentimento ainda mais forte reviraram-se dentro dele como uma arrasadora tempestade de areia.
— Você está dizendo… que eu era diferente dos outros?
— Você é uma pessoa convencida, Oberyn, certamente sabe bem como é diferente dos outros. — Ela riu, divertida. — O que estou dizendo é que quando era com você, eu ansiava por estar lá, por continuar lá. Com os outros agora é só… não sei, uma noite e nunca mais.
— Então está dizendo que… — hesitou. Sabia que havia verdade naquelas palavras, pois era exatamente o que sentia a respeito dela. — … quando estávamos juntos, era mais do que apenas momentos passageiros? — Olhou bem para ela. — Houve algum momento em que você quis ficar, ?
— Claro que sim, eu só… simplesmente não poderia me dedicar a alguém, ser aquilo que a exclusividade demanda, sabe? Porque isso me atrapalharia. — Respirou fundo. — Eu não podia me permitir entrar naquela zona de familiaridade em que conversamos sobre nós mesmos.
Oberyn podia ver a dor em seus olhos e o conflito que pesava em seu coração. Estendeu a mão para acariciar seu braço em um gesto reconfortante, mas congelou no meio do caminho por temer como ela poderia reagir àquilo.
— Mas e agora? — perguntou com suavidade, uma pitada de esperança cintilava nos olhos dele. — Foi capaz de encontrar essa familiaridade com outra pessoa? Sente essa conexão com alguém nos dias de hoje?
— Não, não sinto — confessou. — Só saio com eles quando quero diversão e prazer.
Seu coração se agitou com a negativa dela, e ele tentou mascarar o alívio com um sorriso. No entanto, sabia bem a capacidade que Sand tinha de ler o que se passava em seus olhos.
— Diversão e prazer? — Um toque de ciúmes transpareceu em seu tom de voz. — Quer dizer que não anseia por uma conexão mais profunda com eles? Apenas o aspecto físico?
— É isso aí — disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. — Não é sempre assim com seus garotos e garotas também?
— Sim, na maior parte das vezes me entrego aos prazeres físicos sem esperar muito mais. — Deu uma leve risadinha e aproximou-se mais um passo. — Mas com você foi diferente. Havia uma conexão, um fogo. Algo que eu raramente, ou nunca, experimento com os outros.
— Eu sou areia, Oberyn, uma Sand — falou bem baixinho. — E a areia apaga o fogo.
— Mas, , minha paixão, essa conexão que tivemos… — começou a argumentar na tentativa de varrer para longe a frustração. — Essa conexão queima mais forte com você. Negue o quanto quiser, mas ambos sentimos. E você queria isso tanto quanto eu.
— Você está certo. Eu queria, e eu sentia — confidenciou. — Talvez esta seja a verdadeira razão pela qual te recusei naquele dia.
— E agora? — sussurrou. Sua mente voltou aos dias passados juntos, à paixão ardente que compartilhavam. Seu coração ainda ansiava por ela. — Você ainda me recusa?
— Daquele jeito, sim. Eu quero viajar por Dorne ajudando as pessoas, e talvez além de Dorne, agora que temos reis por toda Westeros brigando pelo Trono de Ferro. E, para fazer isso, não posso ficar presa a homem algum, mesmo se este homem for o príncipe Oberyn da Casa Martell. — Ela enrolou uma mecha de cabelo no dedo. — Mas eu ainda posso passar o resto do dia com você.
Até fora capaz de ver a mistura de decepção e compreensão no olhar de Oberyn. Apesar de desejar por algo mais, ele respeitava a liberdade dela, suas escolhas.
— Ah, minha curandeira errante, sempre destinada a ser um espírito livre. — Sorriu ironicamente e abaixou a cabeça em concordância. Considerou, então, a oferta dela e a fitou com uma centelha de expectativa. — Passa o resto do dia comigo, então?
— É claro! Eu seria muito má se tivesse sugerido isso e negasse logo em seguida. — Ela riu. — Podemos começar a competir no arco e flecha, então podemos dançar e aproveitar o festim e os vinhos… Não precisamente nessa ordem, a propósito. Não importa qual faremos primeiro.
— Uma mulher que mantém a palavra, eu amo isso. — Expôs um sorriso encantador em seus lábios e ofereceu o braço a ela. — Começaremos com arco e flecha. Eu adoraria ver o quão boa você se tornou nisso.
— Eu melhorei, mas aposto que ainda vou perder para você — disse ela enquanto Oberyn a levava em direção ao campo de tiro com arco. — Posso apostar alguma coisa em você contra mim, ou isso não seria justo na aposta?
— Uma aposta entre nós. Tudo bem, vamos apostar. — Ele riu. Nunca fora apenas uma aposta em dinheiro com Sand. Sempre havia uma pitada de provocação e desafio por trás de suas palavras. Era algo que ele adorava nela. — Eu deixo você apostar em mim. Quanto quer apostar?
— Não, isso seria realmente injusto. — Ela sacudiu a cabeça. — Se apostarmos um no outro, você vai perder de propósito apenas para ganhar a aposta. Trapaceará para perder porque isso te tornará o vencedor da aposta.
— Está me chamando de trapaceiro, ? Me magoa profundamente. — Fingiu ofender-se. — Eu jamais trapacearia. — Ele riu, seus olhos brilhando com travessura. Era óbvio que ele faria qualquer coisa para ganhar uma aposta contra ela. — Mas já que insiste… Qual é a sua sugestão? Como podemos tornar isso interessante?
— Quem vencer escolhe a ordem em que iremos aproveitar as outras coisas do festival. E quando o sol se pôr, poderá pedir qualquer coisa para o outro. — Encarou-o, de queixo erguido. — O que acha?
Esse era um bom trato, especialmente para Oberyn. Ele venceria e, mesmo sabendo disso, ela o desafiara. O homem abriu um sorriso malicioso e seu ego explodiu. Não havia como perder, e ele amou que, ainda assim, ela quisesse aquela aposta.
— Desafio aceito. — Sorriu, confiante, e pensou no que pediria a ela mais tarde e em todas as possibilidades. — Prepare-se para cumprir o que que que peça a você, porque eu vencerei.
— Tenho plena certeza de que vencerá. — Ela sorriu.
— Sabe que vou, e ainda assim me desafia. Movimento ousado, , muito ousado. — Piscou para ela com admiração. Andou pelo campo de tiro, escolheu um bom arco e admirou-o por um momento antes de olhar para ela. — Está pronta para perder?
— Não, Oberyn, não estou. — pegou um arco com um bom equilíbrio. — Mas eu posso encarar as consequências.
— Ah, minha feroz flor do deserto, eu sempre admiro sua confiança. — Um sorriso lento se espalhou por seu rosto enquanto se posicionava ao lado dela para começar. — Vamos ver o quão boa você ainda é com um arco.
— Muito boa, eu lhe asseguro — garantiu —, mas não boa o suficiente para ganhar de você.
— Esse é o espírito. — Ele riu ao encaixar sua flecha, preparando-se. Puxou, então, a corda do arco, seu foco inabalável ao mirar na direção do alvo. — Deixe as flechas voarem.
Agora, Oberyn Martell e Sand caminhavam na beira do mar. O sol poente lançava tons dourados sobre a água revolta enquanto eles apreciavam seu vinho adoçado com mel. Oberyn falava sem parar sobre o seu amor por Dorne — a terra, seu povo e seu espírito ardente —, que permanecia mesmo tendo passado tanto tempo fora. Por um momento, o infame Víbora Vermelha — que ganhara esse nome devido à suspeita de lutar com uma lâmina envenenada contra o Lorde Yronwood após ter sido pego na cama com a amante dele — era apenas um homem apaixonado e profundamente ligado à sua terra, ao seu lar.
Seu entusiasmo genuíno mostrava o quanto ele estava à vontade com Sand. De algum jeito, era sempre assim com ela. Mesmo após anos sem se verem, era como se nunca tivessem deixado a cama um do outro. A atmosfera relaxada e a companhia deliciosa tornavam tudo mais leve, mais natural. E a cada gole do vinho melado, saboreavam não apenas o gosto da bebida, mas também do momento.
Quando o sol deu o seu belo adeus, mergulhando horizonte abaixo, a lua os iluminou com seu brilho suave e sedutor. Eles sabiam que o momento perfeito e pacífico logo seria invadido pelos outros ao se prepararem para a cerimônia principal, mas não se importavam, apenas curtiam a presença um do outro.
Oberyn lançou um olhar furtivo para no intuito de admirar a beleza de suas feições sob aquela iluminação. Em breve, o momento mágico da aposta teria o seu fim. Já estava mais do que na hora de cumprir a última parte daquilo e fazer o seu pedido. No entanto, Oberyn não estava pronto para deixar Sand ir. Ele a faria esperar até depois da Cerimônia das Lanternas para ouvir seu pedido. Assim, caso se negasse a passar o resto da noite com ele, ao menos teria aproveitado o máximo de tempo possível ao lado da mulher.
lhe devolvia todos os olhares. Não deixava passar nem sequer um. Amava cada parte daquilo. Era sempre assim quando estava com ele, e gostava de banquetear-se com o sabor de cada precioso instante. A música do festival ainda chegava a eles; mais suave e relaxante àquela distância, parecia se misturar perfeitamente ao som das ondas.
— O lindo pôr do sol se foi, Víbora Vermelha. — umedeceu os lábios. A expectativa era gostosa, mas ela sabia que a hora havia chegado. Não poderia simplesmente ignorá-lo apenas para passar mais tempo ao lado daquele homem. — É hora de reivindicar seu prêmio. Ou não pretende me pedir nada?
A leve ênfase no apelido não passara despercebida por ele. Sabia bem como adorava chamá-lo assim. Um sorriso brotou em seus lábios quando encontrou os olhos da mulher.
— Ah, há muitas coisas que gostaria de pedir a você, mas tudo em seu tempo. — Sua voz carregava uma pitada de malícia e um tantinho de desafio. — Estou apenas aproveitando o momento, saboreando a antecipação.
— Sei bem como você ama uma boa antecipação. — Ela sorriu.
— Pois é — concordou. — Infelizmente, porém, você está certa quanto à chegada da hora da reivindicação.
— Mas…? — incentivou-a a continuar.
— Mas… — continuou ele. — Não pedirei a minha recompensa até depois da Cerimônia das Lanternas.
— Um pequeno e provocante ato de antecipação. — riu. — Você gosta mesmo de brincar com a minha expectativa, não é?
— Gosto de te ver impaciente, . É como uma pequena vitória por si só. — Seus olhos faíscaram com um brilho diabólico que abalaria os Sete Céus. — Não se preocupe, minha feroz curandeira. Em breve, reivindicarei meu prêmio. — Ele olhou para o céu e, então, na direção de onde vieram. — Mas primeiro, vamos lá. A cerimônia nos aguarda.
— Não reclamarei desse tempo a mais com você, eu juro — prometeu. — Eu nem queria ter vindo, mas depois da nossa tarde juntos, não quero que esse festival acabe nunca mais.
— Cuidado, minha cara . Está começando a soar como se realmente tivesse gostado de passar um tempo comigo. — Sorriu de maneira debochada. — Também não achei que ficaria feliz em estar aqui, mas… — Sua voz suavizou-se e ele soltou um suspiro. — Mas estou feliz por termos nos reencontrado. Este dia com você foi… perfeito.
observou sua expressão, e logo o entendeu. Ou ao menos pensou que podia entender um pouco. O assassinato de sua irmã pelos homens dos Lannisters fora há anos e anos atrás, mas ainda o incomodava — e como não incomodaria? Fora brutal, cruel. E sabia que ele buscava vingança pelo que fizeram com ela e os filhos dela. E agora Joffrey estava no Trono de Ferro, o filho de uma Lannister, o neto do maldito Tywin Lannister…
— Perfeito, de fato — ecoou as palavras dele. Não era mentira.
— Perfeito — repetiu ele, muito mais do que satisfeito. — E eu também não estou pronto para deixar esta noite acabar tão cedo.
— Então vamos torná-la memorável. — agarrou a mão dele e o puxou com ela na direção das pessoas que deixavam suas lanternas flutuarem para o céu com um desejo ou lembrança. — O que escreverá no papel, Oberyn? Pedirá que sua família seja vingada?
Os olhos de Oberyn encontraram os seus. Uma mistura de surpresa e admiração dançavam neles. A percepção da mulher sobre ele não mudava. Era incrível o quanto estava sempre certa em qualquer coisa que dissesse respeito a ele. Oberyn balançou a cabeça, a memória de sua irmã Elia ainda crua e dolorosa em sua mente.
— Me conhece muito bem, — falou. As palavras haviam alcançado seu coração. — Mas você não acha que esta noite deveríamos direcionar nossos desejos um para o outro em vez de nós mesmos? Para combinar com o dia.
— Nosso dia foi perfeito, é inegável, mas não acho que devêssemos transformá-lo em uma parede entre nós e nossos desejos pessoais. — Ela apertou a mão dele em um toque suave e gentil, quase acolhedor. — Podemos fazer os nossos desejos um para o outro depois, cara a cara.
— Certo. Juntos, então — falou. — Pelos nossos desejos mais profundos.
As lanternas sobre eles eram uma bela visão, cada uma carregando um desejo ou memória para o céu noturno. Oberyn ainda olhava para enquanto ela escrevia o seu pedido em um papel. Mostrou a ele o que havia escrito — “viver tão livre quanto o sol” — e então prendeu-o a uma lanterna. Palavras de liberdade eram a cara de Sand. Aquilo fez Oberyn se lembrar de como ela o recusara anos atrás justamente por causa daquele desejo.
— Você não mudou nada, não é? — provocou, mas não conseguiu evitar o sorriso que cruzou seus lábios.
Oberyn escreveu seu próprio desejo com todo o cuidado do mundo. “Que minha família seja vingada”, leu. O coração dele apertava com o peso de seu desejo de vingança quando prendeu o papel em sua própria lanterna.
— Nem você, docinho. — Ela riu ao estender a mão para ele. — Venha, vamos soltá-las juntos.
— Docinho… — Entrelaçou os dedos nos dela com um leve sorriso no rosto. Adorava o modo como conseguiam voltar a ser íntimos um do outro com tanta facilidade, como se nunca nem sequer tivessem se separado. Eles soltaram as lanternas e assistiram enquanto elas subiam ao céu com seus desejos de liberdade e vingança. Ele respirou fundo e voltou-se para ela. — Agora, nossos desejos um para o outro, cara a cara.
— Eu desejo que você não me esqueça… — Ela virou-se para encarar a ele e às luzes das lanternas que brilhavam de modo encantador em seus lindos olhos. — …mesmo que não sejamos amantes.
Oberyn encontrou seu olhar, radiante com a luminosidade das lanternas e algo mais. Com toda a certeza, algo mais. Era um desejo simples, porém profundo.
— Deseja ser lembrada por mim, é? Sabe muito bem que jamais esqueceria uma flor ardente do deserto como você. — Estendeu a mão para colocar uma mecha revolta de seu cabelo para trás da orelha. — Não quando você está constantemente sendo um incômodo de todas as maneiras possíveis.
Aquilo arrancou uma risada dela. Sabia o que ele queria dizer por “todas as maneiras possíveis”, pois sentia o mesmo. Ele era para ela um incômodo quando não se sentia bem por estar longe dele ou por terem deixado as coisas estranhas entre eles na última vez em que se viram; mas também era-lhe um incômodo a ânsia que sentia por estar com ele, por desejar seu toque, seu carinho, sua presença.
— Eu sou um incômodo? — Sacudiu a cabeça. — Que o Senhor da Luz me ajude a iluminar o seu caminho, Oberyn. Você precisa urgentemente de um espelho.
— Ah, minha doce paixão. — Um sorriso irônico brilhou em seus lábios. — Você subestima o meu ego.
— É, tem razão. Melhor ficarmos sem o espelho. — Ela riu. — Mas, sim, eu quero que se lembre de mim como uma chama eterna, sempre queimando sem jamais se desvanecer, mesmo quando estamos separados; porque é isso o que você é para mim.
— Me lembrarei — sussurrou. As palavras haviam tocado seu coração como se fosse a mais bela harpa. — Será para mim uma chama eterna, implacável e sempre acesa, assim como sou para você.
— Eu… fico feliz. — segurou a língua para não acrescentar que não apenas o homem era como uma chama eterna para ela, mas também os sentimentos que nutria por ele. — E que tal me contar agora o seu desejo a meu respeito?
Oberyn se perguntou se a hesitação de e o brilho meio oculto em seu olhar significavam que ela sentia o mesmo que ele e apenas não sabia como colocar em palavras. Não sabia, ou temia.
— Eu desejo te ver outra vez. — Esfregou o polegar na palma da mão dela em um gesto carinhoso e íntimo. — Passar um tempo com você de novo, ver aquele seu fogo que nunca vacila, me banhar no calor de sua presença.
— Posso te conceder esse desejo. — Sorriu para ele. — Embora não possa ser sua amante fiel o tempo inteiro.
— É claro. Você é uma mulher que não pode ser domada, afinal de contas. Sei como anseia por sua liberdade, sua independência. Você é ardente até o âmago, sempre foi. E, para ser sincero, é uma das coisas que eu mais gosto em você. — Sorriu com uma aceitação agridoce. — Mas sou grato por cada momento do seu fogo que posso testemunhar.
— E eu sou grata por poder estar com você vez ou outra. — Alternou seu olhar entre a boca e os olhos de Oberyn. Os céus de Dorne estavam cravejados de lanternas brilhantes, mas Sand só conseguia olhar para o homem à sua frente.
— Eu também — respondeu. — Cada instante com você é um presente dos deuses, Sand, uma chance de experimentar esse fogo que queima tão intensamente.
— Você está um tanto poético hoje, não acha? — brincou ela, com um sorriso suave.
— Talvez eu esteja, Sand — admitiu. Jamais se envergonhara de sua propensão à poesia. — Sua presença traz à tona o meu lado romântico… Ou talvez apenas esteja cheio de vinho dornês com mel, o que tende a soltar meus lábios.
— Aposto que é um pouco de tudo. E eu gosto. É charmoso. — Ela riu. — Não vai me beijar, poeta?
— E se eu for? — provocou, sem tirar os olhos dos dela. A antecipação dançava entre os dois no quente ar noturno de Dorne, sob o brilho suave da lua. — Será que um beijo de um príncipe de Dorne é digno de uma curandeira selvagem como você?
— Se já foi digno de nós dois tantas vezes antes sem muitas variáveis, por que não seria hoje, depois de um dia perfeito como este? — disse ela. — Viu só? Eu também posso ser poética.
— Você certamente tem um jeito com as palavras, . — Oberyn riu e inclinou-se mais para perto. — Mas me diga uma coisa: você quer que eu te beije apenas porque esses beijos já foram dignos de nós dois?
— Não, docinho. Eu quero que me beije porque sinto falta de ter seus lábios em mim — falou sem hesitar. — E você sabe muito bem que eu tenho jeito com muitas outras coisas também.
— Ah, eu sei disso. — Oberyn estava bem familiarizado com tudo sobre Sand: seus modos, a sensação de sua boca contra a dele, o jeito que ela podia incendiar seus sentidos com um único toque. — Mas talvez eu precise de um lembrete, não? E tenho certeza de que você não tem medo de me lembrar com uma demonstração.
— Que o Senhor da Luz me ajude. — Revirou os olhos ao soltar as palavras sarcásticas e quase riu. — Você me faz pagar por todos os meus pecados. Sabe disso, não é?
agarrou os ombros dele e o puxou para um beijo quase desesperado. Fazia anos desde a última vez. Oberyn envolveu seus braços ao redor de e a puxou para mais perto. Então deslizou uma das mãos para agarrar o cabelo dela em um carinho gostoso. Uma onda de energia ardente percorreu cada pedacinho do corpo deles enquanto seus lábios e línguas matavam a saudade.
— Não sei por que chamar isso de punição por todos os seus pecados, Sand — murmurou, sem afastar-se dela. — Sabe muito bem que eu gosto de cada pequeno momento.
— Ah, não. O meu castigo foi você ter me feito esperar tanto tempo por um beijo seu. — Selou seus lábios outra vez. — Essa outra parte eu também gosto muito.
A risadinha dela era como música para os ouvidos de Oberyn. E mesmo que o festival continuasse a zumbir com aquele monte de pessoas ao redor deles, tudo em que ambos conseguiam se concentrar era um no outro e no desejo abrasador que os envolvia.
— Posso lhe garantir que a antecipação só amplifica a recompensa. — Pressionou outro beijo prolongado contra seus lábios enquanto suas mãos acariciavam as costas dela em uma dança carregada de paixão e intimidade.
— Ah, eu me lembro muito bem disso. — Sorriu. — E por falar em recompensa… Ganhou a nossa pequena e divertida disputa, mas até agora não reclamou seu prêmio. Está pronto para fazer isso agora?
Oberyn não podia negar a si mesmo que seu maior desejo era que ela ficasse com ele, exclusivamente com ele. Ainda assim, não era justo tirar a sua tão almejada liberdade por isso. Portanto, teria que se contentar com o pouco que pudesse ter.
— Sim, acho que estou. — Oberyn olhou para o céu, para a lua alta e brilhante, e voltou a fitar a mulher em seus braços. — Está pronta para conceder a minha recompensa, Sand?
— Você me conhece — disse ela. — Estou sempre pronta.
A prontidão da garota, sua vontade de estar com ele naquele momento apenas aumentou sua paixão por ela.
— Ótimo. — Segurou sua mão. — Venha comigo.
E começaram a se afastar da comoção do festival. Caminharam por algum tempo em silêncio até estarem longe dos outros.
— Está me levando para um lugar tranquilo para me matar sem deixar nenhum vestígio? — brincou. — Ah, me esqueci! Você é a Víbora Vermelha de Dorne, poderia muito bem fazer isso com veneno. Estou segura.
— Ah, , você adora me provocar, não é? — Oberyn juntou-se a ela no riso. Eles, enfim, chegaram a um lugar isolado, banhado apenas pelo luar. O som das ondas alcançava seus ouvidos de modo reconfortante e a brisa ajudava a criar um ambiente íntimo. — Agora, minha paixão, tenho uma recompensa em mente que só você pode me conceder.
— Sexo? — tentou adivinhar. — Tenho certeza de que toda Dorne poderia lhe conceder isso. Talvez até mesmo toda Westeros e Essos, já que você é viajado.
Oberyn não pôde evitar a risada baixa que lhe escapou dos lábios. Sua franqueza era uma das coisas que ele adorava nela. Ergueu a mão para abarcar o rosto da mulher e deixou seu polegar deslizar sobre o queixo dela.
— Não, , não apenas sexo — foi sincero. — Quero que passe a noite comigo. Apesar de ser o Festival do Sol, as festividades vão madrugada adentro, como você bem sabe, e só acabam com o retorno do sol. Eu quero que fique ao meu lado até o amanhecer.
— Não é como se passar a noite ao seu lado fosse nenhum sacríficio. Ficarei com você até o sol nascer, Oberyn. — Abriu o sorriso mais genuíno de todo aquele festival. — Mas primeiro, tenho uma pergunta. — Ergueu o queixo daquele jeitinho provocante que adorava fazer. — Você disse “não apenas sexo”. A parte do sexo vem no pedido da nossa aposta ou é opcional?
Obviamente, a mulher dizia aquilo apenas para incomodá-lo. Sabia que Oberyn a desejava esta noite como em qualquer outra, mas que jamais pediria por sexo contra a sua vontade. Sem contar que ela mesma desejava que chegasse a esse ponto. Mas não podia perder a oportunidade de provocá-lo. Era divertido.
— Não, . Não é uma exigência nem uma condição. Essa parte é um presente a ser dado de forma livre e espontânea, não um prêmio a ser reivindicado. — Acariciou o rosto dela. — A verdadeira recompensa que busco é apenas… você. Sua presença, seu tempo, sua risada, seu… seu fogo.
— Você os tem — assegurou-lhe.
— Então está resolvido. — Seus olhos brilharam com apreciação e expectativa. — Passará a noite comigo, a noite inteira.
— Até o amanhecer — concordou ela. — Você me venceu no arco e flecha, e eu é que estou sendo recompensada.
— É uma recompensa mútua, — sussurrou. — Eu ganho, você ganha.
Oberyn a guiou com ele até os cobertores que havia preparado mais cedo, quando estava ocupada competindo com outras pessoas. Ele queria ter certeza de que ficariam confortáveis pelas horas que passariam juntos. A lua lançava uma luz suave e prateada sobre seu santuário escondido, tornando tudo ainda mais belo.
— É perfeito. — deitou-se sobre os cobertores e olhou para o céu estrelado. — Então nós dois teríamos ganhado mesmo se eu tivesse te vencido no arco e flecha, pois eu queria o mesmo que você.
— Sim. — Oberyn riu e envolveu os braços ao redor dela, puxando-a para si. O calor de seus corpos parecia entrelaçar-se com a brisa da noite. — Nós dois teríamos vencido, não importa qual flecha tivesse atingido o alvo.
— Já que não colocou a parte do sexo na sua demanda, quero fazer uma pergunta — voltou a tocar no assunto. — Teme que eu possa não estar disposta a transar com você esta noite?
O questionamento era apenas uma provocaçãozinha. Sabia que ele não tinha o que temer, afinal, era difícil que algo não acontecesse quando estavam juntos daquele jeito. As muitas noites de anos atrás serviam para provar.
— Não, Sand. — As mãos dele deslizaram pelo corpo dela como se explorassem um novo território quando, na verdade, já o conheciam como se fosse sua terra natal. — Só não quero te empurrar para algo que você talvez ainda não esteja pronta.
— Acredita mesmo que não estou pronta para me render aos seus braços novamente? — Ergueu as sobrancelhas.
— Estou apenas tomando meu tempo. — Expôs um sorrisinho brincalhão. — Sabe como encontro prazer na antecipação, na preparação, na expectativa. Isso tudo torna o momento ainda mais doce.
— Ah, eu sei muito bem. — Ela sorriu. As pontas dos dedos dele escorregavam lentamente por seu corpo, o toque leve como uma pena, gentil e provocante. — Mas e se eu não quiser fazer sexo com você outra vez?
— Eu lamentaria e respeitaria a sua decisão, é claro. — Sorriu ao puxá-la de ímpeto ainda mais contra ele a ponto de suas respirações se misturarem. — Mas então eu passaria a noite inteira sussurrando no seu ouvido todas as palavras picantes e safadas que conheço.
— Isso significa que não haverá deus neste mundo capaz de me segurar. — Balançou a cabeça. — Ai, ai… Essa ameaça me faz desejar fingir que não quero transar com você, só para ouvir o que tem a me dizer.
— Ah, minha flor selvagem do deserto, você sempre gostou da safadeza, não é? — Seu sorrisinho aumentou e ele subiu a mão até o rosto dela para acariciar o local. — Finja o quanto quiser, pois usarei cada oportunidade para levá-la a um frenesi enlouquecedor, mesmo que seja apenas com palavras.
— Parece delicioso. — Ela mordeu o lábio inferior, sem desviar o olhar.
— Ah, e será — prometeu. — Me certificarei disso.
Oberyn acabou com a distância entre seus rostos e capturou os lábios dela em um beijo apaixonado e possessivo. Suas mãos a apertavam aqui e ali com todo o desejo de seu ser. Queria mostrar a ela o que sentia, o que estava por vir na longa noite de amor que os aguardava.
— Eu vou amar — garantiu ela. — É sempre diferente quando é com você, sabia?
Ele afastou-se um pouco, apenas o suficiente para buscar os olhos dela.
— É mesmo? — Sua voz denunciou uma leve descrença por vê-la admitir uma coisa daquele tipo, mas seus lábios encontraram os dela novamente em um desespero mudo por acreditar em cada palavra que saía de sua divina boca.
— É — respondeu ao finalizarem o beijo. — Você e eu compartilhamos algo que poucos amantes conseguem compartilhar sem que isso os despedace.
— De fato. — Deslizou a mão até os cabelos dela e os afagou, como se o ato fosse capaz de ancorá-lo ao momento que compartilhavam. Era muito mais profundo do que apenas desejo físico. Isso era inegável. — Há uma profundidade no que compartilhamos, não é? Uma conexão que vai muito além do que uma mera paixão. É ao mesmo tempo estimulante e… e aterrorizante.
— Eu concordo — suspirou. — E não é só isso.
Oberyn roçou os lábios suavemente nos dela em um beijo gentil. Trouxe a mão ao rosto dela outra vez, acariciando ao longo de sua mandíbula
— Continue — pediu, ansioso para ouvir o que ela pensava. — Diga-me. O que mais?
— Dor — sussurrou, como se falar a palavra em voz alta pudesse transmitir a sensação.
— Dor — ele ecoou baixinho. Era verdade. Em meio à paixão, ao fogo, ao amor, havia dor. Uma ferroada aguda e crua que deixava ambos vulneráveis e expostos, e só fazia aumentar a conexão deles. — Outra chama eterna que compartilhamos.
— De fato — assentiu. — O modo como arrancaram de você a princesa Elia e os filhos dela… O modo como eu não consegui salvar a minha mãe da doença… A maneira como a culpa consome a mim, e a vingança consome a você. — Abarcou o rosto dele com a mão, no intuito de suavizar o peso da dor. — A maneira como compartilhamos essas dores um com o outro no passado e como permitimos que isso nos conectasse.
Oberyn fechou os olhos quando a onda de emoções quebrou sobre ele. Elia e as crianças, sua própria dor, a perda de . O peso de tudo afundava entre eles, um vínculo forjado em paixão, sim, mas também em tristeza.
— O fogo da dor. Nossa compreensão compartilhada… Nosso sofrimento compartilhado. — Ele segurou a mão dela sobre o seu rosto. — Como faz com que doa menos?
Você, respondeu à própria pergunta em pensamento. Era uma meia-verdade que ele não precisava expressar em palavras. Ela sabia. Era o mesmo para ela.
— Sempre queimando forte, assim como fogo entre nós. — Abriu um sorriso suave e triste. — Sabe tão bem quanto eu que só podemos fazer doer menos através da distração. E nada melhor para nos distrair do que estar com um amante que te estima e cuida de você como se fosse a luz do sol. Como era a frase que me disse naquela vez mesmo? “Às vezes o calor do sol deve ser valorizado, mesmo que seja passageiro”.
— Sim. Um amante cujo toque, cujo gosto, cuja presença distrai da dor, mesmo que apenas por um momento. Ah, , como eu anseio pelo seu toque, seu fogo. — Apertou seu abraço e enterrou o rosto no pescoço dela para inalar seu cheiro. — Eu anseio por essa proximidade, pelo gosto dos seus lábios. É um alívio e um frenesi inebriante. Ameniza a minha dor ao mesmo tempo em que me lembra dela.
— Eu amo quando você se torna poético assim. — afagou os cabelos de Oberyn, pressionando a cabeça dele contra o seu pescoço enquanto ele distribuía beijos ao longo da pele. — Seja o meu sol, Oberyn. Me conforte com o seu calor e eu lhe confortarei até que o verdadeiro sol nasça.
— Eu serei o seu sol, . Eu lhe banharei em meu calor, lhe confortarei e protegerei, porque é com você que eu encontro o meu próprio alívio — sussurrou em seu ouvido. — Que o verdadeiro sol chegue e parta, mas apenas saiba que eu sempre te acalentarei, minha paixão.
— Então eu prometo que voltarei de vez em quando para que possamos acalentar um ao outro e sermos um alívio para nossa dor. — Ela o beijou outra vez e mordeu seu lábio inferior.
— Valorizarei cada momento que você voltar para mim. — Sorriu contra os lábios dela. — Esperarei ansiosamente o seu retorno apenas para me aquecer no seu fogo, para me perder no seu abraço.
— Eu vou amar — suspirou ela enquanto acariciava as costas dele sobre as roupas. — Vou amar muito.
— Assim como eu. — Fechou os olhos sob o toque dela. — Ter você de volta, te segurar em meus braços, vivenciar a sua paixão… é uma chama que não posso deixar de atiçar.
— Mesmo se não atiçar, é um fogo que nunca se apaga. A propósito… — Ela começou a desabotoar as roupas dele. — Deve ter notado que falhei miseravelmente em fingir que não queria fazer sexo com você. — Soltou uma risadinha leve. — Eu nem tentei fingir, se quer mesmo saber a verdade. É inútil. Não consigo fingir quando estou com você.
— Sim, devo admitir. Não houve muito fingimento. — Ele sorriu e seus olhos brilharam de desejo. Suas mãos vagaram pela curva das costas dela. — Suas ações sempre falaram mais alto do que quaisquer palavras. — Pressionou os lábios em seu pescoço outra vez e saboreou a pele com beijos prolongados.
— Senti tanto a sua falta — confessou, deixando algumas outras palavras sem dizer.
Oberyn fez uma pausa para processar a confissão da mulher e permitir que as palavras se acomodassem em seu coração apaixonado. Afastou a boca da pele dela, então, e encontrou o seu olhar, sabendo que ela entenderia a emoção terna refletida nos olhos dele.
— Também senti sua falta — sussurrou de volta como se aquele fosse a maior segredo do mundo, apesar de ambos saberem a verdade antes mesmo de pronunciarem quaisquer afirmações. — Eu anseio por sua presença, pelo jeitinho especial que tem de me desafiar para toda e qualquer coisa, pela maneira como se entrega a mim. — Segurou seu rosto e inclinou-se para dar um beijo gentil em seus lábios. — Esteve em minha mente todos os dias desde a última vez, .
— Você também esteve na minha — assegurou-lhe ao envolver o rosto dele em suas mãos em um carinho carregado de uma afeição de anos e anos. — Sinto muito por não poder lhe presentear com a exclusividade que você deseja. Sinto mesmo. Quando estamos assim, juro que queria ser capaz de largar tudo para ficar com você e somente você.
Oberyn refletiu sobre o assunto. Se ela fizesse aquilo, não seria a sua Sand. Seu coração doía justamente porque a entendia. tinha a sua essência, aquele espírito feroz e independente que ele admirava e adorava. Sem aquilo, ela não existia. E era melhor desfrutar um pouco dela vez ou outra do que ter uma casca vazia com ele todos os dias.
— Se fosse capaz disso, não seria mais você mesma. E eu nunca iria querer que fosse nada além de você mesma — expôs. — Eu entendo que não pode me dar isso, mas… uma parte de mim ainda deseja…
— Eu sei. — Selou seus lábios quando a voz dele sumiu. — E eu amo essa parte de você, Oberyn, realmente amo.
— Fico feliz que ame isso, . — Puxou-a para mais perto e descansou sua cabeça contra a dela. — Sua compreensão significa mais para mim do que possa imaginar.
E não era mentira nenhuma. Por mais que ansiasse por tê-la para si o tempo todo, ele entendia que ela era sua própria pessoa. E Oberyn jamais queria que mudasse.
— E eu fico feliz em saber que minha compreensão significa tanto assim para você. A sua também significa muito para mim — contou-lhe. — Você significa muito para mim.
O coração de Oberyn quase saiu pela boca. Ele pressionou um beijo carinhoso na testa dela enquanto seus dedos brincavam com os fios de cabelo próximos ao rosto da mulher.
— E você significa o mundo para mim, — confidenciou. As palavras carregavam o peso de cada fibra do seu ser. Ele estava apaixonado por ela de uma forma que jamais havia experienciado antes.
— Tudo isso? — Seus olhos se abriram mais. — O mundo é um lugar bem grande.
— Sim, tudo isso. É a pessoa mais excitante, enfurecedora e inebriante que já conheci — murmurou, de olhos fixos nos dela. — Você me consome, Sand, de todas as maneiras possíveis. Nenhum outro amante roubou meus pensamentos e assombrou meus sonhos como você.
— Eu… — Segurou a língua. Então envolveu a mão dele e a levou até o seu coração em um movimento que dizia mais do que sua voz seria capaz de dizer. — É bom saber que é recíproco.
— É mais do que recíproco, , é uma chama eterna queimando em meu peito, assim como acredito que esteja queimando no seu — indicou. — Você acendeu um fogo que não posso apagar, um fogo que não quero apagar.
— Tão, tão, tão poético. — Cada palavra pronunciada era intercalada com um beijo. — Sim, é o mesmo comigo, Oberyn, e também não desejo que se apague.
— Você desperta isso em mim, , desperta a necessidade de colocar tudo o que estou sentindo em palavras. — Seus lábios encontraram os dela mais uma vez. — E eu quero cuidar dessa chama, alimentá-la. Eu quero mantê-la acesa.
— Continuará queimando, eu prometo a você, mesmo na vida após a morte — disse ela. — Se é que existe mesmo uma.
— Mesmo depois, então — concordou em um murmúrio rouco. As palavras de ambos ecoaram em suas mentes, o peso da promessa envolvendo-os por inteiro. — Uma chama que transcende o véu da vida e da morte… Eu cuidarei disso, da chama e de você.
— Deveríamos dizer as palavras agora? — perguntou, incerta. — Ou acha que não há mais necessidade?
— Não precisa. — Ele levou a mão de volta ao rosto dela em um toque terno. Seu olhar demonstrava vulnerabilidade, assim como o dela, mas também estava cheio de adoração. — O que sentimos… está além das palavras. Poéticas ou não, não precisamos delas para articular o nosso amor, . Nossas ações, nossos próprios seres falam mais alto que nossas vozes jamais poderiam.
— Eu concordo. O que dissemos e fizemos aqui já fala por nós. Ambos sabemos o que sentimos e o que o outro sente. — Sua voz era um sussurro abafado, seus lábios a apenas um sopro de distância dos dele. — Tudo o que falamos até agora disse muito mais do que aquelas três palavrinhas poderiam. Ainda assim, podemos dizer, é claro, mas deve ser espontâneo para transformá-las em algo quase…
— Sagrado — completou ele. — Você está certa. A espontaneidade é o que as torna verdadeiramente significativas. É o momento em que são ditas, a explosão genuína de emoção em nossos corações, não acha? O momento em que dizemos as palavras… deve ser a mais pura expressão de amor, um instante que não pode ser replicado.
— Por todos os deuses existentes, Oberyn! — Ela riu, balançando a cabeça. — Por que você tem que ser tão… bom?
— Eu não tenho que, eu simplesmente sou — provocou em tom brincalhão. — E eu só reservo esse meu lado para você.
— Você traz à tona o meu lado mais suave e romântico, minha paixão — segredou-lhe ao acariciar a bochecha dela em um toque suave e reverente. — Eu só quero ser bom para você, te fazer feliz, ser aquele que te estima profundamente.
— Ah, príncipe Oberyn, está quase me fazendo corar como uma donzela na noite de núpcias. — Deixou escapar um sorrisinho. — Eu poderia culpar o vinho, mas paramos de beber antes da Cerimônia das Lanternas.
Oberyn riu baixinho. Seus dedos traçaram um caminho secreto pelo pescoço dela que arrancava-lhe arrepios.
— Não posso evitar, . Estarmos juntos traz todas essas emoções à superfície. Você incendeia o meu coração e me faz desejar te cobrir de louvor e adoração. — Pressionou um beijo carinhoso no canto da boca dela. — E eu prefiro que não culpe o vinho. Desejo que cada momento que compartilhamos seja genuíno, sem nenhuma coragem líquida envolvida.
— Jamais precisei de coragem líquida quando se trata de você. — Selou seus lábios e aproximou a boca de sua orelha para sussurrar: — Hora de me apreciar, meu docinho, por inteira. — Retornou à tarefa de abrir a roupa dele. — Me ilumine com a sua luz do sol.
— Ah, Sand… — Uma onda de desejo caiu sobre ele, alimentando o fogo. — Eu apreciarei você, cada centimetrozinho. Vou te mostrar o calor de um verão dornês, o calor do meu amor por você.
Amor. Ele usara a palavra para falar de seus sentimentos por ela.
— Oberyn Nymeros Martell — sussurrou seu nome como se fosse uma preciosa canção. Seu sangue ferveu e ela moveu-se mais desesperadamente para despi-lo, embora ela mesma ainda estivesse vestida. — Mostre-me.
— … — Suas mãos moviam-se, ansiosas, para livrar um ao outro das barreiras entre eles, mas seus olhares jamais se desviavam. — Eu lhe mostrarei, minha flor selvagem do deserto.
— Ah, docinho — murmurou contra os lábios dele ao terminar a tarefa de despi-lo. — Como eu senti falta da minha Víbora Vermelha.
Seus dedos ágeis a despiam com uma graça habilidosa, expondo-a lentamente para ele. Oberyn fez uma pausa e acariciou a pele nua da mulher em um toque carregado de afeição, como se ela fosse a coisa mais preciosa a existir.
— Como eu senti falta da minha rosa do deserto — devolveu em uma voz embebida em ternura.
— Eu quero sentir você. — o puxou contra ela. O calor de suas peles nuas pressionando-se uma contra a outra era uma deliciosa tortura. — Quero te sentir como se fosse a nossa última vez, e também como se fosse a nossa primeira.
— Nossa última e primeira vez — repetiu. — Eu quero isso também.
Escorregou as mãos pelo corpo dela para explorar cada curva e contorno com reverência e uma fome que não era capaz de explicar. Sua boca foi de encontro ao pescoço exposto de e ela fechou os olhos para apreciar o máximo das sensações. Beijou e mordeu a pele dela, saboreando-a até o último pedacinho. Então subiu os beijos para o seu maxilar, onde podia enxergar as expressões de prazer da mulher. abriu os olhos para fixá-los nele. Não conseguia deixar de olhar para Oberyn e sorrir. E ele, não conseguia evitar o encanto com os sorrisos dela. Cada pequeno gemido, cada ofego e cada suspiro apenas aumentava o seu desejo e o deixava ansioso por mais.
— Quero que se perca na sensação, . — Seus dedos trilhavam um caminho lento e provocante sobre a pele dela. — Deixe-me mostrar o quanto senti sua falta, o quanto te desejo e sempre desejarei. — Mordiscou e lambeu ao longo da clavícula dela, suas mãos apertando cada ponto sensível que ele conhecia muito bem.
— Eu deixo você fazer qualquer coisa comigo, Oberyn. — Impeliu seu corpo contra o dele. — Tudo.
— Qualquer coisa? — Deslizou as mãos para seus quadris e a puxou para mais perto. — Ah, eu tenho muito em mente para você, minha .
— Qualquer coisa, quantas vezes você quiser… Ou quantas vezes aguentar. — Ela riu um pouco. — Estamos no início da noite, e ficaremos aqui até o sol nascer. Temos muito tempo para conversar, fazer sexo, dormir, fazer sexo de novo, conversar… Sem nenhuma ordem específica. — Piscou para ele. — É apenas o começo.
— Temos a noite toda, . E planejo fazer cada segundo valer a pena. — Oberyn sorriu e puxou-a para outro beijo apaixonado. — Mas por enquanto, deixe-me lhe dar todo o prazer que eu puder. Nos preocuparemos em conversar mais tarde.
— Já falamos demais, creio eu — disse ela. — Mas você sabe como eu gosto de falar durante o ato.
— Ah, eu me lembro, sim — reconheceu. Lembrava-se bem de como suas palavras o deixavam louco e como elas podiam ser brincalhonas e tão ardentes quanto o seu toque. Ele já podia até imaginar… — Vou garantir que tenha muito a dizer, minha doce rosa do deserto.
— Dê um pouco de água à sua rosa do deserto — pediu. — Me alimente.
A respiração de Oberyn ficou pesada e ele levou a boca ao pescoço dela outra vez, onde pressionou beijos e mordiscou de leve. Enquanto isso, deslizou a mão até seu seio e a provocou com carícias quentes, bem do jeito que ela gostava. Conhecia Sand muito bem, afinal de contas.
— É claro, minha — respondeu. — Garantirei que nunca sinta sede.
Percorreu os lábios por sua clavícula, movendo-se para baixo até a língua traçar ao longo da curva do seio dela. deixou escapar um longo e alto suspiro em resposta. Oberyn apreciou a maneira como seu corpo respondia a ele e os suspiros de prazer da mulher como se fossem o melhor vinho dornês que já tivera a oportunidade de beber. Escorregou, então, as mãos corpo abaixo em um toque intencionalmente lento, causando-lhe arrepios.
— Quero ouvir a sua voz, meu amor — murmurou contra sua pele enquanto a mão continuava o caminho até tocar o lado de dentro de sua coxa. — Desejo te escutar. Deixe-me saber o que você quer.
— Você sabe o que eu quero. Sempre sabe — enfatizou. — Continue, docinho.
Era verdade. Oberyn Martell conhecia o corpo e os desejos de Sand tão bem quanto conhecia os seus. Talvez até mais. Acariciou a coxa dela, mas não moveu a mão de lugar, no intuito de provocá-la ao máximo. Sua boca, no entanto, prosseguiu com a tarefa de pressionar beijos lânguidos ao longo do corpo dela, demorando-se na região próxima ao seio.
— É isso o que você quer? — perguntou.
— Mais. — Ela moveu os quadris, buscando por um toque ausente. — Eu quero mais.
— Ah, minha rosa do deserto, sempre tão ansiosa… — provocou, seus lábios roçando contra o seio dela. Podia sentir sua ânsia, sua impaciência, e pretendia fazer aquele desejo crescer. — Não se preocupe, terá mais do meu toque do que pode suportar.
— Qual é, Oberyn! — fez beicinho. — Você sabe bem como me deixar sedenta, faminta.
— Eu sei. — Ele riu ao deslizar seus dedos para mais perto, o contato leve como uma pena, mas ainda sem dar o toque direto pelo qual ansiava. Oberyn queria que ela implorasse por isso, queria sentir as profundezas de seus desejos. — E pretendo levá-la ao limite, minha paixão.
— Está me torturando, docinho. — Ela agarrou o rosto dele e o puxou para si.
despejou todo o seu desejo em um beijo profundo e desesperado. E Oberyn respondeu com igual paixão. O som da súplica, a fome na voz dela, apenas alimentou seu desejo de acalentá-la, de dar prazer a ela, levá-la ao limite. O ar crepitava com a intensidade de seus desejos, como se eles fossem uma fogueira viva, queimando sem parar.
— Você quer mais, ? — sussurrou.
— Desesperadamente — respondeu sem nem hesitar.
— Você é tão linda quando implora, minha doce flor do deserto. — Seus dedos dançaram ao longo da coxa dela. Ele amava o modo como o seu corpo respondia a cada pequeno toque, a maneira como ela implorava por mais, o fogo em seus olhos… Um fogo que só existia para ele. — Lhe darei o que deseja.
— Você é tão lindo quando me faz implorar — devolveu-lhe. — E quando me toca daquele jeitinho forte, mas gentil.
— E você é tão linda quando está desesperada por mim. — Sorriu para ela e seus dedos se aproximaram um pouco mais. Só um pouquinho.
— E você sabe exatamente como me deixar ainda mais desesperada. — Ela mordeu o lábio com força. Era sempre assim com Oberyn. Quanto mais ele a tocava, não importava onde, mais desesperada ela ficava por mais dele. E Oberyn amava o desespero crescente da mulher e a antecipação dela quase se igualando à dele próprio.
— Por acaso, você não está me desafiando a te deixar ainda mais desesperada, não é? — Umedeceu os lábios. — Ah, eu lhe farei ansiar por mim, minha flor do deserto, eu prometo. Vou te levar à beira do êxtase e além.
— Eu já estou ansiando por você — disse ela. — Meu corpo está.
Oberyn riu em deleite. Não era algo que podia esconder dele. Era só olhar para ela. Os suspiros. Os movimentos. Os mamilos intumescidos. A pele arrepiada. Seu olhar. Suas palavras. Aquilo que ele sabia que encontraria se cedesse à tentação de escorregar sua mão um pouquinho mais para cima…
— Eu posso ver. — Passou seu polegar sobre o mamilo enrijecido dela. — Seu corpo está falando mais alto que palavras, minha rosa do deserto, e eu amo o jeito que ele fala.
— Faça isso, Oberyn — pediu quando ele arrastou os dedos em mais um toque provocante em sua coxa. — Me toque de verdade.
O coração de Oberyn pulou uma batida com o apelo claro de . As palavras atiçaram as chamas crescentes dentro dele. A excitação aumentou ainda mais enquanto o pedido dela ecoava em sua mente e corpo.
— Como desejar, minha rosa do deserto — assentiu.
Em um gesto lento, deslizou a mão entre as coxas dela, seu toque finalmente a alcançando de verdade, bem do jeitinho que ela desejava. gemeu em resposta, feliz por conseguir o que queria. O modo como o seu corpo respondia apenas fazia o prazer de Oberyn aumentar. Ele amava como ela se derretia sob seu toque.
— Tão linda… — murmurou, sem desviar o olhar do dela enquanto movia seus dedos suavemente contra ela.
— Eu não sou a única, sou? — Beijou-o com vontade entre os suspiros.
— Não, querida, você não é — admitiu, convencido. Os sentimentos o atingiram no peito como uma flecha e tudo o que ele queria era estar mais perto dela, sentir seu calor, seu toque… sentir tudo dela. — Estou ardendo por você, minha rosa do deserto.
— Suas palavras… — Ela arfou enquanto ele continuava a tocá-la. — Eu amo isso.
Nem sabia se referia-se às palavras dele, aos seus toques, ou a tudo ao mesmo tempo. Deslizou uma mão para baixo sobre o corpo de Oberyn, que foi atingido por um choque de excitação. O toque íntimo o fez ofegar.
— E eu amo o seu toque, , o jeito como o seu corpo responde ao meu e o meu… — As palavras sumiram com um arfado. Seus dedos acendiam um fogo impossível de apagar. A sensação de sua mão sobre ele apenas aumentava o prazer de ambos, já que ele a respondia com uma dança perfeitamente compassada de seus dedos contra ela. — É como uma doce tortura.
— É mesmo, não é? — sorriu. — Eu sinto o mesmo.
Ela pôs mais força nos movimentos de seus dedos, e ele fez o mesmo. A intensidade de seus toques, a maneira como seus corpos respondiam um ao outro… era como uma sinfonia de prazer. Ainda que ambos se aproximassem do limite, havia um entendimento tácito — ainda não. Eles queriam prolongar a deliciosa tortura, saborear a antecipação, o calor.
— É — concordou. — A mais doce tortura imaginável.
— A mais doce das mais doces — gemeu.
— Está pronta, minha rosa do deserto? — Seus dedos moveram-se contra ela lentamente, como se fizessem um pedido.
— Mais do que pronta, docinho. — Assentiu com a cabeça. — E você?
— Mais do que pronto, meu amor — assegurou-lhe. Ele queria ela, toda ela, com cada fibra de seu ser. — Eu preciso de você, Sand, por inteiro.
— Então me tome — ordenou ao libertá-lo de seu toque, sem jamais desviar o olhar.
Oberyn devolveu-lhe o olhar intenso. Ele sentira falta disso. Esperara por isso nos últimos anos… por tê-la outra vez, de corpo e alma. Em um movimento rápido e fluido, posicionou-se em cima de . Suas mãos encontraram as dela e prenderam seus pulsos acima de sua cabeça. Ele parou por um momento, seus corpos pressionados, e a observou antes de capturar seus lábios em um beijo terno e apaixonado.
— Ah, … — murmurou, a voz carregada de adoração. — Minha linda e magnífica .
— Ah, Oberyn… Meu belo e obstinado Víbora Vermelha — sussurrou ela. — Meu amor.
Oberyn Martell estava perdido nela. Suas palavras, o olhar em seus olhos, a sensação de sua pele na dele…
— , minha feroz e bela rosa do deserto, eu amo você, agora e para sempre. — Deslizou para dentro dela devagar, apreciando o gemido que ela deixou escapar. A conexão entre eles, fosse física ou emocional, era avassaladora… linda. Suas mãos escorregaram dos pulsos para as palmas dela e seus dedos se entrelaçaram. — … Eu te amo com cada batida do meu coração. Você é o meu amor, agora e sempre.
— Eu também amo você, Oberyn, agora e sempre, e… — Ela foi interrompida por um gemido misturado a um suspiro enquanto eles moviam os quadris juntos, quase desesperados. — E talvez até antes. Eu acho que já te amo há muito tempo.
— Também já te amo há mais tempo do que eu sabia, minha flor do deserto. — Abriu um sorriso repleto de ternura. — Este momento, estar aqui com você, parece o ápice de anos de anseio e desejo.
— O ápice de anos de saudade, e agora temos a noite toda para aproveitar. — Pressionou os lábios contra os dele. — Eu te amo. — Beijou-o de novo. — Eu te amo. — Outro beijo, mas dessa vez arfou contra seus lábios, afinal, as estocadas dele haviam aumentado de intensidade. — Eu amo você. Não canso de dizer.
— Eu também amo você — pronunciou cada palavra em uma emoção crua. Sua paixão apenas crescia a cada estocada, a cada beijo. Seus corpos se moviam em perfeita harmonia, como se fossem feitos para estarem juntos. — Agora e sempre, para todo o sempre.
— Eu sempre me lembrarei de você, e te amarei até o fim — declarou. Tudo o que parecia sair da boca dela, além de gemidos, arfados e suspiros, eram declarações de amor por ele. — Agora e sempre, Oberyn, agora e para sempre.
Ele não pôde deixar de se sentir tocado com aquelas palavras, que eram a promessa do amor de Sand. Um amor que eles compartilhavam da forma mais íntima e pessoal possível.
— Você está enraizada em meu próprio ser, — confidenciou. — Agora e para sempre. Jamais me esquecerei de você, e jamais pararei de te amar.
Quanto mais intensos seus movimentos ficavam, mais a conexão deles tornava-se palpável, fosse em suas respirações laboriosas ou nos sons que ambos faziam. Cada beijo, cada toque, cada palavra, cada suspiro era uma afirmação da profundidade do amor deles. Oberyn estava em chamas, assim como . O lindo cobertor de estrelas os assistia do céu, mas tudo o que podia fazer era olhar nos olhos de Oberyn; afinal, o que era um magnífico céu estrelado comparado à conexão que existia entre eles?
— Meu amor — ela gemeu baixinho.
Oberyn sustentou o olhar dela enquanto compartilhava todo o seu desejo e amor com ela. Ele queria se agarrar ao momento e mantê-lo como um tesouro sagrado para sempre. A paixão apenas aumentava a cada estocada, assim como o prazer. Oberyn desvencilhou uma de suas mãos e deslizou-a sobre o corpo de , entre os dois, até atingir o ponto certo, intensificando o prazer para que ela alcançasse o seu ápice antes dele.
Concentrou-se nela, e apenas nela. Seu toque era gentil e atencioso. Ele conhecia o corpo de com uma intimidade que ninguém mais possuía, sabia exatamente onde e como tocá-la. Ouvi-la suspirar o seu nome conforme seu prazer se intensificava apenas aumentava o seu desejo por ela. fitou-o com reverência e deslizou a mão por seu rosto e cabelos em um carinho gostoso enquanto cedia àquela onda prazerosa. Ela queria que ele visse o êxtase em seu rosto enquanto ela estremecia no ponto mais alto de seu prazer.
— Eu amo você, docinho — sussurrou, sua voz entrecortada pelos suspiros de júbilo enquanto seu corpo ainda o se contraía ao redor dele.
— Eu também amo você, minha rosa do deserto — declarou ele.
— Não pare — ordenou. — É a sua vez agora.
capturou seus lábios em um beijo afetuoso. Oberyn agarrou a cintura dela e puxou para ainda mais perto, como se nenhuma proximidade fosse próxima o suficiente. A paixão avassaladora derramou-se através de todo o seu corpo, abarrotada de anos de amor e desejo. Seu coração doía por ela, nos melhores e piores sentidos.
A mão de envolveu os curtos cabelos de Oberyn de uma forma provocante, do jeitinho que ela sabia que ele amava. Queria aumentar o prazer dele assim como ele fizera com ela. Havia algo no modo como o conhecia tão bem que o deixava louco. Seu toque, seu olhar, sua presença por si só, já alimentava os sentimentos dele como um combustível em uma chama.
— Não precisa mais se segurar, docinho — disse ela. — Deixe sair.
Aquilo foi mais do que o suficiente para empurrá-lo ao limite e além dele. Pressionou seus corpos, sua respiração ficava cada vez mais descompassada. Cravou os dedos na cintura dela e aumentou o aperto em sua mão. Estava se desfazendo da melhor das maneiras, possuído pela intensidade da união que compartilhava com Sand. Tentou ao máximo manter o olhar dela enquanto ondas de prazer quebravam sobre ele como um mar revolto. Naquele momento, pertencia de corpo, mente e alma a ela. E não apenas naquele momento, ambos sabiam bem.
Deitados lado a lado, ainda teriam a noite inteira para aproveitar a companhia um do outro sob as estrelas antes que cada um seguisse seu próprio caminho. Oberyn e se encontrariam outra vez. Ao menos, era nisso em que ambos acreditavam, pois sempre acabavam voltando um para o outro. Era provável que se encontrassem até mesmo no pós-vida — se ele existisse; se não, ao menos estariam na mente um do outro até o último momento.
Então, Oberyn escolheu aquele momento para retirar o medalhão dourado de seu pescoço e pressioná-lo na palma da mão dela. O objeto tinha o formato de um sol com uma lança atravessada nele — o brasão da Casa Martell. sabia que, se o abrisse, veria a pequena pintura em estilo myriano de um homem: Oberyn Martell, a Víbora Vermelha — o homem que ela amava, o homem que a amava de volta. Ela já vira muitas vezes, mas desta vez parecia diferente, era como se ele estivesse lhe dando o medalhão.
— É para você — explicou. O objeto tinha uma conexão profunda com sua identidade, sua família, tudo. Um pedaço de sua alma nas mãos de Sand. Mas ele sabia que aquilo tinha que pertencer a ela, assim como seu coração e todo o resto já pertenciam. — Uma lembrança de mim, do nosso amor. Um símbolo da minha afeição por você, minha doce rosa do deserto.
— Você…? — hesitou antes de soltar um suspiro emocionado. Aquele ato era tão… especial. Tão puro quanto o sol. Não existiam palavras suficientes para descrever o quanto aquilo significava para ela. — Me ajuda a colocar?
Entregou o medalhão nas mãos dele e ergueu o cabelo para tirá-lo do caminho. Com um sorriso carinhoso, Oberyn prendeu o objeto ao redor do pescoço dela. Seus dedos demoraram-se sobre a pele suave enquanto o pingente se acomodava contra o seu peito nu.
— Para se lembrar da sua Víbora Vermelha quando o sol estiver no alto… — Ele fez com que se virasse para olhar em seus olhos. — E quando o sol se pôr.
Deslizou a mão para tocar o medalhão dourado, sem ousar desviar o olhar do dela.
— E quando eu precisar de um pouco de luz para iluminar as minhas noites — acrescentou ela, com um sorriso nos lábios.
— De fato — concordou. — Quando precisar de luz em suas noites, deixe este sol brilhar com o calor do meu afeto. Que seja um lembrete do amor que compartilhamos, não importa onde você esteja ou aonde nossos caminhos acabem nos levando.
— Uma chama eterna, que nunca se apaga. — Ela entrelaçou suas mãos. — Eu sempre me lembrarei de você, docinho.
O coração de Oberyn se inchou de amor com um toque agridoce de tristeza. O pensamento de seguirem caminhos diferentes, de estarem separados, pesava muito em sua alma. A promessa de sua lembrança perpétua, no entanto, lhe trazia conforto.
— Eu também sempre me lembrarei de você, meu amor — prometeu. — Estará para sempre gravada em meu coração, em meu próprio ser. Você jamais desaparecerá dos meus pensamentos e sonhos, nem da minha alma. — Sorriu, apaixonado. — Uma chama eterna até o fim.