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Codificada por: Sol ☀️

Última Atualização: 14/04/2025.

— Bom dia! E você? — sorriu na direção do cliente e depositou as mãos sobre o balcão.

— Preciso de flores de cerejeiras para serem plantadas… você é nova aqui? Não me lembro de ser atendido por você antes…

senti as bochechas esquentarem de vergonha. Ela era a dona da floricultura e basicamente nunca havia sido vista por nenhum cliente, já que quase não atendia, gostava mesmo dos bastidores. Mas agora a loja precisava de atendentes extras e enquanto ela não contratava resolveu “pôr a mão na massa”.

— Digamos que sim e que não também… eu sou a dona.

observou o homem à sua frente, que, ao ouvir suas palavras, arregalou os olhos e ficou em silêncio por um momento. A surpresa estava estampada no rosto dele, como se tivesse acabado de ouvir algo impensável. Ela notou o jeito como ele parecia tentar processar a informação, os olhos indo de um lado para o outro, até que finalmente ele respirou fundo e começou a rir, desconcertado.

— Desculpe, eu não… — ele começou, seu sorriso um pouco nervoso. — Eu realmente não esperava que a dona fosse tão jovem. Achei que fosse alguém mais… experiente, digamos. Desculpe a minha reação.

riu baixinho, sentindo as bochechas esquentarem. A situação era até engraçada, mas ela não podia deixar de se sentir um pouco lisonjeada.

— Não tem problema, eu entendo — ela disse com um sorriso suave. — Eu sou mais nova do que a maioria das pessoas espera, mas sou a dona, sim.

Ele pareceu aliviado e rapidamente mudou de postura, agora mais atento e educado.

— Eu realmente não queria ofender, não sabia.

— Não foi nada — ela respondeu com um gesto leve de mão. — Então, você queria flores de cerejeiras, certo?

O homem assentiu, seu semblante agora mais sério, como se a ideia de comprar as flores fosse algo importante para ele. Ele parecia hesitante, quase como se estivesse confuso sobre como falar sobre isso.

— Sim, para serem plantadas... — ele disse, e depois, como se tentasse mudar de assunto, acrescentou: — Você é a , certo? Eu ouvi falar de você.

A mulher ficou surpresa. Não esperava que ele soubesse seu nome, mas ele não parecia ser um cliente comum. A curiosidade foi instantânea.

— Eu sou, sim. — Ela sorriu, tentando manter a conversa fluindo. — Você é o Doyoung, não é? O cliente fiel que sempre compra flores de cerejeira para a Yuki?

O homem fez uma pausa, e seus olhos brilharam com uma leve admiração, antes de ele dar um pequeno sorriso, quase tímido.

— Sim, é para Yuki… Digamos que tudo isso é algo muito especial para mim. — Ele sorriu com uma expressão suave, quase como se estivesse falando de algo que tocava profundamente seu coração.

sorriu, tocada pela sinceridade dele. Algo naquela conversa fez seu interesse crescer, mas ela se conteve, não querendo ser intrometida.

— Uma mulher de muita sorte a Yuki— ela respondeu, sentindo um novo tipo de respeito por aquele cliente misterioso.

O homem corou ligeiramente, e notou a forma como ele evitou seu olhar por um momento, como se estivesse tentando esconder alguma coisa. Ele balançou a cabeça em negativa, e quando olhou de volta para ela, sua expressão estava mais séria, como se o assunto fosse mais delicado do que ele queria revelar.

— Na verdade… — ele começou em um tom suave, quase hesitante, como se estivesse decidindo se deveria ou não compartilhar aquilo. — Yuki não é uma pessoa. É um parque de cerejeiras.

franziu a testa, confusa, mas algo nos olhos dele a fez perceber que ele falava com uma seriedade que não poderia ser ignorada.

— Um parque? — ela repetiu, agora mais curiosa. — Como assim?

Ele respirou fundo, parecendo pesar as palavras antes de falar novamente. Sua voz, agora mais baixa, era carregada de um sentimento de urgência e dedicação.

— Yuki é um dos últimos parques de cerejeiras em Tóquio. Está sendo ameaçado de ser destruído para dar lugar a novos edifícios. Eu… — Ele fez uma pausa, tentando juntar coragem. — Eu estou tentando salvá-lo. E essas flores de cerejeira, elas são uma forma de me conectar com ele, de manter o legado vivo, mesmo que só por mais um tempo.

sentiu uma onda de empatia por ele. O homem à sua frente não estava simplesmente comprando flores; ele estava em uma missão, e essa missão, tão cheia de paixão e preocupação, tocou algo profundo dentro dela.

— Eu entendo — ela disse suavemente, tentando disfarçar a emoção que começava a tomar conta de si. — Yuki é realmente especial, então.

Ele sorriu, mas o sorriso estava marcado pela dor de quem sabia que o tempo estava contra ele.

— Sim, e cada flor que compro é como uma promessa de que vou lutar por isso até o fim.

A sinceridade dele a fez querer ajudar, mais do que qualquer outra coisa. Ela sabia que, se existia uma causa que merecia ser apoiada, aquela era uma delas.

— Se precisar de ajuda… eu posso fazer mais do que vender flores, você sabe — ela disse, sem pensar duas vezes.

Ele a olhou surpreso, como se não tivesse esperado aquela oferta, mas o brilho nos olhos dele ficou mais intenso.

— Eu agradeço. Quem sabe, talvez você possa me ajudar a fazer com que mais pessoas vejam Yuki da mesma forma que eu vejo.

sorriu em resposta, sentindo um calor inesperado no peito. Havia algo genuíno na forma como ele falava sobre Yuki, algo que a tocava de um jeito que ela não esperava.

— Espere só um instante. Eu já volto com o seu pedido.

Doyoung assentiu com um sorriso discreto, recuando um pouco enquanto observava o interior da loja com atenção.

caminhou até a parte de trás da floricultura, refletindo sobre tudo que acabara de ouvir. Um parque de cerejeiras… Ela nunca teria imaginado algo assim. Seu primeiro instinto foi pegar apenas as flores que ele havia solicitado, mas, enquanto separava os galhos cuidadosamente, teve outra ideia.

Ele estava tentando salvar algo importante. Algo bonito. Algo que deveria continuar existindo.

Com um pequeno sorriso satisfeito, ela pegou algumas mudas extras e ajeitou tudo em uma bela embalagem. A floricultura poderia contribuir um pouco mais por uma boa causa.

Quando retornou ao balcão, entregou o pedido a ele com delicadeza.

— Aqui está. — Ela esperou ele pegar as flores antes de acrescentar, em um tom casual: — Acrescentei algumas mudas extras. Considere um presente da loja para Yuki.

Os olhos de Doyoung se arregalaram ligeiramente, surpresos. Ele abriu a boca para dizer algo, mas logo fechou, parecendo procurar as palavras certas.

— Isso é… — Ele parou por um momento, depois soltou um suspiro quase aliviado. — Obrigado. De verdade. Isso significa muito para mim.

apenas sorriu, sentindo que, de alguma forma, aquela não seria a última vez que conversariam sobre Yuki.

🌸🌸🌸

Doyoung saiu da floricultura com as flores cuidadosamente embaladas, o coração leve e o sorriso no rosto. Ele mal podia esperar para voltar ao parque e fazer tudo o que fosse possível para salvar Yuki. Não era todo dia que ele recebia um gesto tão generoso como o de .

Com o espírito elevado, ele caminhou até o carro estacionado na esquina. Lá estavam Johnny, Jaehyun e Yuta, todos sentados no veículo, já prontos para partir para o parque e depois para o trabalho. Eles estavam acostumados a acompanhá-lo nas visitas ao parque sempre que podiam, ajudando com a manutenção e, às vezes, apenas oferecendo companhia.

Doyoung abriu a porta do carro com certa dificuldade pelas mãos ocupadas, mas com um sorriso radiante, e os três amigos imediatamente notaram sua empolgação, Yuta ajudando-o com algumas flores.

— O que aconteceu, Doyoung? — Johnny perguntou, arqueando uma sobrancelha, notando o sorriso largo do amigo. Ele sempre tinha uma expressão um pouco mais séria, mas sabia como ler Doyoung com facilidade.

— Acho que a floricultura me surpreendeu hoje. — Doyoung respondeu com um sorriso malicioso, segurando as flores com um pouco de orgulho. — Conheci a dona da loja. E ela… Bem, ela fez algo incrível por Yuki.

Jaehyun virou a cabeça para ele, curioso.

— Incrível, tipo o quê?

Doyoung abriu a embalagem com cuidado, revelando as mudas extras que havia dado.

— Ela me deu essas mudas. Como um presente da loja. — Ele explicou, e os outros três ficaram em silêncio por um momento, visivelmente tocados pela atitude.

— Isso é… incrível mesmo — Yuta disse, sorrindo e olhando as flores com admiração. — Parece que nós não estamos lutando por Yuki sozinhos, depois de tudo.

Doyoung assentiu, sentindo um calor no peito.

— Não estamos. E vamos continuar lutando, mas agora com mais apoio. Ela me fez ver que até os pequenos gestos contam, e isso vai fazer toda a diferença.

Johnny sorriu para ele.

— A gente também tá com você, mano. — Ele fez uma pausa, olhando para os outros três. — Eu, Jaehyun e Yuta já combinamos que vamos continuar ajudando no parque sempre que for possível. Agora, não importa o que aconteça, Yuki vai resistir.

Doyoung, emocionado com o apoio dos amigos, deu um rápido aceno de cabeça. Eles não eram apenas seus amigos, eram seus sócios, e o trabalho que eles faziam juntos era a base da vida deles. Os quatro eram donos de uma empresa de paisagismo e arquitetura ambiental, especializada em proteger espaços verdes e naturais de áreas urbanas em expansão. O trabalho deles não se limitava a projetos de design, mas também à preservação de parques e jardins urbanos, o que, claro, incluía a missão de salvar Yuki.

— Então, o que acha da gente fazer um trabalho voluntário no parque hoje antes de irmos para o escritório? — Jaehyun sugeriu, sempre a favor de dar um apoio extra em projetos que envolvessem natureza e preservação.

Doyoung sorriu ainda mais. — Isso seria perfeito. Vamos cuidar de Yuki juntos. Não há melhor maneira de começar o dia.

Johnny ligou o carro, e o grupo seguiu em direção ao parque, onde continuariam o trabalho de preservação com ainda mais energia e determinação. Eles sabiam que a missão não seria fácil, mas com a força da amizade e o compromisso com o que era certo, tinham a certeza de que fariam o que fosse necessário para salvar Yuki.

🌸🌸🌸

ficou parada por um momento após a saída de Doyoung, observando a porta da floricultura que se fechava atrás dele. As flores de cerejeiras que ele comprara agora ocupavam uma parte do balcão, mas sua mente estava longe dali, absorvida pelo que acabara de ouvir.

Ela já tinha ouvido falar de parques sendo destruídos para dar lugar a novos empreendimentos urbanos, mas ouvir Doyoung falar sobre Yuki — aquele parque de cerejeiras que ele estava tentando salvar — tocou um ponto fundo nela. Ele parecia tão dedicado à causa, como se estivesse fazendo mais do que lutar por um pedaço de terra, mas por algo simbólico, algo que representava uma parte vital da história e da beleza de Tóquio.

Ela voltou à sua rotina, pegando mais flores e arrumando as prateleiras com cuidado, mas seus pensamentos estavam em Yuki. A imagem do parque, com suas cerejeiras florescendo sob o céu azul, parecia viva em sua mente. Ela sabia que tinha algo a mais para oferecer — algo além de vender flores. Era uma causa nobre, e ela sentia um desejo crescente de se juntar a ele, de ajudar na missão de preservar o parque.

soltou um suspiro, colocando as mãos na cintura enquanto observava a loja. Ela não sabia exatamente como poderia contribuir, mas sentia que, de alguma forma, isso era maior do que ela. Havia algo especial em todo o contexto, algo que a chamava a agir.

Ela se virou para os dois funcionários que estavam organizando os arranjos de flores na outra parte da loja, e os chamou com um sorriso suave.

— Ei, quando o Doyoung aparecer de novo, podem me avisar, por favor? — ela pediu, ainda refletindo sobre a ideia de se envolver. — Eu acho que… talvez eu deva conversar mais com ele sobre o projeto dele. Acho que posso ajudar de alguma forma.

Os dois olharam um para o outro, um pouco surpresos com a seriedade no tom de , mas rapidamente assentiram.

— Claro, dona — respondeu um deles, com um sorriso compreensivo. — Você parece bem empolgada com isso. Vai ser ótimo ajudar o Doyoung.

— Eu também acho — disse, mais para si mesma do que para os outros, com um sorriso que misturava determinação e expectativa. — Acho que vou descobrir o que mais posso fazer por Yuki.

Ela voltou ao seu trabalho, mas dessa vez com um novo propósito. Não era só sobre as flores ou a floricultura; era sobre ajudar a salvar algo maior. E, quem sabe, talvez ao fazer isso, ela também encontrasse um novo caminho para sua própria vida.


segurava o vaso com certa força, tentando manter a concentração para não derrubá-lo no chão e então franziu a testa fazendo força enquanto pensava “preciso contratar funcionários homens”.

— Você parece estar precisando de ajuda.

A voz soou familiar e suave, e congelou por um segundo antes de erguer os olhos, surpresa. Doyoung estava ali, parado a poucos passos dela com um sorriso contido nos lábios. Ao lado dele, outro rapaz — de cabelos escuros e sorriso aberto — observava a cena com os braços cruzados, claramente se divertindo.

— A gente pode dar uma mãozinha com isso — disse o rapaz ao lado de Doyoung, dando um passo à frente. — Sou o Yuta.

Antes que ela pudesse responder, os dois já estavam se aproximando, e em questão de segundos o vaso que ela levaria uma eternidade para mover foi erguido com facilidade pelos dois homens.

— Você tava tentando mover isso sozinha? — Doyoung perguntou, ainda segurando um lado do vaso com Yuta. Ele parecia genuinamente impressionado — e um pouco preocupado.

— Eu tava... tentando — ela respondeu, limpando a testa com o dorso da mão, ligeiramente sem graça. — Mas já tinha quase aceitado que ele ia ficar no mesmo lugar pra sempre.

Yuta soltou uma risada leve enquanto posicionavam o vaso no local certo.

— Bem, agora ele tem um novo lar. Missão cumprida.

sorriu, os olhos indo de um para o outro, feliz e surpresa por vê-los ali tão de repente.

— Obrigada, de verdade. Vocês apareceram na hora certa.

— Na verdade, a gente veio trazer algo — Doyoung disse, indicando uma caixa de madeira que ele tinha deixado perto da entrada. — Flores cultivadas no parque. Algumas mudas novas que nasceram perto das trilhas, achei que você pudesse gostar de tê-las por aqui.

sentiu o coração se aquecer com o gesto. Era mais do que uma simples visita — era uma ponte que se formava entre eles, pouco a pouco.

A morena olhou para a caixa de madeira com as mudas e depois para os dois, ainda sentindo o coração aquecido pelo gesto. Eles tinham tirado um tempo da rotina para ajudá-la — e ainda trouxeram um presente.

— Eu não posso deixar vocês irem embora assim — ela disse, sorrindo. — Aceitam um café? É o mínimo que posso oferecer depois de vocês salvarem meu vaso e ainda me trazerem essas mudas lindas.

Yuta abriu um sorriso largo, olhando para Doyoung como quem já estava dentro da ideia.

— Eu não costumo recusar café... principalmente se for acompanhado de plantas bonitas e boa companhia.

Doyoung assentiu, com um leve sorriso nos lábios.

— A gente aceita, sim. Obrigado.

os guiou até uma pequena mesinha de madeira no fundo da loja, perto de uma janela que dava vista para uma parede coberta por trepadeiras. Era um cantinho acolhedor, que ela costumava usar para fazer anotações ou cuidar de arranjos menores, mas agora parecia perfeito para uma pausa com convidados inesperados.

Ela serviu o café com cuidado, aproveitando para pegar alguns biscoitos amanteigados que sempre deixava em uma latinha para os funcionários — e para si mesma, nos dias difíceis.

— Aqui está — disse, colocando as xícaras na mesa. — Espero que gostem. Não é nada demais, mas foi feito com carinho.

— Melhor ainda — Yuta respondeu, pegando a xícara e inalando o aroma do café. — Café com carinho é sempre mais gostoso.

riu, sentando-se com eles.

— Então... — ela começou, olhando para Doyoung. — Como está Yuki? O parque, quero dizer.

Doyoung apoiou a xícara no pires, o olhar suavemente melancólico.

— Estamos fazendo o que podemos. Hoje mesmo conseguimos plantar mais algumas mudas, e um grupo de estudantes se ofereceu para ajudar na limpeza das trilhas nos fins de semana. Mas a pressão por parte dos investidores continua forte.

— A gente tem pouco tempo antes de uma nova reunião com a prefeitura — completou Yuta, agora mais sério. — Estamos tentando conseguir apoio da comunidade, assinaturas, qualquer coisa que ajude a mostrar que o parque tem valor real para as pessoas.

ouviu tudo com atenção, sentindo uma vontade crescente de fazer parte daquilo.

— E se eu ajudasse com isso? — disse, sem pensar muito, mas com o coração firme. — Eu tenho clientes, contato com fornecedores, amigos que adorariam apoiar uma causa como essa... Posso montar algo aqui na loja, distribuir panfletos, sei lá... Eu quero ajudar.

Doyoung a encarou por um momento, visivelmente surpreso — e tocado.

— Você faria isso?

— Claro que sim. Eu disse que não era só uma florista, lembra? — Ela sorriu, inclinando-se levemente para frente. — Estou dentro.

Por um instante, nenhum dos dois disse nada. Doyoung a observava com uma expressão suave, mas havia algo nos olhos dele — uma mistura de surpresa e admiração — que ainda não tinha visto antes. Yuta olhou para o amigo como quem dizia “eu te disse”, e depois voltou o olhar para ela, claramente empolgado.

— Você não faz ideia do quanto isso ajudaria — Doyoung disse, finalmente. — As pessoas confiam em quem está perto delas. Uma floricultura como a sua tem um vínculo direto com a comunidade. Se você conseguir mobilizar mesmo que uma parte dos seus clientes, isso já pode fazer uma enorme diferença.

— E com flores envolvidas, melhor ainda — completou Yuta, sorrindo. — As cerejeiras têm um apelo emocional muito forte. A gente pode usar isso a nosso favor.

assentiu, já pensando em tudo que poderia ser feito.

— Posso montar uma pequena exposição aqui na loja, com fotos do parque, depoimentos… até algumas mudas de cerejeira em destaque com plaquinhas contando a história de Yuki. E posso fazer uns cartões com QR Code pro abaixo-assinado que vocês estão organizando.

Doyoung passou a mão pelos cabelos, impressionado.

— Uau… você já pensou em tudo, hein?

— Ainda não, mas me conhecendo, vou passar a noite toda pensando — ela disse com uma risada, e os três riram juntos.

— Isso vai dar certo — disse Yuta, confiante. — Com você no time, , a gente tem uma chance real.

— A gente devia marcar uma reunião com os outros — Doyoung completou, se virando para o amigo. — Jaehyun e Johnny vão gostar de saber disso.

— Pode ser aqui mesmo, se quiserem — ofereceu, animada. — Eu fecho a loja um pouco mais cedo se for preciso.

Doyoung sorriu de canto, olhando para ela com uma expressão quase suave demais para ser casual.

— Você tá se envolvendo mesmo, né?

deu um gole no café e respondeu, sem desviar o olhar:

— Estou. Eu gosto de coisas que florescem... E Yuki merece florescer por muito tempo ainda.

🌸🌸🌸

Mais tarde naquela manhã, Doyoung e Yuta chegaram ao estúdio onde eles e os amigos administravam a empresa de paisagismo e arquitetura ambiental. O espaço era amplo, com grandes janelas que deixavam entrar a luz natural, prateleiras repletas de plantas e desenhos de projetos colados nas paredes. Um aroma suave de madeira e terra preenchia o ar, trazendo aquela sensação de natureza viva mesmo no meio da cidade.

Jaehyun estava debruçado sobre a bancada de projetos, analisando o layout de um jardim vertical para um cliente corporativo. Johnny mexia no computador, respondendo e-mails e organizando o cronograma da semana.

— E aí, atrasados — Johnny disse sem tirar os olhos da tela. — Foram salvar o mundo ou tomar café com flores?

— As duas coisas, na verdade — Yuta respondeu, já largando a mochila em uma das cadeiras. — Conheci a hoje. A dona da floricultura.

Jaehyun ergueu o olhar, curioso.

— E olha — continuou Yuta com um sorriso malandro —, além de linda, ela é esperta, criativa e entrou de cabeça no projeto pra salvar o parque. A garota tem visão.

Doyoung apenas sorriu, distraído, mexendo nas mudas que haviam trazido e deixando a mente vagar para aquele momento em que ela disse “Yuki merece florescer”. Uma frase simples, mas que tinha ficado presa na memória dele como se tivesse sido escrita com pétalas.

— Olha lá ele — Johnny falou, percebendo o sorriso bobo no rosto do amigo. — Doyoung tá viajando de novo. Aposto que tá vendo cerejeiras atrás da agora.

— Certeza — Jaehyun riu. — Já tá até imaginando casamento no parque, com pétalas caindo no altar.

— Ah, pelo amor de Deus — Doyoung resmungou, balançando a cabeça e se forçando a voltar à realidade. — Não tem nada disso, tá? Ela só tá ajudando com o parque. É uma aliada, não… isso aí que vocês estão falando.

— Claro — disse Yuta, rindo. — Só que você ficou olhando pra xícara de café como se fosse ela falando com você.

Doyoung pegou uma prancheta e fingiu estar ocupado analisando uma planta.

— Tô falando sério. Não tem espaço pra isso na minha vida agora. Entre o parque, os projetos e essa empresa, já tem coisa demais ocupando minha cabeça.

— É, mas o coração não avisa quando vai ser invadido, né? — Johnny disse, dando uma piscadinha antes de voltar ao computador.

Eles riram, e Doyoung balançou a cabeça, tentando disfarçar o sorriso insistente que ainda teimava em surgir.

A rotina logo voltou ao ritmo habitual. Jaehyun foi verificar um pedido de insumos sustentáveis, Johnny coordenava com um cliente para uma visita técnica, Yuta cuidava da estufa nos fundos, onde testavam diferentes espécies para urbanização verde. E Doyoung, mesmo mergulhado nos esboços de um novo jardim público, não conseguia evitar que, de tempos em tempos, o pensamento voltasse para aquele café, aquele sorriso, e a voz suave de oferecendo ajuda como se sempre tivesse pertencido à missão deles.

🌸🌸🌸

No dia seguinte, chegou cedo à floricultura, carregando nas mãos uma pasta com rascunhos, fotos impressas do parque Yuki, um bloquinho de ideias rabiscadas e uma vontade enorme de fazer algo que realmente importasse.

Com ajuda de suas duas funcionárias e da irmã que estava lá na floricultura para ajudá-la por algumas horas, ela reorganizou o canto da loja perto da entrada, criando uma pequena exposição improvisada. Colocou algumas mudas de cerejeira em vasos baixos de cerâmica, espalhou pétalas secas sobre a madeira rústica da mesa e posicionou pequenos paineis com fotos do parque em diferentes estações do ano: as cerejeiras floridas na primavera, os bancos vazios no outono, as trilhas escondidas sob a sombra suave das árvores.

Em um cavalete, pendurou um cartaz com a frase:

“Salve Yuki: um parque, uma memória, um futuro.”

Logo abaixo, um QR Code levava ao abaixo-assinado criado por Doyoung e os meninos.

No balcão, preparou cartões informativos com frases curtas, dados sobre a ameaça de demolição e um convite direto:

“Leve uma flor, deixe uma assinatura. Ajude Yuki a florescer.”

Assim que a loja abriu, a reação foi melhor do que ela esperava. Clientes antigos paravam para ler, faziam perguntas, tiravam fotos, assinavam o formulário digital. Até os que vinham apenas buscar um buquê de última hora se viam tocados pela delicadeza da campanha.

— Que parque é esse? — perguntou uma senhora com um ramalhete de peônias nas mãos.

— Um dos últimos com cerejeiras livres no centro de Tóquio — explicou, com um sorriso esperançoso. — Estão querendo destruí-lo para construir prédios. Mas ainda podemos evitar.

— Que desperdício tirar flores para colocar concreto — disse a senhora, assinando sem hesitar.

Ao final do dia, estava cansada, mas com o peito cheio. Em meio a todas as conversas, não deixou de notar como aquilo a fazia se sentir viva de um jeito novo. Ela não estava apenas vendendo flores. Estava fazendo parte de algo maior.

E no fundo, mesmo que não dissesse em voz alta, ela esperava que Doyoung voltasse logo. Não só para ver o que ela estava fazendo por Yuki, mas para vê-la. Talvez fosse cedo demais pra admitir, mas havia algo nele — naquela calma determinada, naquele sorriso meio tímido — que florescia nela cada vez que o lembrava.

Ela olhou para a entrada da loja, como se ele pudesse aparecer a qualquer momento.

E quando isso acontecesse… ela estaria pronta.

🌸🌸🌸

O sol começava a se pôr quando finalmente sentou-se atrás do balcão, respirando fundo. A loja ainda tinha um aroma fresco de flores recém-arrumadas, e o canto dedicado ao parque Yuki estava mais bonito do que ela poderia imaginar. Ela observava as últimas pétalas caindo lentamente de um arranjo de cerejeiras quando ouviu o sininho da porta tocar.

Levantou o olhar e congelou por um segundo.

Doyoung havia entrado. Mas não estava sozinho.

Atrás dele, vieram Yuta, Jaehyun e Johnny — os três animados, observando cada canto da floricultura com expressões curiosas e sorrisos abertos. Doyoung estava um pouco mais quieto, como se o ambiente o pegasse de surpresa, como se algo ali estivesse diferente desde a última vez. Talvez fosse . Ou talvez fosse o fato de que tudo aquilo agora carregava a marca dela também.

— Uau — disse Johnny, girando devagar sobre os próprios pés, olhando em volta. — Eu esperava flores, mas não esperava uma revolução ecológica também.

— Isso aqui tá incrível — completou Jaehyun, já se aproximando do cantinho dedicado a Yuki. — Foi você quem montou tudo isso?

se levantou, ajeitando uma mecha de cabelo atrás da orelha, um sorriso tímido no rosto.

— Fui eu, sim. Tive umas ideias ontem à noite e… bem, achei que era hora de transformar palavras em ação.

— Você fez mais do que isso — Yuta comentou, admirado. — Isso aqui parece uma exposição profissional. Sério. Tô impressionado.

Doyoung não dizia nada, apenas observava. Seus olhos passeavam pelo espaço com uma expressão suave, como se cada detalhe ali confirmasse que ele tinha vindo ao lugar certo. Por fim, olhou para — e sorriu.

— Ficou lindo. De verdade. Você conseguiu transformar a causa em sentimento.

O coração de deu um pulinho, mas ela manteve o tom leve.

— Obrigada. Eu só fiz o que qualquer pessoa faria… com um pouquinho de sensibilidade e algumas dezenas de xícaras de café.

— E nenhuma hora de sono, pelo jeito — Johnny brincou. — Ela tem aquele brilho no olho de quem virou a madrugada com uma missão.

— A missão vale a pena — Doyoung disse, olhando para ela de novo, com um brilho no olhar difícil de esconder.

Yuta, que não perdia uma chance, trocou olhares com Jaehyun e Johnny e falou em voz alta, com um sorrisinho:

— Ih, olha lá o jeito que ele tá olhando pra ela…

— Opa... — Jaehyun acrescentou, entrando na provocação. — Será que o nosso querido Doyoung tá se apaixonando?

Doyoung piscou e se endireitou, fingindo indignação.

— Vocês são impossíveis. A gente veio aqui pra ver o projeto, não pra inventar história.

Johnny riu alto.

— Mas quem falou que a gente tá inventando? A gente só tá narrando o que já tá escrito na sua cara.

riu, meio envergonhada, mas se divertindo com a cena. Era fácil gostar deles — havia algo leve e acolhedor naquela amizade.

— Bom, se vocês quiserem ver de perto o que eu montei, fiquem à vontade — disse ela, tentando mudar o foco da conversa, embora seu sorriso ainda denunciasse que estava adorando a atenção.

— A gente quer sim — Doyoung respondeu, ainda com aquele olhar suave, como se fosse, aos poucos, tornando-se parte de algo importante demais para ele ignorar.

🌸🌸🌸

Os cinco estavam reunidos ao redor do cantinho do Yuki, entre mudas, papeis e ideias espalhadas sobre a pequena mesa da floricultura. havia trazido algumas pranchetas, e Yuta rabiscava possibilidades para uma pequena ação de conscientização no parque: uma oficina de plantio, um mural com desenhos feitos por crianças, talvez até um pequeno concerto acústico com artistas locais.

— Se fizermos algo no sábado à tarde, conseguimos atrair famílias — disse Johnny, analisando a proposta. — E domingo pode ser mais focado em doações, com uma feirinha local. Você acha que seus fornecedores topariam participar, ?

— Alguns sim, com certeza — ela respondeu animada. — E posso falar com os outros até amanhã.

Doyoung anotava tudo com atenção, mas era visível o quanto ele ficava mais leve só por vê-la ali, falando com brilho nos olhos. Aquela união toda fazia o projeto parecer mais real do que nunca.

Foi quando uma voz ecoou pelo salão:

— Nós vamos fechar mais cedo mesmo?

Todos olharam na direção da porta lateral, onde uma jovem de cabelos presos em um coque bagunçado surgiu com uma prancheta na mão e um avental floral. Era Zuri, a irmã de , que sempre que ajudava a irmã, coordenava a logística da loja com um ar prático e direto.

— E posso liberar as meninas? Elas já terminaram de organizar o estoque.

Logo atrás dela surgiram Nahye e Willow, também de avental, sorrindo e tirando as luvas. Quando chegaram mais perto do grupo reunido, a energia pareceu mudar por um segundo.

Johnny ergueu o olhar distraidamente, mas quando bateu os olhos em Willow, seu sorriso ficou um pouco mais... interessado. Ela também o encarou, meio surpresa, e depois baixou o olhar com um sorrisinho contido, como quem tenta disfarçar o impacto da troca.

Jaehyun, por sua vez, já estava trocando palavras com Nahye — uma piadinha rápida sobre flores e etiquetas mal coladas, o tipo de conversa leve que ganha um brilho diferente quando vem acompanhada de olhares demorados.

Yuta, que estava mexendo em uma muda, ergueu os olhos e encontrou os de Zuri. Diferente das outras meninas, ela o encarou de volta com uma sobrancelha arqueada e os braços cruzados, como quem avaliava o grupo inteiro antes de decidir o que achava deles. Yuta não desviou o olhar, apenas sorriu de lado, intrigado. Aquilo definitivamente chamava a atenção dele.

— Podemos fechar sim — disse , notando o ambiente ganhar tons mais sutis e interessantes. — Aliás, acho que vocês deviam ficar pro jantar aqui. Nada muito chique, mas a gente improvisa algo. E amanhã, nos reunimos cedo no parque?

— Aprovado — disse Johnny, ainda lançando um último olhar discreto para Willow, que agora fingia mexer nas flores próximas ao balcão, mas sorria sozinha.

— Parece um plano perfeito — Jaehyun completou, inclinando-se na direção de Nahye, que apenas concordou com um aceno tímido, mas olhos brilhando.

— Tá. Mas se for jantar aqui, eu ajudo — disse Zuri, se aproximando com uma atitude prática — sem se importar com o fato de que os olhos de Yuta a seguiram o caminho todo.

Doyoung olhou para , que apenas deu de ombros com um sorriso travesso.

— E aí? Todo mundo junto por Yuki e por um jantar improvisado?

— Fechado — disseram quase em uníssono.

E naquele instante, entre flores, olhares e planos, algo começou a florescer — não só no parque, mas também nos corações ali reunidos.

Continua...


Nota da autora: Graças a Deus veio aí a fic com o Doyoung, vulgo, meu bias do 127! Não se esqueça de comentar, beijo :*


☀️

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