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Codificada por vênus. 🛰️
Atualizada em: 07.12.2024

Tell you
A million tiny things that
You have never known
It all gets tangled up inside

Fechei meus olhos com força a medida que o final se aproximava, sentindo, mais uma vez, todas as emoções que senti pela primeira vez que compus aquela letra. Ali enquanto minha voz ecoava por aquela sala escura, era fácil pensar que o tempo realmente não havia passado, era sempre como se fosse a primeira vez.

Tell you
A million little reasons
I'm falling for your eyes
I just want to be where you are

Dedilhei as cordas do violão por alguns segundos a mais, em uma pequena junção de notas, repetindo a última frase, por uma última vez, dando um final mais dramático para aquela melodia recém criada. Repousei meu vilão em meu colo, para enfim olhar para o rosto de meu anfitrião, que sentava em uma poltrona bem a minha frente, sereno e com um grande sorriso nos lábios que já dizia que Taehyung estava muito contente com o resultado de mais uma composição.
— E aí, o que você achou? — Ainda assim, senti necessidade de perguntar. Assisti ao sul-coreano suspirar enquanto passava as mãos pelos cabelos, jogando-os levemente para trás.
— Nossa … uau! — o semblante de seu rosto dizia muito. — É linda! Obrigado por isso, é incrível.. Esse álbum vai ficar do jeito que eu queria — ele abriu ainda mais o sorriso, fazendo com que seus pequenos olhos se fechassem em uma expressão de extrema felicidade. Era impossível não sorrir de volta, primeiro por que o homem a minha frente era considerado um dos rostos mais bonitos do mundo, e eu, uma mera moral, não seria imune ao charme de Kim Taehyung. Em segundo, eu amava meu trabalho e ver a satisfação do homem a minha frente, o qual poderia ter qualquer compositor do mundo inteiro consigo, me fazia sentir plenamente feliz e segura de que eu estava no caminho certo pra realizar todos os meus sonhos.
Embora acreditasse que aos 27 anos eu já estaria em outra fase da minha vida, ser tradutora e compositora para Idols mundialmente famosos pagava muito bem e era o sonho da maioria das garotas, daquele e de muitos outros países. Ainda assim, meu sonho era muito maior do que isso; eu queria tocar o mundo com minhas composições sendo interpretadas por mim mesma. Queria que fosse a minha voz a alcançar o coração partido de cada pessoa que achasse que as minhas letras eram boas o suficiente para serem apreciadas. Eu acreditava ser boa o suficiente para isso. Só precisava de uma oportunidade. E era isso que eu buscava no meio de tantos grandes nomes e lendas do Kpop. Talvez a minha vida estivesse diferente se tivesse permanecido no Brasil, talvez eu já fosse uma celebridade lá, embora fosse muito difícil ser uma artista pop naquele país em que Funk, sertanejo e Pagode dominavam o topo das paradas musicais. Ainda assim, quando minha mãe anunciou que estava apaixonada e iria se mudar para o outro lado do continente para se casar com um homem que ela havia conhecido pela internet dois anos antes, eu hesitei e acreditei que ela só poderia estar ficando maluca. Deixar nossa casa, lugar em que nasci e cresci, e amigos queridos, parecia irreal para mim naquela época; Assistir minha mãe questionar seus sonhos foi o motivo que me trouxe até aqui. Apesar de completar 18 anos no mesmo ano em que nos mudados, eu sabia que minha mãe jamais se mudaria para o outro lado do mundo sem que eu estivesse ao seu lado, depois que minha avó morreu só tínhamos uma a outra, e ela já havia abdicado de muitos sonhos para me criar praticamente sozinha. E foi por isso que eu tomei a decisão que me tornava tão maluca quando minha matriarca.
Os primeiros anos em um país completamento novo e diferente foram muito difíceis, nenhuma de nós duas falávamos uma palavra da língua nativa e não eram todos os coreanos que dominavam o inglês. Eu levei dois anos para aprender a língua e mais dois para conseguir falar sem pausas e entender o que as pessoas diziam sem ter que pedir para repetirem pausadamente. Sem falar na cultura completamente diferente da do país em que nasci, a Coreia, apesar de ser um país bem desenvolvido tecnologicamente falando, ainda era um país um pouco machista e um tanto quanto preconceituoso, principalmente com estrangeiras. Eu não tinha a pele tão branca quanto a deles, ou cabelos lisos e escorridos. Eu era uma típica cidadã brasileira; pele bronzeada, e uma bunda que me fazia comprar jeans um número maior. Demorei a me acostumar com os olhares que recebia nos lugares que frequentava na pequena e pacata cidade em que meu padrasto Seung-Hyun morava. Foi apenas em Seul, 5 anos após eu me mudar para esse país, que eu finalmente comecei a me sentir em casa. Comecei uma faculdade de música, bicos aqui e acolá, percorri caminhos que me levaram onde eu me encontrava hoje, na sala de estar de um dos maiores Idols da Coreia do Sul, eleito um dos homens mais bonitos do mundo, e que tinha uma voz capaz de arrepiar qualquer epiderme, tal qual o sorriso que ele ainda lançava em minha direção.
— Fico muito feliz, Tae, espero que esse álbum te leve muito mais longe — o respondi, igualmente sorrindo. — Bom, acho que acabamos por hoje, não é? — me levantei do sofá onde estava sentada já arrumando meu violão em sua capa, assim como minhas diversas partituras espalhadas pela mesa de centro. Taehyung acompanhou meu movimento, pondo-se de pé logo em seguida.
— Você já vai? Pensei que podíamos pedir alguma coisa e tomar uma taça de vinho para comemorarmos — o encarei enquanto o mesmo levava uma de suas mãos a nuca, puxando os fios compridos de seus cabelos levemente.
— Se formos beber a cada composição, vamos acabar virando alcoólatras — parei minha arrumação, virando meu corpo em sua direção. Me senti tentada a recusar seu pedido, estava cansada e sabia muito bem onde a combinação de vinho, Taehyung e eu daria, mas o garoto a minha frente com aqueles olhinhos pequenos e aquele sorriso que é capaz de convencer qualquer mulher do mundo a fazer qualquer coisa que ele queira, sabia muito bem o poder que tinha; e usava suas armas com maestria.
Apesar disso, não seria nada estranho dois amigos tomarem uma taça de vinho certo? Ainda que muito mais acontecia além de vinho e conversa fiada. Taehyung e eu passamos tanto tempo juntos nos últimos meses que foi impossível que uma amizade verdadeira não nascesse ali. Compor faz com que nossas emoções sejam expostas, e fazer isso em conjunto com outra pessoa te torna venerável perante ela. Eu sentia que sabia exatamente o que se passava em sua mente, pelas letras de suas músicas e pela forma que o assistira cantar diversas e diversas vezes, sozinhos em uma sala qualquer. Taehyung demonstrava tanto sentimento em sua arte, que era impossível não se sentir próxima e íntima. E no meio de tantos sentimentos e frustrações de ambas as partes encontramos um no outro um lugar de consolo. Éramos amigos acima de qualquer coisa, e o sexo nada tinha a ver com qualquer sentimento. E talvez isso fosse uma armadilha. Alguém como ele, jamais poderia ser amigo de alguém como eu. Quando se começa a trabalhar com algo tão grandioso quanto o BTS, é necessário que várias regras sejam muito bem esclarecidas e fielmente seguidas, contratos são assinados, era um país em que artistas são tratados como deuses e suas imagens devem ser mantidas dentro dessa ilusão. Era quase como se eles não pudessem ser reais. Era fato que custei muito a entender a maneira como os coreanos lidavam com a fama, na forma como eles tem que ser perfeitos em tudo que são e tudo que fazem; em como são restritos a quase não terem uma vida pessoal, e quando se tem, em como é necessário deixá-la ser o máximo privada possível.
Era perigoso estar ali naquele momento, ainda assim nada disso passou pela minha cabeça na primeira vez que fui parar embaixo dos lençóis de Taehyung, tampouco nas diversas vezes que se seguiram. Ainda que eu jurasse que cada uma delas fosse a última.
O observei sorrir novamente constatando que Kim Taehyung é que era perigoso.

💜



Foi só quando me vi sozinha na sala de estar, com uma taça de vinho na mão, porque o anfitrião pediu licença para “ tomar um banho super rápido” que eu realmente caí na realidade. Aquela tinha sido uma péssima ideia. O que diabos eu estava fazendo no sala de Kim Taehyung, consumindo uma bebida que a cada gole deixava o meu senso de julgamento e tomada de boas decisões, cada vez mais fundo no meu subconsciente? Quando eu sabia tudo o que aquele garoto gostaria de fazer comigo naquele momento, e em como o meu corpo pedia para que eu o deixasse fazer. Algo dentro de mim gritava que era exatamente aquilo que eu precisava, me divertir mais, me importar menos. Aproveitar as oportunidades que a vida vinha me oferecendo, apesar de ter a certeza que nada além de bom sexo, boas risadas e uma ótima companhia fossem acontecer de fato entre nós, eu me sentia extremamente inquieta naquela situação. Não queria estragar as coisas entre mim e Taehyung, tampouco as oportunidades que aquele emprego vinha me oferecendo. Homens bonitos não costumam me deixar nervosa, mas Taehyung estava em outra escala de parâmetros, uma que eu tinha certeza que jamais chegaria, não por não me achar bonita o suficiente, sabia que em termos de beleza eu não era tão decepcionante assim, mas aquele homem vinha com um bagagem pesada demais para se carregar , e bem, não era exatamente por ele que meu coração errava algumas batidas, assim como o dele também pertencia a outra pessoa. Já havíamos passado horas sozinhos naquele apartamento, madrugadas acordados escrevendo sobre o amor, ou sobre a falta dele, assim como dando prazer um ao outro de diversas formas diferentes, e eu nunca conseguia deixar de pensar em como aquilo poderia dar errado.
“ Muito, muito errado.”
Alheia a tudo a minha volta, não pude deixar de me assustar com o barulho estridente que a campainha fez ao soar e ecoar por todo cômodo. Olhei o relógio em meu pulso direito, quem diabos bateria na porta de alguém sem avisar às 23:37 da noite? O pensamento de ser pega na casa de um idol, tarde da noite e parcialmente alcoolizada me causava náuseas, mesmo que qualquer propriedade em que um membro do BTS morasse fosse bem protegida. Não era atoa que havia seguranças constantes na entrada do prédio para garantir que imprevistos como flagras ou invasões de qualquer tipo ocorressem. Provavelmente era apenas um deles trazendo nosso jantar. Ainda assim permaneci aonde estava até ouvir, alguns minutos mais tarde, a campainha soar novamente. Ouvi de longe o dono da casa pedir para que eu atendesse e hesitante caminhei até a porta de entrada e a abri.
Jeon Jungkook não conseguiu disfarçar a surpresa assim que seus olhos pousaram sobre mim, talvez por não esperar que uma garota abrisse a porta da casa de seu companheiro de grupo, ou talvez por não esperar que a garota fosse eu. Ainda assim, o sorriso educado que sempre o acompanhava estava lá quando dei espaço para que o mesmo entrasse na casa. Fechei a porta e me virei para o recém chegado sem saber ao certo como agir perto do homem que invadia meus sonhos e pensamentos uma vez ou outra. Sempre fui uma mulher confiante e segura de si, sabia que era bonita e gostava de me sentir assim, mas Jeon Jungkook nasceu para ser a minha exceção a tudo. Desde a primeira vez que o conheci, no meu primeiro dia de trabalho na Hybe, eu sabia que aquele homem despertaria coisas diferentes em mim, e todos os nossos encontros após isso só serviram para confirmar esse fato. O homem a minha frente era capaz de me tirar o chão apenas com aquele olhar de quem consegue ler sua alma em segundos. Eu achei que conseguiria me acostumar com isso conforme os meses iam passando, mas ali estava a prova de que eu jamais conseguiria agir com total naturalidade diante de sua presença, não quando ele vesti camisas de manga curta que deixavam aqueles desenhos em seu braço tão amostra, me fazendo querer vê-los de perto, tocar em cada traço e perguntar sobre a história por trás de cada uma, Não quando ele deixava seu cabelo crescer tanto, fazendo com que a franja comprida quase caísse sobre seus olhos, e definitivamente não quando seus lábios eram tão convidativos ao ponto de sempre me fazerem pensar em como deveria ser o gosto deles. E talvez, de fato fosse correto afirmar que em hipótese alguma sua presença algum dia se tornaria totalmente natural pra mim.
— Oi Jungkook — o cumprimentei sem saber exatamente o que falar. Diferente da minha interação com Taehyung, Jungkook e eu não tivemos muitas chances de ter realmente um diálogo maior que poucas palavras. Com o hiatus do grupo em razão dos alistamentos o único membro do BTS com quem cheguei a trabalhar de fato, era o dono da residência em que nos encontrávamos. — Taehyung já deve estar saindo do banho...
Não pensei muito em como aquilo poderia ser mal interpretado antes de falar, e foi somente ao reparar em seu semblante confuso e totalmente sem graça, que percebi que aquilo não se parecia nada com um encontro profissional.
Ninguém sabia sobre Taehyung e eu, e ninguém nunca saberia. Era apenas diversão, e eu gostava de pensar que nada havia para se deixar saber.
— Ah! — exclamou enquanto levava uma de suas mãos a nunca, em um gesto nítido de constrangimento — Eu não queria atrapalhar...
Antes mesmo que eu pudesse esclarece qualquer mal entendido, que verdadeiramente não tinha nada de má interpretação, Jungkook já estava se movimentando em direção a porta atrás de mim — Diz pro Tae que eu passo aqui uma outra hor...
— Não por favor! — me apressei em segurá-lo levemente pelo ombro, Jungkook pareceu ainda mais surpreso pelo meu toque — Droga! Me desculpe — retirei minha mão. — Quase dez anos na Coreia e eu ainda me esqueço de como vocês não são habituados a toques — Tá aí uma coisa que talvez nunca fosse deixar de ser estranha para mim, logo eu que sempre fui uma pessoa que gosta de abraços e demonstrações de carinho. Ainda era um desafio deixar de lados os dois beijinhos no rosto toda vez que eu cumprimentava alguém.
A expressão de Jungkook novamente suavizou.
— Tudo bem — E lá estava o sorriso educado mais vez — Você é do Brasil, certo? Acho que para uma brasileira, um toque no ombro não é lá grande coisa — E o sorriso se transformou em um leve riso zombeteiro. Não me senti ofendida, infelizmente era essa a visão que o mundo tinha do país em que eu tinha nascido.
— Céus! Vocês tem uma ideia tão errado do Brasil! — revirei os olhos com um sorriso divertido no rosto — Apesar do que a mídia gosta de vender, o Brasil não é só mulheres gostosas e futebol — arqueei as sobrancelhas, inclinando sutilmente a cabeça de um lado ao outro, em negativa. Jungkook pareceu se divertir com minha resposta e o olhar de análise que o mesmo lançou sobre o meu corpo, sendo seguido por um sorriso ainda mais travesso, me dizia que ele não concordava plenamente com a minha afirmação. Ato esse que me deixou surpresa, Jungkook não era o tipo de cara que saía por aí flertando com qualquer pessoa, aliás, eu nunca o tinha visto sequer olhar para mulher alguma, em nenhuma situação. Apesar de ser educado e atencioso com todo mundo, a impressão que ele sempre passou era de que nenhuma mulher estava de fato a altura de frequentar a cama de Jeon Jungkook. Até mesmo alguns boatos sobre sua sexualidade rondavam a empresa, boatos esses que foram negados prontamente por Taehyung a mim, alegando que o garoto a minha minha frente somente era muito focado em sua carreira para que permitisse que algo tão trivial como transas casuais atrapalhassem sua trajetória, e que o Golden Maknae era tão bom em manter sua cama bem frequentada com extrema privacidade, quanto era bom cantor.
Não pude deixar de me sentir um pouco lisonjeada por aquela simples encarada.
Antes mesmo que ele pudesse ter seu direito a réplica, passos arrastados foram ouvido em nossa direção, anunciando a chegada de Taehyung. Olhei por sob os ombros de Junkook a tempo que vê-lo se aproximar de nós dois.
— Jungkook? — Taehyung questionou mesmo que o Maknae já estivesse em seu campo de visão — E aí cara! — Taehyung pareceu alegre em ver o mais novo. Assisti os dois trocarem breves comprimentos com abraços laterais e tapinhas nos ombros.
— Eu tava aqui perto e resolvi parar para dar um oi, não sabia que estava ocupado — Jungkook lançou um breve olhar a mim, antes de se voltar para o mais velho com o sorriso sem graçade volta a sua expressão.
— Que isso! e eu já havíamos terminado o trabalho! — Taehyung fez sinal para que o seguíssemos de volta a sala, e assim o fizemos. — Senta aí cara, nós estávamos tomando uma garrafa de vinho enquanto a comida não chega — indicou a poltrona para o amigo enquanto se sentava no sofá ao meu lado. Observei Jungkook pegar as poucas partituras e rabichos de letras de Taehyung que ainda estavam espalhadas pela mesa, antes de perguntar;
— Como vão os preparativos para o álbum? — ele parecia realmente interessado. Era nítido como sua expressão mudava quando o assunto trabalho vinha a tona, era quase como se ele tivesse uma outra personalidade que surgia sempre que a música se tornava o tópico principal.
— Tudo andando como o planejado, já vou começar a gravar alguma coisa — Taehyung sorria enquanto nos servia de mais vinho e estendia a taça a mim. Aceitei de bom grado, dando gole na bebida.
— Ah! Eu vi que você reservou o estúdio principal na semana que vem — Jungkook sorriu, recusando educadamente a taça que Taehyung estendeu a ele — eu estou considerando gravar alguma coisa também, Andrew Watt talvez tenha alguma coisa pra mim.
Arregalei meus olhos em surpresa e entusiasmo a menção daquele nome. O cara era um grande produtor e uma máquina de produzir sucessos. Só trabalhava com grandes nomes.
— Uau Jungkook, isso é incrível! — me inseri na conversa não podendo conter minha animação. — eu sou muito fã do trabalho dele.
— É, me disseram que ele é um dos melhores — ele sorriu — mas a ideia de um álbum solo me deixa meio ansioso — deu de ombros, desviando o olhar de mim e Taehyung para digitar algo em seu celular.
— Eu também me sinto assim..— Tae ponderou, chamando a atenção do mais novo pra si novamente — mas já deixei claro que esse álbum só vai ser lançado quando eu achar que ele está 100% perfeito, nem que seja durante o nosso alistamento..
— Não sei se consigo fazer isso sozinho, mas de qualquer forma me comprometi a tentar — deu de ombros mais vez — Em duas semanas embarco pros EUA.
— Bom, você é Jeon Jungkook, o golden Maknae do BTS, qual a chance de não ser o maior sucesso? — sorri tentando passar confiança, como musicista eu entendia muito bem as frustrações e incertezas que aquele meio poderia desencadear, embora o sucesso em escalas astronômicas que aqueles dois possuíam não chegasse nem perto de qualquer reconhecimento que eu já tivera com qualquer uma de minhas composições, eu estava naquela meio tempo o suficiente para saber que apesar de todo luxo, glamour e dinheiro, era muito fácil se sentir insuficiente. Tudo naquele mundo era ao extremo; te amam ou odeiam, você é uma grande estrela ou não serve nem para cantar em barzinhos de esquina. Era fácil se enlouquecer, mesmo sendo Jeon Jungkook, Kim Taehyung ou qualquer outro membro do estrondoso BTS.

Passamos a próxima hora sem grandes acontecimentos. Era engraçado estar ali no meio daqueles dois tendo conversas triviais sobre todo e qualquer tipo de assunto. Se Taehyung já era engraçado por si só ele se transformava em uma criança de cinco anos na presença do amigo, e Jungkook não ficava atrás, os dois pareciam irmãos implicantes que se tornavam cúmplices na hora das travessuras. Totalmente diferente dos homens sedutores que já haviam estrelado capas de grandes revistas como a Vougue. Algum tempo depois nossa comida havia chegado e comemos calmamente enquanto a conversa se desenrolava. Bom, melhor dizendo, eu comi calmamente enquanto Jungkook e Taehyung engoliam a comida sem ao menos mastigá-la. Se eu bem conhecia aqueles garotos, aquela deveria ser a primeira refeição do dia de ambos.
Após tomar o último gole do vinho que restava em minha taça, neguei a Taehyung quando ele fez menção de repor o líquido. Eu já havia tomado quatro taças e já não me sentia mais em perfeita consciência, Jungkook negou também, pela décima vez, murmurando algo como “eu vim dirigindo”.
Depois de tanto líquido ingerido, minha bexiga implorava para ser esvaziada, e pedindo licença para minhas companhias segui para o banheiro.
No caminho de volta para a sala de estar não pude deixar de ouvir quando aquela conversa se iniciou.
— Eu interrompi alguma coisa? — O tom baixo da voz de Jungkook me deixou curiosa.
— Não cara, que isso! — Taehyung prontamente negou.
— Eu não esperava encontrar uma garota aqui— o mais novo tornou a se pronunciar — não essa, pelo menos..
— O que você quer dizer com isso? — Taehyung soava confuso
— Bem. — Jungkook parecia hesitante — ..com Jennie na cidade eu… eu pensei que..
— Jennie está em Seul? — Taehyung o interrompeu. De onde eu estava não era possível visualizar sua expressão, mas seu tom de voz entregava o quanto aquela informação mexia com ele.
— Está... nos encontramos em um evento da Calvin Klein ontem à noite, pensei que você soubesse.
—Não, ela não.. — Taehyung pigarreou — ela não respondeu mais as minhas mensagens..

Decidida a ignorar a parte de mim que se sentia incomodada com a parte de Taehyung que ficava tão mexido a simples menção do nome de sua ex, voltei alguns passos atrás em direção ao banheiro, dessa vez fechando a porta com mais força para que a mesma fizesse o barulho suficiente para que eles soubessem que eu estava de volta. Quando cheguei ao cômodo, a taça de Taehyung já estava novamente repleta com o vinho branco e ele olhava tão fixamente para o amigo que não pareceu notar quando sentei novamente ao seu lado. Jungkook tagarelava sobre uma receita nova de bibimbap que havia aprendido, mas algo me dizia que a cabeça de nosso anfitrião estava a alguns quilômetros de distância dali.

💜


, eu vou te levar — Taehyung falou pela milésima vez enquanto aguardávamos os três a chegada do elevador no último andar do condomínio. Revirei meus olhos novamente — você está bêbada, é perigoso andar com esses aplicativos.
— Você está bêbado também — rebati, apontando para a forma como ele discretamente cambaleava para os lados — de jeito nenhum eu entro em um carro com você.
— Deixa que eu te levo — Jungkook deu de ombros, se pronunciando pela primeira vez desde que começamos aquela pequena discussão.
— De jeito nenhum eu entro em um carro com você também! — o olhei de canto de olho. Jungkook ergueu as sobrancelhas em confusão.
— Eu não estou bêbado! — se defendeu — aliás, não coloquei uma gota de álcool na boca.
— O problema não é a bebida, meu bem, não posso ser vista em um carro com o queridinho da coréia.. acabaria com a carreia que eu nem tenho ainda. — expliquei pausadamente, como se fosse óbvio. Recebi um revirar de olhos em resposta.
— Alguma vez você já viu uma foto minha com alguma mulher por aí? — questionou ele.
— Não mas..
— E você acha que eu nunca levei uma mulher pra casa? — questionou mais um vez. O elevador enfim chegou ao andar do apartamento de Taehyung. Jungkook foi o primeiro a entrar no mesmo, pondo a mão enfrente ao sensor para evitar que a porta se fechasse — Pode ficar tranquilo Tae, eu vou deixá—la em casa com segurança.— o mais novo piscou para o mais velho. Quatro taças de vinho atrás eu certamente teria algum argumento válido para rebater, ou simplesmente bateria o pé que de forma alguma eu entraria em um carro com um Idol ás duas horas da madrugada. Mas o fato era que a bebida já estava me deixando sonolenta, sem falar que passar alguns minutos sozinha com Jeon Jungkook não seria tão ruim, e talvez valesse o risco de ser pega. Tinha a certeza que a sóbria não concordaria nada com essa ideia, mas estávamos aqui como consequências das escolhas dela certo? Ela não poderia reclamar. Sendo vencida pela argumentos de Jungkook, ou pela minha imensa vontade de chegar em casa o mais rápido possível, me dei por vencida e adentrei o elevador, acenando discretamente para Taehyung. O mais velho olhou de mim para seu companheiro de grupo, intercalando o olhar como se analisasse se aquela realmente era uma boa ideia.
— Na casa dela, JK, na casa del.. — antes que o Taehyung pudesse terminar, as portas do elevador voltaram a se fechar. Jungkook soltou uma risada divertida e não pude deixar de acompanhá-lo. Era fácil achar graça de qualquer coisa, quando a recompensar era ouvir aquela gargalhada gostosa.
Seguimos para o estacionamento em silêncio, eu caminhava há alguns passos atrás dele. Em poucos minutos já estávamos dentro da Mercedes do Idol. Me assustei brevemente quando ele se inclinou sobre o banco, apoiando um de seus braços em minhas pernas, para que com a outra mão ele pudesse abrir o porta luvas em frente ao meu banco. Assim que apanhou o que precisava ele tornou a se sentar confortavelmente em seu assento. O assisti colocar um gorro em sua cabeça, ajeitando os fios que teimavam em cair para que permanecessem dentro da peça, logo em seguida colocando óculos escuros em seu rosto e estando a mim outra par, juntamente um boné azul escuro com o emblema da Calvin Klein. Obedeci seu pedido mudo sem questionar, tendo a ciência que era uma de suas formas de precaução para evitar possíveis flagras. Não pude deixar de observar que haviam dois “disfarces” em seu carro, e a declaração de Taehyung de que o mais novo era muito mais sagaz do que aparentava, pareceu finalmente fazer sentido.
Saímos do estacionamento em completo silêncio, que fora quebrado somente para que Jungkook pedisse que eu digitasse meu endereço no computador a bordo.
Ele dirigia tranquilamente, as mãos no volante batucando vez ou outra no rimo da música que preenchia nosso silencio em um volume baixo. Sua janela totalmente aberta me fazia pensar que ele realmente não estava preocupado em ser reconhecido, ou tampouco fotografado, ainda que as ruas estivessem vazias. Fechei meus olhos e encostei minha cabeça no vidro fechado de minha janela, sentindo-me levemente embriagada. Eu gostava da sensação, ainda mais quando ela me fazia aproveitar cada momento daqueles sem sentir que meu coração fosse sair pela boca, pelo simples fato da presença do homem ao meu lado, ainda que vez ou outra ele se atrevesse a bater mais rápido, como um lembrete de que eu estava no fucking carro de Jeon Jungkook. Mas deixaria o surto para a que estava muito bem adormecida em meu subconsciente.
Olhei para o relógio que marcavam 02h17 no painel, eu teria que acordar cedo dia seguinte, mas nada disso parecia realmente importar.
Sorri ao reconhecer a introdução de uma de minhas músicas preferidas, começando a acompanhar baixinho Lany cantar Malibu Nights pelos autos falantes da Mercedes.

There's no reason, there's no rhyme
I found myself blindsided by
A feeling that I've never known
I'm dealing with it on my own
Phone is quiet, walls are bare
I drink myself to sleep, who cares?
No one even has to know
I'm dealing with it on my own

Ouvi a voz rouca de Jungkook começar a me acompanhar. Abri o olhos e o mirei a tempo de flagrar o sorriso satisfeito em seus lábios. Deixei que as emoções de ouvir aquela voz — tão suave e tão crua, perto de mim, e só para mim — ficassem guardadas em uma caixinha, que eu só me permitiria abrir quando estivesse deitada em minha cama, sozinha.

I've got way too much time to be this hurt
Somebody help, it's getting worse
What do you do with a broken heart?
Once the light fades, everything is dark
Way too much whiskey in my blood
I feel my body giving up
Can I hold on for another night?
What do I do with all this time?

Jungkook e eu seguimos cantando com muita vontade, já quase não se era possível mais ouvir a melodia, tampouco a voz de seu verdadeiro intérprete. Mas não parecíamos nos importar, cantávamos a todo o pulmão. A música fala de um coração partido, e Jungkook cantava como se estivesse tirando um peso das costas. Eu duvidava de que ele estivesse ouvindo a minha voz, tamanho era a sua entrega. Pensei por alguns segundos em quem teria coragem de quebrar o coração de alguém como ele.
A música chegou ao seu fim no exato momento em que Jungkook estacionou em frente ao meu prédio, como um timing perfeito. Destravei o cinto de segurança que atravessava meu dorso e me virei para o motorista. Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, Jungkook se adiantou.
— Sua voz é linda! — sorriu, tirando os o óculos do rosto e virando para me encarar — Taehyung já me mostrou algumas de suas músicas, , você é muito, muito boa! — senti as maçãs de meu rosto esquentarem e tive a certeza de que apesar de minha pele bronzeada, ambas adquiriram uma coloração avermelhada.
— Obrigada, significa muito pra mim vindo de você ! — o encarei sorrindo, apesar da expressão tranquila, seu olhar demonstrava ainda estar envolto pelos sentimentos que aquela música despertava em si. O Maknae nada mais disse. E eu não tardei a me despedir.
— Obrigada Jungkook, pelo elogio e pela carona — inclinei levemente minha cabeça em uma reverência breve, me despedindo. Abri a porta do carro e saltei do mesmo. Retirei o óculos e o boné os pousando no acento que segundos antes eu ocupava.
— Boa noite — ele retribuiu a reverência — Quem sabe a gente também não possa trabalhar juntos? — com uma piscada de olho e um sorriso travesso, Jungkook tornou a ligar o motor. Fechei a porta do carro sem ao menos responder com medo que o sorriso que queria escapar pelos meus lábios denunciassem o tamanho do entusiasmo que somente aquela suposição me deixou. E antes mesmo que “aquela caixinha” de sentimentos pudesse extravasar, virei meu corpo em direção ao prédio e caminhei apressadamente. Quando fiquei em segurança do lado de dentro dos portões do condomínio, foi que ouvi o potente motor da Mercedes acelerar. Não lembro ao certo como subi até o quinto andar do meu apartamento, somente quando fechei a porta atrás de mim, que eu permiti que todas as emoções aguardadas transbordassem para fora.. Foi impossível dormir aquela noite, assim como as que seguiram aquela segunda feira.
E mal sabia eu que o destino me reservava muito, muito mais.


A semana daquela atípica segunda feira passou lentamente, e inevitavelmente meus pensamentos volte e meia voltavam para aquela madrugada fria, dentro daquela Mercedes, quando a voz de Jungkook ecoava limpa e firme dentro daquele veículo, tendo a mim como única e privilegiada telespectadora, estava sendo difícil me concentrar em qualquer coisa que não o envolvesse quando ele estava despertando em mim, sentimentos que eu nem sabia ao certo como definir. Eu sempre tive uma quedinha por Jeon Jungkook, o que é totalmente compreensível somente de se olhar pra ele, mas algo novo e diferente acontecia em meu corpo toda vez que ele e aqueles momentos me vinham a cabeça. “É tesão , seu corpo só tá querendo sentar em um pau diferente” foi a resposta que recebi de Amanda, minha melhor amiga de infância, quando eu trouxe o assunto a tona em nossa vídeo chamada semanal. Tesão era uma justificativa aceitável, eu só não fazia ideia de que ele poderia desencadear taquicardia também. Mas mesmo assim, com a cabeça lotada de Jungkook, eu finalmente me dediquei inteiramente a iniciar meu último projeto do último ano da faculdade, o qual já deveria estar em processo de finalização, mas a agenda movimentada, com eventos internacionais e composições, de Taehyung não haviam me permitido ter tempo hábil para meus deveres acadêmicos. Com a semana livre de qualquer compromisso marcado na empresa eu finalmente havia conseguido tempo para focar em mim e no único e último obstáculo que me separavam do meu tão suado diploma. Depois de longos anos estudando, finalmente chegar na etapa final de tanto esforço era como tirar um enorme peso de minhas costas, mesmo que meus planos não fossem parar na faculdade de música, era um alívio saber que tudo estava correndo conforme o planejado. Durante esses dias não havia tido notícia alguma de Jungkook, tampouco de Taehyung, muito embora isso fosse mais do que esperado. Toda vez que Jennie estava na cidade ele simplesmente desaparecia por dias, sem deixar rastros ou sinais de que existia; era como se eles vivessem em mundo paralelo em que aquela relação conturbada só funcionava entre quatro paredes, ou qualquer que fosse o lugar que eles se isolavam, fora disso brigas e caos predominavam qualquer ambiente que os dois ocupassem ao mesmo tempo. Eu já havia desistido de tentar entender o tipo de relação que eles mantinham; era fato que Taehyung nutria sentimentos profundos pela idol, mas sempre que a mesma se tornava o assunto ele desconversava com um simples “é complicado ”, e bom, eu passei a acreditar que realmente fosse. Taehyung apesar de ser charmoso e atencioso, também possuía a teimosia e um pouco de soberba como adjetivos que lhe descreviam, e apesar de o conhecer a apenas alguns meses compreendia na prática que não era tão fácil lidar com alguém como ele. O que também era naturalmente compreensível, embora não justificável, para um homem de 29 anos que desde a sua adolescência possuía pessoas que faziam basicamente tudo para ele, era difícil adquirir a autonomia da própria vida quando quase todos os seus passos eram controlados, e aquilo se estendia para o grupo todo. Jennie provavelmente vivia uma vida igualmente conturbada, e ainda que oque eles tivessem fosse amor, seria ela capaz de arriscar tudo que havia conquista por ele?! Ainda que fosse ela, uma das grandes estrelas do BlackPink, seria ela capaz de enfrentar todo ódio que ainda assim receberia? Eu entendia bem na pele como era ser uma mulher próxima de algum membro do BTS, embora trabalhasse para eles há apenas alguns meses suas fãs eram extremamente obcecadas ao ponto de sempre descobrirem os nomes das pessoas próximas dos meninos e ainda que, teoricamente, eu apenas fosse mais uma funcionária já havia recebido inúmeras mensagem de xingamentos e até mesmo ameaças desde que entrara para a Hybe, Imagina se elas descobrissem o quão bem familiarizada eu era com os lençóis de um de seus queridinhos? Eu estaria morta, muito provavelmente.
Para Jennie não seria nada diferente, talvez até mesmo pior. Ela sabia disso, ambos sabiam. E talvez essa fosse a definição do muito complicado deles. Aquela era uma estrada de muito sucesso, benefícios, de luxo, mas também de muita abdicação e de uma certa forma, bem no fundo, um pouco triste.
Alguns dias depois dos seus sumiços Taehyung costumava dar sinal de vida, aparecendo com o coração partido e vários rabiscos melancólicos que seriam transformados em música, ou não. Assim não me surpreendi quando meu celular apitou, no domingo ao entardecer, com uma mensagem do mesmo; “podemos compor hoje?” Compor. Esse era o pedido mudo para que eu ocupasse o lugar vazio que ela havia deixado em sua cama. Em dias comuns eu tomaria um banho e correria para seu apartamento, mas algo em sua conversa com Jungkook havia me deixado inquieta, reflexiva também, talvez o fato de sua ex namorada despertar um incômodo em mim fosse um sinal de que as coisas com Taehyung estivessem indo longe de mais, tínhamos um tratado mudo de que era algo trivial, momentos de relaxamento que deveriam ocorrer casualmente. Ciúmes não cabiam no pacote, então talvez fosse o momento de tirar o pé do acelerador, ao menos por um tempo. Não seria eu a pessoa que o consolaria, não dessa vez. “Estou cansada. Nós vemos na terça?” fora a resposta que ele havia recebido de mim. Não tardou para que ele encerrasse a conversa apenas me desejando boa noite. Era outra previsibilidade de Taehyung, ele sempre ficava um pouco hostil quando as coisas não saíam como ele imaginava, mesmo que horas depois ele nem se importasse mais com o fato.
Diferente da semana anterior, a segunda feira passou como um jato e eu já me encontrava naquela terça-feira fria e chuvosa, caminhando apressadamente em direção ao estúdio principal no quinto andar da empresa, onde uma tarde inteira ao lado Taehyung estava a minha espera.
Antes mesmo que eu pudesse tocar na maçaneta, a porta do estúdio se abriu.
— Sr. Bang! — exclamei surpresa ao encontrar o CEO. O homem baixinho e robusto olhou-me com simpatia.
— Srta., boa tarde — sorriu — como vai? Eu estava mesmo querendo falar com a senhorita.
— Vou bem, senhor — me apressei em lhe fazer uma reverência em comprimento — Em que posso lhe ajudar?
O homem a minha frente desviou o olhar de mim para o celular em sua mão, franzindo a testa imediatamente para o que vira no aparelho, a expressão confusa durou poucos segundos, após digitar algo em seu aparelho, rapidamente ele voltou sua atenção a mim, encarando-me com seus olhos fundos, por trás das grossas lentes de seu óculos de grau.
—Seu passaporte está em dia? — o encarei com expressão confusa, assentindo brevemente com a cabeça, sem querer lhe dizer que aquela resposta era óbvia já que eu era uma estrangeira naquele país— tive uma reunião com Jungkook ontem, decidimos que você vai acompanhá-lo em sua viagem para o EUA. — sua voz soou animada, embora um sorriso cansado enfeitasse seu rosto.
Demorei alguns longos segundos pra compreender oque ele havia dito, e no primeiro momento acreditei que meu coreano não estava tão bom quanto eu achava, e havia voltado aos tempos em que as pessoas precisariam falar pausadamente para que eu pudesse acompanha—las, ou que Jeon Jungkook havia mexido tanto com meus pensamentos na última semana que eu simplesmente havia ouvido o seu nome sair dos lábios do Sr. Bang, ao invés do de Taehyung. Mas Taehyung não tinha compromissos nos EUAS, tinha?
Meus pensamentos correram para as declarações de Jungkook naquela madrugada silenciosa“ Em duas semanas embarco para os EUA” ,“ Quem sabe a gente também não possa trabalhar juntos?” Seria mesmo possível que Jungkook tivesse me incluído em uma viagem que e envolvesse um projeto dele juntamente com Andrew Watt? Antes mesmo que eu pudesse ter tempo suficiente para entrar em pânico, a voz do Sr. Bang voltou a soar me tirando do meu pequeno transe;
— Bem, minha assistente vai entrar em contato para tratar dos detalhes — ele tornou a encarar a tela do celular em suas mãos— agora tenho que ir, tenho uma reunião em alguns minutos. Tenha uma ótima tarde, srta . — antes mesmo que eu pudesse dizer qualquer coisa, Sr. Bang se despediu dando algumas batidinhas em meu ombro, antes de caminhar apressadamente pelos corredores da Hybe. Escorei meu corpo na porta da entrada do estúdio, sem saber ao certo o que estava sentindo..A principal função do coração é bombear sangue para o restante do corpo, sendo um órgão fundamental para a sobrevivência; era inacreditável como o meu conseguia falhar miseravelmente na única função que ele tinha quando fazia questão de errar varias batidas diante da ideia de uma viagem com Jeon Jungkook, uma viagem profissional, sua idiota! Era ridículo e patético a forma como meu corpo reagia; mãos suadas, respiração ofegante, eu duvidava até ser capaz de falar sem gaguejar como uma adolescente encantada com seu primeiro amor. Amor, eu não o amava, como poderia amar alguém que não se conhece? Eu já havia me apaixonado antes, já conhecia a sensação e podia afirmar com certeza que era completamente diferente de tudo que Jungkook despertava em mim desde o primeiro momento em que pus meu olhar sobre ele. Paixão, tesão, várias possibilidades passavam pelo minha cabeça, mas nenhuma parecia ser a certa. Mas o fato era que eu precisava descobrir um jeito de lidar com tudo isso se quisesse que essa viagem desse certo. Animação, ansiedade e nervosismo com certeza lideravam a longa lista de sentimentos que a notícia do Sr. Bang me fizera sentir. Eu me sentia patética, pensei em Amanda e em que ela pensaria ao me ver escorada em uma porta surtando porque viajaria com um cara gostoso. Jungkook estava mexendo tanto com minha cabeça que duvidava se seria capaz de desenvolver meu trabalho plenamente tendo aqueles olhos tão profundos e indecifráveis tão perto dos meus? Céus, talvez fosse uma missão quase impossível, mas ir aos EUA e conhecer Andrew Matt era uma oportunidade incrível, mesmo que fosse somente para desenvolver o papel de intérprete, e ajudar nas gravações. Fechei meus olhos, levando minhas mãos ao rosto, dando duas batidinhas leves em minhas bochechas. Eu precisava acordar e cair na realidade. A realidade de que ainda havia muito caminho a ser percorrido até o meu tão sonhado espaço na indústria musical. Eu não poderia perder tempo com paixonites e tesão acumulado, não se eu quisesse me tornar tão grande quanto meus sonhos eram. É só uma viagem , se recomponha!
Sem mais demora adentrei ao estúdio principal, onde Taehyung já me aguardava sentando em uma das várias poltronas que cercavam a grande mesa com aparelhagens de última geração. Havia varias folhas em sua mão. O mesmo olhou em minha direção assim que fechei a porta atrás de mim. Observei ao redor da grande sala constatando que estávamos sozinhos.
—Está atrasada! — sorriu, levantando-se e caminhando em minha direção com passos largos, Taehyung depositou um beijo rápido em minha bochecha, antes de envolver meus ombros em um abraço. Sorri no momento em senti seu perfume invadir minhas narinas.
— Desculpe, encontrei com o Sr.Bang lá fora— respondi, envolvendo sua cintura com meus braços curtos, aproximei meu nariz de seu pescoço, inspirando o máximo de ar possível.
— Ah, o Sr.Bang — ele soltou um riso. Retirei minhas mãos de suas costas e as espalmei em seu peito, o empurrando levemente para que desfizessem o abraço, apenas o suficiente para que eu pudesse encarar o sorriso travesso em seus lábios. — Então você já sabe da viajem?
— Eu ainda estou em choque, na verdade — admiti em um suspiro.
— Por conhecer Andrew Watt, ou por viajar com Jeon Jungkook? — indagou zombeteiro, arqueando as sobrancelhas, em uma expressão de quem já sabia a resposta daquela pergunta, mas queria se deliciar com o sabor de ouvi-la sair de minha boca. Taehyung sabia muito bem os sentimentos que eu nutria por Jungkook, e sempre achou cômico eu ser “ uma fã girl” do seu companheiro de grupo, embora eu já tivesse deixado claro, que fã não era exatamente a palavra certa para definir o que eu sentia em relação ao maknae; Talvez tesão se encaixasse melhor na definição dos meus sentimentos para com o membro mais novo do BTS.
—Aish Taehyung! — resmunguei, revirando os olhos — você sabe como ser insuportável quando quer.
— Calma .. Quem sabe não é a sua chance com o nosso Maknae? Ele pareceu bastante interessado..
— Do que você está falando? — ergui minhas sobrancelha, confusa. O sorriso do membro a minha frente aumentou ainda mais ao notar meu desespero.
— Ele me ligou na semana passada, perguntou se eu me importaria caso ele “roubasse” a minha compositora — Taehyung se afastou de mim, voltando a sentar na poltrona no canto do amplo estúdio.
— Ele só precisa de uma intérprete Taehyung, não viaja! — tornei a resmungar me sentando ao seu lado. Coloquei minhas coisas no espaço ao meu lado, já abrindo minha bolsa em busca das minha anotações, enquanto sentia o olhar de Taehyung em cada um de meus movimentos.
— Talvez.. ficamos de nos encontrar mas.. — Voltei minha atenção a ele no momento em que percebi a hesitação em sua entonação — mas eu fiquei…
—Ocupado com a Jennie — o interrompi, e observei o seus olhos perderem o brilho por alguns segundos, antes do mesmo dar de ombros como se aquele fato não fosse grande coisa, embora o seu olhar gritasse tantas coisas com a simples menção do nome dela
Ele realmente estava muito apaixonado. Mas também era possível ver sofrimento ali, me perguntei como era possível algo tão genuíno como o amor, poder machucar tanto um coração tão puro como o de Taehyung.
— Está com ciúmes ? — Taehyung inclinou seu corpo em minha direção e tão rápido como desapareceu, o humor do cantor já estava de volta e parecia muito propenso a me encher saco com seu sorriso zombeteiro e piadinhas inconvenientes — Ela não está aqui agora, então eu sou todo seu — sussurrou com os lábios a centímetros dos meus. Mesmo com meu corpo pedindo que eu me permitisse ser beijada por aqueles lábios que tão bem se encaixavam nos meus, repeti o ato de alguns minutos atrás e espalmei minhas mãos sobre seu peito, o afastando, novamente de mim.
—Caí fora Taehyung!Alguém pode entrar aqui.
— É só um beijinho !
— Um beijinho que pode custar o meu emprego.
Taehyung ergueu aos mãos para o ar, como se desistisse da ideia, ainda que o sorriso travesso não tivesse movido um milímetro de tamanho em seu rosto, e antes mesmo que ele pudesse falar qualquer coisa a porta do estúdio tornou-se a abrir, anunciando a chegado do restando da equipe.
A nossa tarde se passou sem grandes acontecimentos, ainda que muitas vezes se comportasse como uma criança de cinco anos, Taehyung era um ótimo profissional e fazia seu trabalho com muita dedicação, sua pronúncia também estava melhorando muito, fazendo com que eu não tivesse muito o que corrigir; e como somente uma música seria gravada naquela semana, às 20h da noite já estávamos sendo liberados para irmos para casa.
— Aceita uma carona? — Taehyung perguntou assim que saímos do elevador, e pisamos no lobby da Hybe.
— Pra minha ou pra sua casa? — ergui as sobrancelhas, sussurrando em sua direção, embora estivéssemos sozinhos. Embora eu estivesse decida a manter as coisas mais profissionais e menos complicadas entre mim e Taehyung, nossos joguinhos e flertes eram muito divertidos e já faziam parte da dinâmica entre nós dois.
—Pra onde você quiser — deu de ombros — embora eu fosse adorar poder te levar pra minha — o sorriso ladinho que ele lançou em minha direção deveria ser considerado um delito. Era o mesmo sorriso que estampava seu rosto toda vez que ele me fazia chegar a um orgasmo; e fez com que fosse impossível que as lembranças de seu toque, e sua boca em minha pele invadissem meus pensamentos e o calor que senti em minha parte mais íntima quase me fez considerar a proposta. Ele tinha que ser tão bonito? E o sexo tinha que ser incrivelmente tão bom?
Meus próprios pensamentos tornavam a tarefa de ficar longe dos lençóis de Taehyung mais difícil do que eu realmente achei que seria.
Qual era o maldito problema comigo? Que me fazia querer abrir às pernas para qualquer coreano bonito, ainda que Kim Taehyung e Jeon Jungkook estivessem em parâmetros altos demais para serem considerados quaisquer em qualquer coisa. Além do mais ao julgar pelo meu histórico de relacionamentos e transas casuais desde que me mudara para a Coreia, repleto de muitos estrangeiros turistando pelos meus lençóis, não seria correto afirmar que os coreanos faziam muito o meu tipo, não que eu tivesse um padrão, ou preferências, sempre fui o tipo de mulher que se envolve muito mais por conexão do que por aparência, e talvez o fato da maioria dos Coreanos mistificarem a mulher brasileira contribuísse bastante para essa minha estatística.
A pergunta certa seria; Qual o problema comigo? Que me fazia querer abrir à perna para Idols bonitos e gostosos com mais de 50 milhões de seguidores nas redes sociais?! Era mais específico? Sim, mas parecia se encaixar melhor também. Independe dos motivos que levaram minha mente e corpo a fazerem dois dos membros do maior grupo de kpop da Coreia do Sul a exceção a tudo isso, eu teria que aprender a lidar com essas reações que ambos causavam sobre mim, se quisesse manter meu emprego, e principalmente a minha sanidade sãos e salvos.
Abri minha bolsa a procura de meu celular e tornei a fechá-la quando o apanhei, logo em seguida o desbloqueando e abrindo o aplicativo de carros. Digitei rapidamente o endereço de meu apartamento nos arredores de Yongsan-su, antes de voltar a encarar o Idol que estava há alguns passos de distância, me olhando com expectativa.
—Meu carro já está a caminho — virei a tela do celular em sua direção.
—Você ‘tá me evitando? — Taehyung se aproximou devagar, seus olhos encarando os meus, as sobrancelhas erguidas em confusão. Confesso que eu não esperava por aquela pergunta. “Sim, você percebeu? eu estou te evitando pra caralho” era a responta mais sincera a ser dita, mas como eu explicaria ao homem a minha frente, que seus encontramos com sua ex e, muito provavelmente, futura namorada, estavam me deixando inquieta, como explicar algo que eu mesmo não conseguia entender, de fato. Sinceridade só serviria para deixar as coisas mais esquisitas e complicadas, e tudo que eu menos precisava nesse momento era de complicações.
—Mas é claro que não! — rolei os olhos como se a resposta fosse óbvia.
—Pois parece! Aliás, você está estranha desde aquele outro dia. Aconteceu alguma coisa entre você e o Jungkook?
—Fala baixo, cacete! — ralhei em um sussurro, incrédula com sua acusação, olhando ao nosso redor, procurando por possíveis espectadores, apenas confirmando que continuávamos sozinhos no amplo lobby, era tarde e o expediente já havia acabado algumas horas atrás.
—Então aconteceu? — seus olhos naturalmente pequenos se semicerraram em minha direção. Taehyung não parecia chateado ou tampouco enciumado, sua expressão era de total surpresa.
—Da ‘pra você parar de falar merda? De onde tirou isso?
—Você morre de amores por ele, e ele te levou pra casa aquela noite, não seria impossível. E desde então você anda me evitando.
—Primeiro que eu não tô evitando você — suspirei, mais uma vez revirando meus olhos — segundo que meu sentimento pelo Jungkook é totalmente platônico.
—Platônico?
—É, vai passar.. —dei de ombros, voltando a encarar a tela do celular em minhas mãos, constatando que o carro já estava a poucos minutos de distância “4 minutos, aguente mais 4 minutos
—Muita coisa pode acontecer nessa viagem, JK sabe ser muito charmoso quando quer.
— É uma viagem profissional, Taehyung, você fala como se fôssemos ficar sozinhos, vai ter um milhão de staffs.
— Isso nunca foi um problema ‘pra ele antes.
— Porque esse assunto é tão interessante pra você? —
Taehyung pareceu pensar antes de dar de ombros e responder;
— Só é legal te irritar um pouquinho, agora vem aqui, provavelmente não nos veremos de novo antes de vocês viajarem — com dois passos Taehyung acabou com a distância que nos separava e envolveu meu tronco com seus braços. Minha primeira reação seria afastá-lo, mas estávamos sozinhos e mesmo que eu não gostasse de admitir, sentiria falta do homem a minha frente, ainda que eu estivesse no escuro de quanto tempo fosse passar nos estados unidos, Taehyung já fazia parte da minha rotina, e apesar de tudo, era um amigo muito querido, e talvez nesse momento da minha vida, o melhor deles. O abracei de volta sentido novamente aquele perfume que eu tanto gostava invadir meus sentidos.
—Eu preciso ir — me soltei de seu abraço, inclinando a cabeça e depositando um beijo demorado em sua bochecha.
— Faça uma boa viagem sua idiota, e volte inspirada para as nossas composições, sei que o JK vai fazer um bom trabalho — ele piscou um olho em minha direção. Apenas o lancei um último rolar de olhos antes de dar as costas a Kim Taehyung e fazer o caminho até a saída da empresa, onde o carro de aplicativo já me aguardava.

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Na manhã seguinte aquela terça feira, Mirae, assistente do Sr.Bang, encontrou em contato para acertar os detalhes da viagem. Por ser estrangeira meu passaporte estava em perfeita ordem e eu só precisaria acertar os detalhes do visto para os EUA. Apesar do que eu imaginava, a equipe que acompanharia Jungkook não seria tão grande assim, para evitar chamar atenção iríamos entre eu, dois seguranças e um dos seus empresários, Embarcaríamos em um voo comercial no dia oito de abril para Los Angeles, ainda não tínhamos uma data certa para retorno mas a estimativa era que permaneceríamos cerca de sete dias em solo americano. Os dias que antecederam a grande viagem, passaram lentamente, eu estava ansiosa para o trabalho, conhecer Andrew Watt e vê-lo trabalhar de perto seria uma grande oportunidade de aprendizado, participar de uma grande produção com um renomado produtor era mais um dos motivos que tiravam o meu sono, embora o nervosismo pela possibilidade de estar perto de Jungkook fosse o principal deles. Realmente algo de muito errado estava acontecendo comigo. Como uma mulher tão independente e segura havia ficado de quatro por um cara por causa de uma simples carona? Ou talvez tenha sido a palinha a capela ao som de Malibu Nights que havia desconfigurado algo dentro do meu cérebro. Eu tinhas muitas perguntas sem resposta e essa foi a razão que me fizera levar o assunto a Soo-min, a terapeuta que eu havia começado a consultar quando os ataques das K-armys se iniciaram. O primeiro passo, segundo ela, seria entender verdadeiramente meus sentimentos pelo Idol, o que me causou ainda mais noites de insônia com os pensamentos focados em Jungkook. Eu não poderia ser considerada uma fã, apesar de adorar as músicas dos meninos, eu também não era apaixonada por ele, nós mal nos conhecíamos e eu já havia conhecido a sensação de amar alguém e era totalmente diferente disso. Talvez curiosidade e excitação estivessem mais perto da realidade dos fatos, Jungkook era um homem bonito, charmoso, ninguém poderia negar, mas além disso, algo em seu olhos misteriosos e despretensiosos chamavam a minha atenção, a forma como ele era totalmente entregue a arte e a música, era cativante, o jeito que seu corpo se movia quando ele dançava, como ele doava tudo de si a tudo que se propusesse a fazer. Uma curiosidade despertava em mim uma grande vontade de se aprofundar no universo desconhecido que era Jeon Jungkook, mas principalmente a forma como ele parecia inalcançável e intocável me fazia querer alcançá-lo e tocá-lo de alguma maneira mais profunda. Era novo, imprevisível e estava me deixando cada vez mais fora de mim.

Eram 05h manhã quando meu despertador tocou naquela manhã de domingo, eu havia conseguido dormir apenas duas horas, o que pretendia recompensar muito bem nas logas onze horas de voo que teria até Los Angeles, nosso embarque estava marcado para às 08h da manhã, então me apressei em levantar e tomar um banho quente para me aquecer naquela manhã fria de Seul. Com os cabelos limpos, secos e uma maquiagem leve no rosto, vesti uma calça jeans preta e uma blusa básica por baixo de um moletom igualmente preto. Já eram 06h quando eu aguardava no hall do condômino, o carro que me levaria diretamente para o Aeroporto Internacional de Incheon, 40 minutos depois eu já estava entrando dentro do aeroporto que estava repleto de jornalistas e fãs que aguardavam o Golden Maknae chegar. Mesmo com meus óculos escuro algumas meninas me reconheciam e acenavam animadas por ver alguém “próxima” dos meninos de perto. Sorri e acenei de volta enquanto caminhava apressadamente para o local onde aguardaria até embarcar, Sr Bang que nos acompanharia na viagem já havia realizado nosso Check-in, então apenas despachei minha grande mala e me direcionei até a sala de espera. Ainda me sentia extremamente ansiosa sobre aquela viagem e sobre não saber exatamente oque esperar dos dias que me aguardavam nos Estados Unidos, mas esperava conseguir desenvolver meu trabalho da melhor forma possível, sem que qualquer distração que Jungkook pudesse ser, atrapalhasse meu desempenho. Em meio aos muitos minutos que minha mente divagava sobre todos os turbilhões de sentimentos que me atropelavam, não reparei quando uma figura se aproximou e sentou-se ao meu lado, ergui meu olhar rapidamente assustada e não pude disfarçar minha expressão de extrema surpresa quando encontrei Jungkook sentado ao meu lado com um grande sorriso estampado em seu rosto. O cabelo comprido que agora estava preso, a franja caindo sobre seus olhos, as bochechas coradas devido ao frio que fazia em seul, a máscara que provavelmente antes tampava seu lábios, agora estava acumulada embaixo de seu queixo, deixando seus lábios extremamente convidativos a mostra, formando um sorriso tão empolgante que fez meu coração pulsar com mais força, ele vestia uma camiseta branca com a estampa da Calvin Klein e jaqueta Jeans, Jungkook era um conjunto de detalhes que me deixava sem palavras, respirei profundamente tentando fazer com que meu coração voltasse ao seu ritmo normal, o que talvez tivesse dado certo, se aquele aroma fresco e amadeirado não tivesse invadido meus sentidos como um tsunami sem aviso prévio. Nenhuma das ideias de distração que eu me esforcei tanto durante a última semana para desenvolver, ou qualquer outra técnica me faria conseguir agir com naturalidade diante dele.

— E aí , animada com a viagem?

E ali diante daquele homem, daquele sorriso e daquele perfume, eu tive a certeza que nada mais poderia ser feito, eu já havia me afogado a muito tempo naquele oceano que era Jeon Jungkook, e ninguém mais poderia me salvar.




Continua...


Nota da autora: sem nota!


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