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Revisada por: Saturno 🪐

Última Atualização: Julho/2024.

As cortinas foram abertas agressivamente, deixando os pequenos raios de sol invadirem o quarto e clareando o rosto da menina, a despertando suavemente. O som do seu despertador, junto à música que ligava no automático, ajudava no despertar acelerado da cacheada, que levantava, indo em direção à porta.
Era possível ouvir ao fundo incansáveis batidas na porta do enorme quarto. Já imaginava quem seria, sua assistente que tinha como missão deixar a vida de Missy mais fácil, mas ela não fazia o mesmo com sua subordinada, já que sempre se atrasava para os compromissos em sua agenda.
— Bom dia, Ashley. — Missy voltou para o quarto, já tirando a roupa para tomar banho.
— Senhorita Lawrence, você irá se atrasar para a reunião da diretoria. Seu pai irá me matar. — Ashley olhou para o relógio e soltou um resmungo, já imaginando o sermão que ouviria do CEO.
— Não se preocupe, Ashley! Irei me arrumar, estaremos na empresa e meu pai nem notará meu atraso, confia.
Entrou no chuveiro e parou de escutar os resmungos da assistente. Ela gostava de Ashley, mesmo sendo neurótica o suficiente para estressar qualquer um, mas não via a necessidade de ter uma assistente. A água do chuveiro acalmava a garota. A música melancólica combinava com o momento, não que estivesse triste, apenas gostava de escutar músicas tranquilas no banho para relaxar.
Missy terminou de se arrumar, pegou seu celular e as chaves do carro, indo em direção à garagem de sua casa. Ashley corria em sua direção, confusa em como a chefe passou por ela sem perceber. Entraram no carro, e ela olhou para a chefe no volante, mexendo no celular.
— Mrs. Mouse, desligar casa, ativar segurança interna e externa — Missy falou no celular, posteriormente o jogando no painel.
“Sim, Missy”. Pôde ouvir a resposta da inteligência artificial que foi projetada por Missy para ser seu braço direito em todos os momentos. A ruiva havia o criado aos 14 anos, quando se sentia constantemente sozinha, já que seus pais nunca a deram a atenção necessária, fazendo a garota com um QI altissimo criar um amigo virtual para suprir o vazio que sentia.
Ashley sempre se impressionava com a segurança da casa de Missy. Olhou para a casa e viu janelas se fechando e luzes desligando sozinhas, e ouviu o pequeno barulho indicando que o alarme de segurança interna estava funcionando perfeitamente. Elas estavam já se aproximando do portão de saída, quando a assistente sorriu ao ver as câmeras se movimentando conforme elas passavam.
— São câmeras que captam o movimento? — Ashley surtou, vendo diversas câmeras aparecendo e as seguindo. — Uau, são muitas! Como elas não estão ativando o alarme enquanto passamos?
— Bom, por que eu estou aqui e os sensores me reconheceram. Tudo de tecnologia minha é interligado — Missy respondeu à assistente. O portão já estava fechado e com a segurança externa completamente ativada. Ela olhou para a mulher do lado, sorrindo. — Agora, com emoção ou sem emoção?
— Com vida, senhorita Lawrence! — Ashley colocou o cinto rapidamente, quando Missy acelerou sua BMW iX, fazendo a mais velha rir assustada com a velocidade e vendo que a sua chefe não acataria suas súplicas nem por misericórdia.
— Que isso, Ashley. Está comigo, está com Deus. — Missy acelerava e ria, vendo a sua assistente segurar na porta e pisar o chão como se aquilo, de alguma maneira, desaceleraria o carro.
— Esse é meu medo.
Um letreiro enorme com a logo da empresa dos pais enfeitava a entrada do prédio. A famosa “Lawrence Security in Technology” era requisitada e referência quando o assunto era proteger seus clientes de qualquer problema cibernético, ou, para muitos, era a empresa que protegia os porcos da alta sociedade de não terem suas sujeiras vazadas.
Ao chegarem à empresa, Missy estacionou o carro e já caminhava em direção ao elevador, que abriu, dando de cara com um dos acionistas e diretor do departamento jurídico, Joseph Clarke. Ele a encarou sem paciência por um momento e sorriu em seguida, disfarçando. Entrou no elevador e seguiu viagem até o andar em que ocorreria a reunião. Saíram do elevador sem trocar uma sequer palavra. Ashley apenas seguiu a chefe, que caminhava até seu lugar.
Missy olhou a plaquinha escrito diretora do departamento de engenharia de Cybersecurity. Pegou, a limpando, e sorriu sarcástica para o velho que a fez companhia no elevador poucos segundos atrás; sabia que ele fazia de tudo para tirar esse posto dela para dar ao filho imprestável, mas quem ousaria mexer com a filha do CEO. Esperava apenas um deslize seu para pôr as garras em mais um dos cargos importantes da empresa.
— Devo parabenizar a senhorita Jones por ter feito um milagre acontecer. — Uma voz chamou a atenção delas, olhando para cadeira direcionada aos CEOS da empresa. — Minha filha, poderia, por favor, parar de provocar o senhor Clarke?
— Não estou fazendo nada! — Sorriu docemente para o pai. Sua mãe riu posteriormente, fingindo uma tosse ao ver a cara séria do marido.
— A não ser que a placa esteja manchada com graxa, acho que pode deixar em seu lugar de origem. — O pai a encarou, vendo a filha seguir a ordem sem reclamar. — Bom, sem mais birras, vamos começar a reunião.
A reunião foi rotineira e maçante. Alguns casos de deputados, que eram clientes da empresa e que tiveram as fotos vazadas de momentos comprometedores. Muitos dos clientes eram políticos ou da alta sociedade, e, em sua maioria, as fotos eram sobre casos extraconjugais. Missy tinha vontade de vomitar toda vez que via um desses casos. Parou a ação quando escutou os resmungos do velho Clarke, obviamente procurando briga.
— Acho que deveria tirar as menininhas da reunião, senhor Lawrence. Melissa não cresceu o suficiente para esse posto — Clarke pontuou, olhando para Missy, que apenas sorria cinicamente em sua direção, claramente não se afetando com a provocação. — Devemos perguntar qual a solução para esses casos, senhorita Lawrence?
— Você que deveria nos dar a solução, velhote. Você é do departamento jurídico. O quê? Sua equipe de assessoria não é suficiente, acha que deve contratar mais algum parente inútil seu? Quem vai ser dessa vez? Um sobrinho, talvez um cunhado. — Missy ria, mas se calou ao ouvir a batida na mesa. Seu pai a encarou e ela suspirou. — Acredito que a solução seria eles não gravarem, já que sabem que vai dar merda, mas minha equipe consegue eliminar esse vídeo em menos de 3 horas, e colocamos um software que elimine os arquivos toda vez que forem postados na rede.
— Suficiente para você, senhor Denver? — a mãe de Missy se pronunciou, enfim. — Meus parabéns, minha menininha!
Missy sorriu. Iria comentar algo, quando as luzes escureceram e no telão começou a piscar a escrita “The rat” constantemente. A empresa foi à loucura, um barulho insuportável de sirene machucava os ouvidos de todos. Ao fundo do barulho, era possível ouvir vozes repetindo “corruptos” constantemente. As luzes foram apagadas, deixando todo o lugar no escuro, acionando automaticamente as luzes de emergência e deixando a todos em completo pânico.
Missy correu até sua sala, com seus pais ao seu lado. Já era a segunda vez que aquilo ocorria, por isso, sua equipe já estava em seus lugares, fazendo de tudo para tomar o poder. Se preparou na mesa com seu computador e começou seu trabalho, seus pais atrás, apreensivos com o prejuízo que aquilo poderia dar.
De alguma maneira, o hacker havia tomado quase todo o servidor da empresa, mas a garota era um gênio quando se tratava em software, criptografia e, principalmente, malware. Desde pequena, foi um prodígio na área de exatas, os pais ficaram aliviados que o legado da empresa se manteria por mais algumas gerações. Missy consegui passar pela primeira barreira que o hacker havia colocado no servidor para a atrasar.
— Maldito, você acha que está lidando com quem? — Missy sorria, ao desativar uma das últimas barreiras.
O pai, que havia tomado mais de 3 calmantes de uma vez, suspirou aliviado ao ver a energia voltando, e o barulho já não era mais possível ouvir. Todos da sala gritavam eufóricos pelo desempenho da equipe. Missy pôde relaxar na sua cadeira, aliviada com sua sagacidade.
— E então, qual foi o prejuízo, querida? — Seu pai se aproximava.
— Aparentemente, não consigo ver nenhum arquivo clonado ou corrompido. Vai levar dois dias para terminarmos de fazer o pente fino e saber os danos. — Missy se levantou e se esticou. Parou quando ouviu sirenes. — Quem foi o idiota que chamou a polícia?
— Eu. Já que essa é a segunda vez que esse hacker invade nosso sistema, acho que profissionais deveriam cuidar desse caso. — O velho Clarke encarava a garota, mas não deu tempo de ela retrucar, vendo a pessoa que a mais irritava entrar.
— Senhores Lawrence, é um prazer conhecê-los, pena que em um momento tão infortúnio. — O detetive White se dirigiu aos dois e encarou a garota ao lado dos pais. — Como vai, Missy.
Um arrepio se fez presente na pele de Missy. A lembrança, o toque, tudo veio como uma avalanche, mas também o gosto amargo da traição e julgamento. Ela ainda não estava pronta para ver a cara dele, mas o sentimento era recíproco, já que o detetive levou anos para esquecer o rosto da mulher à sua frente.
— Já se conhecem? — A mãe olhava maliciosamente para a filha.
— Para minha adorável sorte, sim — falou sarcasticamente, encarando o detetive à sua frente. — Estudamos juntos, mamãe. Não vejo a necessidade de sua presença, Detetive White. Já solucionei o problema.
— Isso sou eu que irei decidir, senhorita Lawrence. Vamos ao interrogatório. — Ele virou as costas, fazendo a garota revirar os olhos pela teimosia.
Após uma manhã longa de interrogatório, chegou a vez dos acionistas darem seus depoimentos, mas, para suspeita, o jurídico ficou de fora de todo esse caos. Missy entrou na sala provisória para os detetives. White e seu parceiro apontaram para cadeira, e a mulher apenas riu debochada.
— Senhorita Missy, o que estava fazendo no momento do ataque? — o parceiro de White perguntou.
— Contendo o ataque. — Missy sorriu debochada.
— E antes disso? — o parceiro, que obviamente era novato no cargo, perguntou.
— Estava na reunião dos acionistas. Isso é mesmo necessário? Estou perdendo meu tempo — Missy bufou irritada.
— Todos os funcionários serão interrogados. — O parceiro tentava soar autoritário.
— Vamos encurtar as coisas, só porque achei você uma gracinha. — O comentário fez o mais novo corar de vergonha e o veterano revirar os olhos. — Eu sou diretora do departamento Cybersecurity, o ponto chave para a segurança de meus clientes. Por que raios eu faria um ataque como esse contra minha própria empresa?
O garoto tentava, de alguma maneira, formular alguma frase que fizesse sentido para que não o deixasse com cara de palhaço, mas foi interrompido com a porta sendo aberta bruscamente, de onde surgiu Ayla, a diretora de relações públicas e advogada fiel de Missy.
— Acabou o interrogatório. Levante-se, Missy — Ayla falou, segurando a porta, fazendo a cacheada sorrir para os detetives e se levantar, caminhando para perto.
— Não terminamos. — O detetive White enfim abriu a boca para falar.
A loira sorriu cínica para o detetive e o encarou da cabeça aos pés. Ela odiava aquele homem e não se preocuparia em perder seu réu primário com ele, mas deixar a amiga sozinha era pior que cadeia. Missy adorava se meter em confusão, sendo que a amiga e advogada sempre tinha que socorrê-la.
Porém, dessa vez, não foi ela que causou o problema, e, sim, o diretor do jurídico, que seria o próximo a ter uma conversa nada agradável. Ela então se aproximou da mesa e pegou um peso de papel que fazia enfeite. Ela brincava com ele, jogando levemente entre uma mão e outra, então encarou o detetive novamente.
— E nem vão terminar, isso fere os direitos da minha cliente. Ela não tem nenhuma obrigação em colaborar com esse teatrinho e nem vou comentar que não há mandato para tudo isso. — Ayla sorriu.
A loira se levantou, já que sua altura não necessitava de esforços. Se aproximou do detetive, que se esforçava para manter sua cara neutra, mas ela percebeu que ele estava irado com a interrupção. Ela não era besta, sabia que a vinda dele era apenas para prejudicar Missy.
— Aliás, eu tive o prazer de ligar para seu chefe, e adivinha? — Ayla arrumou a gravata de White e a puxou. — Vocês não foram autorizados a interrogar ninguém, apenas apurar os fatos e danos causados, já que não houve nenhum ataque físico e, sim, cibernético. Não há por que continuar com isso. E mais uma coisa, até onde seu comandante me informou, sua equipe não é do setor de ataques cibernéticos, procede, detetive?
— Nos veremos em breve, Missy — White falou irritado, se afastando da loira.
— Errado — Ayla falou firme. — É a mim que você verá se conversar com minha cliente sem meu consentimento. Quer correr o risco de perder seu distintivo novamente?
— Agora eu lembro por que não te suporto desde a faculdade, Jones — White falou, se aproximando da loira, que mantinha seu olhar sério e frio.
— Lembrou que sou melhor que você e posso facilmente te destruir e acabar com esse teatrinho de detetive?
O detetive saiu irritado com as palavras da advogada. Ela, por sua vez, apenas encarou a amiga, piscando, e saiu rumo ao setor jurídico. Ayla Jones era o próprio furacão, ao contrário da irmã, Ashley, que era como um sopro na primavera. Corajosas eram as pessoas que cruzavam o caminho de Ayla. As duas se conheceram na faculdade, não por serem da mesma turma, mas porque, em meio a uma confusão desproporcional, os destinos das duas acabou se conectando, e, desde então, eram amigas.
Missy voltou para sua casa, desativando a segurança. Abriu a porta, dando de cara com sua gata a esperando. A pegou no colo e caminhou até a grande sala, um ambiente completamente equipado das melhores tecnologias, muitas delas sendo criações de Missy. A garota relaxou e se sentou na poltrona, pronta para começar seu trabalho noturno.
— Ativar modo ratoeira — Missy falou, e as telas foram ligadas. Podia ver diversas câmeras de ambientes desconhecidos espalhados pela cidade. Algumas telas mostravam ruas de países diferentes.
Sorriu quando apareceu a chamada de vídeo do seu grupo. Ao aceitar a ligação, deu de cara com seus amigos na tela. Phillip, Ayla e Serena. Os únicos que sabiam sobre sua dupla identidade. Poderia confiar fielmente neles e esse sentimento era recíproco para todos.
The Rat era uma persona justiceira, um dos maiores hackers. Mas, diferente de muitos deles, apenas atacava infratores. E ninguém sabia sua identidade, nem mesmo os companheiros de trabalho, o que instigava a todos, pois todos tinham curiosidade de saber quem era, porém a garota nunca deixou rastros.
Se reuniram para falar sobre o plano de destruição ao porco, um homem que vinha constantemente assediando mulheres, mas, por ter dinheiro e um certo poder, nunca foi pego. Choi, um capanga fluente da máfia MOB, que além de abusar das mulheres, postava seus vídeos na parte sombria da internet como um meio de troféu. Muitas de suas vítimas procuraram The Rat.
Phillip então bufou.
— Eu ainda acho que isso é uma má ideia. — Ele encarava a amiga. — MOB é a máfia mais perigosa do nosso país, e você realmente quer mexer com eles.
— Phill, querido! Olha o quanto de meninas que vieram nos procurar por causa do caso de abuso. Acho que aqueles capangas da MOB estão merecendo uma lição — Missy falou, encarando a tela. — O que acham, meninas?
— Acaba com esse filho da puta — Ayla gritava, rindo.
— Provavelmente vou me arrepender de dizer isso, mas já que chegamos aqui, vamos até o fim. — Serena ria da euforia das amigas.
— Então é isso. Vejo vocês mais tarde! — Missy desligou a câmera.
Quando a reunião acabou, Missy decidiu descansar um pouco antes da grande noite. Acordou com Ivy, sua gata, em cima de sua cabeça. Ela se levantou sonolenta e ligou a TV, ouvindo o noticiário falando sobre a invasão de The Rat na empresa de seu pai. Sorriu, lembrando da cara que todos fizeram, e se calou ao ouvir o depoimento de White.

“Estamos próximos de capturar esse Hacker”.

— Tão próximo que nem sabe o pronome correto para se referir a mim! Ops. — Missy gargalhou, pegando uma bebida na geladeira e se preparando para a festa. — Ei, Mrs. Mouse, coloca uma música para animar a casa!
“Como quiser, Missy”.

Se animou ouvindo a playlist onde Sabrina Carpenter e Ariana Grande dominavam. Após um banho demorado, já estava pronta, com seu vestido verde brilhante e cabelos ruivos volumosos e cacheados. Pegou seu carro, já indo em direção à grande boate onde encontraria seus amigos. O caminho foi tranquilo, mas Missy estava ansiosa. Sabia que mexer com aquela máfia seria perigoso, porém ela não deixaria aquelas vozes serem caladas novamente.
A verdade era que muitas vítimas procuraram a empresa dos pais de Missy, mas todos os pedidos foram recusados e ela não entendeu o motivo, tentou confrontar o pai e ele diversas vezes a alertou que não era para se envolver com aquele caso, pois iria cutucar um vespeiro que ele não estava a fim de enfrentar.
Foi então que ela arrumou um jeito de elas contatarem The Rat. Já que Melissa Lawrence não poderia ajudar, seu alter ego ajudaria. E, para sua surpresa, todas vieram pedir socorro. Todos os vídeos haviam sido apagados, mas o que motivou a Hacker a procurar vingança foi uma garota de 17 anos, que chorava, em prantos, dizendo que estava sendo perseguida e que não estava mais aguentando a pressão.
Ao chegar ao início da fila, mostrou a pulseira VIP para o segurança, que rapidamente a permitiu passar, deixando algumas pessoas irritadas para trás. Um dos benefícios de ser rica e influente no meio da sociedade era o privilégio de poder entrar onde quisesse e quando quisesse. Estava se sentindo o próprio Bruce Wayne.
— Atrasada! — Phillip resmungou, enquanto mascava um chiclete, mas sorriu para a amiga, vendo o vestido. — Piranha, não é usando um dos meus vestidos que vai me fazer mudar de opinião e achar essa ideia brilhante.
— Poxa, pensei que usando uma das minhas peças favoritas do meu estilista favorito iria me dar alguns pontinhos. — Missy sorriu e abraçou o amigo, que riu do descaramento.
— É uma manipuladora mesmo! Vem, se senta um pouco. — Serena riu. — Toma, peguei um drink para você.
— Cadê a Ayla? — Missy procurou pela ruiva.
— Foi ao banheiro, mas já está demorando! — Phillip falou preocupado. — Falei para não ir sozinha.
— Calma, protetor, estou aqui. Demorei porque estava consolando mais uma menina vítima do adorável Choi — Ayla reclamou, se sentando e pegando uma bebida. — É um cretino mesmo.
Eles dançaram um pouco e se divertiram. Após 2 horas de pura diversão, o relógio de Missy vibrou, mostrando que estava no momento. Foi então que ela começou uma cena, cambaleando e gritando que iria vomitar, saindo correndo da área VIP para o banheiro. Eles então seguiram o plano. Enquanto os três seriam o chamariz, usando dispositivos que embaralhavam e em seguida congelando a imagem das câmeras de segurança, The Rat seguiria até a sala mais próxima do servidor e invadiria, buscando provas que o prejudicassem.
Os outros então se posicionaram, cada um em um ponto da boate. Serena estava perto de um dos seguranças que tinha um computador conectado ao servidor e às câmeras, facilitando em embaralhar o dispositivo, e o segurança nem notou, já que estava ocupado tentando conseguir o número dela.
— Você é uma gracinha, gosto de caras fortes e altos. Uma obra de arte. — Serena acariciava os braços do segurança, que sorria hipnotizado.
Já no ponto do bar, Phillip interagia com o barman, que sorria tímido para o homem negro que flertava com ele. Um dos pontos do servidor das câmeras ficava próximo dali, mas isso não justificava que Phill tentava de toda maneira arrumar um jeito de levar o ruivo para sua casa.
— Já pensou em ser modelo? Com certeza faria sucesso. Eu posso te dar algumas dicas — Phillip falou, mexendo na sua bebida.
Foco, Phill, pensa com a cabeça de cima. — Ele ouviu do seu ponto no ouvido. Era Ayla, que estava na área vip, bebendo.
Um dos motivos de ela estar ainda naquele lugar era que o último ponto do servidor vinha naquela direção. Ela estava sentada, bebendo, quando um bêbado entrou na área, tentando conversar com ela.
— Não estou afim, não, palhaço. Dá meia volta e vai perder seu tempo bebendo essa cerveja barata e chorar por ter um trabalho de bosta. — A garota fez sinal para o segurança, que puxou o homem sem deixar ele falar algo.
— Um doce, como sempre. — Ayla riu ao ouvir o comentário de Missy. A hacker já estava próxima à sala onde Choi trabalhava, que era perto dos servidores. Entrou na sala e a trancou por dentro. — Já sabem, qualquer sinal de eu ser pega, desapareçam e ativem o modo ratoeira.
Alguns dias antes, ela havia enviado um vídeo no celular de Choi de pornografia, que o fez clicar, e ela conseguiu ter acesso a todas as senhas dos dispositivos dele. Mas, para o estrago ser maior, ela teria que usar o computador da empresa.
Ao entrar no computador do capanga, deixou o dispositivo de bloqueador de imagem perto, assim nenhuma câmera daquela sala iria funcionar. Ela precisaria agir rápido para não ser notada pelos seguranças.
Conseguiu ver diversos vídeos pornográficos, em sua maioria do capanga, que aparecia apanhando de alguma mulher. Missy riu. Então Choi gostava dessa vibe mais agressiva. Estava terminando o processo, quando viu algo interessante. De alguma maneira, ele havia mandado o vídeo vírus dela para diversos companheiros, infectando o servidor todo sem ser notado.
— Isso está se tornando cada vez mais divertido. Vamos ver o que temos aqui. — Missy ria, ao ver diversos contratos de negociação com tráfico, assalto, e a lista só ia piorando.
O que deixou a hacker instigada foi um arquivo decodificado, o que não foi um martírio ao conseguir abrir e ver que era uma pasta com nomes de deputados influentes da alta sociedade e até pastas de diversos países. Era uma pasta com provas que derrubariam todos se fosse divulgada. Provavelmente a máfia havia conseguido esses arquivos para chantagear e conseguir poder.
Missy, o tempo está esgotando. Cadê você, mulher? — Phillip surtava no ponto.
— Quase lá, só tive um pequeno desvio de rota — Missy o acalmou.
Ela então pegou o arquivo e o excluiu do servidor da máfia MOB, sem chance de eles recuperarem. Voltou ao plano inicial, entrou na rede da boate, rapidamente desligou o sistema de cobrança e camuflou com um software fantasma para não notarem. Vinculou a conta bancária de Choi ao sistema de cobrança, precisava ser rápida antes que percebessem. Cronometrou o sistema para que aparecesse no telão a surpresinha para todos em dez minutos depois de sair da sala.
O ponto de encontro era a pista de dança e lá estavam eles, que dançaram, comemorando o sucesso. Queriam estar bem perto do caos para ver a cara do idiota. Phillip encarou a amiga apreensivo, estava ansioso para saber se realmente iria funcionar. A amiga só sorriu, rebolando e descendo com a música alta. O garoto deu risada e aproveitou com a amiga.
Doja Cat tocava e o quarteto dançava enlouquecidamente. A música então parou, fazendo todos vaiarem, deixando o DJ em pânico, enquanto tentava arrumar o erro. O telão voltou a ligar e mostrava o vídeo de antes, que Missy viu, com a frase “PORCO NOJENTO FOI ABATIDO”. A imagem saiu e uma voz surgiu.
Perdoem a invasão e estragar a noite de todos, mas um porco merecia uma lição. Então, como recompensa, a conta de vocês foi paga pelo senhor Choi. Apodreça no inferno, seu porco. Não se preocupe, sua punição ainda não acabou. Estou de olho em você!
A voz sumiu, dando lugar à frase “BEBIDA DE GRAÇA” junto à logo “The Rat” iluminando todo o telão. Todos da boate estavam eufóricos. Missy olhava disfarçadamente para a área da diretoria, Choi gritava revoltado, olhando o celular e falando com o pessoal. Provavelmente queria que arrumassem o rombo que aquela brincadeirinha fez em sua conta bancária.
— Já que a bebida é de graça, vamos aproveitar, não é? — Missy sorria, piscando para os amigos, que riam junto. Eles caminharam até o barman, que estava confuso se servia ou não as bebidas. — Vou querer o champagne mais caro da casa, por favor.
— Missy, não está exagerando? — Serena sussurrava no ouvido da amiga, a música já havia voltado.
— Vou querer um Whisky. — Ayla ria, falando para o barman, recebendo um olhar de repreensão dos amigos. — O quê? Quero me divertir também!
— Você nem gosta de Whisky. — Phillip revirou os olhos.
— Estou nem aí, quero minha bebida. Vamos moço, traz meu Whiskey.
Enquanto o caos começava no bar, na área VIP da diretoria não estava diferente. Choi gritava a sete ventos que não iria levar esse prejuízo. Devon, o braço direito do CEO, ria da cara de desespero do capanga. James, o leal confidente e ajudante do CEO, tomava tranquilamente seu Macallan M, olhou inexpressivo para a poltrona ao lado, vendo o rosto raivoso de Trevor. Provavelmente ele mataria Choi se ele continuasse reclamando. Olhou para Devon, que o encarou com as sobrancelhas cerradas e entendeu o sinal do amigo.
Se levantaram, Devon foi em direção a Choi e saiu, o empurrando para fora, enquanto James caminhava até o bar. Todos que olhavam para o rapaz paravam de fazer escândalo e voltavam para pista de dança calados. Apenas um grupo continuou com o escândalo.
— Como podem ver, a bebida é por conta da casa. — James enfim recebeu a atenção dos quatro, que se viraram assustados. — Mas peguem a bebida e sumam da minha frente.
Os quatro pegaram as bebidas e correram para a pista de dança. Missy já vira aquele homem em algum lugar, mas não conseguiu pensar direito, pois Phillip não parava de falar o quanto James era um grande de um gostoso e como deveria ser uma delícia na cama, fazendo as três meninas rirem do amigo, que não podia ver um homem que já enlouquecia.
— Te amo, sua maluca, mas vamos nos divertir agora, sim? — Phillip falou, rindo e dançaram juntos.
Após um tempo, o grupo decidiu que era a melhor hora de ir embora. Estavam saindo, quando Missy parou drasticamente, lembrando que a bolsa ainda estava na área VIP. Fez sinal para os amigos saírem sem ela. Mesmo Phillip, relutante de deixar a amiga sozinha na boate, aceitou, já que as outras duas estavam viradas de tão bêbadas.
Ao chegar à área VIP, congelou, vendo Trevor, o CEO da MOB, segurando sua carteira com o crachá da empresa. Ela se condenou por não ter deixado o crachá em casa e se aproximou do rapaz, que ainda não tinha notado sua presença.
— É feio mexer nas coisas dos outros — Missy falou, chamando a atenção do rapaz, que ficou impressionado que ele não havia notado a presença da mulher até aquele momento.
— Estava apenas olhando para achar o dono. Empresa Lawrence? Como é trabalhar na empresa do papai? Que sorte que não gastou o dinheiro do papai aqui hoje. — Trevor se aproximava. — O que faz na empresa? Brinca de diretora enquanto usa um sapato caro?
— Não é da sua conta o que eu faço na minha empresa. — Missy puxou o crachá e a carteira da mão de Trevor, que rapidamente pegou e puxou a mão da menina, aproximando seus rostos. — Vai me largar ou vou ter que te derrubar daqui?
— Eu amaria ver você tentar. — Trevor segurou forte a cintura da mulher, a puxando para mais próximo. Teve que segurar forte para ela não sair.
Trevor sorriu pela atitude agressiva da menina, não estava acostumado com mulheres que não caíam aos seus pés. Olhou para seu rosto, que possuía traços delicados, mas que não combinavam com o olhar feroz que ela carregava. A vontade de mergulhar naqueles olhos e descobrir seus segredos era grande.
— Vê se não se apaixona — Missy zombou, despertando o homem em sua frente, o fazendo rir.
Os dois se separaram ao ouvirem uma risada ao fundo. James e Devon estavam na porta, esperando o comando do chefe. Eles se aproximaram, mas pararam ao ouvir um barulho alto e irritante. Quando notaram, a garota já havia sumido da vista dos três, deixando o mafioso de certo modo intrigado, mas voltou sua atenção para o caos que estava a boate naquela noite.
Missy já estava quase chegando em casa, quando ouviu uma mensagem um tanto intrigante no seu outro celular, o telefone de The Rat. Ela abriu a mensagem, já imaginando quem seria, mas não esperava que seria tão rápido assim.

“Precisamos nos encontrar e acertar o prejuízo que me deu essa noite! — Trevor Caccino, líder da MOB”.


Continua...


Nota da autora: Sem nota.

🪐


Nota da Beth Saturno: Nossa, eu amo esse tipo de história. Já estou completamente imersa e ansiosa pelo que vai acontecer. Essa interação entre a Missy e o Trevor no final me fez dar uns gritinhos, não vou negar. Essa vibe de políticos porcos me lembrou Black Mirror e eu AMEI demais isso. PRECISO DE MAIS. Atualize logo!

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