Tamanho da fonte: |

Revisada por: Calisto

Última Atualização: 09/06/2025
A família era bastante conhecida no mundo bruxo. Seu reconhecimento, no entanto, ia muito além das características físicas de cada um de seus integrantes. O sobrenome possuía também grande renome no Ministério da Magia por diversos motivos.
Ellaria , a matriarca, costumava se gabar quanto à pureza de seu sangue, embora nenhum de seus filhos dessem a isso o mesmo grau de importância que ela. Já Dimitri, seu marido, tinha grande representatividade no Departamento de Execução das Leis da Magia, como um dos membros da Suprema Corte dos Bruxos.
Com cerca de vinte e nove anos de casados, os possuíam três filhos. Jacob, o primogênito, teve um desempenho respeitável durante sua vida escolar, então se uniu ao pai no Ministério da Magia, em um cargo na Seção de Chaves de Portais. Já Nahla, a filha prodígio, deixou um legado considerado brilhante na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, e não foi surpresa alguma para a família quando esta terminou os estudos e iniciou prontamente sua carreira como desfazedora de feitiços no Gringotts, o banco dos bruxos.
No expresso de Hogwarts, seguia rumo ao seu sexto ano na escola, porém, ao contrário dos outros membros de seu clã, não possuía grandes feitos nas costas. Para início de conversa, diferente de todos de sua linhagem, que eram Sonserinos, foi acolhida na casa Corvinal, e, por mais que alguns colegas questionassem aquela escolha do Chapéu Seletor, ela não poderia se identificar com nenhuma outra casa. Obviamente, seus pais não ficaram muito contentes com aquilo, mas não havia nada que eles pudessem fazer para mudar aquela decisão.
Aquele desgosto dos com a casa de sua filha caçula, no entanto, seria facilmente esquecido quando a garota atingisse o quinto ano e se tornasse monitora, assim como seus irmãos e seus pais haviam sido. Porém, não tinha jeito, havia nascido para quebrar aqueles padrões. Para seu desgosto e o de seus pais, ela não estava entre os selecionados como monitores naquele ano.
Por mais que a garota tentasse negar, ela se sentia frustrada com aquela situação. Não entendia os motivos de não ter sido escolhida, já que suas notas eram boas o suficiente, embora não tão brilhantes quanto as de Nahla e Jacob.
Viver à sombra de seus irmãos não era uma tarefa fácil, mas ela não perdia a esperança de que um dia seria capaz de surpreender e dar orgulho aos pais.
Um suspiro escapou dos lábios da garota, enquanto ela encarava a imensidão verde dos campos por onde o trem passava. Odiava ficar pensando naquelas coisas, porque além da pontada de tristeza ela sentia raiva.
— Tudo bem, ? — A voz de Avallon a despertou dos pensamentos e ela olhou na direção da garota morena, notando que não apenas ela, mas seu irmão, Liam, a encarava com curiosidade. Era incrível como os Scarborough eram sensitivos. Todas as vezes em que ela se sentia para baixo, podia contar com um deles, ou os dois, para desabafar.
— Sim. Só estou um pouco ansiosa para esse ano. Não faço ideia do porquê — respondeu, e aquilo não era bem uma mentira. Semanas antes, quando foi comprar seus materiais no Beco Diagonal, sentiu-se inquieta e desejou de repente que voltasse logo para o castelo.
— Deixe-me adivinhar, tem alguma coisa a ver com quadribol ou alguma coisa que você viu nos livros de transfiguração? — Úrsula questionou e atraiu então a atenção de para ela. A loira cacheada nem fez questão de erguer seu olhar do livro que lia, mas quase podia sentir o sorriso que a amiga dava por trás do objeto.
— É verdade! Esse ano não aceito perder mais uma vez a taça para a Grifinória — Liam começou a falar, tomado por animação, e pelo brilho no olhar de Avallon, esta compartilhava o sentimento com o gêmeo.
A resposta de , no entanto, se perdeu quando a porta da cabine se abriu e um Cedrico Diggory lhe lançou um largo sorriso assim que a localizou.
— Aí está você, ! — A garota nem o esperou terminar de falar para se levantar, se lançar na direção do garoto e o puxar para um abraço apertado.
— Ced! — exclamou, contente, ao afundar seu rosto na curva de seu pescoço e inalar aquele perfume dele que ela adorava.
— Também senti saudades, tampinha — brincou e acariciou a cintura da menina. — Empolgada com o sexto ano? — questionou, ao se desvencilhar o suficiente para encarar o rosto de .
— Provavelmente, não tanto quanto você. — Piscou para o rapaz, que sorriu um pouco mais, então ajeitou uma mecha dos cabelos dela que caíam sobre um de seus olhos. Instantaneamente, a garota sentiu as bochechas esquentarem por aquele gesto.
— Provavelmente, não mesmo. — Riu junto a ela, então a encarou nos olhos. — E a Nahla, como está? Diga a ela que faça o favor de me escrever antes que eu vá ao Gringotts apenas para puxá-la pelas orelhas.
O sorriso de estremeceu, enquanto a garota sentia seu estômago afundar. Por que ele sempre tinha que perguntar sobre Nahla? Tudo bem que ele havia se tornado amigo de sua irmã mais velha um pouco antes dela, mas Cedrico não precisava mesmo fazer aquilo. Não quando sabia que se sentia incomodada todas as vezes em que era associada aos irmãos.
— Eu falaria para você dizer você mesmo, mas a Nahla deve estar ocupada com alguma coisa do trabalho. Tenho certeza de que logo ela fala com você — respondeu, enquanto controlou a vontade de revirar os olhos.
— É, acho que você tem razão. — Deu de ombros, em concordância com a garota. — Bom, preciso voltar à minha cabine. Eu só passei por aqui mesmo para te dar um beijo. — Sorriu carinhoso para , e não havia mesmo como resistir àquele garoto.
— Pois eu não recebi beijo algum — brincou e fez bico, então o viu se aproximar e deixar um beijo em sua bochecha. — Assim está melhor — completou, e, mais uma vez, sua bochecha esquentou.
— Até mais, . — Piscou para a menina antes de se afastar, se despediu de Avallon, Liam e Úrsula com um aceno de cabeça e seguiu para fora da cabine.
— Até mais, Diggory — respondeu, então voltou ao seu lugar e se sentou com um sorriso débil nos lábios.
— Você gosta dele. — Ouviu a voz de Úrsula afirmar, e dessa vez seu rosto pegou fogo.
— Claro que não gosto! Ele é meu amigo, Úrsula. Nada além disso — retrucou, rapidamente, o que fez seus três amigos se entreolharem.
— Ela gosta dele, sim — Avallon murmurou, para os dois, sem emitir som algum, e eles trocaram risadinhas cúmplices.

🐉

Assim que desceram das carruagens, o grupo de amigos seguiu correndo para dentro do castelo em meio às conversas animadas sobre quadribol, já que Liam resolveu retomar o assunto alguns minutos depois da saída de Diggory. Dessa vez, nem mesmo a chuva forte havia sido capaz de interrompê-los.
, no entanto, se permitiu lançar um breve olhar para o castelo, e seu coração se aqueceu porque ali muitas vezes ela se sentia mais em casa do que no próprio lugar onde morava com a família. Seus pensamentos, no entanto, foram cortados rapidamente quando Liam chamou sua atenção ao lhe questionar sobre os treinos.
Ele era goleiro do time da Corvinal, enquanto e Úrsula eram as batedoras, então ele estava bastante interessado em saber sobre as táticas que as garotas haviam praticado durante as férias.
Depois disso, foi inevitável não comentarem mais uma vez sobre a Copa Mundial de Quadribol e os diversos acontecimentos marcantes da edição.
Só de pensar na marca negra projetada no céu, sentia arrepios percorrerem sua espinha.
— Não sei o que pensar sobre isso. É sério. Toda vez que lembro daquele dia, sinto meu corpo todinho tremer — Avallon externou o que havia acabado de pensar.
— É exatamente assim que eu me sinto também — admitiu, levando um susto, no entanto, quando uma bexiga de água errou por pouco sua cabeça. Isso graças aos seus bons reflexos, que a fizeram se abaixar bem na hora.
Um grito ecoou dos lábios de Úrsula, já que ela não havia sido tão rápida, o que fez com que os outros três precisassem segurar o riso em solidariedade à amiga, que não tardou a fazer uma expressão de choro. Suas roupas estavam encharcadas, e ela não poderia trocá-las até que chegassem ao salão comunal da Corvinal.
— PIRRAÇA! — Reconheceram a voz de Minerva, zangada. — Desça já aqui, AGORA!
Imediatamente, os quatro trocaram olhares de quem havia entendido a confusão e logo localizaram o poltergeist se divertindo ao lançar bexigas nos alunos, enquanto a professora tentava pará-lo.
Cômico se não fosse trágico.
— Não tô fazendo nada! — Pirraça gargalhou e Liam deixou escapar uma risadinha baixa, o que atraiu uma atenção que eles não desejavam, já que, no instante seguinte, mais uma bexiga voou em suas direções. O garoto quase conseguiu se virar a tempo, mas acabou sendo atingido no braço. — Já molharam as calças, foi? Que inconvenientes! — Não perdeu tempo e já mirou outro grupo em seguida.
— Vamos sair logo daqui antes que ele resolva nos fazer de alvos principais — suplicou e puxou Avallon pela mão.
Assim que adentraram o salão principal, não se surpreendeu ao encontrá-lo magnífico, mas ainda assim seus olhos se arregalaram em admiração. Os pratos e taças de ouro em uma combinação com as luzes das centenas de velas flutuantes davam ao ambiente um ar especial que ela não encontrava em nenhum outro lugar.
Se acomodaram à mesa da Corvinal e logo engataram mais um assunto aleatório, como as meias engraçadas que Luna Lovegood estava usando. achava a garota a coisa mais fofa do mundo, porém não havia tido muitas oportunidades de conversar com ela. Talvez naquele ano devesse mudar aquilo.
Não tardou o momento em que a professora Minerva apareceu para colocar o banquinho de três pernas diante dos alunos e, em cima, o velho chapéu de bruxo remendado. Ansiosos, todos ouviram com atenção a canção que ele entoaria, enquanto, mais empolgados ainda, esperavam a seleção que se iniciaria.
prestou atenção em cada uma das palavras da canção composta pelo Chapéu e imaginou como deveria ser entediante passar o ano inteiro apenas à espera de quando ocorreria uma nova seleção das casas. Então ela se sentiu estranha por estar preocupada com um chapéu, balançou a cabeça em negação e soltou uma risadinha baixa que chamou a atenção de Liam.
— O quê? — o garoto questionou, curioso com a possível piada, mas apenas negou mais uma vez.
— Nada demais.
O viu responder com uma careta, e, logo em seguida, a voz da Professora Minerva voltou a ecoar pelo Salão para dar início à seleção das casas.
não podia negar que todos os anos a acompanhava com a mesma sensação de nostalgia ao lembrar de quando havia sido a sua vez.

Ela havia se sentado naquele mesmo banquinho, com os olhos arregalados devido ao nervosismo. Sentia todos os olhares de alunos e professores em sua direção, porém apenas um deles realmente importava, e este vinha da mesa da Sonserina.
Nahla tinha convicção de que a irmã seria posta na mesma casa que ela, não havia motivos para se preocupar. E, por um fugaz momento, foi realmente no que a garota acreditou.
O primeiro sinal de que não pertencia à Sonserina foi a exclamação do Chapéu Seletor em sua cabeça, e aquela a garota nunca esqueceria.
“Oh, o que temos aqui! Eu jamais imaginaria que se trata de uma se o sobrenome não tivesse sido chamado!”
Ter a certeza de que aquele chapéu estava certo foi o segundo sinal. O terceiro foi o cenho franzido de Nahla com a demora, mais do que o normal para um , em tomar a decisão.
— Corvinal!
Então a sentença ecoou da abertura do Chapéu, e sabia que não teria volta. Uma parte de si se sentia levemente chateada por não ir para a mesma casa que sua irmã, por frustrar as expectativas dela e do resto de sua família. No entanto, havia uma outra parte que se sentia feliz, e quando ela se sentou à mesa com seus novos colegas, teve também uma sensação de pertencimento que nunca havia tido antes.

Respirou fundo ao sentir que aquelas lembranças mexiam com ela, então resolveu espantá-las para que pudesse acompanhar de fato a seleção que acontecia, o que ocorreu bem a tempo de ela se dar conta de que ganhara mais um colega na Corvinal: Stuart Ackerley.
Juntou-se à salva de palmas animada e sorriu de forma simpática para o garoto assim que ele se aproximou da mesa e se acomodou próximo a alguns segundanistas.
— Baddock, Malcolm! — A professora seguiu com a chamada, e observou mais um garoto trêmulo caminhar em direção ao banquinho.
Sonserina! — Ouviu-se o anúncio do chapéu, então a mesa da respectiva casa irrompeu em vivas e aplausos. No entanto, o que realmente chamou a atenção não havia sido a comemoração e sim as vaias vindas da mesa da Grifinória, pois ela imediatamente reconheceu de quem eram aquelas vozes.
Abriu um sorrisinho de canto ao localizar os Weasley, que riam após o feito. Seu olhar parou por alguns segundos em Fred e o avaliou de maneira rápida, para logo em seguida se demorar mais do que o recomendado em George. Não sabia explicar bem o motivo, mas alguma coisa dentro da garota se revirou ao analisar os traços risonhos dele.
Num devaneio súbito, ela se imaginou enroscando os dedos nos cabelos ruivos dele, enquanto o ouvia rir em seu ouvido, porém de uma forma bastante diferente daquela ali no Salão. Sentiu um calor engraçado em consequência daqueles pensamentos e, por mais que tentasse, não conseguia parar de encará-lo.
Como se o olhar dela tivesse o chamado, George olhou em sua direção logo após comentar alguma coisa com o irmão. se sentiu levemente sem graça por ser pega em flagrante, mas, quando o garoto lhe lançou um sorriso de canto, numa demonstração clara de interesse, ela acabou não se contendo e sorriu para ele de volta.
Não podia negar, definitivamente, o garoto mexia com ela fazia algum tempo.
— Eu estou vendo isso, . — Escutou a voz de Avallon e tomou um leve susto, o que a fez quebrar o contato visual com George para encará-la.
— Isso o que, Avallon Scarborough? — disse também o nome inteiro da amiga, apenas de birra. Lançou mais um olhar rápido na direção do rapaz e viu que ele havia voltado a prestar atenção na seleção, então se virou mais uma vez para Avallon.
— Você trocando olhares com George Weasley. Pode me contar tudo! — pediu, e só não atraiu a atenção de Úrsula e Liam, porque os dois ainda estavam entretidos comentando baixinho sobre a canção do chapéu seletor.
— Não há nada para contar, Ava. Nós apenas nos vimos lá na Copa Mundial de Quadribol — contou e deu de ombros, mas não foi o suficiente para Avallon, ela sabia que não havia sido só aquilo.
— Como é? Desembuche logo, garota! Você sabe que ser vaga não funciona comigo!
No entanto, , por hora, havia sido salva pela voz de Dumbledore dando início ao banquete.
— Depois, Ava. Depois. — Olhou para a amiga significativamente e Ava resolveu que não a questionaria mais por enquanto.
Porém, se achava que iria se safar daquela, estava completamente enganada.

🐉

Assim que as últimas migalhas do banquete foram consumidas, Dumbledore prontamente se levantou, e o ato cessou as conversas imediatamente, o que, de certa forma, ainda deixava impressionada. Toda vez que ela olhava para o diretor da escola, se sentia inspirada a querer atingir nem que fosse o mínimo da genialidade que aquele homem possuía. A aura de poder que ele exalava era incomparável.
— Então! — exclamou, ao lançar um sorriso para todos os alunos. — Agora que já comemos e molhamos também a garganta, preciso mais uma vez pedir sua atenção para alguns avisos…
“O Sr. Filch, o zelador, pediu para avisá-los de que a lista dos objetos proibidos…”
manteve seu olhar fixo, como se estivesse prestando atenção às palavras seguintes do diretor, mas, inevitavelmente, seus pensamentos voltaram a se perder. De repente, ela imaginou como seria se a irmã mais velha ainda estudasse por ali.
Havia experimentado dois anos sendo a sombra de Nahla em Hogwarts e não desejaria jamais passar por aquilo novamente. Não era o caso de não amar a irmã, ela apenas queria que as pessoas parassem de comparar as duas, já tinha o suficiente daquilo em casa, com seus pais.
Nahla não era o tipo de pessoa irritante ou qualquer coisa do tipo. Na verdade, mesmo quando foi para uma casa diferente, ela manteve a relação das duas de uma forma tão natural que pareciam viver juntas, e a garota sempre ajudou muito em tudo que fosse preciso. muitas vezes se sentia mal pelas comparações a chatearem, porém não havia muito que ela pudesse fazer.
— Tenho ainda o doloroso dever de informar que este ano não realizaremos a Copa de Quadribol entre as casas.
Os pensamentos de foram cortados de repente por aquela frase, e ela piscou os olhos rapidamente, porque aquilo não fazia sentido algum.
Como era?
Só podia estar ficando louca a ponto de imaginar coisas.
Mas, pela indignação das pessoas ao seu redor, ela havia escutado muito bem.
— Não! — choramingou e viu que Liam e Úrsula se encontravam tão indignados quanto.
Dumbledore então começou a falar sobre algum evento que aconteceria em outubro, porém tudo o que dizia acabou se perdendo em um borrão na mente da garota. Ela não podia acreditar que o quadribol, algo que amava profundamente, seria arrancado de si daquela forma durante aquele ano. Abriu a boca para protestar, quando uma trovoada ensurdecedora ecoou e as portas do Salão Principal se abriram, interrompendo tanto a fala de quanto a de Dumbledore. Um homem apareceu por ali, apoiado em um longo cajado e coberto por uma capa de viagem preta. Quando ele abaixou o capuz, conseguiu enxergar melhor suas feições.
Sua aparência era tão grotesca que várias pessoas ao redor soltaram exclamações e murmuraram entre si. Seu rosto era tão coberto por cicatrizes que parecia algo talhado em madeira de uma forma bastante tosca, sua boca possuía um rasgo diagonal e lhe faltava um pedaço do nariz. No entanto, não eram aquelas características que causavam espanto e, sim, os seus olhos, já que um era miúdo, escuro e penetrante, enquanto o outro era grande, redondo e azul-elétrico vivo. Este último se movia constantemente e esquadrinhava todo o salão.
— É o Olho-Tonto Moody! — Escutou Avallon sibilar, ao seu lado, enquanto todos observavam o homem cumprimentar Dumbledore, porém sabia de quem se tratava. Lembrava-se muito bem dos comentários de seu pai a respeito do auror, que era brilhante e havia sido responsável pela captura de diversos prisioneiros em Azkaban, mas, em contrapartida, parecia ser completamente pirado.
— Gostaria de apresentar o nosso novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Professor Moody — Dumbledore o apresentou, em um tom animado.
Todos permaneceram um tanto chocados, ao ponto em que apenas o diretor e Hagrid aplaudiram o professor. se sentiu mal por aquilo, porém estava tão espantada que não conseguia demonstrar muitas reações.
— Dá pra acreditar nisso? — Mais uma vez, ouviu Ava murmurar, mas não sentiu vontade de retrucar nada, porque sua surpresa era genuína. Sabia que aquela escolha era, no mínimo, excêntrica, porém no fundo confiava no diretor e tinha certeza de que ele tinha plena consciência do que fazia.
Dumbledore pigarreou outra vez, e ela focou nele.
— Como eu ia dizendo — recomeçou —, teremos a honra de sediar um evento muito excitante nos próximos meses, um evento que não é realizado há um século. Tenho o enorme prazer de informar que, este ano, realizaremos um Torneio Tribruxo em Hogwarts.
já havia ouvido falar sobre aqueles torneios. A animação foi bem maior que o choque, mas ela nem precisou demonstrar isso.
— O senhor está BRINCANDO! — A exclamação de Fred Weasley havia a representado muito bem, então ela apenas acabou rindo junto à grande maioria dos alunos.
— O Torneio Tribruxo foi criado há uns setecentos anos, como uma competição amistosa entre as três maiores escolas europeias de bruxaria: Hogwarts, Beauxbatons e Durmstrang. Um campeão foi eleito para representar cada escola e os três campeões competiram em tarefas mágicas. As escolas se revezaram para sediar o torneio a cada cinco anos, e todos concordaram que era uma excelente maneira de estabelecer laços entre os jovens bruxos e bruxas de diferentes nacionalidades, até que a taxa de mortalidade se tornou tão alta que o torneio foi interrompido — Dumbledore explicou.
Uma onda de animação se fez presente entre os estudantes, que começaram a murmurar entre si. ouviu comentários de seus amigos, mas ela mesma não conseguia interagir com ninguém, porque só conseguia imaginar o quão perfeito seria se ela conseguisse ser escolhida para participar daquele torneio.
— Durante séculos, houve várias tentativas de reiniciar o torneio, nenhuma bem-sucedida. No entanto, os nossos Departamentos de Cooperação Internacional em Magia e de Jogos e Esportes Mágicos decidiram que já era hora de tentar novamente. Trabalhamos muito durante o verão para garantir que, desta vez, nenhum campeão seja exposto a um perigo mortal.
A nem importavam mais os riscos mortais, ela até conseguia se imaginar vencendo o tal torneio e mal escutou as próximas explicações do diretor. Apenas se deu conta de que divagava em pensamentos novamente, quando diversos protestos ecoaram pelo Salão Principal.
— O quê? — murmurou, confusa, então notou que Fred e George Weasley faziam parte dos alunos indignados.
— Cuidarei pessoalmente para que nenhum aluno menor de idade engane o nosso juiz imparcial e seja escolhido campeão de Hogwarts. Portanto, peço que não percam seu tempo apresentando suas candidaturas se ainda não tiverem completado dezessete anos. — Notou o olhar do diretor cintilar na direção dos gêmeos e abriu mais um sorrisinho de canto, ao imaginar que nem isso iria impedi-los de tentar.
Se os alunos menores de idade não estavam aptos a se candidatarem, suas chances eram maiores, certo?
A empolgação tomou conta de .
— As delegações de Beauxbatons e Durmstrang chegarão em outubro e permanecerão conosco a maior parte do ano letivo. Sei que estenderão as suas boas maneiras aos nossos visitantes estrangeiros enquanto estiverem conosco e que darão o seu generoso apoio ao campeão de Hogwarts quando ele for escolhido. E agora já está ficando tarde e sei como é importante estarem acordados e descansados para começar as aulas amanhã de manhã. Hora de dormir, vamos andando!
Aquela foi a deixa para que os alunos se levantassem e mais um burburinho de vozes ecoasse, enquanto se dirigiam aos salões comunais.
— Ainda não estou acreditando que vão fazer mesmo esse torneio aqui em Hogwarts! Vocês ouviram o que o Dumbledore disse sobre riscos mortais? — Úrsula comentou, em um tom assustado, enquanto eles caminhavam pelos corredores.
— Ah, mas imagine só o quão maluco deve ser participar? Se eu fosse maior de idade, com certeza me inscreveria — Liam respondeu, em um tom empolgado.
— Mesmo se você corresse o risco de morrer? — Úrsula insistiu, como se ele não tivesse entendido da primeira vez.
— Qual é, amiga! Quem não quer ser o campeão de Hogwarts? — Ava se intrometeu, em concordância com o irmão.
— Eu não gostaria, não. Agora esses alunos estrangeiros que vão se hospedar por aqui me interessam muito mais — a garota retrucou e abriu um sorrisinho malicioso que fez com que e Avallon rissem cúmplices, enquanto Liam apenas revirou os olhos.
— Você não presta, Úrsula Nesbitt — comentou e mordeu o canto da boca, porque ela não podia negar, a ideia de alunos novos e estrangeiros por ali também a agradava bastante.
— E você também não que eu sei. — Sua resposta fez gargalhar.
Elas se despediram de Liam e foram para seus dormitórios.
— Mas e você, ? — Ouviu Avallon a questionar, então franziu o cenho, confusa.
— Eu o que, amiga?
— Você é a única maior de idade entre nós quatro. Vai se inscrever no torneio?
, por hora, apenas deu de ombros, mas quando finalmente deitou a cabeça no travesseiro, não conseguia parar de pensar que aquela podia ser sua chance de fazer algo grandioso. Algo que fizesse com que seus pais se orgulhassem dela.
Quando fechou os olhos e se rendeu ao sono, já tinha a resposta para aquela pergunta.
Sim, ela se inscreveria no Torneio Tribruxo.




Ao contrário do que imaginava, os sonhos de haviam sido tranquilos na noite anterior. Normalmente, ela se via envolta em expectativas do que poderia acontecer nos próximos dias, e a ideia de se inscrever no Torneio Tribruxo não deixaria de martelar em sua cabeça tão cedo. Isso quando Cedrico Diggory não resolvia fazer uma visitinha, o que deixava a jovem um tanto irritada na manhã seguinte. Ela precisava forçar seu coração a entender de uma vez por todas que a relação entre eles nunca passaria de uma amizade. O lufano era visivelmente apaixonado por Nahla desde o primeiro ano e, convenhamos, quem sairia perdendo nessa história era ele mesmo, insegurança não combinava nem um pouco com a garota.
Naquela manhã, acordou mais cedo do que era o costume. Seu sono não teve sonhos e ela se encontrava bastante disposta. Havia folheado os livros do sexto ano assim que foram comprados no Beco Diagonal e não podia negar que estava empolgada para o que o ano letivo lhe reservava. Por outro lado, o fato de o campeonato de quadribol não acontecer a deixava chateada, sim, mas algo lhe dizia que o Torneio Tribruxo seria capaz de preencher aquele vazio com louvor.
Isso se ela conseguisse entrar, obviamente.
Negou com a cabeça e se recusou a deixar que más energias modificassem seu bom humor, porque negatividade fazia muito mal para sua pele, então se levantou rapidamente. Já que estava acordada desde cedo, poderia tomar seu café adiantada e seguir com mais tranquilidade para a aula de Feitiços, que seria a sua primeira naquele dia.
Avallon e Úrsula ainda dormiam pesadamente, o que fez com que hesitasse em acordar as amigas. Conhecia mais do que ninguém o mau humor de Úrsula quando era acordada e resolveu que um tempinho sozinha lhe faria bem, ajudaria a colocar suas ideias no lugar.
Trocou o pijama por suas vestes da Corvinal, então seguiu para fora do dormitório. O salão comunal estava praticamente vazio, ela ignorou quando sentiu alguns olhares em sua direção e não demorou para se dirigir ao salão principal. Seus olhos varreram a mesa de sua casa e ela encontrou o lugar perfeito, mais afastado das outras pessoas, porque queria comer em paz.
Serviu-se de um pouco de mingau e só percebeu o quanto estava faminta quando começou a devorá-lo. Seus pensamentos voltaram a trabalhar a mil por segundo e ela estudava todas as possibilidades de seu futuro.
Se os pais soubessem que ela teve a oportunidade de se inscrever no Torneio e não o fez, o julgamento viria. O mesmo aconteceria se ela não fosse a campeã de Hogwarts.
Só havia uma opção. Ela precisava ser a escolhida e vencer. Só assim conseguiria o respeito e admiração que tanto desejava.
— Impressão minha, ou você está tentando alguma magia silenciosa para o mingau voar até sua boca? — Levou um susto ao ouvir a voz de Cedrico Diggory tão próxima, quase derrubou a colher dentro do prato e só então percebeu que ele havia se sentado ao seu lado.
— Cedrico! Será que vou ter que te azarar para você perder a mania de me dar esses sustos? — reclamou e deu um tapa forte em um dos braços do rapaz.
— Outch! E precisa de azaração quando você tem uns tapas ardidos desse jeito? Delicada como o Salgueiro Lutador. — Deu risada e fez uma careta enquanto esfregava o braço.
— O drama deve ser algo de vocês lufanos, né? — soltou com acidez, e Diggory ergueu uma sobrancelha.
— Seguindo a sua lógica, corvinos são brutos — replicou, e a garota negou com a cabeça. Era incrível a capacidade que ele tinha de a deixar à vontade e ignorar tudo ao seu redor.
Encarou o rosto do amigo, viu que ele deixava um sorriso brincando nos lábios e se xingou mentalmente porque era muito difícil não reparar no quanto era bonito. Cedrico não facilitava muito a vida de .
Naquele momento mesmo, o rapaz levou uma de suas mãos ao rosto da garota e passou os dedos por seu queixo, o que a fez se retesar automaticamente.
— Tava sujo de mingau aí, tampinha — avisou, ao entender erroneamente a reação dela.
Seria tão insano assim se ela o puxasse para perto de si e lhe tascasse um beijo na boca? Realmente, não era fácil controlar os pensamentos nada comportados que tinha quando estava perto de Cedrico Diggory.
As bochechas dela esquentaram, mas não era exatamente de vergonha.
— Pois vá pegar um pra você — comentou apenas para disfarçar, então desviou o olhar de Cedrico para seu prato de mingau quase acabado e deu mais umas colheradas para terminar aquela refeição de uma vez.
— Então, . O que acha? — A voz do amigo chamou sua atenção, e ela arqueou uma sobrancelha. Tinha certeza de que ele não havia dito nada antes disso, já que seus pensamentos não estavam tão distantes assim.
— Sobre o que, Diggory? — questionou, ao se certificar de que dessa vez não tinha vestígios de comida em seu rosto.
— Sobre o Torneio Tribruxo. — O tom de voz do amigo denunciava o quanto ele estava empolgado com aquilo.
— Ainda não consegui tirar uma conclusão sobre isso — confessou. — Mas acho que deve ser realmente perigoso, ou não teria sido extinguido por tantos anos.
— Não é incrível? Eu mal acreditei! E ter a chance de participar de algo dessa grandeza em Hogwarts. Quero dizer, imagine só ser escolhido como campeão da escola. — Seus olhos brilhavam de uma forma que só poderia significar uma coisa.
— Você vai se inscrever, Ced? — perguntou, muito mais ansiosa do que imaginava.
— Mal vejo a hora! Escrevi ao meu pai ontem à noite, e ele já me enviou a resposta. Tenho certeza de que, se pudesse, estaria fazendo as malas nesse momento para vir para cá.
O estômago de embrulhou no mesmo instante, ela podia jurar que as coisas estavam girando e, ao mesmo tempo, parecia que haviam lhe jogado um balde de água fria.
Aquela notícia a incomodava pelos seguintes motivos:
Primeiro, ela morria de medo do que poderia acontecer a Cedrico em um torneio perigoso como aquele.
Segundo, Diggory era o queridinho de Hogwarts, além de ser um excelente aluno. Que chances ela teria de ser escolhida se ele se inscrevesse?
Terceiro, ele estava tão empolgado com aquilo que ela certamente se sentiria mal sendo escolhida em vez dele.
Às vezes, se odiava por ser assim. As coisas facilitariam muito se ela fosse mais como Nahla ou Jacob, que eram extremamente determinados e só descansavam ou paravam para olhar as consequências quando seus objetivos estavam alcançados.
Se Nahla estivesse em seu lugar, com certeza se inscreveria sem levar em consideração a grande amizade que tinha com Cedrico.
odiava ser comparada aos seus irmãos e, no entanto, ali estava ela, fazendo exatamente isso.
— Você está distraída demais hoje, tampinha. Isso é sono? — Diggory até abanou a mão na frente do rosto da garota, e ela se xingou mentalmente por divagar no meio de uma conversa.
— É, eu acho que sim. Desculpa, Ced. O Torneio Tribruxo, hein? Você tem certeza? Mesmo com os riscos e tudo mais? — Conteve uma careta.
— Absoluta — respondeu com convicção. — Desde o momento em que foi anunciado, eu senti que devia me inscrever, sabe?
Sim, ela sabia, porque, mesmo com toda a hesitação, ela sentiu o mesmo.
não queria competir pela vaga com o amigo, no entanto, não havia nada que ela pudesse fazer por hora, a não ser:
— Nesse caso, te desejo boa sorte. Tenho certeza de que você vai ser um grande campeão de Hogwarts. — Sorriu para o rapaz, que se aproximou novamente e a abraçou de lado.
As borboletas fizeram a festa com a garota. Ele precisava mesmo cheirar tão bem?
— Obrigado, . É muito importante para mim o seu apoio.
Aquilo a fez se derreter toda por dentro.
— E você? — Diggory a observou com atenção, sem tirar os braços da volta de .
— Uma chance de sair da sombra de Jacob e Nahla ? Pode pôr o meu nome — respondeu em um tom mais baixo, como o de alguém que contava um segredo.
Ao contrário dela, o rapaz sequer demonstrou reações de choque ou receio. Cedrico imediatamente sorriu bem largo e aprovou o que tinha acabado de ouvir, ao mesmo tempo em que tornava a apertá-la contra si.
— Pode ter certeza de que, se você for escolhida a campeã da escola, eu serei o seu fã número um. — Piscou em seguida, e perdeu o fio dos pensamentos.
— Ótimo, Diggory. Porque eu já sou a sua.
— E eu não sei disso? — Sorriu de canto para a garota, que se questionou por alguns segundos se aquilo teria algum outro significado.
O rapaz então a soltou, e imaginou que estava maluca, porque não era possível já sentir falta de algo que havia acabado de experimentar. Resolveu parar de pensar besteiras e focar em seu café da manhã.
Os dois permaneceram alguns segundos em silêncio, enquanto terminava de comer.
— Fiquei sabendo que os gêmeos Weasley vão tentar burlar as regras para conseguirem se inscrever — o lufano segredou, quando a viu largar a colher no prato vazio, e aproximou seu rosto dela para que conseguisse ouvi-lo.
— Eles vão? — arqueou uma sobrancelha. — Por que será que eu não estou surpresa com isso? — Acabou rindo.
— Seria surpreendente se eles não fossem se inscrever, certo? — Os dois riram cúmplices, mas disfarçou, enquanto procurava os rapazes no salão principal. Não havia nem sinal deles, mas nem sempre ela os via durante o café da manhã.
— Não consigo nem imaginar como eles pretendem fazer isso. Quero dizer, com certeza Dumbledore vai cuidar pessoalmente disso — comentou, e viu que o lufano concordava com cada palavra.
— Agora você me fez pensar na cara do diretor caso um desses dois consiga burlar a restrição e ser escolhido — replicou pensativo, por mais que duvidasse que alguém conseguiria enganar um bruxo poderoso como Dumbledore, ainda mais sendo um aluno do sexto ano.
— Vou bater palmas para a genialidade dos dois se isso acontecer. — abriu um sorriso travesso, porque ali estava algo interessante. Ela queria muito ser a escolhida, mas ainda assim admirava as pessoas com ousadia o suficiente para quebrar regras.
— Um menor de idade conseguindo entrar para o Torneio Tribruxo. O quão louco e absurdo isso seria? — Cedrico parecia realmente estar imaginando aquele cenário, o que fez a manter o sorriso nos lábios.
— Acho que isso eu nem preciso responder.
então percebeu que já estava quase na hora da aula de Feitiços e resolveu se adiantar para evitar chegar em cima da hora.
— Nenhum sinal daquelas cretinas, certo? — questionou Ced, que riu pela forma como ela se referia às amigas.
— Não que eu tenha visto — negou.
— Espero que elas tenham conseguido acordar. Já tô até prevendo o quanto vão reclamar se perderem a hora porque não chamei ninguém antes de sair. — Levantou-se e ajeitou as vestes. Cedrico fez o mesmo e esperou pacientemente até que a garota começasse a caminhar em direção à sala do professor Flitwick.
— E por que você não chamou mesmo?
— Porque eu precisava de um tempo sozinha para pensar bem nessa história do Torneio. Carregar o meu sobrenome não é lá muito fácil. — Suspirou.
— Ah, é? Espero que não tenha te atrapalhado muito. — Olhou-a um tanto sem jeito, e negou com a cabeça para espantar ao mesmo tempo o pensamento de como ele ficava adorável assim.
— Não atrapalhou em nada, Ced. Fica tranquilo.
Adentraram a sala de Feitiços e cumprimentaram o professor rapidamente. desviou seu olhar para os lugares onde ela e as amigas sempre sentavam e estreitou os olhos ao ver que Úrsula e Ava estavam ali.
Seguiu até lá com Diggory em seu encalço e deixou seu material em cima da mesa que costumava usar.
— Posso saber por que não encontrei as madames no salão principal? — Atraiu a atenção das duas amigas.
— Bom dia para você também, . — Úrsula riu. Avallon sorriu torto e imediatamente se arrependeu de ter dito alguma coisa a respeito.
— Não queríamos atrapalhar vocês dois.
Certamente, elas haviam visto o momento em que Cedrico abraçara .
— Err… Já que você achou as duas, eu vou até o meu lugar, ok? — O rosto do rapaz havia adquirido um tom avermelhado, e imaginou que o seu não devia estar muito diferente.
— Ignore essas duas, Ced. — Acabou por dizer, enquanto morria de vergonha.
— Relaxa, tampinha. Até mais. — Beijou a bochecha da garota, como sempre fazia, e, por um segundo, a moça jurou que ia se estabacar no chão.
— Vocês seriam uma gracinha juntos, amiga — Úrsula comentou, assim que Diggory não estava mais por perto.
— Vocês duas são ridículas. — as fuzilou com o olhar.
— Te amamos também, neném — Avallon debochou.
— Estou falando sério, Ava. Parem com essas brincadeiras, vocês duas. Eu e o Ced somos amigos. Apenas isso. — Era muito difícil dizer aquilo sem o tom de frustração.
— Mas, se dependesse de você, não seria só isso, né? — Por que ela iria negar? Avallon estava absolutamente certa.
— Ah, cala a boca. — Riu.
ficou extremamente grata ao professor Flitwick por chamar a atenção de todos e dar início à aula poucos segundos depois. Tudo bem que não havia sido com nenhuma outra intenção além da pontualidade de sempre, mas, ainda assim, tinha contribuído para o fim daquela “sessão de tortura”.
Feitiços era a matéria favorita de , então ela sempre prestava bastante atenção e se esforçava ao máximo para executar todas as práticas com excelência.
Fazia uns cinco minutos que o professor tinha começado a explicar o feitiço cabeça-de-bolha, quando a entrada intempestiva dos gêmeos Weasley o interrompeu.
— Desculpe, professor Flitwick — George começou.
— O atraso foi por uma causa acadêmica — Fred explicou.
— Que isso não se repita, senhores Weasley. Podem ir aos seus lugares, sim? — O homenzinho fez sinal para que eles fossem logo e o deixassem continuar sua aula.
Os gêmeos trocaram sorrisos cúmplices, então seguiram para seus lugares. Ironicamente, se sentavam no lado da sala oposto ao de e suas amigas, bem de frente para elas.
A jovem usou de toda a determinação que possuía para manter-se focada na aula e não olhar na direção dos garotos, o que não deu muito certo quando ela se sentiu observada.
Não se surpreendeu em nada ao perceber que era George Weasley e, droga, será que ele não tinha nenhuma causa acadêmica para fazê-la se atrasar também?
O que é que estava pensando?
Desviou o olhar do garoto e mirou o quadro como se sua vida dependesse disso.
No entanto, a sensação de que a encaravam não foi embora tão cedo.
estava quase conseguindo focar somente nas palavras de Flitwick, quando um bilhete foi passado discretamente para ela em cima da mesa e imediatamente a garota reconheceu a caligrafia de Avallon.

George não para de te olhar. Você vai me contar tudo sobre essa Copa de Quadribol, . Nem que eu tenha que roubar Veritaserum do professor Snape para te obrigar.
Com amor, Ava.


Quase gargalhou da audácia da amiga, ainda mais por ter assinado o bilhete daquele jeito.

Ridícula.

Escreveu e passou o papel de volta para ela.
Mais uma vez, traiu a si mesma e olhou na direção do Weasley, então viu que dessa vez ele a lançava aquele sorriso de canto.

🐉

Flashback on

Assistir à final da Copa Mundial de Quadribol era realizar um grande sonho. estava tão empolgada para aquela partida que sairia saltitando pela arquibancada se seus pais não fossem tão conservadores. Era um verdadeiro milagre que tivessem lhe permitido pintar o rosto para demonstrar sua torcida para a Irlanda, mas imaginava que tivesse algum dedo de Nahla naquilo, porque a irmã também estampava as cores nas bochechas.
Nahla e Jacob não eram tão fãs de quadribol quanto , que já havia até mesmo considerado seguir aquilo como profissão. Jacob estava ali a trabalho, então não foi uma grande surpresa quando sumiu minutos depois da família chegar. Nahla havia conseguido uma folga do Gringotts, e embora tivesse prometido à irmã mais nova que as duas aproveitariam juntas aquele evento, já deveria saber que Ellaria não o permitiria, afinal, a matriarca não perdia sequer uma chance de exibir sua filhinha de ouro.
Devido à grande importância dos , eles haviam sido convidados ao camarote de honra, e não foi surpresa alguma que Dimitri tenha iniciado uma conversa com os Malfoy, que encontraram no caminho até o local.
Definitivamente, não havia como se sentir menos como um peixe fora d’água. Ela olhou um pouco à sua volta, numa tentativa de se distrair com o mínimo que fosse, e observou Draco com sutileza, porque odiaria ser pega em flagrante. O garoto era bonito, não iria negar, mas o que tinha de beleza também esbanjava em arrogância, o que fazia com que a vontade de socá-lo vencesse qualquer outra coisa.
Assim que chegaram ao camarote de honra, foram muito bem recebidos por Cornélio Fudge, que sempre demonstrava cordialidade excessiva quando se direcionava a Dimitri e Ellaria . se perguntava se o tratamento seria o mesmo se o pai não tivesse um cargo tão importante, e já sabia que a resposta seria negativa.
Percebeu várias cabeleiras ruivas características ali no camarote e reconheceu de imediato os Weasley, acompanhados de Harry Potter e Hermione Granger.
nunca havia sequer trocado palavras com o grupo e se arrependeu disso ao notar o quanto conversavam animados.
— Meu Deus, Arthur. O que foi que você precisou vender para comprar lugares no camarote de honra? Com certeza sua casa não teria rendido tudo isso, não? — Lúcio Malfoy havia murmurado para o patriarca dos Weasley, e, mesmo entre o burburinho, a jovem havia conseguido ouvir.
Aquele homem não podia ser mais desprezível, e atitudes como a dele faziam a garota questionar como seus pais conseguiam se relacionar com pessoas assim.
Talvez porque fossem farinha do mesmo saco.
Bufou e se controlou para não socar de fato a cara de Draco ao pegá-lo encarando os Weasley com uma expressão de puro desprezo.
— Inacreditável — resmungou, consigo mesma, e olhou para o extenso campo de quadribol cheia de expectativa. Não via a hora daquela partida começar.
Lançou um olhar rápido em direção à irmã e torceu a boca, porque Nahla sequer fez menção de a encarar de volta. Resolveu desencanar, não poderia contar com a companhia da mais velha naquela noite, então teria que aproveitar o jogo sozinha.
Não era de todo ruim, mas ela desejou que Úrsula e os irmãos Scarborough estivessem ali.
O lado direito de seu rosto formigou e, conhecendo aquela sensação, virou-se nessa direção, percebendo que um dos gêmeos Weasley havia desviado o olhar.
Estaria ele lhe encarando?
Ergueu uma sobrancelha ao analisar o garoto e questionou como não havia percebido o quanto ele era atraente. Avallon tinha razão, às vezes a era muito cega com relação a algumas coisas.
não desviou o olhar dele até que voltasse a encará-la. Quando o fez, ela decidiu que não havia problema algum em tomar a iniciativa.
Deu alguns passos para se afastar de sua família e se aproximar dele.
— Veio aprender como ser um batedor melhor, Weasley? — brincou, ao se lembrar que no ano anterior ela havia jogado contra eles.
— Conseguir umas dicas para derrotar a batedora da Corvinal me parece um bom plano. — Aquele comentário fez a garota sorrir.
— Você parece bem interessado em derrotar essa batedora. Por acaso ela te derrubou da vassoura ou algo assim? — Ergueu uma sobrancelha para o garoto.
— Não eu. Na verdade, ela nocauteou Fred. Tenho certeza de que alguns parafusos se soltaram da cabeça dele nisso.
soltou uma risada e quase o agradeceu por poupá-la de questionar com qual dos gêmeos estava falando.
— Por que não tenta pedir umas dicas a ela também? Tenho a impressão de que esse ano ela anda particularmente generosa — sugeriu, e o viu sorrir torto.
— Está aí uma ótima ideia. — Se aproximou um pouco mais de , e um arrepio gostoso passou pelo corpo dela, por mais que eles não tivessem se tocado e nem nada do tipo. — Me daria a honra de receber umas dicas suas, batedora implacável da Corvinal? — O tom galanteador mexeu com a , não iria negar.
— Será um prazer. — Piscou para o rapaz.
A voz de Ludo Bagman ecoou em cada canto das arquibancadas, e a bolha invisível entre e George foi estourada para que suas atenções se voltassem à partida, que começaria em poucos segundos.
— Senhoras e senhores, bem vindos! Bem vindos à final da quadricentésima vigésima segunda Copa Mundial de Quadribol!
Houve uma grande ovação, e bateu palmas e riu ao ouvir o grito que George soltou a poucos metros dela.
Um quadro negro, onde antes passavam-se anúncios de todos os tipos, começou a informar a pontuação dos jogos, e, logo depois disso, Bagman anunciou os mascotes.
Os búlgaros haviam trazido
Veelas, e era realmente incrível o poder que elas tinham de enfeitiçar quem desejassem.
Trocou mais um olhar rápido com George assim que os mascotes da Irlanda chegaram.
Leprechauns havia sido uma ideia interessante.
— E agora, senhoras e senhores, vamos dar as boas-vindas… ao time nacional de quadribol da Bulgária! Apresentando, por ordem de entrada… Dimitrov!
O vulto vermelho montado em uma vassoura disparou pelo campo e recebeu aplausos de seus torcedores.
— Quem você acha que vai levar essa? — lançou um olhar de canto de olho para George ao ouvir sua pergunta.
— Ivanova! — Bagman anunciou o segundo jogador da Bulgária.
— Não costumo torcer para perdedores. Vai ser da Irlanda com certeza — respondeu convicta.
— Uh, confiante. Isso já me faz gostar de você. — Fred se meteu na conversa dos dois. — , não é?
— Em carne e osso. — Sorriu.
— Zograf! Levski! Vulchanov! Volkov! Eeeeee… Krum!
— É ele! É ele! — o irmão mais novo dos gêmeos, Rony, exclamava desesperadamente.
apertou seus olhos para tentar vê-lo melhor, mas não conseguiu muita coisa. Foi aí que lembrou de que segurava um onióculos nas mãos.
Focalizou rapidamente na direção de Krum, e mesmo que soubesse exatamente quem ele era, não imaginava que pessoalmente o jogador era diferente, porém de uma boa forma.
Vamos lá, como não reparar nos braços fortes do rapaz, ou na postura confiante dele em cima daquela vassoura? Krum voava velozmente, deu uma volta enquanto erguia o punho no ar, em cumprimento à torcida da Bulgária.
Por alguns segundos, questionou por que havia escolhido torcer para a Irlanda mesmo.
Pôde jurar que os olhos do apanhador se fixaram por alguns segundos onde ela estava, mas talvez estivesse se iludindo demais, completamente tonta pelos efeitos que a entrada de Viktor Krum havia lhe causado.
Balançou a cabeça em negação, enquanto mordia o lábio. Além de estar sonhando acordada com algo impossível, já que ele era famoso e estrangeiro, talvez tivesse batido a cabeça, ou algo assim. Tinha certeza de que não havia achado o rapaz grande coisa quando o viu por fotos.
— Não me diga que já vai me trocar pelos búlgaros! — A voz de George a despertou dos pensamentos, e o encarou, surpresa, enquanto suas bochechas esquentaram levemente.
Então ela desfez o espanto e abriu um sorriso de canto para o ruivo.
— Já está com ciúmes, Weasley? — Arqueou uma sobrancelha. — Não se preocupe. Você ainda vai ter as suas dicas. Apenas fiquei impressionada com a agilidade do Krum.
— Ele parece um pássaro cortando o vento, não é? Como é que a Irlanda vai superar isso? — Rony se intrometeu na conversa, completamente alheio ao clima de flerte entre e o irmão.
— Olhando pelo ângulo do pássaro, ele parece mesmo uma daquelas aves de rapina, não é, não? — Fred zoou, e riu, mesmo não concordando muito com aquela comparação. Desconfiava que ele havia soado aquilo para defender a ‘honra’ de George, ou algo desse tipo.
— Eu nunca o vi jogando ao vivo, mas você tem um ponto… Rony, não é? — O garoto assentiu freneticamente. — Só que o time da Bulgária vai depositar todas as fichas no apanhador. Levar tudo nas costas pode não ser lá muito vantajoso, ainda mais porque a Irlanda não se resume a apenas um jogador. Por isso, eu continuo achando que a Irlanda leva essa — explicou seu raciocínio.
— Isso! — Fred trocou um ‘hi-five’ com George, assim que a garota terminou sua fala. — Case com essa garota, mano! — murmurou, em um tom mais baixo para que apenas George o ouvisse, e os dois trocaram olhares cúmplices.
fingiu que não, mas havia percebido aquilo. Conteve um pequeno sorriso e resolveu que não comentaria.
De qualquer forma, tinha gostado.
— Você parece entender bastante de quadribol. — O comentário de Rony arrancou um sorriso da garota.
— É meu esporte favorito no mundo todo. Quem sabe um dia você não vá assistir a algum jogo meu, não é? — Piscou para o garoto, que pigarreou e ruborizou um pouco.
Ao perceber que a partida finalmente iniciaria, todos voltaram suas atenções para o centro do campo, onde agora se encontrava um juiz miúdo e magro. Ouviu-se um silvo forte e curto vindo do apito, e Ludo Bagman gritou o início da partida.

🐉

não podia discordar da colocação de Rony Weasley. Enquanto os olhos da garota acompanhavam o decorrer da partida, não conseguiu deixar de observar que Viktor Krum poderia mesmo ser comparado a um pássaro. Sua habilidade com o voo era tanta que em alguns momentos o rapaz nem parecia estar sobre uma vassoura. admirou aquilo, mas ao mesmo tempo se sentiu um tantinho irritada. Ele não podia ser o jogador perfeito, alguma coisa de errado devia existir com aquele garoto.
Mas, exatamente como ela havia dito, depositar todas as fichas em apenas um jogador talentoso poderia ser a morte do time da Bulgária. Os artilheiros irlandeses eram fantásticos e suas táticas realmente incríveis. Eles estavam dando um banho nos búlgaros, marcavam gol atrás de gol e, se continuasse naquele ritmo, pegar o pomo não salvaria a Bulgária da derrota.
Ao ouvir exclamações do público, inclinou-se um pouco, afoita ao ver Krum e Lynch, o apanhador irlandês, mergulharem no meio dos artilheiros, tão absurdamente velozes que pareciam ter saltado de suas vassouras.
— Eles vão colidir! — O grito de Hermione Granger ecoou ao lado de Harry Potter, mas não estava muito interessada neles, queria saber o que aconteceria ali no campo.
Krum teria visto o pomo de ouro? Com o placar atual, se ele o apanhasse, a vitória seria de seu time.
Os dois estavam cada vez mais próximos do chão, então o búlgaro se recuperou do mergulho no último segundo e voltou a voar em círculos, enquanto Lynch colidiu em um baque surdo. soltou uma exclamação de dor, assim como todas as pessoas ao seu redor.
— Inacreditável! — Ficou impressionada.
— Idiota! Era uma finta de Krum! — O patriarca dos Weasley estava indignado, mas não podia dizer que se sentia da mesma forma.
Analisou os movimentos de Viktor, e, enquanto Lynch era examinado pelos medibruxos, ele aproveitava para procurar pelo pomo sem interferências. Ela não ia negar, aquela estratégia havia sido genial. Era como se o rapaz soubesse exatamente tudo o que precisava fazer em campo.
A irritação voltou a atingi-la, porque desejou ser como ele se um dia se tornasse jogadora de quadribol, mas a ideia de que Krum tinha que ter algum defeito voltou a incomodá-la.
A garota nem sabia o porquê daquilo, mas não conseguia controlar.
Talvez fosse alguma desculpa para não ficar babando no apanhador do mesmo jeito que Rony Weasley fazia.
Mordeu o canto da boca quando sentiu olhares sobre si e sorriu ao notar que era George ao seu lado.
— Ronald está apaixonado. — Indicou o irmão, que olhava com uma admiração boba para o búlgaro.
— Com uma jogada dessa, não dá pra culpá-lo, vamos combinar — admitiu e riu da cara de choque que o rapaz fez.
— Assim, na minha cara?
— Sempre espere sinceridade de . — Deu de ombros, totalmente honesta. Não era do feitio da garota mesmo controlar as coisas que pensava.
A única exceção era quando o assunto era a paixão platônica da jovem por Cedrico Diggory.
— Finalmente! — comemorou, ao ver que o apanhador irlandês havia se levantado e retornava para o campo.
A enxurrada de gols que se seguiu depois disso deixou a garota de excelente humor. Ver o time pelo qual torcia estar praticamente vencendo a partida em meio a pessoas agradáveis como os Weasleys seria algo memorável para ela em um outro nível. ao menos pensou em sua família por vários e vários minutos, e quando aquilo passou por sua mente, ela olhou rapidamente para onde havia os deixado e notou, com uma pontada de frustração, que nenhum deles havia dado falta dela. Nem mesmo Nahla.
— Não, você não vai fazer isso, — murmurou para si mesma.
— O quê? — George questionou, e a garota se xingou mentalmente por ter pensado alto demais.
— Nada não, estou falando do goleiro da Bulgária — mentiu, porque coincidentemente este seguia de encontro à artilheira da Irlanda e a atingiu com brutalidade, o que lhe rendeu alguns gritos raivosos em resposta.
Um pandemônio se instalou logo depois disso, já que os mascotes de ambos os times travaram uma batalha que resultou em um juiz afetado pelas
veelas. Constrangido, ele as repreendeu aos gritos, mas os batedores búlgaros não pareceram gostar nada daquilo, discutiram furiosos com o homem e sua fúria refletiu-se em campo.
O jogo adquiriu um grande nível de ferocidade, e simplesmente não conseguia desviar seu olhar do campo. Honestamente, ela não sabia o que a entretinha mais, se era o jogo em si, ou as brigas entre os mascotes, já que foi necessária uma intervenção dos bruxos do Ministério para separá-los.
Mais uma exclamação de dor escapou dos lábios da quando viu um balaço ser lançado contra Krum e o atingir em cheio no rosto. No entanto, aquilo não o parou.
— Olha o Lynch! Ele viu o pomo! Ele viu! — Potter apontou, empolgado, e Krum imediatamente voou ao encontro do irlandês.
Mais uma vez, os dois mergulharam implacáveis. Gotas do sangue de Krum espalhavam-se pelo ar, mas a expressão dele era de uma determinação que fez esquecer momentaneamente para quem torcia. Ela quis que ele pegasse o pomo.
E quando Lynch se estatelou novamente no chão, e viu o pomo nas mãos de Viktor Krum, não conseguiu controlar o grito de comemoração que ecoou de seus lábios.
Ela deu alguns pulinhos e aplaudiu animada por mais aquela jogada fantástica.
— GANHAMOS! — Assustou-se com o grito em uníssono dos gêmeos e, quando se deu conta, estava sendo erguida no ar pelos ruivos.
— Eu sabia! — a garota celebrou e se contagiou pela alegria deles.
— Nós formamos um time e tanto, — George soltou, assim que foi colocada no chão.
— Formamos? — Ergueu uma sobrancelha.
— Você disse que a Bulgária não tinha colhões o suficiente para vencer. E, um pouco antes, eu e Fred apostamos com Bagman que Krum pegaria o pomo, mas a Irlanda venceria — explicou a ela, que abriu a boca impressionada.
— Falando nisso, temos uma aposta ganha para receber. — Fred indicou Ludo com um aceno de cabeça.
— Não sai daqui, . — George piscou para a garota.
— Para onde mais eu iria, não é? — Retribuiu o gesto do rapaz.
observou os irlandeses darem a volta no campo e comemorarem sua vitória, e o sorriso não abandonava seu rosto de maneira nenhuma.
— Vamos aplaudir com vontade os galantes perdedores: Bulgária!
Sentiu até uma certa dor no pescoço por virar tão bruscamente, mas a esquecera completamente de que estava no camarote de honra dos ministros. Era meio óbvio que os times marcariam suas presenças ali para receberem as premiações.
Seus olhos passaram por cada um dos jogadores, que vieram das escadas e seguiam até Fudge. O último deles era Viktor Krum, e por mais medonha que fosse sua aparência no momento, já que ele estava com o rosto e vestes ensanguentadas, e a garota tivesse notado que o andar dele sobre a terra não era tão coordenado assim, se sentiu bastante atraída por ele. Parecia que havia ficado momentaneamente cega para notar defeitos nele, embora estivesse os procurando durante toda a partida.
, papai está louco atrás de você. Ele quer ir para o acampamento antes que a multidão se aglomere nas saídas. — Nahla chamou a atenção dela, e a mais nova abriu um sorrisinho irônico.
Agora eles lembravam que ela existia?
— Tudo bem, estou indo. — Acabou respondendo em vez disso.
Procurou George com o olhar e o encontrou ao lado do irmão, próximo a Ludo Bagman. Não conseguiria se despedir, mas talvez os dois pudessem se falar em Hogwarts. Era o que lhe restava mesmo.
Seguiu em direção às escadas, onde viu a cabeleira característica dos .
E, passando pelo time da Bulgária, a garota não conseguiu evitar encarar mais uma vez seu veloz apanhador.
Para sua grande surpresa, o olhar de Krum foi de encontro a ela, e a garota pôde jurar que ele lhe lançou um sorriso de canto.
! — A voz da irmã ecoou novamente, e ela desejou pela milésima vez não pertencer à família .
— Pelas barbas de Merlim, eu já estou indo! — resmungou e se forçou a quebrar o contato visual com o rapaz.

🐉

— O que foi aquilo durante o jogo, ? — A pergunta de Nahla arrancou a garota de seus próprios pensamentos.
— Estou surpresa que você tenha me visto por lá, irmãzinha — ironizou, ao encarar o teto da barraca, enquanto permanecia deitada de barriga para cima.
— É claro que te vi. Não seja babaca — resmungou, e virou o rosto em sua direção apenas para erguer uma sobrancelha para ela.
— Minha própria família sempre age como se eu não existisse em eventos públicos e eu que sou a babaca? — Seu tom de voz era ácido.
A mais velha suspirou.
— Desculpa — disse simplesmente. — Mamãe me deixou quase louca e depois eu acabei me entretendo ao saber de algumas coisas que vão acontecer em Hogwarts esse ano.
— O que vai acontecer em Hogwarts esse ano? — questionou curiosa.
— Não. Eu não posso te contar e também não quero estragar a surpresa. — Desviou o olhar da irmã, porque sabia que ela lhe convenceria em dois tempos.
— Ah, por favor, Nahla. Não seja péssima! — insistiu e fez um bico que afetava a mais velha mesmo que não o visse.
— Péssimo vai ser se você ficar sabendo antes da hora. Falo sério, — soltou, com o máximo de determinação que conseguia. — Mas adianto que você vai adorar.
Será que tinha algo a ver com quadribol?
Deixar alguém curiosa como ela era crueldade.
— E não pense que vai escapar de responder a minha pergunta, irmãzinha. Pode me contar tudo — Nahla voltou a insistir, e bufou.
— Contar o quê? — Fez careta, ao imaginar mais ou menos o que era.
— Você e George Weasley. Espere só até eu contar ao Bill sobre isso! — Bateu palminhas empolgadas.
— Você está louca, Nahla. Nós somos amigos. — Riu do exagero da irmã, por mais que tivesse notado que George não queria exatamente ser amigo dela.
— Não tente me fazer de boba, . Te conheço como a palma de minha mão e conheço a sua cara de flerte. Não esqueça que fui eu que te ensinei a fazê-la. — Piscou para a mais nova, que mordeu o canto da boca e negou com a cabeça.
— Tudo bem. Talvez tenhamos trocado flertes, mas isso não quer dizer nada, garota! — Tampou o rosto com as mãos e o sentiu esquentar quando Nahla soltou uns gritinhos empolgados. — Não é como se eu fosse me casar com ele, então pare de ser assim!
Alguns segundos de silêncio se seguiram e de repente as duas irmãs trocaram olhares cúmplices.
— Imagine a cara da mamãe e do papai se você chegasse anunciando que vai se casar com um Weasley? — Nahla disse, com um sorriso travesso.
— Consigo até ver dona Ellaria caindo dura como se levasse a maldição da morte.
As duas gargalharam até cansarem. Depois disso, a conversa seguiu para outra direção e durou horas, sendo interrompida apenas quando os murmúrios de Nahla se transformaram em sons de respiração pesada. A mais velha havia dormido, e devia fazer o mesmo.
Aconchegou-se em seu travesseiro, fechou seus olhos e visualizou mentalmente o sorriso animado de George Weasley antes de se render ao sono.

🐉

Em algum momento de seus sonhos, a imagem de Viktor Krum a encarando e lançando aquele sorriso de canto se fez presente. No entanto, neste cenário, não precisava sair correndo e, em vez disso, podia retribuí-lo de forma travessa e o olhar da cabeça aos pés. Ele também não estava todo ensanguentado, ou com o nariz quebrado, e ver o apanhador ceder ao convite mudo da garota e vir em sua direção havia feito o corpo dela aquecer.
Não conseguia nem pensar em desviar o olhar dos olhos dele.
! , por Merlim! — Uma voz surgiu distante, mas foi ganhando cada vez mais volume, enquanto a garota passou a se revirar na cama, incomodada.
Ela não podia nem sonhar com apanhadores búlgaros gostosos em paz?
, acorde! Estamos sendo atacados! — A urgência de Nahla fez a mais nova abrir os olhos rapidamente e os arregalar ao tentar assimilar as palavras da irmã.
— O quê? — Estava aturdida.
— Não há tempo para explicar. Precisamos sair daqui agora! — viu o medo estampado nas feições da irmã, então soube que realmente precisava entrar em estado de alerta.
Um pouco tonta, a garota se levantou, apanhou o primeiro casaco que encontrou e o vestiu desajeitadamente. Guardou a varinha em um dos bolsos e seguiu com a irmã para fora da barraca.
— Precisamos encontrar Jacob! — Dimitri anunciou, olhou nervoso à sua volta e saiu correndo. O irmão mais velho das não havia voltado à barraca com a família algumas horas antes, já que ia comemorar a vitória da Irlanda com alguns amigos.
— Nahla, venha! — Ellaria agarrou a mão da irmã de , que lhe lançou um olhar desesperado que dizia que a mais nova precisaria seguir correndo atrás delas.
E ela tentou se manter próxima às duas, mas a multidão seguia para todas as direções, o pânico deixava as pessoas enlouquecidas, e, de repente, as perdeu de vista.
Estava completamente sozinha em meio a um acampamento sob ataque.
Pessoas eram erguidas pelos pés no ar, algumas tendas pegavam fogo e risadas malignas ecoavam pelo ambiente.
A garota parou de correr, sem saber mais qual era a direção certa. Um nó se formou em sua garganta, o medo absurdo de morrer nas mãos daquelas pessoas horríveis percorreu suas veias e ela não conseguiu mais dar nenhum passo.
Os lábios da tremeram, ela quis gritar, mas, em vez disso, as lágrimas verteram de seus olhos. Alguém passou esbarrando nela, a fez quase cair de joelhos na grama, e, sinceramente, ela não sabia como seu corpo havia permanecido firme.
Outras pessoas esbarraram em , apavoradas demais para tentar ajudar uma garota paralisada pelo pavor.
? , por favor, olha pra mim! — Piscou os olhos e pensou que imaginava coisas, até o rosto preocupado de George pairar diante do seu.
O rapaz a segurou pelos ombros e a sacudiu de leve.
— Graças a Merlim, você está bem? — simplesmente negou com a cabeça, incapaz de falar uma palavra que fosse. — Certo. Venha com a gente. Precisamos sair daqui.
Parte de sua consciência constatou o contato da mão do Weasley se entrelaçar à sua, então, mecanicamente, se deixou ser guiada por ele.
Eles correram em meio à multidão, com o garoto a apoiando quando as pernas de oscilavam. Adentraram uma floresta tão escura que foi preciso acender as varinhas para enxergarem, e a garota quase sucumbiu mais uma vez.
Onde estava sua família? E se tivessem sido atacados?
Mesmo tendo a deixado para trás, ela temia pelas vidas de seus pais e irmãos. A crueldade daquelas pessoas mascaradas era sem precedentes.
O subconsciente de entendia quem eram e por que faziam coisas daquele tipo. Eram os seguidores de Você-Sabe-Quem.
— Só mais um pouco. — A voz de George despertou a garota do transe que sua mente insistia em mergulhar.
Avistaram então a orla um pouco mais iluminada da floresta, e as pessoas dali pareciam estar em segurança.
Foi apenas quando eles pararam ali que percebeu que Fred e Gina, a caçula dos Weasley, estavam com eles naquele tempo todo.
— O-onde estão seus pais? — Escutou a garota perguntar aflita.
— Eu não sei. — Os lábios de tremeram, e a mão de George apertou a sua.
— Fico com você até encontrá-los. — Ele tentou lhe passar confiança.
Lágrimas escorreram pelas bochechas de e ela desejou agarrar-se ao pescoço dele e chorar audivelmente, mas acabou usando o mínimo de controle que lhe restava para não fazê-lo.
Sentiu o olhar do garoto sobre si e, sem aviso, ele a abraçou pelos ombros, como se acabasse de ouvir seus pensamentos.
Permaneceram então ali, sem trocar palavras, porque não conseguia falar. George lhe passava o máximo de conforto que podia, e os minutos pareceram horas em meio à aflição.
ofegou quando a marca negra projetou-se no céu, o medo a atingiu em níveis catastróficos e, para não sair correndo atrás de sua família, ela se lançou na direção do Weasley e afundou seu rosto na curva do pescoço do rapaz, enquanto seu corpo inteiro tremia.
— Shh, vai ficar tudo bem. — A mão dele afagou seus cabelos.
— E… E se aconteceu alguma coisa a eles? — Inclinou-se e focou seus olhos brilhantes de lágrimas no rosto do rapaz.
— Sua família é durona, . Todos vocês vão ficar bem — assegurou.
Com certeza, o rapaz também tinha suas próprias preocupações, já que apenas o gêmeo e a irmã mais nova estavam ali, e pensar nisso fez o coração de se aquecer pela atitude dele.
Trocar flertes com ela era uma coisa, cuidar dela daquele jeito era algo totalmente diferente. Ela nunca esqueceria daquilo.
? — Ouviu a voz de Nahla e a procurou com o olhar, então a localizou a alguns metros deles. George a soltou sutilmente.
— Nahla! — Abraçou a irmã firmemente quando a mais velha se aproximou correndo.
— Por Merlim, você está bem! Fiquei procurando você feito louca por aquele acampamento e imaginei as piores coisas quando não consegui te encontrar. — Nahla passou as mãos pelo rosto de e secou as lágrimas da mais nova.
A alguns metros, sem sequer fazer menção de se aproximar, os observavam a cena com uma expressão indecifrável.
— Obrigada por tomar conta dela, Weasley. Temos uma dívida com vocês — Nahla se dirigiu a George, que fez um gesto de que não precisava disso.
— Só quis mantê-la em segurança — respondeu.
se desvencilhou da irmã mais velha, se voltou para o rapaz e lhe lançou um sorriso fraco, porque ainda estava abalada com os acontecimentos.
— Obrigada por tudo. — Encarou-o fixamente, e Weasley retribuiu o sorriso.
— Nos vemos em Hogwarts. — Piscou para a garota e a deixou seguir até o restante de sua família.

Flashback off


🐉

— Eu não acredito que você escondeu essa história da gente, ! — Úrsula reclamou e ameaçou dar um tapa na amiga.
— Não é o tipo de coisa que se conta por cartas, sabe? E nós não tivemos muitas chances de falar sobre isso com a vinda para Hogwarts, e depois a história desse Torneio Tribruxo… — tentou se explicar.
— Pode parar com isso. Você sabe que nós não somos idiotas, garota. Você teve muitas chances de nos contar e só não fez isso porque não quis — Avallon acusou, ao estreitar os olhos.
— Tá bom. É errado eu querer manter as coisas só pra mim por alguns dias? — confessou e fez um bico.
— Não quando você tem uma história dessas! Parece coisa de livros, sabe? Tô shippando demais vocês dois! — Úrsula deu uns pulinhos, toda animada.
— Pare com isso. George me ajudou em um momento difícil, não tem nada para você shippar. — Fez aspas com as mãos ao dizer o termo.
— Claro que tem, e você tanto sabe disso que vive trocando sorrisinhos com o garoto. Não vejo qual o problema em admitir que quer dar uns beijos nele. — Ava deu de ombros.
— Daqui a pouco você diz que não vê problema em eu agarrá-lo no meio do pátio, Avallon. — Soltou uma risada. — Onde seu irmão se enfiou, aliás?
— Por que falar em agarração te fez lembrar do Liam? Tem algo que eu precise saber? — Fez uma careta.
— Ew! Claro que não, sua maluca — negou imediatamente.
BANGUE!
Gritos atraíram as garotas, que apressaram seus passos em meio aos corredores até alcançar o saguão, de onde parecia vir a confusão.
— Ah, não vai fazer isso, não, garoto! — A voz furiosa do professor Moody se fez ouvir.
Ele descia a escadaria de mármore mancando, enquanto apontava para algo bem próximo de Harry Potter.
— O que é aquilo? — Avallon apertava os olhos para tentar decifrar.
— Parece uma… Doninha? — Úrsula murmurou surpresa.
— Deixe-o! — Moody berrou, apontando para o garoto Crabbe, que havia feito menção de se abaixar para recolher o animal.
— Espera… Se aquele é o Crabbe, e o Goyle está do lado… — Ava começou e olhou risonha para as outras duas.
— Aquele ali é Draco Malfoy — completou, e as três precisaram sair dali às pressas para irromperem em gargalhadas, já que o local tinha adquirido um silêncio frente à punição do professor.
— Por Merlim, eu vou chorar! — Úrsula segurava a barriga com uma mão e se apoiava em Avallon com a outra, enquanto procurou a parede do corredor para fazer o mesmo.
— Até que Malfoy faz uma doninha charmosa, vocês não acham? — Ava comentou, e as outras riram mais.
Passaram bons minutos se deleitando com aquela cena e ouviram outros colegas passarem rindo também.
Até que ergueu seu olhar e percebeu que os gêmeos Weasley passavam por elas naquele exato momento. As expressões em seus rostos eram semelhantes às delas, de quem riu até a barriga doer.
George sorriu para como ele sempre fazia quando seus olhares se encontraram, e se sentindo particularmente ousada naquele momento, a garota lançou uma piscadela em sua direção.
Weasley então cutucou o irmão como se o avisasse de algo antes de voltar alguns passos e se aproximar das garotas.
— Pelas caras de vocês, suponho que tenham visto a nova doninha da escola — disse risonho.
— Estou feliz em não ter perdido a cena do século, é verdade — respondeu prontamente e sorriu para o garoto.
— Mas não foi bem por isso que vim aqui. — George lançou um olhar rápido para Avallon e Úrsula, então o fixou em após isso.
— É mesmo? E por que veio então? — A garota ergueu uma sobrancelha.
— Para dizer que devíamos nos encontrar em Hogsmeade qualquer hora dessas — convidou, ao deixar de lado qualquer vergonha ou hesitação.
umedeceu os lábios e ignorou qualquer coisa ao seu redor, bem como suas próprias reações, que pediam que ela gritasse e desse vários pulinhos.
— Claro, eu adoraria isso, Weasley. Que tal na visita deste sábado? — Já que ele havia tomado a iniciativa, não custava nada a ela marcar logo um dia.
— Feito. Temos um encontro. — Piscou e deixou claras suas intenções com aquele convite.
— Mal posso esperar — retrucou, sem desviar seus olhos dos dele.
— Então a gente se vê por aí.
— A gente se vê. — Sorriu novamente.
— Garotas — George se despediu das amigas de também e seguiu até onde Fred o aguardava.
— Você tem um encontro com George Weasley, é isso mesmo? — Úrsula comemorou. — Eu estava certa em shippar!
— Você é muito besta, garota. Já te disseram isso? — debochou, mas sabia que o sorriso em seus lábios não a deixaria tão cedo.


Continua...


Nota da autora: Apesar de não concordar com absolutamente nada com os absurdos que a autora da saga prega, eu sou apegada demais aos personagens dessa fic e, por esse motivo, vou continuar com essa história.
Gente, eu simplesmente AMO as interações da com os amigos e os crushes kkkkk. Espero que vocês também.
COMENTEM!
Beijos e até a próxima,
Ste a.k.a. Saturno. ♥

Se você encontrou algum erro de codificação, entre em contato por aqui.


Barra de Progresso de Leitura
0%