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Revisada por vênus. 🛰️
Atualizada em: 04.12.2024

Poderia ficar um pouco?
E eu estou derretendo
Em seus olhos
Como a minha primeira vez
Em que eu peguei fogo
— The Used, “I Caught Fire”


Como violência, você me tem
Para sempre e sempre
“Violence”

blink-182


Eu nunca desejei me casar com Aemond Targaryen. Sete infernos, eu era uma criança quando fora prometida! E, ainda por cima, uma criança que não sonhava em se casar, por mais que soubesse que o dia chegaria e que eu cumpriria, sim, com o meu dever. No entanto, costumava acreditar que me casaria com o herdeiro de outra casa da Campina e que, se tivesse sorte, ele não seria muito mais velho do que eu. Meu pai tinha outra ideia em mente. Eu sempre fora uma decepção para ele por ter nascido mulher. Pois agora ele tinha o pequeno e fofo Tom e, então, me mandara para as Terras da Coroa ao encontro do meu príncipe.
Sua ideia inicial era um tantinho gananciosa demais. Ele queria me prometer para Aegon Targaryen, na esperança de que a rainha Alicent e seu pai Otto Hightower usurpassem o trono de Rhaenyra e transformassem o primeiro filho homem do rei Viserys II em Aegon, o Segundo de Seu Nome, o que faria de mim sua rainha. Mas a rainha fora mais rápida. Ainda que eu fosse uma Hightower, isso não bastava para ela e, assim, providenciara o noivado Aegon e Helaena, para que o poder não escorresse nem um pouquinho para longe do sangue dela. Por isso, meu pai e sua ambição tiveram que se contentar com o segundo filho do rei. Então as negociações se seguiram, Aemond e eu nos tornamos noivos e, apesar de que o casamento em si demoraria anos e mais anos para acontecer, fui mandada para cá cedo. Cedo demais.
Assim, eu ainda era uma criancinha quando o conhecera, antes mesmo de ele adotar aquele tapa-olho, agora tão comum. Antes disso, sim, mas não antes da perda do olho. Quando deixara minha casa para trás com uma comitiva que me levaria até Porto Real, tentara aquecer meu coração com uma possível graciosidade e a beleza daquele que viria a ser meu futuro marido. Pouco depois da metade da viagem, quando estávamos jantando no salão de algum lorde menor, recebemos a notícia de que o meu pequeno príncipe clamara um dragão para si. E não apenas qualquer dragão, mas sim a maior e mais velha. Aquilo me animou, até que fiquei sabendo do resto… do olho.
Em Porto Real, fora recebida por um garotinho com um ferimento costurado sobre o olho esquerdo. Não. Garotinho jamais fora uma boa palavra para descrever o príncipe, como eu compreenderia nas semanas e anos que se seguiriam. Destemido se encaixaria melhor. Apesar da minha decepção inicial com sua aparência, gostei do que vira nos outros dias. E isso me acalmou um pouco com as expectativas.
E agora, aqui estava eu, crescida e bebendo no Bosque Sagrado da Fortaleza Vermelha com o irmão errado. Aquele que meu pai tão sabiamente previu que seria o rei depois de Viserys II. E tudo o que o garoto na minha frente não queria era ser rei. Mas a mãe e o avô dele já haviam decidido o seu destino, mesmo que ele insistisse em ignorar. Todos por aqui com olhos espertos sabiam. E Viserys, que continuava a defender a sucessão de Rhaenyra, estava fora de si, esperando pela morte. Ninguém lhe dava ouvidos.
— Mas você não respondeu o que eu te perguntei. — voltei a insistir.
— É claro que sei que eles vão tentar de tudo. Minha mãe fala dessa merda desde que consigo me lembrar. — Aegon fez careta. — Eu não quero ser rei.
— Vai ter que enfrentar isso, querendo ou não. Seu pai não está bem há muito tempo. — Tomei o último gole de vinho da taça e não deixei que ele servisse mais. — Não é como se você tivesse algum querer, Aegon. Eu também não tive nenhuma escolha quando me prometeram para o seu irmão.
— Sei que se tivesse escolhido, teria escolhido a mim. — Abriu um largo e convencido sorriso.
— Pensei que estávamos bebendo vinho, mas parece que você tomou leite de papoula e agora está delirando! — Gargalhei. Apesar dos pesares, passar um tempo com Aegon me divertia mais do que eu gostava de admitir.
— Qual é, , vem aqui. — Aegon se levantou e me puxou pela mão com força, envolvendo-me em seus braços. — Podemos fugir para Essos, você e eu. Assim não preciso virar rei e você não precisa se casar com o meu irmão.
— Ah, que romântico! — carreguei a minha voz de sarcasmo ao apoiar as mãos nos ombros dele, mas sem afastá-lo. — E o que vamos fazer lá, vender laranjas para você pagar suas putas?
— Estou falando sério. — Ele tentou manter um semblante sério, sem sucesso, afinal, estava caindo de bêbado. — Vem comigo, .
— Enlouqueceu, foi? — ri outra vez e virei o rosto quando ele tentou me beijar. — Para com isso!
— Não consigo, é mais forte que eu. — ele roçou seus lábios no meu pescoço, me causando um arrepio. — Você é tão…
— Tire suas mãos sujas dela, irmão. — ressoou uma voz calma, mas carregada de poder. — Você sabe que ela é minha.
— Tá bom, tá bom. — Aegon se afastou de mãos erguidas e revirou os olhos. — Vocês são tão sem graça.
— Sim, agora dá o fora. — Aemond respondeu a ele, sem tirar o olho de mim.
Umedeci os lábios e o encarei de volta enquanto Aegon saía do local murmurando qualquer coisa que eu não tinha o mínimo interesse. Toda a minha atenção estava agora focada no meu futuro marido. Aemond aproximou-se mais alguns passos, sem tirar as mãos de trás das costas em nenhum momento, como se aquilo não o tivesse afetado nem sequer um pouquinho. Respirei fundo. Não sabia o quanto e nem como aquilo realmente me afetava.
— Eu sei me defender sozinha, sabia? — grunhi, emburrada, ao voltar até o lado da mesa e servir-me de mais vinho.
— Eu nunca duvidei disso. — respondeu.
Arqueei uma sobrancelha, embora não pudesse negar que ele estava falando a verdade. Jamais houvera espaço para mim no pátio, já que eu era uma garota, porém Aemond me ajudava a treinar escondido tanto com espadas de torneio que ele roubava quanto em brigas de soco. As septãs ficavam malucas quando eu aparecia com marcas roxas na pele para as orações e lições e não contava a elas o motivo. Eu me divertia muito com suas reações. Havia sido por causa desses momentos que uma certa afeição por Aemond Targaryen nascera. E por mais que eu tentasse, ela jamais ia embora.
Ofereci um pouco de vinho a ele, como um possível símbolo de trégua, uma bandeira branca. No entanto, ele negou. Aquilo me deixou indignada e, por mais que evitasse demonstrar, não era tão boa nisso quanto ele. Era mais do que óbvio que meu semblante tinha transparecido minha indignação e que Aemond com certeza percebera. Então não havia mais por que fingir.
— Veio até aqui reclamar a sua posse, meu príncipe, e agora não deseja nem beber com ela? — beberiquei da taça enquanto o observava com atenção. — Sei que sou só uma coisa para você.
— É você quem está dizendo, minha lady. — devolveu no mesmo tom, mas seu rosto permaneceu impassível. — Não pareceu se importar com isso quando estava nos braços do meu irmão.
— Se tem ciúmes, por que não admite? — rebati, sem conseguir me conter. Apertei a taça com mais força, culpando a bebida por minha fala impensada.
— Bobagens! — desdenhou. — Você vai se casar comigo, não tem que ficar se agarrando com o Aegon por aí.
— Ah, certo, tinha me esquecido. — suspirei. — Você só se importa com os garotos com quem estou “me agarrando” quando é com o seu irmão, não é? Me tira uma dúvida, meu príncipe, isso é sobre mim ou é sobre ele? — ele tentou se manter impassível como sempre, mas seu olho tremeu apenas um pouquinho. Sorri, satisfeita. — É mesmo sobre ele. Você não aguenta que ele tem tudo o que você deseja e, ainda assim, não para de rodear a sua futura mulher, a única coisa que deveria mesmo ser sua. Só sua.
— Cale a boca! — explodiu, aproximando-se de ímpeto, como se fosse cair em cima de mim como uma tempestade. Porém, ao chegar perto, se deteve, conseguindo conter aquilo que morava em seu âmago.
— Ou o quê, Aemond? — sussurrei, permitindo que seu nome dançasse em meus lábios embriagados.
— Você não sabe com quem está se metendo. — alertou-me.
— Eu não sei ou será que você não tem coragem de me mostrar? — provoquei-o. Esse era um dos meus passatempos favoritos quando estava perto de Aemond Targaryen.
— Você gosta disso, não gosta, ? — ele agarrou a minha mandíbula. Era inegável que ele me conhecia melhor do que a maioria das pessoas daquela cidade, se não melhor que todas.
— E você, meu querido príncipe? Faz um cerco ao meu redor, como se eu fosse um castelo para você tomar, como se eu fosse sua posse… — falei lentamente, deixando as palavras pairarem na pequena distância entre nós. — Se me considera isso… — coloquei minha mão sobre a dele, que ainda segurava o meu rosto. — Por que não pega e marca o seu território com pelo menos um beijo como já fez uma vez há muitos anos?
Aemond tirou a mão do meu rosto violentamente e se afastou, ficando quase de costas para mim. Segurei-me para não gargalhar de satisfação. Aquele garoto não era uma pessoa fácil de atingir. A máscara que ele usava era de fato muito maior do que seu tapa-olho.
— Foi o que eu pensei. — sorri de canto. Atingi-lo realmente fazia com que eu me sentisse mais viva, mais jovem, mais dona de mim. — Se bem me lembro, quando eu estava a caminho de Porto Real e éramos apenas crianças, você clamou a Vhagar para si. — aproximei-me dele e toquei seu ombro. — Foi esse com quem disseram que eu ia me casar. — beijei seu rosto e me afastei o suficiente para que sua ira não respingasse em mim. — Um garoto impetuoso e corajoso.
. — sua voz saiu cortante e soou como mais um grande aviso ao qual eu não dei importância.
— A impetuosidade jamais vai embora, eu sei. — disse simplesmente. — E, acredite ou não, eu gosto disso, mas quero ver essa coragem nos próximos dias quando nos casarmos.
E, assim, lhe dei as costas, deixando tanto o Bosque Sagrado quanto Aemond Targaryen para trás. Alguém iria pagar pelas minhas palavras, eu sabia bem, mas desde que essa pessoa não fosse eu mesma, eu pouco me importava.


Tudo que eu precisava era a última coisa que eu queria
Sentar sozinho em um quarto e dizer tudo em voz alta
Cada momento, cada segundo, cada transgressão
“Alone in a Room”
Asking Alexandria


Costumava ouvir dizer que, em momentos de desespero, rezamos até para deuses nos quais nunca acreditamos. Nascida em Torralta, fui criada entre um septo e outro e, assim, sempre me senti capturada pela beleza e grandeza do Septo Estrelado, com suas muralhas de mármore negro, e pelos jardins dos Sete Santuários. Por isso, era difícil crer em algo além do Pai, da Mãe, do Guerreiro, da Donzela, do Ferreiro, da Velha e do Estranho. No entanto, aqui estava eu, no Bosque Sagrado, sussurrando palavras para uma árvore com rosto porque ir até o septo da Fortaleza Vermelha e rezar para as sete faces de deus não havia sido o suficiente para a merda que eu tinha feito.
E o casamento era daqui a quatro dias.
— Mãe, tenha misericórdia de mim. — murmurei baixinho aquela prece, olhando para os meus pés.
A escuridão pareceu se alastrar mais e eu perscrutei ao redor. O Bosque Sagrado sombrio daquele jeito trazia alguma coisa de surreal ao ambiente que parecia não existir em qualquer outro local. Um arrepio me subiu à espinha.
Lugar errado para entoar orações, mesmo que pequenas, à Fé dos Sete, eu sabia. Mas era parte do costume. E esse, às vezes, era exatamente o problema. Passar mais de metade do dia em septos — tanto o daqui quanto o Grande Septo, na Colina de Visenya — só fazia eu me sentir ainda mais culpada. E, na verdade, eu nem sequer acreditava que havia alguma absolvição para mim. No momento, tudo o que precisava era de ajuda para que o chá funcionasse como deveria.
Mais cedo, havia dado um jeito de me esgueirar até a sala do Grande Meistre Orwyle e implorar para que ele preparasse aquele chá para mim em segredo. O desespero era maior do que o medo de ser descoberta por qualquer outra pessoa. Não era a primeira vez, entretanto, que isso acontecia, então eu confiava que ninguém mais saberia — ao menos não pela boca de Orwyle. Ainda assim, recorrer a todos os deuses que estivessem ao meu alcance antes de beber o bendito chá valia a pena. Eu não tinha nada a perder. Qualquer coisa que fosse — ou parecesse ser — de grande ajuda, eu aceitaria. O casamento estava chegando, afinal de contas. E essa “consequência” indesejada não podia se tornar um empecilho. Aemond jamais se casaria comigo se eu estivesse esperando uma criança de qualquer pessoa que não fosse ele.
— Por favor, deuses antigos, me ajudem. — pedi para a árvore-coração em um sussurro quase inaudível. — Mesmo que eu venha de uma cultura que cultua os deuses novos.
Esfreguei os braços com a brisa outonal que começou a bater e respirei fundo. Todas as minhas orações do dia foram silenciosas ou em murmúrios baixos. Nem ali, no Bosque Sagrado, eu tinha total privacidade. Apesar de já estar acostumada com um guarda me seguindo para onde quer que eu fosse, ainda mais durante a noite, hoje era diferente. Sor Olyvar Ashford estava em seu primeiro dia de trabalho como meu guarda pessoal noturno, e eu sabia que isso era coisa do Aemond.
Decerto, meu noivo queria um homem da confiança dele, alguém que contasse todos os lugares que eu percorria, cada passo vacilante que eu dava. Um cara que não fosse cair nos meus encantos ou vice-versa, ainda mais que ele ficaria de guarda na porta dos meus aposentos. Olhei de modo disfarçado para Sor Olyvar. Ele era bonito, sim, mas era um pouquinho mais novo que Sor Criston Cole, o que significava que era velho demais para o meu gosto. Aemond podia não se importar comigo o suficiente, mas com certeza se importava com algo que considerava sua posse sendo tocado por outrem. E esta era eu.
Olhei mais uma vez para o rosto esculpido da árvore-coração antes de dar-lhe as costas, sentindo a estranha sensação de estar sendo observada por ela.
— Lady . — cumprimentou Sor Olyvar. — Já vamos?
— Sim, já estou satisfeita com o meu passeio noturno. — sorri, meio sem graça, e passei por ele. — Venha, Sor Olyvar, caminhe ao meu lado. Já falei que não gosto dessa coisa de ser seguida por aí quando estou sozinha.
— A senhorita tem alguns costumes diferentes. — disse ele, pondo-se ao meu lado enquanto fazíamos o caminho de volta pelos corredores do castelo.
— Vai se acostumar rapidinho. — garanti. — E se quiser conversar, está permitido também. Pelo menos agora.
— Sinto muito, minha lady, mas costumo ser silencioso. — desculpou-se.
— Espero que seja silencioso na hora de contar ao Aemond tudo o que eu faço. — encarei-o séria e, quando ele ficou desconcertado, comecei a rir. — Estou brincando, me desculpe. Sei que o nosso querido príncipe é muito mais assustador do que eu, então pode fazer o que ele te mandou. Não lhe julgarei por isso.
Continuamos caminhando e, quando pensei que Sor Olyvar não fosse abrir a boca nunca mais depois da minha brincadeirinha sem graça, ele disse:
— Você é uma Hightower, certo? Pensei que adorasse os novos deuses. — olhei-o sem entender, então ele me lembrou: — O Bosque Sagrado.
— Ah, isso. Eu acredito no Deus de Sete Faces, sim, mas eu gosto do Bosque Sagrado, mesmo quando a noite cai. — aquela foi a melhor explicação que consegui inventar de maneira rápida. Não podia simplesmente dizer a ele que estava desesperada por algo que precisava fingir que jamais acontecera, já que eu era uma jovem “donzela” esperando pelo casamento com seu príncipe. — Acho que é a perspectiva da proximidade do casamento que está me afetando.
Sorri para Sor Olyvar, agradecendo a todos os deuses possíveis por termos chegado. Entrei em meus aposentos, deixando-o guardando a minha porta, e me sentei para esperar pelo meu abençoado chá.
Depois do que pareceu um tempo interminável de espera, Sor Olyvar deu quatro batidinhas na porta antes de abri-la e anunciar a presença do Grande Meistre Orwyle. Agradeci quando o Grande Meistre entrou, e Sor Olyvar fechou a porta, mantendo a guarda.
— Lady , eu tenho que dizer… — começou seu discurso sobre o chá e seus poréns, mas fiz um sinal com a mão que o fez parar.
— Não precisamos disso, precisamos? — indaguei. — Não é a primeira vez.
— Com sorte, será a última. — disse, com calma, enquanto colocava sobre a mesa o chá especialmente preparado para mim. — Faz muito mal e pode afetar sua capacidade de manter uma gravidez no futuro.
— Sei disso. Será a última vez. Desse corpo só virão, a partir de agora, herdeiros para o príncipe Aemond. — falei com uma empolgação fingida e envolvi as mãos do Grande Meistre nas minhas. Sabia que não era o costume, porém seria um jeito de mostrar uma certa intimidade desesperada. — Muito obrigada pela ajuda, Orwyle, de novo. Eu prezo muito pela sua discrição.
Sorri e soltei suas mãos. Ele se afastou e, quando chegou à porta, deu mais uma olhada na minha direção. Murmurei um “obrigada” outra vez, para enfatizar, e ele saiu. Respirei fundo, encarando o objeto sobre a mesa. Peguei-o e bebi todo o líquido de uma só vez. Retorci o rosto em uma careta. Ali estava um chá que, se eu pudesse evitar, jamais voltaria a tomar. Além de não ter um gosto muito bom, o que vinha depois era de matar. Quase que literalmente.
Andei de um lado para o outro tantas vezes que até perdi a noção do tempo. Entoei músicas em louvor aos Sete, que deveriam estar virando todos os seus sete rostos para longe de mim nesse momento. De que valia toda a minha adoração se eu não me portava de acordo com as regras deles? Se o chá não funcionasse, eu viveria em desgraça perante eles, à minha família, ao Aemond, ao reino… tudo. Eu merecia todas as punições que este mundo, e também o próximo, guardassem para mim. Eu…
Grunhi de dor com a primeira cólica.
— É isso! Vai funcionar. — comemorei em meio às dores.
Minha punição viria pela dor que me atingiria essa noite. Eu podia lidar com isso. Caminhei até a lareira e coloquei algumas pedras grandes próximas ao fogo. Meu ventre continuava a se contorcer sem parar enquanto eu esperava que pelo menos uma das pedras esquentasse o suficiente.
— Vamos. — insisti, como se o objeto inanimado fosse me ouvir.
Fiquei encarando o fogo, então. Podia ser que, assim, as pedras esquentassem mais rápido. A chama baixa dançava em seu próprio ritmo bonito — até mesmo encantador, eu diria. Fogo era parte do lema dos Targaryen, casa à qual eu oficialmente me juntaria em quatro dias, quando tomasse o príncipe Aemond como meu senhor e marido. Ele mexia comigo, sim. Isso era inegável. Nossa proximidade estranha e aquela lealdade torta estiveram ali desde a segunda volta de lua que passara neste castelo. Ainda assim, todas as coisas eram tão enviesadas e complicadas quando diziam respeito a nós dois que era difícil enxergar com clareza.
Soltei um suspiro pesado e balancei a cabeça. Mesmo que fosse útil manter minha mente em algo além da dor, não era a hora certa para pensar em Aemond Targaryen. Nunca era o momento certo para isso. Ainda mais quando eu estava sozinha em meus aposentos olhando para uma chama. Toquei uma das pedras para sentir a temperatura.
— Ai! — afastei a mão e assoprei os dedos. Revirei os olhos com a minha falta de atenção. — Maldito Aemond que não sai da minha cabeça!
Peguei um pano e envolvi uma das pedras com ele. Joguei-me na poltrona e posicionei o objeto sobre meu ventre. Fechei os olhos e respirei fundo, tentando focar meus pensamentos em qualquer coisa que não fosse a dor ou Aemond. Meu esforço foi em vão. Se não fosse uma das malditas coisas, era a outra. Talvez se eu me forçasse a dormir…
Quatro batidas arrancaram-me de maneira brutal de minhas divagações. Meu guarda pessoal abriu a porta e se posicionou ao lado dela.
— Lady , o príncipe Aemond está aqui. — proclamou Sor Olyvar.
! — Aemond entrou de rompante antes que eu sequer permitisse. — Que bom que te encontrei.
Havia algo insólito em seu tom de voz. Foi difícil definir o que podia ser. Empolgação estava fora de questão, obviamente, mas também não havia requintes de crueldade. Era só… algo estranho. Indecifrável. Ele não tirou os olhos de mim. E foi então que constatei que, além de ter ficado completamente capturada por seu movimento impetuoso, não me dera conta de que Sor Olyvar me encarava como quem perguntasse o que deveria fazer. Não era como se ele pudesse simplesmente ir contra o príncipe, de qualquer modo. E também não era como se eu quisesse que ele o tirasse dali. Assenti com um aceno de cabeça, confirmando que estava tudo bem, e então ele fechou a porta, deixando-me a sós com meu noivo.
— Ah, agora eu entendi por que diabos trocou o meu guarda noturno. Era para me visitar no meio da noite sem que a sua mãe e nem ninguém ficasse sabendo. — mordi meu lábio, segurando um sorrisinho que dançava entre deboche e provocação. — Logo você, que se diz uma pessoa tão decente.
— Hmm. — foi o único som que ele fez.
Aquilo me irritou. Era como se me permitisse tirar as minhas próprias conclusões sem a interferência dele. Ora essa, foi ele quem veio até os meus aposentos. E agora ficava ali, parado, com as mãos atrás das costas e seu olho sobre mim, sempre me observando com atenção. Aemond mantinha o queixo erguido, sem nenhum sinal de que cairia em qualquer aprovação. Fechei os olhos e retorci os lábios, descontente. Aquela era a minha parte favorita das nossas interações. Eu precisava reconhecer: o garoto sabia mesmo como mexer comigo.
Abri os olhos e o observei. Ele vestia-se de preto da cabeça aos pés e, apesar da ironia de aquela ser a cor do séquito da princesa Rhaenyra, a cor caía muito bem nele. Suspirei alto. Era daí que vinha a pior constatação de todas: Aemond mexia comigo de diversas outras formas também. A verdade era que ele estava bonito daquele jeito e, deuses, eu detestaria admitir ou deixar que ele visse isso transparecer em meus olhos. Desviei o olhar e, provavelmente por isso, Aemond escolheu aquele exato momento para falar:
, … Estava planejando me contar sobre o chá da lua? — seu tom de voz casual e afiado me feriu brutalmente. — Ou, por acaso, pretende manter tudo em segredo do seu futuro marido?
Tornei a olhar em sua direção e avistei-o revirando o frasco em cima da mesa. Sete infernos! Os deuses de fato não estavam trabalhando a meu favor. O que eu poderia fazer agora?


Você pode salvar
a minha alma suja e pesada?
“Heavydirtysoul”

Twenty One Pilots


Aemond ainda me encarava, esperando por uma resposta. Qualquer uma. Como se eu já não estivesse me sentindo suja o dia inteiro, não é mesmo? Respirei fundo. Eu poderia jurar que tinha um lugar reservado para mim nos Sete Infernos. Às vezes até me perguntava se Aemond estaria lá comigo.
— Não sei, Aemond, me diga você. — retruquei. — Acho que não deve mais existir segredos agora que você colocou um homem seu na minha porta, não é?
— Eu só coloquei alguém que não vai sair do posto a cada suspiro sedutor que você der.
Ele estava com raiva. Seus lábios não se retorciam, e suas mãos permaneciam pousadas sobre a mesa. Uma cena inteira no intuito de fazê-lo parecer impassível. Mas eu conhecia o monstrinho por baixo da pele de cordeiro.
— Estou ouvindo ciúmes na sua voz, meu príncipe? — olhei para as minhas unhas, como se aquilo nem me dissesse respeito.
Ele respirou devagar algumas vezes antes de colocar as mãos para trás das costas de novo e me fitar, sempre mantendo a pose.
— Às vezes me pergunto qual resposta você gostaria de ouvir toda vez que fala nessas bobagens. — comentou. — Afinal de contas, já está mais do que claro que você preferiria se casar com qualquer um que não fosse eu.
— Ah, meu pobre príncipe. — murmurei, debochada, e me segurei para não acrescentar um “deixado de lado pela mãe e, agora, pela futura mulher”. Tive que morder a boca por dentro para não falar nada. Eu ainda tinha ao menos um pouquinho de noção do perigo.
— É melhor não começar com isso, . — alertou-me.
— Por que está tão incomodado com isso aí, afinal? — apontei com o queixo para o frasco sobre a mesa. — Quem está com dores sou eu, sofrendo por ter de ingerir essa coisa. Quem se ferrou por fazer o que não devia e teve que correr atrás de chá da lua fui eu. Caso tenha se esquecido, eu sou mulher. Ir atrás de parceiros, como você e seu irmão fazem, pode trazer consequências indesejadas para mim.
— Não me compare com o Aegon. — vociferou.
— Ah, é claro, me desculpe. Você é o decente da família. — cuspi palavras afiadas por causa de uma incomodação que me dilacerava por dentro. — E todos nós somos apenas um bando de... nem sei o quê. Quer me dizer o que eu sou, Aemond? — fechei os olhos e passei a mão no rosto para limpar as malditas lágrimas. — Está pronto para me chamar de vagabunda? De puta? Pois então faça logo e me deixe em paz com os meus problemas.
Nossos problemas. — lembrou-me. — Você ainda vai se casar comigo, gostando ou não. Essa “consequência” também me afeta.
— E adivinha o que eu estou fazendo, meu amado príncipe? — indiquei com a mão o frasco e também o meu ventre, onde ainda segurava a pedra, agora morna. — Resolvendo o nosso probleminha aqui. Não há nada que eu possa fazer além disso. — mais lágrimas escorreram, fazendo eu me sentir como uma grande idiota por estar chorando como uma garotinha fraca na frente dele. — Ou quem sabe você quer vir aqui e arrancar isso de dentro de mim? É o que eu mereço, não? Como a vagabunda que...
— Você não é uma vagabunda. — cortou-me. — Pare com isso.
— Mas é como eu me sinto. Suja, julgada pelos deuses. Uma mancha na sociedade. — lamentei. — Todos aqueles símbolos com os quais sua mãe encheu o castelo só servem para me lembrar de como sou uma mancha na sociedade.
— Alicent só fez tudo aquilo para clamar a Fé dos Sete para si e legitimar o Aegon como o escolhido pelos deuses para ser rei quando meu pai morrer. — abanou o assunto para longe como se fosse uma mosca. — Quem fez isso com você, ? — aproximou-se da poltrona e se abaixou na minha frente. — Isso está te afetando tanto. Me diga quem te causou isso, que eu mato ele.
— O quê? — usei a manga do vestido para enxugar o rosto. — Não é o que você está pensando. Eu só... Não foi nada sem consentimento, Aemond. Apesar de, nesse exato momento, eu estar precisando ser salva da minha própria culpa, você sabe que entre nós dois quem sempre precisou ser salvo foi você.
— Bobagens! — levantou de ímpeto, dando um passo para trás. Então respirou e olhou bem para mim. — Não me diga que... — seu rosto foi se enchendo de ira. — Foi o desgraçado do meu irmão, não foi?
— É, foi ele — menti. — Talvez eu nem precisasse ter tomado o chá da lua. Teria um filho com cabelos prateados e ninguém nunca saberia do Aegon além de você e eu.
Aemond sentou-se no sofá e, ainda que tentasse segurar sua ira, não conseguiu. Socou o assento ao seu lado com força mais de uma vez. Segurei o riso, porém ele percebeu.
— Não, você está mentindo. Se fosse mesmo verdade, não usaria isso para me incomodar. Manteria segredo. — constatou. Ele cruzou a perna e ficou me analisando por tanto tempo que me deixou desconcertada. — Agora eu finalmente entendi o seu plano, minha lady. Isso é tudo armação sua, porque você sabe que descobrir isso poderia fazer com que eu desistisse de me casar com você. E assim se veria livre de mim.
— É isso aí, você me pegou. — dei de ombros e fiz um beicinho bem forçado. — Quase consegui escapar das suas temidas garras. Ah, o que vou fazer agora? — levei a mão à testa, fingindo desfalecer.
— Hmm. — ele fez um biquinho ainda maior que o normal. — Então também não é isso.
— Me ofende você pensar que eu seria tão baixa. — suspirei. — Acha mesmo que eu iria tão longe assim apenas para não me casar e dividir uma cama com você?
— Conheço você bem o suficiente para saber que faria loucuras para evitar algo que não deseja, por isso desconfiei. — ele se inclinou para frente. — Mas tudo bem, não importa os seus motivos, apenas me diga quem é o cara e eu vou dar um jeito nele. Assim ninguém jamais vai questionar qualquer coisa relacionada a isso.
— Eu digo se você me responder uma coisa. — umedeci os lábios. — Isso é mesmo sobre ninguém questionar ou é porque não consegue suportar o fato de alguém ter tocado tão intimamente a sua futura mulher antes de você?
— O que você quer que eu diga, ? — ele pareceu cansado, o que me surpreendeu mais do que qualquer coisa que saíra de sua boca.
— A verdade, ora essa.
— Não existe resposta simples. — olhou para o lado direito, fazendo com que apenas o seu tapa-olho ficasse no meu campo de visão.
Larguei minha pedra já fria e lutei contra as dores para me pôr de pé. Ele ter recuado um pouco e até mesmo desviado o olhar daquele jeito me dava uma certa abertura. Algo que não era nem um pouco fácil de conseguir com o príncipe Aemond Targaryen.
— Havia uma chama entre nós quando éramos mais novos, não havia? — sentei-me do seu lado direito, já evitando que ele pudesse virar o rosto de um modo que eu não visse seu único olho. — O que aconteceu com a gente, Aemond?
— Éramos jovens demais. — falou.
— Éramos mesmo, mas tinha algo ali, não tinha? Muito mais do que só aquele beijo. — pousei minha mão sobre a sua perna. — E aquilo foi se perdendo.
— Eu… — ele olhou para baixo, como se pensasse. Então se levantou e me deu as costas. — Você está mudando de assunto.
— Tudo bem, então eu volto. — levantei-me também, segurando-me para não grunhir com a dor, e fui para frente dele, que mantinha a cabeça baixa, algo tão incomum de se ver em sua postura. — A culpa de esse fogo ter abrandado não é do garoto com quem eu estive, Aemond. Não adianta descontar tudo nele.
— Não é isso que estou fazendo, . — ele ergueu a cabeça e levou sua mão até centímetros de distância do meu rosto. — Eles não… merecem tocar você. Ter você.
Ele tocou meu rosto, e eu fechei os olhos em um reflexo e suspirei. Demorei alguns segundos para me recuperar. Coloquei minha mão sobre a dele.
— E você merece, Aemond? — provoquei, arrependendo-me assim que ele afastou sua mão. — Não, eu não quis dizer isso. Sete infernos… Deixe-me reformular: E o que eu mereço, Aemond? Mereço você? — não era para ser um ataque, apesar de ter soado como um. Eu realmente queria saber. Mas também estava irritada, então cuspi palavras afiadas como uma faca de aço valiriano: — Ou será que, enquanto você vai para bordéis foder as suas putas…
— Cale a boca! — ele segurou o meu punho com força. — Eu não…
— Ah, me poupe do seu discursinho moralista. — desvencilhei o meu braço com força, sem hesitação. Uma dorzinha de um aperto não era nada perto do que meu ventre fazia comigo. — Não finja que você é a sua mãe. Ambos sabemos que não é.
… — tentou falar, mas eu ainda não tinha acabado.
— Não finja que não sei que você passa as suas noites no bordel, sempre no mesmo, fodendo todas as putas à sua disposição. — bufei de raiva, cerrando o punho. — E agora vai me dizer que eu, a sua prometida, não posso me divertir com um escudeiro qualquer?
— Então foi um escudeiro, é? — ele arqueou a sobrancelha.
— Ah, chega! — ergui a mão na frente do meu rosto. — Me deixa em paz.
— Infelizmente para você — declarou ele —, estou disposto a cumprir com o dever que me foi dado.
— E infelizmente para você, Aemond, eu também estou. — rebati, emburrada.
Ele passou por mim, tirou a pedra de cima da poltrona e se aproximou da lareira. Observei embasbacada enquanto Aemond pegava o pano e o envolvia em torno de uma das pedras que permaneciam quentes. Levantou a pedra junto dele e olhou para mim.
— Não vai se sentar? — indicou a poltrona com a cabeça.
— Para você bater na minha cabeça e me matar com essa pedra? — provoquei, enquanto ele se aproximava de mim.
— Sim, porque eu com certeza usaria uma pedra quente para fazer isso. — comentou, sem cair na provocação.
Ele tocou meu ombro e me guiou até a poltrona, onde me sentei. Abaixou-se e colocou a pedra envolvida no pano sobre a região do meu ventre. Então segurou minha mão e a pousou sobre a pedra para fazer pressão. Senti-me agradecida, porque a dor estava mesmo me matando. No entanto, em vez de agradecer, falei:
— E isso é para significar o quê? — referi-me ao ato dele.
Sua mão deu duas batidinhas de leve sobre a minha antes de soltá-la.
— Você sempre ficou mais irritadinha quando está com dor. — seus olhos exibiam um olhar vitorioso. Ele sabia como me acalmar. A verdade era que Aemond sabia como acender e apagar o meu fogo nos mais diversos sentidos da palavra.
— Maldito seja! — resmunguei baixo, e ele deixou escapar uma risadinha.
— Sabe que já sei quem foi, não é? — apontou para o meu ventre. — Tenho estado de olho em você, , e a palavra “escudeiro” que surgiu na conversa me disse tudo o que eu precisava saber.
— Se livrar de um garoto não vai fazer diferença, meu príncipe. — aproximei meu rosto do dele para sussurrar: — Se me der vontade, eu encontro outro.
— Pois então encontre e depois a gente vê. — levantou-se abruptamente e se afastou. — Porque esse você nunca mais verá. Nem você, nem ninguém.
— Tudo bem, então. — dei de ombros. — Ele já me arranjou problemas o suficiente mesmo.
— Que bom que concordamos, então, minha lady. — usou o mesmo tom de voz com o qual eu o chamara de “meu príncipe”.
— Eu te odeio, Aemond. — expus aquela meia-verdade.
— Eu sei, . Você e o resto do mundo. — ele foi até a porta, abriu-a e então voltou-se para mim. — Tenha uma boa noite.
— Você também. — respondi, com uma vontade fingida, e então a porta se fechou, e fiquei só.
De algum modo, a solidão pareceu pior naquela noite. Não seria tão mais fácil se as coisas simplesmente fossem mais amenas entre Aemond e eu? Não precisava ser um amor colossal. Sete infernos, eu nem buscava por isso. Mas seria bom se fosse apenas, sei lá, normal. Os deuses, no entanto, tinham outros planos para nós. Desde o início, a nossa relação fora turbulenta, disso não havia dúvidas. E era com isso que eu teria que lidar.
A nossa conversa esta noite tinha terminado mal, porém, quando eu parava para pensar, algo acontecera ali. Era como se o nosso casamento tivesse começado hoje, aqui em meus aposentos, antes mesmo da cerimônia. Nunca havíamos dividido um grande segredo antes. Afinal, o nosso beijo no passado fora descoberto por Aegon, e eu contara a Helaena. O acontecido dessa noite, contudo, era o nosso primeiro segredo compartilhado.
— Deuses, por que estou pensando tanto nele? — resmunguei para o nada e bufei, ao me dar conta, mais uma vez, de que estava completamente sozinha… e a dor só pioraria dali para frente.




Continua...


Nota da autora: Gente do céu! Eu adoro a dinâmica dos dois e tô curiosa pra descobrir o que vocês acharam dessa interaçãozinha que virou uma espécie de segredo dos dois. Me contem nos comentários. Tia Fran ama vocês <3

❯ beth's note: Fran, preciso publicamente elogiar sua escrita. Sei que você já deve ter ouvido isso de trocentas pessoas, mas é de uma genialidade tão admirável a forma como você conduz uma cena que todos os elogios merecem destaque. Essa história me fez ir ver HOTD, e lendo sobre o Aemond depois de ter o vislumbre dele na série só me faz ter certeza que você sabe perfeitamente o que tá fazendo, com a pessoa que está fazendo. Só tem 3 capítulos de ICF, que eu julgo serem infelizmente pequenos demais, mas eles entregam tanta coisa pra gente (segredos, curiosidade, entretenimento, humor, tensão sexual, TUDO) que eu sempre fico feliz com a notificação do Gmail. Você arrasa muito, mulher! Continue escrevendo pra todo sempre! E sobre o capítulo: cada frase que sai da boca do Aemond me arrepia e eu nem SEI PORQUE!! Quando ele fala "você não é uma vagabunda, pare com isso" eu me derreti tanto igual uma idiota, porque é isso que eu costumava pensar das pessoas que gostavam desse loiro maquiavélico: idiotas. Mas a opinião anda mudando, e tudo bem, eu tô pronta pra oficialmente deixar ele entrar no meu sistema.


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