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Revisada por: Hydra

Última Atualização: 27/08/2024
Por favor, não desmorone;
Não posso enfrentar o seu coração partido;
Estou tentando ser corajosa;
Pare de me pedir para ficar;
Não posso te amar no escuro.
Love in the Dark - Adele


Os celulares tocavam sem parar.
Morgan estava irritado, e isso era muito bem expressado no seu rosto quando passou pela porta da sala de reunião, onde o restante da equipe estavam reunidos. Reid tentou cumprimentá-lo, mas desistiu quando percebeu que talvez ele não respondesse — e se o fizesse, seria uma resposta muito mau humorada. Não eram nem três da manhã e eles estavam ali reunidos, como se o mundo não pudesse dar uma noite de descanso aos agentes. Geralmente, essa era a vida no FBI. Se qualquer um fosse chamado até no seu dia de folga, você tinha que comparecer.
— JJ — foi Aaron Hotchner quem se pronunciou, dando a cartada para que Jennifer Jareau iniciasse e explicasse o motivo de todos eles estarem reunidos ali em plena madrugada.
A loira apertou um botão no controle que tinha na mão esquerda, fazendo com que a tela atrás de si se iluminasse, e uma série de fotos aparecesse. Garcia contorceu o rosto em uma careta, incomodada com as fotos e desviou os olhos para os papéis à sua frente, decidida a não olhar muito o estrago das mulheres mortas das fotos. Prentiss segurou um suspiro.
— Três horas atrás, a polícia de Missouri nos enviou essas fotos — JJ iniciou. — Três mulheres foram mortas, encontradas em locais diferentes, mas com os mesmo ferimentos.
Os rostos das três mulheres em destaque nas fotos da tela eram irreconhecíveis devido às diversas cicatrizes causadas por queimaduras. Todas elas usavam perucas idênticas e tinham a pele do braço marcada por uma letra, cada uma diferente.
— Apesar da queimadura, a causa da morte foi facadas — JJ continuou. — Garcia pesquisou e descobriu que houve outro caso em que o assassino usava o mesmo MO. Com exceção da causa da morte. O nome dele é Louis McLanner, e ele fugiu da prisão há dois dias. — É um tempo muito curto para fazer três vítimas — Rossi observou. — Qual foi a causa da morte das outras mulheres?
— Asfixia — Garcia respondeu.
— Ele ficou muito tempo sem matar, agora que fugiu, sente a necessidade de recuperar o tempo perdido com as mulheres — Hotch completou.
— Não faz sentido que ele tenha feito isso com as mulheres e jogado cada uma delas em um local diferente. Elas seriam encontradas do mesmo modo — Reid pareceu intrigado com aquela questão. Seu semblante era sério e ele estava determinadamente concentrado. — Ele também mudou a causa da morte. Asfixia para facadas é pessoal. O que significa a letra marcada nelas?
— Não havia possibilidade de alguém reconhecer as vítimas pelo rosto — JJ suspirou. — A letra significa a inicial do nome de cada uma delas.
— Bom, isso não me parece uma gentileza do assassino — Prentiss ironizou.
Eles questionaram mais algumas coisas, completando o raciocínio um do outro e Morgan estava até mais desperto. O trabalho era cruel e pesado, ver toda aquela violência contra as mulheres ou qualquer outro tipo de vítima nos seus casos, era algo que às vezes o impedia de ter uma boa noite de sono. Mas ele também se sentia satisfeito em saber que, embora o trabalho exigisse muito do emocional de alguém, ele fosse capaz de deter alguns criminosos do mundo.
— Se esse cara já estava no radar do FBI, significa que quem o pegou pode nos ajudar nesse caso — Morgan opinou. — Garcia, quem era o agente responsável?
Garcia hesitou, ajeitando os óculos em seu rosto e segurou todos os papéis em suas mãos, procurando um em específico. Não era do feitio dela ser atrapalhada dessa maneira, mas a informação que ela tinha podia perturbar Derek, e ela preferia que ele lesse o nome no papel com os próprios olhos. Mas segurou um xingamento quando não encontrou o maldito papel e olhou para todos ali, que a encaravam em espera da resposta, então ela virou o rosto para Morgan.
— Quanto a isso, docinho, eu…
— Fui eu. — Uma mulher de cabelos ondulados, vestida de terno preto básico e salto alto entrou na sala. Sua feição era de irritação e ela apertou o celular na mão quando seus olhos encontraram as fotos na tela logo atrás de JJ. — Eu tive um trabalho para prender esse desgraçado, para ele fugir com tanta facilidade e matar três mulheres. Eu devia tê-lo matado.
Morgan esqueceu de respirar por um momento ao encarar a mulher. Ele reconhecia a irritação no seu rosto, reconhecia seu gesto de estar apertando o celular como se fosse quebrá-lo, reconhecia suas palavras de raiva.
— Desculpe — foi Aaron quem se pronunciou. — Quem é você?
— Ah. — A mulher deu um sorriso sem graça e se aproximou de Hotch quando o mesmo se levantou e estendeu a mão para o agente. Aaron aceitou a mão estendida dela. — Sou . Fui a agente responsável por esse caso. Também sou a ex namorada de Derek Morgan.



Houve um silêncio seguida da apresentação de . Ela estava tensa e seus lábios tremeram um pouco quando ela finalmente se virou para encarar Derek Morgan e notar que ele estava surpreso por vê-la ali — e ela não soube dizer se tinha sido uma surpresa boa. Fazia alguns meses que não o via ou mantinha contato. O relacionamento de ambos não teve um término traumático ou ruim, mas tinha sido doído o bastante para que eles se evitassem sempre que pudessem. não sabia quanto à posição de Derek, mas ela o evitava simplesmente porque seu sentimento por ele nunca deixou de existir. Parecia algo difícil de deixar para trás, considerando tudo o que eles viveram juntos.
— Eu tentei te dizer. — Penelope tinha dito a Morgan, quebrando o silêncio instalado. Segundos depois, o homem saiu pela porta que entrara. E lá estava .
Respirando fundo e batucando com os dedos na mesa, enquanto esperava pacientemente todos eles discutirem a presença dela ali, do outro lado da sala. Ela não podia culpá-los, afinal. Não era a sua equipe ali, não era a sua zona, nem seus amigos. Era de Morgan. Era os amigos de Morgan, a equipe, a casa.
Ela, no mínimo, era uma intrusa.
— Sinto muito fazer você esperar. levantou o rosto na direção da voz e exibiu um sorriso pequeno ao notar Reid entrar. Naquele momento, ele estava segurando uma caneca de café e os fios de seu cabelo estavam bagunçados. Ele se aproximou, sentando na cadeira vazia mais próxima.
— Nada que eu não esteja acostumada — respondeu, tranquilizando o rapaz. A agente não o conhecia, mas lembrava perfeitamente de Morgan falando de todos os seus amigos e colegas de trabalho. Embora fosse mais próxima de Penelope, quase sentia que fosse íntima deles só pelo que Morgan compartilhava. Mas ela não era íntima deles. Ela só era a mulher que tinha quebrado o coração do galã da UAC.
— Eu só vim buscar um café — Reid comentou, mostrando a caneca. — Mas não preciso voltar para lá. Você é especialista em crimes sexuais?
cruzou as pernas, assentindo para a pergunta do rapaz. Ela desviou os olhos por um momento, só para encarar os papéis espalhados pela mesa. Cada folha daquela era uma informação sobre o serial killer. A mulher podia sentir o peito arder em raiva ao lembrar que o homem tinha escapado da prisão. Ela tinha se dedicado inteiramente em pegá-lo, e agora… agora todos os seus esforços foram reduzidos a pó.
— Eu li todos os arquivos do seu caso — Spencer Reid continuou, vendo que ela estava calada, analisando os papéis de longe. Ele quase pôde imaginar o que ela estava pensando. — A primeira vítima teve sinais de abuso sexual, mas as outras não.
levantou os olhos para examinar Reid. Ele parecia verdadeiramente interessado em querer discutir sobre o caso. E parecia quase inocente à pouca luz da sala, enquanto bebia o seu café calmamente.
— Não vai me perguntar sobre o Morgan? — a mulher questionou. — Como eu quebrei seu coração ou algo do tipo?
— Você quebrou o coração do Morgan? — Reid pareceu surpreso. riu.
— Nem todas as garotas são despedaçadas pelo Derek Morgan, gênio — ela respondeu, pela primeira vez na noite, com um humor na voz. — Eu também sei quebrar corações.
— Bem, — Reid deu de ombros, um pouco sem graça. — eu não sou especialista em corações quebrados ou relacionamentos, você sabe…
— Não, não sei. — o cortou, mas não foi grosseiramente. Ele sorriu para ela, como se pedisse desculpas, mas a mulher balançou a cabeça e suspirou, alcançando uma folha. — Sexo, na maioria das vezes, é poder. Dominação.
— O que você concluiu?
— Ele não sentia prazer pelo ato sexual em si, mas pelo poder de controlá-la. — ela explicou, fazendo desenhos abstratos na folha com os dedos. — Só que, no caso dele, ele precisava que as mulheres consentissem. Quando elas não o faziam, ele tinha que arranjar uma forma de controlá-las que o satisfizesse.
— Decidindo como e quando elas morreriam — Reid concluiu e assentiu.
Relembrar alguns casos era sempre difícil. Mas odiava esse em específico. Ela não suportava tamanha maldade de um ser humano com qualquer outra pessoa inocente. Mas aquelas mulheres… Elas não tiveram chance alguma. Foram arrancadas de suas zonas de conforto e viveram o inferno, antes de serem mortas violentamente. Quando conseguiu capturar o suspeito, ela não se lembrava de ter ficado mais aliviada do que em qualquer outro caso.
Agora se sentia incapaz e culpada pelas três novas mulheres mortas. Se ela não podia matá-lo com as próprias mãos e vingar aquelas mulheres, ela torcia que ao menos pudesse fazer parte daquela investigação com a equipe de Aaron Hotch e capturasse o desgraçado de uma vez, e dessa vez, ela ia garantir que ele nunca mais tivesse a oportunidade de olhar a luz do sol.
— Agente .
Aaron entrou pela porta, sua expressão séria, sendo seguido por Rossi logo atrás de si. Os outros não compareceram e percebeu que estava ansiosa para ver Morgan outra vez. Mas ele não apareceu. Reid e se levantaram e a mulher ajeitou a saia, caminhando até uma distância segura do agente Hotch. Ela não se sentia intimidada por ele, mas o respeitava e o admirava.
— Vamos precisar da sua ajuda nesse caso — ele se pronunciou. — Mas você entende que só estamos solicitando a sua presença no caso por consultoria?
A mulher quase deu um sorriso de desdém, porém, se controlou.
— Se está me perguntando se eu sei que não faço parte da equipe, pode ficar tranquilo, senhor — ela respondeu. — Não tenho a menor intenção de trabalhar com a UAC.
Rossi sorriu e Aaron assentiu. Reid continuou observando calado, com uma mão segurando a caneca e a outra no bolso de sua calça. Não que desprezasse o trabalho deles ou algo do tipo. Na verdade, se ela não amasse tanto a sua unidade em Los Angeles, poderia considerar seriamente trabalhar com eles na UAC. Mas todo mundo tinha um espaço e um lugar; e o de não era ali.
— Vamos partir em uma hora. Esteja pronta.

04:00am, destino desconhecido.


resmungou ao sentir algo lhe cutucar nos braços. Era um toque leve e calmo e ela precisou ser tocada outra vez para abrir os olhos preguiçosamente. Seu corpo reclamava por um bom descanso. A mulher mal estava dormindo, então qualquer oportunidade que ela conseguisse de tirar um cochilo que fosse, estava aproveitando. Mas parecia que alguém não estava disposto a deixar ela fazer isso. A agente remexeu seu corpo sobre a poltrona desconfortável e viu Morgan parado à sua frente e seu coração quase deu um pulo.
Céus, ele continuava tão lindo.
— Por que você foi embora? — Foi a primeira coisa que saiu da boca do homem e revirou os olhos.
— Meu Deus, Morgan — ela resmungou, irritada. — Não deve ser nem cinco da manhã e você quer discutir relação?
— Não esperava mesmo que eu te recebesse com a maior alegria do mundo, — ele murmurou e cruzou os braços contra o peito. — Foi por isso que a Garcia hesitou em me dizer.
— Eu pedi que ela não contasse — lembrou. — Queria fazer uma surpresa.
— Bem, estou surpreso.
Ela não soube dizer se ele estava falando sério ou se estava sendo irônico. De qualquer forma, não importou. respirou fundo e ajeitou o corpo sobre a poltrona do avião, erguendo só um pouco a cabeça para ter certeza que ninguém mais estava ouvindo-os. Quando observou todo mundo dormindo, e que só eles estavam acordados — com exceção dos pilotos —, mordeu o lábio. Ela pareceu notar que, naquele momento, estava mais próxima de Morgan do que jamais esteve em meses.
— Nós já tivemos essa conversa, Derek — foi a vez dela murmurar. Ele não tinha notado — ou não queria —, que ela estava realmente muito cansada. Os olhos da mulher tinham vestígios de olheiras e ela parecia pálida, mesmo na pouca luz do avião. Derek cogitou deixá-la em paz, levantar daquela poltrona, ir para outra e esquecer que ela estava ali, a pouca distância dele, mas ele não conseguiu levantar. Ele não queria admitir que não queria deixá-la em paz.
— Eu só queria entender, .
Foi involuntário que ele usasse o apelido dela na conversa, mas era tarde demais para que ele voltasse atrás agora. Ela lambeu os lábios, encarando as írises escura do homem que tanto amava e teve que reprimir a vontade de tocar seu rosto.
— Eu precisava ir embora — ela sussurrou, como se alguém pudesse escutá-la. — Não dava mais para mim.
— Por quê?
Havia um pouco de dor na voz dele e ela sentiu o próprio coração apertar. Tirou o cobertor do corpo e prendeu a respiração ao ver o que estava prestes a fazer. Ele não hesitou e nem se mexeu quando ela sentou ao lado dele, na minúscula poltrona, quebrando o espaço que havia entre eles. tocou o rosto do ex namorado. Fora um toque leve, carinhoso, algo que Derek sentiu falta. Nenhum sorria. A respiração de ambos estavam misturadas e podia jurar que a qualquer momento, seu coração pularia para fora e ela odiou a sensação de borboletas voando em seu estômago, fazendo-a se sentir como uma adolescente apaixonada. Não dava para dizer quem teve a atitude primeiro, mas estava nos braços de Morgan e sua boca estava grudada na dele. O beijo era movido pela saudade e a mulher se sentiu satisfeita em notar que jamais tinha esquecido o gosto dele.
Ele ainda a beijava como sempre tinha beijado. E Derek sentia o desejo lhe apertar o coração; ele grudou as mãos no rosto dela, descendo uma diretamente para a sua nuca, onde a pousou, agarrando os fios do cabelo da mulher levemente na parte de trás do pescoço. Nenhum deles parecia querer respirar. tomou a atitude de sentar no colo do homem, o que não foi de grande ajuda. Derek precisou de muito esforço para não fazer barulho quando ela arranhou a sua pele por debaixo da sua camisa e a mão dela era gelada contra a pele quente dele. O beijo se intensificou por alguns segundos, apenas para depois eles se separarem ofegantes, tentando recuperar a respiração. não abriu os olhos, mas Morgan a encarava com admiração e saudade.
… — ele sussurrou, como se estivesse com as palavras engasgadas na garganta.
Por quê?
Ela alisou a pele dele novamente, mas não foi um ato de provocação. Ela só queria tocá-lo, sentir sua pele quente contra seus dedos gelados e lembrar da sensação de tê-lo debaixo de si, sorrindo, suando e gemendo seu nome como se fosse a coisa mais prazerosa do mundo.
abriu os olhos e balançou a cabeça, saindo do colo dele direto para onde estava antes. Ela ainda tentava respirar e não conseguia encarar os olhos do agente.
— Derek, eu… — Ela tentou procurar as palavras certas para dizer, mas tudo parecia lhe fugir da mente. — Sinto muito. Eu só precisava ir embora. Eu só…
Mas ela não teve a chance de completar. Morgan levantou da poltrona em seguida e sumiu pelo avião. sentiu seu peito arder e doer e deitou a cabeça de volta, soltando um suspiro longo, ignorando qualquer lágrima que veio a seguir.
Quantas vezes mais ela partiria o coração de Derek Morgan?
Missouri - EUA, 14:34PM A cafeína não parecia suficiente para manter desperta. Depois que Morgan a acordara no avião, ela não conseguiu mais pregar os olhos. O que resultou em deixar sua mente vulnerável e ela pensava no toque dele, nos lábios dele contra os seus, no insaciável desejo que insistia em crescer dentro dela. Ela pensava em como tinha ido embora, deixado-o no escuro, e como desejou que ele pudesse ter estado presente quando aconteceu aquilo tudo.
Pensava em como ele merecia saber porquê ela não tinha voltado mais e como ela sofreu sozinha, em consequência de sua escolha. Despejar tudo em Derek agora parecia injusto.
— Oi, doçura.
Garcia sentou na cadeira vazia de frente para a agente e sorriu. Um sorriso carinhoso e saudoso, porque ela sempre gostou de Penelopee de como ela era a única que sabia quase tudo sobre Morgan, como ela tinha apoiado-os. quase sentiu uma pontada de culpa quando lembrou que ignorara todas as ligações de Garcia, quando ela decidiu deixar o ex namorado e voltar para Los Angeles.
— Ei, Pen — murmurou, como se estivesse com a voz sonolenta. Ela bebeu mais uma vez um gole do café, mas fez uma careta quando notou que ele estava frio e jogou o copo no lixo. — Obrigada por não contar ao Morgan.
— Eu deveria, você sabe — Garcia suspirou, mordendo a ponta da caneta. — Ele não gostou dessa surpresa.
riu.
— Ele se acostuma — deu de ombros, mas duvidava que ela fosse se acostumar. Nunca desejou tanto resolver um caso rápido e ir embora. — Onde estão os outros?
Quase como se estivesse esperando a oportunidade, Prentiss surgiu logo depois, entrando na sala. Aquela era uma sala de reunião exclusiva que o delegado local de Missouri disponibilizou especialmente para que os agentes do FBI se acomodassem sem que os policiais em si atrapalhassem. A delegacia, no entanto, parecia uma casa minúscula, onde era impossível que coubesse tantas pessoas — mas cabia.
— Prentiss chamou. — Precisamos de você.
A agente assentiu e se levantou, sendo acompanhada por Garcia e as duas amigas seguiram Prentiss, atravessando a sala comum da delegacia até o outro lado, onde era a sala do delegado. sabia que eles tinham se dividido quando chegaram. Reid e Morgan ficaram com a tarefa de irem ao local de desova; Rossi e Prentiss ao legista; JJ ficou responsável por falar com as famílias, enquanto Hotch se responsabilizou em analisar as novas evidências do caso, procurando por algo que talvez todos eles deixaram passar. Garcia tinha a tarefa de pesquisar sobre a vida das vítimas que foram encontradas, tentando descobrir algo em comum entre elas que ajudassem a entender como elas tinham sido pegas. Não era comum que Garcia viajasse com a equipe, mas às vezes, havia exceções e aquele caso parecia uma delas. , por outro lado, optou por ficar na sala de reunião, seguindo a ordem de Hotch de verificar os arquivos antigos.Ela não o questionou. Desconfiava que talvez ele estivesse sendo um pouco rígido demais com ela, apesar de ela saber que não podia culpá-lo por isso. Se ele quisesse defender Morgan, que o fizesse. Mas ela jamais iria admitir que isso atrapalhasse seu desenvolvimento profissional no caso. Ela não estava ali para ser plateia.
Agora que ela estava ali na sala, vendo todos eles presentes — com exceção de JJ, que ainda continuava com as famílias das vítimas —, ela respirou fundo, tentando afastar a tensão que havia acabado de se instalar em seu corpo e, de repente, já não sentia mais sono.
— Você sabia como ele escolhia as vítimas antigas? — foi Rossi quem se pronunciou.
Ela reparou que os arquivos estavam espalhados sobre a mesa e havia coisas novas que ela ainda não teve a oportunidade de olhar.
— Sabemos que ele tinha um padrão: universitárias, aproximadamente 22 anos, a cor do cabelo ou raça não importava. Ele as caracterizava com uma peruca loira — ela respondeu, olhando para Rossi especificamente, sem querer desviar o olhar para o outro homem. Ele não parecia disposto a encarar ela tão cedo ainda. — Descobrimos que a peruca representava a ex namorada que o deixou. Ela era universitária e morreu em uma tentativa de assalto, mas antes disso, ela o deixou por um cara mais velho.
— Ele as torturava, descontando toda a sua raiva. Mas seus sentimentos são exagerados, uma vez que ele descarta o abuso sexual e queima seus rostos, asfixiando todas elas — Reid completou. — Ele é desorganizado e o ato de cortar a pele da vítima, deixando a marca da letra inicial do nome dela, pode indicar que ele sentia remorso.
Sky soltou uma risada seca. Os olhos se viraram para ela e, pela primeira vez naquele dia, ela estava com raiva.
— Eu não acho que esse cara sente alguma coisa — ironizou.
Reid ficou em silêncio.
— Certo — Hotch se aproximou da mesa, pegando uma pasta em questão e estendeu para e), que a pegou. — Houve mudanças nas novas vítimas. Quero que você veja.
A agente abriu a pasta. Seu estômago vazio não ajudou quando ela bateu os olhos naquelas fotos. O rosto queimado das mulheres lhe angustiava de um modo que ela não saberia explicar, e ela fez o possível para que não parecesse abalada. Ela também notou que, ao invés das novas vítimas — todas as três encontradas —, terem a peruca loira, estavam com uma preta, cujos fios eram ondulados e caíam no ombro.
E o choque permaneceu no seu rosto.
— Qual a causa da morte dessas? — perguntou, sentindo a voz quase falhar, e não desviou os olhos das fotos.
— Facadas — Prentiss respondeu.
Todos eles pareciam irritantemente quietos, como se esperasse que ela falasse algo, que revelasse algo que nenhum deles sabiam — mas sabia que, seja lá o que eles descobriram, era o que ela estava descobrindo agora.
E céus, não podia ser. Era um pesadelo.
A resposta de Prentiss ainda estava ecoando na mente da mulher. Morgan era o único que a observava não como agente, mas como alguém que a amava e estava preocupado. O silêncio de não era algo comum e ela estar com os lábios tremendo também não era algo comum. Ela geralmente era bastante profissional em qualquer caso, olhando qualquer foto, porque aquele trabalho exigia que você olhasse coisas cruéis daquele tipo. Mas aquele não era qualquer caso. Não para ela, Morgan percebeu.
— ele chamou, e não continha carga emocional na sua voz, embora seu coração estivesse acelerado como se ele tivesse acabado de correr uma maratona. A mulher não levantou os olhos. — , a peruca delas é idêntica ao seu cabelo.
Garcia pareceu alarmada e todos — até o próprio delegado — permaneceram em silêncio quando finalmente levantou os olhos e seu primeiro contato foi Morgan.
O homem tinha a expressão sofrida, como se pedisse que ela falasse alguma coisa. A mulher jogou a pasta de volta sobre a mesa e respirou fundo, forçando seus lábios a pararem de tremer e manteve sua expressão serena e firme.
Mas sua mente estava o caos.
— Eu não sei o que vocês…
— Ele está se vingando — Reid quem a cortou, completando. — Ele fugiu da prisão e está com um desejo insaciável de vingança contra aquela que atrapalhou a sua “obra” em continuar matando aquelas mulheres.
— Ele está matando essas mulheres para se vingar de você — Rossi disse. Prentiss se aproximou da mulher, passando uma mão levemente no seu ombro, como se pedisse permissão para tocá-la. Mas não disse nada.
Não, ela queria dizer.
— Ele está matando essas mulheres por minha causa? — ela questionou. Morgan quase atravessou a sala para que pudesse abraçá-la, mas permaneceu onde estava.
— Sim — Hotch respondeu. — Ele mudou um pouco o MO¹. Agora ele busca mulheres que tenham autoridade na profissão; como você.
— E então, ele as caracteriza para que elas pareçam você — Prentiss completou, com a voz baixa, já que estava do lado dela.
sabia que podia esperar tudo de Louis McLanner. Ela mesmo teve o inevitável desprazer de conhecer aquele ser desprezível — ele quase acabou com sua vida quando a esfaqueou no dia em que ela o pegou. Mas aquilo… aquilo era desumano. Sua vingança não tinha sentido.
— Também há outro fator — Reid disse, e Morgan lançou um olhar traidor para o garoto. Reid não entendeu se tinha feito algo de errado, mas mesmo assim, continuou.
— O quê? — a agente questionou, quase perdendo a paciência.
— Todas elas estavam grávidas.
— O quê?
sentiu seu corpo amolecer. Ela sentiu Prentiss a agarrando pelas costas e sentiu algo duro contra suas pernas e se deu conta que estava sentada em uma cadeira.
Grávidas.
O filho da puta não tinha poupado nem aquele detalhe. Se aqueles analistas de perfis estavam ligando tudo o que Louis estava fazendo à ela, não demoraria muito para que Morgan percebesse que ela lhe escondia muito mais. Ela tentou respirar fundo e ouviu um burburinho se iniciar na sala, agradecendo fracamente quando Garcia apareceu lhe estendendo um copo de água na mão, do qual ela aceitou.
Estava sendo tudo demais para ela. Ela esperava que o caso fosse ser difícil, que fosse ser longo e complicado, que talvez não conseguissem capturar Louis — porque da primeira vez ele quase escapara —, mas não esperava se deparar com vingança. O que aquele desgraçado esperava? Que ela o encontrasse e oferecesse um acordo de paz por cada mulher que ele tinha matado?
A porta foi aberta e JJ entrou por ela, com uma expressão nada boa. Ela tinha um bilhete em mãos e o levou até Hotchner.
— O que aconteceu? — foi Garcia quem perguntou, intimidada com todo aquele ar de mistério e tensão.
Ela nunca se acostumava com aquelas coisas. Nunca se acostumaria. Seu mundo cor de rosa era muito melhor e ela não tinha do que reclamar.
— Alguém vazou a informação para a mídia que o FBI está aqui para resolver o caso — JJ explicou e olhou para , que ainda parecia um pouco abalada. — Acabamos de receber este bilhete direcionado à Agente .
— Se é para mim, por que você entrega a ele? — Irritação ecoou pelos lábios de , que estava começando a perder a paciência com a coisa toda. O fato de estar noites sem dormir direito não contribuía para que recebesse todas aquelas notícias com bom humor.
Hotch respirou fundo e tomou a iniciativa de entregar o bilhete para a mulher.
Os dedos da agente se apertaram contra o papel fino ao ler aquelas palavras, e, no minuto seguinte, ela saiu da sala batendo a porta.

Estou feliz em tê-la de volta, Agente . Estaria disposta a comprovar a teoria de que um raio cai duas vezes no mesmo lugar? McLanner.


MO¹: Modus Operandi - é uma expressão em latim que significa "modo de operação". Utilizada para designar uma maneira de agir, operar ou executar uma atividade seguindo geralmente os mesmos procedimentos.



Quântico, Virgínia - FBI, 14:23PM
Dois anos atrás


O som de salto alto ecoando especialmente por aquela sala estava fazendo a cabeça de Richard Donner doer. Ele parecia exausto e ansioso. Geralmente, ele conseguia resolver um caso rápido se tivesse com a sua equipe, ou ao menos, a sua parceira, mas aquele caso específico estava lhe tirando o sono há alguns bons dias. Ele ficava noites e noites atrás de novas evidências, qualquer pista que indicasse uma esperança de pegar o assassino — ou ao menos descobrir quem era o desgraçado —, era um passo mais perto de fechar o caso e finalmente poder respirar em paz.
— Donner — a mulher chamou, e ele murmurou algo em resposta, ainda concentrado nos passos nervosos dela de um lado para o outro na sala. Ele sabia que não adiantava reclamar com ela por aquilo; era mais fácil que um buraco se cavasse sozinho sob os seus pés do que ela aceitasse alguma ordem sua. — Precisamos de ajuda.
O fato de ter admitido aquilo não surpreendeu Richard. Era verdade que sua parceira era muito competitiva e individualista, logo, se tornava difícil que ela chegasse no auge de admitir que precisava de ajuda para alguma coisa. Mas ela tinha mudado esse comportamento quando aceitou ser parceira dele e quando começou a namorar um analista de perfil; Donner não o conhecia, mas teria que agradecer ao homem por estar fazendo milagres com aquela mulher.
— Isso significa que você está dizendo que vai consultar seu namorado sobre o caso? — O homem ajeitou a postura sobre a cadeira e quase soltou um suspiro aliviado quando parou de andar pela sala e se sentou no seu lugar de costume na mesa.
— Não — ela respondeu, revirando os olhos. — Já falei que eu e o Derek não conversamos sobre nossos casos. É nosso acordo.
O agente deu de ombros.
— E o que diz, então?
— Que você pode consultar um deles — ela explicou. — Que não seja o Morgan, é claro. — ela completou, sorrindo.
— Não vou roubar seu homem, — Donner zombou.
— Não poderia nem se quisesse — respondeu. — Certo. Agora sério. Não aguento mais ver no que estamos errando. Talvez saber um perfil completo do suspeito possa nos ajudar.
Ele não questionou a decisão dela. Era uma boa ideia. Eles não eram especialistas em criar perfis de assassinos; ainda que soubessem alguma coisa sobre, não ajudava muito. Eles precisavam de alguém profissional naquilo. Precisava reduzir a sua lista de dezenas de suspeitos e precisava fazer isso o quanto antes. Ele já havia matado 8 mulheres e, do jeito que estava acelerando a matança, não iria demorar muito para que ele chegasse a vítima número 9.
— Reúna os outros.

Missouri - EUA
Atualmente


O barulho da chuva distraía a mente da mulher.
Para a sua surpresa, ela ainda segurava o papel na mão e não ousou encarar de novo. Parecia que, a cada vez que lia uma palavra do que ele tinha escrito, sua mente voava para o passado e para a decadência de acontecimentos infelizes. Primeiro, ela precisou terminar com o Morgan; a agente não tinha previsto o desgaste emocional que o caso estava lhe causando e não se sentia mais capaz de manter um relacionamento àquela altura. Derek era carinhoso, atencioso e paciente, mas ela precisava de espaço. Estava perdendo a si mesma e a sua mente durante todo o processo. Cada mulher morta que aparecia era uma culpa para as suas costas, porque não tinha estado perto de capturar o assassino. Depois que Richard Donner consultou um especialista em análise comportamental, a lista de suspeitos deles reduziram e eles finalmente conseguiram um nome. Mas tinha sido um nome que custou a vida de .
— Posso me sentar?
piscou os olhos, sendo despertada por uma voz. Ela não tinha percebido que estava perdida em pensamentos, fechando e abrindo os dedos em volta do papel fino, enquanto seus olhos vagavam através da janela daquela cafeteria, encarando a chuva caindo do céu. Quando levantou os olhos, viu Derek Morgan parado, a olhando como se ela estivesse perdida.
E talvez estivesse.
Ela assentiu para ele, respondendo a sua pergunta silenciosamente.
— Como me encontrou?
Morgan se sentou na frente dela, pousando as duas mãos sobre a mesa vazia. Não havia nem mesmo um copo de café. tinha recusado tudo nos últimos minutos que estivera ali em que o garçom aparecia lhe oferecendo alguma coisa.
— Quando você quer ficar sozinha, você sempre vem a alguma cafeteria vazia — ele respondeu, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo. Ela quase sorriu. — Não estamos em Los Angeles, então eu não poderia descobrir qual sua cafeteria favorita de Missouri. Então pedi para Garcia pesquisar por uma que estivesse próxima à delegacia.
— Alguém fez a sua lição de casa — ela murmurou, tentando descontrair o clima.
Morgan balançou a cabeça, deixando um sorriso nos lábios. Mas ele não estava se divertindo. Ele estava preocupado com ela e com o que ela poderia fazer com todas aquelas novas informações que acabara de descobrir.
.
Ele estendeu uma mão para ela, e a agente piscou os olhos, confusa por um momento, até entender que ele estava pedindo o bilhete na mão dela. Ele não queria ler o que estava ali; Hotch e JJ tinham dito à equipe o que havia no bilhete. Morgan só queria que ela parasse de segurar o papel como se ele fosse algo importante que precisava guardar, como se ele a fizesse mal. Hesitante, ela entregou o papel a ele.
Morgan o guardou no bolso da calça jeans.
— Pergunte — murmurou, depois de alguns segundos de silêncio.
Ela ainda encarava a chuva lá fora e não sabia que Missouri podia ser fria naquela época do ano. Mas ela nunca entendia as divergências da natureza.
— Não tenho o que perguntar — Morgan respondeu.
Ela desviou os olhos da janela direto para o rosto dele. Ele tinha uma linha fina nos lábios e seu corpo parecia tenso. Ela sempre soube ler o corpo de Morgan muito bem e não parecia diferente agora. passou as mãos pelo rosto, como se estivesse exausta e respirou fundo, antes de voltar a encarar o seu ex.
— Você está esperando por isso há meses, Morgan — ela disse. — Foi a primeira coisa que me perguntou sobre. Eu nunca te dei a maldita explicação porque eu não queria. Era somente meu fardo e eu não precisava dividir com você — ela suspirou outra vez, mordendo o lábio inferior. — Agora eu não tenho mais motivo para esconder, portanto… pergunte.
Derek manteve a expressão séria. Ele sabia que mesmo estando curioso, talvez não fosse uma boa ideia questioná-la. Mas ele merecia uma explicação. Merecia saber porquê ela o tinha deixado, sem dizer muita coisa, e depois não quis mais contato com ele. Merecia saber se tinha feito algo de errado e se deveria pedir desculpas por isso. Algumas vezes, quando era tarde da noite e ele chegava do trabalho, ele repassava tudo na cabeça, procurando algo de errado que ele pudesse ter feito. Que magoou-a sem querer e não percebeu isso. Mas não havia nada. Nenhuma peça faltando, exceto só as que ela sabia.
— Foi por causa dele?
Era uma pergunta simples e objetiva, que entendeu muito bem à que ele se referia. A mulher lambeu os lábios e ficou indecisa se mantinha os olhos no homem, na paisagem através da janela, ou se encarava seus dedos cruzados.
— Não — ela conseguiu responder, optando por encarar os olhos escuros dele. — Em partes sim, mas não.
Morgan ficou confuso, mas não disse nada.
— Eu estava nesse caso há um bom tempo — ela continuou, tentando encontrar as palavras que a ajudassem a explicar tudo. — Nos conhecemos antes de eu assumir essa responsabilidade e, até então, eu tinha tudo sob controle. Podia ficar com você e podia resolver o caso. Derek, meus melhores momentos de paz era quando eu estava com você.
Ela suspirou e quando o garçom retornou, questionando mais uma vez se ela ia querer alguma coisa, ela resolveu pedir um cappuccino. Morgan não pediu nada.
— Porque você não precisava comentar os casos comigo — Morgan concluiu. — Não precisava pensar neles.
— Sim — ela concordou. — Ele estava acelerando e não tínhamos uma pista de quem poderia ser. Era uma lista de suspeitos grande demais para reduzir um a um. Então pedi que Richard procurasse alguém na sua unidade, sem ser você, que ele pudesse consultar para conseguir um perfil e pudéssemos reduzir a nossa lista. Até então, eram 8 mulheres mortas.
Era difícil que ela pudesse estar contando aquilo tudo sem que sua mente a levasse para um mar de lembranças. Aquele tinha sido seu pior caso. Nenhum outro se comparou até então.
— Quando ele fez a vítima número 9, começamos a sofrer pressão. Eu mal dormia, não estava comendo muito e só queria acabar com aquilo — ela confessou. — Foi quando percebi que tudo estava me afetando. Eu me sentia incapaz e estava duvidando do meu trabalho. Que tipo de agente eu era se não podia salvar aquelas mulheres?

— Não — ela o cortou, balançando a cabeça. — Eu sei o que você vai falar.
Ela não o queria ouvir dizer que nada foi culpa dela. Que ela tinha sido uma boa agente e que fez de tudo para salvar aquelas mulheres. Mas sabia que seria mentira. Ela deveria ter feito mais. Era a porra do seu trabalho.
O garçom deixou o copo de cappuccino na mesa e ela o agradeceu, esperando que ele se afastasse para beber um gole, enquanto organizava a sua mente, criando coragem para continuar explicando tudo.
— Eu estava me desgastando emocionalmente — ela continuou, sentindo seus lábios tremerem um pouco. Morgan notou, mas não disse nada. — E percebi que não podia mais lidar com você e fingir que estava tudo bem cada vez que você me ligava. — ela desviou o olhar dele, sem coragem para encará-lo, principalmente nessa parte. Terminar com ele tinha sido difícil. — Eu não podia mais, entende? Não podia arrastar você junto para o escuro que eu estava. Então fui para Quântico e a partir daí, você sabe.
Morgan engoliu a seco, assentindo. O celular vibrou no seu bolso, mas ele resolveu ignorar. Provavelmente era alguém da equipe querendo saber alguma notícia, ou se tinha encontrado-a.
— Você foi para Quântico só para ir embora depois — ele comentou, lembrando perfeitamente daquele momento.
Ele mesmo repassou a cena várias vezes na cabeça, por semanas. Se questionou sobre tudo, mas as peças nunca pareceram se encaixar com as informações que ele tinha naquele momento.
— Morgan…
— Tudo bem — ele se apressou em dizer.
Ela piscou os olhos, bebendo mais um gole do seu cappuccino e assentiu. Não estava tudo bem, mas a mulher não tinha muito o que dizer.
— Eu sinto muito — ela murmurou, sentindo a voz falhar. — Eu estava perdida e não queria que você…
, eu disse que tudo bem — ele prometeu. — Eu só queria que você pudesse ter contado comigo.
Ela se calou, mordendo a parte interna da bochecha.
— Eu não entendo por que ele quer se vingar — ela mudou de assunto, encarando o copo. — Eu o cacei por meses, mas não fui atrás dele. Foi ele quem veio até mim.
Morgan pareceu interessado, de repente, e ajeitou a postura do seu corpo, deixando o problema emocional do seu coração de lado. Ele podia sofrer por ela depois; ou podia não sofrer mais.
— Isso não está nos arquivos — ele lembrou, tentando encaixar aquela informação dela de algum jeito.
— Eu pedi para alterarem — ela confessou, dando de ombros. Admitir aquilo era ainda pior.
— Por quê?
depositou o copo na mesa, engolindo a seco. Havia muito tempo que ela não se sentia nervosa como estava se sentindo naquele momento. Não soube de onde tirou a coragem para encarar os olhos dele novamente, respondendo a sua pergunta.
— Porque eu estava grávida, Derek — ela disse. — E não queria que ninguém soubesse.

[flashback]

, vá para casa. Você precisa descansar.
Um suspiro escapou pelos meus lábios quando encarei Richard parado na porta, na companhia de Yara. Eles não estavam com uma cara boa. Também, quem na nossa situação estaria? Sofrer pressão do diretor do FBI, das mídias locais e do governador de Los Angeles não estava sendo bom para nenhum de nós. Eu estava desgastada. Tanto emocionalmente quanto físico. Mal dormia e eu não sabia o que era comida saudável há um bom tempo.
— Eu não preciso… — tentei dizer, mas Yara entrou na sala e desligou meu computador, afastando todos os papéis da minha frente.
— Precisa sim, — ela repreendeu e fez uma cara péssima quando pisou em um copo de café que estava caído no chão. — Você está horrível. Não é assim que vamos prender alguém.
— Precisamos de você bem, — Richard completou, sério.
Bufei, desistindo de argumentar com eles. Talvez fosse bom que eu fosse para casa e tomasse um banho. Depois eu voltaria. Depois eu me dedicaria mais em descobrir o paradeiro de Louis McLanner.
O fato de termos descoberto o nome dele deveria ter ajudado a pôr um ponto final naquele caso. Mas o endereço que tínhamos conseguido não nos levou a nada, e conseguir descobrir onde era o maldito esconderijo que ele mantinha as mulheres estava sendo mais complicado que o normal. Aquele desgraçado sabia como encobrir suas pegadas.
E isso me tirava o sono.
Cada mulher morta por ele, era uma culpa a mais que eu tinha que carregar.
Organizei a minha sala e peguei a minha bolsa, me despedindo do resto da equipe. Meu corpo todo doía e eu sentia meus olhos quererem fechar, mas mesmo que eu estivesse morrendo de sono, conseguir dormir era outra história. Cada vez que eu me dava esse luxo, eu era direcionada a uma série de pesadelos, onde eu ouvia os gritos de socorros das mulheres mortas, e quando eu tentava alcançá-las, os gritos paravam e eu ouvia uma risada, como se estivesse debochando de mim. E eu sabia que era a risada dele.
Estacionei o carro na garagem e ativei o alarme, segurando a bolsa sobre um ombro só, enquanto eu apertava o número do elevador, esperando que ele subisse o mais rápido que pudesse. Tirei os saltos que eu calçava, segurando-os na mão e assim que o elevador abriu, eu saí, estreitando os olhos para a escuridão do corredor. Revirei meus olhos ao constatar que não era a primeira vez que as luzes dali davam algum problema. Eles consertavam, e o mesmo problema voltava vez ou outra. Fiz uma nota mental de que eu precisava me mudar.
Parei de frente a porta do meu apartamento e quando eu tentava encontrar a chave dentro da bolsa, percebi que a porta já estava aberta. Meu coração acelerou e eu me xinguei mentalmente, lembrando que eu tinha deixado a arma no carro. Me abaixei, colocando os saltos no canto, tendo cuidado para não fazer nenhum barulho. Peguei meu celular dentro da bolsa e disquei o número de Yara, deixando a ligação ativa quando eu escondi o celular na minha cintura. Soltei a bolsa perto dos saltos e respirei fundo, criando coragem para entrar no meu apartamento, mesmo sabendo que talvez fosse uma grande burrice por não estar com nenhum tipo de objeto para me defender.
Empurrei a porta devagar e entrei. Estava tudo completamente escuro, mas eu sabia onde estava cada coisa. Quando me movi para apertar o interruptor e acender a luz, a sala se iluminou com a luz de um abajur, o que fez a minha respiração falhar ao olhar quem estava ali.
Louis McLanner.
E Elizabeth Hayes, amarrada a uma cadeira, sua boca coberta por fita, a impedindo de falar, seu rosto inchado devido às lágrimas. Seu rosto não continha as queimaduras, mas havia um “E” arranhado no seu braço, escorrendo sangue. Havia também uma peruca loira mal colocada, cobrindo os fios do seu cabelo verdadeiro.
Ela era a décima terceira vítima. E ainda estava viva.
Eu mal pude me mover, na tentativa de voltar para a porta e fugir, mas mesmo que eu pudesse fazer isso, eu jamais teria coragem de abandonar aquela garota.
— Agente . — Pela única luz possível, não dava para ver muito do rosto de Louis. Sua voz parecia melódica e eu me concentrei no fato de que ele estava com uma arma apontada para a garota. — Trouxe um presentinho para você. Acho que vai curtir assistir enquanto eu acabo com essa vadia aqui.
Eu engoli a seco. Parecia que todo o treinamento que eu tive na Academia para lidar com esse tipo de situação escapara da minha mente.
— Louis McLanner — chamei seu nome, tentando ganhar tempo para pensar em como eu faria tudo. Buscar alguma saída. Sair dali com a Elizabeth viva. Com ele algemado.
Eu torcia que Yara tivesse atendido o telefone.
— Não se mova — ele ordenou, quando eu fiz menção de dar um passo à frente e fiquei parada. — Jogue a arma no chão.
— Não estou com uma — respondi, erguendo as minhas mãos, como se estivesse me rendendo.
Não estava segurando uma arma, mas eu tinha uma guardada ali. Especificamente, na terceira gaveta da escrivaninha ao lado dele. Louis levantou um pouco o abajur e a luz iluminou seu rosto. Ele tinha um sorriso sádico nos lábios. Pude notar que ele segurava uma faca na outra mão.
— Ótimo — ele murmurou. — Por favor, feche a porta. Não vai querer que alguém atrapalhe nosso show.
E eu obedeci.
— Agora sente-se no sofá.
Sentindo meu coração acelerar, eu movi meus pés em passos pequenos e lentos, sempre alerta para qualquer reação dele. Elizabeth permanecia incrivelmente quieta, como se temesse piscar até os olhos. Eu queria dizer a ela que ia ficar tudo bem, que ela ia ficar bem, mas eu não podia fazer uma promessa que não sabia se iria cumprir.
— Não entendo — comecei, soltando a minha voz um pouco baixa. Minhas mãos ainda estavam erguidas no ar e eu consegui chegar ao sofá. — O que está fazendo aqui?
Eu realmente não entendia porque ele tinha vindo até mim, quando eu estava há meses o cercando. Ele claramente não tinha vindo se entregar, e o fato de ter trazido Hayes como vítima me comprovou isso. Seu comportamento era desorganizado e ele parecia prestes a ter um surto.
— Eu vi você na TV, agente — ele confidenciou e eu abaixei as minhas mãos devagar. Seus olhos se mantinham fixos em mim e a arma e a faca apontada para a garota. — Vi você me difamar como se eu fosse… Eu não gostei. Você destruiu meu nome para o mundo todo.
— Não destruí nada, Louis — retruquei. — Fiz meu trabalho: falei a verdade.
— Eu não sou um assassino! — exclamou, gritando tão alto que eu me assustei por ter sido pega de surpresa pela mudança de comportamento.
— Você matou 13 mulheres — continuei, sentindo a irritação prevalecer naquelas palavras. — O que a Emie iria achar disso?
Seu rosto vacilou e ele apertou o cano da arma contra a cabeça de Elizabeth. Eu fechei os olhos quando ouvi ele puxar o gatilho, mas nenhum tiro saiu. A garota começou a chorar mais intensamente.
— Não fale dela — ele mandou.
— Por favor… — implorei, começando a ficar um pouco desesperada. Ele estava instável e eu não podia contar muito que ele fosse nos deixar vivas. — Solte-a. Deixe ela ir. Você está com raiva de mim, foi eu quem te coloquei no centro da mídia, está bem? Deixe-a ir.
Ele começou a rir. E pareceu muito com a risada que me perseguia em pesadelos.
— Desculpe. Isso é um pouco engraçado.
Minha cabeça estava girando, mas eu aproveitei que ele tinha se abaixado levemente, apoiando as mãos nos joelhos, enquanto ainda ria, e me levantei. Usei a minha perna direita para chutá-lo e sua arma escorregou da sua mão para o fundo da sala, logo atrás dele.
Ele parou de rir imediatamente e seu semblante se transformou em ódio, usando o próprio corpo para vir para cima de mim. Eu desviei do seu golpe e o acertei na barriga, mas não previ ele usar o cabo da faca para bater no meu rosto e eu cambaleei um pouco para trás. O fato de meu corpo estar completamente cansado me deixou vulnerável naquele momento e eu não pude me defender quando ele enfiou a faca de lâmina fina na minha barriga e aquilo doeu como o inferno, me fazendo cair no chão.
O sangue escorria muito rápido do ferimento e eu comecei a tossir, com falta de ar. Meus olhos estavam ficando turvos e eu só conseguia sentir a dor. Mais forte e mais intensa.
Ele caminhou até a própria arma que eu tinha derrubado e quando ele apontou para Hayes, eu tentei mover meu corpo, mas não conseguia.
— Não — implorei. — Por favor, não faça…
Lágrimas molharam meu rosto quando escutei o som de tiro ecoar e a cabeça de Elizabeth Hayes caiu para frente. Ele acertou um tiro bem no meio da sua testa; ela sequer teve uma chance. Eu me arrastei no próprio sangue, enquanto chorava e sussurrava que sentia muito. Por não tê-la salvado.
Louis abriu o mesmo sorriso sádico no rosto e parou ao meu lado, apontando a arma dessa vez para mim. E eu quase me entreguei à minha própria morte quando escutei a porta ser aberta com um estrondo.
— FBI! Abaixe a arma!
A voz de Yara foi a única que eu reconheci antes que eu apagasse por completo e mergulhasse na culpa.
No fim das contas, eu jamais pude cumprir a promessa que eu nunca fiz à Elizabeth Hayes.




— Você está bem?
coçou a bochecha, erguendo os olhos para a voz que lhe dirigia a palavra. Ela deu um sorriso pequeno e forçado ao notar Emily parada na porta e assentiu.
Depois de compartilhar as coisas com Derek, ele a trouxera de volta para a delegacia e estava ficando tarde. Ela só queria poder se aproveitar de um descanso sem se preocupar com um serial killer por aí querendo se vingar. — Sim, claro. — a mulher respondeu, tentando ao máximo soar educada. Seu corpo inteiro implorava por um descanso, mas a mulher sabia, com uma infelicidade comum lhe consumindo que, assim que ela colocasse a cabeça sobre um travesseiro macio, não conseguiria dormir. Todas as novas informações, juntamente com a aproximação com seu ex, estavam embaralhando os seus pensamentos de uma forma que ela não conseguia relaxar. Foi um alívio poder finalmente contar a Derek sobre sua gravidez. Ela tinha sofrido a perda de um filho sozinha por muito tempo, e achou que poderia carregar esse fardo solitário, mas compartilhar com o agente Morgan aliviou o seu peso. — Vivi minhas fases no escuro para saber quando alguém mente sobre isso — Prentiss soou gentil, fechando a porta atrás de si. A mulher de cabelos pretos sentou-se ao lado de , um sorriso fechado e compreensível nos lábios.
— Morgan contou? — indagou, desconfiada.
— Não. — a outra respondeu, soando firme o suficiente para a novata acreditar.
— Entendi. — disse. — Você é a inteligente de quem ninguém esconde nada.
Prentiss esboçou um sorriso sincero, seguido de um aceno de cabeça. Sim, ela era bastante inteligente, algo perceptível. E isso a tornava muito boa no seu trabalho, transformando-a em alguém incomparável e insubstituível.
— Se você observa demais, acaba encontrando as respostas. — Prentiss respondeu.
estalou a língua, encarando o teto, como se buscasse algum controle emocional sobre si. Ali estava ela, fingindo estar bem depois de um dia cheio de revelações. Não bastasse os próprios problemas, agora precisava lidar com um adicional bastante indesejável: um serial killer caçando a sua vingança contra ela. A mulher suspirou, deixando o cansaço se tornar evidente aos olhos da outra, que a observava em silêncio, respeitando o seu espaço. Emily Prentiss parecia disposta a ouvir qualquer coisa, e não devolveria um julgamento por isso. Estranhamente, sentia-se confortável ao seu lado e ela achava que só seria possível se sentir assim com Penelope, já que era a única integrante da equipe que conhecia.
— Como ele está? — murmurou a pergunta, ainda sem desviar os olhos do teto, mordendo o lábio inferior.
— Vai sobreviver — Emily respondeu.
— Eu não queria... Não queria ter escondido isso tanto tempo dele, mas não fazia sentido contar só para vê-lo sofrer por algo que não vingou — começou a falar, piscando os olhos, e finalmente parou de encarar o teto, voltando a olhar para Prentiss, que permanecia respeitosamente em silêncio. — Descobri quando eu estava no hospital. Não foi um dos melhores momentos da minha vida. Ainda assim… tudo o que eu desejava, era só ele comigo.
— Agente , você não precisa… — Emily tentou dizer, mas foi interrompida.
.
— O quê? — Prentiss questionou.
— Pode me chamar de . — pediu, mexendo os ombros. — Eu prefiro.
Prentiss balançou a cabeça, em um aceno positivo. Não era problema nenhum para ela chamar a outra mulher pelo nome, ela só era acostumada demais a ser profissional com pessoas com quem não tinha uma proximidade semelhante ao que tinha com quem já era da equipe.
— Como eu ia dizendo, — Emily retomou as palavras, com um sorriso discreto nos lábios, como se esperasse ser interrompida de novo —, não há necessidade de você falar algo que não quer. Você não precisa.
— Tudo bem — a outra concordou, beliscando a pele do próprio polegar, uma mania que tinha desde muito tempo. — Não é como se eu tivesse amigos com quem eu pudesse falar disso, às vezes.
A agente Prentiss engoliu a seco. Tinha sido fácil para ela, claro, juntar as peças do quebra cabeça quando estavam investigando melhor o caso mais cedo. Não havia sido uma dedução, mas sim, uma certeza que estava grávida na época em que prendeu Louis McLanner, no entanto, toda essa certeza não dava uma visão clara do que tinha sido, ou era a sua vida. Ex-namorada de Derek Morgan; agente especialista em crimes sexuais; objeto de vingança de um assassino. Eram as três informações sólidas que a maioria da equipe tinham sobre ela, com exceção de Derek e Penelope.
— Desculpe. — Prentiss murmurou, na falta do que dizer. — Achei que houvesse alguém.
— É difícil, pelo menos para mim, manter as relações nesse trabalho. Não gosto de conversar sobre isso com meu parceiro ou equipe — começou a dizer. — No começo, eu conseguia conciliar as duas coisas. Mas com o tempo, fui pegando casos mais extensos. — explicou. — As coisas que eu vejo, ouço, faço… Tudo isso pesa. Comecei a trabalhar demais. Me viciei no trabalho... — confessou. Lá no fundo, havia uma pontada de culpa, mas não se arrependia de sempre escolher a sua carreira. No final, sempre seria a única coisa que permaneceria. — Comecei perdendo aniversários, jantares, datas importantes. Não importava mais se eu tinha que concluir o meu trabalho, eles cansaram. No fim, pararam de me convidar, e eu parei de ir.
Emily assentiu, entendendo perfeitamente. Em sua ocupação, e por experiência própria, era mesmo difícil manter relações naquele ambiente. Era ainda mais difícil encontrar pessoas que entendiam isso, mas existia.
— A única pessoa a quem posso chamar de amiga é a Penelope — completou. — E você sabe que ela não combina com coisas sombrias.
Prentiss riu, concordando.
— Você pode compensar trazendo coisas coloridas — respondeu. — Sim, é uma boa ideia — concordou. Teriam continuado a conversa por mais um tempo, mas a porta fora aberta naquele momento, e Derek Morgan entrou.
não percebeu que tinha prendido a respiração por alguns segundos, até o ar escapar pela sua boca entreaberta. Depois do que ela tinha contado, ele não disse muita coisa, embora pudesse compreender a mágoa nos seus olhos.
— Com licença — Emily murmurou, constrangida com o silêncio e a troca de olhares entre o ex-casal.
Derek deu espaço para a colega de trabalho passar e fechou a porta atrás de si. permaneceu com os olhos nele, incapaz de dizer qualquer coisa para iniciar uma conversa. O que ela poderia dizer depois de tudo, afinal?
— Eu devia ter estado lá — ele murmurou, andando para se sentar no mesmo lugar onde Prentiss tinha estado antes.
— Derek…
Ela não conseguiu completar a frase. Havia tanta coisa que ela poderia ter dito e, ao mesmo tempo, não havia nada. Ela encarou o homem à sua frente, um misto de emoção lhe envolvendo, e suspirou, inclinando o próprio corpo para que pudesse abraçá-lo. Derek apoiou suas mãos ao redor da cintura da mulher, inspirando o seu perfume quase sem querer. Era óbvio, para qualquer um que observasse aquela cena, que eles ainda tinham sentimentos um pelo outro. O silêncio, no entanto, era predominante, como se a coisa mais importante ali, além dos dois corpos estarem abraçados juntos, fosse o momento compartilhado de dor da perda sofrida de um bebê que nunca nasceu. estava mais do que aliviada de finalmente poder ter aquele momento. Ela nunca abandonou a sensação, porém, de que Derek Morgan merecia mais do que aquilo.
O momento durou três minutos exatos.
O agente Morgan foi quem tomou a atitude de se afastar. pigarreou baixinho, não entendendo muito bem como poderia estar constrangida com o clima, mas ela não disse nada. — Está tarde. — ele começou, lembrando do motivo pelo qual tinha ido procurá-la. — A equipe vai para um hotel na beira da estrada para descansar essa noite. Eu… pedi um quarto de casal. Tudo bem para você? A mulher quase sorriu com aquela pergunta. Ela estava preparada para enfrentar a distância dele, mas Derek estava mostrando que aquele não era o caso. — Sim — respondeu. Morgan assentiu e levantou-se da cadeira, sendo acompanhado por , que o seguiu para fora daquela sala. Do outro lado daquela porta, a equipe estava reunida, prontos para irem embora juntos.
— Ah, até que enfim! — Garcia exclamou, andando até . A outra entrelaçou o próprio braço no da amiga. — Eu estava pensando que poderíamos experimentar um restaurante novo e…
— Pen — chamou, com um sorriso contido. — Eu agradeço o convite, mas acho que não estou no clima. Garcia deixou os ombros caírem, desanimada. quase se sentiu culpada por rejeitar o convite de jantar com ela, mas a mulher ainda preferia o conforto de uma cama, cansada das emoções que tinha passado nas últimas horas.
— Vocês podem ir jantar. — Derek disse. — Eu compro algo para mim e . Vamos para o hotel.
Todo mundo assentiu, concordando. Garcia afastou o seu braço de e abraçou rapidamente a amiga. Em seguida, apontou o dedo em riste para Morgan, com uma expressão séria que não combinava nem um pouco com ela.
— Cuide dela.
O aviso fez Derek sorrir, e ele beijou a bochecha de Penelope em despedida. Ela sabia que era um aviso inútil, porque seu melhor amigo cuidaria muito bem de . Não havia nada que ele soubesse fazer melhor naquele momento.
A equipe saiu primeiro, o casal seguindo-os atrás. Morgan entrou em um carro preto e o seguiu, sentando-se no banco passageiro ao lado do homem. Ele deu partida no carro e nenhum dos dois disse uma palavra o caminho inteiro. Derek estava pensativo demais e estava com as emoções muito misturadas, como se não conseguisse identificar o que estava sentindo primeiro. Ela desconfiava que não iria conseguir ter uma boa noite de sono naquele estado. Assim que deitasse sua cabeça em um travesseiro, seus pensamentos a atormentariam. Mais do que já estavam atormentando.
Quinze minutos mais tarde, os dois estavam no quarto do hotel. Era um cômodo pequeno que ocupava uma cama de casal, uma tv e uma escrivaninha, além de um banheiro pequeno. O lugar ideal para quem tivesse a intenção de passar uma noite, como eles. Ou quanto tempo o caso durasse para ser resolvido. apertava os botões do controle remoto da TV freneticamente, passando os canais, sem parar em um especificamente. Derek tinha se enfiado no banheiro para um banho rápido primeiro.
— Por que está tão impaciente? — O homem saiu do banheiro, os pingos de água ainda presente em seu peitoral nu, enquanto a toalha descansava ao redor do seu pescoço.
não respondeu de imediato. Quando seus olhos pousaram no homem, ela engoliu a seco, tentando não olhar muito para a visão que lhe proporcionava. Seus dedos pararam de apertar os botões com tanta urgência e ela lembrou que ele tinha feito uma pergunta.
— Não estou — respondeu.
Derek sorriu, balançando a cabeça. Andou até as malas pequenas — que tinham sido colocadas ali por alguém designado por eles assim que eles chegaram à cidade —, e retirou uma camiseta, vestindo-a, para a infelicidade da mulher. A agente deixou um suspiro resignado escapar e desviou o olhar de volta para a TV. Passava algum filme antigo que ela não conhecia, mas finalmente parou de brincar com os botões do controle.
— Eu vou tomar um banho — ela anunciou, levantando-se da cama e buscando uma toalha.
— Vou buscar comida.
Ela concordou e entrou no banheiro, sem se dar ao trabalho de fechar a porta atrás de si. Derek não olharia sem permissão e, de qualquer forma, ele já não estava mais ali, a julgar pelo clique da porta. retirou as próprias roupas, amarrando o cabelo em um coque apertado, e ligou o chuveiro, sentindo a água gelada.
A agente tentou deixar os pensamentos limpos. As últimas horas ainda estavam vívidas na sua mente e tudo o que ela mais desejava no momento, era o fim daquele caso. Em um trabalho como aquele, havia casos que ela ansiava o fim o mais rápido possível. Mas quando ela própria era um alvo… suspirou, passando o sabonete pelo corpo, em uma lentidão irritante, mas a água estava conseguindo fazer com que ela relaxasse. Para que ela tivesse um completo descanso, só torcia para conseguir deitar na cama e dormir a noite inteira. Seus pensamentos deveriam lhe dar uma trégua, nem que fosse somente por aquela noite.
A sombra das palavras do bilhete de McLanner estava ali o tempo todo, a rondando, como se a qualquer momento o homem fosse aparecer magicamente na sua frente. Balançando a cabeça, ela afastou os pensamentos ruins assim que escutou o clique da porta novamente. Tinha certeza que era Derek e por isso não se preocupou, mas percebeu que tinha passado muito tempo no banheiro. Desligou o chuveiro e pegou a toalha, enxugando a água do corpo.
? — Ela ouviu a voz dele chamá-la.
A mulher não respondeu de imediato. Ela simplesmente enrolou a toalha no corpo e saiu do banheiro pequeno, encontrando-o colocando as sacolas em cima da escrivaninha.
— A opção menos ruim era yakisoba — ele disse, apontando para as sacolas. expressou uma careta, olhando-o.
— Você sabe que… — ela tentou dizer, quando foi interrompida por ele.
— Era a única opção.
Derek cruzou os braços, um meio sorriso querendo aparecer nos lábios, quase como se estivesse desafiando a mulher na sua frente a retrucá-lo. Ela mordeu o próprio lábio, dando de ombros por fim, aceitando a derrota. Era melhor do que passar a noite inteira com fome.
— Eu vou me vingar — decretou. Dessa vez, ele quem deu de ombros, descrente das palavras dela, tendo consciência que ela estava somente de toalha ali. O homem desviou o olhar e começou a tirar as embalagens das sacolas, focando em somente organizar o jantar dos dois. , por outro lado, não parecia ter o mesmo plano.
— Você está duvidando de mim? — murmurou, aproximando-se devagar dele, que ainda não a olhava.
— Eu não disse isso — o agente se defendeu. Ela aproximou-se o suficiente, ficando a poucos centímetros do corpo dele.
— Olhe para mim, Derek — pediu, sua voz baixa demais.
Mas ele ouviu. E quando levantou os olhos para encará-la, como ela tinha pedido, ele engoliu a seco. , com um sorriso pequeno nos lábios, escondia o nervosismo muito bem ao deixar a toalha cair propositalmente do seu corpo, revelando a sua nudez.
Fazia muito tempo, ela pensou. Muito tempo desde que os dois tinham se tocado de maneira tão íntima, o corpo colado um ao outro.
— Derek? — sussurrou, incerta, ao perceber que ele não tinha movido sequer um músculo.
Ele só a encarava com um misto de desejo e saudade e, de repente, ele esqueceu as sacolas, o jantar, tudo.
— Estou admirando — ele respondeu, sincero.
Ela revirou os olhos, engolindo um suspiro, quando ele deu somente dois passos para chegar até ela. As mãos do homem primeiro pararam em sua cintura e ele a puxou para si. Derek, então, começou a passear suas mãos ao redor do corpo dela, como se estivesse relembrando todas as sensações que aquilo tudo lhe causava. Ele inclinou o rosto contra o dela, sorrindo para ela antes de capturar os lábios dela com os seus, beijando-a tão lentamente que ela suspirou contra a boca dele.
Sem saber o que fazer com as próprias mãos antes, levou-as ao redor do pescoço dele, entrelaçando-as ali, enquanto aprofundava e intensificava o beijo. Sem perceber, o agente movia seu corpo junto ao dela, levando-a até a cama. Ele quebrou o beijo por um momento, deitando a mulher no colchão gasto.
puxou a respiração, sentindo um arrepio tomar conta do seu corpo inteiro quando notou o olhar de Derek sobre o corpo deitado dela. Ela lembrava-se de tudo. Do toque da mão dele sob a sua pele, dos seus lábios passeando por cada lugar do seu corpo, de como ele sempre reservava alguns segundos para admirá-la daquela forma, de como ele era irritantemente lento para se livrar das próprias roupas.
Ela não disse uma palavra durante o tempo todo de observação dele. Somente para provocar, ela abriu um pouco as pernas. Percebendo a ansiedade dela, Morgan sorriu, tirando a própria camisa, jogando-a em algum lugar do chão do quarto. Ele aproveitou a abertura e se encaixou no meio das pernas dela, ficando por cima, tomando o cuidado de não derrubar todo o seu peso em cima dela. O analista inclinou o rosto contra o dela, mas não a beijou. Apoiando um braço na cama, com a outra ele começou a explorar o corpo da sua ex-namorada, enquanto seus lábios beijavam cada pele exposta do pescoço dela. Ele trilhou um caminho lento, passando do pescoço para o ombro, chegando até os seios, sentindo a calça começar a incomodar. Quando ele passou a língua pelo bico do seio direito, arquejou, fechando os olhos, aproveitando a sensação que ela quase tinha esquecido de ter experimentado com ele. Era impossível esquecer qualquer coisa com Derek, no entanto, toda vez parecia a primeira vez para ela. Ele apertou a coxa dela levemente, puxando a sua perna, fazendo com que ela ficasse apoiada na cintura dele. Ansioso, Morgan esfregou-se contra o meio das pernas dela e sentiu-o duro através da calça.
— Se livre dela. — ela implorou, abrindo os olhos, incapaz de abandonar o prazer que estava começando a tomar conta do seu ser inteiro.
— Estou tentando estender a brincadeira — ele murmurou contra a pele dela, abocanhando o outro seio com vontade, seus dentes prendendo o bico do seio esquerdo.
sabia que estava molhada. Se ele a tocasse, iria ter certeza disso. Outra hora, ela deixaria ele estender a brincadeira o quanto quisesse, mas tudo o que ela queria no momento era senti-lo dentro dela mais uma vez.
— Não estou com tanta paciência agora.
Ele sorriu, afastando a boca da pele dela, olhando-a.
— Você nunca está.
Mas Derek a obedeceu. O agente afastou-se dela, ficando em pé no chão novamente, apoiada sob os cotovelos no colchão, observando-o tirar a própria calça, como ela tinha pedido. Implorado, na verdade. Quando ele ficou completamente nu na frente dela, piscou os olhos, engolindo a seco, passando a língua nos lábios em seguida.
O membro dele estava duro e ereto, e ela o achou magnífico. Ele se aproximou da agente, fazendo-a deitar novamente. Ela abriu as pernas, deixando-o se encaixar no meio e cruzou suas mãos ao redor do pescoço dele, beijando-o.
gemeu no meio do beijo quando ele finalmente se encaixou dentro dela, começando um movimento lento de vai e vem, preenchendo o espaço entre eles. Tê-lo dentro de si era exatamente como ela se lembrava. Os dois corpos moviam-se sincronizados, os lábios grudados, as mãos acariciando cada pedaço de pele suada um do outro, como se ambos nunca tivessem se separado por um momento sequer.



Continua...


Nota da autora: Sem nota.

Nota da beth Hydra: Oi, querida Aurora. Sua sorte é que você mora longe de mim, porque com esse final, minha vontade é de te perseguir pessoalmente. COMO VOCÊ OUSA?!
Não preciso dizer quanto carinho e admiração tenho pela sua escrita. Não preciso fazer quase nada, em vista que a leitura é tão fluída que passa voando. Que sensação boa poder ler o que você escreve!
Mas, indo direto ao ponto, ao revisar este capítulo, fiquei impressionada com a profundidade emocional que sentimos entre Skye White e Derek Morgan. Esse foi um ponto crucial, que trouxe à tona toda a vulnerabilidade dos personagens e a complexidade de seus sentimentos. Tirando o fato da construção de sensualidade entre eles. Chego até a ficar arrepiada lendo KKKKKKKKK
A cena final no hotel, em que Skye e Derek compartilham um momento de silêncio e hesitação antes de decidirem passar a noite juntos, foi especialmente tocante. Esse momento capturou perfeitamente a tensão e a química entre os dois, deixando claro que, apesar de todas as dificuldades, há um vínculo profundo entre eles.
Nem preciso dizer que foi um prazer revisar um capítulo tão emocionalmente envolvente e bem escrito, né?!

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