Codificada por: Saturno 🪐
Um cliente se dirigiu até o balcão e pediu uma bebida qualquer e ela prontamente começou a preparar a mesma. Enquanto preparava ela pensou na época da faculdade, onde as coisas eram extremamente mais fáceis, os pais a ajudavam com tudo que era necessário enquanto ela fazia planos para a carreira de professora que ela levaria ao fim do curso.
era formada em pedagogia e queria ser professora de criancinhas, essas do pré–escolar e jardim, porque ela definitivamente amava crianças e esse era o seu sonho desde que ela era uma. Passou um ano estudando dia e noite sem parar para o vestibular e conseguiu entrar para a federal. Os pais ficaram orgulhosos e disseram que a filha somente ia estudar, se dedicar e eles pagariam todas as suas despesas até ela se formar. Ela queria pelo menos um pouco de independência, então resolveu que moraria sozinha, foi aí então que ela encontrou um apartamento próximo a faculdade onde dividiria o aluguel com a moça que já morava lá.
… pensou na amiga e sorriu. Terminou de fazer o drink do cliente e entregou para o mesmo e limpou as mãos no avental preto.
Ela e se deram bem logo de cara! Mesmo sendo um pouco diferentes, tanto na idade quanto na personalidade, elas conseguiram criar um vínculo forte. Moravam no mesmo apartamento até hoje.
Porém, muita coisa havia mudado.
por ser dois anos mais velha se formou primeiro em Arquitetura, depois de um ano de muita procura, ela conseguiu um emprego em uma construtora e estava mega feliz. , claro, ficou radiante pela amiga, e estava ansiosa para sua formatura e para logo começar a trabalhar.
Mas diferente de , a amiga estava há dois anos procurando uma oportunidade que nunca chegava. Os pais estavam extremamente desapontados com a menina e quase não a ajudavam mais, por isso ela acabou aceitando trabalhar no bar/restaurante do filho de um amigo dos pais, afinal de contas precisava de dinheiro.
E aí os problemas de autoestima começaram a perturbar sua mente: sentia–se uma fracassada, não achava mais graça nas coisas, se olhava no espelho e não gostava nada do que via, estava farta de levar a vida daquele jeito. Vislumbrou mais uma vez o local que trabalhava e sentiu os olhos se encherem de lágrimas.
estava com o notebook aberto tentando finalizar um projeto que teria que entregar no dia seguinte, enquanto tomava um vinho tinto. Havia tomado banho, estava mais calma da correria do dia–a–dia. estava dando o seu máximo no trabalho, pois pretendia crescer dentro do escritório e até quem sabe juntar um dinheiro e abrir seu próprio escritório.
Os pais de moravam em outra cidade, numa cidade pequena. Eles eram agricultores e tinham uma vida confortável lá. sentia falta deles todos os dias. Mas era muito difícil conseguir tempo e dinheiro para visitar os pais, então eles se falavam quando dava. Sentia falta do ex namorado também, que havia deixado lá para vir para a cidade grande estudar. Nunca mais teve notícias dele… Como será que ele estaria hoje? Será que ainda usava o mesmo perfume? Será que tinha alguém? Claro que tinha! Anos haviam se passado, ele não esperaria por ela esse tempo todo. Balançou a cabeça para afastar os pensamentos e voltou a se concentrar no projeto.
Nunca mais havia se envolvido com alguém de forma séria ou oficial, não conseguia se apaixonar por ninguém, além de estar sempre muito focada em seus estudos e em sua carreira. Mas às vezes sentia falta de ter alguém para encostar a cabeça, um pé para esquentar os seus.
Segurava a mão do mouse com tanta força que poderia até se machucar. A lista com os roteiros já estava pronta. Faltava fazer todas as contas e ver qual lugar compensava mais.
O quarto estava uma bagunça, havia roupa e embalagens de comida espalhados pelo quarto, ela não abria a porta do mesmo para ninguém desde o ocorrido. Faziam cinco dias só, e ela sentia o peito arder 24 horas por dia e sete dias da semana. Ela não sabia o que fazer da vida, parecia que nada mais tinha sentido, além da tristeza ela sentia um vazio, um enorme buraco no peito. Queria sumir no mundo, mudar de casa, de nome, de país, de vida. A perda repentina e prematura do irmão dilacerou seu peito.
Nada nunca mais seria igual.
A mãe e o pai também estavam sofrendo, e em dobro: pela perda do filho e pelo medo de perder a outra filha. Eles tentavam de tudo, mas o esforço estava sendo em vão.
Saiu do quarto vagarosamente, sentindo seu peito doer a cada passo que dava. Viu a mãe e o pai sentados em suas poltronas “vendo” TV. respirou fundo.
— Preciso falar com vocês!
Os pais olharam assustados para a filha e o pai se levantou da poltrona e abraçou a filha. Ela fez o mesmo, retribuindo o abraço.
— Graças a Deus você saiu daquele quarto, ! — a mãe murmurou.
voltou a respirar fundo e então se sentou no sofá, olhando os pais. Os amava muito, mas precisava fazer aquilo.
— Eu vou passar uns dias fora!
Os pais se entreolharam e voltaram a fitar a filha.
— Como assim, filha?
Respirou fundo novamente tentando não chorar desesperadamente na frente dos pais, pois não queria que eles se preocupassem e sofressem ainda mais.
— Eu não consigo ficar nessa casa! Tudo aqui me lembra o Mário! Eu não vou suportar tudo isso se continuar aqui! Eu preciso de um ar, preciso de um tempo, preciso sair daqui, ficar longe um pouco, por favor!
Os pais voltaram a se entreolhar, a mãe de acabou deixando algumas lágrimas rolarem por seu rosto, mas entendia a filha.
— Filha... — ela disse limpando as lágrimas — Se isso vai te fazer ficar melhor, então vá!
O pai assentiu, com o semblante triste.
— Fique o tempo que achar necessário.
— Só mande notícias.
assentiu negativamente com a cabeça.
— Vou deixar meu celular aqui, eu quero realmente ficar sozinha, sem contato com absolutamente ninguém, além do pessoal do trabalho!
Os pais de voltaram a se entreolhar.
— Mas , como vamos ficar sem ter notícias suas, minha filha?
— E se acontecer alguma coisa com você, pelo amor de Deus, !
deixou algumas lágrimas descerem por seu rosto.
— Se acontecer alguma coisa, vocês vão ficar sabendo. A minha decisão está tomada!
Acordou e sentou–se na cama, espreguiçou–se. Olhou a parede amarela do quarto, pegou o celular na escrivaninha ao lado da cama, e olhou as horas: eram treze e quinze da tarde, ela precisava almoçar e se arrumar para mais um plantão. Estava exausta, o plantão da noite passada havia sido agitado, precisava urgentemente de férias ou no mínimo uma folga.
Desceu as escadas ainda sonolenta e a sala estava silenciosa. Chamou então pelo irmão.
— Tae? — nenhuma resposta.
Andou até a cozinha e lá estava o irmão. Chamou de novo.
— Tae? — ela bufou.
O irmão estava de costas para ela e de frente para o balcão da pia, ele amava cozinhar e sempre viajava em um mundo só dele quando o fazia. encostou uma das mãos nas costas de Tae, acariciando levemente, e o mesmo tomou um susto ao ver a irmã.
— Ai que susto, ! — ele colocou a mão livre sobre o peito.
— Desculpa! — ela riu — Fiquei preocupada!
— Que horas você começa hoje?
bufou amarrando o cabelo com uma xuxinha que estava sobre a mesa da cozinha.
— As quatro da tarde!
— Quer comer alguma coisa enquanto o almoço não fica pronto? Mas olha, tá quase saindo.
— E o que você fez hoje?
— Ah, um estrogonofe.
lambeu os lábios.
— Eu amo seu estrogonofe! Na verdade, amo tudo o que você faz.
Desde que haviam perdido os pais, e Taehyung decidiram morar juntos, um apoiava e sustentava o outro nos momentos difíceis, e eram muito unidos. sempre agradecia ao Universo por ter um irmão como Tae.
— Quando vai ter um tempinho para gente curtir? Já sabe?
balançou a cabeça, respondendo com um “não”. Ouviu o celular tocar em cima do sofá e correu até lá para atender, afinal de contas poderia ser alguém do hospital solicitando que ela fosse mais cedo, ou mais tarde.
Atendeu rapidamente sem nem olhar o número.
— Alô? — silêncio do outro lado da linha — Alô?
E nada. Era a quarta vez que aquilo acontecia só nessa semana.
Taehyung olhou para a irmã, assustada.
— Quem é?
— De novo aquela pessoa que liga e não fala nada, só fica respirando.
Tae cruzou os braços, preocupado.
— Vamos fazer um B.O.
— Não. Não deve ser nada, deve ser engano! — ela deu de ombros.
Largou o celular no sofá e olhou o mesmo. Não deixaria Taehyung saber, mas ela estava com medo sim.
Cruzou as pernas impaciente com o moço ao lado com as pernas abertas roçando as suas de propósito. Voltar para casa era sempre esse sufoco, ou ela ia em pé e espremida, ou se sentava ao lado de alguém que a importunava. A cabeça dela doía, parecia que ia estourar a qualquer momento.
— Será que dá para você fechar essas pernas? Não é possível que suas bolas sejam tão grandes assim pra você poder fechar elas um pouco! — ela esbravejou chamando a atenção de todos dentro do metrô.
— Calma aí, bonitinha! Você está muito nervosa! — debochou.
bufou alto e se levantou bruscamente. Preferia ir em pé do que passar por aquele abuso.
Mordeu o lábio torcendo para chegar em casa logo, os saltos estavam a matando e a cabeça também, sem contar o calor devido a camisa social.
Enquanto olhava a cidade passar rápido por sua vista, ela pensou em como a vida era frágil, havia perdido um amigo recentemente, muito novo… Pensou na mãe. Havia três anos que não se viam ou se falavam. nem se lembrava mais do porquê daquela briga ridícula que a fez sair de casa, sem um tostão furado.
Será que a mãe pensava nela? Será que ela sentia falta da filha?
Os olhos da pequena marejaram e ela sentiu um aperto no peito. E só queria chegar logo em sua casa.
Detestava dirigir, só havia tirado a carta devido à pressão da família, que achava que saber dirigir era uma necessidade quase que básica. Pelo menos os pais adotivos lhe deram o carro. O trânsito a estressava muito, e ela sentia enjoo todas as vezes que pegava no volante de um carro. Mas pelo menos ela não dependia de nada e nem de ninguém para ir e vir. Até porque ela não tinha mais com quem contar.
Jogou a bolsa no banco do passageiro enquanto encostava a cabeça no banco, estava cansada. O trabalho a estava sugando esses últimos dias. sentia falta de poder ir à praia ao sair do serviço para ver o pôr do sol, mas fazia semanas que ela saía do trabalho após as oito da noite. Só pensava em ir para casa quando saia.
Ao chegar em casa a rotina era sempre a mesma, jogar a bolsa no sofá, afagar e matar as saudades dos animais de estimação, verificar se eles haviam comido, colocar mais comida e água, limpar a bagunça que eles faziam no quintal, tomar um banho quente, preparar algo para comer ou pedir, sentar no sofá junto dos bichinhos, ver TV, mexer nas redes sociais e dormir.
Os pais adotivos morreram há alguns meses, e ela havia ficado sozinha na casa, e no mundo. Não conhecia seus pais biológicos e tinha poucas informações sobre eles. Depois da morte dos pais adotivos, sentiu a solidão lhe atingir em cheio, a não ser pelos poucos amigos que tinha — três — e dos bichos de estimação, não tinha mais ninguém. Prestes a completar vinte e sete anos, ela vinha pensando muito nisso: na solidão que sentia.
Eram quase dez da manhã e Suga olhou o lado direito da cama, intacto, com o travesseiro no mesmo lugar e o lençol não muito amassado. Lembrou–se do cheiro do cabelo dela, da maciez de sua pele, da risada gostosa dela, respirou fundo antes de levantar.
Suga se olhou no espelho por alguns segundos antes de começar a escovar os dentes. A rotina da casa havia mudado há uma semana. Uma semana que Charlotte havia deixado o apartamento, uma semana que ele não a via, uma semana que ela não atendia suas ligações ou respondia suas mensagens. Eles haviam brigado outra vez, pelo mesmo motivo de sempre: a frieza de Suga.
Suga saiu de casa ainda aos dezesseis anos, seu pai vivia bêbado 24/7, enquanto a mãe trabalhava dia e noite para conseguir suprir as despesas da casa, e apanhava muito. Aquilo feria Suga de todas as formas possíveis, e ele se sentia impotente. Até que fez dezesseis anos, teve uma briga horrenda com o pai para defender a mãe, e foi expulso do lar. Morou com alguns amigos, até arranjar um emprego temporário e alugar um pequeno quarto.
Ele terminou o ensino médio com muitas dificuldades, depois conseguiu entrar na universidade, e escolheu o curso de fisioterapia. Não tinha uma razão especial, ele só leu que na época os profissionais dessa área estavam em falta e a procura havia aumentado. Queria ganhar dinheiro, queria poder tirar a mãe daquela vida. Pensava nela todos os dias.
Yoongi cresceu num lar desestruturado, onde só presenciou violências e abusos. E depois passou todo o final da adolescência sem ninguém, além de alguns poucos amigos. Toda personalidade dele, havia sido moldada na solidão, ele tinha dificuldade em demonstrar seus sentimentos e simplesmente não sabia como o fazer. Não tinha coragem de fazer terapia ou tratamento, pois detestava ser vulnerável na frente das pessoas, e achava que ninguém tinha nada a ver com seus problemas.
Suga gostava da namorada, era a primeira garota que havia despertado seus sentimentos. E ele a tratava bem, do jeito dele, mas tratava. A namorada sabia que Yoongi havia tido um passado conturbado com a família, mas ele nunca se abria, nunca contava tudo. Aquilo estava cansando Charlotte, até que ela explodiu e decidiu voltar para a casa dos pais.
E Suga estava tentando trazer a namorada de volta, mas até o momento sem sucesso. Abriu o guarda roupas, e pegou a única foto que tinha com a mãe. Ele pensou mais uma vez que gostaria de poder ter feito mais por ela em vida. Agora só restavam os pensamentos e um tracinho de saudade do sorriso tímido da mãe.
Vislumbrou a irmã vestida de branco com o jaleco nos braços. pegou a bolsa que estava sobre o sofá e olhou para o irmão. Taehyung, ou V, como os amigos o chamavam, andava preocupado com a irmã. Ela só trabalhava desde que havia se formado, dia e noite. Não tinha tempo para nada, mal comia e estava perdendo peso.
era tudo o que V tinha, ela era a família dele e ele a família dela. Perderam os pais ainda novos, e tiveram que aprender a se virar sozinhos jovens demais. Os dois não tiveram uma juventude normal, eles tiveram que virar adultos muito cedo. E V, se sentia responsável pela irmã, se algo acontecesse com ela, certamente ele se culparia o resto da vida, e não aguentaria.
— Vê se consegue uma folga para esse final de semana. Faz dias que a gente só se vê uma vez. — disse o irmão enquanto lavava as louças.
A irmã se aproximou dele e depositou um beijo delicado na bochecha dele.
— Vou fazer o possível,Tae! — ela piscou — Volto hoje lá pelas duas da manhã.
Ela pegou as chaves do carro e o irmão assentiu com a cabeça, um tanto quanto desgostoso.
Depois que acabou de arrumar a cozinha, ele foi para o escritório. Trabalhava em casa, só ia na empresa quando muito necessário. V é Analista de Sistemas numa empresa que está se expandindo no mercado de tecnologia. Mas na verdade, o que ele queria mesmo era ser chefe de cozinha e ter seu próprio restaurante. Deveria ter escutado : “faça o que seu coração quer, Tae!” Mas ele preferiu fazer algo que os pais se orgulhassem na época, por isso acabou entrando no curso de Analista de Sistemas, mas um ano depois eles acabaram falecendo num acidente de carro.
Como Taehyung queria que tudo tivesse sido diferente, queria que os pais estivessem vivos, queria ter tido uma vida normal, como todos da sua idade. Queria ter ido a festas, queria ter conhecido muitas pessoas, queria ter viajado. Mas ao contrário disso, ele precisou trabalhar para conseguir manter ele e sua irmã. E com isso, ele virou adulto cedo demais.
Vislumbrou o quadro à sua frente. Aquele seria o último e pronto, a exposição poderia ter a data marcada. Continuou olhando o quadro, e pensou em voz alta.
— Quem é você? — ele soltou um suspiro — Por que você aparece todas as noites para mim?
Balançou a cabeça algumas vezes sacudindo os cabelos, pensou que pintando a garota que estava vendo em seus sonhos nos últimos dias pudesse tirá-la de sua cabeça, então ele decidiu finalizar sua exposição com um quadro dela.
Engoliu em seco e viu sua assistente e empresária caminhar até ele.
— Jin? — ela chamou enquanto sorria — E aí? Como estamos com esse último quadro?
— Finalizamos. — ele apontou para o mesmo — Já pode marcar a data da exposição!
Seokjin limpou as mãos com uma toalha, enquanto caminhava para dar uma última verificada nos quadros. A empresária ficou olhando o quadro e pensou que pudesse ser alguma namorada secreta.
— Tá de namoradinha nova? — Serena perguntou divertida. indo atrás de Jin — ele virou–se bruscamente, assustado com a pergunta. De repente a boca secou.
— Claro que não, Serena! É só um quadro! É só um rosto!
Serena balançou a cabeça desconfiada.
— Eu não gostei desse tom de “namoradinha nova”, ficou parecendo que sou galinha, um cara boêmio! — ele lambeu os lábios ainda secos.
Serena riu.
— Bom, de fato, galinha você não é, me desculpe! Não foi isso que eu quis dizer, querido! Agora boêmio… — ela pausou.
— Eu não sou boêmio! — ele reclamou fazendo um bico e cruzando os braços como uma criança mimada — Eu aproveito a minha vida, só isso!
Serena concordou e levantou os braços, dando-se por vencida.
Seokjin era formado em Artes, pintava desde criança, como um hobby, mas se apaixonou pelo hobby e decidiu que era aquilo que queria fazer pro resto da vida.
Quando estava na faculdade conheceu o mundo da fotografia, e quando se graduou em Artes, ele fez um curso bem extenso de Fotografia. Se especializou mais um pouco na pintura, trabalhou bastante como fotógrafo e juntou dinheiro.
Queria abrir seu próprio ateliê/estúdio.
E com a ajuda da avó, conseguiu. Os pais não quiseram saber de Jin quando souberam o curso que ele escolhera, o pai queria que ele o substituísse nos negócios da família, a mãe concordava com o marido. Durante os anos da faculdade as brigas dentro de casa eram constantes, mas Jin nunca se deixou abalar. Ele se manteve alegre e otimista como sempre fora. Hoje Jin falava o básico com os pais, estava começando a ser um artista reconhecido, estava sempre fazendo exposições de suas artes, e estava ganhando bem. Ele até chamava os pais para as exposições, mas eles nunca apareciam. Não davam parabéns pro filho, ou um boa sorte. Mas Jin não lutava mais contra aquilo, ele não brigava mais com os pais. E estava focado agora em sua carreira e em descobrir se a garota do quadro existia.
Cruzou os braços atrás da cabeça, se espreguiçando na cadeira. Os olhos já estavam começando a arder depois de tanto tempo olhando para a tela do computador. Mas estava decidido a não sair do jornal enquanto não acabasse aquele roteiro.
O celular vibrou na mesinha, e ele sorriu. Leu a mensagem e bateu a mão na testa.
— Meu Deus, eu me esqueci completamente do encontro! Ainda bem que ela também não vai poder! — suspirou aliviado.
A garota havia dito que não poderia comparecer ao encontro por um motivo pessoal, o qual JK não se atreveu a perguntar. Esse era o quinto encontro que eles não conseguiam ir. Era incrível como sempre que eles marcavam acontecia alguma coisa em que um dos dois não comparecia ou não poderia comparecer, cancelando o encontro. Mas Jungkook não desistiria!
Ele andava trabalhando muito, sempre fazendo horas extras e às vezes até trabalhando aos finais de semana. JK era novo, estava recém formado e havia conseguido o emprego dos sonhos, em menos de um ano de formado. Então ele estava se dedicando o máximo possível, para permanecer no cargo e trabalhar com o que gostava. Jungkook sabia que tinha tirado a sorte grande e estava na hora de amadurecer, de ser adulto, afinal de contas ele já tinha vinte e quatro anos. Precisava deixar as brincadeirinhas de lado, precisava parar de procrastinar e de achar que ainda era universitário, agora a vida não é só festa e bebida. Os pais estavam cansados das farras de JK, e de ter que pagar por elas, portanto o pai havia lhe dado um apartamento e dito à ele que teria que se virar para viver. Jungkook ficou desesperado e mal acreditou quando arrumou aquele emprego. Agora era sério, ele precisava levar uma vida de adulto.
Ao chegar em casa cumprimentou a mãe com um beijo no rosto e olhou o padrasto largado no sofá com uma cerveja na mão, enquanto a mãe lavava algumas vasilhas. O sangue de Jimin ferveu por dentro das veias. Odiava aquela cena que se repetia todas as noites desde que Jimin se entendía por gente.
— Venha jantar, querido! — a mãe tocou o rosto do filho.
— Eu estou sem fome agora, mas eu janto mais tarde!
— Você é um ingrato mesmo não é, Park Jimin? Sua mãe fez o jantar com todo o carinho para
você! Deixe de frescura e coma a comida!
A mãe de Jimin engoliu seco e segurou a mão do filho que direcionou o olhar raivoso na direção do padrasto que permanecia imóvel no sofá. O maxilar de Jimin travou.
— Você não me ouviu dizer que só não vou jantar agora? Mas que mais tarde eu virei? Mãe, eu mesmo esquento a comida e lavo todas as louças, não se preocupe! Eu só preciso de um banho e um descanso, estou sobrecarregado no trabalho.
A mãe assentiu com a cabeça, enquanto o padrasto de Jimin se levantava.
— Vê lá como fala comigo, moleque! Às vezes acho que você se esquece que fui eu quem salvou você e sua mãe daquela favela que vocês moravam! Eu dei tudo para vocês, o mínimo que você deve é respeito, seu moleque!
Jimin fechou os olhos, engoliu em seco o ódio que sentia e cerrou os punhos.
— Eu vou tomar um banho e já desço para comer! — ele sussurrou para mãe.
Bateu a porta do quarto com força e ainda conseguiu ouvir o padrasto resmungar algo. De fato, o padrasto havia dado uma certa dignidade a sua mãe, porém eles pagavam um preço muito caro por isso. Jimin odiava o padrasto e todas humilhações que já havia passado nas mãos do mesmo. Com seu próprio esforço ele passou em um uma prova e ganhou uma bolsa de estudos em uma boa faculdade, se formou em publicidade e estava agora trabalhando na área, seu único objetivo no momento era juntar a maior quantidade de dinheiro que conseguisse para que ele e sua mãe sumissem dali.
Questionou ao chefe se seria necessário que ele ficasse por mais algum tempo e o chefe disse que ele estava liberado, e agradeceu à Hoseok pela disponibilidade. O garoto disse que não precisava agradecer e que se necessário, era só avisar.
Fechou a porta da sala do chefe e caminhou até o estacionamento onde estava sua moto. Abriu o guarda volumes e pegou sua bolsa, tirou o jaleco, dobrou cuidadosamente e o guardou dentro da mesma, colocando-a de volta no guarda-volumes. Chovia delicadamente, mas Hoseok não se importou, decidiu que tomaria um pouco de chuva, não era de açúcar, e sentiu que talvez a chuva o fizesse se sentir um pouco mais vivo.
Ao chegar em casa, cumprimentou o pai que estava vendo TV.
— Veio mais cedo hoje, meu filho? — Hoseok assentiu com a cabeça.
— Ainda bem! Hoje eu estou um pouco cansado.
O pai olhou para o filho, e ele realmente parecia estar cansado. O rosto estava pálido, ele havia emagrecido muito. As mãos até tremiam. O pai balançou a cabeça e antes de Hoseok subir as escadas o pai o chamou.
— Por que você não sai com seus amigos no final de semana? — o pai sugeriu.
Hoseok soltou um riso nasalado.
— Quais amigos? — ele deu de ombros — Se esqueceu que não tenho?
O pai percebeu que magoara o filho sem querer.
— E no trabalho?
— Eu tenho colegas no trabalho, pai, não amigos! E eles são todos mais velhos e casados. Posso subir? Quero um banho!
— Claro, meu filho! — o pai assentiu com a cabeça.
Jogou a bolsa em cima da cama, sentou-se na mesma e tirou os sapatos e as meias. Ele realmente estava cansado. Pensou que talvez tivesse sido muito grosso com o pai. Eram só os dois e Hoseok fazia de tudo pelo pai. A mãe o abandonou muito pequeno e ele não tem nenhuma lembrança dela.
Hoseok nunca teve muitos amigos na escola, os garotos e as garotas zombavam dele, especialmente pelo fato de a mãe o ter abandonado. Isso fez com que ele crescesse tímido, inseguro e extremamente fechado. Ele tinha medo de deixar alguém se aproximar e ser só uma brincadeira de mal gosto, tinha medo que pudessem voltar a feri-lo como fizeram durante sua infância e adolescência.
Ele teve um amigo na faculdade, Park Jimin era o nome dele. Mas já fazia anos que não se viam, e Hoseok não sabia mais nada dele. Quando Hoseok era criança, seu pai costuma chamá-lo de J–Hope, porque o filho era a única esperança que ele tinha. Mas ninguém sabia disso, ele gostava do apelido, mas tinha medo que o pai o chamasse assim na frente dos colegas de escola e a zoação aumentasse.
Ele balançou a cabeça afastando os pensamentos daquela época que vez ou outra ainda o assombravam. E entrou no banheiro terminando de se despir lá mesmo. A água quente tocou seu corpo e ele finalmente relaxou o corpo.
— Dona Yuna? — a enfermeira chamou — Seu filho está aqui!
Yuna virou o rosto na direção do rapaz, que tinha as mãos no bolso e encarava a mãe com um sorriso que escondia seus olhos.
— Que rapaz mais bonito! Quem é?
O sorriso de Kim Namjoon se desfez na hora e a enfermeira olhou com pesar para o rapaz.
— Sou eu, mãe! — ele se ajoelhou na frente da mãe e segurou uma de suas mãos.
— Ei, não me toque! Eu nem sei quem você é! — ela retirou bruscamente a mão dela da de Namjoon — Saia daqui! Eu não sei quem é você! Meu filho morreu no parto!
Namjoon sentiu os olhos marejarem e abaixou a cabeça, ainda ajoelhado em frente a mãe. Yuna sofria de esquizofrenia, assim que o irmão de Namjoon morreu no parto, ela não suportou e acabou desenvolvendo a doença. Na cabeça de Yuna, Namjoon não existia, ela não tinha nenhuma lembrança dele, apenas do irmão morto. Mesmo assim, Namjoon ia todos os dias ver a mãe. Alguns dias ele entrava e tentava uma aproximação com a mãe, mas eram todos em vão como esse de hoje. Outros dias ele apenas ficava a observando de longe.
Ele amava a mãe, e tinha esperanças de que algum dia ele se lembrasse dele e o amasse de volta.
— O de sempre, bebê? — exclamou Jack limpando um copo com um pano de prato.
— Sim, por favor! Eu preciso muito hoje!
O amigo se afastou para preparar a gin tônica de e ela virou seu corpo e rosto olhando as pessoas no bar. Será que todos ali estavam felizes? Ou será que assim como ela todos estavam ali para se distrair e esquecer momentaneamente os fracassos e as frustrações?
Jack voltou com o drink e eles logo engataram uma conversa, parando rapidamente quando ele atendia uma pessoa ou outra. Abaixou a cabeça sentindo a visão começar a ficar turva e resolveu pegar um ar na área externa do bar. Se sentou ao lado de um rapaz, que ela achou que estivesse dormindo, pois sua cabeça estava escorada no assento do sofá e havia tantas garrafas de cerveja por ali que parou de contar na quinta. Ela olhou novamente para o mesmo de canto de olho e pode ouvir ele resmungando alguma coisa, ela resolveu pegar o celular para não incomodar o moço.
O rapaz abriu os olhos, vislumbrou sentada a seu lado pelo canto dos olhos, se ajeitou no sofá. Um dos garçons do bar passou e o rapaz o chamou pedindo mais uma cerveja, e ele então cutucou desajeitadamente com uma das mãos e olhou para ele. Ele era bonito! Tinha o rosto delicado, o nariz pequenininho, a boca também. Os olhos eram puxados, será que ele era daqui?
— Vai querer alguma coisa? — ele perguntou.
— Acho que não.
— Ah, por favor! Vai? Bebe comigo! Estamos os dois aqui abandonados nesse sofá! Traz uma cerveja pra ela!
franziu a testa e fez uma careta na direção do moço. Ele olhou para ela e sorriu. não aguentou e começou a rir, ele ficou fofo.
— Eu sou o Suga! — ele estendeu a mão.
fitou a mão dele estendida em sua direção, ele se aproximou mais dela no sofá fazendo com que o quadril dos dois se chocassem levemente.
Suga? Que tipo de nome era aquele?
— E eu sou a ! — ela pegou na mão do estranho e balançou.
Ficaram um tempo com as mãos dadas e se olhando. Ele realmente era bonito! E Suga pensou a mesma coisa. Ela tinha as bochechas rosadas, usava um batom vermelho. Olhou os lábios da mesma e achou eles incrivelmente bonitos. Quando o garçom voltou com as cervejas, os dois se deram conta que ainda estavam segurando as mãos um do outro e soltaram rapidamente, um pouco envergonhados.
Os dois pegaram a garrafinha long neck e tomaram um longo gole. Depois Suga olhou para .
— Por que você tá aqui sozinha?
resolveu olhar para ele também. Aquela pergunta era muito pessoal, mas ele era um estranho, estava bêbado e eles nunca mais se veriam depois dali.
— Porque quando me sinto um fracasso, gosto de vir para cá sozinha para beber e espairecer.
Suga assentiu dando mais um gole da cerveja.
— E por que você está se sentindo um fracasso? — ele voltou a mirá-la.
Os olhos dele, mesmo fechadinhos eram intensos. sentiu um arrepio correr por sua espinha e bebeu mais um pouco.
— Você quer mesmo saber? — ela perguntou escorando a cabeça no sofá e fechando os olhos.
Suga passou a observar o rosto da garota, os traços fortes do rosto, o nariz arrebitado, um piercing estava preso ali, ele achou bonito.
— Claro que quero! A não ser que você não goste de desabafar com um estranho no bar que provavelmente nem vai lembrar! — ele deu de ombros.
continuou com os olhos fechados.
— Eu me formei há dois anos atrás em Pedagogia, e sempre foi meu sonho dar aulas para crianças, sabe? — ela abriu os olhos para ter certeza que Suga ainda estava lá.
Ele fez uma careta e bebeu outro gole.
— Nossa, crianças são difíceis! — ele balançou a cabeça.
— Não são! — ela se ajeitou no sofá — Você só precisa saber como tratá-las, como brincar com elas! Elas são muito mais fáceis do que nós adultos, cheios de prisões mentais, cheios de exigências.
Suga pareceu pensar no que a garota disse, e fez outra careta.
— Não sei. Pode ser! Mas e aí? O que rolou?
suspirou voltando a se jogar no encosto do sofá.
— Eu não consigo emprego na minha área de jeito nenhum! Eu já tentei de tudo, mas ninguém me dá uma oportunidade. E para completar, meus pais não me ajudam mais e eu só consegui um emprego de garçonete!
Suga soltou uma risada, cuspindo a cerveja que estava em sua boca e assustando .
— Ei! — ela lhe deu um tapa nas costas — Saiba que é um emprego muito digno!
Ele levantou os braços e as mãos, se rendendo.
— Me desculpe, foi muito indelicado da minha parte, mas é que da forma que você falou ficou engraçado. Me desculpe mesmo, !
Suga balançou a cabeça tentando não rir novamente.
— E você? Tá fazendo o quê aqui, sozinho e bêbado como um gambá?
Suga passou a língua pelos lábios — uma mania que ele tinha desde a adolescência — tomou mais um longo gole da cerveja e viu fazer o mesmo.
— Tive uma briga feia com minha namorada, ou melhor, ex namorada e ela saiu de casa.
não sabia o que falar. Nunca tinha tido um namorado sério, nunca tinha se apaixonado de verdade por alguém, então era uma péssima conselheira amorosa.
— E você já procurou ela, desde o ocorrido? — se contentou em questionar. Suga assentiu que sim.
— Um milhão de vezes! Mas ela não me atende e não responde minhas mensagens.
— Já foi na casa dela? — voltou a jogar a cabeça no encosto do sofá preto.
Suga riu, bêbado, e o acompanhou, também já começando a ficar alterada.
— Capaz dela me expulsar de lá com pauladas! — disse Suga também se escorando no sofá, com a cabeça próxima a de e os dois de olhos fechados.
— Foi um vacilo tão sério assim, Suga?
Ele abriu os olhos.
— Acho que sim, eu não entendo!
— Não entende o quê?
— Vocês mulheres! — riu — Eu a amo, do meu jeito, mas a amo! E ela acha que não!
— Que pesado!
Os dois abriram os olhos e se encararam por alguns segundos. Quando se deram conta, os lábios dos dois já estavam grudados, num beijo com gosto de cerveja.
— Espera! — interrompeu o beijo segurando no rosto de Suga — Isso não é, errado?
Suga tomou outro gole da cerveja e fitou . Nunca a mais a veria, e Charlotte não queria mais saber dele, o que tinha de errado?
— Não. Não se nós dois quisermos! — ele deu de ombros.
terminou sua cerveja, olhou para Suga que também terminava a dele.
— Pode ser no meu apartamento? — questionou Suga arqueando a sobrancelha e se perguntando se aquilo não estava sendo tosco demais.
— Sim, eu moro com uma amiga, portanto...
Os dois sorriam, meio bêbados. Um ajudou o outro a se levantar — se é que isso era possível — e saíram bar adentro, escorando um no outro e tomando cuidado para que não se estabacassem no chão.
Suga pegou o celular no bolso, porém deixou o mesmo cair trincando a tela. Os dois começaram a rir, até que estavam se beijando novamente. Era estranho para Suga sentir os lábios e o gosto de outra que não fosse Charlotte, mas era gostoso!
— Deixa que eu peço aqui!
Suga digitou o endereço e logo eles estavam no apartamento do rapaz. avisou que não dormiria em casa, e compartilhou a viagem com a amiga. Afinal de contas, ela só sabia que ele se chamava Suga.
O sol já estava se pondo e ela precisava correr para a estação de metrô antes que escurecesse, detestava andar sozinha pelas ruas quando estava escuro. Lembrou da quantidade de coisas que ainda teria que fazer quando chegasse em casa.
V pedalava pela ciclovia com a mochila pesada nas costas, precisou resolver uma emergência na empresa, e resolveu que usaria a bike que estava parada há algum tempo. Até que avistou uma garota, casacos pretos, calça preta vindo em sua direção. O garoto achou estranho, afinal de contas aquilo era uma ciclovia, e ela não deveria estar ali, mas com certeza ela estava o vendo e passaria para a calçada assim que se aproximasse.
Mas não foi bem isso que aconteceu, quando V tentou desviar da garota acabou não conseguindo e esbarrou na mesma com certa força, caindo no chão com tudo e se dando conta de que a garota também caíra. Taehyung retirou a mochila das costas , se levantou limpando os braços e as calças, e correu em direção à garota.
Taehyung ajudou a garota a se levantar com cuidado.
— Tá tudo bem com você? — questionaram os dois ao mesmo tempo.
percebeu que um dos braços do rapaz estava com alguns arranhões e cortes e se preocupou.
— Nossa, me desculpa! Eu estava distraída e nem vi que estava na ciclovia, assim como nem vi você vindo! Você quer ir pro hospital dar uma olhada nisso aí?
V deu uma olhada nos braços e fez uma careta com os lábios.
— Imagina, são só arranhões! Eu tô bem, e você? Se machucou, está com dor em algum lugar?
Ele apertou o braço dela com delicadeza como se quisesse se certificar que não havia nada quebrado ali. fitou os olhos do garoto. Ficou perdida ali por alguns segundos até que ele a apertou de novo chamando sua atenção.
— Hã? — ela questionou voltando a si — Eu tô bem! Não me machuquei não.
V a olhou ainda desconfiado.
— Tem certeza? — sorriu sem mostrar os dentes afirmando que sim com a cabeça — Vou te ajudar a pegar suas coisas!
Taehyung se abaixou pegando a bolsa e as pastas de .
— Me desculpe, eu tentei desviar, mas já estava muito perto de você.
— Imagina. Eu que te peço desculpas! Eu estava no lugar errado.
Os dois ficaram algum tempo se encarando. V reparou que ela quase não tinha maquiagem alguma no rosto e mesmo assim era muito bonita.
— E a sua bike? — ela perguntou.
Taehyung entregou as coisas pra ela e foi até a bike, a levantou e andou com a mesma até um banco que havia ali na pequena praça. o acompanhou se sentando no banco enquanto o garoto dava uma olhada na bicicleta. Ao que poderia ver, a bicicleta não parecia estar das melhores, as correntes pareciam ter estragado e começou a ficar apreensiva. Onde estava com a cabeça? Fazia aquele caminho todos os dias, sabia da ciclovia, por que diabos havia se metido ali?
V tentou arrumar as correntes da bike, mas foi em vão, somente uma bicicletaria para resolver o problema. Ele bufou e se sentou ao lado da garota que ele não sabia o nome.
— E aí? — questionou olhando o rapaz.
— Bom, eu vou ter que mandar consertar.
se sentiu culpada pelo estrago, afinal de contas ela quem havia provocado o “acidente”.
— Ei! Não se preocupe, eu faço questão de pagar pelo conserto!
— Não, imagina! — Taehyung balançou a cabeça em negativa.
— Não, eu faço questão, moço! Se não eu vou ficar a noite toda pensando nisso, vou ficar remoendo isso dentro de mim!
tinha um senso de justiça muito aguçado desde pequena. Ela realmente estava se sentindo culpada.
— Isso aqui não é nada! Eu mesmo... — ela interrompeu.
— Por favor! — tocou o braço dele.
Os dois cruzaram os olhares de novo. Havia algo nos olhos dele que ela não sabia explicar, mas gostava de olhar para eles.
V deu de ombros.
— Tá bom, mas só porque você insiste muito!
sorriu, aliviada e ele sorriu timidamente de volta.
— Toma aqui o meu cartão! Tem meus telefones aí. Quando você for consertar me liga, vamos juntos e eu pago!
retirou de dentro da bolsa o cartãzinho de seu escritório com seu nome e seus contatos.
Taehyung observou o cartão e nele dizia: “Concrete Escritório de Arquitetura e Projetos” embaixo o nome dela completo, um telefone fixo e um celular.
Ela era arquiteta, design de interiores ou algo assim, ou só trabalhava lá com alguma outra função? Ele não se atreveu a perguntar, afinal de contas não tinha intimidade nenhuma com a menina. Mas já sabia que seu nome era .
— Bom, eu já vou indo, não quero chegar tarde em casa. — ela se levantou do banco — Mil desculpas mais uma vez pelo incidente, eu não queria estragar sua bike.
V também se levantou e guardou o cartão de no bolso.
— Imagina, isso acontece! — ele sorriu.
— Me liga, hein? Por favor, eu faço questão de pagar o conserto. E cuida desses arranhões aí!
— Pode deixar. E eu espero que você não tenha mesmo se machucado!
Os dois sorriram novamente e deu um tchau para V com a mão e voltou a fazer seu caminho, agora na calçada para não ser atropelada novamente.
Parou no meio do caminho, girou o corpo e gritou.
— EI! — Taehyung se virou.
correu desajeitadamente até ele com certa dificuldade por causa das pastas que carregava. Taehyung achou fofo e então começou a rir.
— Qual o seu nome? Você não me disse. — ela coçou a cabeça meio sem jeito.
— Taehyung, mas pode me chamar de V!
— Bom, como diz aí no cartão eu sou a . Você vai me ligar mesmo não é V?
Taehyung voltou a gargalhar com o desespero de .
— Vou sim, . — ele disse o nome dela e sentiu o coração dar uma leve acelerada.
Ela sorriu sem mostrar os dentes e estendeu a mão pra ele.
— Prazer então, V! — ele tocou a mão dela com delicadeza.
— Prazer .
Os dois voltaram a seguir seus caminhos, mas hora ou outra olhavam para trás e se olhavam. se sentia estranha, um estranho havia mexido com ela? E V sentia a mesma coisa, e aquilo estava esquisito para os dois. E ainda se veriam de novo, o que poderiam esperar desse segundo encontro?
Pegou um táxi e foi para sua pousada. Estava cansada, então pensou em chegar e dormir um pouco para recarregar as energias, depois iria ver o pôr do sol em alguma praia e andar um pouco. Afinal de contas, ela precisava daquilo.
O pôr do sol acalmava , era assim desde que era pequena, ela e seu irmão sempre assistiam, não importava aonde estivessem. O intuito de tudo isso era que pudesse entender melhor e aceitar a morte do irmão. Ela precisava aceitar que agora somente ficariam as lembranças, e precisava conviver com elas em paz, precisava que elas não a machucassem mais, para assim voltar para casa e para sua vida sem todo o sofrimento que isso causava. Ela não queria também perder mais ninguém, então não queria deixar mais ninguém se aproximar, pois sabia muito bem o quão doloroso poderia ser perder mais alguém.
Abriu a porta do quarto, bem simples. Uma cama de casal, pois estava acostumada a dormir em uma, um banheiro, uma televisão, a janela dava direto para o jardim da pousada, ficou ali admirando o lugar por um tempo, fechou os olhos sentindo o vento e o cheiro que a maresia trazia.
Não havia levado o celular, apenas o computador, pois precisava trabalhar pelo menos durante as manhãs. Resolveu mandar um e-mail para o pai e para as amigas para dizer que havia chegado ao seu primeiro destino e informar que estava tudo bem e não precisavam se preocupar. Sabia que as amigas e os pais estavam preocupados, mas pelo menos estava dando notícias de seu paradeiro, então se acalmou quanto a isso.
Resolveu tirar apenas os sapatos e se deitou na cama, fechando os olhos e sentindo o corpo relaxar gradativamente e assim adormeceu.
Acordou assustada, procurando pelo celular sobre a cama e se sentou. Abriu os olhos com dificuldade e se escorou na cabeceira da cama. Lembrou-se de onde estava e que não estava com o aparelho. Olhou as horas no relógio e percebeu que precisava se apressar se quisesse ver o pôr o do sol, então se levantou e tomou um banho. Vestiu-se de um short jeans, seu biquíni preferido e uma regata.
Caminhou pela avenida alguns quilômetros até chegar à praia, tirou os chinelos e colocou os pés na areia, fechou os olhos sentindo seu corpo ser energizado pelo quentinho da areia. Caminhou mais um pouco e sentou-se por ali mesmo em cima de sua canga. Tirou os óculos escuros e vislumbrou a imensidão azul e infinita do mar. Amanhã certamente tomaria um banho de mar, carregando ainda mais suas energias. Pensou no irmão, fechou os olhos, e lembrou deles juntos na praia.
gostava de vê-lo surfar, por horas. Depois os dois se sentavam, assim como estava, e conversavam até o sol começar a se pôr. Ali, ela chorou. Sem barulho, sem escândalo nenhum, sem alarde.
Ali, agora, aquela dor era só dela. Sem os pais por perto, sem os colegas de trabalho, sem as amigas. E ela precisava daquilo, precisava sentir aquela dor para que ela pudesse ir embora, mesmo que aos poucos.
Assim ficou até que o sol começasse a se esconder, vislumbrou a imagem como sempre fazia desde pequena, sentiu o coração apertar, mas de uma forma boa, como se fosse o irmão a tranquilizando. comeu um crepe de um sabor qualquer, afinal de contas precisava se alimentar.
Depois disso resolveu caminhar pela praia, sem rumo algum, só para pensar na vida, em como seria dali para frente. Até que avistou uma fogueira, um grupo de pessoas com violões, cantavam, dançavam, riam, pareciam estar se divertindo. cruzou os braços e ficou os observando, havia algum tempo que ela não se divertia daquela forma. Sentiu uma imensa vontade de se juntar a eles, mas como? Era uma garota estranha, desconhecida, não podia simplesmente chegar e se juntar a eles do nada.
Ficou mais um tempo os observando, até que uma garota de cabelos enrolados e com uma coroa de flores e colar havaiano veio em sua direção. se assustou e pensou que a garota certamente estava indo tirar satisfações com ela por estar bisbilhotando a festa deles.
— Oi! — ela disse acenando com a mão — Vem! O que vocês dois estão fazendo aí parados?
Dois? pensou. E só aí então ela viu um garoto bem alto e magro parado perto dela, ela nem tinha se dado conta. E ele parecia também estar observando o luau assim como ela.
A garota, até então desconhecida, segurou a mão de e do garoto e saiu os levando para onde estava a fogueira e todo o resto do pessoal. sorriu achando engraçado aquilo tudo, mas não se opôs.
A garota disse que eles podiam ficar à vontade, se sentar, dançar, comer e beber. E se sentou na areia perto do fogo, estava com um pouco de frio e havia saído da pousada sem uma blusa de frio, apenas com uma fina regata. Sentiu alguém se sentar ao seu lado. Se atreveu a olhar para a pessoa e viu que era o garoto que foi arrastado para o luau junto com ela, e uau, ele era muito bonito.
pôs-se a observar o rosto do garoto. O nariz, a boca, parou um pouco ali, a boca dele era de um vermelho tão intenso que Vivan podia jurar que ele usava algo para deixá-la naquela cor, e os lábios eram carnudos, os mais bonitos que já havia visto. Os cabelos eram bem pretos e ela reparou que ele era asiático ou descendente dos mesmos. Foi aí que os olhos dele se encontraram com os dela.
Jin sentiu o coração acelerar por debaixo da blusa que usava, e ele simplesmente não conseguia acreditar no que seus olhos viam ali. Ele engoliu seco e sua visão ficou turva, ele achou que ia desmaiar ali na areia da praia. Fechou os olhos, achando que agora a garota além de persegui-lo em sonhos, perseguia-o acordado também em alucinações. Assim que abriu os olhos, ela continuava ali na frente dele, o olhando assustada.
— Tudo bem, moço? — ela questionou.
O que estava acontecendo? Ela era real? Ele não estava alucinando? Como aquilo era possível? Ela era exatamente igual a garota que ele sonhava todos os dias. Jin estava tão perplexo que abriu a boca para falar, mas não conseguiu.
A garota então se aproximou dele, abanando Jin com as mãos, achando que ele talvez estivesse passando mal, e de certa forma ele estava mesmo.
— Moço? — ouviu ela questionar de novo.
Nada. Jin mal respirava e não conseguia reproduzir nenhum som. A menina então pediu para a garota que os levou até ali, pegar água, e ela mesmo não entendendo nada, o fez. entregou a garrafa para Jin, que aceitou e bebeu quase a garrafa toda de uma vez. A menina o olhava, apoiada em seus joelhos, ainda assustada.
Jin passou novamente os olhos por ela, e sim era ela! Ele tampou a garrafa e começou a tentar se acalmar, ou ela acharia que ele era maluco.
— Me desculpe! — ele finalmente conseguiu falar — Acho que minha pressão baixou! Obrigada pela gentileza da água.
Ele entregou a garrafa para ela que pegou e deu um gole. Depois os dois se olharam. Jin ainda não acreditava que estava de frente para a garota dos seus sonhos.
— Imagina! Você está melhor mesmo?
Jin sorriu, ainda nervoso. pensou em como ele conseguia ficar ainda mais bonito sorrindo.
— Estou sim! Muito obrigado, mesmo. — ele passou a língua pelos lábios — Qual seu nome?
já tinha ensaiado todo um roteiro para caso conhecesse alguém pelo caminho que questionasse seu nome. Não estava ali para criar laços, para paquerar, só queria se reconectar consigo mesma, aceitar a morte do irmão, pensar no que fazer dali para frente. Não contaria seu nome de verdade para ninguém.
— Olívia! — ela mentiu.
Jin balançou a cabeça, encantado, com a boca meio aberta. Estava hipnotizado.
— E você? — “Olívia” questionou.
— Pode me chamar de Jin! — respondeu o moreno dizendo a verdade.
sorriu e estendeu a mão, Jin queria abraçá-la e dizer que sonhava com aquilo há meses, mas aí sim a garota o acharia um completo maluco, então ele apertou a mão dela. Os dois sorriam abertamente um para o outro, e engataram uma conversa.
Jin queria saber tudo sobre a garota que invadia seus sonhos todas as noites. O problema é que não havia falado a verdade de basicamente nada. Até que eles resolveram levantar um pouco, dançaram, beberam um pouco. Até que resolveu que precisava ir embora, estava ficando tarde.
— Eu levo você até onde está hospedada. É perigoso!
não queria ter que mentir mais uma coisa para Jin, ela havia gostado dele, ele parecia ser uma ótima companhia, mas realmente era perigoso ir embora sozinha aquela hora da noite numa cidade que não conhecia nada nem ninguém. Então aceitou. Assim que chegassem em alguma pousada perto da sua, ela diria que era lá e quando Jin fosse embora ela caminharia para sua verdadeira pousada.
— Você está sozinha, aqui? — Jin atreveu a se perguntar.
— Estou, vim sozinha! — ela olhou para ele.
Deus, como ele era bonito!
— Eu também vim sozinho. — ele jogou a isca.
, não era boba e percebeu o que ele estava querendo dizer.
— Se quiser, podemos nos encontrar amanhã! — mordeu o lábio com medo se arrepender.
Jin sorriu, como se fosse uma criancinha ganhando um presente.
— Eu posso vir te buscar na sua pousada.
— NÃO! — se exaltou e Jin se assustou.
— Imagina! Você tá longe daqui! Não vou me sentir confortável em te dar esse trabalho. A gente se encontra aqui nesta praia, perto do quiosque onde tava acontecendo o luau e decidimos para onde vamos, pode ser?
— Se você achar melhor, claro! Que horas? Umas nove?
assentiu que sim, e percebeu que sua pousada estava próxima, então parou de andar.
— É aqui! Prontinho, pode voltar para sua pousada. — ela sorriu sem graça por estar mentindo — Muito obrigada!
— Obrigado você também! Bom, então até amanhã! — ele levantou a mão dando um tchau sem saber direito o que fazer.
— Até! — retribuiu o aceno.
Jin não se aguentou e acabou depositando um beijinho rápido no canto da boca de e logo saiu correndo, tal qual mais uma vez como uma criança, e riu. Havia realmente gostado dele.
Agora ele precisaria cortar a cenoura, na receita falava que era para cortá-la em diagonal, então lá foi JK tentar fazer o processo, habilidoso que só, ele acabou por cortar a palma da mão com a bendita faca. Assustado com a quantidade de sangue que estava saindo e com a dor que estava sentindo, ele pôs a mão debaixo d'água na pia mesmo, com a intenção de estancar o sangue, mas não estava adiantando. JK começou a se desesperar e ele não tinha nenhuma caixinha com coisas de primeiro socorros em casa, então resolveu que iria ao pronto socorro mais próximo, como não estava em condições de dirigir, foi até o vizinho da frente e pediu que o mesmo solicitasse um carro pelo aplicativo e o vizinho questionou se ele queria companhia para ir até o hospital e Jungkook agradeceu. Pegou um pano de prato qualquer e cobriu o corte, que só sangrava. A cabeça de JK começou a doer assim que ele entrou no carro, devido a dor que sentia.
Pensou que nunca mais chegaria ao hospital, assim que chegou, se aproximou da recepção e contou o que havia acontecido, a recepcionista fez um breve cadastro do mesmo e pediu que ele aguardasse que seria chamado.
— Mas moça, está doendo muito e não para de sangrar!
— Vamos lhe atender rapidamente, peço que espere!
Jungkook assentiu e se sentou em um assento qualquer, o sangramento não parava e ele começou a perceber que não conseguia sentir a mão. Ficou imediatamente muito preocupado. Tirou o pano que cobria o corte e só via sangue. A cabeça e o corte latejavam sem parar.
Ouviu seu nome ser chamado em uma pequena porta por uma moça vestida de branco, então ele finalmente foi em direção à mesma que pediu que ele a seguisse.
Ela abriu uma portinha, adentrou por ela e JK fez o mesmo, de costas para ele, a moça pediu que ele se sentasse na cadeira preta e ele assim o fez. Quando a moça finalmente o olhou, JK pensou conhecê-la de algum lugar. E então ela se aproximou, ele finalmente a reconheceu. Mas estava um pouco atônito.
— Cortou com uma faca de cozinha, Senhor Jeon?
— Sim. — ele respondeu enquanto a ruiva tirava o pano de sua mão.
— Está conseguindo mexer os dedos?
Jungkook fez que sim com a cabeça, um pouco assustado.
— Só não sinto a palma da mão.
A enfermeira então pediu que ele se levantasse e ele assim o fez.
— Provavelmente você vai precisar dar alguns pontos aí, tá bom? Pode me acompanhar até a sala do médico, por favor?
Ele assentiu, olhando a enfermeira. Tinha certeza, era ela! Será que ela não havia o reconhecido ou estava apenas sendo profissional por causa de algum protocolo ou algo assim?
Assim que os dois adentraram a sala branca do hospital, pôs-se a falar com o médico, que aparentava estar já na casa dos seus quarenta e poucos anos. O médico cumprimentou Jungkook com um aperto no ombro e então pôs-se a olhar o machucado em sua mão.
— Olha, nada que alguns pontos não resolvam viu, Jeon Jungkook?
Jungkook fez uma careta ao ouvir a solução para o ferimento, mas fazer o quê?
A água gelada escorreu pelo corte de Jungkook e ele fechou os olhos, soltando um gemido de frustração e contraiu a mão.
— Calma! Vai passar rapidinho essa dor, me deixe limpar o ferimento, hum?
Ele abriu os olhos e ela o fitava com um sorriso terno nos lábios. Os cabelos castanhos estavam presos em uma trança, e ela parecia exausta. Jungkook sabia que ela era enfermeira e que os plantões dos últimos dias estavam sendo exaustivos.
Jungkook abriu a mão e deixou que a enfermeira limpasse o lugar. Após o feito, ele se sentou novamente e a enfermeira avaliou o ferimento em sua mão.
— O procedimento é bem rápido, o doutor já vem para fazer a sutura, ok?
— Seu nome é ? — ele questionou não prestando muita atenção ao que a enfermeira falava.
A morena olhou para ele assustada.
— Por que a pergunta? — ergueu uma sobrancelha.
— Porque se você não for, é muito parecida com uma que eu conheço! Nos conhecemos num aplicativo de relacionamentos!
começou a reparar nas feições do garoto. O cabelo roxo e cumprido, a pele branquinha. Pegou o celular, abriu o aplicativo, ampliou a foto e sim, era ele!
começou a rir e Jungkook também. Eles estavam há meses conversando e há dias tentando marcar um encontro, que nunca acontecia, sempre acontecia algo com ela ou com ele. Quem diria que eles iriam se encontrar num plantão de , cuidando de um ferimento feito a faca na mão de JK?
— Eu não consigo acreditar! — ela disse se recuperando da crise de risos.
— Nem eu!
— A gente foi se encontrar logo aqui? Logo desse jeito?
Jungkook riu e logo em seguida fez uma careta, sentiu o corte dar uma fisgada intensa.
— O que você tava fazendo Jungkook? E como eu não fui me ligar! Não existem muitos “Jeon's Jungkook 's" no mundo. Caramba!
abriu um armário, pegando os materiais necessários para já deixar tudo pronto para o médico.
— Eu te reconheci assim que entramos naquela primeira sala.
ficou vermelha. Ela estava um trapo, não dormia há dois dias, o cabelo sem lavar, não havia uma maquiagem sequer no rosto, ficou envergonhada de ser vista por Jungkook naquele estado. Ele era tão bonito! Como ela pôde não tê-lo reconhecido? Precisava muito de algumas folgas, sua cabeça não funcionava mais direito.
O doutor retornou para sala e permaneceu ao lado dele para caso ele solicitasse algo ou precisasse de ajuda. Nisso ela foi conversando com Jungkook, tentando distraí-lo da dor. Assim que o doutor acabou o procedimento ele passou as instruções para JK.
— Prontinho! Olha, isso é tipo uma mini cirurgia, viu mocinho? Você tem que tomar cuidado para não infeccionar isso aí, e para os pontos não arrebentarem. Em cerca de sete dias tem que voltar aqui para tirar eles.
Jungkook assentiu com a cabeça e agradeceu ao médico que saiu para fazer um receituário.
— Com você, no caso? — Jungkook se aproximou de ficando cara a cara com ela.
sentiu a garganta fechar e olhou os lábios do garoto próximo aos seus.
— O quê? Retirar os pontos? Com o Doutor, mas talvez a enfermeira de plantão seja eu! Quem sabe?!
se afastou de Jungkook, mesmo que sua vontade fosse de não o fazer. Mas estava em seu local de trabalho.
— E quando a gente vai de fato se encontrar? Já que nosso primeiro encontro foi graças a uma tragédia! — exagerou Jungkook.
riu, enquanto guardava os materiais de volta no armário.
— A gente se fala! Minha vida é uma bagunça JK, você sabe! — ela fez um muxoxo.
Jungkook mordeu o lábio.
— Você vai precisar comprar anti-inflamatórios. Aqui perto tem uma farmácia, passa lá agora e já compra. Você vai tomar um a cada oito horas, entendido?
— Qualquer anti-inflamatório? — perguntou Jungkook.
— O nome está aí na receita! — sussurrou fazendo JK ficar sem graça.
Agradeceu ao médico e se despediu dele, sendo acompanhado por até a saída da sala. Os dois se olharam e ficou na ponta dos pés para dar um abracinho em JK, que retribuiu com os braços em suas costas. Ela estava cheirosa.
— Até mais! A gente ainda vai conseguir se encontrar direito, eu juro! E se cuida! Qualquer coisa, qualquer dúvida me manda mensagem, tá?
JK sorriu ao vê-la preocupada.
— Pode deixar. Bom trabalho, e vê se arruma um tempo pra você! — ele piscou.
sorriu vendo-o sair pela porta que dava acesso à recepção do pronto socorro.
JK foi até a farmácia, comprou o anti-inflamatório, a mão ainda doía. Depois acabou por almoçar ali perto. Passou pela porta do hospital de novo, e ficou se perguntando que horas o plantão de acabaria. Decidiu que a esperaria, afinal de contas, ele não sabia quando finalmente teriam outra oportunidade de se verem. Esperaria por ela até a hora que fosse. Ali na porta mesmo.
JK olhou as horas no celular e já eram dez da noite, ele bufou e estava prestes a desistir quando apareceu no estacionamento do pronto socorro. Ela avistou Jungkook e esforçou as vistas, como se quisesse se certificar que era ele mesmo. O garoto correu até ela.
— Uau! Como você trabalha! — ele coçou a nuca.
— Você está fazendo o quê aqui, até agora? Passou mal?
— Não! Quer dizer, tá doendo um pouco, mas já tomei o anti-inflamatório. Eu estava te esperando!
JK abriu um grande sorriso. abriu a boca em formato de “o” e passou as mãos pelo rosto, cansada. Analisou o garoto, e pensou por alguns instantes: e se fosse ele que estivesse ligando para ela todos esses dias? Ficou assustada, ainda mais por ele ter esperado mais de 8 horas por ela ali. Será que ele sabia dos horários dela e havia cortado a mão de propósito só para ser atendido por ela?
— Putz, Jungkook! Como assim?
— , quando é que teremos outra oportunidade como essa? — ele ergueu a sobrancelha — Você trabalha quase todos os dias, nos horários mais variados possíveis! Eu estou trabalhando até tarde e em alguns finais de semana também!
olhou bem dentro dos olhos de JK. Ele não parecia ser um psicopata. Mordeu o lábio, pensativa.
— Eu entendo, JK! Mas eu estou exausta! Não durmo há dois dias! Não como direito há semanas!
— Justamente! Vou te levar num lugar com a melhor comida dessa cidade, você se distrai, come bem, descansa e a gente ainda tem o nosso encontro. , pensa bem!
Ela finalmente estaria de folga amanhã, estava com um pouco de medo de Jungkook ser o seu stalker, mas ele estava a olhando com tanta vontade que ela decidiu aceitar.
— Tá bom, você tá de carro?
— Não, eu não consegui vir dirigindo.
— Claro! — ela bateu a mão na testa — Então vamos no meu. Pra onde você vai me levar?
— É surpresa! — JK piscou.
dirigia de acordo com as orientações de JK. Ele era muito engraçado, então ela e ele riram o caminho inteiro, até finalmente pararem em frente ao grande Philadelfia Park e Bowling.
Estacionaram o carro e desceram.
— Você me trouxe para jogar boliche?
— Sim! Lembra que você me disse que o primeiro encontro ideal seria num lugar onde pudesse jogar boliche? A gente inclusive marcou de vir aqui umas três vezes.
sentiu que havia ficado corada de novo, como ele lembrava daquilo?
Os dois adentraram o lugar, que estava um pouco cheio, logo conseguiram uma pista.
— JK, sua mão? — questionou enquanto se ajeitava para pegar uma bola.
— Eu tenho duas mãos e você é enfermeira! — ele piscou fazendo a ruiva gargalhar.
era ótima no boliche, enquanto Jungkook… Coitado, era péssimo! Pelo menos estava fazendo rir. Ela bem que tentou dar algumas dicas pro garoto, mas de nada adiantava.
— Eu não sou tão ruim assim, é porque estou capenga da minha melhor mão!
— Aham, sei! — gargalhou outra vez.
Depois de algumas partidas, os dois resolveram pedir algo para comer.
— Que bom que você insistiu para que eu viesse!
Jungkook sorriu e pegou a mão dela sobre a mesa. subiu o olhar até ele.
— Então, você não se arrependeu?
riu.
— Claro que não! Eu me diverti muito hoje. Como não me divertia há tempos com alguém, obrigada mesmo.
— Eu que te agradeço! Foi o encontro mais inesperado da minha vida! Ainda bem que cortei a minha mão!
deu um leve tapinha no ombro de JK.
— Credo! — eles riram — Espero de verdade que a gente possa ter outros encontros.
— Teremos! Você não vai se ver livre de mim assim tão fácil, Senhorita !
Adentrou a sala de seu chefe que havia o chamado assim que ele chegasse. Sentou-se de frente ao mesmo, que o parabenizou pela contratação e não poupou elogios ao desempenho do rapaz durante o período de estágio. Jimin aumentou o sorriso e agradeceu o chefe pela oportunidade e prometeu ao mesmo que não o decepcionaria.
— Jimin, a partir de hoje, sua rotina e funções mudam um pouco tá?
Jimin ficou um pouco preocupado, bom quando estagiário, ele aprendeu um pouco de cada função, mas a que ele ficou mais tempo foi ajudando Leona com a parte de desenvolver e manter a imagem das marcas dos clientes. Mas ele topava qualquer coisa, afinal de contas se sentia completamente capacitado para assumir qualquer função e sabia que era muito bom em tudo que se propunha a fazer.
— Certo! Como quiser! — Jimin voltou a sorrir.
— Leona não faz mais parte do quadro de funcionários da empresa. O marido dela foi promovido e eles vão se mudar, e eu resolvi que a , vai assumir o lugar dela por já ter trabalhado lá antes de termos você! Eu já até falei com ela! E você fica com as funções dela.
Jimin tentou buscar a imagem de na mente, e se lembrou de ter falado brevemente com ela quando aprendeu um pouco de cada função, e se ele bem se lembra ela ficava responsável por desenvolver produtos, desenhos de embalagens, criar conteúdos para rótulos, participava de escolhas de formatos, cores, materiais e etc.
— Certo! Sem problemas nenhum!
— Você vai ter a como parceira, ok? Vou mantê-la na função, porque ela entende muito e desde que entrou aqui, ela fica com essa parte, tudo bem?
— Tudo bem! — Tentou se lembrar da tal , mas sem sucesso.
— Pode se sentar lá na mesa dela e esperar por ela, já já ela deve estar aí!
Os dois deram as mãos e o chefe o desejou boa sorte. Assim que Jimin saiu da sala do chefe, acenou para ele, sorridente. Ele acenou de volta e caminhou até a morena.
— Bem vindo, oficialmente agora Park Jimin! — estendeu a mão para o rapaz e depositou um beijinho em sua bochecha.
Ele retribuiu o beijo na bochecha da mesma e agradeceu.
— Pode sentar aqui, na minha mesa ou na da , ela já deve estar chegando. Eu vou indo, tenho muita coisa para fazer, você bem sabe como é lá né?
— Sei sim, é bem corrido lá! Boa sorte, ! Se precisar de ajuda! — Ele piscou.
Jimin escolheu uma das mesas e logo começou a colocar suas coisas sobre a mesma, ignorando completamente as coisas de , já postas ali. Terminou de arrumar suas coisas e saiu para pegar um café.
cumprimentou alguns colegas enquanto caminhava em direção à sua mesa. Quando chegou até a mesma, notou logo de cara que tinha algo estranho, suas coisas estavam todas num canto e havia coisas de outra pessoa dispostas ali. Olhou a mesa de , que estava quase vazia e achou estranho. O dia mal havia começado e ela já estava estressada.
Jimin voltou e se sentou na cadeira de , ajustando a mesma para suas medidas e fitou a garota de cabelos loiros claros olhando-o com cara de poucos amigos.
— Pois não? — Ele ergueu uma sobrancelha.
— Pois não? — ergue a sobrancelha de volta e bufou logo em seguida — O que você está fazendo na minha mesa estagiário?
— Sua mesa? — Ele olhou ao redor — Estagiário?
Jimin gargalhou, o que fez com que sentisse cada poro de seu corpo ferver, e claro, provavelmente seu rosto estava vermelho como um pimentão, pois ela sempre ficava assim quando ficava com raiva. era conhecida por ter o pavio curto. Jimin estava provocando a garota errada.
— Ah, eu errei? Você não é estagiário, é menor aprendiz né? — Ela jogou a pasta sobre os papéis dele.
— Olha, querida — Ele começou, irônico. — Nem um, nem outro, agora acredito que sou seu mais novo parceiro de trabalho! Você é a não é?
olhou para Jimin com cara de desdém. Novo colega de trabalho? Como assim? O aprendiz só podia estar delirando.
— Muito boa a piada, aprendiz! Agora vaza da minha mesa e chame a por favor!
Jimin voltou a gargalhar e cruzou os braços abaixo do tórax fazendo com que alguns músculos se destacassem na camisa branca perfeitamente passada. passou a língua pelos lábios ao observar, algo que não passou despercebido por Jimin, que sorriu, maliciosamente.
balançou a cabeça, voltando para a realidade, quando o chefe a chamou até a sala dele.
— Quando eu voltar, quero minha mesa do mesmo jeito que eu encontrei, aprendiz!
O chefe gritou para que Jimin viesse também e voltou a arquear as sobrancelhas estranhando o fato.
Os dois se sentaram e o chefe disparou:
— Já conheceu seu novo parceiro de trabalho? — O chefe sorriu.
voltou o olhar para Jimin, que sorriu debochado de volta para a nova parceira.
— O menor aprendiz? E a ? Ela não comentou nada comigo de uma possível mudança!
O chefe a corrigiu:
— O Jimin não é menor aprendiz , por favor, não comece com suas implicâncias com os novatos! O Jimin era estagiário e foi efetivado.
— Certo, meus parabéns Jimin! — Ela lançou um olhar furioso na direção dele que lhe lançou um beijo com as mãos — E porque ele não está com a Leona?
cruzou os braços irritada e o chefe revirou os olhos. Só não a mandava embora porque ela era extremamente competente.
— Porque a Leona pediu demissão e a foi para lá, ela só soube hoje quando chegou, assim como você!
— Então bota ele com a , horas! É a única coisa que ele tem experiência.
— , por favor! — O chefe bateu a mão sobre a mesa fazendo com que os dois se assustassem.
Jimin segurou o riso.
— Eu acho que o Jimin tem perfil e gabarito o suficiente para assumir essa função, e você vai me prometer, que não vai sabotá-lo, porque se isso acontecer já sabe, não é? E vai ajudá-lo, vai ensiná-lo com paciência e competência, porque isso eu sei que você é!
bufou, ainda irritada, mas o que ia fazer? Ele era o chefe. Olhou Jimin que mantinha aquele maldito sorriso debochado.
— Tudo bem! Não tenho outra escolha! Vamos aprendiz! — Ela se levantou dando as costas aos dois.
— ! — repreendeu o chefe — Jimin, ela é uma boa pessoa! Com o tempo você vai ver! Me desculpe!
— Imagina! Ela não me intimida! Mesmo que ela não me aceite, eu farei o meu melhor.
Ele saiu da sala e viu de longe resmungando, fazendo caretas e gestos com as mãos, mudando suas coisas para a mesa que era de . Jimin sorriu.
— Jimin um, zero!
Ele gargalhou e lhe tacou um caderno.
Depois da farmácia, os dois foram comer alguma coisa para que pudessem conversar sobre como a vida andava. Jimin contou que ainda tinha problemas com o padrasto, mas que agora estava efetivado numa empresa de publicidade com um bom salário e que assim, logo poderia sumir com a mãe da casa do padrasto, Jimin estava muito feliz e Hoseok se alegrou pelo amigo, ele era uma boa pessoa. Já Hoseok contou que pouca coisa havia mudado, ele também estava trabalhando na área, continuava morando e cuidando do pai, mas que ainda era muito fechado, e ainda não conseguia fazer amigos. Foi aí que Jimin teve a ideia: no sábado haveria uma confraternização do escritório para comemorar as metas batidas. Seria numa chácara com tudo pago e se os funcionários quisessem poderiam dormir por lá e cada um poderia levar um acompanhante. Jimin não levaria ninguém até aquele momento, então resolveu ajudar o amigo a se soltar mais e fazer amizades, e também ele não tinha muitos amigos no escritório. Além de e , bom, não era bem uma amiga, eles se aturavam, e Jimin e estavam ficando muito amigos, e como ela era amiga de e sua parceira de trabalho, eles eram obrigados a conviver juntos nos almoços e cafés, além das oito — às vezes dez — horas de trabalho.
Jimin chamou Hoseok para ser seu acompanhante na confraternização, o que o garoto de primeira recusou, pois não se sentiria confortável e achou que Jimin só o estava chamando por pena. Mas Jimin não aceitou a resposta do amigo e insistiu, disse que passaria em sua casa às quatorze horas no dia, pediu que o amigo fizesse uma pequena mochila e que não aceitava não como resposta. Os dois trocaram telefones, se despediram e voltaram para suas casas. Ambos felizes de terem se reencontrado, especialmente Hoseok. O sentimento de solidão, havia diminuído em seu peito. Conversou com o pai sobre o passeio, com receio do mesmo ficar sozinho, mas o pai estava adorando a novidade e incentivou o filho a ir com o amigo.
Os dois se cumprimentaram assim que Hoseok entrou no carro. O amigo reparou que Hoseok estava cheiroso.
— Tomou banho no perfume? — os dois gargalharam.
— Meu pai também disse que eu exagerei! — ele ficou vermelho enquanto rodava um dos anéis no dedo.
— Olha, eu não tenho intimidade assim com todo mundo não, sabe? Tipo, eu ainda sou meio novato, e acabou que por eu ser estagiário sou um dos mais novos lá, tipo você lá no seu trabalho. Eu tenho duas amigas lá. Bom, mais ou menos, uma delas eu só aturo porque é minha parceira de trabalho, ela é insuportável, então por favor nada se apaixonar por ela!
Hoseok riu alto — como sempre fazia — e bateu a mão na perna de Jimin.
— Só estou indo porque você me obrigou, esqueceu?
Jimin olhou ofendido para o amigo que voltou a gargalhar.
— Brincadeira, amigo! Fiquei muito feliz com o convite, e estou indo para te fazer companhia.
Jimin estacionou o carro e os dois desceram, se aproximando de onde estava vindo o barulho, todos esperavam um dia ensolarado para cair na piscina, mas o dia estava nublado e frio o que fez com que pelo menos Jimin e Hoseok se agasalhassem. Jimin vestia uma camiseta branca e calças jeans e um casaco com estampas em cores claras que refletia certo brilho e o cabelo loiro dessa vez, diferente do dia a dia não estava em um topete e sim partido ao meio, fazendo com que ele parecesse mais informal e Hoseok não estava muito diferente do amigo, vestia uma camiseta branca com calças jeans, um casaco lilás bem claro com bolsos com algumas plumas e o cabelo também não estava liso como de costume, estava um pouco bagunçado e parecia até meio enrolado.
Assim que os dois adentraram Jimin começou a cumprimentar alguns colegas que estavam por ali e apresentou Hoseok a eles, é claro. E começou a procurar e , bom não que ele fizesse questão de ver , mas como as duas eram grudadas, se visse uma, ele com certeza veria a outra.
Hoseok apertou o ombro do amigo.
— Onde você quer sentar?
— Estou procurando as meninas, vamos nos sentar com elas.
Hoseok assentiu.
— Esse lugar é enorme e tem bastante gente. — Hoseok comentou — Me descreva elas que eu te ajudo a procurar.
— Ah, uma delas é minúscula e tá sempre com a cara feia, parece o zangado dos sete anões.
Hoseok gargalhou levando as mãos até a boca para abafar o som de sua risada.
— Essa provavelmente é a sua parceira?
— Sim.
— Mas eu perguntei de aparência!
— Ah, eu não reparo nela! — mentiu Jimin.
— Ok! — Hoseok deu de ombros — Então como é a outra?
— Tem os cabelos bem curtinhos, bem curtinhos mesmo, e pretos.
Hoseok se afastou um pouco do amigo e deu uma geral no lugar, até que vislumbrou uma garota que se enquadrava na descrição dada pelo amigo. Hoseok estreitou os olhos e bom, ela era a única garota com os cabelos curtos por ali. E gargalhava de algo que outra garota em pé ao seu lado dizia.
— Acho que achei! — Hoseok chamou Jimin com a mão — São elas?
— ISSO! São elas! Vamos!
Jimin saiu na frente com Hoseok logo atrás.
— Nem para pegarem uma mesa? Aposto que foi a que escolheu sentar aqui.
— Ai, menino, me esquece! Nós vamos ter que aturar ele a festa inteira? , você me paga!
e Jimin se olharam e ele como sempre sorriu debochado, afinal de contas adorava implicar a parceira. E fez uma careta para ele.
— Não sei se você tá vendo direito, talvez esteja com problema de visão, mas não tem mais mesas! Chegamos agora mesmo e agradeça a que achou esse lugar aqui para a gente sentar, Park Jimin!
balançou a cabeça enquanto os amigos se implicavam e então reparou no garoto que estava ao lado de Jimin observando e Jimin discutirem, segurando o riso.
Ele era tão bonitinho, pensou . Seria irmão de Jimin?
— Vocês estão assustando o rapaz! Tenham modos! — interrompeu a discussão inútil dos amigos.
Hoseok direcionou o olhar para onde vinha a voz e uau. Assim de perto ela era incrivelmente bonita. E tinha um sorriso ainda mais bonito. Hoseok sentiu que estava para ficar vermelho e Jimin bateu uma das mãos nas costas do amigo.
— Esse é o Hoseok, meninas!
— Seu irmão? — questionou para Jimin.
— Se for seu namorado não precisa mentir, viu? Nem eu, nem a somos homofóbicas! E ninguém na empresa é também! Inclusive, ele é muito bonito para você, Jimin! Prazer Hoseok, eu sou a ! Infelizmente sou parceira de trabalho do seu namorado, mas olha que somos só parceiros mesmo, viu?
Hoseok apertou a mão de rindo. E Jimin revirava os olhos.
— Sei que está fazendo isso para me tirar do sério! Como se não bastasse você me encher a paciência de segunda a sexta.
gargalhou ao ver que tinha conseguido.
— Brincadeira, Hoseok! Vocês são irmãos?
— Não! Somos amigos da época da faculdade.
— Ah, então posso te cumprimentar direito.
depositou um beijo na bochecha de Hoseok.
— Nada de tentar seduzir meu amigo! Prefiro que ele fique com você, ! Deus me livre de ter que aturar a com um dos meus melhores amigos!
Hoseok ficou vermelho e então deu um soquinho nas costas do amigo. e riram da reação do garoto.
— Ele não faz meu tipo, aprendiz! Nada contra, Hoseok! Mas eu prefiro homens com barba, sabe?
Hoseok voltou a gargalhar, ainda vermelho.
— Vamos parar com isso! O menino está assustado, com certeza! Não liga, Hoseok, eles são assim, 24/7.
— Como você aguenta? — os dois riram e Jimin e ficaram ofendidos.
— É uma boa pergunta, Hoseok! Você também é publicitário?
se levantou de onde estava sentada.
— Não, sou químico! — respondeu sem jeito.
— Uau! — colocou uma das mãos nos ombros de Hoseok — Amiga, pode investir!
fez uma cara séria para como se dissesse que a brincadeira não tinha sido de bom tom e ela deu de ombros.
— Que legal! Nunca conheci um químico! — ela piscou e Hoseok voltou a ficar vermelho.
achou ele a coisa mais graciosa que ela poderia ver naquela noite. Garotos tímidos tinham um lugar em seu coração. Ela mesmo havia demorado muito tempo para superar a timidez, e sabia muito bem como Hoseok estava se sentindo.
— Você não queria uma bebida, ? Eu também quero, vamos pegar?
finalmente tirou a mão do ombro de Hoseok e falou que sim. Antes, passou por Hoseok e depositou um beijo em sua bochecha, segurando a outra parte do rosto dele com uma das mãos.
— Prazer Hoseok!
Ele nada conseguiu dizer, apenas sorriu para a garota.
— Olha só! Você tá fazendo sucesso J—Hope, tem até marca de beijinho na bochecha!
Hoseok fez uma careta pro amigo ao ouvir o apelido.
— Elas só estão sendo educadas, Jimin. Mas elas são bonitas! Especialmente a .
Jimin começou a fazer cosquinhas no amigo, que ria enquanto tentava segurar as mãos do amigo.
— Quer beber alguma coisa? — Jimin questionou.
— Sim, o mesmo que você beber.
— Senta aí que eu vou lá com as meninas e a gente já volta.
Hoseok assim o fez. Despercebidamente ele levou a mão até a bochecha onde o amigo havia dito que estava a marca e sorriu.
Jimin alcançou as meninas, puxou o cabelo de que resmungou e lhe deu um tapa.
— O que tem para beber?
— Você não pode beber, menor aprendiz!
Jimin revirou os olhos.
— Você com um metro e meio quer falar o quê? Você parece ter quinze anos, !
— Fico feliz de parecer mais nova! — ela pegou no queixo dele rindo e Jimin achou estranho.
— Tem cerveja, tem caipirinha e um monte de drinks e você pede ali! — apontou para uma espécie de bar — Você deixou o seu amigo sozinho?
Jimin disse que sim e perguntou porque.
— Coitado, Jimin! Ele é super tímido. Não se larga pessoas tímidas sozinhas!
— Mas eu tenho certeza que ele preferiu ficar lá sentado quietinho do que encarar essa multidão toda aqui!
— Ele é tão bonitinho! — fez um biquinho.
Jimin sorriu para a amiga, deu mais um puxão no cabelo de e foi para o bar. Quando voltou passou por e novamente, elas conversavam com Dinah, uma senhora que era responsável por captar novos clientes para o escritório.
Sentou—se ao lado de Hoseok e lhe entregou a cerveja.
— Tudo na paz por aqui?
— Claro! — Hoseok ergueu a cerveja e os dois brindaram.
Jimin olhou para as garotas e voltou a olhar para J—Hope — gostava do apelido e não entendia porque o amigo não — e teve uma ideia. Assim que olhou para eles para se certificar que eles estavam mesmo ali, Jimin se afastou de J—hope, deixando um bom espaço entre os dois, ergueu as sobrancelhas e ele bateu com a mão no lugar dizendo a mesma que era para ela se sentar ali ao lado do amigo, no meio dos dois. Ela fez um gesto com as mãos que já estava indo.
— O que você tá fazendo, Jimin? — Hoseok questionou o amigo sem entender.
Jimin voltou a se aproximar do amigo e cochichou em seu ouvido.
— Dando espaço para que a se sente ao seu lado. Quando fui pegar as cervejas ele me disse que você era bonito.
Hoseok sentiu as bochechas esquentarem, e então gargalhou dando um tapa no ombro do amigo.
— Não seja bobo, Jimin! Você espera que eu acredite? — ele voltou a rir.
— Eu mentiria uma coisa dessa pra você Jung Hoseok? — Jimin colocou a mão no peito, ofendido.
J—Hope olhou pro amigo e bagunçou—lhe os cabelos. voltava para onde eles estavam e Jimin abriu novamente espaço para a amiga que segurou o vestido longo para não pisar na barra do mesmo enquanto passava por Jimin. Sentou—se no meio dos amigos.
— Seu amigo te deixou aqui sozinho, né? Eu briguei com ele, ele te falou?
Hoseok sentiu o hálito quente e bater em seu pescoço enquanto ela falava com a boca próxima a seu ouvido. O corpo dele havia reagido, e ele estava arrepiado. Engoliu seco enquanto tomava um gole da cerveja.
— Não! Ele é muito vaidoso para contar isso! — os dois gargalharam.
Depois disso se aproximou e deu um sorrisinho ao ver a amiga com Hoseok, sentou—se ao lado de Jimin, e colocou um dos braços sobre um dos ombros dele. Jimin a olhou com cara de assustado.
— Ai, eu estou bêbada, ok? Me deixe! Aliás, obrigada por ter trago seu amigo, a estava precisando conhecer gente nova! Pelo menos uma dentro, né menor? Eu até poderia te dar um beijinho na bochecha por isso!
Jimin fez cara de nojo, o que fez rir. Mas ele não tirou o braço dela de lá e ela também não se afastou.
Hoseok e conversavam sobre as profissões e disse que estava impressionada com o trabalho do rapaz.
Até que a cerveja de ambos acabou.
— Vai querer mais uma, Hoseok? — apontou para a cerveja —
— Vou sim, e você?
— Vou! Bora lá buscar?
Hoseok se levantou e ergueu a mão gentilmente para que aceitou. Assim que ela se levantou acabou pisando na barra do vestido e se desequilibrando um pouco, Hoseok com o reflexo mais rápido que de um gato a segurou pela cintura impedindo que ambos caíssem no chão. Agora ali estavam os dois, com os rostos colados um no outro, tanto que podia sentir a respiração dele bater em seus lábios. Ambos não reagiram de primeira, e Hoseok acabou por apertar a cintura fina de que fez o mesmo com os ombros do loiro. O que era aquela sensação?
— E o Hoseok e você? Quando vai ser o date? — perguntou despretensiosamente.
se lembrou do loiro e deu um sorriso de canto, depois deu de ombros.
— A gente conversa quase todos os dias, mas até agora nada dele tocar no assunto.
— Toque você! — piscou — Você sempre foi tão pra frente com essas coisas!
riu, sem jeito, mas era verdade. Ela nunca teve problema em se aproximar ou tomar a primeira atitude quando se tratava de romances, mas naquele caso ela sentia que o garoto a via apenas como uma amiga. Havia rolado um clima na festa da empresa, mas depois não passou daquilo. Os dois conversavam bastante por mensagem e até por videochamada, afinal de contas estavam trocando nomes de livros e suas respectivas experiências com os mesmos. Tinham os gostos incrivelmente parecidos quando se tratava do assunto. Mas não sentia que ele queria algo mais além daquela bela amizade que estava surgindo. Então preferia deixar como estava, gostava do garoto, então por que não serem bons amigos?
— Ah não sei, ! Acho que ele só quer amizade, sabe? — deu de ombros de novo.
observou a amiga chateada com a situação.
— Ah, que pena! Vocês dois iam ficar tão bonitinhos juntos! Você ainda quer um namorado?
riu enquanto terminava de comer um pedaço do bolo.
— Acho que sim! — fez um biquinho fofo.
— Faz o seguinte… Que tal a gente ir jantar hoje? Amanhã tanto eu quanto você, e o infeliz do Jimin, só começamos na parte da tarde mesmo! Nós podemos ir jantar, você me conta mais sobre isso e a gente pensa em algo, além de você se distrair da solidão da sua casa!
— Pode ser! Aonde?
— Hum, que tal no Ginger Sushi? — a amiga sugeriu sorrindo, pois sabia que o lugar era perfeito .
— Ai, pode ser! Amo!
As duas combinaram o horário e disse que precisava ir ao banheiro enquanto a amiga disse que terminaria de guardar as coisas, se despediram com um até mais tarde.
estava desposta a arrumar nem que fosse um sexo casual para a amiga que parecia estar realmente necessitada, e quem sabe disso não surgia realmente um namoro? Já que Hoseok não queria, com certeza alguém se interessaria pela amiga. era voluntária num lar para idosos, e lá ela conheceu Namjoon, um rapaz que estava com a mãe internada lá devido a esquizofrenia. Todas as vezes que ia até o local ele estava lá com a mãe, mesmo que de longe, já que a mãe não o reconhecia mais. Morria de pena pela história do garoto. Ele era um homem bonito que certamente fazia o tipo da amiga e pelo que ela bem sabe, ele não tem ninguém. Era hora de agir. Buscou o número do amigo da agenda e digitou.
“Hey, Nam! Quanto tempo, não? Que saudade! Precisamos pôr o papo em dia, tô numa correria danada, nem tempo de ir ver você, sua mãe e meus outros velhinhos estou tendo! Que tal irmos jantar hoje que nem fizemos da última vez que nos vimos? Tem algum compromisso hoje?”
Apertou “enviar” e voltou para sua mesa, com um sorriso confiante nos lábios.
— Hum, tá com esse sorriso no rosto por que? Ficou boba?
Bagunçou os cabelos de Jimin — sabia que ele odiava ter o topete bagunçado.
— Eu sou uma gênia menor aprendiz! — jogou os cabelos e sentou—se em sua cadeira.
— Você vai ficar até mais tarde hoje?
— Não posso! Tenho um compromisso com a !
— Eu vou ficar, vou adiantar algumas coisas. Você também deveria ficar!
— Cuida da sua vida!
Jimin revirou os olhos. O celular de vibrou sobre a mesa e a mesma só faltou pular sobre a mesma para pegá—lo. Jimin achou estranho, principalmente porque a baixinha abriu um mega sorriso.
— O que você está aprontando? — ele ergueu uma sobrancelha.
— Nada que te interessa! — respondeu a loira com desdém.
Jimin rodou a cadeira até chegar próximo à colega que bloqueou o celular na hora.
— Que isso, Jimin? Quem te deu essa intimidade? — os dois trocaram um olhar intenso.
— Isso me cheira rolo e com homem ainda!
— E? — perguntou fitando o loiro, divertida — Tá com ciúmes, menor aprendiz? Ah, por favor!
Ela começou a gargalhar e Jimin fez uma careta para a colega.
— Você é maluca mesmo, olha as idéias!
Jimin voltou para sua posição balançando a cabeça, mas ficou de olho na parceira pelo canto dos olhos.
desbloqueou o celular e finalmente pode ler com calma a mensagem de Namjoon:
“Oi, pequena! Saudades também! Pensei em te mandar mensagem ontem mesmo, para saber se estava tudo bem! Um jantar? Eu topo, claro! Hoje mesmo? Que horário e onde? Me diga, e eu estarei lá! Um beijo!”
Ludmila sorria de orelha a orelha. Jimin soltou um muxoxo, que ignorou. Tinha certeza que era o plano perfeito e que Namjoon e eram o casal perfeito. Buscou por algo no telefone e então utilizou o telefone fixo de sua mesa.
— Oi! É do Ginger Sushi? — aguardou — Eu queria fazer uma reserva para dois hoje em nome de Miranda.
Aguardou novamente, e Jimin a olhava escancaradamente com um olhar de surpresa.
— Que foi?
— Você não disse que seu compromisso era com a ?
— Mas é! Ai como você é chato, Jimin! — revirou os olhos.
— Você tá aprontando, não tá, ? O que você vai aprontar pra ?
— Isso! Até às nove e meia no máximo! — respondeu ao telefone — Preciso que seja num lugar mais afastado, que seja a luz de velas, por favor!
Jimin cruzou os braços abaixo do peito. Ali tinha e ele queria descobrir o que era. Assim que desligou o telefone ela olhou Jimin e gargalhou.
— O quê, Jimin? Eu não posso marcar um encontro romântico com a minha amiga? Encontros românticos podem ser somente entre casais?
— Você realmente acha que eu sou bobo, né?
— Acho! Tá aí uma coisa que você acertou! Repare bem quando for no espelho, você tem cara de bobo!
Jimin revirou os olhos e lhe jogou um papel de salgadinho.
— Hoje será um girls night, vou levar minha amiga para comer sushi, porque ela ama à luz de velas! Já que seu amigo não foi capaz de proporcionar um encontro romântico à ela, proporcionarei eu! Inclusive, tô indo! Até amanhã, curupira júnior!
Jimin cerrou os olhos pensando no que disse, e resolveu que daria uns toques em J—Hope depois.
enviou uma mensagem a amiga dizendo que a reserva da mesa estava em seu nome e avisou Namjoon o local, o horário e que a reserva da mesa estaria em seu nome. O mesmo confirmou que iria.
deu uma última olhada no espelho, ajeitou a presilha roxa no cabelo, que estava jogado para o lado esquerdo. Detestava usar o cabelo repartido de lado, mas a ocasião pedia um penteado.
Checou se todas as coisas estavam na bolsa: documentos, um batom, a carteira. Vestia uma calça vinho de cintura alta, um cropped preto que deixava um pedaço de sua barriga à mostra, mas nada demais, só um pequeno pedaço mesmo. Não usava salto, optou por um tênis preto e pegou o casaco da mesma cor da calça e pôs sobre os ombros sem ainda vesti-lo. sempre fora friorenta e depois de ter cortado o cabelo bem curto sentia ainda mais frio.
Ela queria beber um pouco de saquê e não achava de bom tom ir de carro, então pediu um carro de aplicativo. Chegou ao restaurante e informou ao recepcionista que tinha uma reserva no nome da amiga e o mesmo o levou até a mesa.
Havia algumas velas aromáticas iluminando o lugar e nenhuma outra mesa ao redor. tinha cada ideia exótica. riu se sentando na mesa, ao notar o clima de romance que havia ali. Pegou o celular dentro da bolsa e avisou a amiga que já havia chegado e então pôs—se a observar o cardápio do lugar. Amava comida japonesa e nunca havia ido àquele restaurante em específico, mas sabia que era um dos melhores.
Namjoon ajustou o cardigã que usava enquanto dizia boa noite ao recepcionista.
— Eu tenho uma reserva no nome de uma amiga. Miranda!
O recepcionista assentiu e pediu que ele o acompanhasse. O local estava lotado. Fazia tempo que ele não saía com amigos, o trabalho e toda a história com a mãe o estava consumindo. Fez uma nota mental de sair mais enquanto acompanhava o recepcionista. Assim que o mesmo apontou a mesa, Namjoon achou estranho, havia uma moça sentada na mesma e não era .
— Com licença, moça — ele arranhou a garganta e a moça o olhou — Acho que você se sentou na mesa errada!
olhou ao redor e voltou a olhar o rapaz.
— Acho que o senhor é que se equivocou! — ela voltou a olhar o cardápio.
Namjoon soltou um suspiro longo e olhou o relógio. Não tinha tempo para perder. O cardigã que ele usava voltou a cair, o incomodando de novo, ele ajustou o mesmo.
— Moça, eu não quero te constranger ao ter que chamar o recepcionista novamente!
Foi a vez de soltar um suspiro cansado.
— Pois foi ele mesmo que trouxe aqui nesta mesa, que está em nome de Miranda, minha amiga! Marcamos hoje no trabalho, às vinte e uma exatamente aqui, querido!
passou os olhos sobre o rapaz. Ele era alto, um tanto quanto musculoso, era o que dava para ver através da camiseta branca colada que ele vestia e o cardigã azul claro. A calça preta social lhe dava um ar mais sério. Os cabelos jogados para trás com gel, eram de um cinza que ela nunca havia visto.
— Miranda? — ele perguntou e assentiu — Estranho, ela não me disse que traria uma amiga.
— Não te disse? Como assim? — estreitou os olhos.
Namjoon voltou a suspirar pesadamente fazendo com que seu peito subisse e descesse e achou aquilo sexy.
— Ela marcou aqui comigo também, nesse mesmo horário!
— Então vamos ligar para ela e perguntar se ela já está vindo! — deu de ombros despreocupada — Ela me disse que seríamos as duas, um jantar de garotas!
Namjoon achou estranho, então pegou o celular no bolso e ligou para a amiga, colocou no viva voz. levantou. O rapaz então pôs—se a reparar na garota. Os cabelos curtos, normalmente Namjoon não gostava de cabelos tão curtos quanto os da menina, achava que era masculino demais, mas nela não, havia ficado delicado, assim como seu rosto e suas mãos.
— ? — Namjoon disse — Onde você está?
— Você já chegou, Nam?
— Sim, já cheguei!
gargalhou.
— E a , já chegou aí?
e Namjoon se olharam. Namjoon acreditava que sim, que já tinha chegado e provavelmente era a moça em pé ao seu lado.
— Já! Ela já está aqui, e quando você chega? — ele ergueu uma sobrancelha desconfiado.
a essa altura do campeonato já havia percebido o que a amiga havia feito e então soltou um riso nasalado balançando a cabeça, achando graça.
— Eu não vou! Marquei um encontro às cegas entre vocês dois! Vocês dois estão solteiros, vocês dois não beijam na boca e não transam há muito tempo, e precisam disso! Então, aproveitem o encontro! Namjoon, essa é a minha amiga de infância e colega de trabalho! , esse o Namjoon, que conheço do abrigo! Bom jantar, bebês! Amanhã eu quero todos os detalhes, ! Beijinhos.
Ela gargalhou e desligou o telefone. Namjoon, estava com cara de poucos amigos e o maxilar travado.
— Você precisa relaxar um pouco, caramba! — argumentou rindo — A é maluca, e se você conhece ela há pelo menos uma semana, já deveria saber disso! Bom, eu vou jantar! Afinal de contas eu estou morta de fome e preciso de um saquê!
voltou a se sentar no mesmo lugar de antes, voltando a olhar o cardápio. Namjoon continuou com o maxilar travado, mas acabou por se sentar em frente à garota.
— Você já veio aqui outras vezes?
— Nunca. — respondeu Namjoon seco.
olhou o garoto e deu uma risadinha.
— Há quanto tempo conhece a ? Sei que tem um bom tempo que ela é voluntária lá nesse abrigo, e ela ama.
— Um ano e meio mais ou menos. — sorriu ao se lembrar da amiga.
— Eu a conheço desde que tínhamos doze anos.
Namjoon engoliu seco e pegou o outro cardápio. Um garçom se aproximou e perguntou se eles já sabiam o que pedir.
— Você pode me dizer qual a especialidade da casa? — perguntou curiosa.
Namjoon assim como ela prestou atenção ao que o garçom falava.
— O prato mais famoso da casa é o Mix Ussuzukuri, que consiste em trinta lâminas de peixe, onde dez são de peixe branco, dez de atum e dez de salmão, cebolinha a gosto, banhados em um molho de shoyu, suco de duas laranjas, suco de um limão taiti, e temperados com hondashi e togarashi.
— Dá para duas pessoas? — Namjoon questionou.
— Certamente, senhor!
e Namjoon se olharam.
— Pode ser para você? — assentiu que sim com a cabeça.
O garçom perguntou o que eles beberiam e quase gritou que queria seu tão esperado saquê o que fez com que Namjoon segurasse uma risada.
— Você vai beber saquê também, senhor mau humor? — brincou.
— Eu não costumo beber quando estou dirigindo, então me trás um suco de — o interrompeu.
— De maracujá, por favor, da fruta se possível, ele tá um pouquinho mal humorado!
Namjoon olhou novamente com cara de poucos amigos enquanto o garçom pedia licença e saía e ela questionou divertida.
— Eu falei alguma mentira?
Namjoon soltou outro suspiro enquanto ela gargalhava jogando a cabeça para trás. Namjoon começou a brincar com um dos anéis.
— Você é médico?
Os dois se olharam.
— Não. — Namjoon riu pela primeira vez na noite — Por que?
Havia ficado curioso com a pergunta.
— Ah, você tá estressado, e conheceu a num abrigo de idosos, lá tem médicos e enfermeiras, então eu associei uma coisa à outra! E você tem cara de médico!
— Eu sou advogado!
— Ah, faz mais sentido ainda!
Os dois riram.
— E você é publicitária?
— Exatamente! Eu cuido da parte da imagem dos clientes.
— Parece ser interessante.
— Na verdade, é bem exaustivo.
— Imagino.
Os dois voltaram a se olhar, e pôs—se a mexer nas velas. Estavam sem graça um com o outro agora.
— Você é advogado em que área?
— Criminal. Sou advogado de acusação.
— Uau! — estava realmente surpresa — Você gosta?
— Amo! Bom, hoje eu amo. Antes de me formar eu só cursei por vontade do meu pai. Mas hoje eu amo.
— E o que você faz tanto lá no abrigo? É voluntário?
Namjoon engoliu seco com a pergunta, afinal de contas pouquíssimas pessoas sabiam de sua mãe e aquilo era doloroso demais.
— Não, eu não sou voluntário.
As bebidas chegaram. se serviu de seu saquê e Namjoon tomou um gole do suco.
— E nem médico.
— E nem médico. — ele repetiu.
Os dois voltaram a se olhar enquanto tomava um gole de seu tão esperado saquê.
— Entendi. Você não quer falar sobre isso! — ela assentiu.
— Não! É só que… — ele pausou e engoliu em seco — Bom, se você é amiga há tanto tempo assim da , talvez eu possa contar, você deve ser confiável.
— Não se sinta pressionado ou obrigado a me contar por causa da sua proximidade com a !
Namjoon respirou fundo.
— Minha mãe está internada lá! Desde que me entendo por gente, e eu a visito dia sim e dia não. Foi assim que conheci a , e foi assim que viramos amigos. Minha mãe a adora.
Namjoon sorriu, e sorriu de volta ao ver o rapaz sorrir.
— Ah, que legal! tem uma alma muito boa, ela é demais!
— É verdade! Eu também gosto muito dela.
Os dois balançaram a cabeça.
— E sua mãe nunca mais vai poder sair de lá? — questionou receosa.
— Eu acho que não! — ele balançou a cabeça.
— Mas ela deve ser muito grata de ter um filho que nem você, Namjoon!
Namjoon abriu um sorriso amargo enquanto sentia os olhos marejarem. percebeu. Delicadamente ela colocou uma de suas mãos sobre a mão direita de Namjoon. Depositou um carinho discreto por lá, antes de apertar a mesma.
— Desculpe. Falei algo que não deveria?
Namjoon retribuiu o toque da garota, colocando a mão esquerda sobre a dela.
— Não, imagina! É só que… Minha mãe não se lembra mais de mim.
sentiu o peito rasgar—se em um milhão de pedaços dentro do peito.
— Eu sinto muito, Namjoon! — voltou a apertar a mão do garoto — Sinto muito mesmo!
Ele sorriu sem mostrar os dentes e continuou com a mão sobre a dela.
— O que aconteceu com ela? Quer me contar?
Namjoon assentiu que sim e apertou a mão da garota que aproximou um pouco mais a cadeira da dele.
— Eu tinha um irmão, bom, ele morreu no parto. Eu tinha seis anos quando isso aconteceu. — ele umedeceu os lábios, ainda com os olhos cheios d’água — E desde então minha mãe nunca mais foi a mesma, até que descobrimos que ela havia desenvolvido um tipo de esquizofrenia devido ao trauma, e com isso todas as memórias dela sumiram.
Namjoon pausou e abaixou a cabeça, sentindo que não conseguiria mais segurar as lágrimas. A outra mão de que estava livre, repousou sobre uma de suas pernas. Como se dissesse para ele que ela estava ali.
— Ela não se lembra do meu pai, e nem de mim.
deixou que Namjoon chorasse o que tinha para chorar, enquanto demonstrava seu apoio com ligeiras carícias.
— Eu vou ao banheiro, já volto!
ficou sozinha ali, com seus pensamentos. Havia achado Namjoon um tanto quanto arrogante durante os primeiros minutos do “encontro” mas agora… queria abraçá-lo até sugar toda dor que havia em sua alma e corpo. Que tristeza! Como ele aguentava?
O prato que eles pediram havia chegado um pouco antes de Namjoon voltar do banheiro.
— Vamos comer? — questionou enquanto servia um prato para Namjoon que agradeceu.
Os dois comeram comentando o quanto estava maravilhoso. Depois que acabaram, ele perguntou se ela queria alguma sobremesa, e ela pediu o cardápio. Resolveram ficar com o típico biscoito da sorte mesmo.
— Como você está, depois de ter falado sobre esse assunto?
— Mais leve. — Namjoon se atreveu a segurar a mão dela por baixo da mesa.
Os dois entrelaçaram os dedos. Com a outra mão, acariciou a bochecha de Namjoon que fechou os olhos. Sentiu um arrepio percorrer a espinha e uma estranha calma.
Os dois voltaram a conversar sobre a vida e lhe contou que era adotada e que havia perdido os pais adotivos há menos de dois meses. Namjoon achou a garota incrivelmente forte.
— Não tem vontade de conhecer seus pais biológicos?
mordeu o lábio.
— Tenho. Mas tenho medo! Meus pais tem uma espécie de dossiê com informações importantes dos meus pais biológicos, e esse tal dossiê sempre esteve ao meu alcance para que eu o pegasse, no momento em que eu quisesse. Mas sempre senti que estaria sendo ingrata com eles de procurar os outros. Agora eu sei que infelizmente nada me impede de fazer isso, mas ainda não tenho coragem.
— Bom, eu sou advogado, se criar coragem e precisar de alguma ajuda legal, ou com algo no fórum, pode contar comigo!
sorriu agradecendo. Namjoon olhou no relógio e não perdeu a oportunidade.
— Viu só como o suco de maracujá ajudou? Agora você só olhou a hora, não fez nenhuma cara feia!
Namjoon olhou para baixo, ficando vermelho.
— Me desculpe, pelo mau jeito! — ele coçou a cabeça e sorriu.
O sorriso dele era lindo demais, e fez com que voltasse a lhe acariciar a bochecha. Namjoon fechou os olhos. sentiu que talvez estivesse indo longe demais, pois eles mal se conheciam e então interrompeu as carícias.
— Bom, acho que já tá meio na hora de irmos, né? Você deve se levantar cedo amanhã!
se levantou rapidamente, vestindo o casaco. Namjoon fez o mesmo e eles caminharam lado a lado, conversando amenidades até o caixa. Namjoon fez questão de pagar pelo jantar, e o fez prometer que no próximo encontro ele a deixaria pagar e Namjoon mentiu que sim. Os dois compraram seus biscoitos da sorte.
— Olhe ao seu redor, a felicidade está tentando te alcançar. — Namjoon leu o seu recado e olhou para .
sentiu as bochechas queimarem e então leu o seu.
— Pare de procurar eternamente; a felicidade está bem ao seu lado.
Foi a vez de Namjoon corar.
Os dois saíram do restaurante e questionou se ele poderia passar seu telefone para ela, pois como ela voltaria sozinha de aplicativo para casa, gostaria de compartilhar a corrida com ele para caso o motorista desviasse do caminho ele chamasse a polícia ou algo assim.
— Não, eu te levo em casa, !
— Não, Namjoon, tá tarde! Não vou te dar trabalho!
— Não vou correr o risco de que algo aconteça com você!
Os dois se olharam nos olhos, e sentiu o coração querer disparar.
— Vamos, eu te levo!
Aproveitaram para se conhecer um pouco mais e quando chegaram a casa de trocaram os telefones e se despediram com um abraço apertado.
Mas acabaria por ali?
Vestiu-se com uma bermuda xadrez e uma camiseta branca, escovou os dentes e foi para a cozinha preparar o chá. O celular vibrou sobre o balcão, e seu coração disparou ao ver o nome de Charlotte brilhar na tela: era uma mensagem da ex dizendo que estava indo lá para que eles pudessem conversar. Suga deu um tapa na testa ao se lembrar da estranha que ainda estava em sua cama. Precisava sumir com a garota de sua casa o mais rápido o possível.
Correu até o quarto e a garota já estava sentada na cama, um tanto quanto sonolenta.
— Bom dia! — disse a mesma se espreguiçando ainda nua.
Suga pegou as peças de roupa da garota que estavam espalhadas pelo chão e jogou na direção da mesma.
— Será que você pode se vestir e ir embora? Eu vou receber uma pessoa e não posso ter você aqui!
arregalou os olhos, um tanto quanto assustada com as primeiras palavras que ouvira do rapaz. O mesmo nada mais disse e saiu batendo a porta atrás de si. ainda atônita pela forma que havia sido tratada, começou a se vestir.
Ok, eles eram praticamente dois estranhos que tinham transado e só, mas será que era mesmo necessário esse tratamento?
Após se vestir a mesma deu uma olhada em si mesma e ajeitou seus cabelos num coque qualquer e então abriu a porta do quarto encontrando o rapaz em pé em frente ao fogão. soltou um suspiro baixo e balançou a cabeça em negativa. “Grosso,” foi o que ela lembrou de pensar antes de sair do apartamento fazendo questão de bater a porta com bastante força para deixar claro que ele estava livre.
Suga se assustou com a porta batendo e levou a mão ao peito, pronto! Finalmente, a casa estava vazia para que ele pudesse receber Charlotte.
resolveu que iria de ônibus para casa, estava irritada. Como assim? Ok, ele não precisava ter levado café na cama e a acordado com beijos e abraços, mas precisava ser tão grosso? bufou ao se sentar em um lugar próximo a janela. Lembrou-se do sorriso dele, que a cativara, lembrou-se dos dois chegando ao apartamento dele e se beijando com tanta vontade que acabaram caindo sobre o sofá e começando ali mesmo. Balançou a cabeça espantando os pensamentos. Afinal de contas, nunca mais o veria — no que dependesse dela e provavelmente dele também não — e ele não merecia ficar em sua memória.
Suga esperava Charlotte ansioso, resolveu ir até a sacada do apartamento e acendeu um cigarro. Enquanto fumava, sua memória lhe trouxe flashs da noite passada com a estranha. Fechou os olhos e podia ter jurado que sentira o toque de suas mãos descer por suas costas. Abriu os olhos engolindo seco. Ques pensamentos eram esses? Ele amava Charlotte e precisava pensar agora em como provar a ela isso. Soltou a fumaça para fora de seus pulmões e novamente sua memória o estava traindo, ouviu a risada da estranha ecoar pelo apartamento. Sorriu sem mostrar os dentes.
Se eles tivessem se conhecido em outras circunstâncias.
chegou em casa sentindo a cabeça doer e então retirou os sapatos logo na entrada. estava na cozinha e observava a amiga com os braços cruzados abaixo do peito.
— Posso saber aonde a senhorita passou a noite? Eu só recebi a corrida pelo whatsapp e uma mensagem dizendo: “não vou dormir em casa.” Fiquei preocupada!
bufou enquanto segurava os sapatos e ia em direção ao quarto.
— Passei a noite na casa de uma amiga que trabalha no bar. Ela ficou muito bêbada e eu acabei dormindo lá para ajudar. Vou tomar um banho e já venho!
não discutiu com a amiga. Mas a conhecia, sabia que havia algo de errado que a amiga não queria falar.
Sentou na cama para esperar a ligeira tontura que aparecera sumir e então bateu os olhos no anticoncepcional sobre a mesa ao lado de sua cama, precisava tomar o de hoje. Pegou a cartela e observou que não havia tomado o de ontem também. O coração começou a querer saltar dentro do peito: ela e o estranho haviam usado camisinha?
Tentou buscar algo na memória, mas sobre exatamente isso, não conseguia se lembrar. E se não tivessem usado?
Mas usava o anticoncepcional a tanto tempo que mesmo se tiver sido sem camisinha, grávida ela não corria o risco de ficar. Faria exames depois para ter certeza que não tinha pegado nenhuma doença do estranho.
Grosso, pensou outra vez.
— É o V! — ele voltou a sorrir como se estivesse vendo a morena.
involuntariamente, sorriu também ao ver que ele realmente havia ligado.
— Você ligou mesmo! Achei que ia me dar o cano!
O sorriso de Taehyung aumentou enquanto ela gargalhava.
— Tem papel e caneta?
— Tenho! — pegou uma das milhares de canetas que estavam em sua mesa.
Abriu a agenda, e segurou o telefone celular na orelha com o ombro, atenta ao que o moreno diria.
— E namorado, você tem? — investiu.
sentiu que a pele estava corando e os parceiros de trabalho a olhavam. Que tipo de pergunta era aquela? O que aquilo tinha a ver com o conserto da bicicleta?
— Eu não entendi, desculpa? — mordeu o lábio.
V gargalhou do outro lado fazendo relaxar um pouco em sua cadeira de couro verde.
— Anota o endereço aí, por favor, pra gente se encontrar agora se possível, já que está perto do horário do almoço. Tem como?
— Tem, claro! Pode falar. — anotou cuidadosamente o endereço na agenda — Tá bom, eu tô indo, V!
Desligou o telefone com alguns colegas de trabalho ainda a olhando e ela deu um sorrisinho de canto, sem mostrar os dentes, envergonhada por acharem que aquilo era um date. Mal sabiam que ela só estava indo pagar o conserto de uma bicicleta que ela havia estragado por estar absorta demais no trabalho. Por que o escritório tinha que ser tão silencioso? Arrumou as coisas em cima de sua mesa e pegou sua mochila e chamou um carro.
Assim que o carro parou em frente ao endereço ela achou estranho. Aquilo não era uma bicicletaria nem nada do gênero, e sim um restaurante, que já ouvira falar, mas nunca tinha ido.
Desceu do carro agradecendo o motorista, porém um pouco desconfiada. Decidiu ligar para V, que atendeu prontamente.
— Oi, V! É, então… — coçou a cabeça — Eu tô aqui no endereço que você passou. Na verdade, eu tô com medo de ter anotado errado, porque eu to em frente ao Pavão Azul, aquele restaurante, sabe? É aqui perto? Ou eu errei feio mesmo?
Taehyung desligou o telefone na cara de a alcançando por trás, colocando uma das mãos sobre os olhos da garota, que colocou uma das mãos sobre a mesma.
— V? — ela indagou.
— Uhum! — ele sussurrou perto do ouvido de .
Um leve arrepio percorreu seus braços ao ouvir a voz grave de Taehyung.
— Surpresa! — ele finalmente deixou as vistas da garota livre e surgiu em sua frente.
Ele vestia uma camisa social branca com alguns botões abertos, e as mangas dobradas, uma calça jeans e os cabelos estavam como da outra vez, pretos e levemente bagunçados.
voltou a reparar em como ele era um homem bonito. Balançou a cabeça para afastar os pensamentos.
— Você quer almoçar primeiro? Boa! — estalou o dedo do meio com o polegar como se dissesse “entendi tudo” .
— Na verdade, mais ou menos! Vamos entrar? — V manejou a cabeça em direção a entrada do restaurante.
e ele se sentaram numa mesa que já estava reservada no nome de V.
— Taehyung — ela repetiu — Tem algum significado esse nome?
— Minha mãe dizia que é “tudo ficará bem, mesmo em tempos difíceis.”
sorriu balançando a cabeça positivamente.
— Que bonito! E por que seu apelido é V? — ela questionou pegando o cardápio.
— Porque sou muito competitivo, e sempre ganho! Então vem de vitória!
V fez uma cara de convencido que fez gargalhar.
— Uau! V de vitória! — fez o símbolo da letra V com os dedos e Taehyung a acompanhou — Cadê sua bike? Já tá lá?
V engoliu seco enquanto pegava delicadamente o cardápio das mãos de .
— Então, sobre isso... — ele pausou e o olhou desconfiada — Eu já consertei, e já até paguei!
V desviou o olhar do cardápio para que semicerrou os olhos.
— Foi tão barato! Não tinha nem porque eu deixar você pagar, ! Era uma coisa simples. Por favor, não fique brava comigo!
V pediu juntando as mãos em um sinal de súplica e não aguentou com a carinha que ele fez e acabou rindo.
— E quanto ficou? — ela perguntou pegando a mochila, mas Taehyung a impediu.
— Eu vou ficar muito ofendido se você fizer isso!
olhou os olhos castanhos de V e viu que ele falava sério, então resolveu que era melhor deixar para lá.
— Tudo bem, então! Me desculpe. O que me trás aqui, então?
— Um almoço! Pensei que seria uma boa idéia para a gente, sei lá, se conhecer melhor.
Taehyung ergueu uma sobrancelha, tentando parecer inocente e riu novamente. Havia gostado do rapaz, não negaria, ele parecia ser muito legal, então por que não conhecê-lo melhor?
— Ah, um date? — foi a vez de erguer a sobrancelha entrando na onda.
— É, vamos dizer que sim! — ele piscou.
— Você já veio aqui, Taehyung?
O rapaz fez uma careta.
— Ninguém me chama de Taehyung!
— Nem seus pais quando estão zangados?
V abriu a boca, mas nenhum som foi emitido, e então ele coçou a nuca.
— Sim, eles costumavam me chamar de Taehyung quando estavam vivos, e bravos.
abriu a boca, surpresa e sentiu—se mal pelo comentário.
Tadinho!
— Me desculpe, V! Eu não fazia ideia disso!
— Imagine. — ele tocou a mão dela sobre a mesma — Não tinha como você saber, por isso estamos num date!
Os dois riram pelo nariz, e então V contou para como havia sido a morte dos pais, contou sobre a irmã, sobre como tudo foi difícil, e sobre como eles só tinham um ao outro.
sentiu o coração se quebrar em pedaços ouvindo V falar enquanto tentava não demonstrar que estava emocionado.
contou a ele sobre os pais, sobre não ter contato com eles com frequência e sobre morrer de vontade de ter mais tempo e dinheiro para visitá-los com mais frequência, contou um pouco sobre como era sua vida lá antes de se mudar, acabou por contar que deixara um ex namorado por lá, e que não sabia se ele a havia esperado ou não.
V ficou com a impressão de que aquilo ainda era algo aberto na vida de , e descobriria com o tempo. Mas por hora, estava satisfeito. Ela não havia se oposto à sugestão de se conhecerem melhor e não havia surtado com o date surpresa. Aquilo já era bom.
Os dois almoçaram e dividiram uma sobremesa, enquanto jogavam conversa fora e se divertiam. Quando voltou pro trabalho estava até mais leve.
Quem diria que um date surpresa com o carinha que havia a atropelado seria tão gostoso assim?
Por que homens sempre se atrasavam? Mário, por exemplo, era a definição de enrolado. Ele sempre se atrasava. sorriu ao lembrar da feição do irmão. Os cabelos encaracolados e castanhos, a covinha sempre que sorria… E o quanto ele fazia sucesso com as mulheres! Sempre que se acostumava com uma namorada, ele já lhe apresentava outra. Os olhos marejaram e a sorte de foi a chegada de Jin com uma rosa nas mãos.
sorriu e Jin lhe estendeu a rosa.
— Um moço estava vendendo e eu resolvi comprar, nem sei se você gosta de flores! — ele deu de ombros — Mas achei que pudesse gostar. Bom dia!
pegou a rosa da mão de Jin e levou ao nariz, mesmo sabendo que o cheiro das rosas é sempre igual.
— Obrigada. Eu gosto sim! É um gesto muito delicado!
Jin sorriu, os olhos ainda inchados, como se ele tivesse dormido pouco — ou mal — ou tivesse dormido demais e acabado literalmente de acordar. A boca rosada, chamava atenção, era inevitável. Ele era tão fofo, pensou .
— Onde vamos? Você pensou em alguma coisa? Ou vamos apenas andar sem rumo?
— Não, eu pesquisei um pouco ontem à noite. Tem uma praia linda aqui pertinho, uns quinze minutos de caminhada, topa?
— Topo! Tem alguma coisa especial nessa praia? Ou só achou ela bonita?
— Na verdade, eu queria ver os golfinhos! Agora na parte da manhã fica repleto deles por lá! Além de as águas serem quentinhas!
— A praia do Madeiro, acertei?
olhou para ele sorrindo e surpresa.
— É! Como você sabia?
— Andei pesquisando antes de vir para cá, e eu também quero muito conhecer os golfinhos!
Os dois trocaram sorrisos enquanto começavam a caminhada.
— Você está sozinho mesmo? Tipo, sozinho, real? Não veio ninguém com você? — questionou sentindo o vento nos cabelos e rosto.
— Eu vim com os meus pais e minha irmã! Minha irmã tem uma turma de amigos que veio com ela, e bom, ela passa o tempo todo com eles! Eu não me identifico muito com eles, são adolescentes, e bom, eu tenho quase trinta anos.
achou fofo a mania dele de dizer “bom” o tempo todo. Ela não sabia se era de fato uma mania ou se era porque ele estava nervoso, mas era incrivelmente fofo.
— Você tem isso tudo? — brincou para ver a reação dele.
— Eu sou velho, né? — ele coçou a cabeça ficando vermelho — Quantos anos você tem mesmo?
gargalhou alto.
— Eu não sou menor de idade, juro! E tenho mais de vinte! É indelicado perguntar a idade de uma mulher, Jin! — ela cochichou.
Jin voltou a ficar vermelho e assentiu.
— Verdade, Olivia! Me desculpe! — ele a cutucou com o cotovelo — Você tendo mais de vinte anos já me tranquiliza. Não quero ser preso!
Os dois riram. Caminharam jogando conversa fora até que chegaram na praia e ficaram ambos, calados, sem palavras, apenas admirando a beleza da praia que era uma das mais bonitas já vista por ambos. As falésias eram tão bonitas que nem pareciam reais.
— Olha, deve sair um passeio de lancha para ver os golfinhos agora às nove e meia, a gente tem que correr e comprar!
Jin lembrou e concordou, logo os dois acharam um vendedor e compraram o passeio. Jin ajudou a subir na lancha e se sentaram juntinhos mais perto da proa da mesma, queriam ver bem de perto os golfinhos. Jin tirou um óculos escuro do bolso e o colocou no rosto. O vento lhe bagunçava os cabelos, e o observava. Ele era tão bonito que parecia uma pintura.
Assim que o passeio começou, Jin se pôs a filmar o mar, o passeio saia da praia do centro que é a praia do Madeiro e ia até a baía dos golfinhos, com uma parada para mergulho (com equipamento e também para aqueles que querem apenas tomar um banho de mar), e depois voltavam para a praia do centro.
Logo que chegaram na baía dos golfinhos, os olhos de brilhavam, e ela até tirou os óculos escuros para vislumbrar os bichinhos melhor. Jin filmou o momento fazendo algumas piadinhas que faziam rir e logo ele passou a filmar a morena, que não percebeu. Ver os golfinhos havia sido incrível! desejou em silêncio que Mário estivesse com ela.
— Você vai querer descer e tomar um banho de mar ou prefere ficar aqui na lancha?
Jin questionou se levantando com dificuldade e quase caindo, fazendo rir.
— Vou dar um mergulho, eu amo banho de mar!
se levantou com a ajuda de Jin, às mãos dos dois se entrelaçaram para que ela pudesse ficar de pé e então os dois se olharam. O mar balançou o barco fazendo com que o corpo dos dois se chocasse de leve e então os rostos estavam perto, perto demais.
engoliu seco a vontade de beijar os lábios de Jin ali mesmo e o rapaz fez o mesmo. Logo os dois soltaram as mãos, tentando se equilibrar e logo começaram a rir enquanto se despiam. Jin não pode deixar de observar o belo corpo da garota quando esta caminhou em sua frente para descer da lancha. Deus, como ela era atraente!
Jin era alto, tinha os ombros bem largos e a barriga era lisinha, era exatamente o tipo de garoto que atraía . É, aquele passeio seria difícil!
O mar era tão cristalino que permitia que eles enxergassem os pequenos peixinhos em volta deles. Logo Jin começou a se incomodar com as “mordidinhas” dos mesmos em si e então ele aproveitava que não se incomodava e ia se aproximando da mesma, segurando— a pela cintura, ou pelos ombros e se escondendo atrás dela. ria das expressões de Jin, mas gostava de sentir o toque quente dele em sua cintura, assim como não reclamou quando o mesmo resolveu a abraçar encostando seu peito em suas costas, se abaixando para ficar mais baixo. A sensação da pele dos dois grudada misturada com o quentinho da água era boa demais!
Logo os dois tiveram que subir novamente pois já voltariam à praia do centro. Chegando lá, e Jin resolveram dar outro mergulho, desta vez sem os peixes para incomodarem Jin.
Logo estavam brincando e jogando água um no outro, subindo nas costas de Jin, que toda hora tropeçava em algo e a deixava cair. sempre se levantava brava e acabava depositando um tapa nos ombros do garoto — que já estavam vermelhos, do sol e dos tapas — os dois riram tanto que mal sabiam que horas já era e nem fome sentiram durante as horas no mar.
Depois de comerem na praia mesmo, os dois se sentaram em suas cadeiras de praia, e aproveitou para passar um pouco de protetor solar em Jin, que estava ficando bem vermelho. E ele amava a sensação de ter as mãos dela deslizando por sua pele.
— Você não trouxe protetor solar, Jin?
— Não, trouxe só uma toalha, minha carteira, meus óculos e o celular!
— Menino, você é branquinho, não pode!
— Se você for cuidar de mim assim todos os dias, eu faço questão de esquecer todos os dias!
Os dois ficaram em silêncio, Jin não viu, mas sorriu.
— Seus pais não estão preocupados?
— Ah, com certeza não! Eles nem fizeram muita questão que eu viesse! — Jin deu de ombros — Só vim porque tive um tempo e gosto muito de praia. Estava com saudade desse clima.
— Nossa, do jeito que você disse é como se seus pais não gostassem de você, Jin, credo!
— Ah, eles gostam. Mas não me amam, eu acho. — deu de ombros de novo — Sou a ovelha negra da família, Olívia!
Jin riu, desgostoso, olhando a areia.
— Por que? — se interessou .
— Ah, meu pai queria que eu seguisse a carreira dele e cuidasse das empresas da família.
se surpreendeu com a palavra empresas no plural, uau.
— E você não seguiu?
— Não. Me tornei artista, e meu pai, bom, rico, burguês, detesta a classe artística, ou seja, eu me tornei o pior pesadelo dele!
— Artista? — indagou interessada — Você faz o que, Jin? Nem perguntei ontem, e se você for um psicopata?
Jin gargalhou alto.
— Eu sou artista plástico! Pinto quadros e faço esculturas, ah e sou fotógrafo também! Inclusive na minha próxima exposição faço questão que você vá, Olívia!
abaixou o olhar e mexeu na própria tornozeleira. A cada vez que ele a chamava de Olívia ela sentia um pedaço do coração partir.
— Ah! Uau, Jin! Você é artista plástico! Uau, eu nem sei o que dizer! Que máximo!
sorriu, sincera.
— Obrigado! — ele balançou a cabeça — Meus pais nunca me apoiaram! Enfim, não quero falar deles!
assentiu que sim com a cabeça. O pôr do sol já estava começando e então os dois se levantaram para assistir e Jin passou um dos braços pelos ombros de que abraçou sua cintura. E assim eles ficaram até que decidiram que estava na hora de voltarem.
Antes passaram por uma das duchas que havia na praia para tirar o excesso de areia do corpo. Jin se lavava com uma espécie de mangueira que vinha da ducha, enquanto o aguardava já molhada, assim que terminaram foi pegar sua toalha que estava sobre o cano da ducha, mas Jin foi mais rápido e pegou primeiro.
— Me dê, Jin! — ela esticou os braços.
— Então vem pegar! — brincou Jin com a toalha no alto.
— Devolve, Jin! — deu alguns pulinhos tentando.
— Pega, Olívia! — ele pulava junto com ela dificultando mais ainda.
Jin gargalhava, enquanto tentava não rir. Estava cansada, queria ir para a pousada dormir, enquanto Jin parecia uma criança que nunca se cansava.
— Você tem que pegar, Olívia!
— Esquece! — disse pegando suas coisas e indo embora.
— Ah, espera aí! Eu tô brincando, calma!
Jin a segurou pelo braço, virando— a para si.
— Eu seco seu cabelo, hum? — ele enrolou a toalha em volta da cabeça e cabelos de , secando— os.
— Desse jeito, hã? — ele balançava a toalha enquanto ria — Tá linda, Olívia! Você tá linda, hã?
Ele parou de secar os cabelos de , encarando— a. Depois começou a secar— lhe o rosto. Foi aí então que colocou suas mãos sobre as mãos de Jin na toalha, e então ela tomou a mesma de suas mãos e fez o mesmo com ele, lhe secando o rosto.
— Se abaixa! — ela pediu.
— Abaixar? — questionou Jin, já o fazendo.
fez o mesmo com ele, lhe secando e bagunçando os cabelos.
— Ah, para, Olívia! — Jin se levantou, enquanto colocava a toalha em volta de seu pescoço.
Ela lentamente foi aproximando seu rosto do de Jin, o puxando pela toalha, que já fechava os olhos se antecipando ao que viria. Os lábios dos dois se chocaram lentamente, como se quisessem se conhecer primeiro. Logo as mãos de Jin já estavam em sua cintura, a puxando para cima, diminuindo o desconforto de estar com a coluna daquele jeito. Era engraçado como o corpo delicado dela se moldava perfeitamente ao dele. Os dois se beijaram por mais alguns minutos, até que Jin abriu os olhos sorrindo, e distribuindo vários selinhos no lábios de “Olívia”.
Se sentia viva.
— Alô? — engoliu seco.
Pela primeira vez em meses, o stalker resolveu falar.
— Estou ansioso para te ver! — havia muito barulho ao redor e ele quase sussurrava.
não conseguiu reconhecer a voz. Não fazia a menor ideia se conhecia ou não conhecia o stalker. O coração acelerava mais e mais.
— Hoje vou te ver novamente depois de uma semana sem conseguir ver seu rostinho lindo.
sentiu as mãos formigarem, estava com medo.
— Quem tá falando?
— Ah, você não sabe, amor?
fechou os olhos por alguns segundos e o estômago revirou.
— Tô muito ansioso, você não?
nada disse, somente conseguia sentir o medo pulsando em suas veias, quando ia implorar que ele a deixasse em paz, ele desligou.
As colegas de a questionaram se estava tudo bem, já que a mesma se encontrava pálida e parecia bem assustada, ao que a morena apenas assentiu que sim, voltando a guardar o celular no bolso do jaleco. Foi ao banheiro, prendeu o cabelo num coque, abriu a torneira, molhou as mãos e depositou na nuca. Depois molhou novamente e passou pelas têmporas, depois pelo rosto todo. Se olhou no espelho. Ainda estava cansada, havia ganhado dois dias de folga e mesmo assim ela não se sentia descansada. O stalker estava há uma semana sem aparecer, ela até achou que finalmente ele havia sumido.
Mas não.
Escovou os dentes, guardou suas coisas no armário e voltou para o plantão. Eram quinze da tarde, ela não havia almoçado, apenas comido um sanduíche natural. A vida dela era assim, mas amava tanto o que fazia e sabia que os pais teriam tanto orgulho da profissional que ela era.
Pegou algumas fichas dispostas em sua bancada e sua atenção se fixou ali: “Jeon Jungkook”.
Os dois haviam se falado há dois dias atrás, mais uma vez tentando marcar um segundo encontro, mas é claro: não deu certo.
E ele estava ali, hoje. sentiu um arrepio percorrer a espinha. E se fosse ele? E se Jungkook fosse um psicopata? E se ele estivesse a enganando? E se ele a fizesse algum mal? se lembrou da ligação de agora a pouco.
“Hoje vou te ver novamente depois de uma semana sem conseguir ver seu rostinho lindo.”
Uma semana que ela e Jungkook haviam se visto pela primeira e última vez. Mordeu o lábio receosa. E se ele fosse o stalker?
Respirou fundo e foi até a recepção.
— Jeon Jungkook! — ela gritou.
Ele se levantou e o olhar dos dois cruzou. Jungkook sorriu, e paralisou.
Assim que ele atravessou a recepção e os dois ficaram cara a cara, ele ainda sorria, como se fosse uma criancinha.
— Oi! — ele segurou a mão dela depositando um leve carinho lá antes de soltar.
— Oi! — conseguiu sussurrar.
— Eu estava ansioso para te ver hoje! — o sorriso sumiu dando lugar a um olhar intenso.
arrepiou os pelos da nuca, o medo havia voltado.
— Você veio tirar os pontos? — ela perguntou seca, caminhando em direção a sala de primeiros socorros.
— Vim! E vim ver você também, ! Tá tudo bem?
Ele segurou o cotovelo da ruiva, preocupado. engoliu seco outra vez.
— Tudo ótimo! Por que eu não estaria bem, não é, Jungkook?
Os dois se olharam e Jungkook não entendeu porque ela estava tão na defensiva se eles haviam se falado há dois dias e ela estava normal.
— Não sei! Você é quem deveria me dizer o porquê de estar tão na defensiva!
— Não estou na defensiva! Só estou no meu local de trabalho! Pode se sentar, por favor?
Jungkook assim o fez, sentindo uma pontada no estômago com a rispidez.
Os dois ficaram em silêncio até que ela terminasse de pegar os instrumentos de trabalho.
— Como foi o período de cicatrização? — questionou enquanto desenrolava a faixa que cobria o ferimento.
— Normal, acho que já cicatrizou. Estou com muita coceira, por isso acho que cicatrizou.
deu uma olhada no ferimento, e passou a mão sobre o mesmo com delicadeza. Jungkook aproveitou e segurou a mão dela.
— Pensei em você a semana inteira.
o olhou. Seria possível, que um cara tão gentil e bonito como aquele fosse um cara perigoso?
Os dois estavam preocupados, não com a entrega dos resultados ou com o fechamento do mês e metas para o mês seguinte, e sim com a apresentação em si. Os dois não consideravam que tinham dificuldades de falar em público, mas estavam sim nervosos de apresentarem seus resultados e metas na frente da empresa toda. Afinal de contas, eram os mais novos e percebiam que o restante da empresa não botava muita fé nos dois.
E Jimin tinha receio quanto à comunicação de na frente da empresa toda, pois como todos sabiam ela era bem estourada e não tinha muito tato para falar as coisas. Jimin estava com medo. Já nem imaginava que o parceiro de trabalho estava com essa preocupação, até porque se imaginasse os dois já teriam saído nos tapas, provavelmente.
Enquanto pensavam nas coisas que falariam e em como se portaria, além de tentarem decorar com exatidão os slides para não levarem papel e não parecerem despreparados, Jimin pediu que pegasse uma xícara de café para ele, lhe entregando sua caneca.
— Vai lá você! É você que quer café, não eu!
Jimin revirou os olhos.
— Você não pode me fazer um favor, zangado?
Foi a vez de revirar os olhos e bufar, odiava aquele apelido infeliz.
— Não, não posso! Estamos ocupados e concentrados, deixa para tomar café depois!
— Nós estávamos indo tão bem! Estava bom demais para falar a verdade!
Jimin bufou enquanto afastava a cadeira com força para trás.
— Estava bom? — arqueou a sobrancelha.
Jimin a fitou, bagunçou os cabelos e resmungou algo que não entendeu e saiu da sala, batendo a porta com força.
— Aí, ela tá estressada! — gritou.
Passou os dedos pelas têmporas, massageando as mesmas. Uma leve dor de cabeça estava se iniciando. Voltou a revisar os slides sozinha e repassar as falas na cabeça, até que Jimin voltou com sua caneca e um copo de plástico, ambos com café.
Colocou os dois sobre a mesa e empurrou o copo de plástico em direção à que o pegou, dando um gole.
— Ué, mas você tinha dito que não queria café! — Jimin esbravejou.
— Então, você me entregou o copo para quê? Pra eu jogar fora? Ai, Jimin, me poupe!
— Você é ridícula!
— Vamos voltar ao que interessa! Temos que arrasar nessa apresentação para calar a boca desses estúpidos!
— De nada pelo café, querida! Eu sou muito educado e prestativo diferente de você, né?
— Ai, curupira júnior! Por Deus, como você é infantil!
— Eu? — ele apontou para si mesmo — Você que é! Não pode buscar um café para nós dois!
— Chega! — voltou a apertar as têmporas — Minha cabeça tá doendo e precisamos finalizar isso!
Jimin ficou em silêncio enquanto se levantava e fazia alguns alongamentos tentando aliviar a tensão dos músculos. Ela estava de costas para o colega que se atreveu a observar o corpo da mais baixa. Começou observando as pernas torneadas e grossas, sentiu vontade de apertá–las, e depois subiu o olhar para o bumbum da mesma. Queria apertá–los também, mas balançou a cabeça afastando imediatamente os pensamentos. Como assim? Ele detestava e seu ar de superioridade, sua arrogância, ela era mimada e grossa. Não podia desejá–la!
Mais alguns minutos se passaram e finalmente chegou a tão aguardada hora das apresentações, e para o desespero de Jimin e eles foram os últimos. Assim que se posicionaram em frente ao projetor, os dois se olharam e balançaram a cabeça positivamente um para o outro.
ia começar falando, mas acabou sendo interrompida por Jimin, que não a deixou falar. E assim a apresentação prosseguiu, com apenas passando os slides. Por dentro a garota parecia que ia explodir de tanto ódio. E era perceptível o quão desconfortável com a situação ela estava, pois estava vermelha como um pimentão. É claro que Jimin sabia que ela tentaria matá-lo assim que tivesse uma oportunidade, já estava acostumado a ver a colega vermelha toda vez que sentia raiva. Mas não podia arriscar em ter sua primeira apresentação para a empresa toda arruinada pela intempestividade de . Assim que os colegas e o chefe começaram a bater palmas, não esperou o cumprimento dos outros e deixou o local, pisando dura e ainda vermelha. Provavelmente ela teria uma urticária nervosa devido a raiva que estava sentindo.
Entrou dentro da sala que infelizmente ainda dividia com Jimin e pôs–se a arrumar suas coisas. Iria embora. Alguns colegas de trabalho haviam combinado de irem para um barzinho após as apresentações e havia confirmado até a presença, mas estava com tanta raiva que o melhor seria ir para casa. Não queria ver Jimin ou o mataria. Estava arrumando as coisas cegamente dentro de sua bolsa o mais rápido o possível, mas foi em vão.
— O chefe mandou dizer que seus slides ficaram incríveis e que você mandou muito bem!
— Mesmo? E sobre minhas falas? O que ele disse?
parou o que estava fazendo e se virou dando de cara com Jimin.
— Olha, , me desculpe, mas eu não podia colocar a minha reputação em jogo!
— Sua reputação em jogo? Que reputação, Jimin? Você não tem nem dois anos de empresa direito! E como assim? Colocar sua reputação em jogo? — ela tocou o peito de Jimin com a ponta da unha branca fina e bem feita.
Jimin engoliu seco, por mais que não gostasse da parceira, não queria machucá–la e deixar o clima entre eles pior do que já era.
— Você é muito impulsiva, e estava com raiva das pessoas duvidando da gente! Eu tive medo que você trocasse os pés pelas mãos e acabasse arruinando tudo!
respirou fundo sentindo a cabeça latejar e fechou os olhos.
— Jimin, eu estou nessa área há mais de dois anos, eu sei o que estou fazendo e mais importante ainda, eu AMO, o que eu faço! Eu tenho muito mais domínio de tudo o que fazemos ou deixamos de fazer do que você, e nem por isso me intimidei por você ser apenas um menor aprendiz, ou estagiário, sei lá, recém contratado, e por mim nós dois íamos falar! E você simplesmente resolve me sabotar? Eu não tenho nenhum mérito pelas metas que a gente bateu em conjunto? A equipe é você sozinho? Você é um metido mesmo, se acha o último biscoito do pacote! É muita arrogância para um serzinho tão pequeno! Como cabe?
Jimin sentiu as palavras de lhe atingirem como se fossem um tapa. Não era isso que ele queria ter provocado com a atitude. Ele sabia que a colega não ia com a cara dele, mas não sabia que ela o achava arrogante. Jimin não sabia o porque, mas aquilo o chateara. também estava magoada em saber que o colega a achava inferior mesmo ela tendo mais experiência.
— Eu não sou arrogante! É você que é! Tá vendo? Olha esse escândalo, por uma coisinha de nada!
— Coisinha de nada, Jimin? Você tentou se colocar no meu lugar? E se fosse eu fazendo isso com você, por te achar inferior? Você estaria na mesa do chefe já, reclamando que eu bem te conheço, porque além de arrogante você é reclamão!
— Será que você me conhece mesmo, ? — ele aproximou o corpo dos dois ainda mais.
se assustou com a proximidade dos corpos se chocando e com o hálito forte de Jimin em sua boca.
— Você nunca me deu uma única oportunidade de me mostrar de verdade! Deu?
— E você? Me deu?
— E se a gente começasse de novo? — ele se atreveu a tocar a bochecha da colega.
Paralisada, era assim que se encontrava, enquanto olhava os olhos escuros de Jimin ficarem ainda mais escuros. O toque quente das mãos dele em sua bochecha fez a cabeça de latejar mais. A única reação que a garota conseguiu ter naquele momento, foi afastar bruscamente a mão dele de seu rosto, pegar a bolsa e sair da sala, deixando Jimin ainda mais frustrado.
e logo se lembraram de , ela amava aquele lugar com toda a sua alma e ir ali sem ela era muito estranho e triste.
— Como será que ela está? — questionou enquanto tirava o blazer.
deu um sorrisinho de canto, pensando com ternura na amiga.
— Não sei! Faz alguns dias que ela não manda nenhum e-mail, mas deve estar tudo bem, se não acho que saberíamos!
— De quem vocês estão falando? — questionou Jimin.
— Nós somos um trio, não sei se já comentei com você! — Jimin balançou a cabeça que não — Bom, a outra amiga passou por uma perda muito significativa e resolveu fazer uma espécie de mochilão pelo país para tentar superar a perda e se encontrar. O problema é que ela não levou o celular e está se comunicando com os pais e a gente só por e-mail, e ela só mandou um e-mail há dois ou três dias avisando que havia chegado ao seu primeiro destino, e bom, ela ama esse lugar! Basicamente, todos os finais de semana nós estamos aqui, e estar aqui sem ela é um tanto quanto estranho.
Explicou enquanto Jimin assentiu. Logo eles pegaram o cardápio e se puseram a olhar o mesmo e logo resolveram pedir alguns drinks, as meninas deram algumas dicas para Jimin dos melhores drinks do bar. O celular dele vibrou sobre a mesma com o nome J–Hope na tela.
— J–Hope? — indagou curiosa — Quem é essa pessoa?
— É o Hoseok! Eu o chamo assim! — Jimin pegou o celular sobre a mesa — Curiosa você, né? Engraçado que você mal tá falando comigo, não sei como você deixou a me chamar!
deu de ombros.
— Você e ela se dão bem, qual o problema? Sua presença aqui não faz diferença para mim!
Jimin sentiu um soco no estômago com a indiferença da colega. Aliás, vinha sendo assim desde que eles haviam se estranhado feio devido a apresentação. só conversava o básico com Jimin e sobre o trabalho, quando tomavam café só conversava com e ignorava qualquer assunto que Jimin falasse. Isso estava o magoando de uma forma que nem ele entendia direito. Só sabia que detestava o clima que estava entre eles e sentia falta das implicâncias que trocavam e de cuidando da vida dele.
deu uma cutucada na amiga que lhe lançou um “que?” baixinho. Jimin engoliu seco enquanto Touch começava ao fundo.
— Just a touch of your love is enough to knock me off of my feet all week! — cantaram as garotas fazendo um microfone com as mãos e rindo em seguida.
— Ele disse que está chegando! — Jimin anunciou sobre Hoseok.
sentiu as pernas formigarem. Afinal de contas, ela havia visto o loiro por uma chamada de vídeo há uma semana atrás, mas isso não era a mesma coisa de ver pessoalmente. E isso não acontecia desde a primeira e última vez em que se conheceram, na festa da empresa.
Estava louca para vê-lo, mas será que ele sentia o mesmo? Umedeceu os lábios com a língua e sentiu o olhar de Jimin sobre si. Os dois começaram a gargalhar e ficou confusa.
— Que foi? — questionou enrolando uma mecha de cabelo no dedo.
Jimin pôs–se a observar o gesto e sentiu vontade de acariciar os cabelos loiros da colega. Droga, ques desejos eram esses?
— É mesmo, o que foi, Jimin? Eu só ri, porque você riu!
— Aham, sei! — Jimin apertou o nariz da morena — Você riu porque nós dois sabemos que você ficou ansiosa para ver o Hoseok!
direcionou um olhar curioso para a amiga, afinal de contas estaria ela flertando com Hoseok e Namjoon? riu enquanto pensava no quanto isso seria a cara da amiga.
— Eu? — questionou enquanto arrumava o cabelo e se fazia de desentendida.
— Amiga. — se aproximou cochichando no ouvido da mesma — Você tá flertando com o Nam e com o Hoseok, sua safada?
soltou uma gargalhada alta que fez Jimin sorrir mesmo não sabendo do que a amiga ria.
— Amiga, não tô fazendo isso com nenhum dos dois! Eles são só meus amigos! — devolveu o cochicho.
— Uhum! E quem não te conhece que te compre!
Assim que a gargalhada dos três cessaram, o olhar de ambos pousou em Hoseok adentrando o bar e procurando por eles. pensou que o coração fosse parar de bater ali mesmo. O cabelo bagunçado e ainda mais platinado do que quando ela o havia “visto” na semana passada, a camisa branca com o primeiro botão aberto as mangas estavam desabotoadas e eram amarelas — a cor preferida dela — a calça da mesma cor e o óculos escuro quase caindo do rosto, e um maldito colar que a fazia querer beijar o pescoço dele e nunca mais parar.
Assim que ele viu os amigos, sorriu. quis morrer ali mesmo. O sorriso dele parecia iluminar por onde quer que ele passasse e ela sentiu um calafrio — bom, um calafrio bom, que fique claro — se levantou para cumprimentar o loiro que recebeu o beijo na bochecha ainda sorrindo, mas de perto dava para ver que as bochechas dele estavam vermelhas.
Depois Hoseok cumprimentou o amigo Jimin com um forte abraço, provavelmente não se viam a algum tempo também, pelo menos assim pensou enquanto observava o abraço. E só aí então, se levantou e ergueu os braços na direção do amigo, sorrindo sem mostrar os dentes. A ansiedade que estava para encostar no rapaz era quase palpável. Queria sentir o cheiro que emanava do pescoço de Hoseok, que ela já não se lembrava mais de como era. Assim que as duas mãos dele lhe tocaram a cintura, abraçou o pescoço do rapaz com os braços e afundou o nariz no pescoço dele. Queria ter sido discreta, mas não conseguiu, sugou o ar que emanava dali com força, e jurou que pode senti-lo arrepiar. Mais uma vez, as mãos de Hoseok lhe apertaram a cintura com força, como se entendesse a urgência do corpo dela também.
— Quanto tempo! — ela sussurrou.
— Sim! Estou feliz em te ver de novo! Pessoalmente agora! — ele devolveu.
e Jimin trocaram uma espécie de olhar, cúmplices, entendendo que eles precisavam daquele momento. Jimin tinha um grande sorriso nos lábios, já o de era mais discreto.
Assim que se soltaram J–Hope se sentou entre Jimin e , ainda sorrindo, só que mais vermelho do que quando havia chegado.
— Que bom que você veio, J–Hope! — Jimin segurou um dos ombros do amigo.
Hoseok fuzilou o amigo com o olhar enquanto eles gargalhavam.
— Não me chame assim! — Hoseok balançou a cabeça ajeitando os óculos no rosto.
— Meninas, me ajudem a convencer ele de que não tem nenhum problema com esse apelido!
— Verdade! É muito fofo, e combina perfeitamente com você! — depositou uma das mãos despretensiosamente sobre uma das pernas do rapaz.
— Ah, sério? — ele perguntou rindo.
— Sério! Você é um cara fofo, Hoseok! — soltou — Inclusive, você sumiu! Tá tudo bem?
— Tudo bem sim! Só a correria do dia a dia que vocês entendem muito bem também! E vocês? Tudo bem?
Hoseok girou o olhar passando por cada um, mas voltou a olhar . Ele sabia que ela e o amigo estavam brigados e que o clima estava horrível. Jimin havia procurado Hoseok na época dos fatos para desabafar, então ele estava por dentro do climão que estava entre eles e do quanto aquilo vinha perturbando o amigo. Ele chegou até mesmo a dizer para Jimin não negar mais a atração que sentia pela colega, o que Jimin renegou até a morte, dizendo ser impossível.
— Sim, só a correria mesmo! Eu e a estávamos loucas para finalmente ter um tempo de vir aqui! A gente andava saindo do trabalho tão cansada que a gente só queria nossa cama né, amiga? Inclusive, obrigada por ter me dado carona todos esses dias!
segurou a mão da amiga sob a mesa depositando um carinho ali e Hoseok sorriu para as duas.
— Eu também teria te dado carona, quando for assim, pode me pedir! — Jimin atreveu–se, testando a reação da colega.
e ele trocaram um olhar profundo, mas a pequena nada disse, o que fez Hoseok e trocarem um olhar, preocupados.
— Você tá de moto, J–Hope?
— Eu tô, amigo. Por que?
— Vai beber?
Hoseok pareceu hesitar, e e insistiram que ele tomasse só um drink ou uma cerveja e ele acabou aceitando a cerveja. Os quatro engataram um papo sobre preferências musicais e gêneros de música. Os quatro se davam muito bem, até e Jimin conversaram descontraidamente e trocaram alguns olhares e risadas. e Hoseok sempre se impressionavam em como os dois eram compatíveis nas coisas. Os dois eram extremamente parecidos nos gostos e pensamentos. O que fez pensar em porque diabos os dois não tinham coragem de dar um passo a mais na relação.
Passou a observá-lo enquanto ele conversava empolgado com Jimin e . Ele parecia à vontade ali com eles, o que fez o coração de ficar quietinho, já que ela sabia dos traumas de Hoseok, do medo que ele tinha de deixar terceiros se aproximarem, e ela ficava feliz de vê–lo ali, sorrindo e brincando, sendo ele mesmo sem medos ou traumas, e ficava ainda mais feliz de saber que ele a havia deixado entrar.
Assim que o olhar dos dois se cruzou e Hoseok viu sorrindo, ele sorriu de volta.
— O que foi? — ele questionou.
— Nada, só me deu um quentinho no coração ter você aqui com a gente!
As mãos dos dois se entrelaçaram embaixo da mesa e Hoseok sentiu as bochechas voltarem a ficar vermelhas.
— Preciso ir ao banheiro, onde fica?
— Eu também vou! Fica no mesmo rumo, vem, vamos juntos!
e Hoseok se levantaram e caminharam até o banheiro, rindo de alguma besteira que provavelmente dissera.
Assim que os dois saíram do banheiro que eram quase colados um no outro, ambos distraídos, chocaram os corpos outra vez, quase do mesmo jeito da primeira vez em que se viram.
As mãos de Hoseok voltaram a apertar a cintura da garota que o segurou pelos ombros, apertando–os também. Os olhares se cruzaram, e os dela, desceram dos olhos para a boca vermelha dele. O hálito de Hoseok era uma mistura de cerveja e menta que fez se sentir meio inebriada. Com as testas coladas, foi a vez de Hoseok descer o olhar para a boca entreaberta da amiga. Sentiu muita vontade de beijá-la e quase o fez, mas perdeu a coragem e apenas apertou com força a cintura fina que ele tanto gostava de segurar.
Ele havia programado toda a noite dos dois, sem contar nenhum detalhe para /Olívia, e ele queria que tudo fosse perfeito, para que ela nunca se esquecesse. Já estava quase na hora de encontrá-la no local marcado, Jin deu uma última olhada no espelho ajeitando os fios pretos. Passou as mãos pela camisa social azul claro que vestia, para se certificar que a mesma não estivesse com nenhum amassado, passou a língua pelos lábios, umedecendo os mesmo e então pegou o paletó de cor palha e o vestiu. Sorriu na direção do espelho e respirou fundo, não sabia o porquê, mas estava nervoso.
Caminhou tranquilamente cantarolando e tudo, até chegar ao local marcado. O restaurante que ele havia escolhido era o Mangai, e havia sido escolhido porque Jin achava o ambiente acolhedor e o cardápio bem variado. Assim que adentrou o lugar, sendo encaminhado para a mesa reservada pelo maître do local, ele achou ter acertado, pensou que o lugar era realmente a cara dos dois e a cara do que o momento pedia. Havia finalmente chegado primeiro ao local, já que "Olívia'' nunca deixava que Jin a buscasse em sua pousada, então eles sempre se encontravam em algum local da cidade, e ele sempre chegava atrasado, nunca fora muito bom com horários. Mas hoje fazia questão de recebê-la no restaurante, pois excepcionalmente hoje queria que tudo saísse perfeito. Sentou–se à mesa e então pôs–se a olhar a carta de vinhos, pois sabia que ela amava vinhos. Alguns minutos depois sentiu uma mão delicada posar em seu ombro e sorriu. Sabia que era ela.
— Parece que o jogo virou, não é mesmo? — gargalhou — Me desculpe o atraso, Jin!
Seokjin se levantou, trazendo-a para si pela cintura e depositando um longo beijo no canto de sua boca. Os dois vinham se beijando ocasionalmente em todos os encontros, e agiam deliberadamente como um casal, mas Jin nunca sabia como recepcioná-la quando se viam assim. Os cabelos dela estavam cheirosos e sentiu que poderia passar a vida ali, cheirando-os.
— Você não se atrasou nem dez minutos, Olívia! — ele sorriu e sentiu o coração quebrar mais uma vez por ouvi–lo a chamar de Olívia.
se sentou após Jin arrastar a cadeira para ela, o que ela achava sem necessidade, porém muito fofo. Logo os dois se puseram a olhar a carta de vinho juntos, e sugeriu que eles primeiro pedissem os pratos e depois a ajuda do maître para escolher o vinho que mais combinasse com os pratos, e Jin concordou. Ao olharem o cardápio resolveram pedir o mesmo prato, que bom, já haviam ambos experimentado em outro local antes e amaram. Jin solicitou ao garçom que chamasse o maître e o garçom assentiu se retirando.
— Toma! — disse Jin depositando um papel muito bem dobrado sobre a mesa na direção de “Olívia”.
— O que é isso? — questionou pegando o papel sobre a mesma.
— Meu telefone e meu endereço. E também o endereço da galeria com a data da estréia da minha exposição. — Jin piscou.
engoliu seco e sentiu que a pressão estava baixando. Droga! Por que ele estava fazendo as coisas ficarem ainda mais difíceis para ela?
— Me prometa que nós dois não vamos acabar aqui? Me promete que quando nós dois voltarmos pro Rio você vai me procurar?
abaixou a cabeça, olhando o papel em suas mãos. Instantaneamente a frase de uma de suas músicas favoritas veio à sua mente e que por coincidência casava muito bem com toda a situação: “Sem qualquer destino, sem qualquer garantia, minha única promessa é que essa noite é a melhor das nossas vidas.” Quando ia reproduzir a frase, o maître surgiu a salvando.
— Pois não? Tudo bem por aqui? — ele questionou educado — Posso ajudar em algo?
— Sim, tudo ótimo! Só queríamos a sua ajuda para saber que tipo de vinho você nos indica para acompanhar o escondidinho de vocês? — questionou aliviada enquanto guardava o papel dentro da bolsa.
O maître então abriu a carta de vinhos e disse que vinhos brancos eram os mais indicados e questionou se vinhos brancos agradavam o casal, o que ambos disseram que sim, e ele então sugeriu o vinho Muscadet e e Jin concordaram. então aproveitou para engatar uma conversa sobre vinhos com Jin, que por sorte se distraiu e entrou na conversa. Portanto ela não o havia prometido nada, certo?
O prato chegou alguns minutos depois e os dois o saborearam enquanto elogiavam a comida e claro, o maître havia acertado, o vinho combinava super bem com o prato. Pediram uma sobremesa para dividir e então Jin se atreveu a roubar o primeiro beijo da noite. O gelado das bocas pela sobremesa fez com que se arrepiasse e colocasse os dois braços em volta do pescoço de Jin, que sorriu satisfeito entre o beijo.
Assim que saíram do restaurante perguntou se ele tinha programado algo mais, o que Jin disse a ela que sim, mas que não falaria pois era surpresa também. sorriu enquanto ele pegava a mão dela para que eles pudessem caminhar lado a lado. Havia um parque de diversões itinerante na cidade, coincidemente seria o último dia também do parque na cidade e havia comentado que gostaria de visitá–lo antes de irem embora, mas acabaram não indo e então Jin resolveu que seria ótimo levá–la lá no último dia deles ali. Conversavam sobre a beleza da cidade e sobre como todos eram extremamente educados, diferentemente do Rio.
Até que quando estavam chegando perto do parque Jin tapou os olhos de com uma de suas mãos enquanto a guiava, e ela segurava sua mão com força, com medo de cair.
— Ai, Seokjin, por Deus! Eu vou cair! — Jin gargalhou.
— Não vai! Você não confia em mim?
— Claro que eu confio!
Assim que adentraram o parque se desequilibrou levemente devido a algumas deformações na calçada e então Jin a segurou pela cintura, e acabou tendo que deixar os olhos dela livres. passou as mãos nos ombros de Jin se segurando lá e então ela sorriu ao ver o rosto bonito do moreno à sua frente. Tão próximo… Ela o beijou.
Um beijo calmo, como se ainda não conhecesse a boca de Jin o suficiente, ou como se quisesse aproveitar cada momento daquele beijo. Era como se somente os dois estivessem ali. Assim que eles pararam o beijo Jin beijou sua testa, ele sempre fazia aquilo e se sentia protegida com o gesto.
Assim que ela olhou ao redor, gargalhou com os olhos brilhando e Jin abriu um mega sorriso ao ver que tinha acertado ao pensar em levá-la ao parque.
— Eu não acredito, Jin! — ela lhe estapeou levemente o ombro — Você lembrou!
— Ai! — ele respondeu ao tapa levando uma das mãos até o ombro — E é isso que eu ganho por ter me lembrado?
— Não! — passou a mão pelo lugar que tinha batido e depois o abraçou com força — Foi um tapa de amor, você sabe! Eu amei você ter tido essa ideia. De verdade, eu amo um parque de diversões!
Os olhos dela se encheram de lágrimas, enquanto abraçava com força Jin que lhe acariciava os cabelos. Ela e Mário viviam indo ao parque quando eram adolescentes, e se divertiam muito lá com os amigos. Aquilo tinha um significado especial para ela, e com certeza a ajudaria no processo de cicatrização do grande buraco que havia ficado. E então deixou que algumas lágrimas caíssem por seu rosto, molhando um pouco a camisa azul bebê que Jin usava. Ao subir o rosto de para próximo do seu, Jin a viu limpando as lágrimas do rosto e se assustou.
— Ei, o que foi? — ele segurou o rosto dela entre as mãos.
— Nada, eu só tô muito emotiva hoje. — balançou a cabeça.
— Tem certeza? — Jin se certifica.
assentiu enquanto selava os lábios de Jin demoradamente.
— Aonde você quer ir primeiro? — ele perguntou.
— Por favor, vamos no carrinho de bate–bate para eu te dar uma surra!
— Ah, coitada! Minha especialidade, tem certeza que quer começar por lá?
— Bora ver então!
saiu arrastando Jin pela mão até chegarem ao carrinho de bate–bate, depois de se acabarem de rir por lá os dois resolveram ir na montanha russa e achou que Jin passaria mal de tantos gritos que o mesmo dava, fazendo com que ela ora ficasse preocupada e ora morresse de rir. Assim que desceram, Jin pediu arrego e questionou se eles não podiam se sentar um pouco.
gargalhava alto se lembrando das expressões de Jin na montanha russa, enquanto ele brigava com ela por rir. Foram em mais alguns brinquedos e então antes de irem embora eles decidiram parar em uma daquelas máquinas com vários bichinhos de pelúcia para tentar a sorte, Jin queria pegar um bichinho para e também queria tentar. Jin tentou duas vezes e não conseguiu nada, aí então disse que iria tentar e pediu para Jin apontar para qual bichinho dentre todos ali era seu preferido e ele então apontou para um unicórnio o que fez com que os dois gargalhassem muito. Em menos de quinze minutos conseguiu pegar o unicórnio apontado por Jin como sendo o preferido, deixando Jin chocado e um tanto quanto bravo por não ter conseguido.
— Como você conseguiu, Olívia? — ele perguntou incrédulo enquanto ela lhe entregava o unicórnio.
sentiu o coração apertar outra vez ao se lembrar do irmão a ensinando como fazer para “enganar” a máquina e conseguir qualquer bichinho.
— Ah, não sei! — ela deu uma gargalhada seca.
Jin então a abraçou com ternura agradecendo pelo bichinho.
— Vou voltar para casa segurando ele no avião para pensar em você. — ele piscou.
Assim que saíram do parque, questionou se mais uma vez ele a deixaria “em sua pousada”.
— Quem disse que as surpresas acabaram? — ele a puxou para si novamente pela cintura.
— Ah, não acabaram? E o que mais você aprontou para a gente?
ficou nas pontas dos pés para conseguir envolver os braços sobre o pescoço de Jin, e todas as vezes em que ela o fazia, Jin ria da situação, pois achava aquilo a coisa mais fofa do mundo.
— Adivinha? — ele ergueu uma sobrancelha enquanto esfregava as mãos na cintura dela.
— Deixa eu pensar… — ela também ergueu uma sobrancelha — É surpresa?
Os dois riram e Jin assentiu.
— Você vai tapar meus olhos daqui lá também? — ela mordeu o lábio.
— Não exatamente. Só em determinado momento.
— Ai meu Deus, Jin! Você precisa parar de ser perfeito.
Os dois encostaram as testas e Jin ficou vermelho.
— Por que? Qual o problema de eu nos proporcionar uma noite inesquecível?
“Porque eu não posso me apaixonar por você Kim Seokjin”, pensou .
— Hum. Então vamos, você pode me dar um spoiler pelo menos?
— Nesse caso, não tem muito, como sabe? Porque se eu der um spoiler eu conto tudo!
— Droga! — ela mordeu o ombro dele sobre o paletó que protestou a soltando.
Os dois puseram–se a caminhar outra vez, parando hora ou outra para se olharem e se beijarem até passarem por uma feira de artesanatos em uma das praias mais bonitas da cidade e acabaram por olhar algumas coisas, queria comprar alguma lembrancinha para as melhores amigas e Jin também acabou comprando para alguns amigos. Até que se depararam com uma barraca que só vendia acessórios feitos à mão, como anéis e pulseiras de miçangas e etc. Logo os dois pararam para observar melhor os produtos, até que Jin teve uma ideia.
— Você não tem nenhuma lembrança material da viagem, né? Eu tenho as fotos e o unicórnio.
sorriu ao lembrar das milhares de fotos e vídeos que eles fizeram da viagem.
— Moço, me vê essas duas, por favor? — ele apontou para duas pulseiras delicadas em tom de cinza.
subiu o olhar até encontrar o de Jin, que sorriu.
— Que isso, Jin? — o moço então entregou as duas pulseiras num pacotinho pardo para Jin que agradeceu.
— São duas pulseiras de miçanga. — ele apertou o rosto de com delicadeza — Uma para você e uma para mim. Assim você não me esquece e eu não te esqueço.
Os olhos de já estavam marejados outra vez, e o peito dela ardia. Será que Jin não conseguia entender que ela precisava esquecê-lo? Por que ele fazia questão de tornar tudo ainda mais doloroso?
Ele abriu o pacote e então pegou o pulso de colocando a pulseira lá e deixando um beijo na mesma. Então Jin entregou a pulseira dele para que ela fizesse o mesmo. limpou uma lágrima teimosa que escapou de seus olhos e então repetiu o gesto de Jin, demorando um pouco mais no beijo. Depois os dois se abraçaram outra vez e queria poder desmontar de chorar ali mesmo.
Caminharam mais um pouco até que pararam na frente de um prédio alto e luxuoso e então, sem entender nada, questionou mais uma vez o que ele estava aprontando. Jin apenas disse para que ela mais uma vez confiasse nele.
Os dois entraram numa recepção onde se lia o nome "Reserva Madero” no tapete e arregalou os olhos, afinal de contas ela sabia que aquele lugar era caríssimo, e o que Jin estava aprontando levando-a a um conjunto de apartamentos à beira mar?
— Jin, o que a gente tá fazendo aqui, seu doido? — ela sussurrou.
— Você já já vai ver! — ele cumprimentou os funcionários da recepção e então caminhou com até a área dos elevadores.
— Jin, eu não tô entendendo nada, caramba! — ela apertou a mão dele.
Jin gargalhou ao entrar no elevador e então tirou um tecido de seda preto do bolso, se posicionou atrás de e então a vendou com o tal tecido. O coração de acelerou dentro do peito. Ela sabia o que estava prestes a acontecer, sabia quais eram as intenções de Jin, e as dela também.
Ao saírem do elevador, ela se deixou guiar cegamente por Jin, e sentia mais do que nunca que podia confiar no homem. Assim que ele retirou a venda de seus olhos, quis chorar pela trigésima vez na noite. Ela nunca havia conhecido alguém como Jin. Ele era romântico, carinhoso, atencioso, engraçado… Ele havia pensado em todos os detalhes daquela noite com todo carinho possível e aquilo quebrava por dentro.
O lugar era pequeno, tinha um painel com uma grande TV no meio do quarto, uma cama de casal decorada com algumas pétalas de rosas, uma escada que dava para um segundo andar — acreditava estar na cobertura — onde provavelmente estaria alguma piscina ou algo assim, um banheiro modesto também e uma sacada com vista para o grande mar. pôs-se a observar a grande cama de casal recheada de pétalas e pela parede haviam várias polaroids dos dois juntos na viagem. Ao pé da escada que dava para o segundo andar havia uma bandeja com uma garrafa de espumante e duas taças. O local era iluminado apenas pelas luzes de led que estavam penduradas na parede perto da cama iluminando as fotos e as pétalas.
— E então, gostou? — Jin a segurou pela cintura aproximando o corpo do dela — Olha, eu não quero que você se sinta pressionada a nada, Olívia. Eu não preparei tudo isso apenas pra transar com você.Se você quiser, a gente pode só relaxar, conversar e aproveitar nossa última noite juntos aqui. Eu só pensei que hoje seria muito importante que dormíssemos juntos, já que você ainda vai demorar a voltar pro Rio.
balançou a cabeça assentindo, ainda hipnotizada com o lugar todo preparado para eles.
— Você de fato existe ou é só a minha imaginação?
Ela se virou ficando de frente para Jin.
— Hum, o que você acha? — ele fez um biquinho e riu.
— Não sei, por que você não me mostra? — perguntou com uma voz provocativa.
Jin sorriu sem mostrar os dentes enquanto segurava de novo a cintura de , com certa força dessa vez. E logo os lábios dele estavam colados ao dela, o beijo começou lento e delicado, como já era característico dos dois. As mãos de estavam em seus cabelos, e ela resolveu puxá–los com certa força dando permissão para que a língua dele invadisse sua boca. O beijo calmo e delicado foi dando espaço para um beijo mais selvagem, com direito a algumas mordidas nos lábios de ambos. Jin se atreveu a descer as mãos da cintura para o bumbum de , e apertou.
A mesma arfou contra os lábios do moreno ao sentir as mãos dele ali. Há quanto tempo ela não sentia aquilo? As mãos dele subiram de volta para sua cintura e aproveitou para descer o paletó de Jin com intenção de tirá-lo, queria sentir a pele dele o mais rápido o possível, mas não queria descolar os lábios dos dele. Jin entendeu o que ela queria e facilitou para a mesma, soltando sua cintura, mas sem desgrudar os lábios dos dela. se livrou do maldito paletó e partiu então para os botões da camisa de Jin. As mãos dela tremiam de excitação e Jin percebendo resolveu ajudá-la desabotoando ele mesmo a camisa que foi arrancada com pressa por .
Os lábios se separaram por alguns instantes para que eles pudessem respirar. E aproveitou para vislumbrar o torso desnudo a sua frente, a pele de Jin era tão branca que pensou levianamente que precisava deixar algumas marcas por ali e ela começou pelo pescoço que tanto chamava sua atenção todas as vezes em que se viam, assim que sentiu os lábios de sugarem seu pescoço Jin fechou os olhos e sentiu os pelos do corpo se arrepiarem e voltou a apertar o bumbum de demonstrando que havia gostado daquilo e sorriu contra a pele de Jin, descendo os beijos pelo pescoço dele, e chegando ao maxilar, depositando mais beijos por lá. Jin segurou as pernas de erguendo–a e enlaçando suas pernas em volta de sua cintura e os dois caminharam em passos curtos até a cama, onde foi jogada lá com delicadeza. Os dois sorriam um pro outro e não pode deixar de descer o olhar pelo corpo do homem à sua frente, como ele era bonito, meu Deus!
Ela não cansava de pensar isso.
Poderia passar a vida toda ali, olhando para ele. sempre se impressionava com a largura dos ombros de Jin, não pôde deixar de reparar é claro no volume que já se formava em sua calça, e ela sorriu maliciosa enquanto o mesmo se colocava entre suas pernas, abrindo delicadamente as mesmas.
Jin fez questão de subir o vestido que usava até a altura de sua barriga e então passou os dedos por ali, começou pela barriga, se abaixou e depositou beijos por aquela região. fechou os olhos, sentiu o coração dar pulos e pulos no peito, se arrepiando. Depois Jin passou as mãos pelas pernas e coxas de , arranhou levemente a região e mordeu o lábio inferior.
— Você é linda! — ele disse ainda passando as mãos pelas pernas dela — Eu nunca vou cansar de me dizer isso, Olívia!
Mesmo que aquele não fosse seu nome de verdade, sorriu ao ouvir o elogio. Sentiu o corpo pesado de Jin se deitar sobre o dela, o membro já duro de Jin se encostou levemente à sua entrada ainda sobre as roupas e quis gemer, mas se conteve. Ele beijou seu pescoço dando leves mordidinhas por lá e distribuiu alguns arranhões por suas costas, o que Jin pareceu ter gostado já que pressionou ainda mais o membro contra a pele de , que dessa vez não aguentou e soltou um gemido baixo. Assim que deixou o pescoço de livre, Jin a beijou na boca, um beijo ávido dessa vez, que foi correspondido. As mãos de Jin, subiam e desciam pelas pernas de , ele acariciava as mesmas e hora ou outra as apertava com força. mordiscava com força os lábios de Jin sempre que tinha a oportunidade.
Assim que as bocas se largaram Jin se levantou ficando novamente entre as pernas de que mantinha os olhos fechados, tinha medo de olhar para ele e perder todo o restinho de dignidade e racionalidade que ainda habitavam sua mente. Jin subiu um pouco mais o vestido da garota dessa vez, deixando toda a lingerie que ela usava à mostra. As mesmas eram pretas. Jin desceu o olhar pelo corpo da garota por vezes, como se também quisesse se certificar que ela era real, que não era mais um sonho, que ela estava ali deitada naquela cama, praticamente seminua, e entregue a ele.
Sentiu o membro pulsar de tesão dentro da calça, como há tempos não acontecia, e viu levantar parcialmente o corpo na cama, se apoiando com os cotovelos e abrir os olhos. Os olhos dela pareciam estar em chamas, assim como os dele e ele resolveu tirar o vestido por completo com a ajuda dela que logo em seguida voltou a se deitar na cama o chamando com o dedo indicador.
— Você acha que está em posição para me provocar, mocinha?
riu enquanto o puxava para si.
— Não estou? — ela passou a língua pelos lábios dele.
Jin sentiu os músculos fraquejarem e tremerem com a língua dela passando pela boca dele. estava disposta a ir longe, então passou o joelho pelo membro de Jin o apertando dentro da roupa e Jin soltou um gemido rouco, quase sem força nos lábios de , que gargalhou jogando a cabeça para trás, expondo ainda mais o pescoço.
— Você me paga! — ele sussurrou no ouvido de que voltou a sentir arrepios pelo corpo.
então desabotoou a calça de Jin — que já estava quase estourando diga–se de passagem — e viu a cara dele começar a ficar aliviada, ela então passou levemente a mão por ali e Jin a lançou um olhar de súplica. então com as duas mãos pôs–se a abaixar a mesma com a ajuda de Jin. Novamente o membro dele roçou por sua intimidade e fechou os olhos com força.
— Viu como é bom? — Jin voltou a sussurrar em seu ouvido e recebeu as unhas de descendo por suas costas com força.
Ele jogou a cabeça para trás enquanto subia o rosto e mordiscava a região de seu pescoço.
As mãos de Jin subiram então para o busto de , ele passou uma das mãos sobre o seio esquerdo dela ainda dentro do sutiã e depois apertou o mesmo o que fez com que soltasse um gemido mais alto, que agradou muito os ouvidos de Jin. Em seguida ele fez o mesmo com o outro seio, e então ele e se ajoelharam na cama, um de frente para o outro e Jin então se desfez do sutiã de que fechou os olhos como se adivinhasse o que vinha em seguida. Sentiu primeiro a língua quente de Seokjin circundar seu mamilo esquerdo, ela então agarrou seus cabelos e mordeu os lábios tentando conter o gemido. A boca dele então sugou todo seu seio fazendo com que agarrasse seus cabelos pretos com ainda mais força e se contorcer de prazer ao sentir a língua dele por ali mais uma vez.
Com a mão livre Jin segurava a cintura de , aproximando ainda mais os corpos enquanto sugava seu seio esquerdo. Ele estava com tanto tesão que sabia que não aguentaria por muito mais tempo, ele precisava senti-la dentro de si o mais rápido o possível. Mas ele não era o único naquela situação. Ao subir um pouco o rosto para então passar para o outro seio, segurou o rosto dele com uma das mãos e o beijou.
— Por favor, não demora muito. Eu preciso sentir você dentro de mim!
Aquele era o sinal que Jin precisava. Os dois voltaram a se beijar enquanto ele erguia e passava o braço pela cama tentando chegar até o criado mudo que havia ali para pegar o preservativo.
subia e descia as unhas pelas costas e braços de Jin e ele mordiscava seus lábios, assim que ele pegou o preservativo dentro do criado, ele deitou nos travesseiros que cheiravam a rosas, terminou de se despir. colocou uma das mãos sobre o membro rígido de Jin e fez menção de masturbá-lo, mas ele implorou que ela não o fizesse, pois ele alegou que não aguentaria. Então colocou o preservativo e percorreu mais uma vez as mãos pelas coxas de , ele havia as amado, e então desceu a calcinha de renda preta dela e se posicionou entre as pernas de . Antes, ele passou um dos dedos por lá e não conseguiu: jogou a cabeça para trás e soltou um gemido ao constatar que ela estava tão molhada quanto ele imaginou que estivesse. Ele ainda ficou a torturando com o dedo por um tempo apenas para ter o prazer de vê–la gemer e se contorcer embaixo dele de prazer.
Assim que sentiu o membro de Jin começar a preenchê-la devagar, ela o trouxe para perto e afundou o rosto na curva se seu pescoço. As pernas de se entrelaçaram nas costas de Jin assim que ele deu a primeira estocada e ela abafou o gemido ali com a boca colada no pescoço dele. Como de costume, as estocadas de Jin começaram lentas, e foram aumentando de ritmo gradativamente. Ele mal estava raciocinando, só sabia que era maravilhoso a sensação de tê-la ali, tão vulnerável e tão quente. já havia arranhado tanto as costas de Jin que provavelmente ele estaria machucado, mas ele não sentia nada, nada além de prazer. E chegaram ao clímax juntos, algo que nunca havia acontecido com ambos.
Depois de algum tempo abraçados e deitados coladinhos, Jin resolveu que aquele momento talvez fosse o ideal.
— Eu vou te contar uma coisa, mas não quero que você se assuste! E nem que pense que é mentira, ou que estou inventando isso para te impressionar.
ergueu o olhar até encontrar o dele.
— Ah, mas o momento de você falar algo que pudesse me assustar era antes disso tudo que rolou, né? — ela brincou enquanto ele ria — O que é?
Jin umedeceu os lábios vermelhos e depositou um beijo no topo da cabeça de , ou Olívia, como ele a conhecia.
— De uns dois meses ou mais para cá, eu tinha uns sonhos. — ele pausou buscando as palavras certas — Esses sonhos eram com uma garota que eu jamais havia visto na vida, eu não a conhecia.
— Hum. — assentiu — Certo.
— E era toda noite, não falhava uma! E alguns sonhos eram confusos e perturbadores, outros eram mais calmos, e eu sempre acordava desesperado, sabe?
— Sei. — se aconchegou mais no peito dele.
— Daí eu ficava me perguntando se aquela garota existia no mundo real de fato, ou se era só nos meus sonhos. E bom, foi por isso que naquele dia em que nos conhecemos no lual, eu fiquei daquele jeito. Não foi uma queda de pressão, e sim porque a garota é você.
se sentou na cama incrédula olhando Jin.
— Você está falando sério, Seokjin?
— Claro que eu tô, Olívia! Por que eu mentiria uma coisa dessas? Por que eu mentiria para você? Odeio mentiras!
sentiu o soco no estômago com aquelas palavras. Ele odiava mentiras, e ela estava fazendo o quê com ele? Ele estava sendo honesto e se abrindo completamente com ela, e o que ela estava fazendo com ele? Ela ficou em silêncio apenas o encarando. Queria decorar cada traço do rosto dele na memória.
— Olívia? — Jin a chamou estalando os dedos perto de seu rosto.
— Que fofo! — o abraçou jogando seu corpo sobre o dele — Você deve ter me visto em algum momento na vida, mesmo que de relance, porque nosso cérebro não é capaz de inventar rostos!
Jin sorriu enquanto a abraçava e acariciava as costas desnudas dela.
— Fiquei tão feliz de te encontrar e saber que você de fato existia!
embargou os olhos outra vez, droga! Então eles se soltaram e voltaram a se olhar. De repente uma chuva começou a cair do lado de fora e os dois sorriam sapecas.
— Se veste, vamos lá para cima! A gente tem que se beijar na chuva, esqueceu?
Jin se levantou todo desajeitado e ainda nú, e fez gargalhar. Os dois haviam confidenciado um ao outro que nunca haviam se beijado na chuva e que gostariam de fazer isso um com o outro. O destino estava colaborando ou atrapalhando ainda mais as coisas para ?
Os dois subiram as escadas e assim que saíram para a pequena varanda da cobertura sentiram os pingos gelados da chuva em suas peles. Eram duas e meia da manhã. abriu os braços e deixou que a chuva a molhasse.
Ela abraçou Jin com força encostando sua cabeça no peito dele, que a acalentou. Os dois ficaram assim por um bom tempo. Com a chuva lavando seus corpos e almas.
— Promete que não vai me esquecer? — Jin questionou segurando o rosto delicado de entre as mãos.
apenas assentiu com a cabeça, segurando o choro. E então eles se beijaram, debaixo da chuva.
Assim que terminaram o banho, os dois se deitaram na cama já sem as pétalas que estavam todas no chão agora. se aninhou outra vez no peito de Jin.
— Se você acordar primeiro, me chama? Meu sono é muito pesado.
não queria mentir mais. Mas acabou por fazê-lo de novo.
— Claro! — por sorte Jin não reparou que a voz dela estava embargada.
— Eu sonho com você todas as noites. Espero não acordar desta vez.
Assim que Jin adormeceu se ajeitou melhor na cama ficando de frente para ele. Lhe acariciou o rosto delicadamente e então se permitiu chorar até pegar no sono.
Os primeiros raios de sol adentravam o quarto e estava de pé. Se vestiu cuidadosamente para não acordar Jin. Pegou sua bolsa e então pôs-se a observar Jin ali deitado e dormindo, como um anjo. O coração de batia descompassado, e ela voltou a sentir o quente das lágrimas pelo rosto. Abriu a porta do apartamento com todo o cuidado o possível e deu uma última olhada em Jin. Sussurrou na direção do moreno:
— A mais bonita das despedidas, a melhor noite das nossas vidas.
Assim que adentrou o elevador e percebeu que estava sozinha, tapou o rosto com as mãos e deixou que o choro caísse livremente por seu rosto. Com os olhos embaçados, ela atravessou a recepção como um tufão e caminhou pela avenida com os olhares curiosos e até mesmo preocupados dos que passavam por ela e a viam aos prantos. Pegou um táxi e foi até a sua pousada, lá ela começou a fazer suas malas, ainda aos prantos.
Ali ela desejou ter dito toda a verdade a Jin. Se lembrou da risada gostosa que ele tinha, das mãos quentes dele lhe acariciando, das fotos dispostas pela parede do apartamento, se lembrou da noite que tiveram. Desejou ter tido coragem o suficiente para ter dito à ele que mentiu sobre tudo! Mas agora era tarde demais, e não havia mais clima para fazer aquilo. Abaixou a cabeça e deixou as lágrimas caírem no chão. Teria que aceitar o fato de que nunca mais o teria em seus braços.
Enquanto isso, Jin a procurava pelo andar de cima, afinal de contas ela poderia ter acordado primeiro para curtir uma piscina, mas nada dela ali. Ao voltar ao primeiro andar ele notou que sua bolsa já não estava mais lá, então ele desceu achando que ela estivesse no salão tomando café e não quis acordá–lo. Chegando lá, ele percorreu por todo o lugar e também não a encontrou. Preocupado ele vai até a recepção e lá eles informam que bem cedinho ela foi embora.
Jin encerra a sua diária no lugar e então corre pela avenida afora, procurando por ela nas praias, e então decide que vai até a pousada onde ele acha que ela está hospedada. Ao chegar ao local ele pergunta aos recepcionistas ali presentes e questiona se a garota ainda está lá ou se já foi para o aeroporto e então eles lhe respondem que não existe ninguém hospedado ali com aquele nome, ele então mostra uma foto de Olívia a eles que se entreolham e alegam que de fato, aquela garota nunca esteve ali.
Jin deixa a pousada e caminha de volta para a pousada em que ele está hospedado. Desolado e ainda incrédulo ele se senta em sua cama. O que estava acontecendo? Por que ela havia mentido? Será que aquilo tudo havia sido apenas mais um sonho, sei lá um delírio? Ela era real? Por que ela havia sumido daquele jeito? Por que mentir o nome e o lugar onde estava? A mente dele estava confusa e o coração partido.
— Tem café! Eu fiz um bolo também, desce para você comer. Ainda tá cedo, dá até para você voltar a dormir depois!
gargalhou brevemente e voltou a abrir os olhos. Taehyung se levantou e depositou um beijo breve no topo da cabeça da irmã e depois a deixou sozinha.
Ela se levantou e antes de sair do quarto para ir até o banheiro checou o celular, com medo. Durante a semana que havia se passado ela havia recebido cerca de setenta ligações do stalker. Taehyung nem imaginava, e ela de certa forma se sentia mal por não contar como as coisas estavam ao irmão, mas ela conhecia V, sabia que ele provavelmente ficaria preocupado e ela não queria preocupar o irmão com aquilo, ele já tinha tantas preocupações com ela e com a casa.
Nada, nenhuma ligação até aquele momento. respirou aliviada, e entrou no whatsapp para verificar se ninguém do hospital havia mandado nada por lá. Assim que entrou viu que havia uma mensagem de Jungkook não lida, enviada de madrugada.
engoliu seco ao pensar novamente na hipótese de ele ser o stalker, havia alguns dias que eles não se falavam desde a ida dele ao hospital para retirar os pontos. o havia tratado mal e ele provavelmente havia ficado chateado. também havia ficado, depois pensou que não precisava de tudo aquilo, mas já estava feito.
Abriu a mensagem que dizia apenas:
“Saudades de você! Será que nós já podemos voltar a nos falar? Não sei exatamente o que eu fiz, mas gostaria muito de entender e de voltar a falar com você. Você me faz bem, !”
sentiu o coração murchar dentro do peito. Ela também sentia falta dele! Mordeu o lábio receosa. Olhou para a tela do celular, relendo a mensagem, e ele estava online. Digitou:
“Estou de folga hoje, o que acha de a gente finalmente ter um segundo encontro? Assim a gente conversa melhor sobre tudo!” enviado.
respirou fundo e logo o online virou um digitando.
“Você está falando sério?”
soltou um risinho nasalado pela incredulidade dele.
“Sim, estou ,Jungkook! Vamos?”
“Aonde e que horas?”
pediu que ele esperasse até que ela saísse do banho para pensar em algum lugar. E assim ela o fez, tomou um bom banho deixando que a água morna caísse por seu corpo sentindo os músculos relaxarem por completo. Havia séculos que não conseguia sentir de fato a mente calma e vazia daquela forma. O trabalho estava a consumindo de forma tão absurda que ela nem sabia como estava conseguindo se manter tão firme, e para piorar o stalker estava pegando pesado nos últimos dias o que a fazia ficar apavorada e paranóica, ela não conseguia relaxar. Por isso estava aproveitando tanto aquele banho.
Assim que desceu as escadas da casa, passou pelo escritório para dar mais um beijo no irmão e conversar com ele um pouco. Pensou que talvez ele ficasse chateado dela sair de casa em um dos poucos dias de folga, então foi à cozinha pegou um pedaço do bolo que ele fez e uma xícara de café e se sentou no sofá do escritório enquanto conversava com o irmão sobre o trabalho dele. Quando finalmente se lembrou de responder a Jungkook. Ao olhar o celular havia algumas mensagens dele não lidas, achando que ela havia desistido. E o acalmou.
— Me fala um lugar maneiro aí, Tae, para sair para conversar. Um lugar mais tranquilo, please!
— Para que? Para você? Vai sair?
assentiu com a cabeça, com os lábios comprimidos, tremendo a reação do irmão. Mas ao contrário do que ela esperava, ele abriu um sorrisinho de canto e balançou a cabeça de forma positiva.
— Você está conhecendo alguém? — ele girou a cadeira e se aproximou da irmã no sofá.
ficou ruborizada com a pergunta do irmão. Apesar de os dois saberem quase tudo um da vida do outro, algumas coisas ela ainda sentia certa vergonha de compartilhar com o irmão!
— Ai Tae! — ela soltou um muxoxo enquanto ele beliscava as pernas dela rindo — Estou, mas não rolou nada ainda! Você sabe, minha vida é muito complicada para eu conseguir ter alguém. A gente se viu só uma vez, e você nem imagina como!
Taehyung se interessou pelo assunto e contou à ele sobre a primeira vez em que se viram no hospital, o que arrancou algumas risadas dele.
— Que tal vocês almoçarem fora?
pensou na ideia por alguns segundos e pegou o celular novamente, Jungkook havia mandado uma mensagem propondo exatamente a mesma coisa e sorriu, fazendo com que o irmão sorrisse junto.
Olhou as horas e resolveu que comeria mais um pedaço do bolo do irmão e subiria para se arrumar, já que eram quase meio dia e eles haviam combinado de encontrar meio—dia e quarenta.
— Vou me arrumar, Tae! Eu volto cedo, prometo!
— Não precisa ficar preocupada com isso. Aproveita o encontro! Depois eu quero conhecer esse cara hein?
Ele fez uma cara séria e um gesto com as mãos e gargalhou.
— Calma, Tae. — ela se levantou e bagunçou os cabelos negros do irmão.
Subiu as escadas com calma e adentrou o quarto. O banho já estava tomado então ela só precisava escolher uma roupa e fazer alguma maquiagem. Estava calor e de dia então ela queria algo leve e fresco, optou por um vestido florido que batia até um pouco antes dos joelhos e uma maquiagem leve. Se arrumou com calma, calma essa que ela sentiria falta quando a folga acabasse. O lugar ficava há uns vinte minutos de sua casa então ela terminou de se arrumar e pegou a bolsa sobre o sofá e a chave do carro. Se despediu de Tae com um beijo na bochecha e disse que qualquer coisa era só mandar uma mensagem ou ligar e ele pediu que ela relaxasse e se divertisse.
Chegou primeiro ao local e se sentou mais ao fundo do estabelecimento, ao verificar o celular havia uma mensagem do irmão dizendo à ela que se ela precisasse de ajuda ou algo do gênero ele estaria pronto para ajudar e riu. Amava tanto o irmão!
Assim que levantou o olhar e depositou a bolsa em uma das cadeiras, ela o viu adentrar o lugar. O cabelo roxo hoje estava preso num rabo de cavalo baixo e o piercing que ela achava super sexy estava ainda mais a mostra. As mãos nos bolsos, ele estava todo de preto, e sorriu quando a viu. Os olhos pretos dele, brilhavam, como se fossem uma galáxia.
se levantou quando Jungkook se aproximou da mesa. Ela estava nervosa e nem sabia o porquê.
A mão direita de JK lhe apertou a cintura e então os lábios dele beijaram a bochecha dela demoradamente. O cheiro dele invadiu as narinas dela, e ela podia jurar que desmaiaria. O cheiro dele era incrível.
Se sentaram frente a frente e um garçom chegou com os cardápios e eles agradeceram.
Os dois não conseguiam parar de se olhar, mas em completo silêncio. não sabia muito bem o que falar, era engraçado como por mensagem o assunto fluía tão naturalmente e pessoalmente ela não conseguia agir normalmente. Mas de uma coisa ela sabia, Jungkook mexia com os hormônios dela.
— E então? Finalmente uma folga hein? — ele brincou mexendo no cardápio enquanto mordia o lábio.
riu, sem graça.
— Pois é, menino! Hoje quando eu acordei, nem acreditei que estava de folga! Foi tão gostoso, poder acordar sem despertador, tomar um banho de verdade!
Os dois riram. Silêncio.
— Você tá linda! — Jungkook acariciou a mão de sobre a mesa.
direcionou o olhar até a mão dele. O toque dele era tão suave, que desejou que ele não parasse com o carinho. E ele assim o fez, continuou acariciando a mão dela, até que os olhares se encontrassem novamente.
sorriu, sem graça. Não costumava ouvir muitos elogios, então sempre ficava sem graça quando ouvia um.
— Como está o trabalho? Lembro de você dizendo que também estava mais tranquilo há algumas semanas atrás. — Jungkook soltou um suspiro pesado e fechou os olhos.
— Até estava mesmo, mas agora estou mudando de chefe e isso tem mexido um pouco comigo. Eu estou tentando me adaptar, sabe? Eu estava acostumado com o antigo, e esse novo tem me tirado um pouco do sério.
se lembrou de uma das ligações do stalker onde ela chorando pediu que ele a deixasse em paz, e recebeu como resposta um “não me tire do sério baby, eu não ando tendo bons dias!” e a espinha gelou.
Retirou delicadamente a mão debaixo da de Jungkook e raspou a garganta. Voltou a fitar o cardápio. Jungkook juntou as mãos debaixo da mesa sentindo a cortada brusca do contato das mãos. Ela andava estranha.
— O que eu fiz? Não só agora, mas desde semana passada? Por que você muda de repente?
sentiu uma pontada na cabeça, como se ela quisesse começar a doer.
— Nada, você não fez nada! — balançou a cabeça.
Como ela explicaria para ele? Era impossível explicar.
— Aquele dia no hospital… — ela pausou — Eu te peço desculpas inclusive! Não estava sendo um bom dia e eu acabei descontando nos pacientes. Não foi certo da minha parte, mas realmente eu estava no meu limite! Na verdade eu ando no meu limite.
— Tem mais alguma coisa te perturbando? Além do trabalho?
encarou os olhos pretos de Jungkook e eles brilhavam ainda mais. Ele mordia o lábio inferior esperando alguma resposta. O coração de começava a acelerar, quando ele voltou a acariciar suavemente a mão dela sobre a mesa outra vez.
— Não! — ela mentiu, engolindo seco — Nada! Só o cansaço mesmo. Eu estava muito sobrecarregada no hospital, trabalhando sem parar, sem dormir… Isso meio que mexeu muito com as minhas emoções.
— Perfeitamente compreensível. Eu não tinha entendido muito bem no dia, eu confesso. Mas depois pensei sobre e imaginei que fosse algo do gênero, mas tive minhas dúvidas.
— E você achou que era? — questionou encarando ainda mais os olhos negros de Jungkook.
Com a resposta, queria encontrar dentro dos olhos dele, algum traço que a fizesse conseguir confiar completamente nele.
Jungkook apertou a mão dela levemente sobre a mesa, parando a carícia.
— Achei que tivesse feito algo grave, mas não sabia o quê, ! E foi isso que me deixou angustiado. Eu não entendi, de verdade.
analisou os olhos negros dele. Desceu os olhos para os lábios vermelhos dele. De repente ela só conseguiu pensar em como seria um beijo dele e em qual gosto aqueles lábios teriam.
Subiu o olhar de volta para os olhos dele. Não conseguia enxergar nada ali, além do brilho dos olhos dele. Ele era incrivelmente indecifrável.
— Me desculpe, mais uma vez, JK!
A mão dele ainda apertava a dela e ela demonstrou o incômodo que aquilo já estava causando. Como se saísse de algum transe, ele afrouxou o toque e voltou a acariciar a pele de . Aquilo a havia assustado um pouco.
— Vamos almoçar? — ele perguntou e ela apenas assentiu.
Voltou a olhar o celular, e nenhuma ligação do stalker. fitou Jungkook concentrado no cardápio e engoliu em seco. Logo os dois fizeram seus pedidos e voltou a questionar sobre o trabalho de JK, e o porque ele não estava confortável com o novo chefe.
— Ele é estranhamente grosso e seco, sabe? Não sei, acho que eu me acostumei com o jeito mais amável e humanizado da minha chefe.
— Antes então era uma mulher? E isso para você era mais confortável?
— Sim, uma mulher. E, eu não entendi o questionamento, .
emudeceu.
— Não, nada. Esquece, esquece isso!
— Eu não quis dizer que me sentia mais confortável com ela por ser mulher.
Agora era ele quem soltava a mão de cortando bruscamente o toque. Visivelmente chateado pela dedução de .
— Não foi isso que eu quis dizer, JK, desculpe pela forma que me expressei.
soltou um suspiro pesado e puxou a mão dele sobre a mesa e colocou a sua sobre a dele, agora com ela acariciando a mesma.
— Tudo bem! — ele sorriu sem mostrar os dentes.
Os dois mudaram de assunto, até que os pratos chegaram. Enquanto comiam os dois trocaram algumas risadas com as palhaçadas de Jungkook e ela fitou o celular. Não havia nenhuma ligação do stalker. e Jungkook se encararam.
Era ele ou ela estava apenas ficando louca?
Hoje nem bom dia ele havia dado, os dois apenas trocaram aquele olhar e Jimin se sentou em completo silêncio em sua mesa, a não ser pelo longo suspiro cansado que saiu de seus lábios enquanto ele bagunçava os cabelos que hoje não estavam alinhados num topete, e sim partidos ao meio e sem nenhum traço de gel. Ele hoje não vestia as tradicionais roupas sociais de todo dia e sim uma calça preta justa com alguns rasgados pelos joelhos e uma blusa de frio branca, larga. Os olhos estavam inchados, como se ele tivesse chorado muito ou não dormido nada durante a noite, ou talvez até as duas coisas. E reparou nisso enquanto o vislumbrava de olhos fechados passando a mão pelos cabelos com as mangas da blusa as cobrindo por completo. Assim que reparou melhor no rosto dele, viu um leve inchaço em sua boca, como se fosse um corte.
A mais baixa estranhou tudo aquilo, porque ela estava acostumada demais com ele todo arrumado e perfumado, e bom, por mais que ela não estivesse conversando com ele, pelo menos um bom dia eles sempre trocavam e hoje nem isso. Sem contar que ela havia ficado preocupada, especialmente com o corte nos lábios dele. O que teria acontecido? Será que ele havia se metido em alguma briga? quis colocar gelo ali para que o inchaço e a provável dor desaparecessem, quis cuidar dele e entender o que poderia ter acontecido, mas ele não merecia.
Jimin retirou alguns papéis da pasta que sempre carregava consigo e ligou o notebook, enquanto o mesmo ligava, ele colocou as mãos sobre o rosto e sentiu vontade de chorar ao se lembrar da briga horrível da noite passada. O padrasto mais uma vez resolveu que humilharia a mãe de Jimin em sua frente, e os dois entraram numa briga horrível, onde ambos se agrediram não só verbalmente. Jimin viu a mãe ficar do lado do padrasto quando tudo aconteceu e sentiu seu coração se quebrar em mil pedaços.
Ele queria sumir! Pelo menos por alguns dias. Estava muito magoado com toda a situação, amava a mãe mais que tudo, mas ela o havia magoado demais e toda a situação estava insuportável para ele, que não sabia muito bem como agir com relação ao que sentia pelo padrasto e pela mãe.
Jimin havia chorado basicamente a noite toda e se dormira três horas naquela noite havia sido muito. Sua cabeça explodia de dor, e o nó no peito não se desfazia por nada, então ele deixou algumas lágrimas escaparem enquanto tampava o rosto de novo. umedeceu os lábios, se sentindo angustiada com a situação. E então bateu na porta e a abriu logo em seguida.
— Bom dia, nenéns! Tá na hora do café! Vamos?
Jimin se levantou rapidamente e pegou a caneca verde com a logo do escritório e caminhou em direção a , que assim como não conseguiu deixar de reparar no estado do amigo. Assim que passou por ela, ele depositou um beijo rápido em sua bochecha saindo da sala logo em seguida. também se levantou.
— Você sabe se aconteceu alguma coisa?
cumprimentou a amiga com um beijo também e logo as duas começaram a caminhar para a cozinha do escritório.
— Nós não estamos nos falando, né? Mas achei estranho… Ele não tá nada legal!
— Sim! É perceptível, amiga! Não vai arriscar?
— O quê? Perguntar? Pra ele me dar uma patada?
As duas pararam em frente a cozinha e observaram o loiro sentado na mesa de sempre com a caneca cheia de café e as mãos tapando o rosto enquanto ele soltou outro suspiro e então pôs-se a mexer no lábio machucado, soltando alguns muxoxos.
— Aquilo ali na boca dele é um corte? — cochichou ao observar a boca do amigo.
— Amiga, eu acho que sim. Tá enorme, né? — suspirou.
— Aconteceu alguma coisa, mas eu não me sinto íntima o suficiente para perguntar, o Hoseok comentou que ele tem muitos problemas com o padrasto e que o clima na casa dele não é dos melhores, e que ele sempre se estressa ao falar sobre!
As duas se olharam e depois olharam Jimin novamente que agora encarava fixamente a caneca a sua frente. e entravam na cozinha e se serviram de café, ambas olharam Jimin, imóvel, com lágrimas nos olhos. O olhar de outra vez se deteve no machucado. Quis abraçá-lo com força.
— Vou voltar, preciso adiantar algumas coisas. — ele finalmente falou enquanto se levantava e pegava a caneca — Bom café, meninas!
As duas assentiram e ele saiu da cozinha. e ficaram alguns minutos lá conversando sobre amenidades e perceberam que o café não era o mesmo sem as palhaçadas do amigo. Antes de voltar, pegou um pano de prato dentro de uma das gavetas da cozinha e alguns gelos, os embrulhando com o pano e entendeu. Assim que ela voltou para a sala, Jimin estava absorto em seus pensamentos e olhava a tela do computador. O machucado agora sangrava um pouco e ele limpava com a ponta dos dedos, provavelmente ele havia se machucado ainda mais ao mexer no corte.
— Isso aí deve tá doendo muito, Jimin. Toma! — estendeu o pano com os gelos na direção de Jimin.
—Tá tudo bem! — ele respondeu encarando em pé em frente a sua mesa.
—Não seja babaca, Jimin! O corte está sangrando e sua boca está enorme!
Jimin passou a língua pelo corte e sentiu o gosto forte de sangue na mesma e soltou um gemido de frustração com a ardência do corte. Mas fez que não com a cabeça.
— Que droga, Park Jimin! — bateu as mãos na lateral do corpo.
Andou um pouco até conseguir ficar ao lado dele em sua mesa e se agachou com certa dificuldade devido aos saltos que usava e então segurou o rosto de Jimin com uma das mãos virando-o para ela e então os dois se encararam. Jimin gostou da sensação da mão dela em sua pele, então ele passou a língua pelo ferimento de novo, sentindo outra vez a ardência, e praguejou de novo.
então segurou o rosto dele com delicadeza e colocou o pano com os gelos devagar sobre o corte. Jimin fechou os olhos, praguejando pela terceira vez com o gelo queimando seu lábio machucado.
—Calma! — pediu —Tá enorme! Por que você não colocou em casa?
Jimin maneou a cabeça ainda com os olhos fechados e segurou uma das mãos dele.
— Fica quieto, Jimin. É para te ajudar!
— Eu não vi que tava assim! — ele disse com dificuldade.
—O que aconteceu?
se atreveu a questionar, e viu os olhos dele se abrirem. Agora marejados.
— Não precisa contar se não quiser… Mas acho que você precisa conversar
Então, se quiser falar, eu estou aqui.
Jimin soltou um muxoxo quando ela intensificou o contato do gelo com sua boca, o que fez com que ela se levantasse, ficando em pé, no meio das pernas dele. Os dois trocaram um olhar mais intenso. Como ele conseguia continuar sexy mesmo numa situação como aquela? Pensou .
Jimin ficou em silêncio enquanto a mais baixa cuidava do ferimento de sua boca. Depois de alguns minutos, quando seus lábios inferiores já estavam começando a ficar dormentes, ele sentiu se afastar, já que as pernas dela estavam em contato com as suas. Num instinto, Jimin a segurou pela cintura a trazendo para perto dele de novo.
engoliu seco com a atitude inesperada do colega, e acabou por apoiar as mãos nos ombros dele.
— Achei que você não tinha acabado ainda, me desculpe! — ele soltou com a voz fraca.
apenas assentiu com a cabeça, meio sem reação.
— Daqui a vinte minutos precisamos colocar de novo, se ainda estiver inchado, ok?
Jimin assentiu sem conseguir tirar os olhos dela.
— Preciso voltar para a minha mesa, Jimin. — ela sussurrou alto o suficiente para que ele ouvisse.
Ele assentiu soltando devagar a cintura dela que voltou rapidamente para sua mesa, antes jogando o restante de gelo que havia sobrado no lixo. Os dois agora estavam desconcertados.
Durante os vinte minutos seguintes, os dois não trocaram mais nenhuma palavra, mas flagrava Jimin limpando algumas lágrimas hora ou outra, e ele também suspirava muito enquanto passava as mãos pelos cabelos sempre bagunçando-os. Ela estava angustiada sem saber o que estava acontecendo e estava se sentindo estúpida por se preocupar com ele. O machucado agora estava menos inchado, mas ainda parecia doer.
— Vamos colocar mais gelo aí? — Jimin tirou os olhos do computador e encarou que também o olhava.
Ele não gostava de olhar nos olhos dela, eles eram tão profundos que ele acabava ficando perdido por lá.
— Você acha que precisa?
levantou e caminhou em direção à ele, que esperou calmamente ela se adentrar em meio às pernas dele e lhe tocar o queixo, subindo o rosto dele. se abaixou o suficiente para sentir o cheiro dele e observou o machucado mais de perto, ainda estava inchado, mas não sangrava mais.
— Doendo? — ela perguntou.
Jimin fez que sim com a cabeça e se atreveu a colocar novamente as mãos na cintura dela, havia gostado daquilo.
— Mas doendo muito?
— Ardendo, na verdade.
Os dois se olharam outra vez, e percebeu que não era só o corte que ardia, os olhos dele também. Ela se ergueu, ficando reta e então informou a ele que buscaria mais gelo.
Jimin sacudiu a cabeça quando saiu, por que diabos ele estava gostando tanto daquelas sensações que aquela aproximação estava causando?
Assim que ela voltou com o gelo, entregou o pano para ele, para que ele mesmo pudesse colocar nos lábios e Jimin se sentiu levemente frustrado com a atitude.
As coisas ainda não haviam voltado ao “normal” para , ela ainda estava com raiva e não queria demonstrar tanta clemência assim.
Durante o almoço Jimin preferiu almoçar sozinho porque alegou não estar uma boa companhia, e as amigas foram sozinhas no restaurante que iam todos os dias. As duas conversaram sobre a preocupação que estavam com o amigo e contou à que ofereceu um ombro amigo caso ele quisesse conversar, mas que Jimin nada havia dito. Resolveu não contar sobre as sensações que a proximidade de hoje havia causado em sua cabeça.
Ao voltar, flagrou Jimin chorando outra vez, mas ele disfarçou quando a colega adentrou a sala.
— Você não vai mesmo me contar o que tá rolando? — jogou a bolsa sobre o sofá que tinha na sala.
Jimin fitou em pé entre a mesa dele e a dela com os braços cruzados abaixo dos seios. Droga, ele vinha achando ela cada dia mais linda!
— Eu tive um desentendimento familiar, bem grave, diga-se de passagem!
Jimin balançou a cabeça em negativa, fechando os olhos pesadamente.
— Com o seu padrasto?
Jimin abriu os olhos. Ele já havia comentado com ela sobre o padrasto?
— Sim, com ele mesmo! — Jimin mordeu o lábio se esquecendo do corte — Ai!
Ele levou a mão lá abaixando a cabeça.
— Calma! — se aproximou dele e pôs a mão sobre seu ombro, apertando-o — Ei, levanta aqui o rosto, deixa eu ver…
Jimin assim o fez, o lábio agora sangrava levemente. aproximou o polegar do ferimento, limpando com delicadeza o sangue que saia de lá. Os dois voltaram a se encarar profundamente.
— Colocou mais gelo aí? — Jimin fez que sim a cabeça — Então não mexe mais! E aí, o que rola? Qual seu problema com ele?
— Eu o odeio! — ele disse simplesmente — Ele é um babaca! Humilha minha mãe, a trata mal, e ela simplesmente não consegue o deixar, ela tem uma dependência emocional intensa dele, mesmo o relacionamento sendo completamente abusivo!
— Essas coisas são complicadas, Jimin, a maioria das mulheres não consegue mesmo sair. Você precisa ter paciência.
— Eu tenho, . Muita até! Você não sabe o inferno que é presenciar tudo o que eu presencio e não poder fazer nada!
assentiu, sentindo vontade de acariciar o rosto dele.
— Eu amo a minha mãe, mais do que tudo no mundo! — os olhos dele marejaram — E eu queria poder sumir com ela de lá, mas ela não quer, e eu não sei se consigo sair de lá e deixá-la sozinha com aquele imbecil!
— Você quer um conselho? Não quero me intrometer na sua vida, imagina. Se você não tem mais saúde mental para ficar no mesmo ambiente que seu padrasto, não fique!
Jimin respirou fundo, voltando a tapar o rosto com as mãos.
— Eu achava que sabia exatamente o que queria, para onde estava indo, mas, ultimamente, não sei, as coisas parecem confusas.
— Jimin, é sério! Não acabe com a sua saúde, com a sua vida por conviver com ele. Não vale a pena, mesmo que seja pela sua mãe. Você pode continuar ajudando ela de longe, acredite! Mas não se desgaste mais com essa situação, isso vai acabar com você.
— Está acabando comigo já. Chegou num nível que eu já não consigo mais olhar na cara dele. Eu sinto enjoos, está começando a ficar físico, sabe?
balançou a cabeça positivamente e se lembrou da mãe. Antes de sair de casa, era exatamente daquele jeito que ela se sentia com o padrasto também. E da mesma forma que Jimin, ela não esperava ser expulsa de casa pela própria mãe. Mal se lembrava do padrasto hoje em dia e tinha poucas lembranças daquele dia, elas eram apenas alguns borrões. Mas ela sentia a mesma dor do dia do ocorrido todas as vezes em que se lembrava.
— Sei sim! Esse é um sinal, Jimin. Um sinal do seu corpo, te dizendo que tá na hora de vazar fora! Eu demorei muito para entender isso quando aconteceu comigo.
— Quando aconteceu o quê?
respirou fundo percebendo que tinha atravessado uma linha que não deveria.
— Quando fui expulsa de casa pela minha mãe.
— Como assim? — Jimin se ajeitou na cadeira — Você não mora com ela?
— Não, tem anos! Para te ser sincera, eu nem sei a quantos anos eu moro sozinha.
— E seu pai?
— Eu nunca soube nem quem é o meu pai. Eu tenho um padrasto, desde os meus dois anos. E foi por causa dele que ela me expulsou de casa.
respirou fundo e resolveu se sentar em sua cadeira, voltando a ficar parcialmente focada no trabalho.
— Vocês não se davam bem também? — ela viu Jimin se aproximar de sua mesa com a cadeira.
—Não, eu o odiava, da mesma forma que você odeia o seu padrasto. Ele me olhava de uma forma esquisita e fazia comentários impróprios e quando eu fiz dezesseis anos ele invadiu meu banho, eu fiz um escândalo, e bom… — ela parou de falar.
— Sua mãe ficou do lado dele e te pôs para fora de casa?
— Exato! Eu não me lembro muito bem do dia, tenho alguns borrões apenas. Mas me lembro muito bem das investidas dele, me lembro muito bem dele invadindo meu banheiro, me lembro do nojo que eu sentia dele.
balançou a cabeça tentando afastar os pensamentos. E fitou Jimin, que agora havia erguido a mão na direção da mão dela, ela sentiu o coração acelerar.
A mão dele pousou sobre a dela em cima da mesa, segurando-a com força.
— Eu sinto muito, . É impossível imaginar isso.
sorriu sem mostrar os dentes e tomou coragem, acariciou-lhe o rosto com delicadeza e afeto. Ele fechou os olhos e se deixou levar pelo quente da mão dela.
— A vida às vezes é um sangramento difícil de estancar, Jimin. Você precisa ter coragem! Não abandone sua mãe, mas também não se mate por ela.
Ele abriu os olhos e ela instantaneamente cessou o carinho.
— Me desculpe! Aquele dia eu fui um babaca. Eu não deveria ter feito aquilo com você na apresentação, eu fui um completo idiota, e hoje tenho certeza disso. Me desculpa?
soltou um suspiro. Ainda não se sentia confortável ao lembrar do que ele havia feito.
— Vamos tentar não pensar mais nisso, pode ser?
— Eu preciso que você me perdoe.
— Jimin… — ela suspirou — Você me promete pensar com carinho no que eu disse?
— Claro! — ele voltou a segurar a mão dela.
— Então eu te desculpo. Agora vamos trabalhar, hum? E coloca mais um gelo aí nessa boca.
Jimin sorriu, depositou um beijo rápido na mão de que ele segurava e voltou para sua mesa. soltou um riso nasalado.
Parece que eles estavam começando de novo.
E hoje em específico, o dia estava sendo mais estressante que o normal, assim que Namjoon desligou o telefone ele jogou a cabeça para trás empurrando a cadeira, até que a mesma batesse na parede. Fechou os olhos e coçou os olhos. Voltou a ler o processo e as evidências que tinha. O cliente passou a mandar mensagens ao invés de ligar e Namjoon resolveu desligar o celular para ver se conseguia se concentrar de fato no trabalho.
Após muitas xícaras de café e duas latinhas de energético, ele sentiu as costas doerem e os olhos arderem devido ao tempo que havia passado olhando pro notebook. Se levantou, espreguiçando-se. Precisava de uma boa noite de sono, ele pensou. Olhou o relógio na parede e percebeu que eram quase dezessete horas e o abrigo/hospital fecharia dali a meia hora. Havia dois dias que Namjoon não via a mãe e ele bem sabia que quanto mais tempo ele passava sem vê-la ou sem tentar uma aproximação, menos chances de que ela se lembrasse dele Namjoon teria. Resolveu que iria hoje. Ajeitou as coisas dentro da pasta e arrumou a mesa, trancou o escritório e cumprimentou alguns colegas enquanto esperava o elevador. Mexeu a cabeça de um lado para o outro, flexionando os músculos cansados do pescoço, alongando-os.
Destravou o carro, adentrou no mesmo colocando a pasta no banco ao seu lado e dirigiu calmamente até o abrigo, sorte que o local ficava há poucos minutos do escritório de Namjoon.
Adentrou o local já tão conhecido por ele, cumprimentando alguns enfermeiros que encontrava pelo local, até chegar a recepção. A mãe provavelmente estaria no quarto, ela somente gostava de tomar sol ou ficar do lado de fora de manhã, até antes de almoçar e antes das quatro da tarde também, para tomar o lanche da tarde.
Simone, da recepção, sorriu com ternura ao vê-lo adentrando o local. Sentia um pouco de pena de Namjoon, mas o achava um filho incrível.
— Olá, Namjoon! Como estão as coisas? — ela perguntou, sorridente.
Namjoon soltou um breve suspiro, enquanto pedia licença para Simone para atender o cliente pela décima primeira vez no dia. Namjoon sentiu que podia socar a parede à sua frente com o ódio que estava sentindo naquele momento.
— Você pode me ligar amanhã? Estou no hospital, com a minha mãe. — ele pausou ouvindo o cliente pedir desculpas — Sim, até amanhã então.
Namjoon soltou um suspiro cansado e então cumprimentou Simone.
— Hoje parece estar sendo um dia difícil, não?
— Dá para perceber tão fácil assim? — Namjoon soltou uma risada nasalada — Fazia tempos que os dias não eram assim tão estressantes, Simone. E a minha mãe? No quarto?
Simone assentiu enquanto se levantava, ajustando a longa saia que usava.
— Olha, Namjoon, hoje sua mãe está muito agitada, o dia todo. Gritou bastante o nome do seu irmão, chorou bastante. Agora ela parece estar um pouco mais calma, mas não muito! Quer tentar vê-la? Quem sabe, sei lá, ela não se acalma com a sua presença!
Namjoon sentiu um aperto no peito ao ouvir as palavras de Simone. Os dias sempre eram muito difíceis quando a mãe ficava daquele jeito, ela ficava agressiva e ainda mais triste. Namjoon nunca sabia como agir quando presenciava a mãe naquele estado, ele sempre se assustava mesmo já tendo presenciado algumas vezes quando aquilo acontecia.
Caminhou ao lado de uma das enfermeiras que cuidam diariamente de sua mãe, também já conhecida de Namjoon. O coração dele batia forte, e a cabeça agora doía.
— Dona Yuna? — questionou a enfermeira abrindo a porta do quarto — Está acordada?
Yuna nada respondeu, continuou sentada em sua cadeira de balanço olhando para a janela. A enfermeira olhou para Namjoon com pesar. Namjoon assentiu para ela com a cabeça e sorriu sem mostrar os dentes.
— Olha só quem veio ver a senhora hoje! — ela deu passagem para que Namjoon entrasse no quarto.
E assim ele o fez. A enfermeira lhe falou que estaria do lado de fora, preparada para ajudar ou interferir caso Namjoon necessitasse. Namjoon se sentou na cama confortável da mãe enquanto observava a mesma. Os cabelos curtos e negros, os traços já cansados, e ela parecia mais velha do que de fato era. Sentiu ainda mais amor pela mãe. Queria poder abraçá-la agora, queria poder deitar a cabeça em seu colo e desabafar sobre o trabalho e sobre todas as outras coisas da vida enquanto ela lhe acariciava os cabelos. Uma lágrima teimosa desceu por sua bochecha.
— Quem diabos é você mesmo? — a mãe questionou virando o rosto na direção de Namjoon.
Namjoon soltou um suspiro cansado e viu outras lágrimas descerem por suas bochechas. Ele balançou a cabeça em negativa.
— Eu só vim ver como a senhora estava, mãe.
— Mãe? — ela se levantou com dificuldades da cadeira onde estava.
Namjoon instintivamente se levantou também, com medo que ela pudesse se machucar. A mãe caminhou devagar na direção dele, estreitando os olhos, como se não estivesse enxergando bem. O coração de Namjoon agora batia não só acelerado como também descompassado com a proximidade da mãe.
Yuna tocou o rosto dele delicadamente com as pontas dos dedos e Namjoon fechou os olhos sentindo as lágrimas secarem.
— Você tem quantos anos, querido?
Namjoon olhou os olhos negros da mãe.
— Vinte e sete, mãe! — ele tocou a mão dela.
— Quase a idade que meu filho teria, se estivesse vivo.
Os olhos de Yuna marejaram e Namjoon sentiu a garganta fechar.
— Você nunca vai se lembrar de mim? — ele sussurrou enquanto acariciava a mão dela.
— Meu filho seria bonito, igual a você! Tenho certeza!
Yuna passou a mão pelos cabelos de Namjoon, acariciando-os. As lágrimas agora corriam livremente por seu rosto. Tudo o que ele mais queria é que a mãe tivesse pelo menos uma única lembrança dele, só isso bastaria.
Eles foram interrompidos pela enfermeira batendo na porta e entrando logo em seguida.
— Namjoon? — ela chamou — Sinto muito, mas já são quase dezessete e trinta e nosso horário vai encerrar. Você quer continuar como voluntário?
Namjoon fez que não com a cabeça enquanto a mãe ainda lhe acariciava o rosto e os cabelos.
— Shirley, sabia que ele parece muito meu filho? Se meu filho estivesse vivo, eles seriam tão parecidos!
Agora, além de Namjoon, Yuna também chorava.
— Ah, é mesmo, Dona Yuna? Ele vem quase todos dias ver a senhora, sabia?
Yuna soltou o rosto de Namjoon e voltou a se sentar em sua cadeira de balanço.
Namjoon saiu da sala sendo acompanhado de Shirley, que voltou a lançar um olhar de ternura sobre o mesmo enquanto limpava suas lágrimas.
— Vamos beber água? Se quiser ficar, é só se cadastrar como voluntário, você sabe, não é? Quantas vezes você já não fez isso!
Namjoon voltou a fazer que não com a cabeça, ainda mexido com tudo o que havia acontecido.
— Acho que hoje eu não consigo! — a enfermeira assentiu.
Namjoon bebeu um copo d’água de uns dos bebedouros disponíveis na recepção e então se despediu de Shirley e caminhou até o lugar onde seu carro estava parado. Adentrou o carro e resolveu mexer um pouco no celular para ver se o cliente havia mandado alguma coisa. Acabou vendo uma publicação de no instagram, que acabara de ser atualizado, e sorriu. Os dois se falavam todos os dias basicamente e ele estava extremamente atraído por ela, mas não sabia se era recíproco. Resolveu ligar para ela, afinal de contas o expediente dela estava para acabar.
— Oi, Namjoon! — ouviu a voz animada dela do outro lado da linha e podia imaginá-la sorrindo.
— Está ocupada? Ou pode falar bem rapidinho?
Ele conectou o fone de ouvido no celular para que pudesse dirigir e sair do abrigo.
— Pode falar! Vou até sair aqui da sala para poder te ouvir melhor, tá muito barulho aqui.
Namjoon ouviu o barulho de uma porta se fechando.
— Diz, meu bem!
Ele sorriu com o “meu bem”, pois adorava quando ela o chamava assim.
— Preciso tomar um suco de maracujá daquele último que tomei com você. — ele brincou arrancando uma risada dela — Você pode me encontrar quando sair do escritório?
— Posso sim! Aonde?
— Vou te mandar a localização aí então. Te espero.
— Tá bom, meu bem! — ele voltou a sorrir — Beijo.
— Beijo.
Os dois desligaram e Namjoon terminou de chegar estacionando o carro e descendo do mesmo. Resolveu colocar a bolsa no porta malas e então se sentou no banco. Adorava aquela praça e vira e mexe ele parava por ali para espairecer quando saía de algum encontro com a mãe. Namjoon mandou a localização para via whatsapp, e bloqueou o celular. Fechou os olhos e conseguiu sentir o toque da mãe passando por sua bochecha outra vez.
Alguns minutos depois ele viu atravessar a rua sorrindo e caminhando em direção à ele. O coração dele voltou a palpitar. Ela usava uma calça dessas sociais e uma regata preta, o blazer estava no braço direito junto com a bolsa. Namjoon a achava linda! E se sentia bem conversando com ela. Ele precisava agradecer a pela ideia do encontro às cegas.
Assim que eles se encontraram, Namjoon se levantou abrindo os braços para receber um abraço carinhoso de , que lhe acariciou a nuca com as pontas dos dedos. Ela não estava esperando encontrar Namjoon novamente, mas ficou muito feliz de ele a ter chamado para vê-lo.
— E aí? Tudo bem? — ela questionou enquanto os dois se sentavam no mesmo banco em que antes Namjoon estava.
— Hoje não. — ele respondeu já sentindo os olhos arderem — Quer dizer, hoje muitas coisas aconteceram, sabe? Meu trabalho está me sugando esses últimos dias, eu não tenho conseguido me concentrar direito, tem um cliente me estressando ao extremo! E hoje eu fui visitar a minha mãe.
— E aí? — encostou a mão na dele.
— Podemos tomar um sorvete primeiro, o que acha?
— Vamos! Aqui perto mesmo?
— Sim, tem uma sorveteria bem ali. — Namjoon apontou uma sorveteria do outro lado da rua com o dedo indicador.
— Então bora!
Namjoon se atreveu a passar um dos braços pela cintura dela, que não protestou. Aliás, ela amou a atitude e especialmente o toque firme da mão dele em sua cintura. Namjoon perguntou de , já que fazia alguns dias que eles não se falavam e acabou comentando da briga que havia tido com Jimin, e comentou também que a amiga e ela andavam bem cansadas e trabalhando bastante, por isso inclusive ela não havia proposto ainda um novo encontro, e que havia ficado feliz com o convite de hoje. Namjoon sorriu quando a ouviu dizer que queria um novo encontro.
Os dois adentraram a sorveteria e Namjoon disse que queria uma casquinha simples de chocolate mesmo, enquanto preferiu misturar alguns sabores no tradicional potinho de plástico. Os dois resolveram voltar para a praça já que Namjoon achou a sorveteria um tanto quanto cheia. Os dois voltaram de mãos dadas até a praça, se sentando num banco, praticamente colados um no outro.
Os dois conversaram sobre o sabor dos sorvetes enquanto tomavam os mesmos. Assim que acabaram os dois se olharam e percebeu que Namjoon não parecia somente estressado, mas também triste.
— Como foi lá com a sua mãe hoje? Você a viu? Ou só ficou de longe?
— Hoje foi diferente, ela acariciou o meu rosto! — os olhos dele marejaram e sorriu — Continuou sem me reconhecer, sabe? Mas disse que eu era muito bonito e que se o filho dela estivesse vivo provavelmente se parecia comigo, e ela ficou muito tempo me tocando, como nunca antes!
Duas lágrimas desceram pelas bochechas de Namjoon e as limpou.
— Eu fiquei contente, mas ao mesmo tempo me deu uma tristeza, sabe ? — fez que sim com a cabeça — Eu só queria que ela tivesse alguma lembrança de mim dentro dela.
Namjoon tapou o rosto com as mãos para esconder o choro e o abraçou com ternura, acariciando suas costas com as unhas.
— Chora, meu bem. Pode chorar! — ela sussurrou em seu ouvido sentindo os próprios olhos marejarem — Eu tô aqui com você, chora!
E assim Namjoon o fez, chorou tudo o que estava em seu peito. Chorou pela situação da mãe que parecia a cada dia mais irreversível, chorou por saber que ela provavelmente nunca lembraria dele, chorou porque queria abraçar a mãe outra vez, chorou porque também queria o irmão vivo, chorou porque ele o pai mal se falavam e ele gostaria que o pai fosse diferente, especialmente com a situação da mãe e principalmente, chorou porque as chances da mãe voltar a tratá-lo com ternura daquele jeito outra vez, eram quase nulas.
Namjoon subiu o olhar, encontrando emocionada também. Ela voltou a enxugar o rosto molhado dele. Depois, Namjoon encostou a testa na dela, que fechou os olhos. Os dele, desceram para a boca rosada dela, extremamente próxima a dele.
O coração de ambos batia forte dentro do peito e Namjoon se atreveu a encostar os lábios levemente nos dela, como se pedisse permissão à para que aquilo acontecesse, e então ela mordiscou o lábio inferior dele como resposta e os dois então se beijaram.
O beijo até aquele momento estava sendo delicado, e sem pressa alguma. Logo as mãos de Namjoon pousaram na nuca de , aprofundando um pouco o beijo. Os lábios dele eram macios e ela gostava de mordê-los hora ou outra bem devagar, e ele sorria entre uma mordida e outra. Os dois desgrudaram os lábios por alguns segundos, respiraram fundo, ainda com as bocas juntas. Logo Namjoon a beijou de novo, dessa vez com mais força, as línguas antes discretas, agora brigavam uma com a outra.
Quando já estavam sem fôlego, os dois se separaram minimamente, mas ainda tinham as testas coladas. Os olhos brilhavam e então sorriu enquanto depositava mais um carinho na nuca dele. E assim os dois permaneceram até o sol terminar de se pôr por completo, trocando beijos e carícias, se conhecendo ainda mais.
Quando percebeu que já eram quase sete da noite, se levantou do banco, sendo seguida por Namjoon.
— Preciso ir, Namjoon. São sete da noite basicamente, e aqui é um pouquinho longe da minha casa! Desculpa?
Namjoon a puxou para perto de si pela cintura, colando o corpo dos dois de novo e depositando um beijo demorado nos lábios dela.
— Não tem problema! Obrigado por ter vindo hoje. E eu preciso muito agradecer a por ter inventado aquele encontro às cegas!
Os dois riram e depositou um selinho nos lábios do mais alto. Então ele caminhou com ela até o carro do outro lado da rua. Os dois se beijaram outra vez, dessa vez com as mãos de Namjoon passeando livremente pelas costas dela, e eles ficaram assim até que o afastou delicadamente, com as mãos espalmadas em seu peito.
— Você promete me ligar de novo para desabafar todas as vezes que esse assunto te perturbar?
Namjoon fez que sim com a cabeça enquanto acariciava o rosto de .
— Prometo. Obrigado mais uma vez!
Os dois selaram os lábios algumas vezes.
— Deixa eu ir, meu bem! — ela gargalhou enquanto ele ficava vermelho — A gente se fala!
— Me avisa quando chegar em casa? — ele fechou a porta do carro para e com um sorriso nos lábios ela fez que sim com a cabeça.
Assim que chegou em casa tratou de tirar os saltos enquanto os cachorros pulavam incansavelmente em suas pernas, querendo carinho e atenção. depositou a bolsa sobre o sofá branco da sala e se sentou um pouco para conseguir dar alguma atenção aos bichinhos. Depois, como fazia todos os dias, checou a água e a ração repondo as mesmas e depois foi tomar um banho. Antes avisou a Namjoon que já havia chegado. Depois do banho ela comeu uma besteira qualquer e foi ver TV. Mandou mensagem para pedindo desculpas por não ter se despedido da amiga direito hoje antes de ir embora, e contou para a mesma que isso acontecera porque saiu apressada para ver Namjoon.
“Mentira? Então finalmente rolou o segundo encontro de vocês!” — respondera
“Amiga, ele estava mal e me chamou, sabe? A mãe e ele tiveram uma espécie de interação inédita, ele deve te contar! Mas ele estava bem tristinho!”
“Amiga então não rolou nada?”
sorriu ao se lembrar do encontro e dos beijos.
“Amiga, pior que rolou, viu? A gente se beijou!”
A próxima mensagem havia sido um áudio de surtando com a notícia, fazendo a amiga rir. Depois disso as duas combinaram que no dia seguinte assim que chegassem na empresa, mandariam um e-mail para , atualizando-a de tudo que estava acontecendo por aqui, e quem sabe receberiam uma resposta da amiga de volta dizendo se estava tudo bem.
Assim que adentrou a sala de no outro dia, oemail pessoal dela já estava aberto. E então elas resumiram para a amiga:
“Amiga, como você está? Já faz um tempo que não temos notícias suas. Está tudo bem? Aonde você está agora? Já sabe quando volta? Por favor, não suma assim, ficamos preocupadas com você. Como estão as coisas? Precisa/quer nos contar algo?
Me mudaram de setor no escritório, acredita? Me trocaram com o estagiário, que foi efetivado, o nome dele é Jimin! Ele agora é o par da , acredita? Ele é um amorzinho, amiga! A , não acha, inclusive ela não se dá muito bem com ele e nem ele com ela, mas eu o adoro, ele vem sendo um ótimo amigo! Os dois estavam sem se falar há alguns dias, porque ele teve uma atitude meio babaca — eu falei isso pra ele — quer eu que conte o que foi: o chefe voltou com as apresentações de resultado todo final de mês e sabe o que ele fez? Não deixou a falar, porque estava com medo de que ela prejudicasse toda a apresentação e a reputação dele na área. Sim, amiga! Ele fez isso, mas ele já se arrependeu, sabe? ainda tá magoada, mas as coisas estão voltando ao normal, normal que eu digo é os dois estão voltando a se implicar e até voltou a jogar as coisas nele! Você precisa conhecê-lo!
Ah, e precisa conhecer o amigo dele também, o Hoseok! Ele é um anjinho, amiga! Nós o levamos ao nosso bar preferido inclusive! Mas nem eu, nem estamos tendo nada com ele. Bom, eu até quero amiga, mas não sei se ele quer (imagine a minha risada aqui)! Mas em compensação, ontem eu beijei o Namjoon (você também precisa conhecer ele), aquele amigo da que ela conheceu no abrigo, sabe? Amiga, volta logo! Precisamos de você, essas fofocas contadas por e-mail não tem graça! Dê notícias, por Deus! Te amamos!”
— Faltou eu escrever aqui que acho que você é extremamente atraída pelo Jimin, mas se recusa a aceitar!
lançou um olhar fulminante em direção à que apenas gargalhou.
— Você tá muito engraçadinha, , só porque beijou na boca? Imagina quando vocês dois transarem? Meu Deus!
Ela se levantou e fez o mesmo.
— Ai, amiga, posso falar uma coisa? O beijo dele não sai da minha cabeça! Que saco!
sorriu enquanto abria a porta da sala da amiga e então elas se encontraram com Jimin, ainda bem abalado.
— Não comenta nada com o Jimin ainda ! — cochichou.
— Pode deixar! Se não mela o seu esquema com o Hoseok, né? Eu sabia!
deu um leve tapa no ombro da amiga. Mas de fato, ela não queria também esfriar qualquer possibilidade de algo com Hoseok.
— Você quer que o bar inteiro fique sabendo da sua vida? Fala baixo! E já chega né, você tá bebendo desde às dezoito horas basicamente!
J-Hope pegou a garrafa já vazia da mão de Jimin com certa dificuldade já que o mesmo a segurava com força e não queria entregá-la ao melhor amigo.
— NÃO! — ele gritou com Hoseok que suspirou pesadamente — Deixa eu beber, amigo! Por favor!
Jimin colocou uma das mãos sobre o ombro do amigo e apertou.
— Sabe, essa semana foi uma droga, J-Hope! — ele ainda segurava o ombro do amigo enquanto tentava se equilibrar na cadeira — Eu tive aquela briga horrível com aquele idiota e a minha mãe não fez nada! Nada J-Hope!
Hoseok assentiu com a cabeça enquanto ouvia ele falar aquilo pela quinta vez desde que eles chegaram ao bar. Hoseok queria ajudar o amigo de alguma forma, e se essa forma era ouvi-lo contar toda a história várias vezes, que fosse então! Mas precisava que o amigo parasse de beber um pouco, para dirigir depois.
— Sei, Jimin! E o que você vai fazer, amigo? Você não disse até agora. Vai continuar lá?
— Amigo, e a que disse que tinha me perdoado, mas ainda não tá falando direito comigo?
Jimin se desequilibrou da cadeira ao tentar ficar mais perto de J-Hope, que amparou o amigo, soltando uma de suas gargalhadas altas logo em seguida.
— Quando isso? Você não tinha me contado ainda.
— Ah, não sei! Tô muito bêbado para me lembrar de quando foi isso. E escuta Hoseok, escuta! — ele voltou a segurar o amigo pelo ombro — Ela me tocou, sabia?
Jimin balançou a cabeça enquanto tentava chamar um garçom.
— Como assim te tocou?
— Porque os garçons não me veem? Me ajuda J-Hopeeeee! — ele gritou no ouvido do amigo.
Hoseok fechou os olhos enquanto ainda segurava o amigo, impedindo que ele caísse de cara no chão. Enquanto com a mão desocupada ele fazia sinais para que algum garçom os visse.
— Me explica essa história da direito, Jimin!
O mais baixo se ajeitou na cadeira enquanto arrumava os cabelos bagunçados, e subia a manga da camisa social branca que usava.
— Ela me tocou, Hoseok, no rosto! Ela cuidou do ferimento. — ele apontou para a pŕópria boca — Com gelo! Daí ela pegou no meu rosto!
Agora Jimin tocava o próprio rosto enquanto sorria, bêbado. Hoseok gargalhou mais uma vez, jogando a cabeça para trás.
— Ela cuidou de você, Jimin? Mesmo sem falar com você? Aliás, mesmo depois do que você aprontou com ela?
— Para Hoseok! — Jimin ergueu o dedo indicador na direção de Hoseok — Eu já pedi desculpas. E eu me arrependi, para!
Hoseok ergueu os braços se rendendo.
— Você sabe que ela podia muito bem ter ligado o foda-se, né? Ainda mais depois de tudo. Mas tá certo, não tá mais aqui quem falou!
— Você é meu amigo, ou não?
Hoseok voltou a gargalhar enquanto um garçom finalmente se aproximava da mesa deles.
— Escuta, e o quê mais? Quando foi que você pediu desculpas?
— Quando ela me contou uma situação parecida com a minha que ela viveu! — Jimin voltou a mexer nos cabelos loiros — Eu sei que fui horrível! O certo era pedir desculpas, o problema é que ela disse que tinha me perdoado, mas nada mudou!
— O que seria esse "nada mudou"? Porque vocês nunca foram amigáveis demais um com o outro, amigo! Vocês só se implicavam!
— Eu sei, J-Hope, obrigada por lembrar! — Hoseok gargalhou de novo com a cara que o amigo fez — E é exatamente isso que quero de volta, eu gosto!
— Sei muito bem do que você gosta, Jimin!
— É divertido implicar com ela! Eu amo vê-la brava! É como se, sei lá, fizesse meus dias valerem a pena, sem as nossas implicâncias, fica tudo chato! Eu fico me sentindo vazio.
Ele fez um bico no final da frase e o garçom voltou com as bebidas.
— Você vai misturar isso daí com as milhares de cervejas que você tomou, Jimin?
Hoseok ergueu uma sobrancelha enquanto seu semblante ficou sério.
— Amanhã é sábado, mas que inferno, Hoseok, me deixa! — ele voltou a falar alto perto do rosto do amigo — Você me leva pra casa depois, na sua moto e eu venho amanhã buscar o carro.
— Tá falando sério? — Jimin assentiu tomando quase metade do drink de uma vez só — Por que não fazemos assim, eu levo você e seu carro lá para casa e você dorme lá? Porque não acho uma boa idéia você voltar bêbado para sua casa, isso pode inflamar mais ainda as coisas, depois eu venho buscar a moto!
— Tem certeza?
Hoseok concordou tomando um gole de sua cerveja.
— O que eu faço para ela voltar a implicar comigo?
J-Hope gargalhou enquanto o amigo dava algumas idéias, ele pegou o celular no bolso, desbloqueou o mesmo e digitou o nome de no whatsapp e aproveitou que o amigo foi ao banheiro, quase caindo pelo caminho.
— Tá fazendo o que exatamente agora? — ele questionou assim que ouviu o alô dela do outro lado.
— Acabei de sair do banho para sua informação, por que? Você tá aonde Hoseok?
questionou com o tom de voz brincalhão, e Hoseok mordeu o lábio inferior imaginando a mesma somente de roupão ou toalha e com a pele ainda molhada ou úmida.
— Então aproveita e vem ver a gente!
— Você e o Jimin? Estão juntos?
— Uhum, e ele tá bêbado e só sabe falar da ! Traz ela também, quem sabe os dois não se acertam!
— Tá bom, vou ligar pra ela! Uns vinte ou trinta minutos eu tô aí com ela. Manda a localização de onde vocês estão.
Desligou o telefone com um sorriso nos lábios, estava feliz que ia vê-la de novo, sentir seu cheiro gostoso.
Jimin voltou resmungando algo incompreensível e sentou-se novamente ao lado do amigo que o ajudou.
— Chama o garçom aí de novo, J-Hope! Eles só veem você!
— Jimin do céu! — Hoseok resmungou levantando a mão e procurando algum garçom — Você já acabou com aquele drink? Caramba!
— E você até agora tá com essa cerveja? Que que tá acontecendo?
— Eu preciso me manter minimamente sóbrio para dirigir, né?
Jimin assentiu com a cabeça que sim enquanto voltava a se jogar na direção do amigo.
— Me ajude, Hoseok! Você acha que eu devo fazer mais o quê para ela voltar?
Hoseok sorriu na direção do amigo enquanto ouvia ele falar sobre como os dias dele estavam vazios sem ouvir a risada de , e sobre como ele gostaria de poder elogiá-la só para ver a reação de espanto dela e logo em seguida ela lhe jogar algo e etc.
— Jimin, vamos falar sério agora?
— Mas eu já tô falando sério, J-Hope!
— Por que você não assume que tudo isso é atração?
— Porque você ainda não beijou a até hoje? — Jimin devolveu.
— Como assim beijar a ? Ela quer? Ela comentou alguma coisa? — J-Hope cuspiu as perguntas desesperadamente.
Jimin gargalhou com a reação do amigo, que estava vermelho e jogou a cabeça para trás para rir com gosto. Não teve tempo de responder o amigo, já que ele ficou surpreso demais ao vê-las ali.
e adentraram o bar e apontando na direção a mesa deles para o garçom, que as levou até lá.
Jimin que já estava começando a ficar vermelho devido à mistura de drinks ficou ainda mais vermelho ao vê-la lá. Hoseok teria chamado, mas sem ele saber? Jimin lançou um olhar na direção do amigo que sorriu para ele, manejando a cabeça, como se dissesse “sim, eu as chamei!”
Jimin se levantou com dificuldade quase caindo outra vez enquanto era amparado por e Hoseok. por sua vez gargalhou enquanto lançava as mãos em seu rosto, depositando um beijo carinhoso na bochecha dele, que parecia estar muito atônito com a presença delas lá. E depois ela se dirigiu para Hoseok, que a abraçou pela cintura como sempre fazia, apertando-a em si. Enquanto isso se sentava ao lado de Jimin, discretamente o cumprimentando com um aceno de cabeça e logo em seguida ela estendeu a mão na direção do Hoseok, que segurou a mesma com carinho.
Logo os quatro estavam conversando e rindo de Jimin bêbado, que só falava sobre o padrasto e a mãe, e intercalava momentos de muita raiva com momentos onde ele quase chorava.
resolveu ir ao banheiro e então Jimin se virou na direção de e Hoseok.
— Amigos, eu quase me esqueço! Vou me mudar no final de semana que vem! Ok? Eu pensei muito sobre isso nessa semana, a mesmo me ajudou bastante nessa decisão. Meu coração está quebrado com isso, de verdade! Mas deve ser o melhor no momento! Já aluguei o apartamento e já até acertei a mudança. Será que vocês dois podem me ajudar?
Jimin deu um longo gole no drink que havia pedido enquanto Hoseok e trocavam um olhar.
— É o melhor mesmo, amigo. — assentiu — Tenho certeza! Pode contar comigo e com certeza com o Hoseok, né?
Hoseok apertou um dos ombros do amigo e os dois brindaram.
— Você com certeza pode contar comigo! Fico feliz de ver você tomar essa atitude. Depois a gente combina direitinho, então!
voltava do banheiro enquanto arrumava o cabelo atrás da orelha por causa do vento, sentou-se novamente à mesa e tomou um gole da cerveja dela. Jimin não conseguia tirar os olhos dela, e depositou a mão sobre a perna de Hoseok, e apertou a região, chamando a atenção do loiro para si, que virou o rosto com tudo surpreso com o toque da mão dela tão perto de sua virilha. A ponta dos narizes de ambos estavam coladas, e sorriu.
— Presta atenção no Jimin, louco para falar alguma coisa para a ! — ela sussurrou com a boca próxima a dele.
Hoseok sentiu os pelos da nuca arrepiarem e o cheiro de cerveja e cereja sair dos lábios dela e invadir seu nariz. O corpo dele começava a reagir com aquela proximidade, mesmo ele sabendo que não havia nada de demais naquela aproximação.
Ele aproveitou que ela estava levando a cerveja até a boca e entreabriu os lábios abocanhando a garrafa antes que a mesma chegasse até a boca de , já que a dele havia acabado, e ela deixou. Assim que os lábios dele soltaram a garrafa a boca dele voltou a ficar pŕoxima demais à dela. A boca de salivou com o gesto e ela só não o beijou porque os amigos estavam lá.
— Escuta, … — Jimin chamou a atenção dela para si enquanto segurava levemente o braço dela por cima da mesa — Você é muito legal, sabia?
e o restante gargalharam enquanto Jimin protestava, ainda segurando o braço dela.
— O que foi, gente? Ah, vocês são muito chatos! — ele olhou para e Hoseok — , me escuta!
virou o rosto na direção dele.
— De verdade! Você é muito legal! Eu estou bêbado, então tô falando a verdade. — voltou a gargalhar.
— E o que mais? — ela entrou na onda dele.
— Eu te julguei muito mal, sabe? E fiz aquela cagada lá no dia da nossa apresentação com você! — ele balançou a cabeça em negativa, com veemência — Eu fui um babaca! E você não merecia, não merecia mesmo. Eu acho você uma profissional incrível, sabia?
voltou a gargalhar, achando muito fofo e engraçado ao mesmo tempo, ele ali se desculpando e a elogiando, ah e bêbado.
— Eu sei que você me acha foda. Sempre soube, Jimin! — ela lhe empurrou com o cotovelo e ele segurou a mão dela.
e Hoseok riram dos amigos baixinho, e a mão de permanecia ali, perto da virilha dele. Uma tortura.
— Eu gosto de você. Sério! Gosto sim! Eu até pegaria você, sabe? Você é muito bonita!
Jimin subiu o braço para o ombro dela, chegando mais perto e se desequilibrado, sendo amparado por , que gargalhava alto.
A mão de deixou outro apertão ali enquanto ela ria de Jimin e , e Hoseok sentiu todas as veias do corpo pulsarem. Os dois se olharam e umedeceu os lábios com a língua. O olhar de Hoseok acompanhou. Ela queria muito que ele a beijasse.
lavou a boca e logo pôs-se a escovar os dentes, ignorando a presença da amiga ainda de pijamas ali escorada. As duas ficaram se encarando hora ou outra pelo espelho e assim que finalizou ela se sentou no vaso para fazer suas necessidades.
— Não aguento mais esse mal estar! — reclamou.
— E você não vai mesmo ao médico, ?
— Deve ser alguma intoxicação alimentar! Já já passa!
suspirou e se aproximou da amiga que agora já estava em pé e pronta para sair do banheiro.
— Você não está grávida não amiga?
arregalou levemente os olhos e ficou pálida.
— Claro que não, ! — a mesma fez o sinal da cruz com as mãos.
— ? — voltou a questionar.
— O que ?
atravessou a amiga indo em direção ao seu quarto para se arrumar já que hoje trabalharia no período do almoço, e ela não queria se atrasar.
— Compra um teste de farmácia amiga! É barato e tão certeiro quanto um de sangue! Isso não está normal!
— Como não? Só estou vomitando!
— E indisposta, sonolenta, com mudança de humor, indo ao banheiro toda hora…
bufou ao ouvir a amiga enquanto abria o guarda roupa e procurava por algo para se vestir e adicionava mais um sintoma mentalmente: a menstruação atrasada. O que também podia ser por causa do estresse e de algum remédio qualquer.
— É impossível eu estar grávida amiga! Eu uso anticoncepcional desde os dezoito!
deu outra suspirada, e deu de ombros como se desistisse de tocar no assunto e deixou a amiga sozinha indo se arrumar para o trabalho também.
jogou uma blusa qualquer sobre a cama enquanto se abaixava para pegar uma calça também qualquer. Ficou levemente tonta quando voltou a se erguer e sentou-se na cama. Precisava ficar tranquila e não se perturbar mais por aquilo. Lembrou dos olhos de Suga ficando minúsculos, quase desaparecendo quando ele ria… Depois lembrou da voz rouca dele em seu ouvido gemendo coisas que eram incompreensíveis tanto pelo momento quanto pela bebida no sangue.
Estava sendo assim nas últimas semanas, ela vinha tendo flashes da noite que teve com o desconhecido. Se lembrava da boca rosada dele, o gosto de cigarro e bebida… As mãos grandes e cheias de veia que a apertavam sem pudor.
E logo ela se lembrava do dia seguinte. Do quão grosseiro ele havia sido ao mal falar com ela e simplesmente enxotá-la de seu apartamento. Balançou a cabeça, sentindo algumas lágrimas se formarem em sua garganta. Estava querendo chorar por causa disso? O que ela tinha? Não era para tanto… Se arrumou rapidamente e foi até a cozinha pegando alguns biscoitos de polvilho, já que eles eram a única coisa que seu paladar e estômago não estavam estranhando. Se despediu da amiga pegando a bolsa e a chave em cima do painel da TV do apartamento e saindo. Não queria ter que ouvir insistindo com a ideia de um teste de gravidez. Aquilo a assustava e ela sabia que não tinha como estar grávida, não é mesmo? Fechou a porta atrás de si e respirou fundo, ainda se perguntando se de fato estava preparada para começar o dia. Por sorte conseguiu ir sentada no ônibus que a levaria direto para o trabalho, sentiu o estômago embrulhar enquanto comia o biscoito dentro do mesmo e pediu ao Universo que não passasse mal de novo, não com o biscoito que vinha sendo seu melhor amigo nos últimos meses. Desceu do ônibus no mesmo ponto de todos os dias e seguiu a pé para completar o caminho até o trabalho. Chegando lá cumprimentou os colegas e o chefe e foi colocar o uniforme, o banheiro estava sendo limpo e ela cumprimentou Rosa, a faxineira e ao sentir os cheiros dos produtos de limpeza sentiu o estômago dar voltas e voltas e o enjoo veio com tudo. Aproveitou e pediu ajuda a Rosa para tal, a faxineira assim como todos do restaurante, tinham a mesma desconfiança de . Depois de alguns minutos o chefe de foi até a porta do banheiro e questionou se estava tudo bem, ao que Rosa respondeu que a mesma estava passando mal, respirou fundo. Precisava se recompor e parar de passar mal, o chefe provavelmente já estava de saco cheio dela passando mal daquele jeito.
— , querida, porque não tira o dia de folga hoje para ver o que está acontecendo? Faz pelo menos uma semana que você só passa mal!
— Eu já estou melhorando senhor Yang! Eu juro! Deve ser uma intoxicação alimentar. Já estou saindo!
O chefe balançou a cabeça do outro lado e saiu, esperando a funcionária no bar. Mais ou menos quinze minutos depois apareceu por lá, pálida como um vampiro e se segurando nas paredes para andar. Ela não estava nada bem e o chefe sabia.
— Vamos para o hospital ! Você não pode ficar aqui assim desse jeito, prestes a desmaiar!
— Não senhor Yang, eu to bem eu juro! E com o movimento do dia a dia eu vou melhorando também!
— Não senhora! Eu vou te levar para vermos o que está acontecendo! Seus pais estão sabendo que tem semanas que você tá assim, passando mal?
Os pais… Havia falado com eles na semana passada mas nem comentou nada com os mesmos, afinal de contas não achava que era nada demais.
— Não senhor! — Yang balançou a cabeça enquanto pegava a chave do carro e a carteira.
— Vamos querida! Não vou deixar você trabalhar desse jeito, hum?
Ela assentiu enquanto se desfazia do avental. Durante o caminho o enjoo piorou e o senhor Yang teve que parar o carro para que voltasse a vomitar, e ela sentiu vontade de chorar pela vergonha que estava passando com o chefe. O mesmo disse que ele mesmo comunicaria os pais da garota do que estava acontecendo. Ela disse á ele que quando chegassem ao hospital ela ligaria para e ela a acompanharia, que ele poderia voltar para o restaurante, e ele concordou, desde que ela desse notícias.
Ao dar entrada no hospital, ligou para e disse que estava passando muito mal e que o senhor Yang a tinha levado até o hospital, mas não poderia ficar com ela e questionou se a amiga não conseguia dar uma escapada do escritório para ficar com ela lá, o que prontamente a amiga disse que sim. Assim que desligou o telefone ouviu seu nome ser chamado por alguém, que aparentava ter a mesma idade dela.
As duas se cumprimentaram brevemente e a enfermeira perguntou então o que ela estava sentindo.
— Estou enjoada, vomitando bastante…
— Somente o enjoo ?
desceu os olhos buscando o crachá da mesma, pois não acreditava que uma garota tão nova quanto aquela já era médica. E lá ela leu enfermeira chefe e o nome: . Ela parecia exausta e sentiu pena dela, a ponto de seus olhos marejarem. Que diabos era aquilo?
— Estou estranha ! — ela balançou a cabeça limpando uma lágrima teimosa que descia — Estou me cansando muito mais fácil, não consigo comer igual antes, estou mais sensível e mais mau humorada também! Mas o que mais vem me incomodando são esses enjoos!
olhou a garota a sua frente assentindo com a cabeça, digitando os sintomas que a mesma falava no computador.
— E quando foi a última menstruação ? — as duas se olharam.
engoliu seco.
— Está atrasada na verdade! Esse mês não desceu ainda. Mas eu tomo anticoncepcional desde os dezoito anos.
— E a última relação sexual foi com preservativo ou somente com a pílula?
olhou para baixo, envergonhada e assustada. Ela não se lembrava. Os olhos de Suga passaram por sua memória outra vez.
— Eu não me lembro! — ela coçou a cabeça voltando a sentir os olhos marejarem.
assentiu com a cabeça.
— Vamos fazer um exame de sangue ? Assim vamos eliminando as opções! A gente faz o exame e em umas duas horas ele sai o resultado! Enquanto isso você é medicada para esse enjoo parar de incomodar e assim que o resultado do exame sair, o doutor verifica e te fala!
apenas assentiu enquanto se levantava e seguia a jovem enfermeira. ficou pensando em como uma gravidez naquela idade poderia ser tudo o que uma jovem como aquela poderia esperar, ou em como isso poderia arruinar a vida dela. O que seria no caso de ? As duas voltaram a se olhar com ternura.
— Você está sozinha?
— Uma amiga está vindo me acompanhar!
— E seu namorado? Não pode vir? — questionou tentando parecer o mais informal o possível.
— Eu não tenho isso! — respondeu enquanto dava o braço para prender com a borracha.
— Você sabe que esses sintomas podem ser e uma gravidez não é?
As duas voltaram a se olhar enquanto preparava algumas coisas.
— Mas eu acho que não! — deu de ombros.
a observou e então chegou a conclusão de que no caso de , talvez a gravidez aruinasse tudo, então se colocando no lugar dela, ela torceu que fosse outra coisa.
Assim que o sangue necessário foi recolhido disse á para a acompanhá-la até a sala de remédios onde aplicou algum remédio que pudesse cortar o enjôo em suas veias, e então recebeu uma mensagem de dizendo que já tinha chegado.
— Minha amiga pode entrar?
— Claro! Qual o nome dela? Vou lá chamá-la.
— É !
— Ok! Vou lá buscar sua amiga e enquanto isso vocês esperam o resultado aqui tomando a medicação, tudo bem?
— Tudo bem ! Obrigada.
sorriu sem mostrar os dentes e fez o mesmo. Assim que deixou a sala ela se perguntou quantos anos será que ela tinha?
— ! — chamou.
ergueu o braço e caminhou rumo à .
— Sua amiga está te esperando, , pode me acompanhar. Sou a , enfermeira.
— Você sabe se ela tá bem ?
— Está sim! Apliquei um remédio para cessar os enjoos, pelo menos por enquanto! Fizemos um exame de sangue e assim que sair o resultado o médico vai olhá-la.
engoliu seco, estava tensa e aliviada ao mesmo tempo. Finalmente tirariam da cabeça a história da gravidez. Assim que adentrou a sala disse que qualquer coisa era só apertar o botão que ela voltaria. As três trocaram um olhar e então se sentou ao lado da amiga.
— Tudo bem?
sentiu uma pressão no peito com aquela pergunta e então se permitiu chorar. Estava com medo. abraçou a amiga com força passando as mãos pelas costas dela. Entendia o medo da amiga, afinal de contas, tudo parecia muito real e palpável agora!
— Calma amiga! Hum? Você está melhor um pouco dos enjoos e do mal estar?
balançou a cabeça enquanto secava algumas lágrimas e se sentou ao seu lado e colocou uma das mãos sobre a perna da amiga.
— Eu to com medo agora amiga! Sei lá, e se eu de fato eu estiver grávida?
soltou um suspiro alto enquanto ajeitava o cabelo.
— Ai você vai ter que pensar! Em muitas coisas !
— Amiga, mas, eu mal tenho dinheiro para me sustentar direito, como eu vou criar uma criança?
— Então meu anjo, vamos lá! — segurou a mão da amiga — Primeiro, se você estiver grávida mesmo, vai querer manter o bebe?
As duas se olharam com arregalando os olhos.
— Não precisa me responder! Isso é você que tem que pensar consigo mesma! Caso a resposta seja sim, você tem que pensar se vai querer a ajuda do pai. Você sabe quem é o pai não é ? Pelo amor de Deus!
— Claro que eu sei ! — revirou os olhos enquanto mexia em suas pulseiras.
— Certo! São muitas coisas que você precisa pensar antes de tomar qualquer decisão! Vamos esperar o resultado do exame primeiro e depois a gente vê, hum?
assentiu para a amiga apertando a mão da mesma sobre sua perna e fechou os olhos. Logo o celular de tocou fazendo com que as mãos das amigas se soltassem e a mesma sorriu ao ver que era a mãe.
— Oi mãe! — ela se levantou e saiu da sala ficando no corredor e acenando para a mãe na chamada de vídeo que acenou de volta — E aí?
— Oi filha! — a mãe sorriu — Tudo bem? Por aqui tudo bem graças a Deus, querida!
— Tudo bem sim! Só a que tá no hospital acredita?
— O que houve, filha? — a feição da mãe mudou de tranquila para preocupada.
respirou fundo e resolveu não entrar em detalhes, afinal de contas ainda não tinham certeza de nada.
— Ah, provavelmente alguma intoxicação alimentar! Mas de resto tudo bem! O trabalho só que tá corrido também! Mas estou amando!
sorriu e a mãe sorriu de volta.
— Fico muito feliz de saber que você está gostando do trabalho! Penso nisso todos os dias!
— E o pai? O Nicholas?
— Ah, seu pai mesma coisa de sempre, né filha? Trabalha mais do que precisa, descansa pouco e é daquele jeito que você bem sabe! Seu irmão tá bem, dando um pouquinho de trabalho na escola, mas tá bem!
— Saudade dele! Saudade de vocês, e daí!
A mãe sorriu melancólica. Também sentia saudades da filha.
— E nós de você! Mas quem sabe agora você não arruma um tempo para vir ver a gente. Deixa eu te mostrar uma coisa.
A mãe ficou em silêncio enquanto caminhava e esperou até que ela colocasse na câmera um papel branco gelo com um laço bonito dourado onde pode ler: “Scarlet & Gabriel com a benção de seus pais Michael Bevan e Heidi Bevan e Willian Smith e Erin Smith convidam para celebração de seu casamento dia 28 de agosto de 2021 ás 19 horas no endereço Av. Quintino Bocaiúva, 813 — São Francisco"
Ela releu o que estava escrito na tela umas duas vezes antes de a mãe reaparecer.
— Gabriel vai se casar! Ele esteve aqui ontem para entregar o convite!
— Como assim? — perguntou atônita.
— Ué minha filha, uns dois anos depois que você se mudou ele também foi embora. Desde então eu não te dei mais notícias dele, porque bom, você não perguntava e eu não sabia como você ia reagir às coisas relacionadas a ele. Ele conheceu essa moça há pouco tempo, deve ter uns seis meses e agora eles decidiram se casar e vai ser aqui!
— Ele esteve aí em casa? — ainda estava atônita então resolveu se sentar.
— Sim querida! Não mudou nadinha! — a mãe sorriu — Ele ficou um tempão aqui! Daí deixou o convite e pediu que eu te chamasse!
— Ele só pediu para me chamar? Não perguntou nada sobre mim?
— Claro que perguntou filha! Quis saber como você estava, o que estava fazendo ai no Rio! Demonstrou felicidade quando eu disse que você já tava até trabalhando na área, e disse que era pra você vir e trazer algum acompanhante também caso quisesse! Mas bom, você não tem ninguém, né? Traz a !
— Quem disse que não? — respondeu instintivamente.
— Ué, filha? Tá namorando e não contou? — a mãe riu.
— Ué, não precisa ser um namorado, mas eu posso tá conhecendo alguém! Bom mãe, eu vou pensar direitinho e dou a resposta depois, vou voltar, a tá sozinha e às vezes ela pode precisar de mim, te dou noticias dela, te amo!
E desligou. Permaneceu sentada na cadeira alguns segundos tentando processar a notícia que havia acabado de receber. O celular vibrou de novo e era V. teve uma ideia.
Voltou para a sala onde estava e sentou ao lado da amiga, segurando a mão da mesma. As duas permaneceram em silêncio, até que o remédio acabasse e então alegou que estava melhor.
abriu a porta da sala onde elas estavam com um envelope em mãos.
— Vamos ver o médico ? — ela sorriu com ternura para .
Ela e se levantaram e então acompanharam até a sala do médico.
— Eu posso entrar com ela? — questionou .
— Claro! — fez que sim com a cabeça para .
Logo as duas entraram, seguidas por que entregou o envelope ao médico, que cumprimentou e com apertos de mãos.
— Está se sentindo melhor do enjoo, senhorita? — o médico perguntou enquanto abria o envelope.
— Agora sim! Bem melhor! Um pouco ansiosa para saber a causa dele!
O médico olhava os papéis em suas mãos, sério e depois virou o olhar para .
— Bom , seus exames estão normais! Bom, pelo menos no que diz respeito à saúde! A única “alteração” — ele fez aspas com os dedos — É uma gravidez!
O médico ficou em silêncio, aguardando a reação das moças à sua frente, afinal de contas ele sabia que essas notícias dadas assim em um simples exame de rotina poderiam não ser muito bem recebidas.
Os olhos de se arregalaram e então eles lacrimejaram. Por mais que no fundo ela soubesse da possibilidade de sim, talvez estar grávida, aquilo estava sendo um completo choque. Como seriam as coisas dali pra frente? Um filho exigia tantas coisas de uma mulher! Não que não quisesse ser mãe, é claro que um dia ela queria! Amava crianças! Mas naquele momento? Com um emprego de garçonete, sem nenhuma perspectiva de futuro e o pior o pai sendo um desconhecido basicamente.
Ela limpou as lágrimas das bochechas e então balançou a cabeça algumas vezes, atônita. apertou a perna da amiga por baixo da mesa do médico, tão atônita quanto a amiga com a notícia, já esperada, mas ainda sim surpreendente.
— Você já faz algum acompanhamento com algum ginecologista ? Agora você precisa começar a fazer os exames e o pré natal! Qualquer coisa pode marcar aqui com os médicos do hospital mesmo! Os primeiros meses são muito importantes!
apenas assentiu outra vez, limpando novas lágrimas. O médico fez mais algumas recomendações e receitou um remédio que a ajudaria com os enjoos, e então as duas deixaram a sala do médico, encontrando com no final do corredor com alguns papéis na mão. agora já não chorava mais, apenas tinha o semblante sério.
— Tudo bem? Os exames acusaram alguma coisa?
assentiu que sim com a cabeça, voltando a lacrimejar os olhos.
— Conforme o previsto, uma gravidez!
tocou o braço de depositando um carinho por lá.
— Espero que corra tudo bem! Da melhor forma para você!
— Obrigada! Até mais!
As três se despediram e então e se abraçaram assim que chegaram na parte externa do hospital. voltou a chorar nos braços da amiga.
— Calma amiga! — acariciou a cabeça da amiga — A gente vai resolver tudo isso! Vai dar tudo certo! Vamos para casa, lá você se acalma e a gente pensa em tudo com calma!
assentiu e então as duas chamaram um carro de aplicativo para ir para o apartamento. Chegando lá, resolveu tomar um banho e foi preparar algo para que elas pudessem comer. No banho respirou fundo e não chorou. Decidiu que precisava ser o mais racional o possível naquele momento, para pensar com clareza.
Saiu do banho e se sentou junto à amiga na pequena mesa de mármore entre a sala e a cozinha. As duas se olharam.
— Você tem algum contato do pai do bebê? Porque, amiga, na minha opinião, independente da decisão que você tomar, ele precisa saber!
— Você acha que vale a pena procurar ele?
— Amiga, a gente só vai saber, tentando!
fechou os olhos e repassou toda sua “história” com Suga em sua cabeça e então o nó se formou em sua garganta e ela voltou a chorar. Como ele reagiria?
Jimin não tinha muita coisa ainda: apenas uma TV, sua cama, seu guarda-roupas, um fogão e uma geladeira, além de algumas decorações. Enquanto Jimin conversava com a pessoa que havia trazido seus poucos itens, Hoseok descia da moto todo sorridente. pensou no quão bonito ele ficava na moto e no quão satisfatório era observá-lo tirar o capacete e arrumar o cabelo platinado, agora mais curto.
Os dois se abraçaram, e as mãos dele lógico apertaram sua cintura! Era a parte preferida de Hoseok: apertar a cintura dela. inspirou o cheiro que vinha do pescoço dele para dentro de suas narinas, e sentiu os músculos relaxarem.
Os rostos dos dois se encontraram com eles ainda abraçados e deixou um beijo marcado de vermelho na bochecha dele. Os dois riram quando Jimin pigarrou chamando a atenção dos dois, que se soltaram para olhar o amigo.
— Eu vou subir com o pessoal primeiro para mostrar onde vão ficar algumas coisas, vocês dois esperam aqui?
Os amigos assentiram que sim para ele e então os dois se sentaram no meio fio, com Hoseok ainda segurando o capacete em uma das mãos.
— Você trouxe? — ele perguntou enquanto apoiava uma das mãos no joelho dele — Claro! Tá no meu carro! Depois você pega lá? Ele é pesado, eu custei a colocar no carro!
riu e Hoseok a observou por alguns instantes. Adorava a risada dela e como ela ficava séria logo depois de rir, gostava de observar as feições dela enquanto ela falava e achava fofo o quanto ela gesticulava ao falar. O olhar dele parou em sua boca, que hoje estava colorida com um batom vermelho, e então ela tirou o óculos escuro do rosto e ele olhou os olhos castanhos dela.
— Hoseok? — ela chamou sua atenção — O que foi?
Ele balançou a cabeça em negativa.
— Sempre que eu te vejo, te acho mais bonita.
Foi a primeira vez desde que se conheceram que Hoseok viu as bochechas de rosarem. Foi a vez dele rir por tê-la deixado sem graça.
— Ah, para! — ela o empurrou devagar e ainda sentia as bochechas queimarem.
gostou de saber que ele a achava bonita, afinal de contas ela o achava incrivelmente bonito também, e esperava que ele soubesse disso pela forma em que olhava para ele.
— O que? Eu to falando sério! — Hoseok dirigiu o olhar para o outro lado da rua, disfarçando antes que também ficasse vermelho.
Ele voltou a pensar em quando Jimin o questionou no bar porque ele não havia beijado até hoje. E ele se perguntava todos os dias, se era isso que ela queria também, e se ela já não havia se feito essa mesma pergunta.
Mas era complicado para Hoseok tomar aquele tipo de atitude. As poucas vezes em que o fez, ele estava muito bêbado, e ela não queria beijar com álcool no sangue, porque para isso, precisaria estar muito bêbado, a ponto de não se lembrar de nada nos outros dias. E a coisa que ele mais queria no mundo era se lembrar de um beijo entre os dois, caso acontecesse. Ele queria estar tão sóbrio que se lembraria de cada detalhe. Mas como fazer isso acontecer com toda a insegurança que percorria seu ser? Ele sempre teve dificuldade com relacionamentos de todos os âmbitos, sempre que tentou sofreu muito com a rejeição, então querer estava o torturando, porque ele tinha muito medo de estar fazendo uma leitura de ambiente errônea e acabar se machucando muito.
Quando os dois se deram conta, Jimin havia descido e já se despedia do pessoal do frete.
— Vocês me ajudam a subir essas roupas?
Hoseok e olharam os vários sacos plásticos e malas dispostos na calçada e se entreolharam.
— Caraca, por isso você nunca repete roupa no escritório, né, Park Jimin?
— Credo, você falou igual a agora! — Jimin fez o sinal da cruz enquanto revirava os olhos de forma exagerada.
— Vamos começar logo se não a gente não acaba hoje!
Assim os três se puseram a subir e descer a escada do prédio até que finalmente terminaram de levar as roupas de Jimin para a sala do apartamento. Exaustos, Jimin e J-Hope se jogaram no chão da sala vazia e apenas se sentou no mesmo, escorando-se na parede branca.
— Aqui é tão bonitinho Jimin! — sorria enquanto observava o local — Não é? — Jimin sentou-se ao lado dela — Não vejo a hora de começar a colocar mais coisas e encher ele! E deixar com a minha cara.
— Inclusive, eu e a compramos um presente de casa nova para você! Vai quebrar um galho, viu amigo?
— Vocês o que? — Jimin perguntou piscando os olhos várias vezes.
— Eu vou lá buscar! Cadê a chave do teu carro ?
Jimin direcionou o olhar para Hoseok e depois para .
— ? Nem eu chamo ela assim J-Hope! As coisas estão evoluindo muito rápido hein? Só falta… — Hoseok interrompeu o amigo.
— Só falta você descer comigo para ver seu presente! Que tal?
Hoseok apertou com força o ombro do amigo que soltou um muxoxo, a sorte é que estava tão absorta observando o apartamento que ela apenas entregou a chave do carro à Hoseok, daí se deu conta que o melhor era ela descer com ele.
— Deixa que eu vou com o J-Hope!
Hoseok sorriu sem graça ao ouvir o apelido vindo da boca dela, até que com o som da voz de o apelido lhe caía bem.
— Tá bom! — Jimin piscou para que gargalhou — Bobo! — ela empurrou o amigo — Vamos J-Hope! — ela lhe apertou as bochechas enquanto falava o apelido vagarosamente .
Os dois desceram as escadas discutindo como seria a reação de Jimin, ao chegarem no carro ela abriu o porta-malas e Hoseok retirou o microondas de lá. Os dois haviam pesquisado várias coisas, mas chegaram a conclusão de que o microondas seria o mais útil naquele momento para o amigo. Hoseok já estava adentrando o prédio quando pediu que ele esperasse.
— A mandou um presente também!
Hoseok abriu a boca surpreso e depois sorriu.
— O que ela mandou? — Hoseok se aproximou do carro novamente enquanto abria a porta de trás do carro.
tirou uma caixa mediana de lá com um embrulho vermelho.
— Um abajur! É muito significativo para ela, sabe? A morre de medo do escuro desde pequenininha, então eu e a presenteamos com um assim que ela foi morar sozinha! Porque somente a luz convencional nunca foi suficiente para que ela dormisse! Ela achou que talvez o Jimin também precisasse de um!
Hoseok soltou um “awn” enquanto os dois adentravam o prédio. Subiram as escadas com indicando onde Hoseok deveria pisar, já que a caixa do microondas atrapalhava um pouco e quando ele vacilou quase caindo não aguentou e teve uma crise de risos. Chegaram ao apartamento de Jimin com ainda rindo muito e Hoseok vermelho.
Jimin que estava no quarto que seria seu, voltou para a sala, onde encontrou a grande caixa no balcão da cozinha.
— Vocês até embrulharam? — os olhos dele brilharam — Ah, eu amo vocês!
Jimin os puxou para um abraço desajeitado e os amigos passaram as mãos por suas costas. Jimin abriu o grande embrulho e marejou os olhos quando viu o microondas.
— Caramba! Realmente, vai salvar muito a minha vida, amigos! Obrigada! De verdade!
Jimin abraçou Hoseok por alguns segundos, que retribuiu o abraço e depois ele puxou para um abraço apertado. Logo eles se dividiram, Hoseok foi para o banheiro arrumar algumas coisas de higiene que o amigo tinha comprado enquanto Jimin e estavam no quarto que seria de Jimin arrumando as decorações e roupas.
Logo nem viram o tempo passando e já era quase uma da tarde, e se lembrou do presente de , ela correu para sala e chamou os amigos.
— Já é quase uma da tarde! Acho que tá na hora de a gente almoçar, né? E outra coisa Jimin, tem esse presente aqui também para você! Mas esse não é meu e nem do J-Hope!
— E é de quem então? De alguém da empresa? Eu ainda não fiz o tal chá de casa nova que você e a propuseram…
Ele pegou a caixa com as duas mãos e pôs sobre o balcão, curioso, abriu com rapidez o embrulho vermelho. Abriu a caixa branca que tinha dentro do embrulho, mas antes de verificar o que tinha dentro dela, ele abriu o cartão e leu:
“Jimin, espero que você esteja feliz com essa nova etapa! Esse presente não sei muito bem qual vai ser a utilidade dele para você, nem sei se vai ter alguma utilidade, mas é bem simbólico! Eu ganhei um desses das meninas quando me mudei de vez e ia ficar sozinha de fato, eu não consigo dormir no escuro, tenho pavor (eu sei que você vai me zoar por isso na segunda-feira), então elas me compraram um desse! Foi muito especial para mim e teve muita utilidade no meu primeiro apartamento, espero que tenha para você também! Ah e eu não vou te dar outra coisa no chá de casa nova da empresa, contente-se com apenas esse presente!
.”
Assim que ele terminou de ler o cartão, suas mãos voaram para a caixa branca retirando o abajur de lá. Os olhos dele estavam marejados outra vez, mas ele disfarçou antes de se virar para os amigos.
— Eu adorei! E que bonito, você e sua amiga pensarem nisso para ela! Vou colocar lá no meu quarto! Daí já volto para ir buscar comida para gente! Tô com fome.
Jimin saiu deixando Hoseok e sozinhos.
— Ele quase chorou! — Hoseok cochichou próximo ao ouvido de , que arrepiou.
— Eu vi! Esses dois! — balançou a cabeça.
Jimin voltou pegando a chave do carro sobre a bancada e passando as mãos nos bolsos para se certificar de que a carteira estava lá.
— Eu vou com você cara! — Hoseok fez menção de pegar a carteira sobre o balcão.
Porém Jimin o impediu, colocando a mão por cima da do amigo.
— Não, Hoseok! — Jimin olhou os olhos de J-Hope sério — Fica! Não vamos deixar a sozinha, que falta de educação! Fica, que você faz companhia pra ela.
Jimin piscou para Hoseok, que vermelho e entendendo bem o que o amigo estava querendo dizer, assentiu retirando a mão da carteira.
— Eu quero frango assado Jimin! Se vira! — adentrou a cozinha e abriu a geladeira.
Dentro da mesma havia apenas uma garrafa de 2 litros d’água e um pedaço de bolo de aniversário, dentro de uma vasilha, que provavelmente Jimin trouxera do final do expediente de sexta na comemoração de aniversário de alguns funcionários. Por sorte, Jimin havia ganhado alguns talheres da mãe, então retirou a vasilha da geladeira e um garfo enquanto Jimin prometia para ela que acharia o tal frango.
— Vem comer bolo enquanto isso, Hoseok! — ela gritou já que ele não estava mais na sala. Hoseok respirou fundo enquanto lavava as mãos no banheiro. Era a primeira vez que os dois ficavam de fato sozinhos. Aquilo o assustava muito, afinal de contas ele tinha medo do que podia acontecer, e não queria perder .
Assim que ele apareceu na sala, topou com ela sentada no chão com uma vasilha no colo, o que fez ele rir da cena. também riu.
— Eu não costumo comer bolos de aniversário, são molhados demais! Mas tô com tanta fome que se eu não comer alguma coisa eu desmaio.
Hoseok se sentou ao lado dela ainda rindo.
— Quem manda você não tomar café da manhã? Sabia que… — ela o interrompeu.
— O café da manhã é a refeição mais importante do dia? Sabia né, Hoseok, você fala isso todo dia para mim!
Os dois gargalharam enquanto ela levava o garfo até a boca, e acabou sujando o lábio superior com o chantilly. Os olhos de Hoseok se puseram lá, e então ele limpou a sujeira com o dedo polegar e depois lambeu o próprio dedo. então sentiu os lábios formigarem com o gesto.
— Você não sabe brincar, Hoseok? — ela perguntou enquanto via o semblante dele mudar de sério para curioso — É assim!
passou o dedo no chantilly e então sujou os lábios de Hoseok, que se assustou um pouco. Então, depositou as mãos nele, uma na nuca e outra na bochecha, aproximou os lábios dos dele e então os lambeu, deixando-os parcialmente limpos. Hoseok sentiu o corpo mais uma vez reagir a um contato tão íntimo. Os olhos dela pareciam queimar, e então ele não resistiu… segurou sua nuca trazendo-a para ainda mais perto e a beijou nos lábios. As mãos dela lhe seguravam a parte de trás da nuca e ele sentiu lhe puxando os cabelos, fazendo com que sua cabeça tombasse levemente para trás com a intensidade, logo ele desceu as mãos para a cintura dela, que não perdeu tempo e entrelaçou as pernas no colo dele, uma de cada lado. O beijo foi ficando mais intenso, e Hoseok apertou a cintura dela, que soltou um gemido fraco entre o beijo enquanto voltava a puxar com força o cabelo dele. pressionou o quadril com força para baixo enquanto descia as mãos pelas costas de Hoseok que sentia o membro começar a endurecer.
Assim que sentiu as mãos geladas de em contato com suas costas por baixo da camiseta, Hoseok arrepiou, e arfou quando ela o arranhou por ali. O beijo voltou a ficar mais calmo, mas as mãos dela não.
Hoseok afastou as bocas, tentando respirar. E ainda de olhos fechados ele pediu:
— Vamos com calma, hã? O Jimin pode chegar a qualquer momento!
, ainda extasiada, assentiu que sim com a cabeça e depositou alguns selinhos nos lábios do loiro, que apenas sorriu. Os dois voltaram a se beijar, com mais calma dessa vez, o que não perdurou muito. Logo as mãos de voltaram a puxar os cabelos dele com força, enquanto ele se atreveu a adentrar uma das mãos pela blusa dela, acariciando suas costas, quando ela mordeu a orelha direita de Hoseok, o membro dele pulsou, e como se sentisse que aquilo era um alerta, ele voltou a separar a boca da dela.
— , por favor! — ele pediu olhando-a nos olhos.
Até que ouviram passos no corredor, o que fez com que saísse rapidamente do colo de Hoseok, sentando-se outra vez ao lado dele, que se ajeitou da maneira que podia.
Jimin abriu a porta do apartamento com dificuldade e Hoseok se levantou indo em direção ao amigo para ajudá-lo.
Assim que as comidas já estavam dispostas pelo balcão, Hoseok se atreveu a olhar para , que continuava sentada no chão. Os dois trocaram um sorriso, cúmplices.
E pensava em Suga todos os dias. Havia decidido com a ajuda de que ele precisava sim saber da gravidez e depois ele que decidisse como lidar com isso, mas estava decidida a criar a criança com a presença dele ou não.
se sentou no sofá do apartamento sozinha enquanto pensava no quanto sua vida mudaria dali para a frente, ela fechou os olhos imaginando como o filho ou filha seria. Será que ele teria os traços dela? Ou seria mais parecido com Suga? Ao abrir os olhos novamente, ela pediu mentamente que se Suga não fosse um pai presente, que a criança se parecesse com ela.
ia acompanhar a amiga no primeiro ultrassom e elas iam se encontrar lá, então ela resolveu que iria preparar um almoço saudável, afinal de contas agora ela não poderia mais viver de fast—food e besteiras. Preparou o almoço com calma, foi interrompida algumas vezes pela sensação ruim do enjôo matinal. E então almoçou, enquanto pensava hora ou outra na vida dali para frente: pensava em como Suga e os pais reagiriam a notícia, pensava em como ela faria para sustentar a si mesma e a criança, mas teria a ajuda da amiga. E quem sabe a de Suga também?
O ultrassom estava marcado para às dezessete, então ela resolveu lavar as louças e dormir um pouco. Acordou com o despertador a alertando, então se levantou e foi tomar um banho. Chorou um pouco enquanto colocava a mão sobre a barriga. Não estava mais sozinha e ao mesmo tempo que aquilo a reconfortava, também a desesperava absurdamente. Saber que seria mãe aos vinte e seis anos, sem estar com um emprego estável, sem conhecer direito o pai da criança e sem saber como ele reagiria à notícia ou se ele a ajudaria… Saber que agora a vida dela nunca mais seria a mesma… Ela estava apavorada!
Conferiu se tinha tudo o que ela precisava dentro da bolsa, pegou alguns papéis restantes e os guardou lá. Pegou a chave do apartamento que estava sobre o balcão, trancou o apartamento e guardou a chave no bolso. Desceu os dois lances de escada e se despediu do porteiro do prédio. já estava na clínica e esperava a amiga com um sorriso cansado no rosto. Ela vinha trabalhando muito e ainda estava sempre a disposição da amiga, ouvindo os choros intensos das madrugadas, mal dormindo também. Amava muito a amiga e seria eternamente grata à ela por tudo que estava fazendo.
acariciou as costas de , cumprimentando-a.
— Como passou? — perguntou ela enquanto elas adentravam a clínica.
— Alguns enjoos, mas nada de mais! Até fiz almoço hoje, acredita? Preciso começar a mudar minha alimentação, né?
— Que orgulho! — sorriu voltando a acariciar as costas da amiga — Isso aí!
informou à recepcionista o motivo de estar lá e, após um rápido cadastro, ela pediu que elas aguardassem que logo logo seria chamada.
— Você vai contar hoje pro tal Suga?
se estremeceu ao lembrar da decisão de contar ainda hoje sobre a gravidez para ele.
— Vou sim, não quero adiar mais isso não, tá me matando por dentro!
— Eu vou com você se quiser! — colocou a mão sobre a da amiga.
— Não precisa, ! Acho que tenho que fazer isso sozinha e também não pretendo demorar muito.
ouviu seu nome ser chamado e ela e adentraram a sala. Como estava com apenas 6 semanas de gestação seria feito um transvaginal, onde o médico ou médica já poderia observar o saco gestacional. Também conseguiria verificar se não ocorreu uma gravidez ectópica e identificar os batimentos cardíacos do feto. Com seis semanas o feto tem o tamanho de um feijão. Seus grandes olhos, são desproporcionais ao tamanho da cabeça, ainda não tem pálpebras e as narinas começam a aparecer. Enfim, está ficando mais parecido com um bebê. Essas foram as palavras da própria médica.
sabia que aquele ultrassom pouco revelaria, ela somente queria deixar bem claro para Suga que não estava inventando nada, que aquilo de fato era real.
sentiu os olhos marejarem levemente enquanto a médica ia fazendo o exame e dizendo algumas poucas coisas que já eram possíveis de saber. sentiu um quentinho no coração quando ela e trocaram um olhar de cumplicidade.
Assim que as duas deixaram a clínica com o exame já em mãos, abraçou a amiga com força.
— Amiga, vai correr tudo bem. Tô torcendo! Qualquer coisa me liga, tá?
— Tá bom, . Obrigada mais uma vez, por tudo!
As duas se despediram e entrou no carro que havia pedido. Respirou fundo enquanto sentia as veias da cabeça começarem a dilatar, ela então passou as mãos pelas têmporas. Não sabia direito o que estava fazendo, estava agindo no automático. Havia repassado aquela cena tantas vezes na cabeça, havia ensaiado o que diria em todas elas, mas agora ela estava atônita.
Assim que desceu do carro, ela passou os olhos pela fachada do prédio. Será que ele aceitaria falar com ela? Atravessou a rua, enchendo o peito de ar, tentando tomar coragem. Assim que abriu a boca para falar com o porteiro, ela o vislumbrou caminhando rumo à portaria. O chão parecia ter sumido abaixo de seus pés e as mãos dela começaram a suar. A boca ficou seca e o medo nunca havia sido tão real quanto agora.
O olhar dele cruzou com o dela e ele empalideceu. Será que a havia reconhecido? Ele parou de caminhar e estendeu a mão para trás, direcionou o olhar para lá e viu uma moça, provavelmente da idade dela ou menos. Ela tinha a pele negra e os olhos mais brilhantes que já havia visto. O cabelo estava numa trança, e ela segurou a mão se Suga enquanto ria de algo.
Quem seria ela? então passou a língua pelos lábios e saiu da guarita da portaria, esperaria por ele fora de lá. Assim que ela ouviu o barulho do portão bater, deu de cara com os dois.
Suga tinha os olhos arregalados e sentiu vontade de sair correndo. Mas agora parecia um pouco tarde demais.
— Suga? — ela chamou enquanto coçava a nuca.
A moça que o acompanhava tirou os olhos de e pousou em Suga. Os dois estavam com as mãos dadas. presumiu que ela seria a namorada que havia terminado com ele na época dos fatos. Eles haviam voltado?
— Sim? — ele respondeu.
— Eu preciso falar com você. A sós se possível! É um assunto um pouco delicado.
voltou a coçar a cabeça. Suga soltou o ar que parecia preso em seus pulmões há dias. A garota que o acompanhava direcionou o olhar para e então voltou a olhar Suga, que tinha as mãos geladas agora.
— Você a conhece? — ela questionou.
cruzou os braços abaixo dos seios, e olhou para dentro dos olhos de Suga. Ela estava curiosa para saber o que ele diria.
— Conheço! — mordeu o lábio.
— Olha, nós não temos nada para esconder um do outro! Pode falar, não é, amor?
Suga ainda com os olhos arregalados, assentiu positivamente com a cabeça. O que ela estava fazendo ali na porta do prédio dele, depois de basicamente dois meses? Como ela ainda se lembrava? Tanto dele, quanto do endereço do local? E como era mesmo o nome dela?
deu de ombros.
— Tudo bem. Suga, eu estou grávida! — cuspiu as palavras enquanto erguia a mão com o envelope contendo os exames. — Aí está o ultrassom e todos os exames de sangue que eu fiz comprovando. Tem meu telefone aí também, para quando você processar a informação e resolver tudo com a sua namorada, me ligar, caso queira fazer um exame de DNA, enfim caso queira se inteirar melhor.
A garota agora tinha os olhos mais arregalados que os de Suga, que estava em estado quase de choque com a informação. A cabeça dele fazia barulhos e sua vista começa a embaçar. Ele não conseguiu nem pegar o envelope, quem o fez foi sua namorada.
— Passar bem! — E ela então pôs—se a caminhar.
A cabeça dela também girava depressa e ela só queria ir para bem longe dali. Sentia um misto de emoções dentro de si. Uma espécie de alívio por finalmente tê—lo reencontrado e contado tudo, sentia raiva por ele ter voltado com a namorada logo agora, sentia raiva por ele não ter tido nenhuma reação e sentia medo, um medo quase palpável de como as coisas seriam dali para frente, então ela se permitiu chorar.
Suga encarava a namorada, ainda estático e sem saber o que falar. Era muita informação e ele sentia a cabeça doer. A vista ainda estava embaçada.
— Será que você pode me explicar que porra foi essa?
— Vamos subir, Charlotte!
— Não! — ela esbravejou enquanto abria o envelope. — Você consegue me explicar? Isso é alguma brincadeira de mal gosto, Yoongi? Só pode. Fala alguma coisa!
— Eu não sei, Charlotte! — Suga passou as mãos pelo rosto, completamente atônito. — Vamos conversar lá em cima, com mais calma!
Charlotte concordou. Já no apartamento do rapaz, ela terminou de analisar os exames, enquanto Suga fumava seu segundo cigarro.
— Você pode por favor me dizer que isso aqui é mentira? — Os olhos de Charlotte marejaram.
— Pode ser que seja. Esse filho pode não ser meu, só um DNA pode nos dizer isso!
— Suga, como assim? Você me traiu com essa garota? Vocês de fato tiveram algo?
— Tá maluca?! Faz as contas, Charlotte! Nós estávamos terminados, você se esqueceu que ficou uma semana terminada comigo? Você disse que nunca mais era para eu te procurar e eu te procurei, lembra? E muito! Mas você me bloqueou de todas as redes sociais, você não atendeu às minhas ligações! Você terminou comigo, com todas as letras!
— E aí em uma semana você já estava transando com outra?
Suga fechou os olhos com força.
— Eu estava bêbado e com raiva! E ela também! Eu nem me lembro o nome dela! Ela não tinha significado nada para mim. Foi só sexo!
— E agora você vai ser pai! — Charlotte levou as mãos à boca, incrédula. — Yoongi, você percebeu a gravidade dessa situação toda?
— Claro que eu percebi, Charlotte!
— E vocês nem usaram proteção, caramba, Yoongi!
— Eu estava bêbado, Charlotte! Eu mal me lembro do que aconteceu naquela noite! E nós não sabemos se essa criança é mesmo minha! Vamos fazer o DNA!
— E se for sua? — Charlotte o encarou séria, ficando frente a ele.
Suga estava desesperado, mas não deixaria que ela percebesse.
— E se não for?
— Yoongi, essa garota não ia mentir uma coisa dessas! Ela não tem motivo nenhum, afinal de contas você é um desconhecido para ela da mesma forma que ela para você. Ela me pareceu confiante demais!
Suga respirou fundo, deu mais uma longa tragada em seu cigarro.
— Eu vou embora!
— Como assim vai embora? — Ele segurou um dos braços dela enquanto se desfazia do cigarro rapidamente.
— Vou para a casa dos meus pais, eu nunca deveria ter saído de lá!
— Charlotte, por Deus! Você nem sabe se esse filho é meu!
— Indepedente, Yoongi! Você me magoou o suficiente já! E outra coisa? Até quando nós dois vamos ficar fingindo que funcionamos juntos?
— Charlotte, do que você tá falando?
— Você sentiu desejo por outra, certo?
— Eu estava bêbado, por Deus! — Ele a segurou com força pela cintura. — Não significou nada e eu não traí você!
— Suga, quantas vezes nós já brigamos feio por motivos diversos desde que voltamos? Quantas noites você dormiu no quarto de hóspedes? E agora isso! Nós simplesmente não funcionamos, e saber disso tudo, é demais para mim, não dá!
Charlotte empurrou Suga com as duas mãos espalmadas em seu peito e foi para o quarto. Ele foi atrás, ainda sem reação.
— Se você sair dessa casa de novo, será de uma vez por todas, Charlotte! Chega!
— Sim, Yoongi, será! Pode ter certeza! — ela respondeu enquanto arrumava as roupas numa mala. — Eu venho buscar o restante depois!
Yoongi balançava a cabeça atônito enquanto andava de um lado para o outro no corredor. Charlotte passou por ele com uma pequena mala nas mãos e ele foi atrás dela.
— Charlotte, isso é loucura! Você está me penalizando por algo que não tem sentido!
— Para mim tem, Yoongi! Eu me conheço, não vou conseguir perdoar você!
Yoongi voltou a balançar a cabeça em negativa.
— Escuta! — Ela segurou o rosto dele. — Me prometa que vai fazer o DNA e que não vai deixar essa garota cuidar desse bebê sozinha se ele for seu? Não é justo com ela.
— Claro que se esse bebê for meu, eu estarei presente na criação dele! Eu posso parecer não ter coração, mas tenho, Charlotte! Eu não vou deixar a garota desamparada se for mesmo meu, e você pode me ajudar!
Ele voltou a segurar a cintura dela, que balançou a cabeça em negativa.
— Resolva todos os seus fantasmas, Suga! E seja homem para assumir e lidar com as consequências das atitudes que você tomou, sóbrio ou não! E se puder me dê notícias do bebê.
Ela beijou demoradamente a bochecha dele, destrancou a porta do apartamento e jogou a chave do mesmo sobre o sofá e saiu deixando Suga sozinho.
Yoongi bufou alto enquanto pegava os exames que estavam também sobre o sofá. Vislumbrou os mesmos, leu os laudos e voltou a jogá-los sobre o sofá. E então pegou o papel branco bem cortado e leu o nome e o telefone escritos no mesmo com uma linda caligrafia.
O nome dela era .
Yoongi salvou o número dela no celular e então jogou o papel de volta no sofá. Foi até a cozinha e pegou uma das garrafas de vinho que ele tinha, precisava beber ou enlouqueceria. Estava sozinho outra vez. Se sentia vazio e muito chateado por não ter tido a compreensão da namorada, ou melhor, ex namorada outra vez! Ele não havia a traído. E não havia significado nada. Por que diabos ela não podia passar por cima daquilo e ajudá-lo com toda a situação? Era o que ele esperava. E se esse bebê fosse mesmo dele? O que ele faria? Não se sentia preparado para ser pai. Bebeu um gole da taça de vinho e então balançou a cabeça ainda atônito. Amanhã estaria pensando com mais clareza e decidiria o melhor momento de procurar .
Acordou se sentando na cama, com tudo. O coração batia forte e ele estava começando a ficar suado, o barulho do despertador ecoava pelo quarto. Jin pegou o celular sobre a escrivaninha então cessando o som. Mais uma vez ele teve aquele sonho. Já era a quinta ou sexta vez que sonhava exatamente a mesma coisa: o celular tocava, era ela quem ligava e ele não conseguia nunca atender.
Os sonhos com “Olívia” ainda aconteciam toda a noite. Já haviam se passado basicamente dois meses e ele não teve nenhuma notícia da garota. Procurou por ela nas redes sociais com o nome que completo que ela havia dado á ele, mas nenhuma delas era de fato a Olívia que ele conheceu. Às vezes ele se perguntava se tudo o que viveram havia de fato acontecido, ou se teria sido apenas mais um sonho dos que ele tinha com ela toda bendita noite.
O coração dele doía todos os dias ao pensar na garota. Havia sido a semana mais intensa da vida de Jin, ele nunca havia se apaixonado tão rápido por alguém e nunca havia tido tanta certeza de um sentimento quanto por ela. E saber que ela havia mentido daquela forma, dilacerou o peito de Seokjin em mil pedaços. Ele havia emagrecido alguns quilos nesses dois meses, pintava como um louco e mal se alimentava. Ele dormia e sonhava com ela todas as noites, uma tortura!
Ele sentia um vazio no peito todas as vezes em que tentava se divertir ou se distrair, nada era capaz de tirar aquela sensação dele. Ele inclusive estava evitando sair, só ia para a exposição trabalhar e depois chegava em casa e ia pintar. Ultimamente todas as suas pinturas estavam tristes, a melancolia estava sendo sua inspiração, então ele aproveitava.
Passou a mão pelo rosto, limpou um pouco do suor e se levantou. Tomou um banho e desceu para tomar seu café da manhã, a irmã já estava sentada à mesa e então ele lhe bagunçou os cabelos com um “bom dia criança”, pois sabia que ela odiava ser chamada de criança.
— Bom dia loser! — ela respondeu enquanto arrumava os cabelos de volta no lugar.
Jin serviu-se de algumas frutas e pôs-se a comer, calado enquanto vislumbrava o nada. Sua mente voltou a pensar “Olívia”. E então ele sentiu o coração apertar por mais uma manhã não ter notícias dela, apenas os sonhos de sempre. Aquilo o estava matando.
— Porque você tá ainda mais estranho desde que voltamos da praia?
Ele ouviu a irmã questionar e então levou o olhar até ela, que fez uma careta.
— Cuida da sua vida pirralha! — Jin implicou enquanto pisava delicadamente no pé dela debaixo da mesa, que o chutou de volta. — Au! Você está ficando forte, hein?
O apartamento de Jin estava passando por uma reforma então, então ele estava na casa dos pais há cerca de vinte dias. Sentiu as mãos de Eui, sua mãe lhe acariciarem as costas e então ela depositou um beijo na cabeça do filho.
— Você sabe que se precisar conversar, eu estou aqui, não sabe Seokjin?
Jin estranhou a atitude da mãe, ela nunca havia o tratado daquela forma tão carinhosa e muito menos oferecido ajuda. Jin sentiu o coração ficar quente com a preocupação da mãe, então sorriu para ela, enquanto terminava de comer as frutas rapidamente, não queria topar com o pai logo de manhã. Na última vez que isso aconteceu os dois acabaram tendo uma breve discussão.
— Vou sair! Vou dar uma caminhada na praia agora pela manhã. Qualquer coisa me liguem.
A mãe e a irmã assentiram enquanto ele bagunçava outra vez os cabelos de Eun, a irmã, que resmungou.
Colocou uma playlist qualquer para tocar no celular enquanto caminhava pela praia lotada.
“It is if everyone dies alone, does that scare you? I don't wanna be alone. I look for you every day, every night. I close my eyes from the fear, from the light.”
A mente dele finalmente se ligou na letra que tocava e então ele desacelerou o passo um pouco.
O coração dele bateu forte no peito ao ver o quanto a letra descrevia o que ele sentia. Caminhou calmamente por um pedaço da orla, enquanto o coração batia rápido.
“Pink lemonade sipping on a Sunday, couples holding hands on a runway. They're all posing in a picture frame, whilst my world's crashing down!”
Vislumbrou os casais sorrindo para fotos debaixo do sol, olhou o mar e lá estavam mais casais curtindo o mar.
O olho de Jin marejou e ele engoliu seco o aperto no peito.
“Solo shadow on a sidewalk, just want somebody to die for! Sunshine living on a perfect day, while my world's crashing down. I just want somebody to die for.”
Continuou a caminhada ainda observando os casais e os turistas. Até que resolveu tirar os tênis e ir pisar um pouco na areia. Se deparou com sua sombra sozinha no solo.
“I long for you, Just a touch (does that scare you?) of your hand. You don't leave my mind, lonely days, I'm feeling like a fool for dreaming.”
Jin observava que haviam várias mulheres na praia que eram idênticas a Olívia, algumas eram tão parecidas que ele não sabia se estava alucinando e vendo-a em todas as mulheres! Ele chegou a achar que estava ficando louco, e então ele desbloqueou o celular e entrou no instagram, voltando a procurar por ela por lá. Mas nada. Jin balançou a cabeça, se sentindo tolo outra vez.
“Pink lemonade sipping on a Sunday, couples holding hands on a runway. They're all posing in a picture frame, whilst my world's crashing down!”
Então ele olhou para a pulseira cinza em seu pulso, que ele ainda usava… Será que ela usava a dela também? Será que pensava nele, mesmo que de vez em quando? Jin tocou a pulseira em seu pulso e então enxugou uma lágrima teimosa que ousou descer por seu rosto.
Fechou os olhos sentindo o vento bater em seu rosto, se lembrou dela outra vez. Quase conseguiu ouvir a voz dela chamando-o. Despertou do devaneio com a mão de V em seu ombro. Abriu os olhos e levantou o olhar na direção do amigo, e então sorriu para ele.
— Que bom que você pode vir amigo!
Taehyung estendeu a mão na direção do melhor amigo e o ajudou a se levantar. Logo os dois trocaram um abraço rápido e então se sentaram em um quiosque qualquer, onde pediram uma água de coco.
— O que houve? Está precisando conversar, Jinnie? Senti sua falta! — O olhar de V demonstrava que ele estava preocupado com o amigo.
Jin soltou um suspiro pesado e depois deu gole em sua água de coco.
— Vamos falar de você primeiro! To sentindo que você também tem algo para me contar! Eu voltei há uns dois meses basicamente, você sabe, mas quis tirar um tempo pra cuidar direito da exposição e da reforma do meu apartamento. Agora as coisas já estão se acalmando!
Taehyung colocou uma das mãos sobre o ombro do amigo.
— Vou conseguir uma folga para ir com a quando ela puder viu? — V disse se referindo à exposição do amigo.
— Faço questão que vocês dois apareçam lá, se não eu mato os dois! — gargalharam. — E ai? O que aconteceu nesses meses?
Taehyung suspirou enquanto fechava os olhos, ainda segurando o ombro de Seokjin.
— Conheci uma menina! — Foi a vez de Jin apertar o ombro do amigo enquanto fazia onomatopéias com a boca. — Mas calma! A gente ainda tá só se conhecendo! Eu a atropelei de bike, você acredita que foi assim que nós nos conhecemos?
Os dois riram.
— Que inusitado amigo! Mas há quanto tempo vocês estão conversando?
— Desde que você viajou basicamente!
— E nada ainda? Você está muito lento Taehyung! — Jin deu algumas batidinhas no ombro dele.
— Ela é diferente, sabe Jin? Não sei explicar o que estou sentindo, então quero respeitar o tempo das coisas! Quando tiver que acontecer, vai acontecer!
— Então o meu irmãozinho mais novo se apaixonou enquanto eu estava fora?
Taehyung sentiu as bochechas queimarem e então ele riu, meio sem graça.
— Acho que sim! — Ele tomou mais um gole da bebida. — Quero que você a conheça, quando for o momento!
— Claro! Vamos ver se ela será aprovada!
— Mas e a viagem? Como foi? Você está estranho Jin, percebi isso pelas mensagens que trocamos.
Jin fez um muxoxo, enquanto pensava se contava tudo ou não para o amigo. Pensou que V poderia achá-lo um idiota se ele contasse tudo. Mas estava se sentindo sufocado.
— Tem haver com uma garota também!
V sorriu mostrando todos os dentes enquanto colocava o coco sobre a mesa em que estavam e apertava as bochechas de Jin.
— Sabia que podia ter algo a ver com uma garota! Mas você não é muito dessas coisas! O que tá rolando?
— Nos conhecemos num luau, e bom — ele umedeceu os lábios. — Foram dias maravilhosos!
— Ah, então você está com saudades? Entendi!
Os dois se olharam enquanto sentiam o vento bagunçar seus cabelos. Jin pensou que era melhor parar o assunto por ali, pelo menos por enquanto. Não queria que o amigo o achasse ridículo e bobo por estar tão mal assim por uma garota que ele mal conhecia.
— Quando vocês vão se ver novamente?
A pergunta do amigo ecoou na mente de Jin, que abaixou a cabeça sentindo o coração doer.
— Sinceramente? Eu não faço a menor ideia!
Jin levantou a cabeça voltando a encarar o amigo, enquanto soltava um riso nasalado. Aquilo doía.
— , tudo certo para a gente sair às dezoito né? Ou você vai precisar ficar mais tempo?
Jimin levantou a cabeça e direcionou o olhar de uma para a outra.
— Não amiga! Graças a Deus! Tudo certo, pode me esperar lá no estacionamento ou passar aqui, você que sabe!
— Porque? O que vocês vão fazer?
— Meu Deus curupira júnior, como você é curioso! Cruzes!
gargalhou e escorou-se no batente da porta.
— Hoje finalmente nosso trio vai estar completo! Nossa amiga volta de viagem! Vamos ao aeroporto recebê-la e os pais dela vão fazer um jantarzinho para receber ela de volta!
Jimin fez um biquinho enquanto cruzava os braços abaixo do peito.
— Eu quero ir também! To louco para conhecer essa amiga de vocês! Ela é bonita?
— Coitado! — gargalhou — Ela não é pro seu bico não! Ela é alta, linda, parece uma modelo de passarela! Se liga! Olha o seu tamanho menor aprendiz!
Jimin revirou os olhos enquanto voltava a gargalhar.
— É sério! Eu quero conhecer ela! Agora vocês não são mais um trio, nós somos um quinteto! Tem eu e o Hoseok! Inclusive eu posso chamá-lo? — dizia ele rapidamente enquanto os olhos brilhavam.
sorriu soltando um “awn que fofo” e olhando para , esperando a amiga se pronunciar.
— ? Por mim, sem problemas! Até acho que a vai gostar de conhecer vocês!
revirou os olhos e apenas assentiu com a cabeça e deu de ombros enquanto voltava a olhar o computador.
— Vou arrumar minhas coisas e volto para cá! Aí a gente sai juntos!
fechou a porta e foi para a sua sala guardar as coisas e fechar a mesma, ela estava radiante de felicidade pela volta da amiga, assim como . Tantas coisas para conversarem, queria abraçar a amiga, se certificar de que ela realmente estava melhor agora…
Assim que caminhou em direção á sala dos amigos os dois já estavam de fora da mesma e Jimin disse que passaria para pegar Hoseok no trabalho, pois ele estava sem a moto naquele dia e que se encontraria com elas no aeroporto e pediu que as duas ficassem de olho no celular, já que as duas eram um tanto distraídas quanto á isso.
Assim que chegaram ao aeroporto as duas abraçaram os pais de e começaram a conversar sobre a vida com os mesmos, que ainda pareciam muito abalados, assim que Jimin chegou com Hoseok, sorriu na direção do loiro que sorriu de volta e então os dois se abraçaram demoradamente com os pais de sendo apresentados a Jimin e logo depois á Hoseok, claro.
batia o salto do scarpin preto no chão enquanto não tirava os olhos da tela que mostrava as chegadas dos voos, até que Jimin, já irritado, pousou delicadamente a mão sobre sua coxa, na intenção de cessar o movimento e o barulho. Os dois se olharam.
— Ai, me deixa! Eu estou ansiosa! Quero ver ela logo! Quero saber como ela está! Foi uma tortura esses dois meses!
— Eu entendo ! Mas esse barulho irritante não vai acelerar o tempo! Respira fundo! — ele apertou a coxa dela numa tentativa inútil de acalmá-la.
sentiu o lugar onde a mão dele apertava queimar e então se levantou, deixando-o no vácuo. O coração dela, que já estava batendo rápido, acelerou um pouco mais. Jimin balançou a cabeça em negativa e se questionou: porque ela fugia sempre das aproximações dele?
— Olha! — apontou pro telão — Acho que é o voo dela, não?
Os pais de se deram as mãos enquanto assentiram que sim.
e trocaram um olhar terno e já sentia o olho marejar.
Ambos se aproximaram do portão de embarque, e agora de mãos dadas, enquanto Jimin e Hoseok ficaram mais para trás, pois aquele era um momento bem íntimo das garotas. As pessoas começaram a sair pelo portão de embarque e nada de . A cada pessoa que passava pelo portão era um tipo de emoção diferente que e sentiam. A ansiedade já estava a mil entre as garotas e os pais de , até que ela finalmente apareceu pelo portão. Provavelmente já havia chorado, pois os olhos estavam vermelhos e as bochechas levemente coradas e inchadas. Os pais de a esperaram com os braços abertos e então ela largou o carrinho com as malas e foi na direção deles, os abraçando. Ali as lágrimas voltaram a correr livremente pelo rosto de e de seus pais, que intercalavam os abraços com alguns beijos em seu rosto.
agora começava a derramar algumas lágrimas, enquanto já chorava livremente.
— Que bonito isso! — Hoseok comentou.
— Nunca vi as duas chorarem, é a primeira vez! Acho que agora somos oficialmente um quinteto!
Os dois trocaram um olhar e sorriram um para o outro. Assim que conversou um pouco com os pais, o olhar dela buscou as amigas, ansiosa, até que as encontrou e então correu em direção às mesmas, ainda chorando. As três então se deram as mãos, enquanto já sorria entre as lágrimas e tinha os olhos fechados, com lágrimas escorrendo livremente pelo rosto. Jimin e Hoseok se aproximaram o suficiente para conseguir ouvir a conversa entre as três:
— Não importa onde eu vá, eu nunca vou sair do seu lado! Você nunca estará sozinha! Mesmo quando passarmos por mudanças, mesmo quando estivermos velhinhas! — disseram as três em uníssono fazendo Jimin e Hoseok se olharem, se emocionando também.
— Lembram que eu prometi que encontraria meu caminho de volta para casa?
E então as três se abraçaram demoradamente, fazendo com que os pais de voltassem a chorar rapidamente.
Assim que as três se recuperaram da emoção, parando de chorar e limpando os rostos, notou a presença de Jimin e Hoseok e então olhou as amigas.
— Amiga, esses aqui são o Jimin, nosso colega de escritório e esse o Hoseok amigo dele, e bom nosso amigo agora também! — ela riu sem graça enquanto sentia o olhar de Hoseok em seu rosto.
Bom eles haviam se beijado aquela vez, mas nada mais havia acontecido depois daquele dia, apesar de os dois ainda conversarem todos os dias, então achava que no momento o termo certo ainda era amigo… sorriu para sem mostrar os dentes quando a mesma apresentou Hoseok á ela, se lembrando do e-mail da amiga, mas bom, ela não sabia que eles haviam se beijado, ela só sabia que a amiga havia beijado o outro: Namjoon. Inclusive achou que o conheceria primeiro que Hoseok.
— Muito prazer meninos! — abriu os braços puxando Jimin para um longo abraço e depois fez o mesmo com Hoseok que ficou vermelho, é claro.
— Eu queria muito te conhecer ! — Jimin citou, sorrindo — As meninas falam muito de você! E com muito carinho!
— Ah! — sentiu as bochechas esquentarem e então olhou com carinho para as amigas — Eu estava longe mas já sabia da existência de vocês também, viu?
Ela olhou para Hoseok, que voltou a ficar vermelho enquanto sorria sem mostrar os dentes.
— Vai todo mundo lá para casa jantar né? Inclusive vocês dois não é? — voltou a direcionar o olhar para os rapazes que assentiram que sim.
Ao chegar na casa de os pais dela fizeram questão de apresentar toda a casa para os meninos que ficaram encantados com a atenção que estavam recebendo dos pais de , que subiu com as amigas para guardarem as malas dela no quarto. Lá entregou as lembrancinhas que havia comprado para as amigas, que ainda emocionadas a agradeceram. Assim que voltaram para o andar debaixo elas passaram pela cozinha e e ofereceram ajuda aos pais de , que educamente recusaram, informando as garotas que os rapazes estavam na área externa da casa, perto da piscina, porque o jantar seria servido lá, já que era uma ocasião especial.
As amigas adentraram o local, rindo e conversando e perceberam que Jimin e Hoseok também conversavam algo, mas que o assunto havia parado quando elas chegaram.
E então resolveu se sentar entre Jimin e Hoseok, enquanto — que à essa altura do campeonato já sabia do beijo trocado entre e Hoseok — optou por sentar ao lado de Jimin, que a olhou enquanto ela o fazia. se sentou ao lado de Hoseok, e aproveitou para passar um dos braços em volta do pescoço de Hoseok, que se ajeitou na cadeira, e colocou a mão esquerda sobre uma das coxas de . O coração dele pulsava rapidamente com a aproximação da garota.
— E então amiga? Como foi a viagem? — foi a que teve coragem de perguntar.
passou as mãos pelos cabelos, ajeitando-os e fazendo um coque com o mesmo logo em seguida. A primeira imagem que veio em sua mente ao ser questionada sobre a viagem foi Jin, mais especificamente o sorriso dele. Depois lembrou da risada gostosa de ouvir que ele tinha. Aí então sua mente vagou pela noite em que se conheceram, depois ela se lembrou do primeiro beijo dos dois, logo depois se lembrou da última noite que tiveram, do gemido rouco dela em seus ouvidos, e ai então ela sorriu sem mostrar os dentes para as amigas.
— Foi ótima! — sorriu dessa vez mostrando os dentes — Conheci lugares maravilhosos, algumas pessoas também!
Voltou a se lembrar do gosto do beijo de Jin e então os pelos da nuca dela se arrepiaram.
— E você de fato se curou? Ou pelo menos atingiu o objetivo principal da viagem, que era aceitar melhor a morte do Mário? — foi mais a fundo.
Como ela explicaria às amigas que sim, que tinha conseguido aceitar a morte do irmão, que o buraco estava se fechando, mas que agora existia outra cratera em outro lugar de seu peito causada por sua própria culpa?
— Sim! — balançou a cabeça positivamente — Eu entendi! E acho que agora vou saber lidar melhor com a morte dele.
Os amigos assentiram em silêncio.
— Você foi para quais lugares? — Jimin se atreveu a perguntar enquanto se levantava indo em direção á geladeira que ali ficava.
Ela sabia que a mesma estava sempre abastecida em ocasiões como aquela, e então abriu a mesma pegando a jarra de suco que lá se encontrava.
— Fui para o nordeste primeiro! Fiquei uma semana lá! — ela colocou a jarra sobre a mesa enquanto pegava um copo.
Voltou a pensar em Jin. Não que ela não tivesse pensado nele basicamente todos os dias desde que fora embora escondido dele. Será como ele havia reagido? Era o que ela mais pensava. Depois pensava em como ele estaria hoje…
— Depois eu fui para o sul! Fiquei um tempinho a mais lá, porque estava frio e eu amo esse clima! Depois fui pro Chile e para a Argentina! Ai voltei!
— Caramba, que legal! — Jimin sorriu enquanto bebia um pouco do suco.
— Depois passa o roteiro pra gente! — Hoseok comentou.
— Claro! — piscou e voltou a sentar assim que terminou de servir o suco para os amigos.
— Você e seu irmão eram muito próximos né? — Hoseok também tomou do suco — Eu sinto muito pela sua perda!
— Eu também ! — Jimin colocou delicadamente a mão sobre a perna dela.
acompanhou com o olhar e então desferiu um tapa certeiro sobre a mão de Jimin, assustando-o, que protestou com um muxoxo.
— Safado! Não se aproveite desse momento para tentar conquistar a ! Ela não vai querer você!
e o restante dos amigos gargalharam. jogando a cabeça para trás e colocando a mão na barriga.
— Você é maluca? Eu não estou me aproveitando de nada! Só estou demonstrando minhas condolências sinceras! Você é surtada! Meu Deus! Além do mais, eu já estou a fim de outra pessoa!
— Huuuuuum! — os amigos soltaram.
ergueu uma sobrancelha enquanto bebia um pouco do suco e pensava em quem seria a tal garota. Depois voltou a mirá-lo, fazendo uma careta.
Logo os pais de chegaram com os pratos e talheres, colocando-os sobre a mesa.
— Já está quase pronto, meninos! Tudo bem por aqui?
O pai de questionou colocando as mãos nos ombros de , que escorou a cabeça para trás na barriga do mais velho. Ele era como um pai para ela!
— Tudo na paz pai! — sorriu.
— Então quer dizer que agora vocês estão de namoradinho?
e se olharam e então Hoseok sentiu as bochechas esquentarem e tinha certeza que ele estava mais vermelho que um pimentão, especialmente quando a mãe de chegou ao recinto, sorrindo e olhando para ele e que tinham as mãos entrelaçadas sobre a perna dela.
— NÃO! — gritaram e Jimin juntos.
— Nossa, não mesmo! Eu e esse energúmeno aqui somos colegas de trabalho e só!
— É! Imagina só! Eu e a namorando? Só nos sonhos dela! Não tem a menor chance!
segurou a risada enquanto tomava de seu suco.
— Ah mesmo? — o pai de mexeu nos cabelos de — Vocês dois combinam!
e Jimin torceram os lábios enquanto se olhavam.
— Agora vocês dois, não tem como negar né? — a mãe de piscou na direção de .
Era impossível que Hoseok conseguisse ficar mais vermelho do que já estava, e então os dois soltaram as mãos.
— Pior é que não estamos de namoradinho mesmo Eliana! Eu e o Hoseok somos amigos, bom, — ela pausou — bons amigos!
Os dois se olharam enquanto Hoseok assentia com a cabeça, mudo. Eles continuaram conversando sobre os lugares que havia visitado, até que os pais de voltaram para a cozinha. E em minutos eles voltaram informando que o jantar estava pronto. Todos se serviram, jantaram, entre risadas e novidades de . Logo após a sobremesa os meninos resolveram ir embora. Se despediram de com a promessa de se encontrarem mais vezes.
As garotas foram lavar as louças enquanto os pais de descansavam.
— E então ? Você conseguiu pegar o Hoseok ou nem?
gargalhou enquanto a amiga ficava vermelha.
— Então amiga… — ela se virou de frente as amigas enquanto enxugava um prato — Eu peguei!
— Sabia! — começou a ajudar a enxugar as louças que já haviam sido lavadas por — Mas e o tal Namjoon? Eu jurava que ia conhecer ele primeiro!
suspirou coçando a cabeça. A vida sentimental dela estava uma bagunça, e ela até se sentia mal de estar flertando com os dois, especialmente sem que os dois soubessem. Mas se sentia atraída pelos dois homens e estava gostando da sensação de ter dois homens tão diferentes para sair e beijar.
— Amiga, eu fiquei com os dois uma vez só! Por enquanto!
— Safada! — gritaram e ao mesmo tempo.
— Ai amigas! O que vocês fariam no meu lugar? Os dois são lindos, beijam bem e eu tenho coisas em comum com ambos, e estou solteira! Mas vou dar um jeito nisso!
— Não! Você tá certa! Vai conhecendo os dois e curtindo os dois, se precisar decidir entre algum dos dois, na hora certa você decide!
e arregalaram os olhos com o conselho da amiga.
— Onde está a minha amiga e o que você fez com ela? — brincou enquanto as outras duas gargalhavam.
Finalmente estavam juntas outra vez! sentiu muita falta desses momentos com as amigas, e precisava muito delas! Sorriam enquanto se olhavam.
Pegou as chaves no bolso da calça enquanto cantarolava uma canção que havia ouvido no carro, e então observou as luzes da varanda externa da casa dos quase vizinhos acesas. Então Jin, observou as mesmas enquanto pensava: será que eles haviam começado a se recuperar? Lembrava muito bem da mãe comentando que os quase vizinhos haviam passado por uma perda terrível: o filho mais velho, da idade de Jin, havia morrido num acidente trágico. Mário, era o nome dele, se bem Jin se lembrava. Sorriu ao pensar que talvez finalmente as pessoas da casa estivessem começando a ficar bem, e então voltou a caminhar para a casa dos pais.
O destino gosta muito de pregar peças nas pessoas não é?
Umedeceu os lábios assim que a viu sair pelo hospital, mas ela estava ao telefone e não atravessou a rua, portanto não viu Jungkook do outro lado a esperando. Ele então, atônito, nem se lembrou do carro e foi atrás da garota, mas estava sem coragem de a atrapalhar no telefone então esperaria ela acabar a ligação para se aproximar.
A rua começava a ficar escura e JK mantinha os olhos em . Havia algum movimento, mas nada de espetacular. Pessoas indo e vindo e absortas em seus próprios mundos. E JK em … Foi quando finalmente ela desligou o telefone e ele sorriu. esbarrou em um transeunte e JK pode ouvi-la pedir desculpas, mas o rapaz logo a segurou pelo pescoço, imobilizando-a e JK sentiu as veias do corpo dilatarem ao perceber o que estava acontecendo. Os olhos de se arregalaram e ela pareceu entrar em uma espécie de estado de choque. Algo reluzia sobre a barriga de e Jungkook percebeu que se tratava de uma faca, provavelmente. Sem pensar duas vezes, Jungkook partiu para cima do homem, conseguindo separá-lo de . Finalmente conseguiu gritar por socorro, enquanto Jungkook e o homem lutavam pela posse da faca. continuava gritando até que viu algumas pessoas se aproximarem correndo e ouviu o barulho de algo metálico bater no chão e viu a faca. O rapaz que até então não sabia se tratar de Jungkook, segurava o homem do mesmo jeito que antes ele a segurava, mas ele estava desferindo algumas cotoveladas na barriga de JK e por sorte mais pessoas começaram a se juntar e ajudaram JK. Uma mulher tenta acalmar que tremia o corpo todo, especialmente as mãos, e ela avisa que já chamou a polícia que havia um posto policial ali próximo e que provavelmente eles não demorariam. levantou o olhar e viu o homem ainda imobilizado por JK e outras pessoas. O olhar dele estava carregado de raiva e ele tentava a todo custo se desvencilhar da barreira de pessoas que o imobilizaram para atacar . Imediatamente, como se num estalo ela pensou: era ele! As sirenes do carro da polícia já podiam ser ouvidas e ela não conseguia se desvencilhar do olhar dele. Sentiu então os pelos da nuca se arrepiarem quando enfim a polícia se aproximou dela e ele gritou:
— Você não vai se livrar de mim !
fechou os olhos enquanto era guiada para mais longe por um policial.
— A senhorita tá sozinha?
— Ela tá comigo! — ouviu a voz cansada de JK soar perto de seus ouvidos.
abriu os olhos, e uma mistura de sentimentos invadiu seu peito. Ela abriu os braços e se jogou em Jungkook, que a abraçou com força. chorava, o corpo tremia a cada soluço.
— Shhh! Calma! Calma! — ele pedia em seu ouvido.
— Jungkook! — ela sussurrou entre lágrimas, finalmente soltando o choro.
Um choro sôfrego, cheio de sentimentos. Jungkook, subia e descia as mãos pelas costas dela, um carinho gostoso, tentando acalmá-la.
— Jungkook, que que você tá fazendo aqui? — ela se soltou dele, segurando o rosto dele entre as mãos.
— Não importa agora! Você tá bem? — ele segurou o rosto dela entre as mãos também.
balançava a cabeça freneticamente, o rosto encharcado de lágrimas. Jungkook voltou a aninhá-la em seu peito.
Depois os policiais conversaram com , que explicou brevemente que vinha sendo perseguida por um stalker há uns dois meses e que o rapaz em questão provavelmente seria ele. Os policiais a informaram que ela precisava comparecer à delegacia para prestar depoimento e ela então concordou. Já as testemunhas tiveram seus depoimentos colhidos ali mesmo. Inclusive Jungkook.
— Eu vou ter que ir com eles! Tenho que prestar meu depoimento lá, com mais detalhes!
— Eu vou com você! Te levo lá, vamos voltar lá pro hospital, que meu carro tá lá! Eu não vou deixar você ir sozinha !
observou o rosto de Jungkook com calma pela primeira vez naquela noite. Ele estava com um ferimento no supercílio, que parecia ser superficial. Ele a havia salvado do stalker e ela sentiu vontade de chorar de novo.
Quando chegaram à delegacia, Jungkook a esperou no estacionamento mesmo. Após mais ou menos uma hora e meia ela saiu da delegacia. ainda tremia quando foi de encontro à Jungkook.
— Vou te levar em casa, tá? Como foi o depoimento? — ele retirou o moletom que vestia.
Ergueu o mesmo em direção à que apenas sentiu a vontade de chorar voltar a invadir. Jungkook escorou no capô do carro, puxando para o meio de suas pernas e então a envolveu com a blusa. E depois segurou as mãos dela.
— Tá frio! — ele começou a aquecer as mãos dela com as dele.
— Eu achei que era você! — sentiu a garganta dar um nó.
Jungkook, confuso, arregalou os grandes olhos, levemente.
— Como assim? — ele apertou as mãos dela nas suas.
— O stalker! Ele começou a me ligar na mesma época em que passei meu número para você Jungkook! — a voz dela embargou — E por diversas vezes eu achei que ele fosse você!
Jungkook engoliu seco, fazendo seu pomo de Adão se mover.
— Me perdoa JK! — e assim ela voltou a chorar copiosamente.
Jungkook sentiu os olhos marejarem também, estava odiando vê-la chorar então ele a abraçou novamente, enquanto passava as mãos pelos cabelos dela. Após alguns minutos assim, ele voltou a segurar o rosto dela entre as mãos antes de enxugar as lágrimas que desciam pela face dela.
— Ei! Tá tudo bem! Tudo bem! Esse pesadelo acabou, hum? Agora você pode ficar tranquila e ter a certeza que não sou eu! Passa uma borracha nisso tudo! A gente passa!
— Eu não sei se consigo me perdoar JK! Como eu pude achar isso?
— Dá tempo ao tempo, gatinha! Tá tudo muito recente!
Ele segurou o rosto dela entre as mãos novamente, e então encostou a testa na dela. fechou os olhos.
— Eu perdi a cabeça quando vi aquele cara te segurar! E quando eu vi a faca então, eu fiquei maluco!
E então, ele encostou os lábios nos dela com delicadeza e um beijo foi iniciado. As mãos de Jungkook seguravam o rosto dela com carinho e os lábios de ambos se movimentavam lentamente. A língua dele pediu passagem e ela concedeu enquanto apertava sua cintura com certa força. O beijo dele era molhado e sentiu que estava nas nuvens.
Ao adentrar o carro de Jungkook, reparou que o carro era cheiroso assim como dono.
— Como você apareceu daquele jeito? Onde você estava? No hospital?
Jungkook assentiu.
— Eu queria ter te feito outra surpresa! Igual aquela vez em que cortei a mão! Sei lá, achei que se eu fizesse isso, a chama pudesse reacender de novo entre a gente! Eu não tinha idéia da existência desse stalker e muito menos que você chegou a achar que fosse eu!
tapou o rosto com as mãos, sentindo o choro voltar.
— Não! Não! — Jungkook colocou uma das mãos sobre a coxa dela, fazendo carinhos por lá — Não chora! Você não pensou por mal! E bom, eu tive alguns comportamentos esquisitos mesmo! Não chora gatinha! Ja passou! Ele tá preso agora e eu to aqui com você!
balançou a cabeça negativamente enquanto depositava um carinho sobre a mão dele rapidamente.
Assim que chegaram na casa de , ela abriu a porta devagar achando que o irmão talvez já estivesse dormindo. Mas para sua surpresa ele estava bem acordado.
— Pelo amor de Deus, aonde você estava? O que aconteceu? Eu te liguei, te mandei mensagem e você nada!
Taehyung pulou na frente de a segurando pelos braços.
— Nós estávamos nos falando e você disse “te mando mensagem quando pegar o metrô!” e você sumiu ! Eu quase morri aqui!
— Calma Tae! — pediu enquanto acariciava o rosto do irmão.
Taehyung então tirou o olhar da irmã e pousou em JK, que tinha os olhos assustados e um machucado no supercílio.
— Quem é esse? Porque ele tá machucado ? — Taehyung voltou a olhar para — Você vai me contar o que aconteceu?
soltou um suspiro cansado.
— Você lembra daquelas ligações que eu tava recebendo?
— Claro! Insisti horrores para você fazer um B.O! O que que tem?
— Tem que ele era um stalker, e hoje ele me atacou lá perto do hospital e o Jungkook — ela apontou para ele — Me salvou!
— E você me conta isso nessa calma garota? — Taehyung puxou a irmã para um abraço — Meu Deus ! E se acontece algo com você? Eu morro!
E logo o irmão pôs-se a chorar baixinho enquanto afundava o rosto nos ombros da irmã. Jungkook, chorão que só, sentiu vontade de chorar vendo a emoção que o momento carregava.
— Tá tudo bem Tae! Ele tá preso agora! — acariciou os cabelos dele quando ele finalmente a soltou.
As lágrimas ainda escorriam por seu rosto quando ele praticamente voou sobre Jungkook e o abraçou com força.
— Muito obrigada, cara! Eu nem sei como te agradecer por isso!
Jungkook deu algumas batidinhas nas costas de Taehyung enquanto o mesmo o balançava de um lado para o outro. e Jungkook riram da reação de V, até que ele o soltou e enxugou as lágrimas.
— Vocês devem estar exaustos e famintos! Vão tomar um banho enquanto eu preparo alguma coisa para vocês comerem.
e Jungkook trocaram um olhar e então ela pediu:
— Fica JK! Você toma um banho quente e veste alguma roupa do Taehyung! Comer uma comidinha feita na hora…
— E modéstia parte, meus dotes culinários são bons! Vai valer a pena!
Jungkook sorriu mostrando os dentes e aceitou. sobe primeiro e nisso escuta o irmão enchendo JK de perguntas sobre o ocorrido.
Assim que ela adentrou o quarto e tirou a roupa que vestia, se olhou no espelho e voltou a chorar. Ainda conseguia enxergar o olhar do stalker quando fechava os olhos e se sentia péssima ao se lembrar que desconfiou tanto de Jungkook, e ali estava ele em sua casa depois tê-la salvado!
Chorou mais um pouco durante o banho enquanto tentava esquecer as últimas palavras do stalker. Colocou uma roupa quente e então entrou no quarto do irmão para pegar alguma roupa para Jungkook.
— Licença? — ouviu a voz dele e o fitou escorado no batente da porta.
— Sua toalha já tá lá no banheiro! To pegando aqui umas roupas para você! Vai se banhar que eu ainda tenho que dar uma olhada nesse machucado aí!
Jungkook levou a mão até o supercílio e praguejou sentindo o corte arder. Tomou um banho, lavando os cabelos e então fechou os olhos lembrando do beijo.
As roupas que havia escolhido estavam dispostas na cama do irmão e então quando ele terminou de vestir a blusa de manga longa, apareceu no quarto com uma caixinha de primeiros socorros. Jungkook riu jogando a cabeça para trás.
— Será que a gente ainda vai conseguir ter um encontro normal, sem precisar de medicamentos e curativos?
Foi a vez de gargalhar enquanto se ajustava no meio das pernas dele outra vez. As mãos de Jungkook seguravam sua cintura e os dois se olharam. Jungkook umedeceu os lábios passando a língua por toda a extensão dos mesmos e fez a mesma coisa. E então ela desinfetou o local do ferimento e ele soltou um muxoxo mexendo o rosto. segurou o rosto dele, fazendo um carinho.
— Calma! — ela pediu quando voltou a desinfetar o ferimento e ele apertou a cintura dela.
Depois ela deu uma olhada no ferimento e viu que o mesmo somente precisava de uns esparadrapos e gases.
— Graças a Deus foi superficial! Só vou fazer um curativo, tá?
Jungkook assentiu, de olhos fechados. Enquanto fazia o curativo em seu supercílio ele se atreveu a descer a mão para a parte interna de suas coxas, e ficou acariciando o lugar.
— Prontinho. — ela sussurrou com a boca já próxima a dele.
Jungkook não resistiu e a puxou para um beijo. sorriu enquanto sentia os carinhos que ele depositava ainda na parte interna de sua coxa. Assim que os dois começaram a ficar sem fôlego, as bocas se separaram.
acariciou o rosto de JK que fechou os olhos. Porque algum dia ela chegou a acreditar que ele lhe faria mal?
— Você me desculpa? — ela voltou a tocar no assunto — Eu não sei como eu pude JK!
— Shh! — ele colocou o dedo indicador no lábio dela e depois voltou a acariciar o mesmo lugar de antes — Não precisa se preocupar mais com isso ! Você tá bem e eu também, e é isso que importa! Agora vamos descer, se não o seu irmão pode achar estranho!
— Vou não! — Taehyung sorriu, com as mãos nos bolsos da calça — Não tô vigiando vocês! Longe disso, só vim saber como estava seu ferimento!
Jungkook se levantou rapidamente da cama de V e ficou corado.
— N-não! Tá tudo bem com o ferimento né ? — ele a cutucou com o cotovelo — S-superficial né? Já tá arrumado aqui! Sua irmã é uma ótima enfermeira.
JK apontou para o curativo, sem graça pelo possível flagra do irmão de . Enquanto V segurava o riso junto a .
— O jantar está pronto! Quando vocês quiserem descer! — Taehyung piscou para a irmã.
segurou uma das mãos de JK e então levou a mesma até seus lábios.
— Você salvou a minha vida JK!
— E eu faria tudo de novo!
Os dois se abraçaram e Jungkook ficou ali fazendo alguns carinhos nas costas dela.
— Bom dia curupira júnior!
— Bom dia! — ele respondeu ainda olhando para o celular.
bufou baixinho, enquanto lembrava da voz dele: “eu já estou a fim de outra pessoa”. Deveria ser com ela que Jimin falava enquanto sorria para a tela do celular. Quem seria ela? tentou imaginar e uma infinidade de possibilidades passou pela sua cabeça enquanto tirava o notebook da bolsa, será que ela era loira? Ou seria morena? Ou quem sabe ruiva? Ela seria bonita? Será que eles haviam se conhecido onde? Ela ligou o notebook, voltou a olhar ele cantarolando enquanto mexia no notebook. Revirou os olhos outra vez. Porque ele estava tão feliz? Há quanto tempo será que ele estava conversando com a tal?
Umedeceu os lábios com a ponta da língua e então bateu as pontas das unhas — sempre bem feitas — na mesa. Ele sempre protestava quando ela o fazia, e até agora ele estava apenas cantarolando, chegou até a fazer um microfone imaginário com a mão. sentiu o rosto arder. Ele não reagiria?
Lançou mais um olhar na direção dele quando o celular dele voltou a brilhar sobre a mesa, outro sorriso. fechou os olhos com força, estava com ódio! Dela mesma no caso, afinal de contas porque ela estava se importando com isso? Abriu os olhos, ainda irritada e lá estava ele, digitando freneticamente, com um sorriso nos lábios. sentiu raiva por achar o sorriso dele tão bonito naquele momento.
— Estou tão bonito assim hoje, para você não conseguir tirar os olhos de mim? — ele soltou, debochado.
sentiu o rosto voltar a esquentar de ódio e então virou a cadeira de volta para a posição correta.
— Idiota! — soltou enquanto ouvia ele gargalhar em sua mesa — Você é rídiculo Park Jimin!
E assim e Jimin passaram o dia, com ela olhando a todo momento para ele: as vezes apenas pelo canto do olho, outros momentos o encarava descaradamente e ele nem parecia perceber, absorto na tela do celular, sorrindo que nem um bobo, fazendo querer berrar de ódio.
Almoçaram, tomaram seus cafés e quando faltavam cerca de trinta minutos para o fim do expediente o chefe ligou no ramal de e a chamou em sua sala.
— Certeza que é bucha! Quer ver?
— Hã? — Jimin ergueu a cabeça guardando o celular no bolso.
o fuzilou com o olhar e ele mandou um beijo para ela com a mão.
— , preciso que você ou o Jimin me entreguem uma demanda ainda hoje! Não importa o horário, só precisa ser ainda hoje! Se vocês quiserem fazer juntos, ok! Mandei agora para o e— mail de vocês! Me desculpe! Mas você é aquele cliente de ontem e bom, ele não ficou muito satisfeito, sabe como são essas coisas né?
soltou um sorriso amarelo enquanto fazia que sim com a cabeça. Em plena sexta— feira? Aquilo só podia ser algum castigo! Voltou para sala e encontrou Jimin concentrado no computador dessa vez e então os dois se olharam.
— Eu não posso ficar !
— Como não Jimin? Você sempre fica! — ela cruzou os braços, emburrada.
— Eu já tenho um compromisso para quando sair daqui! Não vai dá! E outra, aqui no e— mail diz que tanto faz eu ou você fazermos! Fazer juntos é opcional!
sentiu mais uma vez o rosto esquentar e as mãos começaram a suar enquanto observava ele começar a guardar suas coisas.
— Jimin, nós somos uma equipe, esqueceu? Não posso fazer isso sozinha! Afinal de contas, o primeiro esboço fizemos juntos!
— Mas não dá ! Eu não posso ficar! — ele bateu as mãos na lateral das pernas, começando a perder a paciência.
— Amanhã é sábado, você pode muito bem remarcar esse tal compromisso para amanhã!
deu alguns passos ficando mais próxima a ele na mesa. Que soltou um suspiro, parecendo cansado demais para explicar as coisas para a colega.
— Não, eu não posso! — respondeu Jimin, seco, enquanto voltava a guardar suas coisas.
— Irresponsável! — ela deu mais dois passos.
— Mimada! — ele a encarou.
As duas mãos dela se ergueram e foram parar bem no peito de Jimin, enquanto ela se preparava para lhe dar um empurrão, frustrada com o comentário do amigo.
— Mimada? Você provavelmente está deixando de cumprir seus compromissos do trabalho para ir atrás de mulher e eu que sou mimada? Me faça o favor Jimin, você acha que... — antes de as mãos dela lhe impulsionarem para trás, Jimin segurou os pulsos de , passando— os para trás de seu pescoço e colando o corpo dos dois.
Suas mãos soltaram seus pulsos e desceram para sua cintura, apertou com força o local e então colou os lábios no dela.
assustada não reagiu de primeira, mas quando a língua dele pediu passagem, ela sentiu as pernas fraquejarem e então arranhou a nuca de Jimin antes de deixar o beijo prosseguir. Os dois respiravam alto e Jimin pausou o beijo para deixar uma mordida no lábio inferior de que apertou a cintura dele, já que as mãos dela agora subiam e desciam por suas costas. Assim que tomou a boca dela novamente as mãos de Jimin se embrenharam em seu cabelo, e ele dava leves puxões por lá, então foi a vez de mordiscar levemente os lábios dele. sentiu que o corpo dele havia reagido ás mordidas, assim que sentiu o membro dele começar a ficar rígido dentro da calça quando ele pressionou os corpos. Num lapso de sanidade, conseguiu soltar os lábios dos dele.
Os dois respiravam pesada e rapidamente e as mãos de Jimin ainda seguravam o rosto de , que não conseguiu reagir ao abrir os olhos e encarar os de Jimin ainda fechados. conseguiu finalmente se soltar dos braços dele e então os olhos de Jimin se abriram, o olhar dele ainda exalava luxúria e engoliu seco, tentando colocar a cabeça no lugar.
— Foi a única forma que eu encontrei de te fazer calar a boca!
se afastou mais um pouco, saindo da mesa de Jimin e voltando para a sua enquanto ajeitava o cabelo que parecia estar levemente bagunçado. Jimin voltou a arrumar as coisas antes de desligar o notebook.
— Você é maluco? A gente tá na empresa! E se alguém pega a gente? Estamos os dois na rua Jimin!
Jimin passou as mãos pelos cabelos, bagunçando— os enquanto ainda sentia o sangue pulsar em seu membro. Ele estava confuso.
— Meu compromisso é com a minha mãe! — ele cuspiu, ainda confuso — O meu padrasto viajou e ela vai finalmente conseguir conhecer o meu apartamento e eu vou finalmente poder vê— la! Não posso marcar para outro dia porque amanhã ele volta!
Jimin guardou o notebook dentro da pasta e então os dois se olharam. Os lábios de ambos ainda estavam vermelhos e inchados pela intensidade do beijo trocado segundos antes. abaixou a cabeça, primeiro porque não queria fazer um contato visual com ele ainda, depois porque se sentiu envergonhada por ter imaginado que o encontro seria com uma mulher e especialmente pela crise de ciúmes ridícula que ela tinha protagonizado antes do tal beijo acontecer.
— Tudo bem! Pode ir! Deixa que eu faço a demanda aqui! Vai!
Jimin assentiu e colocou a pasta no ombro, soltou um suspiro alto e então Jimin abriu a porta e se colocou do lado de fora da mesma. Os dois voltaram a se encarar e então soltou:
— Não tem mulher nenhuma! — ele piscou o olho direito enquanto sorria e então fechou a porta.
passou uma das mãos pelos lábios recém beijados, ainda sentindo o gosto de Jimin e se sentou com força em sua cadeira, colocando as mãos sobre o rosto, tapando o mesmo enquanto abafava o grito:
— Eu te odeio, Park Jimin!
— Ah, eu esqueci de falar meninas! Tomei a liberdade de chamar o Hoseok e o Jimin!
sentiu a garganta fechar e o beijo trocado na noite anterior ecoou em sua mente. Ela achou que teria que encarar Jimin após o ocorrido apenas na segunda-feira, e não a estava ajudando. Mas não culparia a amiga, afinal de contas ela não fazia ideia do ocorrido e da confusão que a cabeça dela estava com relação a isso. Ela estava tentando afirmar para si mesma que aquele beijo não havia significado nada.
— E o tal do Namjoon? Achei que dessa vez você ia chamar ele! Quando eu vou conhecer esse?
sentiu as bochechas esquentarem com a simples menção de Namjoon e então sorriu para a sem mostrar os dentes enquanto ela e gargalhavam.
— Como eu já tinha chamado o Hoseok e o Jimin, fiquei sem graça de chamar o Namjoon! Eu não sei como eu lidaria com os dois num lugar só! Ainda não estou preparada para esse evento! E sobre você conhecê-lo amiga, eu não sei! Ele é meio fechadão sabe? Trabalha muito, mas vai dar certo!
Enquanto elas conversavam sobre bebidas, os amigos chegavam. Os olhares de e Jimin se cruzaram primeiro, e então sentiu as mãos tremerem levemente.
Jimin lançou um olhar discreto para a mesa das garotas e os seus olhos bateram direito em . O coração dele vibrou dentro do peito. Umedeceu os lábios sem conseguir tirar os olhos dela. Fora do escritório ela era ainda mais bonita e ele se amaldiçoou por desejar beijá-la de novo. Será que o clima estaria propício para algo do gênero?
Os dois se aproximaram da mesa e então que estava na ponta se levantou, depositando um beijo na bochecha de Jimin que retribuiu e então ela fez o mesmo com Hoseok. Jimin abraçou , depositando um beijo na testa da amiga e então ele ficou frente a frente com que estava de pé. O olhar dele desceu pelo corpo dela, o vestido preto colado fez o coração de Jimin querer saltar definitivamente do peito. Então ele segurou o rosto dela com uma das mãos e depositou um beijo demorado no canto da boca dela. Após isso ele a viu ficar vermelha.
— Que isso curupira Júnior? Que intimidade é essa? — e então ela raspou a garganta erguendo a mão na direção de Hoseok e desviando o olhar -
Jimin sentiu o coração murchar no peito. Então seria assim? Como se nada tivesse acontecido entre eles? Mas também o que ele esperava? O beijo havia sido trocado apenas no calor do momento e foi dado apenas para que ela calasse a boca. Pelo menos era isso que Jimin estava dizendo a si mesmo agora.
acabou oferecendo o lugar dela para Hoseok, que sem graça recusou, dizendo que ela poderia ficar, mas insistiu que ele se sentasse ao lado de e então ele o fez. Jimin se sentou ao lado de , ficando na frente de , que não direcionava o olhar na direção dele.
mais uma vez tomou a liberdade de passar um dos braços envolta do pescoço de Hoseok, que mesmo sem jeito, não recusou a investida, especialmente quando ela inclinou o rosto e encostou o nariz em seu pescoço, aspirando o cheiro dele para dentro das narinas dela. Amava o cheiro dele com todas as forças. Hoseok arrepiou e soltou um sorriso tímido na direção dela.
— Por favor, nunca troque de perfume Hoseok! Eu amo esse!
E então ele apertou a mão dela por baixo da mesa, entrelaçando os dedos nos dela.
— Seu pedido é uma ordem! — depositou um beijo demorado na bochecha dela -
Hoseok não sabia direito como agir ao lado dela depois do beijo intenso que trocaram na casa de Jimin. Os dois nunca mais haviam se beijado, mas ela vinha sendo sempre tão carinhosa com ele nos encontros pós beijo que ele ficava confuso. Ele poderia beijá-la de novo? Deveria fazer isso na frente dos amigos dela ou somente quando tivesse uma oportunidade de ficar a sós com ela? Ele pensava se desejava um outro beijo tanto quanto ele…
Os amigos pediram algumas bebidas enquanto engataram um assunto qualquer, havia gostado dos rapazes, eles eram muito divertidos e a faziam rir bastante. Ficou feliz em conhecê-los.
Depois de algumas bebidas foi ao banheiro sozinha e Jimin se levantou alegando que precisava ir ao banheiro também, deixando os outros três sozinhos rindo de algo que Hoseok falava, provavelmente nem notariam a ausência dos dois.
Assim que saiu do banheiro deu de cara com Jimin escorado na parede que havia em frente ao mesmo com os braços cruzados abaixo do peito. A jaqueta de couro preta que ele usava fazia querer tirá-la, apesar de ela ser linda e combinar absurdamente com ele.
— Você não pode usar esse banheiro aqui curupira Júnior! Esse é feminino, honey!
apertou o queixo dele rapidamente enquanto passava por ele. Jimin a segurou novamente pelo pulso fazendo-a parar. Os dois se olharam.
— Você vai mesmo fingir que nada aconteceu ontem?
O olhar dele desceu para a boca rosada de . Desejou novamente poder repetir o beijo de ontem.
— Não faço a menor ideia do que você está falando!
soltou bruscamente seu pulso da mão de Jimin e saiu, voltando para a mesa. Jimin fechou os olhos com força sentindo raiva. Ele travou o maxilar e então entrou no banheiro.
e adentraram o bar, que por sorte ainda tinha uma mesa disponível e então observaram o grupo de amigos de , , , Hoseok e Jimin enquanto eles se divertiam, rindo alto e erguendo os copos para um brinde. sentiu o estômago embrulhar. aproveitou a passagem das duas e questionou educadamente se uma das duas poderia tirar uma foto, o que também educadamente respondeu que sim, enquanto soltava um sorriso sem mostrar os dentes para os presentes na mesa. Assim que a foto foi tirada, no celular de , ela agradeceu às duas garotas, que logo foram para sua mesa.
Assim que ambas se sentaram, bufou.
— Eu não acredito que vou perder o restante da minha juventude por uma irresponsabilidade de uma noite só! E ainda por um cara que eu nem sei se vai querer se envolver!
— Ele ainda não te ligou amiga? — segurou a mão dela sobre a mesa.
— Não, ! Eu to começando a ficar com medo de ele sumir!
Os olhos dela marejaram e então resolveu mudar de assunto.
informou que precisava ir ao banheiro e então os amigos assentiram e questionou se ela precisava de companhia, o que a amiga dispensou então voltou a segurar a mão de Hoseok por baixo da mesa.
V adentrou o bar primeiro e deu uma rápida olhada pelo lugar, da parte externa dele mesmo, e então Jin se aproximou segurando o ombro do amigo, também olhando ao redor. Sentiu os pelos se arrepiarem com a rajada de vento que bateu em seu rosto e corpo, mas aquele arrepio não era de frio. Era como se a sua intuição quisesse lhe dizer algo…
— Acho que não tem mesa Jin! — V cochichou perto do ouvido do amigo -
Jin ficou na ponta dos pés, passando o olhar pelas mesas e de fato, não havia nenhuma vaga.
— Você quer esperar vagar alguma mesa, amigo? — Jin perguntou á V -
— Não! Bora para outro lugar! — os dois assentiram enquanto se retiravam do lugar -
retornou para a mesa enquanto ajeitava os cabelos e comentou:
— Você demorou amiga! — ela ergueu uma sobrancelha.
— Tinha uma fila para entrar, as cabines estavam todas ocupadas!
— É, tá bem cheio aqui agora! Acho que nem tem mesa mais! — Hoseok rodou a cabeça pelo lugar -
Depois de muitas cervejas e drinks trocados, já se sentia levemente alterada e gostava da sensação, já que durante a viagem ela não teve coragem de ficar bêbada em lugares que não conhecia ninguém. Ali com os amigos, se sentia segura e livre o suficiente para então o fazê-lo.
— Amigas! — chamou a atenção das mesmas que a olharam — Eu conheci um boy na viagem! E estou apaixonada!
As amigas sabiam que mesmo começando a ficar bêbada, estava justamente se aproveitando daquele momento para contar a elas algo que sóbria não conseguiria.
— Amiga, jura? — jogou o corpo mais para frente se segurando nas pernas de Hoseok que a segurou pela cintura com medo que ela caísse da cadeira -
— Como assim ? Quem é o boy? Ele tem amigos solteiros? — Jimin revirou os olhos com força enquanto virava o copo de cerveja na boca escutando questionar -
gargalhou e então umedeceu os lábios. Voltou a se lembrar da noite que havia tido com Jin, droga! Não era uma boa ideia lembrar daquilo enquanto estava bêbada.
— Não, e quantos anos ele tem? Você conheceu ele onde, ?
— Ele mora lá? — berrou, empolgada -
— Você está conversando com ele? — jogou ainda mais o corpo para frente -
— Vai encontrar com ele de novo algum dia?
Hoseok e Jimin gargalharam com a metralhadora de perguntas que as meninas haviam virado com o simples fato de a amiga ter dito que havia conhecido um cara.
— Vocês transaram ou foi só beijos? — Hoseok arregalou os olhos com a pergunta direta de -
Ele depositou as duas mãos na cintura dela, trazendo-a de volta para o encosto da cadeira e deu um tapinha na perna dela.
— ? — as meninas gargalharam enquanto Hoseok ficava vermelho — Isso é pergunta que se faça?
— O que que tem? — devolveu depois de gargalhar — Nós também conversamos sobre essas coisas Hoseok!
— Mas eu e o Jimin estamos aqui! A pode ficar sem graça.
apertou as bochechas de Hoseok de forma desajeitada.
— Fica tranquilo Hoseok! Não tem problema! Nós somos amigos!
Hoseok assentiu com a cabeça enquanto os outros riam.
— E então? — bebeu mais um gole do drink -
— É segredo! Ninguém pode saber, nem vocês! — sorriu enquanto passava os dedos sobre a pulseira embaixo da mesa -
Nunca havia tirado a pulseira do pulso, ela havia se tornado uma espécie de amuleto. Então ela depositou um beijinho delicado sobre a mesma, enquanto os amigos protestavam.
abriu a bolsa para pegar o batom dentro da mesma e então o celular vibrou e a tela brilhava. Pegou então o celular e leu o nome de Namjoon na tela. Olhou da tela do celular para Hoseok que conversava empolgado com e Jimin enquanto também checava o celular. desbloqueou o mesmo e então leu a mensagem:
“Vai fazer alguma coisa por agora? Porque eu pensei, de sei lá, a gente sair! Queria ver você…”
O coração de acelerou dentro do peito com a mensagem e ela travou. Saiu da conversa dele e então correu para a conversa com : “vamos ao banheiro? Preciso da sua ajuda!” e então ela guardou o celular no bolso da calça que usava, deixou um carinho na bochecha de Hoseok e se levantou indo na direção do banheiro e foi logo atrás.
— O que foi? — encostou uma das mãos nas costas da amiga enquanto ela depositava as duas mãos no mármore da pia do banheiro.
— O Namjoon mandou mensagem! Olha!
entregou o celular desbloqueado na mensagem para , que sorriu e depois soltou uma gargalhada.
— Ê dona Flor e seus dois maridos! — balançou a cabeça rindo -
— Para! Quando vocês fazem esses comentários eu fico me sentindo mal!
— Deixa que eu respondo ele! Vou falar que sou eu, e que hoje você está comigo, que a vez é minha! E ele que tente amanhã! — piscou -
suspirou aliviada e então jogou um pouco de água na nuca enquanto gravava uma mensagem de voz para o amigo. retocou o batom que havia saído com as bebidas e então entregou o celular para ela.
— Ele disse que já que é comigo que você está, ele não vai contestar! E desejou que a gente se divertisse.
— Amiga! — abraçou — Eu to muito errada?
— Claro que não ! Relaxa! Vamos voltar lá pra mesa! Amanhã você manda uma mensagem para ele, se explicando melhor e fica tudo bem!
se sentia estranha de estar com Hoseok enquanto Namjoon achava que ela estava somente com e se sentia mal por Hoseok estar sentado lá, sem saber que ela estava respondendo a mensagem de outro homem. Se olhou no espelho uma última vez e então voltaram para a mesa.
sentou-se novamente ao lado de Hoseok, que agora olhava para ela.
— Tudo bem? — ele questionou baixo para que só ela ouvisse -
assentiu, ainda se sentindo estranha e então ela colocou a mão sobre a perna dele, deixando a mesma descansar ali.
— E aí meus amigos? — direcionou o olhar para e Hoseok — Não vai rolar nem um beijinho mesmo? Nadinha?
sorriu, sapeca e Jimin incentivou.
— Poxa, verdade! Eu sou a pessoa que mais shippa vocês dois nessa mesa! Mereço presenciar um beijinho!
Hoseok desviou o olhar da mesa, olhando para cima enquanto soltava uma de suas gargalhadas e ficava corado.
— Eu também quero! — incentivou colocando uma mão sobre a coxa de Hoseok enquanto ria -
— Para gente! — interviu — Vocês sabem que o Hoseok é tímido! Não façam isso!
aconchegou o rosto no pescoço de Hoseok, depositando um beijo rápido por lá. Só aí então Hoseok voltou o olhar para baixo, mas precisamente para . Bom, ele queria desesperadamente beijá-la de novo. Assim que ela levantou o rosto outra vez, ele segurou o rosto dela com uma das mãos e aproximou o nariz do dela, fazendo um carinho no mesmo com seu próprio nariz e fechou os olhos. Hoseok encostou a boca na dela e então a beijou. Os amigos ficaram eufóricos, as garotas soltaram gritinhos de felicidade e Jimin batia a mão na mesa enquanto gargalhava.
Os dois ainda absortos no beijo, não deram ligação. O beijo dessa vez fora lento e um pouco mais molhado que o primeiro, já que nesse eles não tinham tanta urgência pelos lábios um do outro. deixou uma mordida no lábio inferior dele que ouviu os amigos gozarem deles na mesa e então foi a vez dele esconder o rosto no pescoço de .
Enquanto isso, V e Jin pediam mais uma cerveja ao garçom. V verificou o celular e bom, estava online, então ele arriscou:
“Aonde você está?” ele enviou um emoji fofo após o ponto de interrogação.
viu o nome dele brilhar na tela e sorriu.
“Estou no Garage, com a ! E você?” ela olhou a amiga que calada, apenas observava as outras mesas.
Ao ler a mensagem V bateu a mão na testa, atraindo a atenção do amigo.
— Que foi cabeção?
V voltou a digitar no celular: “Nossa! Acredita que eu passei ai com um amigo e estava lotado! Não tinha nenhuma mesa! Não vi você, infelizmente!” E um emoji triste.
Logo respondeu: “Ah, não acredito V! A anda bem deprê, o pai do bebê ainda não apareceu! Quis trazer ela aqui para ver se conseguia ajudar, sabe?”
— A está lá no Garage! Acredita?
— Quer fechar aqui e passar lá? — Jin ajeitou as mangas da blusa de lã branca que ele usava -
— Não cara! Ela tá com a melhor amiga lá, que tá passando por um momento difícil, melhor deixar esse momento só para elas mesmo! — Jin fez que sim com a cabeça enquanto tomava um gole de sua cerveja. -
E começa a cruzar as linhas no fino tear do destino.
— Alô? — o coração dele gelou quando ouviu a voz dela.
— ? — ele tirou o dedo da boca.
— Isso! — ela respondeu — Quem é?
— Suga!
Foi a vez do coração de gelar. Ela se sentou no sofá enquanto trocava o celular de ouvido.
— Oi Suga! — ela mordeu o lábio, com medo.
— A gente pode se encontrar ainda hoje? — ele deu um clique na caneta para tentar afastar o nervosismo.
— Pode! Claro! Aonde?
— Pode ser no meu apartamento mesmo? — ele deu outro clique na caneta.
— Sem problemas! — apertou um lábio no outro, nervosa.
— Você ainda sabe o endereço?
— Sei sim! Que horas?
— Às dezessete!
— Ok! Até então!
E ela desligou. Suga ainda ficou olhando a tela do celular por alguns segundos sentindo o coração voltar a bater normalmente dentro do peito, e então sua secretária perguntou se o paciente já podia entrar e ele disse que sim. Pediu ao Universo que as horas passassem logo, para que ele pudesse resolver logo esse assunto.
engoliu seco e então atravessou a rua e mais uma vez adentrou a guarita.
— Boa tarde! — ela cumprimentou o porteiro que a cumprimentou de volta — Eu preciso falar com o Suga! Não sei muito bem qual o apartamento dele!
coçou a cabeça e o porteiro franziu a testa.
— Como é o nome? — ela repetiu devagar — Moça, não tem ninguém morando aqui com esse nome não! Tem certeza?
fechou os olhos suspirando pesadamente, só faltava o filho da puta ter mentido o nome! pediu um momento e então ligou para Suga que a atendeu quase imediatamente, como se já esperasse por alguma ligação dela.
— Suga? — ela mordeu o lábio — Eu to aqui na sua portaria e o porteiro disse que não mora ninguém chamado Suga no prédio!
Ela ouviu a risada seca dele do outro lado.
— To descendo para te liberar! — e desligou.
sorriu para o porteiro, um tanto quanto sem graça enquanto aguardava por Suga. Alguns minutinhos depois ele apareceu.
— Seu Lourenço! — ele cumprimentou o porteiro — O Suga sou eu! Pode liberar ela para mim?
Os dois riram e quis revirar os olhos.
— Ô, meu filho me desculpa, viu? — Suga disse que não tinha problemas e então foi liberada.
Os dois acenaram um para o outro com a cabeça e então começou a segui-lo. Durante o caminho: silêncio. No elevador: silêncio. Chegaram ao andar dele: silêncio. Suga abriu a porta do apartamento e deixou que entrasse primeiro ao recinto. Assim que adentrou o lugar o observou detalhadamente: a decoração era bem clean, as paredes brancas, um balcão dividia a sala da cozinha, e por ali havia um piano. Ele sempre estivera ali? Ela bateu o olho no sofá e então foi invadida por uma súbita lembrança: Suga por cima dela ali naquele mesmo sofá bege, enquanto os dois se beijavam e ela tentava arrancar a camiseta dele.
— Senta! Fica à vontade! Você aceita uma água, ou um café? Tem chá também!
tentou disfarçar as bochechas vermelhas pela lembrança fora de hora.
— Água, por favor! — ela retirou a bolsa do ombro e a depositou sobre o sofá, sentando-se.
Suga a deixou sozinha por alguns minutos enquanto ia para a cozinha e então a mão dela passou delicadamente pelo sofá. Lembrou-se dele mordiscando sua orelha enquanto falava coisas desconexas. Arrepiou e balançou a cabeça afastando os pensamentos.
— Aqui! — ela pegou o copo da mão dele bebendo o líquido — Os seus exames !
Suga depositou os envelopes ao lado da bolsa dela no sofá e então se sentou ao lado dela no mesmo. Silêncio outra vez. Até que Suga o quebrou:
— Tem certeza que não transou com mais ninguém naquele período? — ele mordeu o lábio inferior.
respirou fundo, alinhando os chakras. Que pergunta estúpida, ela pensou!
— Tenho Suga! Minha vida sexual não é muito movimentada! Só transei com você! Mas faço questão que você faça o DNA! Não quero que haja dúvidas!
Suga balançou a mão no ar, um pouco indignado com a reação dela.
— Não! Não quero DNA! Eu acredito em você! E também acredito que o bebê é meu!
— Onde está a sua namorada? — coçou a nuca, exposta por causa do coque que ela usava.
Suga fez uma careta com os lábios e então soltou um suspiro, passando as mãos pelo rosto.
— Bom, agora ex namorada! Quer dizer, novamente minha ex namorada.
abriu um pouco a boca, surpresa.
— Me desculpe! Eu não fazia ideia que vocês tinham se entendido e voltado! Eu não quis causar isso.
— Imagina! Você não tem culpa de nada!
estava um tanto quanto surpresa com a educação em que ele a estava tratando, nem parecia o mesmo homem que mal havia olhado em sua cara no dia seguinte de uma noite de sexo.
— Olha, — ele pausou — Eu quero estar presente na vida do bebê! Quero ser um pai de verdade!
Suga suspirou, lembrando-se da própria vida familiar e do quanto ele queria que para o filho ou filha, tudo fosse diferente. sentiu o coração ficar quente dentro do peito. Ela não criaria a criança sozinha! Que alívio ela estava sentindo.
— Eu sei o quanto é importante a presença do pai na vida de uma criança! Você pode contar comigo, durante todo o processo da gravidez e depois também! Tanto emocionalmente quanto financeiramente.
assentiu sentindo os olhos marejados de felicidade pela notícia.
— Obrigada por não ser um babaca nesse momento Suga! — ela limpou duas lágrimas.
— Não precisa me agradecer, é o mínimo que eu posso fazer! Escuta, — ele coçou a parte de trás da cabeça — Você tem convênio médico?
fez que não com a cabeça, afinal de contas era demais uma garçonete ter convênio médico.
— Então eu já vou providenciar isso! — ele balançava a cabeça positivamente, como se a afirmação fosse mais para ele mesmo do que para ela — E eu perdi alguma consulta ou algum exame nesse período?
— Não! Esse ultrassom aqui, — ela tocou o envelope sobre o sofá — Eu só fiz para dar mais credibilidade à notícia! Não comecei nada ainda, porque eu estava esperando a sua reação.
Suga assentiu com a cabeça, cruzando as pernas.
— Então marque o mais rápido o possível! Enquanto você tá sem convênio, eu pago! Marca em algum médico da sua confiança! E me avisa, porque eu quero acompanhar todas essas coisas! Ok?
balançava a cabeça, ainda meio incrédula. Ele estava sendo incrível!
— Pode deixar! Eu vou te manter informado dessas coisas, e bom, de todas as outras também!
Os dois se olharam, ficando em silêncio outra vez. Suga reparou que os olhos dela eram de um mel tão intenso, ele jamais havia visto olhos iguais aos dela, e como ela era bonita! também observou o quanto ele continuava bonito, na verdade ainda mais, agora que ela estava sóbria. Os dois continuaram se encarando por um tempo, em completo silêncio, até que se levantou do sofá, pegando a bolsa e os exames.
— Tá bom então! Vou marcar a consulta e te aviso! Vou indo, porque eu preciso ir pro trabalho agora.
— Você faz o quê mesmo? — ele voltou a coçar a parte de trás da cabeça — Me desculpe não me lembrar!
— Imagina! Também, minha profissão não é tão memorável assim! Sou garçonete!
Suga umedeceu os lábios com a língua e deixou a mesma lá por alguns segundos.
— Não é meio, pesado? Para uma mulher grávida?
— Eu fico no bar! Só preparo os drinks! Por enquanto não deu nada! — soltou um riso nasalado, voltando a coçar a nuca.
— Vou levar você! — o semblante dela ficou confuso — No seu trabalho!
— Não precisa! — ela ajeitou a bolsa no ombro.
— Precisa sim! Faço questão de te levar!
Suga se levantou do sofá e pegou a chave do carro que estava sobre o balcão junto à sua carteira e então ele e trocaram mais um olhar e então ela concordou. Já no elevador arriscou:
— E você faz o que? Eu nem sei…
— Sou fisioterapeuta! — ele sorriu, pela primeira vez abertamente, mostrando os dentes.
sorriu de volta e ficou um tanto quanto impressionada com a profissão de Suga, ele não tinha cara de fisioterapeuta e então ela riu baixinho com o próprio pensamento.
— Eu me lembro vagamente de você comentar sobre ser formada em algo, ou estou enganado? — ele girou a chave do carro nas mãos.
— Sim! Eu sou formada em pedagogia! — ela sorriu sem mostrar os dentes.
Os dois saíram do elevador e seguiu Suga até chegar ao seu carro. A mesma adentrou o veículo e ouviu ele perguntar enquanto arrumava o cinto de segurança:
— Aonde é o restaurante?
— Ah, fica na Barra! Na Lúcio Costa, sabe? Chama Shiso!
— Sim, a Lúcio Costa é até perto daqui! Vai me ajudando a chegar!
— Claro! Você já foi lá?
— Nunca! — ele ligou o carro se preparando para sair — Sou um cara caseiro!
assentiu e então pôs-se a olhar para frente, observando o caminho. Após alguns minutos olhou para Suga sério, enquanto ele dirigia.
— Seu nome não é Suga? Eu me lembro de achar estranho mesmo no dia.
Suga gargalhou jogando a cabeça para trás e reparou no belo pescoço dele ali, à mostra. Porque ele tinha que ser tão bonito?
— Suga é um apelido! — ele olhou rapidamente para ela e depois voltou a prestar atenção no trânsito — Meu nome é Yoongi!
também voltou a olhar para o trânsito e comentou.
— Bonito! — ao que ele agradeceu.
— , você de fato não pega nenhum peso lá né? E nem fica se esforçando muito e tal, né?
voltou a rir com a preocupação boba dele.
— Eu fico em pé! Talvez esse seja o único esforço maior que eu faça Suga! O restaurante é de um dos melhores amigos do meu pai, e ele me trata como se eu fosse uma filha! Especialmente agora com a gravidez!
Ao olhar Suga quando eles pararam no sinal, ele tinha os olhos semicerrados, meio desconfiado ainda, e voltou a gargalhar. O restante do caminho foi em silêncio e em quinze minutos eles já estavam lá. Antes de descer, Suga a questionou se poderia aproveitar e ficar para o jantar, já que faltavam apenas vinte minutos para o restaurante abrir e disse que claro! Então ela o agradeceu pela carona e disse um “até já” descendo do carro. Suga aproveitou para estacionar o carro numa vaga melhor e então foi mexer no celular para que o tempo passasse até o restaurante abrir. Ele queria se certificar com os próprios olhos de que o trabalho de de fato era tranquilo, e a melhor maneira que encontrou foi ficando para um jantar.
Procurou por ela assim que entrou no restaurante e então quando a encontrou, caminhou em sua direção. Ela conversava com um senhor e ele gargalhava de algo. Suga escorou no balcão, sem jeito e sorriu tímida para ele.
— Senhor Yang, esse é o Yoongi! Pai do meu bebê — sentiu o estômago vibrar, era estranho dizer aquilo em voz alta — Ele vai jantar aqui hoje!
O senhor Yang então, abriu um sorriso enorme e deu algumas batidinhas nas costas de Yoongi que sorriu sem graça, sem mostrar os dentes e depois ergueu a mão para cumprimentar o senhor.
— Vamos escolher uma mesa? Tenho certeza que você vai gostar daqui meu querido!
E então Suga lançou um último olhar para antes de acompanhar Yang.
Os dois conversaram um pouco sobre as especialidades da casa até chegarem numa mesa, não muito longe de onde estava.
— Sei que você vai querer ficar olhando-a! Eu faria a mesma coisa! — Suga sentiu que havia corado — Escuta meu jovem! Tenho muito carinho por essa menina! Ela é quase como uma filha para mim! Eu a vi crescer!
Suga assentiu, prestando atenção no senhor.
— Estou muito feliz que você resolveu ficar ao lado dela! Ela estava com medo de ter que criar o bebê sozinha!
Suga engoliu seco. De fato, a relação dos dois deveria ser de muita confiança, afinal de contas parecia que havia desabafado sobre Suga com o chefe.
— A relação dela com os pais, é um pouco complicada! Então ela se sente muito sozinha! Então poder contar com você, faz muita diferença.
Suga sentiu as palavras do chefe de lhe atingirem, como se fosse um tapa. Ele não fazia ideia de nada daquilo. E era bizarro pensar que ele teria um filho com alguém que ele sabia tão pouco. Sentiu um certo afeto por ao saber que ela tinha problemas com os pais e então ele sentiu orgulho de si mesmo, e pensou que, sim, havia tomado a melhor decisão.
— Pode ficar tranquilo senhor Yang! Eu não vou sair do lado dela!
E então o senhor Yang, parecendo um tanto quanto emocionado, voltou a dar algumas batidinhas nas costas de Suga.
Ele aproveitou o jantar, que por sinal era uma delícia, e enquanto jantava, observou o movimento da casa e claro, observou também trabalhando. Continuava achando que o melhor seria ela se afastar do trabalho… Assim que ele pagou a conta e se despediu do senhor Yang, que ainda parecia emocionado com tudo, ele foi até . A língua pousada no lábio inferior enquanto ela terminava de atender um cliente.
— Gostou do seu jantar? — ela apoiou o queixo na mão enquanto escorava o braço no balcão — E do ambiente? Não faz muito nosso tipo né?
Os dois riram.
— Não! Digo, é bem familiar né? Bastante crianças — ele olhou ao redor. — Bom que a gente já vai se acostumando!
O comentário havia pegado de surpresa. Os dois se encararam como se se dessem conta do que havia sido dito. Suga coçou a cabeça e ela a nuca.
— A comida é perfeita! Eu falei disso com o senhor Yang enquanto pagava minha conta! Acredita que ele não queria me cobrar?
gargalhou, fechando os olhos. Ele a observou outra vez…
— Acredito! É bem a cara dele! Que bom que você gostou!
— Você tem intervalos? — ele pausou e colocou a língua no lábio inferior outra vez — Você se alimenta direitinho aqui?
deu um sorrisinho de canto, achando fofo ele voltar a ficar preocupado.
— Sim! Inclusive já já é a minha primeira pausa! Depois, um pouco antes de ir embora é o horário do meu jantar!
— Você traz comida? Ou come daqui?
— Costumo comer daqui! Não precisa ficar preocupado Suga, eu venho me cuidando!
Ele balançou a cabeça que sim enquanto batia a mão no balcão levemente.
— Que horas você acaba aqui?
— Às vinte e três!
Suga ergueu uma sobrancelha. Achou tarde.
— E como você vai embora?
soltou um riso nasalado, lá estava ele de novo!
— De ônibus! O ponto fica a uns dois quarteirões daqui!
— E você vai sozinha? — ele voltou a bater a mão no balcão, preocupado.
— Não! Mais funcionários pegam, então vamos juntos! Calma Yoongi!
ousou colocar a mão sobre a dele, fazendo ele parar de batê-la no balcão.
— Tá bom! Você me manda mensagem quando chegar em casa?
Os dois se olharam e assentiu com a cabeça sendo interrompida por um cliente. Os dois se despediram com um gesto de cabeça e então já dentro do carro Suga ficou pensando em …
Virava-se de um lado para o outro na cama e então resolveu se levantar e acender um cigarro. Enquanto fumava observava que já eram vinte e duas e vinte da noite. sairia dali a quarenta minutos. Fumou seu cigarro com tranquilidade e olhou novamente as horas: vinte e duas e quarenta. Ele a buscaria! Pronto, sem choro, nem vela! Ele não conseguiria acalmar a mente sabendo que ela iria para casa de ônibus aquela hora da noite. Provavelmente ela estaria cansada e sonolenta (devido a gravidez), era perigoso. Vestiu uma calça de moletom preta e uma blusa de manga comprida da mesma cor, jogou um moletom cinza por cima e então pegou outra blusa de moletom, azul. Levaria para ela, porque ela vestia apenas uma jaqueta jeans e ele sabia muito bem que aquelas jaquetas não esquentavam nada.
Escorou-se no capô do carro enquanto observava alguns funcionários saírem do restaurante, e então ela saiu. ria de algo que algum colega falava lá dentro do restaurante e então seu olhar bateu em Suga. Ela parecia estar surpresa e então Suga sorriu, sem mostrar os dentes e acenou. caminhou até ele.
— O que você está fazendo aqui Suga? — ela cruzou os braços para tentar se esquentar do frio — Tá frio para cacete!
— Vim buscar você! Vou te levar em casa! — ele bagunçou os cabelos com a mão livre.
sentiu o coração começar a acelerar dentro do peito. Porque ele estava agindo daquela maneira tão amável? Ela engoliu seco.
— Não precisava! É seguro! Eu juro!
Ouviu os colegas que a esperavam, apressando-a e questionando se ela ia ou não, e Suga sem paciência para os mesmos, respondeu:
— Podem ir! Hoje eu vou levá-la! — tapou a boca com a mão segurando a risada pela cara de Suga para os colegas — Toma! Veste essa blusa! Como você mesmo disse, tá frio para cacete!
Já dentro do carro e com a blusa dele, Suga ligou o carro e escorou a cabeça no encosto do carro, cansada.
— Você já contou para os seus pais? — abriu os olhos instantaneamente sendo pega de surpresa pela pergunta.
imaginou que o senhor Yang havia comentado alguma coisa com ele.
— Não! Ainda não tive coragem!
— Porquê? — ele olhou para ela.
— Eles são complicados Suga! — ela passou as mãos pelo rosto — Especialmente meu pai! Ele é conservador ao extremo, foi um custo para ele me deixar morar com a !Para ele, mulher só sai da casa dos pais para morar na casa do marido! Como eu conto á ele que engravidei numa noite de bebedeira de um cara desconhecido? Eles iam surtar Suga! Não me sinto preparada para isso ainda!
Suga balançava a cabeça, assentindo.
— E você acha que vai conseguir esconder uma gravidez deles por quanto tempo?
engoliu seco. Suga entregou o celular a ela e pediu que ela colocasse o endereço de sua casa.
Ao colocar o celular no suporte que havia no carro foi a vez de perguntar:
— E você? Vai contar para os seus pais quando?
A pergunta havia sido um soco no estômago dele, que baixou a cabeça.
— Eles não estão mais vivos! — se limitou a responder.
— Eu sinto muito! — se sentiu meio idiota.
— Minha mãe adoraria saber que eu vou ser pai! Você não sabe o dia de amanhã ! Precisa contar pros seus pais! Nós vamos juntos, que tal?
soltou uma risada nasalada.
— Meu pai vai fazer mil questionamentos e bom, mesmo você indo junto, ele não vai perder a oportunidade de me humilhar por ter engravidado sem estar num compromisso!
— A gente finge ter um! — ele propôs olhando da tela do celular para ela.
— Ai ele vai exigir que você se case comigo! — ela revirou os olhos.
— A gente dá um jeito nisso depois! Mas nós precisamos contar a eles!
deu de ombros.
— Ok! Depois não fala que eu não te avisei!
— Marca logo então!
Os dois se olharam e ela voltou a escorar a cabeça no encosto do carro.
— É aqui! — ela apontou e Suga parou o carro na porta do pequeno prédio — Obrigada Suga!
Os dois se olharam e ele sorriu sem mostrar os dentes. , nervosa, resolveu segurar o rosto dele com uma das mãos e então ela depositou um beijo rápido na bochecha dele. E então ela desceu.
Suga ainda atônito pelo contato da pele dos dois, abaixou o vidro e gritou por ela.
— Me manda mensagem amanhã? — ele umedeceu os lábios.
sorriu enquanto assentiu e então adentrou o prédio com o coração na boca.
— Namjoon, são onze da manhã homem! Vamos acordar! — ela gargalhou em seguida.
Namjoon se sentou na cama enquanto sorria ouvindo a gargalhada dela.
— Acordar ouvindo a sua risada foi a melhor coisa que me aconteceu desde ontem!
corou do outro lado. Não estava esperando uma cantada.
— Vai fazer o que hoje? Você costuma almoçar com o seu pai aos domingos, ou algo do tipo?
— Não senhora! — ele descobriu o corpo e se levantou, caminhando para fora do quarto — Não planejei nada! Provavelmente vou passar o dia lendo meus relatórios.
acariciou o gato que havia acabado de pular em seu colo.
— Não vai! — foi a vez dele gargalhar do outro lado — Nós vamos à praia! Você só trabalha homem! Vamos viver um pouco!
— A praia? — ele coçou a cabeça — Tá bom! Vamos à praia!
Os dois se despediram depois de combinar direitinho e então se arrumou, pegou a chave do carro e rumou para o supermercado. Lá ela comprou algumas bebidas e frutas para que pudessem se alimentar antes de almoçarem. Depois passou no posto para abastecer o carro que estava na reserva, e recebeu uma mensagem de Namjoon dizendo que já havia chegado e estava no posto 5 porque o 6 estava lotado. E então ele mandou uma selfie para ela, que riu boba ao ver o rapaz pela foto.
Assim que trancou o carro e correu para atravessar a rua ela ligou para Namjoon, pois não sabia exatamente onde ele estava. Ele atendeu e começou a dar algumas direções para ela que se sentia meio perdida, havia anos que não ia a praia e o sol estava a cegando. Foi quando Namjoon desligou ou a ligação caiu — ela preferiu acreditar na última opção — e quando ia retornar a ligação para ele sentiu duas mãos lhe segurarem a cintura e o logo o corpo dela sendo virado, fazendo com que ela ficasse então frente a frente com Namjoon, que sorriu para ela, mostrando as covinhas que ela tanto gostava. Os dois se abraçaram e Namjoon encaixou o rosto na curva do pescoço dela. A calma que ele sentia todas as vezes que estava com ela ou falava com ela lhe assustava um pouco.
— Eu estava pensando aqui, Joonie. Que tal a gente almoçar primeiro? Que daí a gente aproveita a praia com mais calma! Eu comprei algumas coisas no mercado, na intenção de a gente enganar o estômago até a hora de almoçar, mas bom, acho que a gente pode almoçar, já!
— Hoje você manda! — ele piscou enquanto passava o polegar pela bochecha dela.
Os dois caminharam lado a lado e Namjoon queria poder entrelaçar as mãos nas dela e abraçá-la pela cintura para caminharem, mas ficou sem jeito. O almoço dos dois foi tranquilo e hora ou outra fazia um carinho ou outro na nuca de Namjoon. Os dois voltaram para a praia e Namjoon achou melhor que eles alugassem cadeiras e um guarda-sol, e eles assim fizeram.
— Nem me lembro da última vez que vim à praia! — Namjoon tinha as mãos na cintura enquanto olhava o mar.
— Eu também, acredita? Tem anos! O pessoal de fora costuma achar que quem mora em cidade que tem praia, vem à praia quase todo dia.
— Quando na verdade quem vem uma vez ao mês, ainda vem muito!
— Mas você não serve de base Namjoon! Você vive pelo trabalho! — ela se sentou na cadeira e retirou a blusa que vestia.
Namjoon também se sentou, o rapaz se segurou o máximo que pode, mas quando ela se levantou e retirou os shorts, ficando apenas de biquine, ele não resistiu. Passeou os olhos por toda a extensão do corpo dela. Namjoon engoliu seco enquanto retirava o boné da cabeça e colocava sobre o colo, não queria que ela percebesse que a simples visão dela ali de biquine, havia feito seu corpo reagir. Há quanto tempo ele não transava mesmo? Pensando nisso, deu a razão à garota: ele precisava trabalhar menos.
não reparou se Namjoon a havia olhado ou não, ela apenas voltou sua atenção à ele quando precisou que ele passasse o protetor nas costas dela.
— Você passa para mim, aqui nas costas? — ela ergueu o protetor solar na direção dele.
Namjoon praguejou mentalmente por ter que se levantar da cadeira no estado em que se encontrava e teve receio de que ela percebesse algo, além claro do receio também de “piorar as coisas” lá embaixo. Mas com que desculpa ele recusaria um pedido daqueles?
Namjoon se levantou jogando o boné sobre a cadeira e se virou. Ele engoliu seco quando encostou as mãos nas costas dela. Tentou muito não passear novamente o olhar pelo corpo dela, mas não conseguiu. A vontade de beijá-la havia aumentado drasticamente. fechou os olhos enquanto sentia as mãos quentes dele passearem por suas costas. Assim que ele acabou ela guardou o protetor solar na bolsa e o chamou:
— Vamos entrar um pouquinho? Afinal de contas, fala sério? Não tem graça vir à praia e não entrar no mar né Joonie?
Namjoon assentiu com a cabeça enquanto desabotoava a camisa azul. E quando ele terminou, mordeu o lábio inferior ansiosa para que ele tirasse a blusa logo. Assim que ele retirou a blusa, jogando-a sobre a cadeira, sentiu as pernas fraquejarem levemente. Ele era ainda maior do que ela imaginava. Era um tanto quanto óbvio que ele teria o corpo bonito, mas ela não sabia o quanto. Namjoon direcionou o olhar na direção dela, se questionando se por algum acaso ele teria despertado nela, pelo menos um terço do desejo que ela havia despertado nele?
disfarçou, olhando o mar e então Namjoon começou a aplicar o protetor solar em si mesmo. Até que chegou a vez de Namjoon pedir ajuda a com o protetor. As mãos dela estavam formigando, ansiando tocá-lo. Namjoon então relaxou o corpo ao sentir que as mãos dela passeavam por suas costas, espalhando o protetor por lá. Namjoon voltou a sentir o corpo reagir e então respirou fundo, precisava se controlar.
Assim que ela terminou de lavar as mãos com uma garrafinha d’água que havia comprado, ela ergueu a mesma para Namjoon que a segurou. Os dois gargalharam, por estarem tão sem graça um com o outro sem entenderem o porquê. Caminharam juntos até o mar.
Após alguns “caldos” e muitas risadas, Namjoon decidiu que pelo menos para ele, estava na hora de voltar para o sequinho da praia. Assim que ele se virou de costas para , com a intenção de voltar para onde estavam sentados ele sentiu as pernas dela lhe envolverem a cintura e as mãos lhe abraçarem o pescoço, após o impacto do pulo dela em suas costas, Namjoon gargalhou e ouviu a risada dela ecoar em um de seus ouvidos. Ele segurou as pernas dela e então os dois caminharam assim até chegar à terra firme. Assim que pisaram na areia, Namjoon desceu de suas costas, que ajeitou o biquíni. Namjoon ajeitou os cabelos dela, jogando-os para trás e ela fechou os olhos, colocando as mãos na cintura dele enquanto ele terminava de ajeitar os cabelos dela. aproximou o corpo do dele, colando-os enquanto eles sentiam a água bater em seus pés. Foi a vez de Namjoon fechar os olhos também, com o contato dos corpos, molhados.
Segurou o rosto dela entre as mãos e então roçou levemente os lábios nos dela, numa provocação singela. sorriu e passou levemente a língua pelos lábios de Namjoon, provocando-o de volta. A boca dele engoliu a dela com pressa, como se aquele de fato fosse o primeiro beijo dos dois. subiu as mãos que estavam na cintura dele para as costas, arranhando-as no trajeto e as de Namjoon desceram para a cintura dela, apertando ainda mais o pequeno corpo dela ao seu. O beijo foi ficando ainda mais intenso quando a língua dela pediu permissão para invadir a boca dele, que não ofereceu resistência nenhuma. Dessa vez ele não fez questão de esconder que estava ficando excitado, o que arrancou um gemido sussurrado de nos lábios dele. Aí então os dois desgrudaram os lábios. abraçou Namjoon encostando a cabeça no peito dele, a respiração dele estava acelerada e o peito dele subia e descia rápido. entendeu que eles precisavam de um momento ali ainda, antes de voltarem para suas cadeiras, mas ficou em silêncio, não queria constrangê-lo.
Namjoon segurou o rosto dela entre as mãos e depositou um selinho demorado nos lábios de e então de mãos dadas os dois voltaram para suas cadeiras. Os dois aproveitaram para comer algumas das coisas que havia comprado e dividiram uma água de coco.
Depois passou a observar o mar em silêncio e sentiu a garganta fechar ao ser invadida pela falta dos pais adotivos, e então ela limpou uma lágrima discreta que desceu pela bochecha. O que não passou despercebido por Namjoon, que aproximou a cadeira da dela.
— O que foi? — ele tocou a mão dela.
sorriu sem mostrar os dentes balançando a cabeça em negativa, mas o semblante dela continuava triste.
— Ei! — Namjoon ergueu o rosto dela pelo queixo aproximando o mesmo do dele — Me conta! Pode confiar em mim!
— Nada! É só que hoje sonhei com meus pais! E ai eu fico assim! Ainda tem muito pouco tempo, sabe?
— No nosso primeiro encontro, lá no restaurante, eu me lembro de ter pensado no quão forte eu achei você! Tinha menos tempo ainda e você falou deles com tanta força! Não deu uma vacilada se quer! Ali eu soube que você deveria ser incrível!
sorriu para Namjoon deixando que algumas outras lágrimas escorressem livremente pelo rosto. Namjoon limpou algumas.
— Mas eu choro todos os dias! Especialmente quando chego em casa e me vejo lá, sozinha, sem a risada deles preenchendo aquela casa enorme! Choro enquanto tenho que fazer o jantar sozinha, ou pedir comida só para mim. Fico me lembrando do aconchego dos braços e abraços do meu pai, de como todos os dias antes de eu sair de casa minha mãe me beijava a testa!
fechou os olhos com força, se entregando ao choro.
— Tão estranho carregar uma vida inteira no corpo e ninguém suspeitar dos traumas, das quedas, dos medos, dos choros... — ele apertou a mão dela com força e com a que estava livre ele tentava em vão limpar as lágrimas dela.
também enxugou as lágrimas teimosas enquanto segurava a mão de Namjoon na mesma intensidade.
— Lá, eu me sinto infinitamente sozinha! Eu faço de tudo, mas nada tira essa sensação de dentro de mim! — ela colocou uma das mãos no peito, perto do coração — E às vezes, até no meio das pessoas, eu sinto isso, sabe? É como se faltasse uma parte de mim, e todos os dias eu me pergunto: um dia vai passar?
— Mas você é feliz? Ou essa sensação te rouba a felicidade? — Namjoon acariciou a bochecha dela com o polegar outra vez.
— Para mim, atualmente, companheirismo e lealdade são meio sinônimos de felicidade, sabe? Meus amigos são poucos, mas são muito fortes e muito profundos, são amigos de fé, para quem eu posso telefonar às cinco da manhã e dizer: olha, estou querendo me matar, o que eu faço? Eles me dão liberdade para isso, não tenho relações rápidas, quer dizer, tenho porque todo mundo tem, mas procuro sempre aprofundar. E isso é felicidade, você poder contar com os outros, se sentir cuidado, protegido.
Namjoon engoliu seco, mas assentiu. Ele esperava poder fazer parte dessa parte tão importante para ela o mais rápido o possível, mesmo que o que eles estivessem tendo, não passasse de alguns beijos ou sexo, mas ele queria acima de tudo ser seu amigo também.
— E você se sente assim comigo? Ou ainda é muito cedo para saber?
o encarou dentro dos olhos, e sorriu.
— Claro! Você já é especial para mim!
Namjoon apertou a mão dela outra vez, voltando a se assustar com a calma que ela lhe trazia e sentindo que não importava o que acontecesse com os dois dali para frente, ele a queria sempre por perto.