Codificada por: Saturno 🪐
Última Atualização: 08/04/2025.Hoje, uma bela quinta-feira, se sentiu esgotada! Havia trabalhado no abrigo de segunda à quarta, fazia tempos que ela não aparecia por lá e sentia falta da paz que o lugar trazia para ela, ainda mais com a mente tão bagunçada.
Aproveitou para colocar o papo em dia com Namjoon, e por incrível que pareça o assunto não foi única e exclusivamente a amiga, afinal de contas os dois eram amigos e tinham outros assuntos também. Mas não deixou de reparar em como ele corava todas as vezes que o assunto era , ou em como um sorrisinho tímido escapa dos lábios dele. Eles até ligaram para ela de chamada de vídeo em um dos dias, e a amiga achou fofo as interações entre os dois. Gostava muito de ambos.
— Graças a Deus, são dez para as seis! — ela vislumbrou o relógio de pulso enquanto colocava os braços atrás da cabeça.
Jimin abriu a boca para falar algo, mas foi interrompido pelo som do ramal de tocando.
— Ai caramba! O chefe! A uma hora dessas!
— Demanda extra o nome desse telefonema! — Jimin revirou os olhos.
— Oi chefe? — ela atendeu tentando parecer simpática o que fez Jimin gargalhar.
apontou o dedo do meio para ele, que gargalhou ainda mais e o fuzilou com o olhar.
— Tá bom chefe! A gente entrega sim!
Jimin revirou os olhos, ele sabia que era demanda extra! bufou ao desligar o telefone. Ela estava exausta, e bom, queria poder ir para o abrigo hoje, havia até combinado de jantar com Namjoon quando saíssem de lá.
— Dá uma olhada no e-mail Jimin! Tem uma demanda extra bem bacana para a gente!
— Eu sabia! — ele ajeitou as mangas da camisa social preta que usava — A gente tem que entregar quando? Amanhã?
— Hoje ainda! — Jimin arregalou os olhos, fitando que assentiu com a cabeça para ele — Hoje? Mas já são basicamente seis horas da tarde! Temos até que horas?
— Até a meia noite de hoje, e pelo que eu to vendo aqui vai demorar pelo menos umas quatro horas para acabarmos! Droga! Vou ter que desmarcar com o Namjoon!
Jimin ergueu a sobrancelha e fez uma careta. Quem diabos era Namjoon?
— Com quem? — ele fez outra careta.
— Como você é intrometido, meu pai amado! — revirou os olhos — Não te interessa! Cuida da sua vida!
Jimin sentiu as bochechas arderem de raiva enquanto ela digitava freneticamente no celular, provavelmente pro tal Namjoon! Ela estava saindo com alguém? Por isso ignorou o beijo que havia rolado entre eles? Jimin travou o maxilar enquanto voltava novamente sua atenção para a tela do próprio notebook.
— Nam, não vou poder ir hoje pro abrigo! E consequentemente não vamos conseguir jantar! Me desculpa? Surgiu uma demanda extra aqui no trabalho, vou ficar presa aqui por tempo indeterminado! Queria muito ir, mas fazer o que né? Amanhã dá certo! Beijo.
Jimin entreabriu a boca e semicerrou os olhos enquanto voltava a olhar para ela que gravou um áudio para o tal Namjoon. Ele estava incrédulo com aquilo, ela estava sendo carinhosa com outro homem? E na frente dele? Jimin balançou a cabeça em negativo, e então colocou o celular em cima da mesa, mexendo no notebook enquanto a voz do homem ecoava:
“Mesmo pequena? Que pena! Eu já tinha até feito a reserva para gente! Há quanto tempo a gente não consegue um tempo pra jantar junto que nem nos velhos tempos?” e então ele riu. “Mas amanhã deve dar! Me dê noticias hein? Um beijo.”
A boca de Jimin se abriu num completo “O” enquanto ele colocava as mãos sobre a cintura, com as sobrancelhas erguidas. O tal Namjoon parecia ser íntimo até demais dela, a chamando de “pequena”... Jimin sentiu todo seu interior queimar de raiva. Quem ele achava que era para chamá-la de pequena? E, “há quanto tempo não conseguimos sair para jantar como nos velhos tempos.” Ques velhos tempos? A voz do homem era grave e Jimin passou a se questionar como ele seria… estaria tão atraída assim por ele que não conseguia ficar ou pensar em outras pessoas? Travou o maxilar outra vez.
— Vamos começar então? — questionou sem tirar os olhos da tela do computador.
— Não vai responder o Namjoon? — ele perguntou, ácido.
resolveu encará-lo e viu que ele estava levemente vermelho. Achou graça. Ele estava com ciúmes?
— Vou! Daqui a pouco! Pelos barulhos do áudio e pela forma que ele falou, deveria estar dirigindo. Vou esperar…
segurou o riso quando ele ficou ainda mais vermelho.
— Você fica com a parte de cima, e eu com a debaixo, o que acha?
— Acho que deveríamos fazer essa demanda em específico, juntos! Para evitar qualquer falta de alinhamento entre eu e você! E para acabarmos logo, quem sabe não dá até tempo de você ir jantar com o tal Namjoon. — ele fez um bico ao terminar a frase.
voltou a segurar o riso. Coitado! Não sabia da missa a metade.
— Vem então! — ela ajeitou o notebook na mesa.
— Vem você! — ele deu de ombros.
bufou, irritada e cansada enquanto revirava os olhos.
— Não teste a minha paciência Jimin! Eu to exausta! Ando trabalhando muito lá no abrigo também!
— Exausta para trabalhar né? Porque para jantar com o Namjoon tá ok!
Ele fez uma careta com os lábios enquanto revirava os olhos. As veias dele estavam começando a dilatar no braço, de ódio. Porque ele estava daquele jeito?
— Não começa Jimin! — ela subiu o tom de voz.
— Porque? Se lembra que você fez isso comigo semana passada?
sentiu como se Jimin estivesse a esbofeteando nos dois lados do rosto, ao lembrá-la do papelão que ela havia se prestado. E especialmente por tê-la feito se lembrar do maldito beijo.
— Vamos focar no que interessa Jimin? — A cabeça dela latejou ao lembrar da urgência dos lábios dele nos seus e também pelo cansaço — A demanda é longa!
se arrastou com a cadeira até a mesa dele e então os dois se olharam por um período. Os olhos dele pareciam estar mais calmos agora. Não quis ficar muito tempo olhando para os mesmos, não queria se perder lá. Logo os dois se puseram a analisar a demanda, deram uma olhada no perfil do cliente, pois já haviam o atendido antes. Atrás da criação de um logotipo existe um trabalho extenso de pesquisa, um desenvolvimento que parte de pressupostos teóricos do design e da psicologia, envolvendo semiótica, cor, composição, conceito, etc. Para isso, e Jimin sempre levavam um bom tempo para chegar ao símbolo ideal, que fosse bonito e funcional para a necessidade específica do cliente.
E foi isso mesmo que os dois começaram a fazer. bocejava de dez em dez minutos e se espreguiçava em todas as vezes. Os olhos dela começaram a ficar pequenos e Jimin quis abraçá-la, e aninhá-la em seu peito para que ela pudesse descansar. Ela parecia estar mesmo muito cansada. Meia hora depois ela se levantou e informou a Jimin que iria pegar um café para ela, ou então dormiria. Jimin teve uma ideia, mas não sabia se a colega de trabalho entenderia com outros olhos…
Quando ela voltou Jimin, arriscou:
— Arruma suas coisas aí, vamos lá para casa!
— Que? — soltou, sem entender.
— É mais confortável se fizermos isso lá! Vamos acabar com dores nas costas se ficarmos aqui! Além do mais que lá em casa a gente pode por um som, pedir alguma coisa para comer, fazer no sofá ou na cama! Enfim! Anda!
Ele se levantou, desligando o notebook e pegando a pasta. o observou enquanto ele, todo sério, arrumava suas coisas. Ela sentiu o coração querer acelerar, e então balançou a cabeça e foi em direção à sua própria mesa.
— Aonde você mora mesmo? Tenho que ver quanto fica um aplicativo da sua casa para a minha!
— Moro no Catete!
— Tá curupira, mas em que rua? — desligou o notebook também arrumando suas coisas — O Catete é perto de casa.
— Tavares Bastos! Eu te levo em casa depois!
e ele trocaram um olhar. não estava gostando nada daquilo…
— Não precisa! Fica uns dez minutos, vai ficar barato!
Jimin havia acabado de arrumar suas coisas, atravessou a porta e do batente ele viu ela levantar para pegar a bolsa. Ela estava linda com aquela camisa branca.
— Dependendo do horário eu não vou deixar você voltar de Uber sozinha! Mesmo sendo dez minutos ou meia hora!
A voz dele soou firme e apenas assentiu, enquanto arrepiou de leve os pelos da nuca com a intensidade do olhar que ele lançou sobre ela.
O caminho da empresa até a casa de Jimin foi feito em silêncio. Com abrindo a boca para apenas informar que estava morrendo de dor de cabeça. nunca havia ido até o apartamento do colega. Será que ele usava o abajur que ela havia dado? Ou havia guardado num canto qualquer? Assim que os dois subiram as escadas , cansada botou a mão no peito.
— Nossa, mas você nem para alugar um apartamento num prédio que tem elevador Jimin? — ela estava vermelha e respirava pesadamente.
Ao fita-la, Jimin não conseguiu evitar pensar se ela também ficava daquele jeito em outras circunstâncias… E se perguntou brevemente se ela e o tal Namjoon transavam casualmente ou até mesmo regularmente... Balançou a cabeça enquanto girava a chave abrindo a porta. Havia ficado com raiva de si mesmo por pensar naquelas coisas e especialmente por sentir raiva ao pensar sobre esse assunto. Como a própria disse, “ele não tem nada a haver com isso”.
Deu passagem para que ela passasse primeiro, sussurrou um “licença" enquanto entrava no apartamento. Diferentemente de quando Jimin se mudou, agora havia um sofá na sala e alguns quadros. observou como o apartamento era cheiroso e parecia ser extremamente organizado para um homem. Ela depositou a mochila e a bolsa sobre o sofá e então passou novamente as mãos pelas têmporas, a dor de cabeça havia aumentado.
— Tem aspirina na gaveta da cozinha! Pode pegar lá! Fica á vontade!
Ele caminhou até a mesa que ficava entre a sala e a pequena cozinha, depositou a pasta lá abrindo a mesma.
— Posso tirar os sapatos? — ela perguntou sem jeito.
— Como eu disse: fica à vontade! — ele não a olhou enquanto ligava notebook.
fez uma careta com os lábios, ele parecia estar estressado. retirou os saltos e então ele a observou passar por ele para ir até a cozinha. Ela realmente era pequena, e então ele ouviu a voz de Namjoon ecoar na mente dele: “Mesmo pequena?”. Voltou a observar enquanto ela pegava a água na geladeira. Aquele apelido carinhoso certamente soaria muito melhor se dito por Jimin, e foi o que ele pensou antes de ouvi-la dizer:
— Seu apartamento é muito bonitinho curupira Júnior! Limpinho e bem organizado! Parabéns!
Jimin sorriu sem mostrar os dentes para ela que bebia a água olhando para ele.
— De nada? — ela retrucou, implicando com ele.
— Quando estiver pronta! — ele puxou uma cadeira e se sentou.
Depois ele passou uma das outras cadeiras para o seu lado, o lugar de . Ela fez outra careta com os lábios enquanto enxaguava o copo e voltava para a mesa, se sentando ao lado dele, em silêncio. Achou melhor assim.
— Você bebe vinho? — ele questionou sem mirá-la.
— Bebo! Mas hoje acho que não rola, estou com muita dor de cabeça mesmo!
Jimin assentiu se levantando e indo em direção à pequena cozinha. observou ele pegar uma taça e então o vinho na geladeira, um dos seus preferidos. E aí ele voltou para a mesa se servindo do mesmo.
Logo os dois voltaram para a pesquisa e ouvia ele respirar pesadamente, enquanto a cabeça dela latejava. Os dois começaram a analisar a pesquisa assim que ela acabou e continuava bocejando e bocejando. Quando Jimin começou a fazer algumas anotações importantes sobre a pesquisa ele percebeu que ela estava cochilando, mal conseguindo sustentar a cabeça. Ele soltou uma risada nasalada, achando aquilo fofo e então ele a chamou.
— ? — ele sussurrou de novo pegando em sua coxa quando ela não ouviu da primeira vez.
acordou assustada, olhando para os lados. Até que sua mente se deu conta de onde estava e da demanda.
— Ai! Me desculpa Jimin! Quando percebi você já estava me chamando! — ela passou as mãos pelos olhos esfregando-os.
— Vai deitar um pouco lá no meu quarto!
— Não! Se não, a gente nunca vai terminar isso!
— Eu termino! E prometo não sabotar você! E também prometo que se você não gostar de algo a gente muda! Você está exausta mesmo, e precisa descansar um pouco! Você nem vai conseguir se concentrar nisso aqui direito! Vai deitar lá!
ainda não confiava muito em Jimin quando ele dizia que não iria sabotá-la, mas ele a estava olhando com tanta ternura… E ela estava tão cansada! Se levantou.
— E qual das portas é o seu quarto? — ela olhou pro corredor.
— A que está do lado direito. Tá aberto, só deitar! Eu te chamo quando acabar aqui.
— Tem certeza? Não vai jogar isso na minha cara depois?
— Não ! — ele respondeu ainda a olhando com ternura.
Ela assentiu e então caminhou em direção ao quarto do colega. Jimin sorriu ao observar ela andar cambaleando, tão pequena e tão delicada para o seu quarto.
Ao adentrar o mesmo e acender a luz do cômodo, ela observou as paredes cinzas do quarto de Jimin, as cortinas da mesma cor, mais alguns quadros e um ar condicionado. Haviam duas escrivaninhas, uma de cada lado da cama de casal do garoto e sobre uma delas, lá estava o abajur vermelho que ela havia dado. Ela sorriu e ficou feliz em saber que ele estava usando algo que ela lhe havia dado. Apagou a luz novamente e correu rapidamente até a cama, acendendo o objeto. Deitou-se em seus travesseiros e o cheiro dele impregnou suas narinas, o cheiro forte dele… fechou os olhos, se ajeitando na cama e sentindo ainda mais o cheiro dele. Logo adormeceu.
Depois de algumas horas trabalhando na demanda e algumas taças de vinho, ele finalmente acabou. Enquanto ainda dormia, ele resolveu tomar um banho antes de acordar a colega e assim o fez. Saiu do banheiro e adentrou o quarto, precisava pegar alguma peça de roupa. O lugar estava iluminado pelo abajur que ela lhe dera. Ali, parado na porta, ele observou dormir. Tão calma, a respiração tranquila. Jimin a achava uma das mulheres mais bonitas que ele já conhecera. Todos os seus traços. Ele se aproximou da cama, tentando não fazer barulho, primeiro ele se ajoelhou sobre a mesma, ainda a observando. Ludmila já havia despertado, mas mantinha os olhos fechados. Ela sabia que Jimin estava ali. Ele se deitou ao lado da colega na cama, em frente a ela. Os rostos próximos o suficiente para que a respiração tranquila dela batesse levemente em suas bochechas e nariz. Jimin ergueu uma das mãos, encostando-a na bochecha da colega e então ele depositou um carinho calmo ali enquanto observava cada traço do rosto dela, queria decorá-los. Ele continuou acariciando o rosto dela. sentiu o cheiro dele de banho recém tomado lhe invadir. Era gostoso demais! Então ela abriu os olhos, encarando os dele, que se arregalaram ao perceber que ela havia acordado e o havia pegado ali, acariciando o rosto dela com tanta ternura. Jimin não teve tempo de reagir, as mãos dela lhe seguraram o pescoço e nuca e então o beijou. Um beijo calmo, como se dessa vez ela quisesse conhecer a boca dele. Não tinha aquela urgência maluca do primeiro beijo que haviam trocado, e não havia raiva.
A língua dela invadiu a boca dele, ainda com delicadeza, que cedeu, apenas encostando a língua na dela, o cheiro que exalava do corpo dele ainda úmido estava deixando inebriada então ela subiu as mãos para os cabelos molhados dele. A sensação das mãos quentes dela com os cabelos frios dele, fizeram os sentidos de despertarem. Ela puxou os cabelos loiros dele, que arfou na boca dela enquanto ele descia rapidamente as mãos para a cintura fina dela, trazendo-a para mais perto dele. Só Deus sabia o quanto ele desejou poder beijá-la de novo! Ao apertar a cintura dela com força, Jimin sentiu o membro começar a crescer por baixo da toalha. Que efeito era esse que ela tinha sobre o corpo dele? sentiu o membro dele se encostar em sua barriga, e o corpo todo dela arrepiou. Jimin apertou ainda mais o corpo pequeno dela ao seu enquanto mordia o lábio inferior dela.
sentiu vontade de gemer quando uma das mãos dele desceu até seu bumbum, apertando-o. E ela assim o fez. Jimin gostou do som que ouviu sair dos lábios dela então sorriu antes de voltar a colar a boca na dela. As mãos de continuavam nos cabelos molhados dele enquanto as dele, subiam e desciam por suas costas e nádegas. sentia o membro dele roçar em sua barriga e os arrepios só pioraram. Ela sentia que sua intimidade estava úmida, fazia tempos que ela não sentia aquelas coisas.
Quando já não conseguiam mais ficar sem respirar, Jimin e soltaram os lábios. Os dois se encararam por longos segundos, respirando com dificuldade. Jimin afrouxou o toque das mãos, soltando-a. se sentou na beirada da cama, e logo se levantou, ajeitando a roupa e os cabelos.
— Vou deixar você trocar de roupa! — ela raspou a garganta e saiu do quarto.
Jimin fechou os olhos com força, teria que terminar sozinho.
voltou para a cozinha com o coração à mil. A mente dela estava um turbilhão e mil coisas se passavam dentro dela. Suas roupas estavam levemente úmidas pelo contato tão próximo com o corpo ainda molhado dele. E podia sentir o cheiro dele grudados em suas narinas e ela ainda sentia um incômodo entre as pernas. Maldição! Ela praguejou mentalmente. Aquelas sensações sendo provocadas por Jimin eram completamente erradas na mente dela.
bebeu um copo de água gelada sentindo o coração dela bater em todos os cantos do corpo possíveis. Depois ela viu a silhueta de Jimin na cozinha, atrás dela na geladeira, a impedindo de fechar a mesma. engoliu seco, como ela se recuperaria com ele ali? Cheiroso daquele jeito?
Ela saiu por baixo dos braços dele, indo em direção à mesa. Observou enquanto ele bebia água. O pescoço dele subindo e descendo. Porque ela havia se esquecido de beijar aquele pescoço tão lindo? Balançou a cabeça, concentrando-se em observar o trabalho que Jimin havia feito. Colocou uma das mãos na cintura para observar com mais calma.
— Nossa! — ela o observou se aproximando — Ficou muito bom! Você tá ficando bom nisso curupira Júnior!
— Meu Deus! — ele levou as mãos à boca, retirando-as rapidamente — Isso foi um elogio, Miranda?
Ela quis gargalhar, mas se segurou.
— Não se acostuma não!
E lá estava ela de volta. A boa e velha . Jimin aproveitou que ela havia baixado a guarda, mas não muito e segurou a cintura dela com as duas mãos. Ela depositou as mãos no peito dele. Os dois se olharam, nos olhos. A única coisa que lembra de pensar antes de os lábios de Jimin pressionarem os seus é que ele era o homem mais lindo do mundo!
E então as línguas se chocaram violentamente pela segunda vez naquela noite. Jimin a sentou sobre a mesa e ela passou as pernas em volta dos quadris dele. As intimidades dos dois roçando uma na outra. estava perdendo os sentidos, mordeu com força o lábio dele, que soltou um gemido baixo. As mãos dele adentraram a blusa dela e então uma delas percorreu suas costas, e com a outra ele apertou o seio esquerdo dela sobre o sutiã. sussurrou um gemido no ouvido dele, que sentiu que poderia gozar somente ao ouvi-la gemer. mordeu o lóbulo da orelha dele quando ele apertou o seio dela novamente. As pernas dela apertaram os quadris dele. Até que o celular de Jimin, que estava próximo a eles na mesa começou a tocar e eles leram o nome do chefe da tela. espalmou as mãos nos peitos de Jimin empurrando-o contra a parede e descendo rapidamente da mesa. Mentalmente ela amaldiçoou o chefe, e Jimin o mesmo.
Jimin atendeu o chefe que pediu que eles enviassem o material para ele avaliar e então entrassem no link para conversarem. Jimin estava tão atônito que só conseguiu responder um “tá bom” para o chefe.
Assim que ele desligou o telefone, os olhos dele se encontraram com os de , que ainda pareciam sair faíscas.
— Ele pediu para a gente mandar para ele e entrar no link! — foi o que ele conseguiu dizer.
assentiu. E assim os dois fizeram, enviaram o trabalho para o chefe e entraram no link. O chefe deu uma olhada no ambiente.
— Me desculpem a invasão, mas aonde vocês estão? — ele arqueou as sobrancelhas.
e Jimin se olharam e olhou para baixo, pois sabia que ficaria vermelha. Jimin engoliu seco.
— No meu apartamento! e eu achamos que seria mais confortável fazermos na casa ou de um ou de outro, já que era um pouquinho demorado né? Daí viemos para cá!
O chefe segurou um riso ao ver desconcertada, os cabelos bagunçados de Jimin e bom os lábios de ambos estavam inchados.
— Certo! Eu vou dar uma olhada aqui, me esperem aí!
Eles observaram o semblante do chefe enquanto ele observava o trabalho feito por Jimin.
— Excelente! Ótimo trabalho como sempre time! Vou mandar para ele agora e amanhã dou notícias! Ficou muito bom mesmo! Agora estão liberados para voltarem ao que estavam fazendo e curtirem a noite de vocês!
O chefe piscou e então desconectou-se da chamada, deixando e Jimin sem graça. Então os dois olharam bem um para o outro, e bom, de fato, era impossível o chefe não ter percebido nada.
— Droga Jimin! Agora ele vai ficar achando que temos um casinho!
Jimin gargalhou alto, jogando a cabeça para trás, e lhe estapeou o ombro.
— Tá com fome? — ele ouviu o estômago dela roncar e logo em seguida ela ficar vermelha.
Ele voltou a gargalhar enquanto se levantava.
— Vou preparar algo para a gente comer e ai te levo em casa, pode ser?
assentiu o acompanhando até a cozinha.
Os dois então começaram a preparar juntos um macarrão, enquanto ele ficava de olho na massa fervendo e fazia o molho, cortava as coisas que iam no macarrão. Os dois acabaram se beijando mais algumas vezes durante o processo. E então depois de comerem, Jimin levou em casa. Durante o caminho, os dois foram em silêncio da mesma forma que haviam saído da empresa até a casa de Jimin. De fato era no máximo doze minutos da casa de Jimin até a dela. Ele gostou de saber aquilo.
— Obrigada curupira Júnior! Até amanhã! — ela tira o cinto.
Jimin segurou o rosto dela, trazendo-o para perto do seu.
— Até amanhã . — ele selou os lábios dela e transformou o selinho num beijo.
segurou o rosto dele com as mãos enquanto aprofundava o beijo, molhado.
Desceu para o estacionamento, hoje ele havia ido de carro já que desde ontem estava de folga, então ele pode pegar o carro da irmã. Assim que entrou no mesmo ele se lembrou que fora num dia como aquele, em que ele teve que ir ao escritório que conheceu . Sorriu largamente ao lembrar do dia. Pegou o celular e ligou para ela. Estava perto do escritório dela, quem sabe ele não a pegava e de lá eles iam para um segundo encontro, finalmente?
— Fala Taehyung! — ela gargalhou imaginando a cara dele do outro lado — Brincadeira! Sei que você prefere que te chamem de V! O que você manda?
V sorriu, balançando a cabeça em negativa. Adorava a risada dela!
— Olha, até que quando é você me chamando de Taehyung eu gosto! Fica bonito na sua voz!
corou do outro lado da linha.Taehyung era uma das poucas e únicas pessoas que a fazia corar daquele jeito.
— Que horas você sai do escritório hoje ? — ele mordeu o lábio.
— Daqui uns vinte minutos meu anjo, porque?
— Porque eu tive que vir para a empresa hoje, e bom, eu pensei que poderíamos sair hoje. O que você acha? Eu posso passar aí e te buscar! É perto daqui!
umedeceu os lábios, de repente a ideia de vê-lo depois de tanto tempo só conversando por mensagens pareceu lhe assustar da mesma medida que a confortava também. Os dois acabaram virando grandes e bons amigos. Então, porque não ir?
— E aonde você vai me levar, Taehyung? — ela voltou a rir.
— Pensei no Caiçara ou no Pesqueiro… Qual desses você prefere?
sorriu. Ele era tão sofisticado!
— Hum, acho que o Caiçara é uma boa hein V? Ver o pôr do sol no lago! Bora! — ela fechou a agenda já encerrando o expediente mentalmente.
— Em quinze minutos to ai!
se levantou depois que a ligação foi desligada e se espreguiçou. Havia trabalhado muito hoje e um passeio relaxante como ir ao Caiçara com V seria bom para que ela se distraísse. E também parasse de pensar um pouco no casamento do ex, que só se aproximava.
saiu do grande prédio onde o escritório ficava e então lá estava ele, acenando para ela de dentro do carro, com o vidro abaixado. voltou a sentir as bochechas queimarem. Fazia tempo que eles não se viam… ela não estava entendendo porque havia ficado vermelha.
Atravessou a rua e então ele se esticou no banco do motorista para abrir a porta para ela, que se sentou no banco do carona agarrando as duas pastas plásticas que carregava.
Taehyung então a encarou. Linda, ele pensou. se esticou o suficiente para depositar um beijo na bochecha dele, então V segurou a mão livre dela e levou até os lábios depositando um beijo por lá.
— Você já foi lá? — questionou ele se referindo ao bar.
— No Caiçara? — V assentiu dando partida — Há muito tempo atrás! E você?
— Também! Mas me lembro de lá ser muito agradável! É tudo que um fim de tarde pede.
Os dois foram conversando sobre os respectivos trabalhos até chegarem ao local. O bar era localizado na beira de um lago, com uma das vistas mais lindas do Rio de Janeiro! Perfeito para acompanhar o pôr do sol, e pelo que V se lembrava as comidas de lá também eram perfeitas!
Os dois foram guiados por um funcionário para uma mesa onde eles podiam ver o lago, com uma vista privilegiada para o pôr do sol, porque V disse que queria uma mesa onde eles fossem privilegiados com exatamente isso: poder acompanhar um belo pôr do sol.
O sol começava a se pôr assim que eles chegaram à mesa, e juntos os dois observaram a beleza do momento antes de se sentarem.
Os dois se sentaram um de frente para o outro e V retirou os óculos escuros, assim como e então eles observaram a bela vista que tinham à sua frente. E assim ficaram por um momento. então suspirou.
— E a sua amiga? Melhor?
— Sim! — sorriu — O pai do bebê apareceu!
— Mesmo? — ele se interessou — E ai?
— Ele vai assumir! Disse que vai ficar do lado da durante a gravidez e que quer ser um pai presente na vida do bebê! Ele liga para ela todo dia, acredita? Bonitinho até!
— Ah, que maravilha! — Taehyung se atreveu a colocar uma mão sobre a dela — Fiquei aliviado agora, eu nem conheço a , mas sei lá, já me apeguei a ela só por tudo que você me contou sobre ela e a amizade de vocês! E eu estava com medo desse cara sumir e deixar ela na mão!
sorriu, achando-o ainda mais fofo. O olhar dela desceu para a mão dele sobre a sua, mas ela não protestou.
— E o seu amigo lá! Como é o nome dele mesmo? Seokjin? — ela arriscou erguendo uma sobrancelha — Conseguiu descobrir porque ele tava estranho? Você não falou mais!
— Ah! Eu estava com ele no final de semana passado, quando passei lá pelo Garage! Ah, ele me disse que tinha a ver com uma menina que ele conheceu na viagem, e que estava com saudades! — V balançou a cabeça em negativo — Mas acho que ele está me escondendo mais detalhes sabe? Ele tá bem triste, anda falando pouco, rindo pouco e bom, ele um cara alto astral sabe? Não sei, ainda estou preocupado! Inclusive falei de você para ele!
Os dois se olharam.
— Falou o que de mim para ele Taehyung? — escorou o rosto na mão que estava livre, apoiando o cotovelo na mesa.
Estava curiosa, queria saber o que ele falava dela para os outros. V baixou a cabeça, sorrindo sem mostrar os dentes.
— Falei que estávamos nos conhecendo! E ele quer conhecer você qualquer dia desses!
Droga! Ela estava corada de novo.
— Só marcar! — os dois riram, sem graças.
queria muito falar com ele sobre o que havia pensado nessas semanas, mas estava sem coragem. Tinha medo do que ele acharia da proposta.
— Por falar em marcar Taehyung, você tem algum compromisso do dia vinte e sete a vinte e nove de agosto? — voltou a morder os lábios.
V observou o gesto, ela estaria nervosa? Porque? Se concentrou nas datas, buscando na memória algo.
— Não! Tenho quase certeza que não. Mas porque? — ele ergueu uma sobrancelha, curioso, afinal de contas as datas não estavam tão perto assim.
— É porque no dia vinte e oito vai ser o casamento de um amigo de infância meu, lá na minha cidade natal! — ela engoliu seco — E ele me convidou! Na verdade, toda a minha família né? E seria uma ótima oportunidade de eu ver meus pais e meu irmão!
Ela estava mentindo? Sim! Mas achava que seria melhor assim!
— Certo… — ele incentivou.
— E bom, ele mandou um convite a mais! — V sentiu o coração começar a saltar no peito — Eu ia levar a , mas com ela grávida não rola, sabe? Ela está enjoando muito e com muito mal estar, então a primeira pessoa que pensei para me acompanhar, foi você! Não quero ir sozinha de jeito nenhum! — ela sorriu sem graça, colocando a mão sobre a dele.
O sorriso que ele abriu fez querer encher o rosto dele de beijos. Ele parecia uma criança ganhando uma viagem para a Disney.
V mal acreditava, que ela havia pensado nele para algo tão íntimo assim! Havia ficado imensamente feliz, e bom, óbvio que ele iria.
— Claro que eu te acompanho! Claro, ! — os olhos dele brilhavam e ela abaixou a cabeça por um instante, voltando a encará-lo — É em Magé né?
— Isso! — ela sorriu ao perceber que ele se lembrava — Mas o casamento vai ser em Niterói!
— A gente sai daqui na sexta então?
— Sim! E como você dirige, pensei em alugarmos um carro, para irmos mais confortáveis! É uma hora e meia no máximo daqui do Rio para lá! E de Magé a Niterói uma horinha! O que acha?
— Sim! A gente aluga! Eu vou dirigindo numa boa! Especialmente tendo você do lado…
sorriu com as bochechas vermelhas e lhe estapeou bem levemente o peito.
— Bobo! Acho que você vai adorar meus pais! — ela sorriu outra vez — Eles são bem simples!
— Tenho certeza que vou!
V finalmente conseguiu tirar a mão sobre a dela, estava com sede. Os dois puseram-se a olhar o cardápio e então fizeram seus pedidos.
— Seu irmão tem dezesseis anos, né?
— Tem! E ele quer fazer a mesma faculdade que você! Acho que já comentei né? Vocês com certeza vão ter assunto! — os dois gargalharam.
V sentia o coração leve estando ali com ela. Os assuntos entre os dois sempre fluiam tão bem, era tão fácil…
— E esse amigo de infância ainda mora lá em Magé?
sentiu a garganta fechar, e por sorte o garçom chegara com os drinks. Ela havia pedido uma água também, então antes de responder V ela tomou um gole.
— Não! — balançou a cabeça em negativa — Faz um tempinho que não sei muito bem o que virou da vida dele, mesmo querendo muito ter continuado amiga dele! Mas muitas coisas aconteceram e nós demos uma afastada! Até me assustei com o casamento e com o convite para mim!
Os olhos dela marejaram, e V percebeu. Então ele acariciou a bochecha dela com o polegar. fechou os olhos se permitindo sentir a carícia. Se ela ainda não sentisse tanto tudo isso que estava acontecendo com o ex…
— Pode ser uma oportunidade de vocês se aproximarem agora!
ainda sentia o quente da mão de V em sua bochecha, e sentiu que choraria se ele não parasse. Então ela delicadamente segurou a mão dele, afastando a mesma de seu rosto e ficou ali, apenas segurando-a.
— Não sei! Veremos não é? Ah, a cidade não tem muita coisa tá? — ela riu ainda segurando a mão dele — Mas eu faço questão de te mostrar o que tem!
Taehyung riu da cara de desgosto que ela fez ao falar da cidade e então os pratos dos dois chegaram. Eles voltaram a falar mais um pouco sobre a família de enquanto comiam. Depois deram uma volta pela praia, já escura e V confidenciou a que achava a praia um tanto quanto assustadora à noite. E então pararam para tomar um sorvete. V estava empolgado demais com a tal viagem e já estava ansioso. Seriam três dias inteiros ao lado de …
Quando ele a deixou em casa, perguntou se ele gostaria de entrar e então V educadamente recusou, já estava um pouco tarde. esticou o corpo para frente indo depositar mais um beijo carinhoso na bochecha de Taehyung, mas ele segurou seu rosto com as duas mãos, encostando a testa na dela. sentiu os batimentos cardíacos ficarem descompassados com o ato. Ela olhou os lábios dele ali, quase se encostando nos dela. sabia o que ele queria…
V podia sentir a respiração rápida dela batendo em seus lábios. Queria desesperadamente beijá-la… Com as testas já grudadas ele se atreveu a encostar delicadamente os lábios nos dela, só aquele pequeno toque dos lábios dos dois já fez os sentidos de Taehyung entrarem em combustão.
— Taehyung… — ela sussurrou segurando as mãos dele — Pare de me olhar assim, nossos olhos podem se encontrar! Não que isso seja um problema, na verdade, seria sim! Seria um problemão! Eu sou caótica, e você é bom demais para ser verdade. Tanto, que eu não posso estragar você! Eu sou um desastre...
— O desastre mais lindo que eu já vi! — ele sussurrou de volta ainda com os lábios colados aos dela.
— V! — ela suplicou enquanto com dificuldade se afastava dele — Não é que eu não queira! Eu só não estou pronta ainda!
Taehyung abaixou a cabeça, um tanto quanto envergonhado e assentiu. Voltou a olhar para ela.
— Me desculpe! — ele engoliu seco.
— Não! — ela segurou a nuca dele — Não me peça desculpas! Isso não foi um não, foi só um pedido! Um pedido de mais um pouco de calma! Não precisa se desculpar, você não fez nada de errado! Eu amei a nossa tarde!
Ela parou de falar depositando um beijo demorado na bochecha dele. Pegou suas coisas e saiu do carro, mas antes de fechar a porta:
— V… — ela pausou para que ele olhasse para ela — Eu adoro você!
Bateu a porta do carro atrás de si e adentrou o prédio sentindo o coração pular. V a observou entrar e então sorriu.
Eles conversaram sobre amenidades e logo o pai de saiu para o trabalho, e ela ajudou a mãe a retirar as coisas da mesa e lavar as louças e então ela estava sozinha em casa. Voltou para o quarto ligando o notebook. A memória dela insistiu em se lembrar de Mário, já que a casa estava super silenciosa e se ele estivesse em casa seria exatamente o contrário. Hoje era dia de home office para ela, não seria fácil ficar na casa sendo consumida pelas lembranças ainda tão vivas do irmão.
Hoje o dia estava razoavelmente tranquilo no trabalho, então aproveitou para fazer outras coisas durante o expediente, como por exemplo ler online. A música estava baixa e de repente ela pôs-se a pensar em Jin. O coração dela apertou dentro do peito de saudades e de dor. Pegou o celular sobre a mesa e então desbloqueou o mesmo, indo até o whatsapp. Digitou rapidamente o nome dele nos contatos: Seokjin…
Abriu uma janela de conversa com ele. Ficou observando a foto pequena dele no canto da tela. O coração acelerando gradativamente. Digitou e apagou diversas vezes. Não tinha coragem. De repente sentiu vontade de chorar e assim o fez, até que seu coração voltasse a se acalmar. Abriu a pequena agenda que carregava consigo em todos os lugares, uma espécie de diário e pegou o velho papel, já amassado que Jin havia lhe dado na última noite deles, e leu de novo o endereço da exposição como se já não tivesse decorado. percebeu que já fazia uma semana do começo da mesma e então encheu o peito de coragem: iria.
Colocou um moletom largo, de Mário, um boné e então colocou o capuz por cima. Pegou a chave do carro que estava dentro da bolsa e saiu. No meio do caminho começou a pensar se aquela seria de fato a melhor decisão. A boca estava seca e as mãos geladas. E se ela desse de cara com ele?
Deu umas trẽs voltas no quarteirão sentindo que o coração ia rasgar o peito de tão rápido e forte que batia, esperando o peito voltar a encher de coragem, parou o carro a alguns metros da entrada da galeria, passou num restaurante qualquer e comprou uma garrafa de água, tentaria acabar com a secura dos lábios e para piorar agora ela também estava com as mãos tremendo, e então parou em frente à galeria.
— Com licença… — a recepcionista do local sorriu assentindo para ela — O artista se encontra?
Ela não queria correr nenhum risco e encontrá-lo por lá então resolveu que só entraria se tivesse certeza de que ele não estaria lá.
— Não! Ele saiu! Não sei muito bem quando ele estará de volta! Mas se a senhorita se interessar por alguma obra, a empresária dele está aí e você pode verificar com ela também!
Jin havia comentado bastante sobre como se dava bem com a empresária, que ela era quase uma mãe para ele. Sorriu sem mostrar os dentes e então adentrou a tal galeria.
passeava pela exposição sentindo que poderia desmaiar a qualquer momento. Jin era extremamente talentoso, e de fato, suas obras carregavam muito dele. quase conseguia vê-lo ali, ao lado das obras, explicando pacientemente para ela sobre cada uma delas enquanto ria, ficando sem graça, ou então de alguma piada sem graça que ele contava. Sorriu abertamente se lembrando da risada contagiante dele.
Andou mais um pouco até que começou a chegar ao fim da exposição. O coração dela parecia querer explodir de orgulho de Jin! Como ela queria poder abraçá-lo e dizer que sentia muito orgulho do artista que ele era. Aí então seus olhos se detiveram no último quadro. engoliu seco enquanto caminhava até o mesmo. As mãos dela que antes tremiam levemente, agora tremiam quase que descontroladamente. Era ela ali, naquele quadro… Ela não sabia exatamente quando ele havia sido pintado, mas era ela! tapou a boca com uma das mãos sentindo a cabeça ficar tonta.
ficou alguns bons minutos admirando o quadro deixando as lágrimas rolarem por seu rosto, como ela queria abraçá-lo! Assim que limpou as lágrimas — com certa dificuldade, pois tremia bastante — sentiu alguém lhe tocar os ombros.
— Você conhece o Kim Seokjin?
arregalou os olhos levemente, virando o rosto e encarando Serena. Sabia que era ela porque Jin havia lhe mostrado uma foto. Mas será que Serena sabia dela? sentiu vontade de vomitar ao imaginar a hipótese. Ajeitou mais o boné e o capuz do moletom e então virou novamente o rosto para o quadro.
— Não! Não o conheço! Mas ele é muito talentoso! — se limitou a dizer, tentando ao máximo não deixar que Serena visse seu rosto.
Mas já era tarde demais. Serena havia notado a semelhança de com o quadro.
— Você quer tirar uma foto com o quadro? Se parece um pouco com você, né?
sentiu as pernas voltarem a fraquejar e bebeu mais um gole de água e então entregou o celular para Serena, seria interessante guardar uma lembrança daquele momento. E Serena assim o fez, e depois entregou o celular à jovem. Ela estava impressionada com a semelhança. guardou o celular na bolsa, acenou com a cabeça para Serena após agradecer pela foto e então saiu apressada, notando que agora a exposição estava cheia. Voltou a deixar as lágrimas quentes escorrerem pelo rosto enquanto caminhava quase que correndo para a saída. Mais pessoas entravam, causando um pequeno tumulto por ali, e chegou até a se esbarrar em alguém enquanto tentava sair do lugar, mas ela não se importou, estava atordoada demais para se desculpar, e os olhos já embaçados ardiam.
Jin chegou a segurar um pedaço do moletom dela quando sentiu o esbarrão, mas ela logo já estava fora das vistas dele, que chegou a olhar para trás, para pedir desculpas pelo esbarrão mas não conseguiu. Ele deu de ombros e então adentrou a própria exposição, indo em direção à Serena, que ainda estava parada em frente ao quadro com o rosto de .
— Serena? Depois você me ajuda a pegar o material no carro?
Ele parou ao lado dela, vislumbrando o rosto pintado de ali. Não havia um dia sequer que ele não passasse por aquele quadro sem sentir todos os músculos do corpo doerem absurdamente.
— Ela tava aqui Jin! — Seokjin olhou para Serena com as mãos na cintura.
— O que você disse?
— A menina do quadro! Ela estava aqui agorinha! Até tirei uma foto dela com o quadro! Perguntei se ela te conhecia e ela disse que não! Mas Jin, eu ainda estou chocada com a semelhança!
Os olhos de Jin marejaram com a súbita informação recebida e então ele saiu em disparada na direção da saída da galeria, esbarrando em algumas pessoas que dificultavam um pouco sua saída. O coração dele batia e batia e batia e ele sentia as lágrimas quererem descer por seu rosto. Parecia estar meio anestesiado com a informação.
Assim que chegou até a calçada ele girou em volta do próprio corpo, mas seria impossível achá-la ali na rua lotada de gente indo e vindo, mas Jin ainda procurou por ela por alguns metros da rua da galeria, mas foi em vão, nem sinal dela. Ele tapou o rosto com as mãos, sentindo a dor invadi-lo novamente. Será que algum dia ele iria vê-la novamente?
ainda chorava dentro do carro com os vidros fechados, pensando se voltava ou não para a galeria. Ela queria se jogar nos braços de Jin e chorar até toda a dor sair de seu corpo. Mas e depois? O que ela faria? Limpou as lágrimas tentando se acalmar, mas ainda tremia muito e então deu partida no carro saindo de lá.
Dirigiu cegamente durante quilômetros, sentindo o peito quebrado por dentro. Quando as lágrimas ameaçaram voltar ela resolveu parar o carro, desceu e procurou por algum estabelecimento onde pudesse comprar mais água. Adentrou um qualquer e pediu pelo cardápio, no balcão mesmo. Fechou os olhos, tentando parar de tremer e então voltou a chorar com força.
Assim que ele entrou na padaria e se escorou no balcão cumprimentando os funcionários já conhecidos dele, seu olhar se deteve na moça ao seu lado, aos prantos. As mãos dela tremiam sem parar e ela chorava como uma criança perdida. Ele não suportava ver ninguém chorar! Mexia com ele. Então, colocou as mãos sobre os ombros dela.
— Tá tudo bem com você? Precisa de alguma coisa moça?
ouviu a voz grave e desconhecida invadir seus ouvidos. Ela já não usava mais o capuz e nem o boné. Ela assentiu que sim, enquanto as lágrimas ainda rolavam.
E então virou o rosto na direção da voz.
— Tá sim! Só preciso me acalmar!
Ele, preocupado, chamou um dos atendentes já conhecidos com as mãos.
— Traz um suco de maracujá para ela, por favor amigo! Bem docinho! — ele olhou para ela que ainda chorava — Uma amiga me ensinou que suco de maracujá é muito bom para acalmar!
Ele sorriu ao se lembrar da “amiga”. assentiu enquanto limpava as lágrimas, com as mãos ainda tremendo. O estranho ficou ali do lado dela com as mãos em seus ombros, passando para cima e para baixo. E estranhamente, estava começando a sentir as coisas se acalmarem dentro de si. O suco chegou e tomou um gole, em silêncio. O estranho também ficou em silêncio. Depois ele fez o seu pedido, e os dois ficaram ali lado a lado enquanto ele comia e ela tomava o suco. Ele estava toda hora olhando para ela, como se quisesse se certificar que ela estava melhorando. Assim que ele acabou de comer, deu uma olhada no relógio e se levantou do banco.
— Preciso ir! Vai ficar bem?
fez que sim com a cabeça algumas vezes, mas ainda tremia e estava pálida.
— Não sei pelo que está passando, mas seja o que for, vai ficar tudo bem! Hum? — ele voltou a passar a mão rapidamente pelas costas dela.
sorriu sem mostrar os dentes para ele. E pensou que ele deveria ser uma boa pessoa.
— Qual seu nome? — ela perguntou quando ele já estava saindo.
Ele se virou para ela, mostrou os dentes num sorriso e respondeu:
— Namjoon! E o seu?
engoliu seco e arregalou os olhos. Não era possível! Será que era ele? Bom, quantos Namjoon’s existiam no mundo? E quantos Namjoon’s poderiam existir no Rio? Só podia ser ele! Como o mundo era pequeno! ainda incrédula, respondeu seu nome à ele. Que assentiu com a cabeça.
— Obrigada, Namjoon!
E então ele saiu das vistas dela. Que dia não?
— Oi Yoongi! — ela atendeu respirando fundo.
— O que foi? — ele perguntou, já preocupado.
— Os famosos enjoos matinais, já ouviu falar? — riu sem humor.
— Só isso mesmo?
— Só Suga! Relaxa! Eu to indo tomar banho para a gente ir!
— Então, eu já to aqui na porta do seu prédio!
Suga coçou a cabeça, como sempre fazia quando ficava sem jeito ou nervoso. Ele estava tão ansioso que acabou se adiantando um pouco.
— Ué, já? Eu tô tão atrasada assim? — tirou o telefone do ouvido olhando as horas.
— Não! É só a minha ansiedade falando mais alto, desculpe!
sorriu sentindo a pele esquentar e observou a amiga, segurando o riso.
— Eu espero você aqui no carro! Pode se arrumar no seu tempo!
— Não! Entra! Bom que você conhece a também!
arregalou os olhos, se olhando no espelho. Ela estava destruída, havia quase literalmente acabado de acordar, os cabelos desgrenhados e um pijama curtíssimo.
— Ela vai ai na portaria te buscar, espera ela aí!
E os dois desligaram.
— ? — bateu as mãos na lateral das pernas — Olha o meu estado!
— Ah ! É só escovar os dentes e colocar outra roupa! Anda, vai lá, vai!
deu algumas batidinhas no bumbum dela enquanto a mesma se virava novamente de frente ao espelho pronta para escovar os dentes.
Suga saiu do carro, antes ajeitou os cabelos, agora na cor cinza. Passou a língua pelos lábios para umedecê-los. Checou se o celular e a carteira estavam nos bolsos e então ficou lá, parado em frente ao portão de grade com os braços cruzados esperando a tal aparecer. Após alguns minutos lá esperando, uma moça alta com os cabelos escuros e médios apareceu, com um moletom da banda Guns ‘n Roses e uma calça preta do mesmo material. Então ela sorriu sem mostrar os dentes na direção dele assim que destrancou o pequeno portão.
— Suga? — ela apontou pra ele, já mostrando os dentes ao sorrir.
Suga assentiu para a garota com a cabeça, e foi a vez dele sorrir sem mostrar os dentes. Ela também era bonita, pensou Suga.
— Eu sou a , Suga! — estendeu a mão para ele que apertou delicadamente.
— Prazer !
Os dois adentraram o pequeno prédio, subiram o primeiro vão de escadas e logo estavam na porta do apartamento. abriu a porta adentrando o apartamento e Suga entrou logo atrás.
— Fica à vontade Suga! Você quer um café? Sei que já tá meio tarde — ela riu — Mas aceita?
Suga passou o olhar pelo modesto apartamento das meninas, observou a decoração, os móveis. Tudo ali parecia ter sido adquirido com muito esforço e vontade, e isso fez Suga querer sorrir. O apartamento era extremamente organizado e limpo.
— Obrigada! To bem! Só vou me sentar aqui! — ele apontou para o sofá e se sentou logo em seguida.
Ele continuou observando o apartamento, repleto de fotos das duas. sorriu, achando ele fofo.
— Ela já deve estar vindo! A propósito, boa sorte com os pais dela! Você tá bem lascado, porque eles são bravos!
Os dois riram e então Suga olhou para ela, que caminhava até a sala com uma xícara de café. depositou a mesma sobre a mesinha de centro, e a empurrou para perto de Suga. Que sorriu para ela pegando a xícara.
— Eu to indo bem preparado, eles não vão me intimidar! E eu também não vou deixar eles intimidarem mais a !
olhou bem para ele enquanto ele tomava o café, e então ela balançou a cabeça positivamente, gostando do que ouvira. Ele parecia de fato estar levando toda a situação bem a sério e agradeceu ao Universo mentalmente.
— A propósito Yoongi — ela coçou a garganta indo para a cozinha de novo — Sei que o que você está fazendo é o mínimo, mas tantos homens não fazem nem isso, então obrigada! De verdade.
Suga tomou outro gole do café, estava gostoso. E então ele balançou a cabeça em negativa.
— Imagina! Eu que agradeço por você cuidar tão bem dela!
Os dois sorriam um para o outro e Yoongi ficou vermelho. o achou fofo outra vez. Então apareceu já pronta, o que fez Suga se levantar do sofá, depositando a xícara sobre a mesinha outra vez. Os dois se olharam e então Suga desceu o olhar por ela. Ela vestia um vestido longo e florido que já deixava todos verem uma pequena barriga se formando. Suga sorriu ao olhar a mesma e então o olhar dos dois se encontrou de novo. sentiu as bochechas corarem.
— Gostei do cabelo! — ela apontou na direção dele — Ficou bonito!
Suga deu de ombros e agradeceu, meio tímido pelo elogio recebido.
— Vamos? — ele perguntou ao que assentiu.
Ela se despediu da amiga que desejou boa sorte e piscou para ela, e depois Suga e também se despediram com um aceno de cabeça.
Assim que os dois pararam em frente à casa dos pais de , os dois trocaram um olhar. estava com alguns membros do corpo dormentes, só estava fazendo aquilo porque Suga insistiu muito, por ela os pais só saberiam da gravidez quando o bebê já estivesse nos braços dela. Conhecia tão bem os pais, e mesmo assim não estava preparada para a reação deles. Especialmente do pai, já que a mãe somente ouvia calada e olhava para a filha com um olhar de decepção, era assim todas as vezes.
— Vai dar tudo certo! Confia em mim! — Suga se atreveu a colocar a mão sobre uma das pernas dela.
apenas assentiu, um tanto quanto descrente.
Os dois então tocaram o interfone, o que respondeu ser ela quando uma voz suave perguntou quem era. Os dois adentraram a casa, com na frente e Suga logo atrás. Eles passaram pelo grande gramado da garagem, com dois carros de luxo estacionados lá. Suga sentiu um nó na garganta ao ver o luxo que eles ostentavam apenas ali na garagem enquanto a filha provavelmente passava por dificuldades financeiras. Antes que eles pudessem entrar na casa, Suga segurou uma das mãos de , entrelaçando as mesmas. Aquilo na cabeça dele era de extrema necessidade para todo o plano arquitetado na cabeça dele. estava tão anestesiada que nem se deu ao trabalho de questionar o porquê de tal atitude. A mãe de esperava a filha na sala, junto ao pai. Os dois lado a lado, a mulher era bem baixa e tinha os cabelos numa trança jogada de lado, além de um sorriso discreto nos lábios. Ela não se parecia em nada com a mãe, mas era a cara do pai, a única diferença era o bigode grosso do mais velho. O olhar dele era impenetrável e ele não esboçou nenhuma reação sequer ao ver a filha.
— Mãe! Pai! — tentou sorrir e então a mãe lhe abraçou rapidamente.
O pai estendeu a mão na direção da filha que soltou a mão de Suga e então apertou a mão do pai lhe pedindo “a benção”. Suga achava aquilo tão arcaico que quase revirou os olhos. Aí então os mais velhos direcionaram o olhar de para Suga, que sentiu o coração acelerar minimamente, então passou a língua pelos lábios, deixando a língua lá. Maldita mania, pensou !
— Esse é o Yoongi… — ela foi interrompida por Suga.
— Sou o namorado da !
arregalou os olhos rapidamente, então ele realmente ia levar aquela história adiante?
— Namorado? — o pai olhou para a filha — Desde quando?
Suga cumprimentou primeiramente a mãe de com um aperto de mão e depois segurou firmemente a mão do pai de , queria causar uma boa impressão logo de cara e passar credibilidade ao homem.
— Tem quase três meses, né, amor? — Suga virou o olhar para ela.
sentiu um incômodo no estômago, que dessa vez não era nenhum enjoo, e também não era ruim. Ela havia gostado do som da palavra amor para se referir a ela saindo da boca dele…
— É! Isso! — ela voltou a olhar o pai e a mãe.
— Porque você não me contou? — perguntou a mãe visivelmente ofendida.
coçou a cabeça, nervosa com a situação.
— Nós estávamos esperando o melhor momento, não é ? — ele segurou a mão dela outra vez, entrelaçando os dedos.
— Sim! — ela respondeu, ainda atônita — Queríamos esperar o melhor momento, não é? Não muito cedo, nem muito tarde!
O pai dela os chamou para a varanda e então todos foram. e Suga com as mãos ainda entrelaçadas, ele apertava a mão dela com força. É claro que ele estava nervoso com tudo aquilo! Mas uma coisa ele não podia negar: a sensação das mãos dos dois ali, entrelaçadas, era gostosa, e parecia tão certo!
Ambos se sentaram na mesa e logo o almoço foi servido pelos empregados. A garganta de Suga voltou a dar um nó ao ver o quão bem os pais dela viviam. Durante o almoço, o pai de aproveitou para especular a vida do “genro”, arrancando o máximo de informações sobre o mesmo. e a mãe almoçaram em silêncio. Em sua mente pensava na melhor forma de enfim contar a “novidade” aos pais.
Quando enfim os empregados retiravam o prato, limpou a boca e então resolveu que estava na hora, e interrompeu a conversa animada entre Suga e o pai.
— Na verdade, nós dois viemos aqui para falar uma coisa muito importante! Não só para anunciar o namoro para vocês.
Suga segurou a mão dela por baixo da mesa e raspou a garganta. O nervosismo dele havia aumentado. Os pais de trocaram um olhar entre si.
— Eu estou grávida! Já descobri tem tempo né, Yoongi? Mas estou no comecinho da gestação, com treze semanas. — e então ela fechou os olhos, esperando o pai gritar com ela.
Suga passou o olhar primeiro pela mãe de , que tinha uma expressão de choque no rosto, como se esperasse qualquer notícia menos aquela. E então o pai de esperou que os empregados terminassem de se retirar.
— Você namora há três meses, não é noiva, nem casada, não tem nem um emprego decente e quer levar uma gestação para frente ? — Suga engoliu seco enquanto apenas assentiu abrindo os olhos marejados — Se você está achando que eu e sua mãe vamos te ajudar com isso, não se engane! Nós já tivemos você, e já te criamos! Portanto lide com isso sozinha!
Suga mordeu a parte interna da boca quando limpou a lágrima que descia pelo rosto. Suga não aguentou.
— Nós não viemos pedir ajuda senhor Isaque! Só viemos contar a novidade!
suspirou pesadamente enquanto o pai dela desviava o olhar dela para Yoongi.
— E casamento? Já pensaram sobre isso? Para quando vai ser? Porque como eu vou contar pro restante da família que minha única filha está grávida e nem se casou?
então olha para Suga, balançando a cabeça em negativa, fazendo menção de se levantar, como se o chamasse para irem embora, mas ele a impede. Como ele havia dito para : eles não o intimidaram e também não initmidariam a , pelo menos quando ela estivesse com ele.
— Olha Isaque, casamento realmente não estava nos nossos planos por agora! Mas nós vamos sim amadurecer essa ideia durante a gestação! — Suga pisca para que apenas sorri sem mostrar os dentes — O senhor pode ficar tranquilo! Eu sei de todas as minhas responsabilidades com essa criança! Vou dar todo o apoio financeiro e emocional que ela e a precisarem! Vou me esforçar ao máximo para proporcionar tudo do bom e do melhor para eles! A única coisa que nós queremos de vocês como avós, é amor! Amor pelo bebê.
Suga sentiu que agora era os olhos dele que estavam marejados. Droga! A paternidade estava mexendo com os hormônios dele também?
O pai de , parecendo mais calmo, assentiu com a cabeça, olhando apenas para Yoongi. sentiu vontade de abraçar Suga com toda a força que ela tinha. Ele estava sendo maravilhoso! O coração dela saltava dentro do peito.
A mãe de aproveitou que agora os ânimos pareciam estar se acalmando, já que o pai de pediu que a sobremesa fosse servida, e questionou a filha:
— , filha! Você está fazendo pré-natal? — ela assentiu, ainda estática — Tá se alimentando direitinho? Tem se cuidado e cuidado do bebê?
Suga sentiu vontade de responder que sim, mas que era graças à insistência e preocupação dele e de , já que os dois mal ligavam para a filha de verdade. Mas deixou que respondesse tudo direitinho à mãe.
Os dois comeram a sobremesa e o pai de voltou a conversar descontraidamente com Suga, enquanto e a mãe tentavam conversar também. resolveu que estava na hora de ir embora quando o pai ofereceu seu licor preferido a Suga, que recusou alegando estar dirigindo. Os quatro se despediram, e percebeu que o pai havia gostado de Yoongi e a mãe também. A mãe a fez prometer que daria notícias com frequência sobre a gravidez e ela assim o fez.
Já dentro do carro e a caminho da casa de , os dois ficaram em silêncio por um período, como se quisessem os dois, absorverem o que tinha acabado de acontecer. olhou para Suga concentrado dirigindo e quis abraçá-lo outra vez. Ele havia tornado toda aquela situação complicada em algo tão fácil!
— Fiquei muito impressionada com a sua postura! Até parecia que você já tinha passado por uma situação como essa! — ela quebrou o silêncio.
Suga gargalhou, o que fez com que ela também o fizesse.
— Viu? Foi bem mais fácil do que você imaginou, não foi?
— Graças a você! — os dois trocaram um olhar rápido, mas profundo — Obrigada mais uma vez Yoongi!
— Não precisa me agradecer ! Não gostei da forma que seu pai te tratou, desde a hora que chegamos até a hora de virmos embora. Eu só quis me assegurar que ele nunca mais vai intimidar você, especialmente nesse período, pode fazer mal para o bebê.
— Claro! Para o bebê! — ela pensou alto, desviando o rosto para a janela do carro.
Não podia e não queria criar expectativas com o comportamento de Suga! Tudo aquilo era apenas pelo bem estar do bebê que ela carregava no ventre. Nada daquilo tinha de fato a ver com ela. Não podia ficar magoada com aquilo, não podia! Sentiu os olhos marejarem, mas engoliu o choro. Tudo pelo bebê , não esqueça! Pensou consigo mesma.
se olhou no espelho conferindo o visual. O cabelo liso e grande preso num rabo de cavalo no topo da cabeça, quase nenhuma maquiagem, a não ser pelos olhos mais marcados um pouco pelo rímel preto e o batom nude. Ela sorriu sem graça para o espelho conferindo o tamanho do short, há quanto tempo ela não usava shorts?
O body preto de gola alta combinava com a peça, então ela se lembrou do relógio, o amarrando no pulso. Era uma sexta-feira e já eram quase cinco da tarde, e então ela pensou: porque não? Colocou a pequena bolsa no ombro e então desceu. Taehyung ainda trabalhava, então ela adentrou o escritório onde o irmão se encontrava e passou as duas mãos pelas costas dele, detendo-se nos ombros do mesmo, depositando uma rápida massagem por lá. Taehyung fechou os olhos e relaxou os músculos, soltando um gemido cansado.
— Ah! Pode continuar! — eles riram.
— Não vai dar dengo! Eu vou sair!
Ela soltou os ombros dele e o viu se virar de frente para ela, olhando-a de cima para baixo.
— Aonde você vai? E com quem ? — ele ergueu a sobrancelha — Não gosto quando você sai sozinha! Especialmente depois de tudo o que aconteceu, eu tenho medo! Você sabe!
passou a mão pelo rosto dele com carinho. Ela sabia que ele falava a verdade. Os dois eram a vida um do outro. E ela entendia o irmão, e também tinha muito medo! Mas não estaria sozinha!
— Vou fazer uma surpresa pro JK! Vou buscar ele no trabalho, que nem ele fez comigo algumas vezes! Inclusive foi fazendo isso que ele me salvou! E eu estou com saudades dele, não vou mentir! — ela ruborizou e então desviou o olhar.
Taehyung gargalhou, achando fofo a irmã assumir que estava com saudades do rapaz.
— Mas tome muito cuidado enquanto espera ele, pelo amor de Deus ! — ele segurou a mão dela com força — Promete? Vai me dando notícias?
— Prometo! Vou sim! — ela assentiu voltando a olhar para o irmão — Não vai sair com o Jin hoje não? Ou com a tal ?
V sorriu, olhando para baixo.
— Ah, hoje não! Nem falei com o Jin hoje, vou mandar mensagem depois para ele! Mas to afim de ficar em casa! — a irmã assentiu.
— Então eu to indo, tá bom? Te mando notícias, fica tranquilo Tae!
Os dois se despediram e pegou a chave do carro no balcão e então saiu.
Às dezessete em ponto ela parou em frente ao prédio grande do jornal onde Jungkook trabalhava e então mandou uma mensagem para ele o questionando se ele ainda estava no trabalho e se tinha alguma previsão do horário em que sairia. Jungkook surpreso com a mensagem, respondeu a ela que o dia estava sendo puxado e que ele estava cansado, e que não provavelmente ainda trabalharia mais um pouco. E questionou o porquê da pergunta. resolveu ligar pra ele.
— Que menino trabalhador, gente! — ele gargalhou do outro lado da linha — Você não consegue sair antes das dezessete e meia não?
— Bom, são dezessete e cinco agora! — ele olhou as horas no notebook — Eu tenho algumas horas extras, mas porque? Você precisa de ajuda? Aconteceu alguma coisa? Tá tudo bem com você?
gargalhou sozinha dessa vez, com o desespero dele.
— Eu pensei de a gente se ver hoje! Na verdade eu to aqui no seu prédio, já!
Jungkook sorriu abertamente enquanto fechava os olhos.
— Você tá aqui? Jura? — ele parecia não acreditar e riu de novo.
— Tô falando sério JK! Quer pagar para ver?
Jungkook gargalhou enquanto fechava os arquivos abertos no computador.
— Quero! Já to descendo! Se tiver mesmo aí, me espera!
— Olha garoto, você não seja abusado! — os dois riram de novo e então JK desligou.
ainda estava dentro do carro, mas se sentiu segura para descer e esperá-lo perto do carro, mesmo que sozinha. Ele não demoraria mais do que quinze minutos, não é? Retirou os óculos escuros do rosto colocando-os na gola alta da blusa e cruzou os braços abaixo dos seios. Ainda sentia muito medo, então ficou atenta à movimentação ao seu redor.
Jungkook juntou suas coisas o mais rápido que pode, e então bateu na porta da sala do chefe. O odiava com todas as forças, mas precisava avisar que hoje compensaria algumas de suas horas.
— Com licença! — o chefe levantou o olhar até ele — Hã, estou indo! Surgiu um compromisso, então preciso ir um pouco mais cedo! Algum problema quanto a isso?
O chefe tirou os óculos de grau do rosto e mordeu uma das hastes do mesmo.
— Não! Desde que suas coisas estejam em ordem! Estão?
Jungkook quis socá-lo com força.
— Estão adiantadas inclusive! Tenho trabalhado cerca de doze horas faz semanas, então como você pode acompanhar provavelmente, sua caixa de entrada deve estar cheia de e- mails, com as minhas entregas!
O chefe fez um muxoxo e então com as mãos fez um gesto para que ele saísse, com desdém. Jungkook fechou a porta atrás de si e fechou os olhos com força, bufando. Aquele homem o tirava do sério!
Assim que ele saiu do grande prédio viu escorada no carro dela, do outro lado da rua. Sorrir foi automático! Ela estava tão linda! Ele queria muito tocá-la, agora! Atravessou a rua e então parou em frente a ela. sorriu e mordeu o lábio inferior logo em seguida. Ele mexia muito com ela!
— Então é verdade? Olha, eu duvidei, viu? — ele ergueu uma sobrancelha.
— Assim você me ofende, Jeon Jungkook! — colocou uma das mãos sobre o peito — Eu estava com saudades! E você fez isso comigo duas vezes não é? Numa delas, você salvou a minha vida! Senti que agora era a minha vez!
Jungkook sorriu abertamente enquanto tocava a bochecha dela com o polegar.
— Então você veio salvar a minha vida desse expediente cansativo e estressante?
tocou a mão dele sobre o rosto dela e então encostou a testa na dele.
— Só se você quiser ser salvo!
— Eu quero te beijar! — ele sussurrou já com os lábios encostados aos dela.
fechou os olhos e o abraçou pela cintura, colando o corpo dos dois. Jungkook fechou os olhos assim que ela também fechou os dela, e então ele a beijou. Delicadamente, sentindo gosto do batom que ela usava. Jungkook juntou as duas mãos no rosto de , segurando-o, então ele aprofundou o beijo, que agora era urgente, a língua de encontrou-se com a dele, com saudade. O rosto dos dois se movia no ritmo do beijo e ela apertou a cintura fina dele com as unhas sobre a camiseta que ele usava. Em resposta, JK mordiscou levemente o lábio inferior dela. Os dois se separaram já quase sem fôlego e então passou os braços em volta do pescoço dele o abraçando com força. Ele a acalmava tanto, que ela sentia medo do que aquele sentimento podia virar…
— Para onde a gente vai? Ou você só veio me ver? — ele sorriu, com os olhos pretos brilhando.
— Ah, pensei de a gente ir para algum lugar, mas não pensei num lugar específico, sabe? Tem alguma ideia?
Ele acariciou a cintura dela sobre a blusa.
— Que tal a gente comprar algumas cervejas e ir lá pra mureta da Urca? A gente pode ficar lá de boa, relaxando e bebendo!
sorriu, concordando com a cabeça.
— Você tá de carro?
— Tô, tá lá no estacionamento, me espera?
— Vamos no meu e depois eu te deixo aqui para você pegar o seu, pode ser? — JK assentiu.
Os dois compraram algumas cervejas e então foram para a Urca. O lugar estava cheio, e lá costumava ser frequentado por jovens—especialmente universitários que faziam exatamente a mesma coisa que e JK: conversavam e bebiam. resolveu que ele merecia saber das últimas notícias do processo, porque bom, ele havia salvado sua vida, não é?
— Recebi hoje a intimação para depor no julgamento do stalker! E também o advogado me contou mais algumas coisas sobre o caso.
— Jura? — ele bebeu da cerveja enquanto passava um braço pela cintura dela — E ai? Que dia vai ser o seu depoimento? Eu ainda não recebi nada! Mas quero ir com você…
deitou a cabeça no ombro dele, fechando os olhos.
— Deve tá para chegar a sua! Ah, eu finalmente descobri quem de fato era ele!
— A identidade dele foi revelada para você então?
ainda com a cabeça no ombro dele, assentiu que sim sentindo o peito arder e doer ao se lembrar.
— E você conhece ele? — Jungkook engoliu seco e apertou a cintura de com carinho.
— Conheço! Na verdade eu nem me lembrava da existência dele, sendo sincera!
— Quer falar mais sobre isso? Se você estiver se sentindo desconfortável a gente não fala sobre!
virou o rosto encostando o nariz no pescoço dele, respirando calmamente para inalar o cheiro que vinha dali, fazendo Jungkook arrepiar e deitar a cabeça sobre a dela.
— É um ex estagiário lá do hospital, que trabalhou comigo! Bom, a gente teve um envolvimento, breve sabe? Ele era estranho, eu não quis continuar e logo em seguida ele foi dispensado pelo hospital porque bom, ele era um péssimo estagiário e a minha opinião sobre ele permanecer ou não no cargo contou muito. Aí passou alguns meses que ele foi desligado, ele começou a me telefonar e o resto você já sabe!
— Então ele é basicamente um ex maluco?
não havia parado para analisar daquele jeito tão objetivo. Mas ele não era somente um ex maluco, ou era?
— Ah eu acho que ele ficou bravo por ter sido desligado e achou que a culpa foi única e exclusivamente minha então provavelmente queria se vingar de mim.
— Provavelmente ele ficou mais bravo de ter sido dispensado por você!
sentiu a cabeça querer doer com a frase dita por Jungkook.
— Pode ser! Mas acho que as duas coisas podem ter pesado, além de achar que ele deve ter algum problema psicológico.
— Talvez! — ele balançou a cabeça positivamente — Independente do meu dia de depor, eu quero ir com você!
— A gente vai junto!
— Seu irmão provavelmente também vai querer ir, né? Como ele tá, falando nisso? A gente conversou esses dias!
— Como assim? — ergueu o rosto fitando os olhos de JK.
— O que? — ele riu sem graça — Não posso ser amigo do seu irmão?
— Pode! — ela respondeu sem graça — Só, fiquei surpresa! Você e ele devem estar se dando bem!
— Eu gostei dele! E bom, ele fala de você com muito amor! Você é literalmente a vida dele! Tanto que às vezes eu tenho a impressão de que ele não vive muito a vida dele…
sentiu o coração apertar com o comentário de JK. Era verdade! Taehyung sentia que era o único responsável por tudo! Pela casa, pelas contas, por …
Ela fazia de tudo para tentar aliviar esse senso de responsabilidade exagerado que o irmão tinha, mas nem sempre conseguia! Ela mal se lembrava da última vez em que vira o irmão apaixonado ou curtindo a vida!
— É! Eu tento fazer com que ele relaxe um pouco, mas nunca consigo!
sentiu os olhos marejarem e então tomou um gole da cerveja.
— Ei! — Jungkook ergueu o rosto dela até a altura do seu — Eu não quis fazer você se sentir culpada! Longe de mim! Eu só quis dizer que ele ama muito você! E sendo sincero …acho que eu também seria como ele. Mesmo não sendo muito apegado aos meus pais, acho que se eles morressem eu não seria o mesmo! E eu não tenho irmãos, ou irmãs como você já sabe! Mas se eu tivesse, acho que seria como o V é com você! Então eu o entendo!
assentiu com a cabeça.
— A verdade é que nós sempre fomos tudo o que o outro tem! E eu nem me lembro de algum período da nossa vida em que não tenha sido desse jeito! Ele por e para mim e eu por e para ele, sabe? — foi a vez de Jungkook assentir.
— Seus pais morreram de quê mesmo? Desculpe a indelicadeza da pergunta, eu não me lembro! Não precisa responder se não quiser, viu?
— Foi um acidente de carro! E o Tae estava no carro quando tudo aconteceu! Mas ele não sofreu nenhum arranhão, acredita? Mas os nossos pais acabaram falecendo!
— Então ele presenciou tudo? — JK mexeu no rabo de cavalo dela.
— Presenciou! Ele diz que não se lembra de muita coisa, que é como se o cérebro dele tivesse apagado tudo! Mas eu sei que ele sofre ainda mais por ter estado presente no dia do acidente!
— O que contribui ainda mais pra esse senso aguçado de responsabilidade que ele tem com você e com a vida de vocês!
Os dois se olharam, e deram mais gole da cerveja, acabando com a garrafa que ambos seguravam.
— Você nunca me falou direito sobre seus pais! Só que eles haviam te expulsado de casa, apesar de terem te dado um apartamento e cortado a sua mesada!
JK coçou a cabeça enquanto pegava outra cerveja para ele e outra para .
— Eu era meio imaturo há um tempo atrás! Só pensava em festa, bebida e curtição, sabe? Fazia a faculdade só por fazer, e quando chegou no meu último ano de faculdade eu extrapolei! E bom, meus pais já estavam cansados desse comportamento e aí me deram um apartamento e uma quantia em dinheiro que durou até eu terminar o curso, e aí eu tive que me virar. E isso vem me ensinando muita coisa, sabe?
sorriu, orgulhosa dele e lhe acariciou o rosto, e ele continuou:
— Os meus pais brigam muito! Muito mesmo, quase o tempo todo. Eu nem sei como eles estão juntos! No fundo, no fundo eu acho que é só pra manter as aparências! Acho que se algum dia eles se amaram foi há muito tempo atrás!
percebeu que a voz dele carregava uma certa tristeza então continuou acariciando o rosto dele.
— E eu sempre, tentei amenizar as coisas, sabe? Desde novinho! Porque sei lá, eu acreditava que podia unir os dois! Então eu sempre fiquei no meio das brigas! Era sempre eu que intermediava as coisas porque detestava aquele clima e também porque acreditava que eles se amavam e podiam se acertar, sabe? E eu percebo agora que não! Hoje mesmo meu pai me mandou uma mensagem dizendo que eles iam se divorciar, que ele não aguentava mais e blá blá blá!
Os dois beberam um longo gole da cerveja. depositou um selinho demorado na boca dele.
— E o que virou essa história?
— Os dois começaram a me ligar para falar mal um do outro e eu simplesmente explodi! Apelei e pedi que eles não me ligassem mais, que eles virassem finalmente adultos e resolvessem os problemas deles, sem me envolver mais!
— Você fez bem! Eles queriam a sua independência, não queriam? Queriam que você crescesse né?
— Exatamente! A gente cresce. E esse é o soco no estômago! E acho que eles mesmos não estavam preparados para isso! — ele balançou a cabeça em negativa.
Logo o sol começou a se pôr e os dois assistiram em silêncio. As mãos entrelaçadas enquanto o sol ia se pondo e sentiu um aperto no coração. Quanto tempo tudo aquilo duraria?
Jungkook a flagrou olhando para ele pensativa, e então ele a envolveu pela cintura com a mão que segurava a cerveja e a beijou nos lábios. Um beijo lento, como se quisesse guardar aquele momento na memória para sempre, como se ali só estivessem os dois e mais ninguém! O gosto dela ficava mais incrível a cada beijo. Era como se ela fosse nicotina, e ele um adicto.
Assim que fez menção de se levantar, o pai adentrou a sala de jantar retirando o blazer que cobria o terno, e colocando o mesmo nas costas da cadeira.
— Não seja grosseiro Seokjin! Vai levantar da mesa mesmo com o seu pai se sentando nela? Fique! Faça companhia para o seu pai!
Jin engoliu seco voltando a se sentar na cadeira em frente ao pai. Ele não via a hora de seu apartamento ficar pronto. Então os dois se encararam enquanto o pai começava a comer.
— Como foi o seu dia hoje? — o pai perguntou, mas Jin sabia que ele não estava interessado de verdade.
— Foi bom! E o do senhor? — ele perguntou enquanto mexia nos talheres.
— Estressante meu filho! Estou cercado de incompetentes! Você podia tanto ter se formado em administração para ajudar o seu velho pai, não é? Você seria tão útil lá!
Jin voltou a engolir seco. Por Deus, como ele odiava aquele maldito assunto! Quantas vezes o pai ainda falaria daquilo?
— Pai! — ele suspirou balançando a cabeça — Tenho certeza que existem muitos profissionais qualificados no mercado! Manda esses embora e contrata outros!
— Mas eu queria você do meu lado filho! Você precisa começar a pensar nisso Seokjin, aquilo tudo lá é seu meu filho! Algum dia você vai precisar assumir sua herança!
Jin se levantou, já começando a ficar sem paciência.
— Você acha que arte enche barriga? Eu não sei como você consegue manter um padrão de vida tão bom sendo artista! Um profissão tão…— ele interrompeu o pai.
— Eu tô saindo! Avisa a mãe por favor! Fala para ela que eu volto, não sei que horas, mas volto! Ela não gosta que eu durma fora sem avisar quando estou aqui, então se você puder fazer isso pelo seu filho, eu agradeço. Bom jantar, pai!
Deixou o pai resmungando alto quando saiu da casa e então adentrou o carro. Pegou o celular no bolso e mandou uma mensagem para V: “Está em casa bro?” após alguns minutos o amigo respondeu: “Tô sim amigo! Eu ia te mandar mensagem mais cedo, mas acabei esquecendo!” Jin digitou: “To indo para ai!” e então ele dirigiu até lá.
Assim que ele adentrou a casa do amigo, os dois trocaram um abraço rápido.
— Cadê a ? — Jin procurou por ela com os olhos.
— Tá com o namoradinho novo! Jungkook o nome dele! — V sorriu, orgulhoso da irmã.
— Namorado? — Jin colocou uma das mãos sobre o ombro de Taehyung apertando o lugar — Ela tá namorando V? Desde quando?
— Ah, você quer uma água mano? Um refrigerante, comer alguma coisa?
— Eu jantei antes de sair de casa! Só quero água mesmo!
Os dois caminharam até a cozinha.
— Eu falei assim, mas eles ainda estão se conhecendo, sabe? Tem um tempinho já! Foi ele que salvou a do stalker!
— Ah, então você já conhece ele? — V assentiu entregando o copo com água para o amigo.
— Já! E a gente vive conversando! Gosto dele!
— Que maneiro amigo! — Jin bebeu a água — Fico feliz por ela!
— Aconteceu alguma coisa para você brotar aqui numa sexta à noite?
Jin lavou o copo e o colocou no porta louças.
— Ah! — ele fez uma careta — Meu pai de novo com aqueles papos das empresas dele! Preferi deixar ele falando sozinho e aí vim para cá! To te atrapalhando? Você ia sair com a menina lá?
— Não! — Taehyung balançou a cabeça — Eu estava vendo uma live na Twitch de uma menina que eu sou fã! Ela é programadora de games de uma das maiores empresas do ramo e ela faz lives para falar sobre os jogos novos e para testar eles e tal. Gosto bastante do conteúdo dela, e ela estava sumida havia uns dois meses e bem, hoje ela voltou com as lives! Vamos subir para assistir comigo? Depois a gente faz alguma coisa! Sai para comer ou prepara alguma coisa aqui mesmo! Pode ser?
Jin assentiu com a cabeça e então os dois subiram as escadas. Antes V entrou no quarto de para pegar a cadeira que havia lá, então ele colocou a cadeira ao lado da sua, enquanto Jin aguardava ainda do lado de fora. V desconectou o fone de ouvido do computador e então se sentou, chamando Jin para se juntar à ele.
Jin se sentou na cadeira ainda meio aéreo, se ajeitou na mesma e então olhou para a tela. A boca secou e ele sentiu a pressão baixando. Seria uma alucinação? Ou algum sonho? Ela era igualzinha a Olívia de Jin. Idêntica. Quando Jin finalmente prestou atenção na voz dela, teve certeza, não era alguém parecido: era ela!
Pelo que Jin pode entender, ela estava respondendo algumas perguntas que as pessoas mandavam. Ela não havia mudado nadinha nestes últimos dois meses. Ali estava ela! Jin mal respirava, estava tentando processar a informação.
— Qual o nome dela? — ele raspou a garganta pois a voz havia falhado.
— ! — V respondeu olhando rapidamente para o amigo e voltando a olhar para o computador.
— Que? Tem certeza?
V gargalhou jogando a cabeça para trás.
— Claro bro! Acompanho ela desde que ela começou com as lives! E olha — ele passou o mouse sobre o usuário dela na tela.
Jin leu, uma, duas, três vezes. Então até o nome verdadeiro ela havia mentido para ele? A Olívia não existia? Jin sentiu uma pontada forte no peito e então abaixou a cabeça. Aquilo doía ainda mais! Respirou fundo, pegou o celular e perguntou:
— Qual o instagram dela?
V olhou para o amigo, sem entender nada e sorriu.
— Ué, você não estava apaixonado pela menina da viagem até esses dias?
Jin soltou um riso nasalado. Mal sabia V!
— Tô brincando amigo! É o mesmo user dela aqui na twitch.
Jin se aproximou um pouco mais da tela do computador, pois não estava enxergando direito, e também sentia as mãos tremerem. Incrédulo, ele procurou pelo usuário na rede social e lá estava o perfil dela. Ele clicou sobre o mesmo e lá estava ela. Rezende…
Jin leu as informações que ali continham e tudo era muito novo para ele, porque ela de fato havia mentido basicamente todas as informações, menos a idade e a cidade onde morava. Jin sentiu os olhos começaram a arder.
— Porque ela tem dez mil seguidores? — Jin começou a passear pelas fotos dela.
A maldita era linda! Jin se amaldiçoou por ainda pensar assim!
— Ué cara, tem muita gente que gosta desse mundo de games né? E ela é muito boa no que faz, a galera curte o trabalho dela! Provavelmente por isso!
— E porque você nunca me falou dela? — Jin fechou os olhos ao abrir uma foto dela.
Certamente o amigo não estava entendendo o porquê daquelas perguntas estúpidas, mas a que Taehyung conhecia, era uma pessoa completamente desconhecida para ele.
— Oxi! E desde quando você se interessa por esses assuntos? Você nem joga!
Jin prefere ficar em silêncio, afinal de contas o amigo tinha razão. Rodou mais um pouco pelas postagens dela e encontrou diversas fotos dela com um rapaz, uma delas, a mais recente das fotos com o tal rapaz, tinha a legenda: “Amor da minha vida todinha” e um emoji de coração. Provavelmente seria o namorado, ou ex namorado… Jin sentiu o coração se estraçalhar dentro do peito, como se ainda fosse possível.
Abriu a DM dela, mas não teve força para mandar nada.
— Você disse que ela tinha sumido, né? Ela explicou o porquê?
V ainda concentrado na live, respondeu:
— Não sei direito! Porque eu perdi alguns pedaços né? Enquanto ia te buscar lá embaixo! Mas eu ouvi até a parte em que ela falou que tinha viajado por um tempo. Só isso!
Jin assentiu, completamente atônito. Os olhos dele voltaram a fixar-se na tela do computador. Como aquilo era possível? Jin mantinha os olhos vidrados no computador enquanto ouvia V falando ao fundo, sem conseguir escutar de fato o que o amigo queria dizer. Enquanto V falava, Jin assentia com a cabeça mas só conseguia olhar para a garota na tela e pensar no quanto o peito dele queimava.
Jin não estava conseguindo raciocinar direito, ele pensava várias coisas ao mesmo tempo enquanto o coração batia forte no peito. Precisava de um tempo para conseguir processar o que estava acontecendo e então decidir se faria algo com aquela informação.
Assim que a live acabou, Taehyung olhou para o amigo, que ainda tinha os olhos fixos na tela. Taehyung tentou decifrar o olhar do amigo, mas não conseguia. Ele estava estranho de novo! Talvez fosse pelo desentendimento de mais cedo com o pai. É, Taehyung se convenceu que provavelmente seria aquilo, ele sabia como aquelas coisas com o pai afetam negativamente o amigo.
— E ai amigo? Vamos descer? Preparar alguma coisa juntos? Distrair essa cabeça?
Jin sorriu sem mostrar os dentes para o amigo enquanto assentia positivamente. Não era preciso muitas palavras entre os dois! Mesmo que Jin ainda não tivesse tido a coragem de contar tudo para o amigo, ele sabia que havia algo o machucando muito! Os dois sempre tiveram essa conexão desde que se conheceram em uma das primeiras exposições de Jin e então eles nunca mais largaram um ao outro! Taehyung era o melhor amigo de Seokjin e bom para V, depois de , o amigo era tudo que ele tinha!
Os dois então desceram para a cozinha e começaram a pesquisar alguma receita na internet para fazer com as coisas que tinham na casa. E bom, Jin estava tentando com toda a alma fingir que agora já estava tudo bem, mas não sabia se estava conseguindo. Ele estava anestesiado, como se a alma dele não estivesse de fato lá, somente o corpo. Toda hora vinham flashes em sua mente, dos dois na praia e depois dela na live…
— O que mesmo você estava falando lá em cima sobre a ? Desculpe, bro, eu estava distraído! — colocou uma das mãos sobre o ombro do amigo.
— Imagina! Não tem problema! Eu disse que vi ela esses dias, a gente foi no Caiçara, vimos o pôr do sol juntos, conversamos sobre nossas famílias… E adivinha?
— Vocês finalmente se beijaram? — Jin apertou o ombro de V.
V riu, desgostoso.
— Não! Bom ela não quis! Na verdade, ela disse que não se sentia preparada ainda!
— Ah! Você jura amigo? — Jin fez uma careta e então voltou a cortar o tomate — E você vai tentar outra vez?
— Ela me chamou para viajar com ela no final de agosto! Para a cidade natal dela, num casamento de um amigo de infância! Bom, acho que lá talvez role alguma coisa! Eu to muito ansioso, tem noites que só consigo pensar nisso!
— Você está mesmo apaixonado amigo! Torço muito para que tudo isso dê certo! Você merece ser feliz!
Os dois sorriam um para o outro.
— Você também, Kim Seokjin! Você também!
Já em casa ele se deitou na cama depois de um longo banho, e então fechou os olhos. O nome dela era … a Olívia nunca existiu! E ela era quase famosa! Ela não o havia procurado… Porque? Era tudo o que Jin conseguia pensar! Ele achava que havia significado algo para ela, da mesma forma que ela para ele, mas pelo visto havia se enganado, ele havia sido apenas uma foda de verão… passou as mãos pelo rosto sentindo a vontade chorar o invadir outra vez, e assim ele o fez. Por que ser tão cruel? Porque ela não podia simplesmente ter jogado a real? Ele teria entendido e seguido sua vida. Mas não, agora ali estava ele preso à ela...
“Como andam as coisas com a ? Esses dias ela falou de você enquanto tomávamos café! Falou do teu cheiro, que era quase viciada no seu perfume…”
“Nós nos falamos todos os dias amigo! Mas as coisas estão como sempre!”
“Vocês se viram depois daquele dia no bar?”
“Não!”
“Tá na hora então né J-Hope? Um encontro só vocês dois… Vai por mim cara!”
Bloqueou o celular e o jogou com delicadeza sobre o balcão, voltando a se concentrar no que fazia. Mas não estava conseguindo. Ele ficava pensando em … ficava se lembrando do gosto da boca dela em contato com a sua e ouvia a risada dela ecoar em seus ouvidos. Será que ela queria um encontro? Porque Jimin havia falado aquilo? Será que ela havia dado alguma indireta para o amigo, ou até mesmo teria sido bem direta? Hoseok se amaldiçoou por não saber fazer as coisas direito! Se amaldiçoou por não saber agir em situações como aquela, afinal de contas ele nunca passou por nada parecido! Estava acostumado com a rejeição, com as garotas dizendo não, e mais ainda, estava acostumado com a sensação de paz e calmaria de nunca ter se apaixonado… Ele estava apaixonado? Engoliu seco e voltou a se concentrar no trabalho, precisa terminar aquelas análises todas dentro do horário de trabalho, não estava nenhum pouco afim de fazer horas extras.
Assim que finalizou o horário de trabalho e já estava sentado na moto, ele resolveu que seguiria o conselho do melhor amigo. Chamaria para um encontro. Ligou para ela, mesmo sabendo que talvez ela ainda estivesse trabalhando…
— Oi Hobi! — Hoseok sorriu ao ouvir o apelido carinhoso que ela havia inventado recentemente para ele.
Uma mistura de Hoseok com baby, de acordo com a mesma.
— Vai sair às dezoito hoje ou tá enrolada aí?
— Vou sair às dezoito! Nada de fazer hora extra na sexta, nem a pau! Mas porque a pergunta? Quer fazer alguma videochamada hoje? A gente pode começar a ler aquele livro novo que você indicou, comprei ele ontem de madrugada! Ia te falar hoje! To esperando para começar a ler com você!
O sorriso dele se abriu ainda mais e ele sentiu as bochechas queimarem isso porque nem estava a vendo. Droga!
— Eu pensei em algo melhor! — ele mordeu o lábio inferior, temeroso — Que tal a gente se ver hoje? Só nós dois, no caso!
Hoseok fechou os olhos com força sentindo o coração acelerar, temendo a resposta da garota. do outro lado da linha sorriu. Ela sabia que aquilo para Hoseok era difícil, então ficou feliz de vê-lo quebrar as paredes para que ela pudesse entrar. E ela estava tentando ao máximo não deixar ele se arrepender daquela escolha.
— Vamos! Que tal o arpoador?
— Pode ser! Vou indo e espero você lá na entrada do parque pode ser?
— Pode! Te vejo lá então!
Assim que os dois se avistaram, sorriram e foram de encontro um ao outro. segurou o rosto dele e depositou um selinho demorado nos lábios molhados dele que fechou os olhos durante o momento. Depois os dois começaram a pequena trilha que dava acesso à pedra do Arpoador. desde muito nova não simpatizava muito com trilhas, ela não levava muito jeito com aquele tipo de passeio, mas achou que seria legal ver o pôr do sol de lá, era espetacular, além de que os dois sempre que se viam em bares e etc, queria algo mais calmo. Hoseok ficava atento aos passos de , temendo que ela pudesse cair ou se machucar e todas as vezes que ela vacilava, lá estava as mãos ou braços dele a ajudando. Ela se divertia ouvindo a risada exagerada dele e hora ou outra ria também. Hoje ela não carregava nenhum blazer, somente usava a calça jeans flare e uma regata branca, o sol do Rio estava castigando, mas Hoseok sempre costumava levar uma blusa de frio com ele, porque andava de moto e preferia estar com a blusa caso sofresse algum acidente, a blusa poderia quem sabe amenizar possíveis ferimentos.
Assim que eles chegaram à pedra, vislumbraram a vista esplendorosa da orla do Leblon e de Ipanema.
— Uau! Eu já vim aqui tantas vezes, e me surpreendo em todas!
— É lindo! — virou levemente o rosto, encarando Hoseok.
O perfil dele era lindo! Pôs-se a admirar o maxilar desenhado dele e então sorriu.
— Vamos sentar?
Ele esticou a blusa frio no chão arenoso da pedra para que se sentasse sobre, mas ela não queria sujar a blusa do loiro de jeito nenhum e então ele insistiu brincando que iria embora caso ela não se sentasse e então ela se sentou imediatamente. Hoseok queria ter a oportunidade de ficar perto de , sentindo-a então se sentou atrás da mesma passando as pernas ao redor do corpo dela e então sentiu se encostar em seu peito. Hoseok passou os braços em volta do torso dela, a abraçando. Ele encostou o nariz no topo da cabeça de , cheirando o cabelo preto dela e voltou a se questionar: aquilo que ele sentia quando estava com ela era paixão? Aquela atração intensa quando pensava, lembrava ou estava com ela, aquela vontade absurda de estar sempre a tocando, aquele nervosismo intenso quando recebia mensagens dela, quando se falavam por videochamada ou pessoalmente, o coração dele palpitava quando olhava para o rosto dela, e acelerava quando ela sorria ou ria, e quando ela o tocava e beijava ele tinha a sensação que morreria quando se desgrudassem. Ele não sabia, mas tinha a plena certeza que amava estar com ela. E aquilo era muito estranho e novo para Hoseok, ele às vezes se assustava. Tinha medo que aquilo tudo acabasse repentinamente, que ela enjoasse, que ela se cansasse, ou que conhecesse alguém mais interessante e o deixasse de lado...
— Eu vinha muito a essas praias de cá com o meu pai! Quando eu era bem pequenininha! Me lembro que como a mão dele era muito grande para a minha, ele me dava o dedo indicador para que eu segurasse, e assim nós andávamos pela orla e depois íamos para o mar. Nunca me esqueço desse negócio do dedo. — sorriu saudosa.
— Faz pouco tempo, né?
— Faz! — ela engoliu seco, não queria chorar com Hoseok pelo mesmo motivo que havia chorado com Namjoon — E os seus pais? Eles são divorciados?
Os dois nunca haviam tocado naquele assunto. sabia que ele morava e cuidava do pai, já começando a ficar velho. Hoseok engoliu seco. Aquele era um território árido para ele.
— Vamos dizer que sim! — ele riu, sem graça.
subiu o olhar para o rosto dele, ajeitando o rosto para que conseguisse fazer isso.
— Como assim?
— A minha mãe abandonou a gente quando eu ainda tinha um ano! Eu nem me lembro dela! E bom, isso destruiu o meu pai de todas as formas possíveis! Ainda mais porque comigo ainda adolescente, ele ficou doente e não conseguiu mais trabalhar, e a gente passou bastante dificuldade e eu comecei a trabalhar informalmente bem cedo, para ajudar em casa, porque a aposentadoria dele demorou muito para sair.
Hoseok também olhou para ela.
— E desde então você nunca mais soube da sua mãe?
— Não! — ele balançou a cabeça em negativa — E foi muito difícil! Meu pai disse que ela apenas deixou um bilhete falando que estava indo embora porque aquela não era a vida dela.
Os olhos dele se encheram de água e depositou um beijo no queixo dele e se ajeitou nos braços dele, conseguindo ficar com o rosto perto do dele.
— Já tentou procurar por ela?
— Não quero! — ele balançou a cabeça veementemente — Ela me rejeitou, não tem porque eu ir atrás dela! Ela sequer se preocupou em como nós ficaríamos sem ela, em como o meu psicológico ficaria sem ter uma mãe. Ou como eu lidaria com a saudade, meu pai…
Hoseok engoliu o choro. Se recusava a chorar pela mãe naquela altura do campeonato. Havia anos que não falava sobre aquele assunto com alguém, que ele até havia se esquecido de como doía todas as lembranças ruins que aquilo desbloqueava.
— Eu sofri muito na escola! O pessoal pegava no meu pé, por ser o menino abandonado pela mãe! “Nem sua mãe te quis” e coisas do gênero, sabe?
sentiu o coração doer dentro do peito então envolveu o rosto dele com as mãos encostando a testa na dele. O beijou. Com delicadeza, e com a doçura que o momento pedia. Não queria vê-lo sofrer. Hoseok correspondeu ao beijo apertando a nuca dela.
— Você não merecia passar por essas coisas! Você é tão puro! — ela sussurrou para que somente ele ouvisse ainda com a testa encostada na dele — Você é diferente! E eu gosto disso! Agora tudo faz ainda mais sentido! Sua insegurança, sua timidez…
— E você ainda vai ficar? Aqui? — ele segurou a mão dela e levou até seu peito — Sou complicado demais pra alguém querer ficar perto por muito tempo.
percebeu que o coração dele batia rápido. Então ela voltou a beijá-lo, dessa vez com urgência segurando os cabelos dele. As mãos dele percorreram suas costas e cintura, então ele a apertou contra si. Agora o beijo era mais intenso e os dois nem se importaram com a presença de outras pessoas no local. O beijo só parou quando eles finalmente ansiavam por ar. Com as respirações levemente descompassadas, observou Hoseok, que tinha os olhos fechados.
— Vou ficar pelo tempo que você me permitir ficar!
— É que ninguém nunca olhou para mim do jeito que você me olha, — ele pausou, olhando-a de volta — na verdade, acho até que nunca ninguém olhou para mim.
— Hoseok — ela também pausou, ainda segurando o rosto dele — tô presa no teu campo gravitacional, cara. Não sei como eu saio daqui e nem quero sair.
depositou um selinho demorado nos lábios dele e o abraçou com força. Ela não entendia muito bem o que eles estavam tendo, mas queria ir com calma, para que nenhum dos dois saísse machucado dali. O que ela sabia é que estava envolvida demais para perdê-lo. Ao mesmo tempo que também se sentia presa ao que estava construindo aos poucos com Namjoon, em alguns momentos ela sentia que a cabeça daria um nó. O corpo dela reagia sempre com força aos dois homens. O coração dela acelerava com ambos, ela se sentia protegida com ambos, ela gargalhava de graça com ambos, os dois cuidavam dela. Naquele momento, ela não queria escolher. Mas e se em algum momento precisasse?
Os amigos escolheram uma mesa e então se sentaram, conversando sobre amenidades até que visualizou Namjoon caminhando até eles, e ela sorriu para o amigo, se levantando.
— Nam! Que bom que você veio!
Jimin que olhava o celular, travou o maxilar ao ouvir o apelido do rapaz e então o olhar dele subiu para o tal Namjoon que agora abraçava carinhosamente , chamando-a de “pequena”. Jimin sentiu a insegurança bater em sua porta, porque o homem era um tanto quanto alto e tinha os ombros largos. Ele umedeceu os lábios com a língua. Que audácia de chamá-lo para o bar com Jimin presente! Como ele era o próximo na cadeira, se levantou ficando frente a frente com o rapaz. Namjoon sorriu abertamente para ele e Jimin sentiu vontade de socar a cara bonita dele. Namjoon ergueu a mão na direção de Jimin, que apertou a mesma.
— Namjoon! — ele se apresentou.
— Jimin! — Jimin apertou firmemente a mão dele.
— Ele trabalha comigo e com a , Joonie! — gritou do outro lado da mesa — E é um dos meus melhores amigos!
Jimin lançou um olhar para ainda segurando a mão de Namjoon, e os dois sorriram um para o outro. Jimin gostava daquele título. Então quer dizer que também conhecia o tal Namjoon? E as duas tinham apelidos carinhosos para ele?
Assim que os dois soltaram as mãos, Namjoon deu duas batidinhas nas costas de Jimin ao passar por ele para ir de encontro à e a . O olhar de e Namjoon se encontrou e então Namjoon riu e viu ela rir de volta. Como o mundo era pequeno! Lá estavam os dois se encontrando de novo, e ela era amiga de e . Namjoon, cético que só, pensou se de fato seria o destino…
resolveu que era melhor fingir que não conhecia Namjoon, porque teria que explicar às amigas o contexto de tê-la encontrado, e aquilo incluia ter que contar tudo sobre Jin, bom, ela não queria ainda.
— Esse é o Namjoon, ! Amigo meu e da , sabe?
sentiu as bochechas corarem com o comentário de .
— Prazer, Namjoon! Queria muito te conhecer, você é muito falado! — ergueu a mão, esperando que ele entrasse no jogo dela.
Namjoon olhou para ao ouvir que era muito falado, e ela então desviou o olhar para o chão. Namjoon segurou a mão de .
— O prazer é todo meu, ! — ele piscou para ela, que agradeceu mentalmente.
Namjoon pensou que provavelmente ela não se lembrava muito bem dele, afinal de contas ela estava muito nervosa do dia que se conheceram. Depois de cumprimentar , Namjoon se dirigiu na direção de que já estava em pé. O olhar dele passeou pelo corpo dela dentro do vestido que ela usava. Ele segurou o rosto dela entre as mãos e tomou a liberdade de selar os lábios dela com os seus. Jimin, atento à cena, arregalou os olhos. Como assim? Ele pensou. Namjoon havia beijado levemente os lábios de e não os de ? E havia correspondido… Primeiramente Jimin levou o pensamento ao amigo… Hoseok sabia que saia com outras pessoas? Assim que Namjoon se sentou entre e , o olhar dele se cruzou com o de . Ela estava corada e Jimin balançou a cabeça positivamente para ela, como se dissesse a ela que ele não tinha nada a ver com aquilo, e de fato não tinha! Ela e o amigo estavam apenas se conhecendo e provavelmente também estava conhecendo o tal Namjoon. Ela era solteira e podia fazer o que bem entendesse de sua vida amorosa. Lógico que Jimin esperava que Hoseok não fosse magoado, mas também não queria magoada. Mas não podia negar o alívio que estava sentindo ao saber que Namjoon estava com e não com !
Assim que chegou no lugar e vislumbrou V acompanhando de um rapaz alto e uma garota que ficava baixinha no meio dos dois rapazes vestindo uma calça jeans e uma blusa de gola alta e mangas longas ela presumiu que aqueles poderiam ser ou o tal Jin, amigo de V ou o rolo da irmã dele um tal de JK e aquela seria com toda a certeza, a irmã de V! sentiu-se estranhamente nervosa em saber que conheceria tantas pessoas próximas e importantes para V. O que significava que ele confiava mesmo nela.
Se aproximou do pequeno grupo que estava de fora do bar, assim que V olhou para ela ele sorriu, erguendo os braços em sua direção. E então os dois se abraçaram por um longo período. Taehyung estava mais cheiroso que o habitual e então se lembrou do dia em que quase se beijaram.... Assim que os dois se largaram, , sem graça, deu um aceno com a mão na direção do grupo.
V então apresentou a irmã para . As duas se cumprimentaram com um beijo de na bochecha dela. ficou impressionada com o quanto os dois eram parecidos! Ela era igualmente bonita. Depois cumprimentou Seokjin, o então melhor amigo de V. Jin lançou um olhar cúmplice na direção de V, como se dissesse que pelo menos por enquanto ela estava aprovada, e V riu baixinho para ele. Passados alguns minutos Jungkook chegou, sendo apresentado para Jin e .
— Porque vocês escolheram esse lugar? Aqui é bem meia boca, viu? — JK se pronunciou.
— Jura? — questionou, olhando para trás dando uma rápida olhada no lugar.
— Todo munda fala bem daqui, achei que seria legal! — V deu de ombros.
— Não! E se a gente fosse para outro lugar? Bora pro Ruanita? Lá é bem mais animado e os drinks são os melhores da cidade!
Os cinco se olham entre si e então concordam em mudar de bar.
As cervejas acabam de ser depositadas sobre a mesa e rapidamente pegou a sua, dando um gole da mesma. Enquanto sentia a mesma descer por sua garganta ela vislumbrou a entrada do bar. Os olhos dela mal acreditavam no que ela via… Ele usava uma camisa social azul clara, bem larga no corpo e uma calça jeans de lavagem escura, e ria de algo que outro rapaz dizia. Era como se ela tivesse ouvido aquela risada bem perto de seu ouvido. Risada essa que ela ouviu durante uma semana seguida. Ele não havia mudado nada a não ser pelo cabelo agora maior. Seokjin.
Ao mesmo tempo que achava que aquela figura alta e linda adentrando o bar e se sentando em uma mesa alguns metros da dela, era somente uma miragem de sua mente perturbada, ela sabia que era perfeitamente possível que em algum momento ela o visse por aí, já que moravam na mesma cidade. A bebida voltou com tudo em sua garganta e ela acabou por cuspir a mesma em que agora estava sentada ao lado dela.
Todos os presentes na mesa observaram a cena, atentos e perguntou se a amiga estava bem e o que havia acontecido.
— Me engasguei! Tomei muito rápido! — ela respondeu enquanto tentava ajudar a amiga a se limpar — Me desculpa !
A amiga disse que não tinha problema, que aquelas coisas aconteciam mesmo e então ela voltou o olhar na direção dele, agora sentado de costas para ela. Agradeceu mentalmente ao Universo pela segunda vez na noite e pediu que ele não se virasse de forma nenhuma, implorou a Deus que ele não a visse em momento algum daquela noite. Ela não estava preparada para encarar os olhos negros dele, ou a cara de surpresa que ele faria ao vê-la depois de dois meses, especialmente se ele a olhasse com mágoa ou dor… A respiração dela estava descompassada, mas somente ela parecia perceber. Voltou a beber a cerveja. Os amigos agora chamavam a atenção dela para decidirem juntos o que pediriam para comer. E ela apenas ouvia as vozes do grupo como se eles estivessem distantes, ela só conseguia pensar que Seokjin estava ali, há poucos metros dela! apenas assentiu ao que os amigos falavam, e concordou com o que quer que fosse que eles haviam falado sobre uma porção qualquer.
Jin ria bastante enquanto e Jungkook contavam para ele sobre como eles se conheceram de fato e o acompanhava. V deu uma olhada pelo bar e então seu olhar se deteve na mesa de . Ele sorriu sem mostrar os dentes ao ver a garota que admirava ali! Seria ela mesmo? Que mundo pequeno! Será que seria de bom tom da parte dele ir até ela e pedir uma foto? Ele cutucou delicadamente.
— Está vendo aquela moça ali? — ele apontou discretamente na direção de .
— Sim! O que tem? — passou as mãos pelos cabelos dele, ajeitando-os.
— Ela faz umas lives bem maneiras de jogos online e eu curto muito o trabalho dela! Acha que peço uma foto, ou vou estar invadindo o espaço dela?
passou os olhos por e pela mesa dela, pensando já ter visto aquelas pessoas em algum lugar.
— Vai lá! Quando você vai ter outra oportunidade desta V? Pede uma foto sim!
Jin então pegou o celular que estava sobre a mesa e o desbloqueou, se esquecendo que o mesmo estava aberto no perfil de . Era a quinta vez só hoje que ele entrava lá, buscando coragem de mandar alguma coisa em sua DM. Mas ele estava com tanta raiva que tinha medo de acabar metendo os pés pelas mãos. Foi quando Taehyung se levantou ajeitando a camiseta que vestia e dizendo que já voltava.
— Vai aonde, doido? — Jin questionou virando o rosto para olhar o amigo de pé.
não conseguia desgrudar o olhar da mesa de Jin e quando viu um dos acompanhantes dele se levantando e conversando com ele, ela pensou que desmaiaria ali mesmo, e se ele a tivesse visto?
— Vou ali falar com a menina da live que assistimos naquele dia! Acredita que ela até aqui no bar? Quando vou ter outra oportunidade dessas? Vou pedir uma foto! — ele sorriu e então saiu da mesa.
Jin sentiu que o chão que ele apoiava os pés havia sumido. Como assim ela estava ali? V não brincaria com uma coisa dessas, afinal de contas ele admirava a garota! O destino estava agindo rápido demais, e Jin pensou que vomitaria. Resolveu não olhar para trás, não tinha coragem de encará-la. Era como se, vê-la, de fato tornasse toda aquela dor ainda mais real, e ele não estava conseguindo processar aquele banho de informações tão recentes. e começaram a conversar enquanto Jungkook mexia no celular. A cabeça de Jin rodava. sentiu a dela rodar também quando o amigo de Jin começou a caminhar na direção da mesa dela. Será que era Jin que havia mandado ele ali? abaixou a cabeça.
— Com licença? — V questionou já em pé na mesa de .
Os amigos que conversavam animadamente — menos — cessaram o assunto e olharam para Taehyung, que sorriu sem mostrar os dentes.
— ? — ele apontou para ela e os amigos então olharam para ela.
— Sim? — ela ergueu o rosto olhando nos olhos de Taehyung.
— Meu nome é Taehyung, e eu queria dizer que gosto muito do seu trabalho e que te acompanho desde o começo das suas lives na Twitch....
Os amigos de fizeram alguns barulhos, em comemoração e sentiu um peso enorme sair de suas costas.
— Pode tirar uma foto comigo? — ele ergueu uma sobrancelha.
sorriu aliviada, enquanto se levantava da mesa. Então era isso? Ele a conhecia devido às lives e era apenas um admirador? Então quer dizer que Jin não havia comentado nada dela? Será que ele ao menos se lembrava dela?
V entregou o celular a Jimin, que se ofereceu para tirar a foto enquanto brincava com o fato de não saber que era tão famosa assim, o que fez Taehyung e os amigos rirem, inclusive . Delicadamente passou um de seus braços pela cintura de Taehyung que fez a mesma coisa com ela e então a foto foi tirada. Logo Taehyung aproveitou a oportunidade para puxar assunto sobre alguns dos jogos da empresa onde trabalhava. Ela mesmo muito nervosa, e temendo que Jin pudesse olhar na direção deles a qualquer momento, deu atenção ao rapaz. Agora ele se despedia educamente dos amigos de , pedindo desculpas caso tivesse atrapalhado e então ao se despedir de ele usou o bordão que a mesma sempre usava ao encerrar suas lives.
— Se você quiser jogar comigo, é melhor conhecer bem o jogo. — e piscou para ela.
gargalhou alto com a forma descontraída de se despedir dela,e caramba ele realmente era fã das lives dela.
Jin ouviu a risada de ecoar pelo bar, e invadir seus ouvidos. Aquilo havia sido a gota d’água e ele então se virou na direção do som, encontrando jogando a cabeça para trás rindo de algo que o melhor amigo dele falava. Sentiu o sangue ferver dentro das veias. Então ela estava feliz? Durante todos esses dois meses ele mal conseguia trabalhar enquanto ela gargalhava ali tranquilamente, sem um pingo de remorso?
Num rompante, como se algo maior o tivesse forçado a fazê-lo, ele se levantou e caminhou cegamente em direção aos dois, deixando , Jungkook e sem entender.
— Muito prazer! Meu nome é Seokjin, e o seu, qual é mesmo? — ele interrompeu bruscamente a despedida entre e o melhor amigo erguendo a mão na direção da garota — O verdadeiro se possível, dessa vez! Já que você é uma mentirosa!
engoliu seco, finalmente encarando Seokjin ali parado em sua frente. O rosto dele estava vermelho e ele havia falado tudo muito rápido. A mão dele continuava ali erguida. sentiu o corpo todo arder. E os olhos dela marejaram pesadamente. A cabeça de Jin continuava rodando e o peito dele doía miseravelmente.
V olhava do amigo para , sem entender nada, com os olhos arregalados, e os amigos de estavam em silêncio, tentando entender.
— Com licença, eu vou ao banheiro. — virou-se esbarrando as costas na mão erguida de Jin.
No caminho para o banheiro ela deixou duas lágrimas teimosas descerem bochechas abaixo. Jin bufou enquanto se apressava para segui-la mas foi impedido por Namjoon, que o segurou nos ombros, empurrando Jin para trás.
— Calma ai fera! — Jimin também se levantou ficando ao lado de Namjoon pronto para ajudar se fosse necessário alguma intervenção.
— Não cara! Eu preciso conversar com ela, eu não posso deixar que ela fuja outra vez de mim!
— Então você vai esperar ela voltar do banheiro e ver se ela aceita conversar com você! — Namjoon cruzou os braços abaixo do peito, preocupado.
— Exatamente! Mas desse jeito escroto não! — Jimin complementou.
e já estavam em pé e caminhavam em direção ao banheiro atrás da amiga, que jogava um tanto bom de água no rosto e nuca. Era uma tentativa chula de se acalmar, sabia que seria em vão.
— É ele o rapaz que você se apaixonou durante a viagem ? — questionou enquanto acariciava as costas da amiga.
apenas assentiu que sim para a amiga, voltando a marejar os olhos.
— E porque ele falou com você daquele jeito? Ele te chamou de mentirosa, !
tinha o semblante bem sério enquanto aguardava a resposta amiga. passou as mãos pelo rosto, e bufou.
— Eu posso explicar depois? Agora preciso conversar com ele, não posso mais fugir disso!
Assim que as três voltaram do banheiro, elas encararam Taehyung, Jimin, Jin e Namjoon esperando que elas voltassem do banheiro. Jin mordia os lábios impaciente enquanto os outros três encaravam as garotas, bem sérios.
— A gente pode conversar, Seokjin?
— Por favor! Eu estou esperando isso há dois meses!
Namjoon trocou um olhar com Jimin. Enquanto isso , Jungkook e encaravam toda a cena da mesa deles, sem entender nada, eles apenas olhavam a cena e se olhavam.
— Vocês podem conversar em algum lugar diante das nossas vistas, por favor? — Namjoon pediu enquanto segurava os ombros de , com receio do rapaz.
— Pode ficar tranquilo cara! Eu não vou fazer nada com ela!
Os dois se encararam e pediu que Namjoon se acalmasse, mas garantiu a ele que sim, eles conversariam a vista de todos. V então retorna para sua mesa, atônito.
— Que que tá rolando Tae? — perguntou com os olhos arregalados.
— Eu também não estou sabendo direito, tô sem entender nada! Mas preciso ficar de olhos nos dois!
chegou primeiro ao estacionamento e na defensiva cruzou os braços abaixo dos seios, sem ter coragem de encarar Jin assim que ouviu os passos dele chegando no estacionamento.
— Posso te perguntar uma coisa?
Ele se aproximou mais um pouco sentindo o coração pular no peito como se fosse a bateria de uma escola de samba.
— Claro...
— Foi fácil?
finalmente teve coragem de se virar, encarando Jin realmente de perto pela primeira vez em dois meses. Ele estava ainda mais bonito. Sentiu vontade de tocar o rosto dele. O coração dela, que estava começando a se recuperar, quebrou-se em mil pedaços outra vez.
— O que foi fácil?
— Me deixar! Como se não fossemos nada, como se eu não fosse nada pra você. O que eu devia fazer sem você? Eu fiquei preso em um limbo de “tarde demais para catar os pedaços e cedo demais para me desfazer deles,” você ao menos se sentiu abatida assim como eu? Ver seu rosto agora faz meu corpo doer, e aparentemente isso não vai me deixar em paz tão cedo!
Agora os olhos de Jin estavam começando a marejar. O coração ainda batia fora de controle dentro do peito dele.
— Você acha que foi fácil? Você tem noção de como foi a minha vida depois daquela noite? Você sabe o que eu passei ou o que eu fiz depois daquela semana?
engoliu seco, sentindo um nó começar a se formar na garganta. Vê-lo, ali, parado em sua frente, não parecia real.
— Não, eu não sei, porque você me abandonou como um brinquedo velho num canto qualquer que não tinha mais graça pra você!
Aquilo atingiu como se fosse um grande soco no estômago, era quase físico o que ela sentia com as palavras dele a atravessando.
— Jin, tudo que eu fiz no dia seguinte daquele adeus foi deitar na cama e chorar, e eu passei provavelmente uma semana presa num quarto de hotel sem ter forças pra sair e viver minha vida! Tudo que tinha na minha mente eram meus momentos com você. Mas depois de um mês eu comecei a seguir em frente e depois de dois meses, eu me senti bem a ponto de voltar pra casa, pra minha família, amigos e minha vida normal, a vida da que você não conhece, e eu cheguei a considerar que depois de uns três meses você estaria fora da minha mente e que em quatro ou cinco meses eu provavelmente estaria vivendo minha vida,que eu estaria melhor e não teria que tentar não pensar em você! Até que você apareceu hoje me tratando como se eu nem me lembrasse de tudo que a gente viveu!
Jin fechou os olhos, deixou que duas lágrimas teimosas descessem e então ele as limpou rapidamente. Não queria chorar na frente de .
— Você nem sequer foi capaz de me dizer seu verdadeiro nome, o verdadeiro local que você estava hospedada, foi cruel! — ele aumentou o tom de voz um pouco — Você podia ter ao menos mandado uma mensagem dizendo que eu não signifiquei nada pra você, que pelo menos você teria me libertado desse calabouço que você me trancou! Durante todo esse tempo eu me senti como se estivesse me afogando, tive dificuldade para dormir, sonhos inquietos, você esteve sempre nos meus pensamentos, sempre. E eu me perguntei de verdade se você realmente ao menos se lembrava de tudo que vivemos pelo menos na última noite!
balançou a cabeça em negativa, incrédula com o que Jin acabara de afirmar. Que imagem era aquela que havia ficado dentro dele?
— Se eu me lembro? — fechou os olhos — Nós saímos para jantar, o restaurante se chamava Mangai, você usava uma camisa social azul claro e um paletó de cor palha, eu cheguei mais ou menos 10 minutos atrasada e você já estava lá com a carta de vinhos em mãos, então eu sugeri que escolhêssemos primeiro os pratos e pedíssemos ajuda ao maître para escolher o vinho. Nós pedimos um escondidinho e antes do maître chegar até a gente, você me entregou um papel com seu telefone, endereço e o endereço e data da sua exposição, e você me pediu pra prometer que eu te procuraria, que nosso lance não acabaria lá! E sabe o que eu estava pronta pra dizer, Jin? Eu ia te dizer que não podia prometer nada, sem qualquer destino ou garantia, que minha única promessa seria que aquela noite, seria a melhor das nossas vidas, mas o maître nos interrompeu, e de novo eu perdi a coragem de falar. Nós tomamos um Muscadet branco, depois do jantar nós dividimos uma sobremesa gelada e então demos nosso primeiro beijo da noite. Ao sairmos de lá, nós caminhamos juntos e você disse que tinha programado uma surpresa, então nós fomos ao parque de diversões da cidade e aquele gesto me tocou muito, porque você se lembrou que eu queria ir, e porque é um tipo de local importante pra mim, que me traz lembranças e nós nos beijamos de novo em frente ao parque, eu me emocionei, você me perguntou se estava tudo bem, nós fomos a vários brinquedos do parque, e por último nós passamos naquelas máquinas de bichinhos de pelúcia, — ela umedeceu os lábios com a língua.
E então continuou:
— E você não conseguiu pegar um pra mim, mas eu consegui pegar o que você queria pra você e você me disse que iria com ele na mão durante o voo, pra pensar em mim! Eu achei que a noite acabaria ali, e você disse que não, então começamos a caminhar de novo, a caminho do hotel dessa vez, e aí paramos numa feirinha de rua, compramos lembrancinhas para nossos amigos, e você me deu isso — puxou a manga da blusa de malha fina que ela usava abrindo os olhos por alguns instantes, mostrando que ainda usava a pulseira, voltando a fechar os olhos em seguida — Você disse que era pra eu não esquecer de você, e quer saber Seokjin? De fato eu não esqueci nem um minuto, e não tirei essa maldita pulseira para absolutamente nada! Era como se isso fosse nossa única ligação ainda existente! Mas voltando a nossa última noite: nós chegamos ao local, se chamava Reserva Madero, nós ficamos na cobertura, você decorou todo o quarto para uma noite romântica, e então nós fizemos amor, transamos, ou como você se referiu aquele dia, fudemos, foi essa a palavra que você usou né? E depois você me contou dos seus sonhos que você tinha comigo sem nem me conhecer, e às duas e meia da manhã começou a chover, nós subimos para a área aberta da cobertura e nos beijamos debaixo da chuva porque tínhamos comentado que queríamos fazer isso juntos! Ficamos um tempo na chuva e finalmente descemos pra dormir, você me pediu pra te acordar porque tem o sono pesado, e você tem mesmo, porque nem sequer me ouviu chorar até que eu pegasse no sono, — ela soltou uma risada nasalada.
Pausou por alguns segundos e seguiu:
— E eu saí bem cedo Jin, queria que nosso adeus fossem só com as coisas boas que vivemos, não queria ter que acabar com todas as mentiras ali e te causar algum sofrimento! E eu corri tão rápido que podia sentir o vento no meu rosto secando meu choro tão envergonhado, eu quis te contar Jin, eu quis te contar tantas vezes, mas eu perdi o time!
voltou a abrir os olhos e retirou um papel de dentro da bolsa, se aproximou de Jin, ficando próxima o suficiente para lhe jogar o papel no peito. O papel em questão era o mesmo que Jin havia entregado à ela ainda no restaurante com os endereços e seu telefone. Ela ainda guardava aquilo? Jin sentiu a cabeça doer, de confusão. Porque? Ele lia o papel como se não soubesse muito bem o que estava escrito ali.
— Eu carreguei esse papel comigo durante todo esse tempo, e quer saber? Na verdade ele é inútil, porque eu já decorei tudo que está escrito aí! Eu já salvei seu telefone e tentei mandar mensagem diversas vezes desde que cheguei nessa maldita cidade, eu fui até sua exposição, você não estava, mas adivinha só? Eu vi um quadro que se parecia muito comigo, e eu tirei uma foto com ele — retira o celular da bolsa, desbloqueia o mesmo e procura pela foto, rapidamente a encontrando e colocando o celular próximo ao rosto de Jin que não esboçava reação nenhuma — Eu já fui até a porta do seu prédio, e não tive coragem de descer e te procurar, como eu faria isso? Como eu chegaria até você e me apresentaria, te diria toda a verdade e destruiria todas as lembranças boas que você tinha de mim? E você ainda tem a coragem de me perguntar se eu me lembro? Um dia depois de eu ter desaparecido da sua vida, eu estava quebrada pela segunda vez, e eu orei tanto no terceiro dia para que eu ficasse bem! Para que eu me esquecesse que você um dia foi meu, eu acho que você não percebe o quanto eu tive que lutar pra viver a minha vida, pra ficar melhor e não ter que tentar não pensar em você Jin!
Ele passou as mãos pelos cabelos, atônito com todas aquelas informações expostas à ele ao mesmo tempo. Completamente atônito.
— Então me explica, qual o motivo da sua viagem, por que tanto tempo fora? Por que não podia me falar seu nome ou qualquer outra verdade sobre você?
Ele queria ouvir da boca dela que tudo aquilo havia acontecido para superar o tal namorado que ele achava que ela tinha, ou teve.
— Eu precisava me encontrar Jin, precisava me encontrar e aceitar uma perda muito dolorosa pra mim!
Bingo! Ele pensou.
— Todo esse sofrimento e manipulação comigo por que você terminou a porra de um namoro? Era essa a perda dolorosa?
Jin voltou a encher os olhos d’água. Aquilo estava doendo pra porra.
— Do que você tá falando? — ergueu uma sobrancelha, o semblante dela agora estava confuso.
— Eu achei seu instagram, ! — ele retirou o celular do bolso, tremendo, desbloqueou o mesmo — E caramba! Como é estranho te chamar por outro nome que não seja Olivia. Você e esse seu nome falso me assombraram por tanto tempo! Foi porque esse babaca terminou com você que você precisou acabar com a vida de outra pessoa pra se sentir melhor?
Foi a vez de Jin erguer o celular na altura dos olhos de , mostrando à ela a foto dela e de Mário abraçados, na praia com a legenda: “Amor da minha vida todinha”.
Aquela foto bateu forte em , que não segurou as lágrimas, liberando-as todas de uma vez, tapando o rosto com as mãos. Jin havia entendido tudo errado, e para piorar estava a quebrando em mil pedaços. Um relâmpago pode ser ouvido, e logo a chuva caiu pesadamente do céu. Que nem quando eles se beijaram pela última vez...
Assim que conseguiu tirar as mãos do rosto, já completamente molhado pelas lágrimas. sentiu tanta raiva que empurrou Jin para trás com as mãos espalmadas em seu peito, e depois o estapeou no mesmo lugar diversas vezes enquanto contava:
— Você acha mesmo que eu precisaria de tanto assim pra superar um namoro? Esse cara é meu irmão, e ele tá morto agora! Ele morreu uma semana antes do dia em que eu te conheci, era essa a perda que eu precisava superar! Meu irmão tinha sua idade, e ele de fato era o amor da minha vida, não fale coisas que você não sabe Jin.
Jin a segurou pelos pulsos, já deixando também as lágrimas escorrerem pelo rosto, se misturando à chuva pesada que caía. Os amigos, vislumbravam toda a cena na porta do restaurante, sem saber como agir, preocupados com a cena e especialmente com os dois amigos daquele jeito debaixo da chuva.
Ele afastou de si empurrando-a delicadamente pela cintura, mas ela ainda o batia e Jin, só sabia chorar. Assim que ela se acalmou um pouco cessando os tapas, ela segurou a cintura dele. Ainda chorando.
— Se você tivesse me dito a verdade , não estaríamos passando por isso! Você vai me enlouquecer! — Jin virou-se de costas para ela, cortando o pouco contato físico das mãos de em sua cintura enquanto passava freneticamente as mãos pelos cabelos — Porque mesmo depois de descobrir suas mentiras, por mais que eu não tivesse mais nada para me agarrar, porque bem, você voltou não é? Você tinha como me procurar, mas não fez porque não quis, você supôs que eu não te perdoaria, e nem sequer tentou, e eu continuei chamando seu nome nos meus sonhos, e você continuou nos meus pensamentos, sempre!
Jin voltou a ficar de frente a que nesse momento tentava em vão limpar as lágrimas. Os dois já estavam encharcados pela chuva, e Jin sentia que o coração havia diminuído dentro do peito, tamanha a dor daquele momento. Tudo que ele mais quis durante um mês e meio foi encontrá-la! Mas agora, aquilo doía tanto que ele desejou nunca tê-la reencontrado.
— Eu já tinha te magoado o suficiente, não queria te magoar mais ainda! Achei que com o tempo você se esqueceria de tudo e viveria bem!
— As rachaduras não vão se consertar , e as cicatrizes não irão desaparecer! — ele apontou para o próprio peito — Acho que eu só deveria me acostumar com isso! Nós éramos apenas dois estranhos na praia, mas depois dessa conversa, me diz, qual é a diferença entre o antes e o agora?
Jin a segurou pelos ombros, sacudindo-a levemente enquanto ambos se desmanchavam em lágrimas. As mãos dele desceram por seus braços, parando em um de seus pulsos. Ele ergueu a manga da blusa que ela usava, encarando a pulseira que havia dado à ela. O peito dele doía tanto e ele estava com tanta raiva de tudo aquilo. Não estava raciocinando direito, então ele arrebentou a pulseira do pulso de , fazendo o mesmo com a própria pulseira segundos depois. sentiu como se todas aquelas miçangas espalhando-se pelo chão fossem os pedaços de seu próprio coração. E então ele foi embora.
se agachou no chão, no meio ao caos da chuva que parecia estar ainda mais forte enquanto em vão, pegava cada miçanga, como se a vida dela dependesse daquilo. As amigas não pensaram duas vezes, e foram logo atrás de .
Namjoon tentou impedir as mesmas, mas não conseguiu. V ligava para o amigo sob o olhar atento de e JK, atônitos com tudo que haviam acabado de presenciar.
As amigas se ajoelharam ao redor de e passava as mãos nas costas da mesma , também atônita com a situação e um pouco em choque com a intensidade dos acontecimentos, apenas ajudava a amiga com as miçangas.
Namjoon, um tanto quanto desesperado, pegou um dos guarda-sois do bar, das mesas disponíveis do lado de fora e então foi em direção às três, tapando-as da chuva com o guarda-sol e então caminhando com as mesmas de volta para o restaurante em segurança.
Jimin arrancou a blusa de frio que ele vestia e cobriu os ombros encharcados de já que ela estava bem mais molhada que as meninas, temendo que a mesma se resfriasse. E então Namjoon guiou para que ela se sentasse.
A amiga estava aos prantos ainda, encarando as miçangas nas mãos, com o choro preso na garganta por dois meses rolando solto pelo rosto.
e se olhavam, tentando entender tudo aquilo. E quando soltou as miçangas sobre a mesa levando as mãos sobre o rosto para abafar o choro, Namjoon colocou uma das mãos sobre o ombro dela.
— É a segunda vez que nós nos encontramos e consequentemente é a segunda vez que te vejo desse jeito! Provavelmente deve ser o mesmo motivo de ambas as vezes. Você precisa conversar sobre isso com alguém! Isso deve estar te sufocando! Se não está, ainda vai!
— Como assim? Segunda vez? — segurou o braço de Namjoon sem entender nada, assim como e Jimin.
— Nos encontramos numa padaria esses dias e ela estava basicamente desse mesmo jeito!
levou a mão até a boca, balançando a cabeça em negativa.
— Vamos embora amiga! Vamos lá para casa! Você não pode ficar sozinha nesse estado! Nós não vamos deixar, não é ? — assentiu para .
Enquanto isso, Taehyung tentava falar com Jin, mas ele continuava não atendendo. e Jungkook ainda tinham os olhos arregalados encarando V. se levantou e segurou Taehyung pelos ombros, cessando o movimento de andar de um lado para o outro que ele fazia.
— Calma V! — ela segurou o rosto dele e então o abraçou.
— Gente, me desculpa! — ele apertou a cintura de com força — Mas eu tenho que ir atrás dele! Ele não deve ter ido muito longe com essa chuva! Não posso deixar meu amigo sozinho transtornado daquele jeito!
e ele se soltaram. E ele sussurrou um “desculpa !”
— Não! Você sempre me pedindo desculpas sem necessidade! Vai atrás do seu amigo! Ele deve tá precisando de você! Não se preocupe com a gente! Eu vou para casa! Me dê notícias de vocês dois, por favor? — Taehyung assentiu e beijou a testa dela.
Se despediu da irmã e de JK, também pediu que ele desse notícias. Antes de sair ele vislumbrou sendo amparada pelos amigos. Que porra era aquela?
Caminhou durante quinze ou vinte minutos, com a chuva agora sendo apenas um chuvisco de verão, e então achou o amigo, em pé na areia da praia, em frente ao mar. V se aproximou do amigo em silêncio.
— Graças a Deus te achei! — ele suspirou aliviado.
As lágrimas ainda escorriam pelo rosto vermelho de Seokjin. Taehyung se colocou ao lado do amigo e passou um dos braços em volta do pescoço dele.
— Consegue me contar o que aconteceu?
Jin assentiu, limpando as lágrimas teimosas e então contou tudo para o amigo, desde o começo até o episódio do bar. Com todos os detalhes possíveis. Taehyung sentiu a dor do amigo em cada palavra.
— Ela prometeu coisas que sabia que não seria capaz de cumprir. Tirou meus pés do chão, sabendo que me deixaria cair. — e então ele voltou a chorar.
V com os olhos também marejados, puxou o amigo para um abraço. No momento, era tudo o que ele podia fazer.
— Alô? — ouviu a voz rouca e sonolenta dela do outro lado da linha e o coração dele acalmou as batidas — Suga?
se sentou na cama abrindo lentamente os olhos. Ultimamente ela só recebia ligações de Suga e raramente da mãe. Provavelmente não seria a mãe, a uma hora daquelas, afinal de contas já eram nove e tanta da noite e a mãe estaria dormindo já que dormia com as galinhas. Então a única pessoa possível, era Suga.
— Te acordei, né? Me desculpa! — Ele tragou longamente a fumaça do cigarro para dentro dos pulmões.
— Eu dormi sem nem ver que tinha dormido! Estava lendo um livro aqui e acabei pegando no sono! O que foi?
— Eu fiquei preocupado porque você não me respondeu, então resolvi ligar! Desculpe mesmo! Você deve estar cansada, trabalhou o dia todo…
sorriu. Odiava a si mesma quando ele fazia aquelas coisas, porque ela ficava achando-o homem mais fofo do mundo, e aquilo não era certo!
— Imagina! Me desculpe por ter sumido! Eu me distraí lendo e depois acabei dormindo, não quis te preocupar.
Suga sorriu do outro lado da linha e logo em seguida balançou a cabeça se desfazendo do sorriso.
— Então está tudo bem? Você comeu?
— Ainda não! Vou tomar um outro banho, porque acabei suando e vou preparar algo pra mim! saiu com alguns amigos, então estou sozinha! Na verdade acho que talvez eu peça algo, não sei se compensa eu cozinhar só para mim!
Quando percebeu que na verdade havia pensado alto, levou a mão à boca, tapando a mesma.
— Eu levo para você! — Suga deu uma última tragada no cigarro e então o apagou no cinzeiro.
Ele se espreguiçou e então entrou no apartamento fechando a porta que dava para a pequena sacada.
— O que? Comida? Não Yoongi! — ela falou seriamente — Não precisa! Eu só pensei alto! Pode ficar tranquilo que eu peço daqui ou até preparo mesmo. Au! — Ela soltou voltando a sentir a mesma cólica que sentiu na parte da manhã.
Sentiu bastante o incômodo das cólicas durante todo o período da manhã, mas ela havia lido que era normal no começo da gestação, então não quis preocupar ninguém à toa.
— O que foi? — Yoongi correu pro quarto abrindo o guarda-roupas.
— Nada! Só uma cólica chata que já já passa!
— ! — ele exclamou enquanto pegava uma calça jeans — Você quer ir ao pronto socorro?
gargalhou enquanto passava uma das mãos pelos olhos, esfregando— os.
— É normal bobinho! No começo da gestação é normal essas cólicas! Vou comprar um remédio e aí vai passar! Não pira Yoongi!
— Em trinta minutos eu to ai! Com comida e o remédio, me manda o nome no whatsapp! Me manda agora! E me espera chegar para tomar banho! Rapidinho tô aí!
E ele desligou deixando escutando apenas o barulho da linha. Porque ele tinha que fazer essas coisas? não podia e não queria se apaixonar por ele…
Se levantou da cama, espreguiçou o corpo com dificuldade devido às pontadas da cólica e então mandou o nome do remédio para Suga, ela resolveu que tomaria sim o banho, bem rapidamente afinal de contas nada aconteceria, era só uma cólica e Yoongi ainda demoraria um pouco, ela estava pregando e não gostava daquela sensação. Ligou para a portaria dizendo que caso o rapaz chegasse ele estaria liberado para subir.
Durante o banho, a mente de ficava repassando algumas memórias com Suga. As mensagens que trocavam, as ligações, a preocupação dele, o zelo para com ela. Todos os dias… fechou os olhos enquanto lavava o cabelo e o esfregava como se pudesse tirar as lembranças lá de dentro. Não podia ficar pensando nele! Era tudo pelo bebê, apenas pelo bebê…
Vestiu uma camiseta branca larga que usava sempre como pijama com a estampa de uma banda qualquer e um short de malha curto. Penteou os cabelos molhados e foi para a sala. Ligou a TV e a deixou ligada em um canal qualquer. Foi até a cozinha e tomou um belo copo de água sentindo a cólica a incomodar de novo. Até que ouviu a campainha soar. O coração dela deu um salto, ele havia chegado. Tentou acalmar o coração dentro do peito enquanto caminhava da cozinha até a porta do apartamento, repetindo para si mesma: “é pelo bebê , apenas pelo bebê…”
Abriu a porta e lá estava ele: uma camiseta de malha de mangas longas, uma calça jeans skinny como as que ele sempre usava — pelo menos nas vezes em que eles haviam se visto — usava uma faixa no cabelo ainda acinzentado e ele sorria, mostrando os dentes e gengiva. Suga segurava uma sacola grande com alguma bebida lá dentro e uma sacola menor com alguns itens dentro e na outra mão uma caixa de isopor que cheirava maravilhosamente bem. O estômago de roncou, baixo para sua sorte. Como ele era lindo, ela praguejou mentalmente.
— Entra! — ela deu espaço para que ele assim o fizesse.
Já dentro do apartamento ele andou até a pequena cozinha do apartamento e então colocou as sacolas sobre a mesa que havia lá.
— Tá bem quente! Você come risoto? — ele sacudiu a mão no ar enquanto ria.
— Como sim! Não precisava mesmo ter se preocupado com isso! — ela balançou a cabeça — Eu ia me alimentar!
— Eu me preocupo com você! E com o bebê, é claro!
— Claro! Com o bebê! — ela balançou a cabeça em afirmativa, mais para si mesma do que para ele — Mas eu tô me cuidando! Você sabe!
— Sei! Claro que sei! — ele se aproximou dela — Não quis dizer o contrário! Só quis dizer que mesmo assim, eu me preocupo com vocês!
Suga passou a língua pelo lábio, deixando- a lá. E então ele ergueu a mão levando- a até a barriga de e encostando a mesma lá.
— Eu posso? — a língua dele voltou a umedecer os lábios.
sentiu os olhos marejarem com o gesto e então ela assentiu, fechando os olhos. Suga acariciou com leveza a barriga já começando a ficar protuberante de . Os olhos dele acompanhavam os movimentos que ele fazia com a mão. Suga sentiu o coração dele acelerar embaixo da blusa, ele segurou a cintura de com uma das mãos para sustentar o toque e então depois de acariciar o local ele deixou a mão lá por um tempo. sentia a pele ferver onde a mão dele estava depositada e então se atreveu a colocar a mão sobre a de Suga. Os dois se olharam.
— Você vai ser um pai maravilhoso! Sua mãe deve estar orgulhosa agora.
Suga baixou a cabeça com o comentário e sentiu a vontade de chorar vir. Engoliu o choro e voltou a acariciar a barriga dela.
— Você também vai ser maravilhosa! E vai calar a boca dos seus pais!
retirou a mão dela da dele e sorriu abertamente ao ouvir o que ele falara.
— Vamos comer? Você deve tá com fome! Bom, eu to!
Ele tirou lentamente a mão da barriga dela e pegou dentro do armário dois pratos e os talheres, passou uma água por eles para tirar a poeira e os enxugou, assim que ela os colocou sobre a mesa sentiu uma forte pontada da cólica a atingir então levou a mão na barriga soltando um muxoxo baixo.
Suga se aproximou dela segurando sua cintura outra vez, assim que subiu o olhar e ajeitou a postura o rosto dos dois estava colado. sentiu a respiração dele começar a ficar descompassada enquanto a dela também. Fazia muito tempo que os dois não ficavam próximos daquele jeito desde quando transaram na noite em que se conheceram no bar favorito dela. E bom, eles nem se lembravam direito de como havia sido aquilo, portanto todo e qualquer toque ou contato era novo para os dois. sentiu a cabeça girar e mais uma pontada a atingir. Segurou os ombros dele com as duas mãos.
— Você trouxe o remédio? — Ela perguntou com a boca pŕoxima a dele.
— Trouxe! Trouxe o que você falou para a cólica e trouxe mais alguns outros para dor de cabeça, dor muscular e seus enjoos. Vou pegar, aguenta aí!
Ele esticou o braço agarrando a sacola com os remédios que estavam sobre a mesa e então pegou o tal remédio para a cólica entregando a embalagem para ela, que abriu o mesmo. Então ela foi até a geladeira sob o olhar atento de Suga e tomou o remédio. fechou os olhos após sentir o comprimido descer pela garganta e mais algumas pontadas.
— Você tem certeza que não quer ir ao pronto socorro? Para aproveitar que eu to aqui?
balançou a cabeça em negativa e então começou a enxugar os pratos assim que voltou para a mesa. Suga a interrompeu.
— Senta lá no sofá que eu ajeito aqui, nos sirvo e levo lá para gente! Não fica se esforçando não!
resolveu que não discutiria com Suga, então foi. Sentou— se no sofá escorando a cabeça no encosto e fechando os olhos e colocando as mãos sobre a barriga. Suga então enxugou os pratos e talheres e então serviu o risoto nos pratos, depois ele questionou onde ficavam os copos e ainda com a cabeça escorada no encosto deu as instruções de onde eles ficavam. Depois de alguns poucos minutos, Suga adentrou a sala com os dois pratos nas mãos, andando cuidadosamente até a mesa de centro. Depositou os pratos ali e então voltou para a cozinha buscando os copos. Sentou- se ao lado de no sofá puxando a mesinha de centro para mais perto deles. abriu os olhos e mirou Suga, perto demais dela… Respirou fundo e voltou a fechar os olhos enquanto sentia as cólicas. Suga umedeceu os lábios com a língua e desceu o olhar para a boca rosada dela. Subiu para os olhos fechados dela, observou o piercing delicado no nariz dela, depois voltou a olhar a boca da garota. Suga sentiu a boca seca e então ele aproximou a testa da dela, colando ainda mais o rosto dos dois. se assustou com a investida dele, mas não recuou e então sentiu os lábios dele encostarem— se aos seus. Ela engoliu seco mas não conseguiu reagir, seu corpo a estava traindo. deixou que ele a beijasse. Abriu a boca dando passagem para a língua quente dele encostar— se a sua. As mãos dele seguraram seu rosto inclinando o rosto dela para a direita, enquanto o dele ia para a esquerda.
não se lembrava do gosto dele, mas porra, como era bom! O beijo dele era suave e selvagem ao mesmo tempo, ele tinha gosto de menta e cigarro, mas o de menta sobressaia e deixava maluca. As mãos dela repousaram sobre as pernas dele e ela apertou as mesmas sobre o tecido fino da calça jeans que ele usava. Suga mordiscou o lábio superior dela enquanto aproveitava para respirar. Ele não sabia o porque estava fazendo aquilo, só sabia que queria muito e que estava gostando.
Voltou a beijar os lábios dela enquanto acariciava uma de suas bochechas com o polegar. Assim que a boca dos dois se soltou, abriu os olhos encontrando Suga ainda com os dele fechados. Ela raspou a garganta enquanto tentava trazer sua mente de volta ao corpo. Suga abriu os olhos, enquanto respirava rapidamente.
— Me desculpa! — ele pediu — Eu não devia ter feito isso! Me desculpa!
passou as mãos pelo rosto, ainda confusa. Depois olhou para Suga.
— Tudo bem! Vamos esquecer isso! — Ela engoliu seco.
Suga assentiu com a cabeça à mil e então eles se posicionaram no sofá voltando a ficar de frente para a TV e para a mesa, mas com a lateral das pernas encostadas uma na outra.
— Vamos comer! Se não esfria! — ele comentou e assentiu.
Os dois comeram em silêncio. Ambos ainda pensavam no que acabara de acontecer e quis chorar. Não podia se apaixonar! Não por ele! Suga tinha a cabeça confusa como um tornado com todas as sensações que ela estava despertando nele, nem Charlotte havia o deixado daquele jeito. Ele não podia se apaixonar! Não era momento para aquilo e não fazia sentido! Para ele as coisas tinham que fazer sentido e aquilo não estava fazendo.
Assim que eles acabaram de comer e beber, se levantou fazendo com que ele automaticamente se levantasse.
— Por favor, deixa que eu cuido disso!
o encarou pela primeira vez depois do beijo, e por incrível que pareça, ela se sentiu em paz.
— Eu to melhorando Yoongi! Pode deixar que eu lavo.
— Não! — ele balançou a cabeça — Senta! Eu cuido disso!
Suga pegou o prato das mãos dela, juntou com o seu e então foi para a cozinha, começando a lavar os mesmo enquanto a cabeça passeava pelo beijo trocado pelos dois. Porque ele havia feito aquilo? E porque diabos havia sido tão bom? O coração dele batia forte e rápido dentro do peito.
Ele sentiu a presença de na cozinha quando ela parou ao seu lado depositando os copos sobre a pia. Os dois voltaram a se olhar.
— Pode colocar ai em cima desse pano que enxuga depois tá bom? — Yoongi assentiu, piscando um olho para ela.
Assim que ele acabou de arrumar as coisas, ele voltou para a sala, se sentando outra vez ao lado dela. Voltou a olhar a pequena barriga dela, queria colocar a mão sobre ela novamente mas teve receio. como se lesse seus pensamentos segurou a mão dele com força antes de colocá- la sobre a mesma. Yoongi sorriu sem mostrar os dentes, mas genuinamente.
— Você acha que é menino ou menina? — ela perguntou sorridente.
Yoongi começou a acariciar a barriguinha dela.
— Não sei! Não tenho feeling para essas coisas. — ele deu de ombros enquanto ria — E você? Dizem que as mães sentem, essas coisas…
— Acho que é menina! — colocou a mão sobre a dele.
— Acha, ou você prefere? — ele ergueu a sobrancelha com um sorriso divertido nos lábios.
— Que absurdo! — gargalhou jogando a cabeça para trás — Como você pode supor uma coisa dessas de mim? É a mesma coisa de eu falar que tenho certeza que você prefere que seja menino só porque você é homem! Suga!
Ela se fingiu ofendida e foi a vez de Suga gargalhar.
— Mas eu não disse isso! Você está tirando palavras da minha boca mocinha! Eu perguntei!
Os dois se encararam de novo e se atreveu a acariciar a mão dele ainda sobre a barriga dela.
— É uma sensação boa, ficar com a mão aqui! — ele sorriu sem graça — É como se eu já sentisse, ele ou ela. Bizarro! Mas eu to gostando tanto disso tudo! O que também é bizarro! Eu nunca me imaginei pai! E hoje…
Os dois se encararam.
— Eu sempre quis ser mãe e ter filhos, mas não nas atuais condições, sabe? Nem sei direito como tive coragem de continuar com a gestação sem saber se você estaria comigo! Hoje eu já não me vejo mais sem essa sensação! É estranho também.
engoliu seco e então o celular de vibrou sobre o balcão.
— Deve ser a ! Vou pegar o celular.
Suga assentiu retirando a mão da barriga de que se levantou e pegou o celular no balcão, e então voltou a se sentar no sofá. Leu a mensagem da amiga questionando se estava tudo bem e avisando que já estava indo.
— Ué! Ela já tá vindo para casa! — deu de ombros.
Suga sentiu que então estava na hora de ir embora, seria estranho voltar para o apartamento das duas e ele estar ali. Aquele era o espaço das duas. Ele então se levantou, se espreguiçando.
— Bom então se ela já tá vindo, eu me sinto mais seguro para ir embora!
— Tá bom! Ai! — ela voltou a colocar a mão na barriga enquanto levantava.
— O remédio ainda não fez efeito?
— Tá fazendo! Tá bem menos! Fica tranquilo Suga! Eu vou te dar notícias!
— Por favor! Tenta não sumir, eu fico realmente preocupado!
Ela assentiu enquanto ruborizava. Os dois caminharam até a porta do apartamento. abriu a porta para ele que passou para o lado de fora.
— Obrigada por hoje! E obrigada por se preocupar tanto! Me avise também quando chegar em casa?
Suga assentiu enquanto olhava para o rosto bem definido dela.
— ? — ela assentiu — Sei que o ideal é que o que aconteceu hoje não se repita…
Ele pausou a frase enquanto puxava delicadamente pela cintura para mais perto dele.
— Mas eu gostei muito! Não quero ir embora sem que você saiba disso!
— Suga… — ela sussurrou enquanto sentia outra vez os lábios dele tocando os seus.
— Shh! Eu prometo que não faço nunca mais!
E então os dois se beijaram outra vez, com mais urgência dessa vez. envolveu os braços no pescoço dele e ele se atreveu a colocar as mãos debaixo da camiseta que ela usava, subindo as mãos quentes pelas costas desnudas dela. sussurrou algo incompreensível entre os lábios de Suga, mas acabou se deixando levar pelo calor dos lábios dele enterrando as mãos em seus cabelos. Quando finalmente faltou o ar, Suga a soltou bruscamente, como se estivesse se dando conta do que estava fazendo. Os dois se encararam com os olhos ainda em chamas e Suga sorriu sem mostrar os dentes, ficando vermelho. Acenou para e então foi em direção às escadas deixando parada na porta do apartamento por alguns segundos, sentindo a cabeça girar. Adentrou o apartamento, sentando- se no sofá. Aquilo não podia acontecer mais! Suga passou as mãos pelo rosto, atônito e depois segurou os volantes do carro com força. Aquilo era loucura — ele pensou, enquanto dava partida no carro.
Assim que chegou ela cumprimentou a amiga com um beijo na testa e então se jogou no outro sofá. A cabeça dela ainda estava confusa com tudo o que havia presenciado no bar.
— E então bruxinha, como foi o encontro?
— Não teve encontro amiga! — gargalhou de nervoso.
— Como assim ? — se sentou no sofá, confusa.
— Amiga! Foi uma confusão! A gente se encontrou na porta do bar marcado, até ai ok! Conheci a irmã dele, que inclusive se eu não tiver muito enganada foi ela que te atendeu no hospital no dia que a gente descobriu que você tava grávida, enfim, — ela fez um gesto com a mão como se dissesse “deixa para depois”— conheci o melhor amigo dele e também o namorado da irmã dele! Daí, ao invés de entrarmos nesse bar, a gente foi para outro porque o namorado da irmã dele disse que aquele que estávamos era ruim! Aí chegamos lá no outro bar, nos sentamos, e começamos a conversar. Nisso o V viu que tinha uma moça no bar que fazia umas lives de jogo online que ele gostava muito e ele foi pedir uma foto com ela. Até aí ok!
assentiu, se mexendo no sofá, curiosa.
— Quando de repente, o Seokjin se levantou e foi na direção dos dois!
— Da tal menina e do V? — assentiu.
— E aí começou uma confusão generalizada entre esse amigo do V e a tal menina! Os dois saíram pro estacionamento bem na hora da chuva e ficaram lá discutindo por uma meia hora ou mais menina! Daí o tal do Seokjin arrebentou uma pulseira que eles tinham iguais e saiu desorientado, deixando todo mundo sem entender nada!
abriu a boca, surpresa e incrédula.
— Daí ele não atendia o telefone, e o V tadinho, ficou preocupado e saiu atrás dele! Eu vim embora e deixei a e o namorado dela lá! — deu de ombros.
— E ninguém sabe ainda o que aconteceu? O V achou o amigo?
— Achou sim! Ele falou que depois vai me explicar! Mas e você? Ficou bem aqui sozinha?
umedeceu os lábios com a língua se lembrando de Suga, e dos beijos.
— Na verdade eu passei mal com aquelas cólicas, sabe? Mas ficou tudo bem! Eu não estava sozinha!
— Não? — arregalou os olhos se preocupando levemente.
— O Suga veio para cá! Ele ficou aqui comigo até você avisar que estava voltando!
fitou o teto.
— O Suga? — pegou uma das almofadas e jogou na direção de — Você que chamou?
— Não! Tá doida? — segurou a almofada com a mão — Ele me ligou e eu deixei escapar das cólicas e que você não estava em casa e ele veio por conta própria! Você sabe que ele é meio paranoico né?
— Sei! — gargalhou — Mas e ai? Como foi?
engoliu seco e então começou a mexer na almofada.
— Ele trouxe comida e remédio! — as duas se encararam.
ergueu uma sobrancelha e semicerrou os olhos.
— E a gente se beijou! Ele me beijou na verdade, duas vezes! — Ela falou de uma vez.
— ! — jogou a outra almofada na direção da amiga — Vocês já podem marcar o casamento amiga!
— Para ! — ela jogou as duas almofadas de volta na amiga, uma de cada vez — Não sei o que deu nele, de verdade! Deve ser carência!
deu de ombros, tentando convencer mais a si mesma do que a amiga.
— Certo! E em você? O que deu?
respirou fundo com a pergunta da amiga.
— Não sei! Eu devia ter empurrado ele!
— Mas era isso que você queria? Empurrar ele?
bufou passando uma das mãos pela barriga e se lembrando outra vez de Suga.
— Não faz pergunta difícil essa hora da noite! Inclusive eu to indo dormir! Boa noite amiga, depois me atualiza da fofoca hein?
se levantou e caminhou em direção a amiga, abraçando- a rapidamente e então caminhou para o quarto. Foi quando ouviu gritar:
— Pensa bem na minha pergunta! Eu quero a resposta amanhã!
ligou o chuveiro e então se enfiou lá embaixo sentindo a água quente tocar seu corpo. Olhou o pulso em que a pulseira que tanto gostava estava antes da confusão e então chorou, segurando o mesmo com uma das mãos. Porque aquilo tudo estava doendo tanto? Porque o reencontro dos dois tinha que ter sido naquelas circunstâncias? Com o coração de Jin cheio de mágoa? Sem a chance de uma explicação decente da parte dela? Porque ele não podia simplesmente se pôr no lugar dela e pelo menos tentar entender o que havia acontecido?
Saiu do banho e viu um par de roupas de sobre a cama e então ela se vestiu com dificuldades. O corpo todo dela doía, como se tivesse sido atropelada. Penteeou os cabelos e então foi atrás das amigas na sala. As duas conversavam baixinho, provavelmente preocupadas com . A amiga se sentou ao lado das duas no sofá.
— Vou fazer um chá para você se acalmar e quem sabe te ajudar a dormir! — se levantou indo em direção à grande cozinha da casa de — A sempre tem chá aqui já que é viciada!
— Você quer conversar sobre tudo isso que aconteceu? — tocou a mão dela.
sentiu o nó em sua garganta voltar a apertar. Como contar tudo para as amigas sem morrer de chorar?
— Eu menti para ele! — suspirou sentindo os lábios tremerem — Menti tudo basicamente!
— Como assim? — questionou da cozinha.
respirou bem fundo, engolindo o choro.
— Eu o conheci em Natal! No meu primeiro destino! Tinha uma semana que o Mário tinha morrido! Num luau! Ele e eu estávamos sozinhos observando o tal luau na nossa frente, até que fomos arrastados por uma desconhecida para fazer parte do luau. — voltou a respirar fundo — Ele passou mal quando me viu, e bom, eu achei que fosse uma queda de pressão! Mas não era!
sorriu sentindo algumas laǵrimas escorrerem pelo sorriso.
— Enfim! Ele melhorou e se apresentou! Ai eu menti! Menti meu nome, minha idade, minha profissão, meus gostos, menti tudo!
colocou as mãos sobre o rosto, abafando o choro. se aproximou dela no sofá e envolveu um dos braços ao redor da amiga.
— E você mentiu, porque amiga? Não to te julgando, só para a gente entender também!
— Porque eu não queria criar vínculo com ninguém! Aquela não era a intenção da viagem! Eu nem queria ter começado a conversar com ele! Mas fiquei com medo de ele passar mal! E quando vi, já tinha mentido e me envolvido muito mais do que de fato eu deveria!
— E depois você não teve coragem de falar a verdade não é?
assentiu, agora tentando limpar as lágrimas.
— As coisas fugiram do meu controle! — ela balançava a cabeça freneticamente — Eu não queria magoar ninguém! E não queria me magoar também! Não queria ter me apaixonado por ele!
— Eu entendo amiga! — acariciou o braço dela — Não foi intencional! Você não queria brincar com os sentimentos dele! A gente sabe disso!
voltava com o chá em mãos colocando-o sobre a grande mesa de centro da sala.
— Você não é má! — balançou a cabeça — Você teve seus motivos! E também, não tinha como você prever que ele também ia se envolver!
— Mas ele não entendeu assim! Ele entendeu tudo errado! Ele achou minhas redes sociais e viu minhas fotos com o Mario! Ele acha que ele é meu ex namorado e que eu usei ele para superar!
e se olharam, assustadas.
— Ele disse isso? — perguntou se sentando ao lado de no sofá.
fez que sim com a cabeça enquanto limpava mais lágrimas.
— Eu expliquei pra ele! Mas acho que ele não acreditou em mim! Ele nunca mais vai acreditar em nada que eu disser, não é?
Ela olhou as amigas, voltando a chorar copiosamente. e , sem saber o que fazer, apenas se olharam.
— Calma ! — pediu — Vocês dois estavam com a cabeça e o coração muito cheios hoje!
— Sim! E tem o lado bom dessa situação toda que é: vocês descarregaram! Mesmo que não da melhor forma, ou da forma que você gostaria! Agora as coisas tendem a se acalmar, e quem sabe, aí sim vocês consigam conversar com calma e as coisas se ajeitem?
balançou a cabeça em negativa diversas vezes. Ela se encontrava perdida e vazia, não sabia quais passos seguir depois de hoje.
— Ele foi bem duro com você, né? Deu para perceber isso enquanto a gente observava lá de dentro. — engoliu seco.
— Ele parecia sentir repulsa por mim! Parecia estar com nojo! — jogou a cabeça para trás sentindo o peso das próprias palavras — Enquanto eu só queria me jogar nos braços dele e apertá-lo bem forte!
As lágrimas voltaram a escorrer pela face dela.
— Eu não sei nem o que te dizer! — balançava a cabeça atônita.
— Você precisa sentir essa dor hoje! Deixar ela ir cicatrizando ai no seu peito, e dar tempo ao tempo! É só o que eu consigo pensar no momento.
assentiu para a amiga e então se inclinou pegando a xícara de chá da mesa e levando aos lábios. As mãos ainda tremiam levemente. Tomou um longo gole do líquido, mesmo não gostando. Queria tentar acalmar mesmo que minimamente, e o chá poderia ajudar. As três então ficaram em silêncio enquanto bebericava do chá. A cabeça dela repassando tudo: quando o conheceu, o primeiro beijo, as risadas que deram quando estavam juntos, ele a filmando ou tirando fotos dela, os dois juntos, quando amanheceram na praia e viram o sol nascer, a última noite, e então se lembrou dele arrancando a pulseira de seu pulso. Voltou a chorar copiosamente, enquanto deitava no sofá, já que e haviam ido tomar seus banhos.
Assim que as amigas voltaram para a sala, perguntou se elas estavam com fome, o que prontamente disse que não, enquanto sugeriu que as duas preparassem algo prático para comerem já que não haviam conseguido comer no bar. Enquanto as duas cozinhavam em silêncio, pegou o celular e então abriu o perfil dele no instagram. Passou a olhar as fotos presentes ali, e então logo o celular ficou molhado. As amigas se entreolharam, o coração de ambas doíam sem saber o que fazer.
queria tanto que ele a perdoasse! Mesmo que ele não quisesse vê-la nunca mais depois, mas que a perdoasse. E queria mais ainda do que ele apenas a perdoasse, queria que ele a quisesse por perto, tanto quanto ela o queria! Fechou os olhos e se lembrou do gosto dos lábios dele, das mãos quentes dele passando por suas coxas, do quão gostoso era ficar deitada em seu peito…
As amigas voltaram para a sala com um pequeno prato de comida. Havia bem pouquinha comida distribuída por lá. Mas não sentia fome, apenas dor. lhe entregou o prato.
— Eu não aceito não como resposta ! Você não quer, mas precisa comer!
apenas assentiu com a cabeça enquanto se sentava no sofá pegando o prato da amiga. Já havia decepcionado tanta gente hoje, não queria decepcionar as amigas então começou a comer.
— E onde é que o Namjoon entra nessa história toda? — quebrou o silêncio outra vez.
— Eu fui até a exposição de artes do Jin! Ele é artista plástico e está com uma exposição no centro! Ele me entregou um papel com seu telefone, endereço e o endereço da exposição. Eu criei coragem e fui! E bom, a exposição se encerra com um quadro meu. Quer dizer, um quadro do meu rosto.
— Que? — e disseram em uníssono.
— Ele me contou, na nossa última noite juntos, que ele sonhava com meu rosto havia muito tempo, mas que não sabia se eu existia ou não e que foi por isso que ele quase passou mal no luau, porque me viu! Acredito que ele tenha me pintado antes mesmo de me encontrar.
e se entreolharam outra vez. com os grandes olhos arregalados e com os dela marejados.
— Caramba, que lindo! — suspirou.
voltou a sentir os olhos marejarem.
— A assistente e empresária dele, me viu e disse que eu era igualzinho ao quadro e perguntou se eu o conhecia! Eu disse que não e tentei disfarçar o máximo o possível! Tirei uma foto com o quadro, bom, ela tirou para mim!
entregou o celular com a foto para as amigas, que arregalaram ainda mais os olhos.
— É você todinha amiga! — cobriu a boca.
— Nossa, eu to toda arrepiada! Socorro! — fechou os olhos.
— Eu saí de lá aos prantos, arrasada de saber que ele já pensava em mim antes de me conhecer e que foi por isso que provavelmente ele se apegou tanto à mim, aos nossos momentos! Fui parar numa padaria, e o Namjoon tava lá também! Ele me viu lá quase morrendo de chorar e disse que uma amiga tinha falado para ele que suco de maracujá era bom para acalmar! — olhou na direção das amigas.
sorriu sem mostrar os dentes, era dela que ele falava.
— Daí ele pediu uma para mim! Fez o pedido dele e bom, enquanto ele comia ele ficou comigo lá, esperando eu tomar o suco e me acalmar! Ele foi tão legal !
As duas se deram as mãos rapidamente.
— Aí quando ele estava indo embora, ele ainda me consolou! Perguntei o nome dele e quando ele disse eu mal acreditei! Não contei pra vocês porque eu ia precisar explicar todo o contexto e não estava preparada ainda! As amigas assentiram e sentiu o coração ficar quientinho com a atitude de Namjoon para com a amiga.
terminou de comer e então caminhou até a cozinha, lavando o prato, mesmo sobre os protestos das amigas. Voltou para a sala e as amigas então a chamaram para o quarto. se deitou no colchão que havia ao lado da cama de casal do quarto, fechando os olhos.
— Vocês podem dormir meninas! Devem estar cansadas! Não se preocupem comigo! Tenho muita coisa para pensar ainda! Só de não estar sozinha, já é um alívio!
Sorriram umas para as outras.
— Você chama se precisar? — perguntou se ajeitando ao lado de na cama.
— Prometo! Obrigada! Eu não sei o que seria da minha vida sem vocês!
Assim que as luzes se apagaram virou— se e cobriu— se. Desbloqueou o celular e viu que havia uma nova notificação dizendo que alguém a havia marcado em alguma foto. Era o amigo de Seokjin. O nome dele era Taehyung… curtiu a foto e então logo uma DM do mesmo chegou. Ele perguntando se ela estava bem… achou fofo da parte dele. Respondeu:
“Espero ficar em algum momento!”
sentiu os olhos arderem e logo estava chorando de novo. Ele visualizou. digitou:
“Você falou com o Seokjin? Como ele está?”
Taehyung leu a pergunta e olhou para o amigo deitado no sofá de sua sala, ainda chorando com um dos braços tampando o rosto.
“Ele está tão mal quanto você deve estar! Ele tá aqui comigo, estou cuidando dele, fique tranquila!” Taehyung enviou.
leu e então chorou baixinho, mas com força. Não queria causar aquilo nele…
“Vocês dois estavam de cabeça quente! Precisam relaxar e depois conversar com mais calma!”
limpou as laǵrimas enquanto do outro lado Taehyung sentia o coração partir vendo o peito do amigo subir e descer rapidamente enquanto ele chorava.
“Vou deixar meu telefone aqui! Passa para ele, no momento em que você achar melhor! E bom, pede para ele me ligar se quiser conversar com mais calma! Juro que não quis causar nada disso ao seu amigo!”
Jin se sentou no sofá do amigo quando ouviu chegando em casa.
“Vocês vão ficar bem! Pode deixar, eu passo para ele! Boa noite!”
Ele enviou e bloqueou o telefone quando viu abraçar Jin de lado. e Taehyung trocaram um olhar. E Jin? Ainda chorava, agora com a cabeça apoiada no ombro de , com o peito destroçado.