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Revisada por: Saturno 🪐

Última Atualização: 23/05/2025.

acordou com o barulho insistente do celular vibrando e bufou. Resmungou algo ininteligível e estendeu a mão, os olhos ainda semicerrados, guiada apenas pela luz trêmula no escuro do quarto. Pegou o aparelho e franziu a testa ao ver o nome na tela, mas não hesitou em atender e, após um silêncio de poucos segundos, ouviu a voz de alguém de seu passado travando do outro lado da linha.
? Fala mais devagar, eu não tô conseguindo te entender…
— Eu estraguei tudo, me desculpa — disse ele, a voz oscilando em meio a chiados. — Eu voltei pra floresta. Queria provar que não era real. Que tava tudo só na minha cabeça…
— Do que você tá falando? — sentou-se na cama, agora bem desperta.
— Ele é real, . O Senhor Red… ele é real.
, você tá bêbado? Olha, amanhã no colégio você me procura e a gente conversa, mas agora…
— Eu o ouvi sussurrar, assim como quando a gente era criança. Igual antes da Jane…
apertou os olhos. Só o nome já bastava pra trazer lembranças que ela havia enterrado.
, aquilo era um jogo. A gente inventou tudo. O senhor Red era só uma brincadeira idiota que acabou saindo de controle.
— Não… — A voz de vacilou. — Ele tá na minha frente.
— Onde você está?
— Eu consigo ouvir ele nas árvores… eu o ouvi sussurrar.
Antes que pudesse responder, a ligação caiu. No segundo seguinte, algo bateu com força contra sua janela. Ela gritou, o coração disparando, e quase derrubou o celular da mão. Acendeu a lanterna e apontou para o vidro. Uma silhueta.
? — Se aproximou, reconhecendo a figura. — Você me assustou! O que tá fazendo aqui?
— Posso entrar? — perguntou ele, a voz agora calma demais.
— Claro… entra aí — disse, destravando a janela e o deixando passar, e ligou a luz do quarto. — Mas vai ter que me explicar o que acabou de acontecer. Começando por como você subiu até aqui — questionou, ao lembrar que era praticamente impossível alguém subir em seu quarto, que ficava no segundo andar, sem a ajuda de alguma escada — e ela não viu nenhuma.
— Eu escalei — respondeu simplesmente, os olhos escuros fixos nela.
— Tá certo, homem aranha… você parecia muito assustado um minuto atrás.
— Foi um mal entendido. Eu tô bem agora. Mas precisamos encontrar os outros.
— Que outros?
— Nossos amigos! Eu tenho que mostrar algo a vocês, mas preciso que todos estejam juntos.
, a gente nunca mais se falou desde que éramos crianças… depois do que aconteceu com a Jane…
— Mas todos tem que estar lá, ! — A voz dele subitamente se alterou, mais ríspida e irritada. — Essa é a regra.
— Eu realmente quero te ajudar, mas você tá me assustando muito agora… daqui a algumas horas, vamos ter nosso primeiro dia no colégio, por que não nos reunimos lá?
O celular vibrou de novo, e olhou a tela — o nome de . Seu sangue gelou. Ela ergueu os olhos devagar, e ainda estava ali, parado no meio do quarto. Com a mão trêmula, ela atendeu.
— A-Ainda tá aí? Acho que estou perdido. Minha bateria está quase acabando, por favor, me ajuda!
O celular escorregou de sua mão e, lentamente, olhou para o à sua frente.
, o que tá acontecendo?
— Nós temos que voltar para a floresta, .
As luzes começaram a piscar até apagarem totalmente e um vento gélido invadiu o quarto pela janela aberta, fazendo toda a pele dela se arrepiar. se agachou para pegar o celular e iluminou o local novamente, a tempo de ver um sorriso macabro surgindo no rosto do amigo. Ela recuou à medida que o amigo começou a avançar em sua direção, tentando correr para fora do quarto, mas ele foi mais rápido e agarrou seu pulso com uma força monstruosa, que ela pensava não ser possível alguém com o porte físico de possuir, a empurrando contra a parede. se debateu com força, o coração batendo tão rápido que parecia preencher o quarto. Ela socou o peito dele, chutou, arranhou — tentou qualquer coisa para que ele recuasse. Mas sequer piscava.
— Você não se lembra? — A voz dele soava arrastada, como se viesse de algum lugar muito mais fundo. — Todos nós temos que voltar. — A mão fria de apertou o seu pescoço e a ergueu pela parede. Ela tentou gritar, mas só um chiado fraco escapou, e sorriu. Um sorriso que não pertencia a um rosto humano. As unhas arranharam o rosto dele, revelando algo podre sobre a pele, e ele grunhiu, o hálito frio cheirando a mofo e sangue e sua voz soando mais grossa que antes. — Todos brincam juntos, .
As sombras no quarto pareciam se contorcer e sangrar, e sentiu sua visão ficar turva. Sem força alguma para sequer gritar por ajuda e paralisada pelo medo, ela simplesmente se deixou afundar num vazio negro e frio.

acordou com um grito, o corpo coberto de suor e o coração martelando. Estava de volta na sua cama, sozinha, e a luz da manhã atravessou a janela agora fechada.
— Que sonho estranho — murmurou para si mesma e levou a mão ao pescoço, estremecendo ao sentir o local dolorido. — Mas que porra… — Ela se levantou em um pulo e foi até o espelho com a mão ainda no pescoço, empalidecendo ao ver vários hematomas que aparentavam ser recentes. — Isso não pode estar acontecendo… — Procurou por seu celular, que estava jogado no chão. Sem bateria. Ela se vestiu às pressas e desceu, lançando um olhar rápido para a floresta nos fundos do quintal. O mesmo frio no estômago a atingiu. — O não pode ter visto o senhor Red, era só uma brincadeira…. — Um latido. — Jelly, o que você está fazendo aqui fora? — a garota perguntou, ao ver sua Border Collie preta e branca do lado de fora. Guiou a cachorra para dentro, colocou água e ração, e se apressou para sair. Seus pais estavam na Europa a trabalho, então Jelly seria sua única companhia nas próximas semanas.
Perto da calçada, algo no chão chamou sua atenção. Uma pedra, com uma runa talhada e uma rachadura profunda. a pegou com cuidado. Um cheiro pútrido e metálico a fez engolir em seco — o mesmo cheiro do — sonho”. Guardou a pedra na mochila, inquieta. A escola apareceu à frente, com sua agitação caótica de início de ano: adolescentes rindo, gritando, correndo pelos corredores. respirou fundo e entrou com o pé direito no local.
— Último ano no colégio Westchester… nada pode dar errado — murmurou, mas no fundo até ela duvidava disso.



Os corredores fervilhavam com vozes altas, armários batendo e o cheiro de livros velhos misturado ao de perfume barato. se esgueirava entre os grupos de alunos até avistar uma figura familiar parada ao lado de seu armário.
! — chamou, se aproximando com um sorriso espontâneo.
levantou o olhar, o rosto iluminado por um sorriso ladino.
— Oi, sumida. Tudo bem?
— Sobrevivendo. — deu de ombros. — E você?
— Melhor agora que eles finalmente me trocaram de armário. Sério, era ao lado do banheiro masculino. — fez uma careta dramática, batendo a porta metálica com força antes de jogar a bolsa no ombro.
Até que uma voz estridente ecoou pelo corredor, atraindo a atenção das duas:
— Vocês não vão acreditar! — Britney, a personificação de uma patricinha de filme adolescente, desfilava pelo corredor, cercada de seus fiéis escudeiros, Jocelyn e Cody. — Dei um gelo naquele idiota por duas semanas, e ele ainda me chamou pra sair amanhã.
— Quando você acha que o ensino médio pode não ser uma ferida necrótica no peito… — murmurou, apenas para ouvir.
As risadas superficiais do grupo de Britney cessaram abruptamente quando seus olhos pousaram em outra figura: . A menina segurava um caderno contra o peito, tentando parecer invisível.
, adorei seu suéter! Eu não sabia que a Baby Barn tinha uma seção 4G. — Britney soltou uma risadinha venenosa, e seus amigos a acompanharam em coro.
sentiu a raiva borbulhar no estômago.
— Eu só queria dizer oi… — A voz de era tão baixa que mal se ouvia, mas, antes que Britney pudesse retrucar, avançou, se plantando entre elas.
, estou morrendo de inveja do seu suéter. Você precisa me contar onde comprou.
ergueu os olhos, surpresa, sorrindo timidamente, e Britney bufou.
— Licença, ninguém te chamou aqui...
— Que tal a gente fazer compras juntas um dia desses? — continuou, ignorando Britney com maestria. — Preciso de alguém com bom gosto pra renovar meu armário.
apenas assentiu, corando, e Jocelyn, irritada, deu um passo à frente, mas cruzou o caminho dela.
— Fica quieta, Barbie da Track and Field. Respostas inteligentes não são o seu forte.
— Na verdade, eu prefiro a Cross Country.
— Tanto faz, era só para te irritar mesmo.
— Que tal vocês irem se perder na floresta, igual a amiga de vocês? — Cody também se intrometeu, e o corredor inteiro prendeu a respiração.
cerrou o punho, mas foi mais rápida. Ela se aproximou de Cody, arrancou um fio de cabelo dele com um puxão e deu um sorriso enigmático.
— Peguei o ingrediente que faltava para a maldição que eu achei na internet e estava querendo experimentar. Se começar a sentir seus olhos queimando… avisa.
— Tá maluca, aberração? — Cody exclamou, olhando para o cabelo perdido como se fosse amaldiçoado.
— Se acalma, Cody. — Britney revirou os olhos. — Essa estranha apenas lê muitos romances de vampiro. Com sorte, ela vai ser reprovada e irá morar em um barraco velho e sujo como a bruxa Pritch.
— Ela é exatamente como a Pritch. Nós deveríamos a chamar de… , a bruxa. — Jocelyn resmungava para os amigos.
— É… não vale a pena. — revirou os olhos e virou para e , que estava abrindo seu armário para pegar um caderno, quando sentiu alguém tocar seu pescoço.
— Meu Deus, isso é um chupão? — Jocelyn debochou, cutucando uma marca recente, e se afastou bruscamente.
— Sai daqui.
— Como se alguém fosse querer ficar com essa rejeição social — Cody zombou.
— Para sua informação, foi o seu pai quem fez isso.
O sorriso de Cody sumiu, mas, antes que ele pudesse rebater, uma voz arrastada ecoou:
— Cody, para de encher o saco. Você nem é engraçado.
virou a cabeça e viu Carter encostado em um armário, cercado por alguns dos jogadores do time de basquete. Ele parecia mais alto, mais forte, e, de algum jeito, mais distante – uma mudança difícil de ignorar. Jocelyn acenou animadamente na direção do garoto, como se esperasse um convite, mas ele nem se dignou a responder. Seus olhos encontraram os de por um breve segundo. Foi como se o tempo tivesse parado. O olhar carregava algo estranho – uma mistura de nostalgia, desconfiança e talvez uma pontada de mágoa – que fez o estômago de revirar.

Desde quando o ficou tão... diferente?

Britney chamou a atenção de todos de volta para si, puxando Cody e Jocelyn pelo braço.
— Vamos, eu tenho coisa mais importante pra fazer do que perder tempo com essas estranhas, tipo me preparar para a Reunião de Vitalidade.
— Você deveria prestar mais atenção no que diz… essa sua boca ainda vai te colocar em problemas sérios. — Cody se aproximou de , a voz baixa, antes de seguir Britney.
— Nos vemos por aí, rejeição social! — Jocelyn esbarrou propositalmente nela, a fazendo bater contra os armários, e lançou um olhar sugestivo para , que apenas fingiu não notar, ainda olhando na direção de .
Um dos garotos do time o chamou, batendo no ombro dele para seguirem em direção à quadra, e, sem dizer uma palavra, desviou o olhar e foi atrás dos amigos, enquanto fechou a porta de seu armário, sentindo uma sensação esquisita no peito.
— Quem diria que Carter ia virar o garoto-propaganda do time de basquete — comentou, surgindo ao seu lado com um meio sorriso sarcástico. — Do jeito que ele se fechou depois de… tudo aquilo, achei que nunca mais ia trocar duas palavras com ninguém. Agora tá aí, praticamente um astro de filme adolescente… só falta uma jaqueta de couro.
soltou um suspiro pesado, empurrando o caderno dentro da mochila e seguindo em direção à quadra.
— É… algumas coisas mudam.
— Gente… obrigada. — , ainda tímida, se aproximou das duas, e forçou um sorriso, o coração pesado.
— Claro. Mas, se quer um conselho, … tenta não ligar pra eles. Eles não valem nada.
apenas assentiu e as três seguiram para a quadra, onde todos os alunos se reuniam para a Reunião de Vitalidade. Elas adentraram o ginásio tomado pela música dos alto-falantes, e sentiu uma onda de pânico crescer conforme a multidão começava a empurrá-la. Seu coração acelerou e flashes da noite anterior invadiram sua mente. Ela respirou fundo, tentando se concentrar, enquanto observava a maioria dos assentos já ocupados.
— Ali. — apontou, e elas seguiram seu olhar até avistarem alguns lugares vagos no começo da arquibancada, ao lado de um garoto de cabelos castanhos bagunçados: .
hesitou. Não era como antes. O vazio que Jane deixara entre eles parecia impossível de preencher. Mas, vendo que não tinham muitas opções, as três seguiram juntas até lá, se esgueirando pela agitação do local, e tomou a iniciativa:
— Ei, … você se importaria se a gente…
— Podem sentar. — O garoto deu de ombros, e as três se espremeram entre os outros alunos e sentaram ao lado dele.
— Oi, disse, quase num sussurro.
— Oi — ele respondeu seco, voltando a encarar a quadra.
apertou os lábios, desconfortável. Antes – bem antes – eles teriam trocado piadas, rindo alto até serem mandados calar a boca. Agora, cada palavra parecia pesar toneladas. Era impossível não pensar em Jane – na risada encantadora dela, nos olhos brilhando de animação, na juventude que lhe fora roubada e, consequentemente, fora roubada deles também. Tudo isso agora parecia ecoar no silêncio constrangedor que se instalara. Ela sentiu a tensão no ar, uma sombra do que antes era uma amizade inseparável, até , que rabiscava algo em seu caderno, se virar para ela.
— Então… vai me contar o motivo de estar nervosa, ou vai continuar desmembrando esse pobre banco?
piscou, surpresa, e olhou para baixo – seus dedos estavam de fato pegando farpas na beira da arquibancada de madeira.
— Eu até contaria, mas… é uma história meio estranha.
, olha pra mim. Estranha é o meu nome do meio.
sorriu mais à vontade, enquanto apenas balançava a cabeça como se estivesse acostumado com os comentários de . , ao lado, observava discretamente, mantendo o olhar na quadra. Ela hesitou antes de começar, mas, em meio ao burburinho do ginásio, contou a – e meio que também a e , que escutavam com disfarçado interesse – sobre o que viu na noite anterior.
— Então… e se eu dissesse que ontem à noite eu vi um tipo de monstro?
— Sério? Como ele era?
— Bom… ele parecia com o .
— O … Pierce? — perguntou, e assentiu.
— Pelo menos num primeiro momento.
— Wow, plot twist. — arregalou os olhos, interessada. — Continua.
— Quando eu descobri que não era realmente o , ele me atacou — enquanto falava, sentia observando-a pelo canto dos olhos, sem interromper, sem rir – apenas ouvindo. mexia no zíper da mochila, nervosa, mas não a desencorajava. — Daí o rosto dele meio que derreteu e debaixo da pele havia apenas sujeira. Como um… eu não sei…
— Um Golem… — diagnosticou, com um brilho de conhecimento nos olhos. — Uma forma humanoide, geralmente feita de terra ou argila, que pode ser trazido à vida por uma força sobrenatural. Ao menos é o que mais se assemelha, pelo que você disse.
— O mais estranho é que eu acordei na manhã seguinte e ele tinha ido embora. Por que ele me atacaria e iria embora logo em seguida?
— Meu conhecimento de Golens é sessenta por cento Wikipedia e quarenta por cento de um cara chamado MagicStan75 que eu conheci em um fórum de bruxos. Talvez qualquer que seja o poder que animou o Golem seja temporário…
— Ou talvez tenha sido um sonho — , que até então estava calado, murmurou, sem olhar para .
— Definitivamente não foi um sonho — rebateu firme, pondo a mão em seu pescoço. — Sonhos não deixam lesões assim.
Pela primeira vez, a olhou diretamente. Seus olhos, tão parecidos com os de Jane, pareciam buscar algo – uma dúvida, talvez uma confirmação de loucura –, mas ele apenas suspirou e desviou o olhar novamente. As outras duas, por outro lado, encararam os hematomas em sua pele, até continuar a explicação:
— Existem seres que podem entrar e até afetar seus sonhos, os usando para te machucar, estilo Freddy Krueger. Mas você também pode estar sobre alguma maldição, ou algo assim. Eu li muito sobre sonhos amaldiçoados.
— Leu por diversão? — perguntou surpreso, e apenas concordou com a cabeça.
— Uma maldição? Isso me conforta muito — respondeu, com um semblante preocupado.
— Relaxa, talvez tenha sido apenas alguma coisa temporária — sugeriu, tentando aliviar o clima. — Ou algo que você não esteja pronta para enfrentar ainda.
— Obrigada, gente. Eu realmente precisava conversar com alguém, mas pensei que ninguém iria acreditar em mim. — Ela deu um sorriso mais aliviado para os três ao seu lado.
— Bom, o júri ainda não decidiu se eu devo acreditar em você ou não. — deu de ombros, e os outros dois concordaram baixinho. — Mas todos sabemos que… bem… tem muitas coisas escondidas nesta cidade.
— Então obrigada por me escutarem sem terem me dispensado imediatamente.
Por um breve momento, ela pensou em contar também sobre o que a criatura havia dito – sobre o Senhor Redfield –, mas algo a impediu. Sabia que aquele era um nome que carregava peso demais entre eles, especialmente para . Trazer isso à tona agora, depois de anos, no meio do ginásio lotado, parecia errado. O clima entre eles já estava tenso o suficiente. Ela guardou a informação para si, pelo menos por enquanto. Antes que pudessem continuar, o microfone chiou e a voz de encheu o ginásio:
— Como vocês estão, colégio Westchester? — Um coro de aplausos e gritos ecoou. e bateram palmas com pouco entusiasmo. apenas ergueu uma sobrancelha e voltou a desenhar. manteve os braços cruzados, imóvel. — É incrível ver todos vocês aqui. Estamos muito animados para esse semestre…
— Quando o ficou tão popular? — perguntou para si, mas foi surpreendida ao escutar a voz de ao seu lado.
— Pouco depois de ter um e oitenta de altura e descobrir gel para cabelo, pouco antes de ser eleito presidente do corpo estudantil.
— Vamos começar essa reunião de vitalidade, no estilo dos lobos de Westchester! — deu o sinal e várias líderes de torcida saíram das arquibancadas cheias, balançando freneticamente seus pompons no ar.
— Vocês podem fazer melhor que isso! Vamos lá!
— Parece que a está indo bem também.
Eles observaram a garota gritando no meio das líderes de torcida, que se separavam pelo ginásio. Vários estudantes a aplaudiam, enquanto ela fazia acrobacias sem esforço algum.
— Uhul, vai time. — fingiu entusiasmo, dando um soco no ar, e revirou os olhos, enquanto todos ao seu redor comemoravam.
olhou de volta para o resto da equipe de torcida, seu sorriso radiante desaparecendo logo após encontrar o olhar desaprovador de Britney. Ela se virou e, enquanto passava ao lado de , acabou tropeçando no próprio pé, quase derrubando o microfone das mãos dele.
— Credo — resmungou, rindo.
tentou segurar , mas acabou levando um encontrão de volta, arrancando risos da arquibancada.
— Por favor, me diga que os nerds do noticiário da escola conseguiram filmar isso. — Cody riu, apontando para , que havia se juntado novamente à equipe com as bochechas completamente vermelhas.
Enquanto isso, Britney avançou com um sorriso presunçoso, voando em uma cambalhota sem as mãos e sendo aplaudida pela multidão após aterrissar.
— Por que gostam tanto dela? Não é possível que não saibam o quão horrível ela é. — revirou os olhos ao pontuar.
— E? Ela é gostosa e faz cambalhotas. Não dá para competir com isso — a respondeu, dando de ombros.
— Westchester, como vocês são barulhentos — brincou, ajeitando o microfone, enquanto as líderes de torcida voltavam aos seus assentos. — Vamos fazer isso rápido, beleza? Ainda temos muito o que explorar hoje… façam muito barulho para o time de basquete! — anunciou, e o time de basquete da escola – com entre eles – se reuniu em frente ao pódio em meio aos vários aplausos.
— Obrigado, ! — O capitão do time pegou o microfone de e começou a circular pela plateia animada. — E aí, escola Westchester? O nosso primeiro jogo vai acontecer daqui há alguns dias, então é melhor vocês estarem aqui para nos ver acabar com… — As luzes da quadra começaram a piscar, o forçando a parar o discurso, até apagarem completamente.
Tudo se transformou em caos. Os alunos, confusos, começaram a gritar, e tentou acalmar todos pelo microfone, mas sua voz logo foi interrompida por um ruído incessante nos autofalantes, seguido pela pausa da música que estava tocando. As portas do local se abriram com uma rajada de vento gelado, causando um estrondo alto e mais gritos desesperados dos alunos, mas, pouco tempo depois, as luzes acenderam e a música voltou a tocar.
— Merda! — quase pulou da cadeira ao sentir algo em seu braço, mas, ao olhar para o lado, confirmou que era apenas a mão de a cutucando. — O que você…
— Você ouviu isso?
Antes que ela sequer pudesse retrucar, o ar mudou drasticamente, fazendo um arrepio percorrer por todo o corpo de . Ela sentiu primeiro na pele: um vento frio, como um sopro gelado passando rente ao seu rosto. Depois veio o cheiro – algo metálico, como ferro oxidado misturado com terra molhada –, o mesmo cheiro que a invadira no sonho da noite anterior. Seu estômago se revirou. Ela olhou ao redor, tentando encontrar a origem daquela sensação, mas era impossível, a escuridão parecia mais densa, como se o próprio ginásio estivesse se fechando sobre eles. ficou rígido, os punhos cerrados, segurou seu braço, tremendo levemente, e , pela primeira vez, parou de desenhar, o lápis caindo de seus dedos. mal conseguiu respirar. O mundo parecia ter se deslocado, puxado para o mesmo pesadelo do qual ela achava ter acordado.

Aquilo estava lá. E, dessa vez, era real.

— Não, não aqui… — O olhar dela percorreu todo o ginásio, encontrando os rostos do restante de seus ex-amigos. Todos com a mesma expressão: terror.
A música engasgou e morreu assim que as luzes apagaram completamente, deixando apenas uma voz, que parecia vir de todos os cantos ao mesmo tempo. Uma voz completamente estranha e terrivelmente familiar.

— Todos… brincam… juntos…


Continua...


Nota da autora: Socorro, e o final desse capítulo?! Como será que eles vão reagir depois de escutar aquela voz? Espero que vocês tenham gostado desse cap e fiquem atentos que logo logo tem att!!

🪐

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