Revisada por: Calisto
Finalizada em: 31/10/2024A situação, vista de fora, seria cômica, se não fosse trágica.
Fazia, talvez, uma meia hora que eu estava parada na frente do espelho, usando apenas minha calcinha. O vestido, que havia servido perfeitamente em meu corpo quando o provei há apenas algumas semanas, resolveu teimar em não passar pelos meus quadris, o que não podia estar acontecendo, porque eu tinha certeza de que não havia engordado.
A minha vontade era de gritar tão alto que as janelas do meu dormitório e aquele maldito espelho explodiriam, mas, no fundo, isso não resolveria em nada a minha situação, então o que me restava era sentar e chorar.
Soltei um suspiro bem longo, desviei o olhar de meu reflexo e me atirei na cama, ao lado do vestido. Aquela peça havia custado uns bons galeões aos meus pais e agora tudo ia para o lixo, mas não era exatamente pelo preço que aquilo me doía tanto. O motivo era porque ele era perfeito.
Seu tom era de um azul feito a noite, pontilhado com brilhos prateados que davam a impressão de que eu havia capturado as estrelas somente para exibi-las em meu corpo. Era justo no busto, um tanto mais solto nos quadris e apertava as partes certas, o que destacaria exatamente as partes que eu desejava.
Eu simplesmente não conseguia me conformar com o fato de que não poderia mais usá-lo e a culpa era inteiramente minha. Podia até ouvir a voz de Sally resmungando que eu caberia no vestido se não vivesse com fome.
A quem eu queria enganar? A perfeição daquela peça não era exatamente a causa do meu nervosismo, tampouco da minha tristeza sem fim.
Sem vestido, eu não poderia ir ao baile. O único ao qual eu verdadeiramente desejava ir pela primeira vez na vida.
, você é um fracasso.
Ergui um pouco meu tronco, me encarei mais uma vez no espelho e senti meus olhos se preencherem por lágrimas quando observei meus cabelos desgrenhados.
— Eu quero morrer — reclamei para ninguém e voltei a me deitar, encarei o teto e deixei que mais lágrimas teimosas escorressem pelo meu rosto.
Eu já não ia mais a lugar algum, então não fazia sentido manter minha maquiagem intacta.
Não conseguia nem imaginar as consequências daquilo. Com toda a certeza o meu acompanhante me odiaria pelo resto da vida pela desfeita.
Pobre Lupin!
Droga. Por causa de um vestido, eu perderia meu namorado.
Ainda era um tantinho estranho pensar em Remus Lupin como meu namorado, por mais que o lance entre nós dois tenha começado há semanas. Talvez isso fosse devido ao fato de sermos muito amigos antes de percebermos nossos sentimentos um pelo outro. E provavelmente isso não teria mais tanta importância, já que ele obviamente me daria um pé na bunda após deixá-lo plantado me esperando para ir ao baile.
Eu não merecia ser uma grifinória. Não tinha coragem nem mesmo de dizer ao garoto que não poderia ir àquele evento.
Pensar naquilo fez minhas lágrimas intensificarem.
— Pelas barbas de Merlim, o que você está fazendo deitada aí pelada, ? — A voz de Lena me fez pular de susto, e as exclamações das outras duas denunciaram suas presenças.
Abri minha boca, pensando no que responderia, mas o único som que consegui emitir foi o de um soluço realmente patético.
— ? — Lily se aproximou de mim rapidamente, se sentando na minha cama, e, por mais que eu tivesse fechado meus olhos e os apertasse com força, sabia exatamente como era sua expressão preocupada. — , o que houve?
Neguei com a cabeça, deixando ainda mais evidente o quanto eu estava devastada, e senti que minha amiga me puxava para um abraço ao qual eu me rendi de imediato, então solucei mais em seus ombros.
Vários minutos se passaram, enquanto eu continuava ali, apenas chorando, e eu sabia que, das três, Lily era a mais paciente. Provavelmente, Sally estava batendo os pés em impaciência e Lena se perguntava quem ela precisaria esmurrar daquela vez.
O acesso de choro passou aos poucos e, quando eu me vi mais calma, me desvencilhei de Lily e encarei minhas três amigas, enquanto enxugava as lágrimas.
— Vai nos contar o que aconteceu, ou vou ter que usar legiminência para isso? — Lena se fez ouvir, e um sorriso fraco ameaçou surgir em meus lábios. Sempre tão delicada!
— O vestido... — Me praguejei mentalmente quando mais um nó surgiu em minha garganta e a vontade de chorar retornou. Talvez eu estivesse fazendo uma tempestade em copo d’água, mas não conseguia controlar minhas emoções. — O vestido não está servindo.
— Como assim, amiga? — Lily usou seu tom de voz doce como sempre.
— Ele não serve mais. Não entra nas minhas coxas e... Droga, Lily. O que eu vou dizer ao Remus? — Meus lábios tremeram, então senti ela acariciar meus cabelos e sibilar que eu me acalmasse.
— Amiga, não acredito que você está chorando por causa de um vestido! — Sally riu, enquanto balançava a cabeça em negação, e recebeu um olhar de repreensão vindo de Lena, antes de ela se aproximar de mim.
— Você tem certeza de que ele não está te servindo, ? — Desviou seu olhar de meu rosto para a peça atirada ao meu lado.
— E-eu o provei quando comprei, semanas atrás. E ele ficou perfeito, Lena, você precisava ver! Lily está de prova, e agora ele simplesmente não passa. Talvez eu devesse ter escutado vocês e comido menos, e...
— Ei! Nada disso, ! Você está perfeita e eu realmente não sei como esse vestido não está te servindo. Que tal você provar ele de novo? — Lena sugeriu e me fez quase rir de pura frustração.
— Para quê? Eu já sei que não serve mais, Lena — bufei e senti mais uma vez que o que eu mais queria naquele momento era morrer.
— Só para a gente ver, . Não custa tentar de novo. E vai que lançaram um feitiço para que ele encolhesse, ou algo do tipo? — Lily entrou na conversa, e eu estreitei meus olhos para aquela possibilidade.
— Quem enfeitiçaria o meu vestido e por quê? Como vocês saberiam que foi enfeitiçado? — Disparei as perguntas, e ouvi Sally praguejar baixinho.
— Só prova o vestido, .
Sally andava com um mau humor estranho ultimamente e, se eu não estivesse com a mente tão focada no baile, com toda a certeza estaria me perguntando com mais frequência qual seria o motivo.
— Está bem — concordei, ao ver que não me restava outra saída.
Não bastava para elas que eu sofresse sozinha, tinha que sofrer novamente na frente delas.
Levantei da cama e, mais uma vez, enxuguei meu rosto antes de pegar a peça nas mãos, que tremeram de uma forma um tanto patética. O nervosismo estava atacando com força novamente, então eu coloquei um pé dentro do vestido e depois o outro, então o deslizei até sentir que travava mais uma vez em minhas coxas.
Suspirei e contive pela milésima vez a vontade de chorar.
— Estão vendo só? — murmurei, com a voz embargada enquanto olhava para Lily.
— Vire-se — Lena pediu, porque eu estava de frente para elas e, sem entender muito bem, o fiz.
— Assim? — Olhei para ela por cima de meus ombros. Notei que Lena trocou olhares com as outras duas, e essas então trocaram sorrisos. — O quê? — Me irritei.
— Seu vestido nunca ia servir do jeito que você está vestindo, — Lena ainda sorria quando se aproximou de mim. — Você esqueceu de abrir o zíper todo dele, amiga.
Subitamente, desejei que um buraco se abrisse no chão para que eu me enfiasse dentro dele naquele mesmo instante.
Pisquei meus olhos lentamente para Lena, encarei Lily rapidamente e fixei meu olhar em Sally quando percebi que ela continha o riso. Aquela foi a deixa para que minhas gargalhadas iniciassem, e recebi as delas em coro logo em seguida.
Não sei quanto tempo permanecemos rindo feito malucas, porém meus olhos ainda inchados devido ao choro lacrimejaram mais uma vez, e eu só parei porque estava completamente sem fôlego.
— Não estou acreditando que chorei por causa disso — comentei, assim que consegui normalizar minha respiração.
— Eu acredito. Você é a mais dramática desse grupo, — Sally brincou, o que me fez estreitar os olhos em sua direção antes de atirar meu travesseiro nela.
— Vai partir para a agressão mesmo? — Ela me encarou chocada, enquanto Lena e Lily apenas riam ao observar a cena.
— A menos que você peça desculpas. — Me preparei para pegar o outro travesseiro, porque, sim, eu dormia com dois, então Sally ergueu as duas mãos em sinal de rendição.
— Pedir desculpas por falar a verdade? Esse chilique aí só prova que eu estou certa — me provocou, e eu me aproximei só para bater com o travesseiro nela.
— Sua ridícula. — Dei mais uma risada ao ouvi-la fazer o mesmo. — Te odeio, Sally.
— Você me ama que eu sei. Agora vai se arrumar logo, antes que o Aluado desista de você. Faz horas que o coitado está plantado lá no salão comunal.
— Oh, por Merlim! — Bati a mão na testa e só então me dei conta de que a única que não estava pronta ali era eu, e, além de perdido tempo com a história do vestido, borrei toda a minha maquiagem e desfiz meu penteado.
— Nós te ajudamos, . — Lily percebeu minha expressão aflita.
Não lembro de sentir minhas mãos suarem tanto antes, mas também tinha certeza de que não havia passado por algo meramente semelhante à sensação de ter Remus Lupin como meu par no baile.
E pensar que, por alguns anos, eu o considerava apenas um grande amigo, praticamente o melhor deles, e ainda bem que minhas amigas não estão lendo isso. O fato é que eu era apaixonada por aquele garoto desde sempre e precisei quase perdê-lo para uma poção do amor para me dar conta disso, porém essa história vocês já conhecem.
O sorriso preenchia meu rosto de orelha a orelha e eu nem fazia questão de disfarçar. Minhas amigas conseguiram fazer um trabalho impecável, e a maquiagem de agora estava mil vezes melhor do que a anterior, sem falar em meu penteado, já que agora meus cabelos caíam em ondas perfeitas, todas para o lado direito de meus ombros.
Eu não achava que era possível sorrir mais, no entanto, assim que vi Lupin andando de um lado para o outro no salão comunal, senti minhas bochechas até doerem.
Ele demorou alguns segundos para notar minha aproximação, mas, assim que o fez, senti todo o meu corpo aquecer. Seus olhos não disfarçaram nem um pouco ao me avaliar dos pés à cabeça. Notei que Remus mordeu o canto da boca discretamente, o que me deixou absurdamente agitada, então seu olhar se encontrou com o meu e ele finalmente sorriu de volta.
— Aí está você, noiva! — Só percebi que os outros marotos ainda estavam por ali quando escutei a voz bem humorada de Sirius.
Não consegui desviar meu olhar para eles, porque Lupin estava absolutamente perfeito naquele terno azul marinho. Era como se tivéssemos combinado nossas roupas, o que, juro, não havia acontecido.
Éramos perfeitos um para o outro e quem discordasse mereceria uns bons socos.
— Não enche, Black — resmunguei e ouvi sua gargalhada divertida, mas tudo o que me importava era o sorriso genuíno de Remus, que se alargou pela minha resposta.
— Você está maravilhosa — ele finalmente conseguiu dizer, e eu não hesitei em envolver seu pescoço com minhas duas mãos e aproximar meus lábios dos seus para deixar ali um selinho calmo.
— Ótimo, porque, nesse caso, estamos combinando. — Pisquei para meu namorado, então deixei que ele me beijasse mais uma vez, ignorando a ovação dos garotos e também os pedidos de que fôssemos para um quarto.
— Casal, que tal vocês deixarem esse mel todo para mais tarde? Merlim que nos ajude, o baile já começou há horas! — Lena se meteu entre nós dois, fazendo com que nos separássemos, antes de caminhar até Sirius e segurar em seu braço estendido.
Eu deveria imaginar algo daquele tipo acontecendo. Os dois realmente combinavam.
— Vocês vão mesmo deixar esses dois irem juntos? — resmunguei e me virei na direção dos demais.
— Uma coisa de cada vez. Se a Lily não matar James, acho que esses aí têm alguma salvação. — Sally soltou uma risada.
Diferente de nós três, ela não iria ao baile com o quarto maroto. Peter estava na companhia de ninguém menos que Annabel Sollace, enquanto Sally parecia cada vez mais ansiosa para ir de encontro a Amos Diggory.
Mesmo com todas as exclamações e resmungos, acabamos saindo quase meia hora depois e, se me perguntassem, eu não saberia dizer exatamente o motivo. Talvez fosse aquele o desejo do universo.
O salão principal estava absolutamente perfeito. Sentia até que meus olhos brilhavam, enquanto eu encarava aquela decoração esplêndida.
A música já tocava alta e havia vários alunos espalhados nas mesas e na pista de dança, totalmente absortos com tudo o que aquela noite poderia proporcionar. Imaginei que demoraríamos a encontrar alguma mesa, já que estávamos bem atrasados, mas ter uma amiga acompanhando Diggory proporcionava suas vantagens.
Não demorou para que a mesa fosse preenchida por risadas e conversas aleatórias. Era impossível estar no mesmo ambiente que os marotos e não soltar gargalhadas pelo menos uma vez. Minhas amigas, que costumavam não gostar muito de nenhum deles, pareciam bastante à vontade, e acredito que um pouco daquela aversão se foi quando meu namoro com Remus iniciou.
Sentia a mão dele segurando a minha sem soltá-la um segundo sequer e meus lábios se curvavam em um sorriso toda vez que eu me dava conta daquilo. Ele imediatamente retribuía, mostrando que, por mais que estivesse entretido nos assuntos, não deixava de me observar sempre que podia.
Sinceramente? Eu era doida por aquele garoto. Toda vez que estava com ele era como se eu estivesse flutuando.
Parecendo ler meus pensamentos, senti que Lupin apertou um pouco seus dedos contra os meus, acariciou minha mão em seguida e atraiu meu olhar.
— No que está pensando? — perguntou, com genuína curiosidade.
— No quanto eu gosto de ter a sua mão junto à minha assim. — Não hesitei em responder e recebi mais um sorriso em seguida.
— Isso é ótimo, porque não estava pretendendo te soltar tão cedo essa noite. — Ergui uma sobrancelha ao escutar aquelas palavras.
— Não? E se, por acaso, eu precisar ir ao banheiro, por exemplo? — brinquei e o vi revirar os olhos.
— Você é tão boba às vezes, . — Soltei uma risadinha. — Por isso que sou louco por você.
Dizer que meu coração havia acelerado com aquela frase era muito pouco. Mais uma vez, ele havia me levado às nuvens, e minhas bochechas de repente pareciam pegar fogo.
De repente, me peguei tendo uma ideia que me fez sair do estado de euforia para lhe lançar um olhar esperto.
— É mesmo? — questionei e o vi assentir positivamente. — Então prove.
Notei que ele ficou brevemente desconcertado com minha mudança repentina. Aquele era o efeito Remus Lupin sobre mim.
— Como assim? — inquiriu, sem entender.
— Dance comigo, Aluado. Eu estou querendo dançar desde que cheguei a esse baile. Que tal cometer essa loucura comigo? — propus, com uma certa ansiedade, porque Lupin não era muito de dançar. Na verdade, ele sempre me disse que não levava o menor jeito para a coisa.
Imaginei que ele fosse recusar, rir e até retribuir a brincadeira. Tudo o que eu menos esperava era que ele se levantasse e me estendesse a mão como um perfeito cavalheiro, algo que atraiu os olhares de nossos amigos.
— Seu pedido é uma ordem, .
Percebi algo faiscar nos olhos dele e gostei, mesmo sem entender precisamente do que se tratava.
Segui com Remus para a pista de dança, me esquivei de algumas pessoas e meu corpo se arrepiou quando a mão dele me apoiou pela cintura. O perfume dele tinha aquele dom de me deixar inebriada e fazia com que eu desejasse ficar ainda mais próxima só para sentir seu cheiro diretamente de seu pescoço.
Senti falta do contato no exato momento em que Lupin se afastou e se colocou de frente para mim, porém sem soltar minha mão. Ele tratou então de segurar na outra e começou a se mover de um lado para o outro, numa tentativa de acompanhar o ritmo da música, mas eu podia ver em seus olhos o quanto aquilo custava a ele. Seu rosto havia ficado vermelho de vergonha, e eu achei aquilo a coisa mais adorável do mundo.
— Você, por um acaso, está tentando parecer um meteoro-chinês, caro Aluado? — brinquei com ele, que arregalou os olhos em indignação e surpresa.
— Muito engraçadinha. Você tem andado demais com James e Sirius — acusou, mesmo que acabasse rindo no fim das contas.
— Tenho meus motivos, sabe? — Pisquei e dei de ombros. — Mas não disse que a sua tentativa é ruim. Achei bastante fofo, para falar a verdade.
— Fofo? — Lupin arqueou uma sobrancelha.
— Sim. Dá vontade de encher a sua cara inteira de beijos — confessei, e, mais uma vez, os olhos dele faiscaram.
— E por que não faz isso então? — provocou, que me arrancou um sorriso de canto.
— Vou fazer, mas primeiro vamos dançar um pouco.
Então deixei que a música me embalasse naquela pista, fechei meus olhos momentaneamente e permiti que o ritmo tomasse conta de meu corpo. Então passei a me mover do jeito que eu sabia fazer.
Ao contrário de Remus, eu era, sim, uma boa dançarina, ou pelo menos foi o que ouvi por aí. Eu era perdidamente apaixonada por música e confesso que se não fosse a minha ambição em me tornar uma curandeira, definitivamente gostaria de tentar uma carreira em algo envolvendo essa área. Quem sabe eu montasse alguma banda que tocaria nos próximos bailes de Hogwarts? Eu realmente gostaria daquilo.
Por mais que agisse como tal em grande parte das vezes, eu não era boba. Tinha plena consciência de que atraía olhares, sim, e sabia o que fazer na pista de dança para atrair ainda mais quem eu quisesse.
A princípio, meu intuito ali havia sido apenas dançar e esquecer de tudo ao meu redor para desfrutar daquele momento com meu namorado. Mas quando eu o olhei e me dei conta da forma como Lupin me encarava, foi praticamente impossível não deixar que meus instintos falassem mais alto.
Cerca de minutos depois, tudo o que eu mais desejava era atingi-lo. Fazer com que se sentisse o cara mais sortudo de todos por estar naquele baile comigo, o que, bem, não era mentira, certo? Eu tinha minhas inseguranças, porém não deixava que elas afetassem tanto assim minha autoestima.
Enquanto mantinha meu olhar fixo nos olhos de Remus, balancei meus quadris de um lado para o outro, deixei a letra da música ecoar pelos meus lábios e sorri minimamente antes de deslizar uma de minhas mãos pela frente de meu corpo até chegar à minha cintura. Obedientemente, Lupin acompanhou o movimento com seu olhar.
Aproveitei que ainda o segurava com a outra mão e o puxei para mais perto de mim, percebendo com alguns segundos de atraso que ele havia parado de dançar apenas para ficar me observando. Mudei isso quando seu corpo se chocou contra o meu. Ri baixinho, com a boca próxima a dele e fiz com que sua mão segurasse em minha cintura.
— ... — Escutei Remus murmurar.
— O quê? — questionei, em um tom falsamente inocente.
— Tenho certeza de que não podemos dançar tão próximos assim. — Sua preocupação era genuína, assim como o modo afetado com que sua voz ecoou.
— Será que vão vir nos separar? — Abri um sorriso ladino, ainda sem me afastar dele, simplesmente porque eu não queria. Em vez disso, voltei a me mover e fiz com que Lupin dançasse junto comigo.
Quase ri quando ele me acompanhou, demonstrando com esse ato que também não queria se afastar de mim.
— Com certeza vão, e isso será muito injusto. — Mais uma vez, eu quis beijá-lo até o mundo explodir.
— Talvez nós devêssemos sair daqui então... — sugeri, de repente, e meu coração acelerou com a ideia.
Se ele não aceitasse, minha cara com toda certeza iria ao chão.
— Para onde você quer ir, meu amor?
Precisei de alguns segundos para processar a forma como ele havia me chamado sem sair gritando por todo o salão.
— Me surpreenda.
Seus olhos então me analisaram por alguns segundos, e acabei parando de dançar quando percebi que ele o tinha feito.
— Conheço o lugar perfeito — respondeu, ao apertar seus dedos contra os meus e me guiar para fora da pista de dança.
Passamos pela mesa onde nossos amigos estavam e ali encontramos apenas Peter e Annabel, porém eu realmente não estava interessada em saber o paradeiro de ninguém. Naquele momento, tudo o que realmente importava era Remus Lupin.