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Codificada por: Cleópatra

Finalizada em: 31/10/2024

— Tem certeza de que vamos fazer isso mesmo? — A garota tentou soar despreocupada, quando na verdade escondia o arrepio que aquela ideia causava. Ela conhecia a lenda que rondava o local em que se encontravam, fingia não acreditar, mas, no fundo, preferia não arriscar.
— Deixe de ser medrosa, Alice — respondeu, enquanto o restante do grupo ria da amiga.
— É, Alice, deixe de ser medrosa. Eu protejo você. — Dave piscou para a garota. — Vem aqui comigo — chamou, e a menina não conseguiu evitar retribuir o sorriso lindo que ele lhe lançava. Nem ousou recusar a oferta dele e se sentou ao seu lado, sentindo os braços dele envolverem sua cintura e um beijo um tanto provocante em seu pescoço.
— Olha a putaria, vocês dois! Ninguém merece — gritou.
— É, o que mais tem nessa casa são quartos! Escolham um e sejam felizes! Ainda falta uma hora para o Halloween começar oficialmente — disse , debochada.
— Ah, calem a boca, vocês dois! — Alice retrucou e deu um tapa no ar.
Anthony, Greg e Jack apenas riam da cena, enquanto continuava a zoar os dois. Eles passaram mais alguns minutos somente rindo e fazendo piada uns com os outros, até que as brincadeiras cessaram e o tédio começou a dominá-los.
Greg bufou.
— E agora? Ainda temos 50 minutos para ficar aqui olhando para as caras uns dos outros. Que tal inventar algo pra fazer? — O comentário fez soltar um sorrisinho malicioso, porém, antes que pudesse dizer qualquer coisa, foi interrompido por .
— Tenho uma ideia. — Ela sorriu misteriosa. Os outros apenas fizeram sinal para que ela continuasse. — Vocês conhecem a lenda da garota Morgan?
Alice revirou os olhos, sem acreditar que a amiga realmente ia tocar naquele assunto.
— Não! — os outros cinco responderam.
— Então se preparem, meus queridos.
— Espera, . Não acho que seja uma boa ideia. Não aqui — Alice disse, rapidamente.
— Por que, amiga? Tá com medo que a Morgan venha te pegar? — zombou.
— Não... É só que...
— Então senta aí e escuta, porque não há jeito melhor de comemorar o Halloween do que ouvindo uma história de terror!
— Começa logo, . Daqui a pouco, dá o horário, e eu fiquei curioso para saber essa história — disse, ansioso.
— Diz a lenda que...




Eram dez e meia da noite na pequena cidade de Carbondale. Conhecida como uma cidade universitária, já se esperava que o agito estivesse alto nas ruas, visto que era uma sexta-feira.
No mês de outubro, era tradição da cidade que as festas de Halloween começassem quinze dias antes do dia das bruxas. O chamado Halloween não-oficial ou pré-Halloween, onde as pessoas já saíam fantasiadas para ter uma prévia do que a real festa seria.
Gargalhadas e gritos podiam ser ouvidos pelas ruas.
Melanie Morgan se encarava no espelho e analisava se a roupa de anjo caído havia sido uma boa escolha. Abriu um sorriso malicioso ao concluir que sim, ela estava perfeita. Resolveu retocar mais uma vez o batom preto, enquanto esperava sua melhor amiga, Alexis, que vinha buscá-la.
Bufou impaciente ao perceber que a garota estava atrasada mais uma vez.
Melanie era considerada uma das garotas mais bonitas da universidade, e isso lhe rendeu o título de rainha no baile de outono. Muitas garotas a invejavam e detestavam de certa forma, porque Melanie era bonita e amável, característica que poucas tinham. Era impossível conversar com ela e não admirar seu jeito doce e gentil, além de divertido e contagiante. A garota tinha o garoto que quisesse aos seus pés. Lógico que muitas gostariam de ser como ela e estar em seu lugar.
Uma buzina despertou a garota de seus pensamentos, e ela olhou pela janela do quarto, constatando que, finalmente, Alexis havia chegado. Pegou a bolsinha que separou e saiu apressada.
Esse ano o comitê de formatura do curso de Melanie havia tido a brilhante ideia de relembrar a infância e fazer a famosa brincadeira do ‘trick-or-treat’ no pré-Halloween. Como rainha, era basicamente sua obrigação estar presente e chegar com antecedência.
— Até que enfim, Alexis! Agora vamos logo, porque eu deveria ser a primeira a chegar! — Melanie tentou não soar chateada como estava.
— Desculpa, amiga. Tive que passar num lugar pra resolver uma coisa, primeiro. Desculpa mesmo.
— Tudo bem. Vamos logo.
Quando chegaram à rua combinada, algumas pessoas já se encontravam lá, inclusive alguns amigos do grupo de Melanie e Alexis. Todos elogiaram o quanto ela estava bonita, o que deixou Alexis chateada, de certa forma. A garota estava fantasiada de chapeuzinho vermelho e ninguém comentou sua aparência. Soltou um suspiro.
— Vamos começar? Temos até a meia noite pra conseguir o máximo de bebidas que pudermos. — Sorriu maliciosa.
No caso deles, em vez de pedirem doces, eles pediam dinheiro para comprar bebidas alcoólicas e se embebedar em comemoração ao Halloween.
— Vamos — Melanie concordou.
Elas se reuniram com Kyle, um dos amigos delas, e juntos foram para a primeira casa.
— Gostosuras ou travessuras? — perguntaram, quando uma jovem abriu a porta da primeira casa.
— Hmm, acho que vou de travessura. Com um Coringa desses… — Ela sorriu maliciosa, ao olhar para Kyle.
Alexis fechou a cara. Ela gostava do garoto há séculos, mas nunca teve coragem de admitir. Kyle se sentia da mesma forma em relação a ela, tanto que fazia tudo o que Lexi queria. Ele percebeu a reação da garota e sorriu.
— Desculpa, amor, mas o Coringa aqui não está disponível pra esse tipo de travessura — ele respondeu, o que fez Alexis abrir um sorriso discreto.
— Ah, que pena! Sendo assim então... — A garota tirou uma nota de cinco dólares da carteira e entregou ao garoto.
— Que piranha assanhada! — Alexis exclamou, quando já se dirigiam para a próxima casa.
— Com ciúmes, Lexi? Eu só quero uma garota, mas acho que ela não me dá bola — Kyle retrucou e fez bico.
— É mesmo? Então guarde pra você, porque não me interessa. — Ela se afastou dele pisando firme. Ele a impediu, segurando seu braço.
— Sua idiota, eu tô falando de você! — Então não esperou resposta. Puxou a garota e a beijou ali, no meio da rua mesmo.
— Gente, não quero ser chata, mas dá para deixar as declarações de amor para depois? Temos mais casas pra brincar! — Melanie disse, dessa vez sem esconder a irritação. Alexis bufou.
— É, querida, nós temos, e você vai adorar — ela respondeu baixinho. Kyle sorriu cúmplice para ela e eles continuaram a bater nas casas.
Depois de um certo tempo, e vários dólares arrecadados, Melanie já estava louca para ir à festa.
— Então, acho que já podemos comprar nossas bebidas! — ela sorriu maliciosa para os amigos. Alexis e Kyle se entreolharam.
— Ainda não, Mel. Temos uma última casa para visitar — disse Kyle, sugestivo. Melanie entendeu na hora a qual casa ele se referia.
— Não, nós não vamos bater naquela casa sinistra da Senhora Lindbergh.
— Tá com medo, Morgan? Vamos lá, não tem nada demais! — Alexis debochou.
— Não tem nada demais? Alexis, aquele lugar já foi uma casa de repouso para loucos! Me recuso a entrar lá. Além do mais, a Senhora Lindbergh não vai nos pagar bebidas! Duvido que ela sequer abra a porta!
— E quem disse que ela está em casa? — Kyle sorriu malicioso. — A velha foi visitar o filho em Chicago. Temos a casa inteira pra fazer bagunça!
— Agora você está falando em invasão! Ficaram insanos? — Melanie estava indignada.
— Cale a boca, Morgan. Deixe de ser puritana e vamos de uma vez. Eu quero beber logo! — Alexis retrucou e puxou Kyle pela mão, andou rapidamente e deixou a garota para trás.
Melanie olhou para os lados, bufou e seguiu os amigos.
Lógico que Morgan havia reparado o tratamento diferente da amiga, porém não questionava. Ela sabia que Alexis estava se sentindo diminuída por conta do baile de outono, mas o que ela poderia fazer? Foi escolhida a rainha, não era como se pudesse recusar e doar o título para a melhor amiga.
Eles não demoraram a chegar em frente à casa. Era uma mansão bonita e bem cuidada, com um estilo vitoriano. Possuía diversos quartos, por ter sido uma casa de repouso há alguns anos, e o acesso ao interior dela era dificultado pelas diversas trancas. Quando se lembrou daquele detalhe, Melanie sorriu internamente, pois sabia que os amigos desistiriam da ideia maluca assim que vissem que não havia como entrar na casa. Foi quase impossível esconder a expressão de desapontamento quando eles chegaram diante da casa e Kyle tirou um molho de chaves do bolso.
— Como conseguiu isso? — questionou, espantada.
— Minha mãe ficou responsável pela casa — ele respondeu, simplesmente.
Após destrancar os portões e a porta, eles adentraram a casa e observaram maravilhados o enorme hall.
— Me pergunto como uma senhora consegue viver sozinha num lugar enorme como esses! — Melanie olhou para a enorme escada.
— Deve ser porque ela é uma velha maluca. Vem! Vamos lá olhar os quartos! — Alexis chamou a amiga em direção às escadas.
Os três subiram, e quando entraram um dos quartos, Melanie foi surpreendida por alguém, que tampou sua boca com um pano molhado por uma substância com um cheiro fortíssimo. Ela se sentiu tonta instantaneamente. Ouviu a risada maldosa de Alexis e, antes de cair na inconsciência, foi surpreendida por outra voz conhecida, mas que a fez querer gritar por socorro.
— Gostosuras ou travessuras, Melanie?

👻


Melanie acordou se sentindo tonta. Atordoada, tentou se mover, mas percebeu que seus braços estavam atados na cabeceira da cama. Se perguntou como não sentiu o jeito que estavam esticados, assim como suas pernas, também atadas. Sua visão foi entrando em foco, e então lágrimas tomaram seus olhos ao constatar que não estava enganada quanto à voz que sussurrou em seu ouvido. Realmente era Kevin que estava ali.
Ele era um ex-namorado que a perseguiu por meses após o término de namoro e só havia se contentado quando tentou agarrar a garota a força e foi preso em flagrante.
Ao lado de Kevin, havia mais três garotos que ela reconheceu de imediato: Michael, John e Elliot. Ao lado deles, Kyle e Alexia a encaravam ansiosos.
Lexi sorriu maldosamente quando percebeu a garota acordada.
— Oi, Mel! Como dormiu? Acredito que bem, não? — Riu sarcástica.
— Mas... Mas... — Melanie tentou balbuciar, com a voz falha.
— Já dá pra adivinhar o que ela vai dizer, não é? Mas por quê? — Kevin debochou.
— Como se ela não soubesse o porquê — Alexis completou impaciente. Melanie arregalou os olhos, em uma expressão confusa.
— Olha, gente, ela realmente não sabe! Que bonitinha a carinha de surpresa dela! — Elliot se pronunciou pela primeira vez.
— Você é irritante, Melanie! Se acha boazinha demais, quando, no fundo, é uma víbora metida e arrogante, que só pensa em si mesma, sem se preocupar com as pessoas ao seu redor. Mas quer saber? O mundo não gira em volta da porra do seu umbigo, Morgan. E é por isso que hoje você vai ganhar uma lição. Meus quatro amiguinhos aqui vão te ensinar — Alexis disse, com toda a fúria que reuniu dentro de si. Em seguida, puxou Kyle pelo braço, saiu do quarto e fechou a porta atrás de si.
Kevin lhe lançou um olhar malicioso, e ela sentiu o pânico a invadir quando percebeu a mesma expressão no rosto dos outros três garotos. Ele se aproximou dela e sua mão deslizou vagarosamente sobre o colo da garota.
— Não sabe o quanto senti falta dessa sua pele macia, desse seu corpo quente. Ah, Melanie, ser bonita e cobiçada tem seu preço, sabia? — ele disse, e ouviu os outros rapazes gargalharem.
A garota soltou um grunhido, ao tentar se soltar desesperadamente quando os outros três garotos avançaram para cima dela.
As mãos deslizavam pelo seu corpo e a acariciaram em lugares que ela jamais esqueceria. O grito de Melanie ecoou por toda a casa enquanto ela chorava.
Elliot tapou a boca da garota e sibilou rouco em seu ouvido.
— Se gritar, vai ser pior, lindinha.

👻


Alexis, do outro lado, ouvia e se divertia com tudo. Kyle questionou a si mesmo se estaria fazendo a coisa certa, mas ele sabia que, pela sua garota, desafiaria todos os princípios éticos que um dia ele já teve.
Quando os garotos saíram do quarto, suados e com sorrisos satisfeitos nos rostos, Lexi abriu outro que não cabia em sua face. Vitoriosa, ela estava mais feliz do que nunca.
— Agora vamos beber com o dinheiro da puritana, ou melhor, nem tão puritana assim.
Melanie, que agora havia sido desamarrada, mantinha seu corpo encolhido naquela cama imunda. Os lençóis brancos manchados pelo sangue da garota, que também estava em suas roupas. Eles não foram nem um pouco gentis, a tomaram com violência, sem se importar com os grunhidos de dor da garota. Era como se tivessem a rasgado inteira por dentro. Ela duvidava que algum dia conseguiria se livrar da dor física e mental.
Ouviu risadas se distanciarem e, com dificuldade, se levantou da cama, puxou as roupas e ajeitou rapidamente no corpo.
Seus passos foram dados com dificuldade, mas Melanie estava determinada a olhar uma última vez para Alexis e jurar que aquilo não terminaria daquela forma. Ela iria até a polícia, e eles pagariam por tudo o que haviam feito.
Do alto da escada, Melanie viu Alexis abrir a porta da saída. O olhar dela atraiu o daquela que um dia chamou de amiga, e Lexi abriu um sorriso sarcástico ao erguer a chave para o alto, indicando para Morgan que iria trancá-la naquela casa e não havia nada que ela pudesse fazer para impedir.
Mesmo assim, Melanie tentou. Seus passos na enorme escada foram rápidos, porém rápidos demais.
Morgan tropeçou no sétimo dos trinta degraus e seu corpo foi lançado com violência. Sua cabeça foi batendo em cada um deles, o mundo girou diante de si e a dor aumentou lancinante. Finalmente, Melanie bateu no chão, virada com o corpo de frente para Alexis e os outros garotos, que olharam assustados para a cena.
— Meu Deus! — Alexis exclamou, chocada. Sua ideia era pregar uma peça, não matar a garota.
Melanie, ainda viva, engasgou, enquanto uma poça de sangue se formava abaixo de sua cabeça.
— Rápido, Alexis, precisamos dar o fora daqui — Kyle disse nervoso.
— E deixar ela aqui desse jeito? — a garota retrucou.
— Vai fazer o quê? Chamar a ambulância e explicar que você chamou quatro garotos para darem uma lição na sua ex-melhor amiga, e que, por uma infeliz obra do destino, ela resolveu se jogar da escada para te culpar por assassinato? Anda, garota. Não seja idiota! — Elliot disse, e puxou Alexis.
A garota olhou uma última vez para Melanie, que, em um último fio de voz, disse:
— Eu vou me vingar, Alexis.
Quando a cabeça de Melanie, por fim, desabou inerte, foi como se a realidade cuspisse na cara de Alexis. Por mais que Elliot tentasse puxá-la em direção à saída, seus olhos haviam permanecido fixos no sangue de Melanie. A agonia tomou conta de si quando Lexi percebeu a gravidade dos fatos.
Ela havia matado sua ex-melhor amiga.
A garota que a acolheu quando ninguém parecia se importar com sua existência. A pessoa que sempre a aconselhava e estava ao lado dela, mesmo que fosse irritantemente bonita e atraísse todos os olhares para ela.
O que Alexis havia feito?
— Não posso sair daqui, Elliot — a garota disse, com a voz rouca.
— Ficou maluca? A porra da garota acabou de morrer, Alexis! Quer ferrar a gente? — agora era Michael que se pronunciava, completamente indignado com a hesitação dela.
— Ei, cara, vai com calma aí no jeito que fala com minha garota — Kyle alertou e lançou um olhar feio para os amigos.
— Não sei o que deu nela, Kyle, mas a gente não pode ficar aqui parado, olhando para um cadáver. — John retribuiu seu olhar com agonia.
— Vocês já pararam para pensar que não podemos deixar o corpo dela aqui assim? Vão descobrir a gente. Não importa se sairmos ou ficarmos aqui, a polícia vai fazer aqueles testes malucos e nós vamos nos ferrar de qualquer jeito. — Kevin passava a mão pelos cabelos, andando de um lado para o outro ao pensar naquilo. Eles estavam ferrados. Por que tinham aceitado mesmo aquela proposta maluca de Alexis?
— Temos que nos livrar do corpo — a voz rouca de Alexis ecoou e interrompeu a fala de Michael antes mesmo que ele conseguisse se pronunciar.
— Como é? — Kevin a questionou e olhou surpreso para a garota.
— Não é óbvio? Nós nos livramos do corpo dela e está tudo resolvido. Ela mora sozinha aqui. A menina prodígio só tem um pai que não está nem aí para ela, e a tia que a criou é velha demais para sair por aí procurando. Quando encontrarem o corpo, se é que vão encontrar, nós estaremos bem longe disso tudo. Vamos escapar ilesos — a garota falava, enquanto seus pensamentos vinham à tona, o que deixou os outros um tanto espantados com aquilo.
Alexis era a definição de que não se poderia confiar nem mesmo em seus melhores amigos.
A oportunidade de saírem daquela situação sem se ferrarem falou mais alto. E, indo contra os pouquíssimos princípios que aqueles cinco rapazes ainda possuíam, a ideia de Alexis foi seguida à risca e o corpo de Melanie jogado no esquecimento.
Ou pelo menos era o que eles pensavam.



Quinze dias depois, Alexis sentia seu corpo ser pressionado contra os portões de uma casa. Seus lábios estavam grudados aos de Kyle com intensidade, e as mãos dele exploravam toda a extensão de seu corpo, a apertavam e espalhavam uma onda de arrepios que faziam a garota gemer baixinho. Lexi enroscou suas pernas na cintura do rapaz e desejou se fundir a ele. Sentia o calor aumentar a cada segundo e sua boceta estava tão molhada que sua excitação escorria por suas pernas.
O volume de sua fantasia incomodava um pouco, dificultando os movimentos entre os dois. Que ideia estúpida havia sido aquela de ir fantasiada de Alice mesmo?
Kyle descia os beijos pelo pescoço da garota, explorava suas coxas por debaixo do tecido e a arranhavam com suas unhas curtas, enquanto ficava cada vez mais excitado. Ele precisava comer Alexis naquele mesmo momento, ou seu pau seria capaz de rasgar o tecido de suas calças. A garota estava tão gostosa naquela fantasia que desde o momento em que seus olhos bateram nela, teve vontade de jogá-la na cama dele.
Mais um gemido baixo ecoou dos lábios da garota, e Kyle se permitiu um pouco mais de ousadia. Subiu os dedos pela coxa de Alexis e percorreu a parte interna até alcançar sua virilha, onde ele dedilhou e esperou objeções da parte dela.
Em resposta, Alexis praticamente impulsionou seu quadril na direção do rapaz, e ele entendeu o sinal positivo. Não hesitou mais e enfiou a mão por dentro da calcinha da jovem. Massageou o clitóris inchado e soltou o ar com dificuldade quando ela soltou um gemido mais alto e agarrou os cabelos dele com força, rebolando contra sua mão.
Kyle não demorou a aproveitar o quanto Alexis estava encharcada e passou a meter dois dedos na garota. Mordeu os lábios ao ver a expressão de prazer nas feições dela e depositou alguns beijos em seus lábios apenas para provocá-la ainda mais.
Alexis se via cada vez mais enlouquecida, seu interior gritava em excitação, sentindo que a qualquer momento ela se derramaria em prazer sobre os dedos dele. E foi quando ela abriu um pouco seus olhos, com o rosto encostado na curva do pescoço de Kyle, que Lexi viu.
Parada, há poucos metros dos dois, com as marcas de amarras em seus pulsos e o mesmo vestido preto, completo pelas asas negras e o sangue escorrendo por suas pernas.
Era Melanie Morgan.



Michael caminhava com bastante esforço pelas ruas da cidade e pegou um atalho que o levaria para o Stix, um pub local que estava bombando naquela noite, já que a festa de Halloween era uma das mais esperadas no ano. Resmungava incomodado, ao arrumar os chifres de diabo que havia improvisado para sua fantasia, que acharia extremamente tosca, se não estivesse bastante alterado pela quantidade de álcool que ingeriu. Ele havia passado boa parte de sua tarde na casa de uns amigos, encheu a cara até não poder mais e só decidiu ir para a festa, porque sabia que não poderia perder, por mais que não fosse se lembrar de nada no dia seguinte.
O álcool o guiava, tinha certeza daquilo.
Seus pés se arrastavam e ele teve que parar algumas vezes para voltar a focar no caminho, ou acabaria se jogando no meio da estrada.
O atalho era de terra, entre algumas árvores, e a maioria das pessoas escolhia o caminho mais longo, pois não queriam correr o risco de um assalto ou algo do tipo. Carbondale era considerada uma cidade relativamente violenta compara às das redondezas, por mais que a maioria das ocorrências não fosse divulgada pelos veículos de comunicação.
Michael parou mais uma vez, colocou as mãos em seus joelhos e respirou o ar frio da noite. Piscou seus olhos em direção à fina camada de gelo que se formava sobre a terra, então algumas gotas rubras chamaram sua atenção. Ele as seguiu com o olhar e então pôde ouvir nitidamente o som de mais uma delas tocar o chão.
Franziu o cenho e achou que estava maluco, porque ninguém o acompanhava durante todo aquele tempo.
Foi quando ele decidiu erguer seus olhos que a figura angelical de Melanie lhe sorriu, carregada de maldade.
— Não pode ser você — o rapaz conseguiu balbuciar, completamente incrédulo, e seus batimentos trabalharam rapidamente enquanto a fuga era planejada.
— Eu mesma. E se eu fosse você, começava a correr agora, lindinho. Porque eu sei que você não gosta de delicadeza. — A voz da garota era a mesma, porém soava diferente, se é que fazia sentido.
Era difícil de explicar, mas era como se a Melanie de antes, cheia de vida e amável com todo mundo, tivesse ido embora. E, de fato, ela havia partido. Aquela era uma garota dominada pelo ódio, e de seus olhos emanava algo bem claro: vingança.
Ele jamais saberia como processou as palavras dela tão rapidamente, porém, nos segundos seguintes, corria desesperado, refez o caminho que havia percorrido antes e deixou o pânico se esvair em gritos desesperados por socorro.
Mas ninguém veio salvar Michael, assim como ninguém havia vindo salvar Melanie.
A garota ao menos precisou se esforçar, porque Michael corria olhando para trás para verificar se a garota o seguia, enquanto ela apenas caminhava em sua direção.
Então o corpo de Michael se chocou contra o arame farpado de uma cerca que separava um terreno. Como esta era relativamente alta, uma dor lancinante atingiu seu pescoço. O arame o tinha perfurado, assim como seu peito, seu abdômen e seus braços, que estavam abertos.
O rapaz começou a se debater e percebeu que quanto mais fazia aquilo, mais enroscado ficava.
Melanie estava cada vez mais próxima dele e sorria da mesma maneira que havia feito quando ele a viu pela primeira vez.
Ela alisou os ombros de Michael quando, por fim, o alcançou, e o rapaz paralisou de pavor, pois sabia que já não havia mais escapatória para si.
— De uma forma ou de outra, você ia se ferrar, pequeno Michael. Devia ter fugido da loucura de Alexis.
Então ela empurrou o corpo de Michael sobre a cerca, o segurou com uma força sobre-humana e o arrastou, de forma que o arame grudado em sua pele a rasgasse e abrisse cortes profundos. O rapaz se engasgou, sentiu o gosto de sangue atingir seu paladar e o cuspiu inutilmente, enquanto a dor aumentava cada vez mais e queimava todas as células de seu corpo. Se antes, quando possuía o efeito do álcool em seu sistema, ele não conseguia sentir as coisas ao seu redor, agora sentia menos ainda.
Michael só sabia o que era dor.
Então suas pálpebras pesaram, seu corpo foi desistindo de lutar e, por fim, ele se rendeu ao martírio, fechou os olhos e deixou que sua vida se esvaísse.
Melanie puxou o corpo do rapaz sem delicadeza alguma e o lançou de qualquer jeito no chão. Ao contrário do que haviam feito com ela, queria que os corpos fossem encontrados, só assim talvez conseguisse justiça.
Deu uma risadinha infantil e seguiu na direção do pub, onde sua próxima vítima a aguardava.
John.



— Vira! Vira! Vira! Vira! — o grupo gritava e acabou por incentivar outras pessoas ao redor a entrarem no coro, enquanto John tinha sua boca aberta e uma garrafa de Red Label nas mãos. Como ele havia conseguido aquilo? Ter um amigo segurança tinha suas vantagens, mas eles precisavam ser rápidos, já que os policiais sempre circulavam dentro dos pubs da cidade, caso tivesse alguma ocorrência.
— Vira! Vira! Vira! — O coro continuava a incentivá-lo, mas John apenas ria e fingia que ia beber, parava na metade do caminho e ria novamente, já bastante embriagado.
— Vira logo, seu merdinha! — Ouviu uma voz um tanto conhecida gritar, uma voz que lhe causou um certo arrepio, porém logo imaginou que fosse coisa de sua cabeça, ou até mesmo o efeito do álcool, então deu de ombros e, por fim bebeu, de uma vez, generosos goles do Red Label, enquanto sentia o líquido passar como água por sua garganta. Ele já havia consumido uma grande quantidade de álcool naquela noite, um pouco mais não lhe faria mal, certo?
Totalmente certo.
Ainda mais quando, ao entregar a garrafa para um de seus colegas, ele sentiu uma mão delicada segurar na sua e o puxar para o meio da pista de dança.
Só conseguia ver as costas da garota, porque ela se concentrava em olhar para frente e tentar se esquivar no meio da multidão. No entanto, John não hesitou em seguir a figura feminina. Ele não era idiota de perder aquela oportunidade.
A cada passo dado, sentia uma certa ansiedade para identificar a garota misteriosa, completamente hipnotizado pelas curvas avantajadas da moça, que não deixou de notar enquanto caminhavam.
Então, com muito esforço, eles encontraram um lugar legal para dançar. Um local que, John observou com um sorriso malicioso, era relativamente afastado da multidão.
Soltou uma risada bêbada e então tocou nas costas da garota, cobertas por belíssimas asas negras.
— Então, agora vou poder olhar para a dama que me resgatou de um bando de animais? — ele perguntou, em um tom que julgava bastante galanteador, mas que, no fim das contas, havia soado extremamente enrolado.
A moça soltou uma risadinha infantil, que, com um calafrio, ele reconheceu, mas novamente achou que era coisa de sua cabeça.
Porém, quando a dona das asas negras finalmente virou em sua direção, ele teve absoluta certeza de que haviam colocado algum tipo de droga naquele maldito Red Label.
— Você? — Se permitiu balbuciar, em choque.
— Sabe, John. Já que você gosta de joguinhos, eu tenho um para te propor. — O sorriso doce da garota estava estampado em seus lábios.
— Q-que tipo de jogo? — o rapaz gaguejou, ao tentar conter a tremedeira que se iniciava em suas mãos.
— Você parece ótimo com jogos de bebidas. Foi impressionante como virou aquele Red Label. Isso me fez pensar em fazer uma delas. Você topa? — ela perguntou, com um brilho estranho nos olhos.
John engoliu em seco, sabendo que, diante de quem estava, àquela brincadeira não acabaria bem.
— Vai amarelar agora, John? Pensei que fosse homem o suficiente para isso. Você não pode ficar aí parado apenas olhando para a minha garrafa. — E nisso ela mostrou uma garrafa, que só naquele momento ele percebeu que carregava e continha um líquido incolor. O rapaz franziu o cenho, sem ter a mínima ideia do que havia ali dentro.
— Não, eu... Eu já bebi demais por hoje, ahn... — E ele travou na hora de dizer o nome dela, porque não podia ser possível. Ela não podia simplesmente estar ali, diante dele, em uma festa, com aquela aparência transformada e macabra que combinava perfeitamente com a noite de Halloween.
— Diga meu nome, John. Nós dois sabemos que este você jamais esquecerá. — Ela se aproximou mais do rapaz, e ele deu alguns passos para trás, então sentiu suas costas se chocarem contra uma pilastra.
Mais uma vez, John tentou murmurar o nome dela, mas simplesmente não conseguia. Um bolo se formava em sua garganta e lhe arrancava toda a voz, enquanto um enjoo terrível fazia seu estômago revirar.
Então ele sentiu as unhas da garota agarrarem suas bochechas, pressionarem com violência e cortarem a pele. Ela juntou os lábios dele em um bico e o olhou com o ódio fervente.
— Diga meu nome, seu merdinha. — A voz já não era aquela doce e meiga de antes, agora estava carregada por toda a raiva que aquela garota sentia. A vingança transbordava de suas pregas vocais.
— M... Melanie — John conseguiu murmurar e sentiu a ardência queimar sua bochecha. Por iludidos segundos, achou que seria só aquilo. A garota o soltaria e voltaria para a cova de onde havia saído, porém, quando piscou, a dor não havia passado, e Melanie não havia sumido, muito pelo contrário, sua presença estava ainda mais vívida.
— Abre a boca agora, gostoso. Não é assim que você gosta? — ela ordenou, sem alterar suas feições furiosas. John voltou a temer. Sentiu seu corpo se sacudir e quis se debater, mas não conseguiu, porque a garota lhe prendia com uma força que ele jamais achou ser possível.
John moveu sua cabeça de um lado para o outro, num sinal desesperado de que não iria abrir a boca e, mais uma vez, a risada infantil de Melanie ecoou em seus ouvidos, agora espalhando calafrios por toda sua espinha.
— Eu vou foder sua boca você querendo ou não, seu merdinha. — Então as unhas voltaram a apertar as bochechas dele, e John urrou em agonia. Sentiu que sua pele era rasgada e entrou em desespero, porque ninguém parecia notar que ele estava ali, sendo mutilado por uma garota morta.
Como aquilo era possível? Só podia estar em uma viagem muito louca.
Mas essa viagem se tornou ainda mais real quando Melanie ergueu a garrafa com o líquido transparente e levou em direção à boca de John.
— Agora vira, seu merdinha! Vira! Vira! Vira! — Ela iniciou o mesmo coro que antes ele havia ouvido com tanta animação. E o mais bizarro era que parecia que a multidão havia acompanhado sua deixa.
Ele não teve tempo de se esquivar, ou ao menos respirar. Melanie virou a garrafa em sua boca e, quando o líquido tocou em seus lábios, estes queimaram tão intensamente que tudo o que ele sentiu a partir daquele momento só poderia ser resumido a uma palavra: agonia.
A queimação não parava, era como se sua garganta estivesse se desintegrando e quando, num resquício de consciência, John entendeu do que se tratava, já era tarde demais. O ácido já havia corroído seu trato digestivo e o corpo do rapaz desabou no chão do estabelecimento.
Melanie passou a língua pelos lábios, satisfeita, e seguiu na direção onde havia avistado Elliot.



Era a quinta bala que Elliot repassava depois de conseguir uma boa quantia em dinheiro. Os efeitos da droga o deixavam cada vez mais enérgico e ele sabia que dali a poucos minutos o dinheiro já não importaria mais, iria curtir o resto da festa como merecia devidamente.
Enfiou mais duas balas na boca, ao decidir que naquela noite ele iria tocar o foda-se, não trabalharia e nem estudaria no dia seguinte, então poderia muito bem lidar com as consequências.
Mais dois casais procuraram por ele antes que seu tempo se esgotasse, e ele então começou a pular no meio das pessoas, balançou os dólares para cima e gritou algumas palavras desconexas antes de guardá-los no bolso da jeans.
O mundo acelerava ao seu redor, a música fazia seu coração acompanhar o ritmo das batidas e, em um determinado momento, sentiu como se ele mesmo fosse a música. A capa de Drácula o fazia tropeçar algumas vezes, então Elliot deu um jeito de se livrar dela e jogou na direção de uma anjinha gostosa que havia avistado por ali. Depois daria um jeito de recuperá-la.
O suor escorria de seu corpo e o aglomero começou a deixá-lo sufocado. Precisava de agito, mas, de repente, se viu desesperado por oxigênio, então não hesitou em caminhar até a saída do estabelecimento, decidido a acender um cigarro e fumar um pouco para ficar ainda mais doido quando voltasse para o Stix.
Logo ele estava encostado numa parede do lado de fora do local e tragava longamente, enquanto batucava os dedos na própria perna e se controlava para não dançar ali mesmo. — Psiu! — Ouviu uma voz feminina chamá-lo, então franziu o cenho ao não encontrar nada, deu de ombros e voltou a tragar o cigarro.
Passaram-se o que pareceram milésimos de segundos, quando Elliot ouviu novamente o mesmo som.
— Psiu! — Então se desencostou da parede e caminhou meio confuso. Ouviu nitidamente o barulho de saltos apressados e uma risadinha travessa. Abriu um sorriso malicioso e não hesitou em seguir na mesma direção.
— Sei que está aí, gatinha. Não foge do Elliot, não! — ele soltou, num tom de voz malicioso, e ouviu mais uma risadinha em resposta, enquanto caminhava pelas dependências do pub ao lado, que estava fechado porque só abria no verão.
Então viu nitidamente a ponta de sua capa de Drácula na curva que dava para a entrada dos fundos do estabelecimento. Alargou ainda mais o sorriso e caminhou sorrateiro, determinado a dar um susto na anjinha zombeteira.
Porém Elliot não teve tempo de surpreender ninguém, porque assim que se aproximou do local, sentiu seu corpo ser puxado e imprensado contra a parede, se chocando com uma certa brutalidade, o que o deixou sem ar por alguns segundos.
As mãos da garota imediatamente prenderam seus pulsos ao redor do corpo e ele começou a piscar os olhos, que havia espremido por puro reflexo. Então sentiu os lábios da garota roçarem nos seus, o que o fez desistir de olhá-la, afetado pela provocação.
— Calma, gatinha — ele murmurou, mesmo desejando que ela não tivesse calma nenhuma. Já sabia o quanto a garota era gostosa porque tinha a visto durante a festa e estava louco para ter as pernas grossas dela enroscadas em sua cintura.
A garota apenas riu, acariciou o peito do rapaz e deslizou suas unhas compridas, aproximou sua boca ainda mais dos lábios do rapaz e soprou contra eles:
— Elliot...
O tom havia soado extremamente sensual e deixaria qualquer homem enlouquecido, mas o rapaz teve uma reação completamente diferente. Seu corpo se retesou e ele imediatamente quis se livrar da garota, abriu seus olhos e os arregalou em choque e pavor.
— Melanie! — Engoliu em seco e, mais uma vez, tentou se desvencilhar dos braços da garota, então se desesperou por, pela primeira vez, encontrar alguém mais forte do que ele.
— Se gritar, vai ser pior, lindinho — ela disse, num tom debochado e infantil, sorriu largamente para o rapaz e voltou a aproximar sua boca da dele. Grudou os lábios e adentrou sua língua na boca do rapaz, que, por um instante, hesitou em completo pavor. Porém, no segundo seguinte, não conseguiu mais resistir. Retribuiu o beijo da garota e soltou uma risadinha maliciosa, por mais insana que aquela situação parecesse. Que homem em sã consciência deixaria de pegar Melanie Morgan?
Mas ela estava morta.
Ele e os amigos haviam causado a morte dela.
Aquilo era loucura.
E quando Elliot deixou sua consciência falar mais alto e ia se desvencilhar da garota, já era tarde demais.
Ela havia envolvido a língua dele com os dentes e, com toda a força que possuía, a puxou para fora da boca do rapaz, a arrancou e ouviu um urro desesperado de dor, seguido por soluços desesperados que passaram a escapar da garganta de Elliot. Ele olhava horrorizado para a garota, que ainda prendia sua língua entre os dentes, e então a cuspiu em seus pés, olhou com pouco caso e voltou a encarar o rapaz nos olhos. Um sorriso ensanguentado fora lançado em sua direção, e ela estendeu sua mão, o chamando com o dedo com uma expressão angelical em seu rosto. Elliot aproveitou o espaço que fora cedido pela garota e pôs-se a correr, determinado a buscar ajuda, por mais insana que sua história pudesse parecer.
Segundos depois, como se não tivesse corrido nada, Melanie estava parada diante dele, ainda sorrindo da mesma forma e usando suas unhas poderosas para enfiar as garras no peito do rapaz, atravessar a carne e segurar em seu coração, que ela apertou e então puxou para fora, desligando o rapaz como se este fosse uma simples máquina.
Foi quando, parado a poucos metros diante dela, ela avistou sua antepenúltima vítima, a encarando com expressão incrédula e completamente chocada.



Ele havia sido atraído pelos gritos do melhor amigo.
— Kevin, meu amor. Veio brincar com sua Melanie também? — A garota tombou a cabeça em sua direção e ele piscou os olhos demoradamente, como se assim pudesse apagar aquela visão aterrorizante de sua ex-namorada.
— Eu matei você, Melanie. Você não está aqui. — Kevin soltou, em um tom firme. Diferente dos outros, por mais que estivesse cagando de pavor, ele não demonstraria.
Mas se tinha uma coisa a qual Melanie estava determinada a fazer naquele Halloween, era fazer Kevin chorar como um bebê, enquanto mijava em suas próprias calças, ou pelo menos chegar muito perto daquilo.
Ele precisava pagar por tudo o que havia feito com ela.
— Bem observado, meu bem. Você me matou. Na verdade, fez bem mais do que isso, não é? — Melanie já estava diante do rapaz e passou as mãos nos ombros dele de forma provocante, o que fez o rapaz erguer uma sobrancelha, sem conseguir desviar seu olhar dela, que, embora coberta de sangue e com as feições transtornadas, jamais deixaria de atraí-lo absurdamente.
— Virei você do avesso. — Kevin não hesitou em responder, porque não sentia um pingo sequer de remorso. Se pudesse, faria tudo exatamente do mesmo jeito, como o verdadeiro filho da puta que era. Só alguém muito ingênuo como Melanie para ter acreditado que ele era algum tipo de santo.
— Mas você está errado em uma coisa, namoradinho. Eu estou aqui, sim — ela soprou, na orelha do rapaz, onde deixou um beijo leve e lambeu o lóbulo. — E agora sou eu quem vou virar você do avesso. — Ela soltou uma risadinha travessa e arrancou um olhar malicioso de Kevin, que não hesitou em puxar a garota pela cintura e a prensar contra si para demonstrar que só aquela visão dela era o suficiente para deixá-lo excitado.
Melanie soltou um gemido baixo, então deslizou suas mãos pelo peitoral do rapaz, desceu por seu abdômen e alcançou sua ereção por cima das calças, onde iniciou um carinho gostoso com seus dedos por cima do tecido. Kevin fechou os olhos e grunhiu baixinho ao segurar os cabelos de Melanie pela nuca e acariciar de leve.
A garota não demorou a puxar o cinto e se livrar dele, abriu a braguilha da calça e fez a peça cair aos pés de Kevin, que imediatamente focou seus olhos famintos na garota, agora ajoelhada diante dele, então Melanie puxou a boxer para baixo para expor o pau do rapaz, rígido e dotado de grossas veias que irrigavam o sangue a todo vapor para aquela região. Ela passou a língua pelos lábios, ainda ensanguentados, e deu um beijo leve na cabecinha. Não demorou a envolver todo o pau de Kevin com sua boca e iniciar os movimentos de sucção que fizeram ele apertar sua mão na nuca da garota e forçar a cabeça dela para frente, de forma que fosse ainda mais fundo. Ela o empurrou um pouco por uma das coxas para que pudesse segurar em seu pau com uma das mãos, enquanto o arranhava de leve e passava a ponta dos dentes pela extensão do membro de Kevin. Ele estava cada vez mais envolvido pelas carícias da boca dela, seu corpo estremecia em espasmos, a ponto de gozar a qualquer momento.
Mal sabia Kevin que aquele momento jamais chegaria.
Quando Melanie o sentiu pulsar em sua boca, pronto para despejar seu líquido, os dentes dela se fecharam sem dó nenhuma ao seu redor, cravaram a carne e a rasgaram. Kevin soltou um grunhido tão alto que parecia um animal uivando na calada da noite, mas Melanie não parou por aí. Puxou o membro do rapaz com violência até arrancá-lo por completo e assistiu Kevin cair de joelhos quase automaticamente, desfalecendo tamanha era a dor e a agonia.
Ela levantou com um olhar que transbordava ódio e triunfo. Segurou o membro do rapaz com uma das mãos, enquanto com a outra apertou o pescoço de Kevin e o forçou a abrir a boca, por mais que este tentasse protestar. Então Melanie atravessou o membro do rapaz por sua boca até entalar na garganta. Ele agonizou e implorou por oxigênio, porém nem assim ela parou e forçou até que Kevin já não lutasse mais, enfim rendido.
Largou o corpo dele de qualquer jeito e ajeitou as asas negras em suas costas, lançou um último sorrisinho na direção do rapaz e saiu em busca de suas últimas vítimas.
Estava ali uma bela forma de morrer.



Os olhos de Alexis estavam vidrados em Melanie, sem conseguir acreditar que era mesmo sua melhor amiga morta que estava parada diante de si. Aquilo só podia ser uma brincadeira de péssimo gosto.
— Muito engraçado, Ky — ela murmurou e tentou voltar sua atenção para as carícias do namorado, porém este franziu o cenho e a encarou confuso.
— Do que está falando, Alexis? — A garota revirou os olhos e apontou por sobre o ombro do rapaz para que ele visse.
— Pagar alguém para se vestir de Melanie. Achou realmente que eu iria cair nessa? — Fez pouco caso da garota, que apenas tombou a cabeça em sua direção e observou a cena com curiosidade.
Kyle imediatamente olhou para onde Alexis indicava, então sua expressão congelou de completo pavor. Ele voltou a encarar a namorada e tentou alertá-la de todas as formas possíveis.
— Eu não paguei ninguém, Lexi.
No segundo seguinte, a cabeça de Kyle foi puxada com violência. Melanie agarrou em seus cabelos, quase arrancando seu coro cabeludo, e o segurou como se fosse um boneco.
Alexis soltou um grito desesperado ao ver que aquilo, de fato, não era uma brincadeira de mau gosto. Era real até demais.
— Eu devia fazer você assistir sua namorada morrer, assim como você assistiu ela e todos os seus amiguinhos fazerem o que bem entendessem comigo. Mas o problema é que eu não dou a mínima para você, Kyle. Por ser um pau mandado filho da puta, você merece uma morte completamente sem graça.
E antes que Alexis pudesse fazer qualquer coisa, Melanie estalou o pescoço do rapaz e o quebrou com tanta facilidade que fez a garota se sentir o mais insignificante dos seres.
Então ela tentou correr, sem estranhar que os portões daquela mesma mansão onde tinha matado sua melhor amiga estavam abertos, assim como as portas. Parecia que a casa estava preparada para recebê-la.
Alexis podia ouvir os saltos de Melanie baterem no chão calmamente, enquanto ela ainda corria em desespero. Parecia que não importava o quanto corresse, Melanie estava sempre a ponto de alcançá-la.
Não soube como, mas, de repente, Lexi se viu subindo as escadas com pressa, e quanto mais degraus ela subia, mais degraus pareciam existir.
Quando estava no que achava ser quase o topo da escada, sentiu o puxão forte em seu tornozelo, seguido pela dor lancinante quando seu queixo bateu no chão. O osso estalou e lhe deu a certeza de que havia quebrado. Urrou de desespero e não se surpreendeu ao ver Melanie agarrada em um de seus pés.
Tentou chutá-la e se livrar dela de todas as formas, mas Melanie voltou a puxá-la e fez a cabeça de Alexis bater a cada degrau que descia. A garota tentou se agarrar em algo que pudesse salvá-la e com isso somou-se a dor aguda em seus dedos ao quebrar alguns deles. Os socos em sua cabeça eram tão fortes que Alexis já não sabia mais se estava consciente ou não, tudo ao seu redor se resumia à dor.
— Está pensando que vai ser fácil assim, Lexizinha? — a voz meiga de Melanie debochou, enquanto atirava a garota no final da escada da casa. — Você teve o melhor de mim, Alexis. Eu fui sua melhor amiga. Eu curei suas feridas, fiz as pessoas notarem você e até mesmo te juntei com aquele seu namoradinho nojento. E como você me retribui? Com sua inveja barata e seu veneno!
Melanie caminhou tranquilamente, até parar com seus pés bem próximos ao rosto de Alexis, que estava paralisada da cintura para baixo e mal conseguia se arrastar. Era tão agonizante que lágrimas escorriam de seus olhos.
— Hoje, Alexis, sou eu que tenho uma lição para mostrar pra você. Dizem que as víboras morrem por seu próprio veneno, e olha só que notícia linda? Você me envenenou com sua inveja. Hoje eu faço questão de entalar tudo isso na sua garganta.
Alexis viu exatamente o momento em que o salto agulha de Melanie se posicionou diante de seu pescoço, então sua garganta foi perfurada, enquanto a garota ouvia a risada infantil de sua ex melhor amiga ecoar, enfim satisfeita por sua vingança agora completa.
Ela lutou bravamente pelo oxigênio. Seu corpo sacudiu, enquanto o sangue que jorrava de sua garganta a fazia engasgar. Lexi só queria que aquela dor parasse, só queria poder respirar novamente, mas sabia que estava perdida.
Seus batimentos ficaram cada vez mais fracos, e a última coisa que Alexis viu antes de sua vida se esvair foram os olhos triunfantes e o sorriso ensanguentado de Melanie Morgan.
— Você sabe que eu nunca quebro promessas. Vamos todos para o inferno, no final das contas. Te espero lá, Lexi!
As gargalhadas de Melanie foram também a última coisa que Alexis ouviu.



— Então Melanie deu as costas ao corpo sem vida de Alexis e seguiu satisfeita depois de finalmente ter conseguido completar sua vingança. — terminou de contar e quase riu da expressão vidrada de seus amigos, que não haviam piscado por um minuto sequer enquanto ela contava a história.
— Caralho, você devia escrever um livro. Vou ser o primeiro a comprar — Greg murmurou chocado, e Anthony o olhou meio confuso.
— Mas isso não é uma lenda local? Por que ela escreveria sobre isso? — questionou um tanto confuso.
— Ah, calem a boca, vocês dois. Eu só não entendi o motivo da Alice estar se cagando inteira pra não contar essa história. — olhou inquisidor para a amiga, que revirou os olhos e bufou ao se aconchegar no peito de Dave. Como resposta, ele murmurou para ela não ligar para aqueles babacas.
— Alice se caga de medo, porque dizem que, na verdade, Melanie nunca conseguiu realmente seguir em frente, afinal, nunca encontraram o corpo dela. Desde então, o seu espírito vaga por essa casa e a cada Halloween se torna mais sedento por justiça — contou e quase gargalhou da cara dos amigos.
— Aí você traz a gente justamente pra cá. Me ensine a ser como você quando eu crescer — Greg voltou a exclamar, ainda impressionado com a história.
— Esse negócio de história sangrenta me deu uma sede do caralho, vamos beber logo. Faltam três minutos para a meia noite! — fez pouco caso e jogou uma latinha de cerveja para cada um.
Todos estavam sentados em roda e abriram suas latas para brindar quando chegasse a hora, uma tradição deles, por mais que parecesse que estavam comemorando o ano novo.
As badaladas da meia noite começaram a soar e eles soltaram exclamações animadas e brindaram enquanto riam.
— Happy Halloween!
Dave e Alice se beijaram rapidamente, se esquivou de , e os outros ficaram olhando meio embasbacados.
De repente, as luzes da sala da mansão piscaram e se apagaram de súbito.
, isso não tem graça nenhuma — a voz de Alice murmurou chorosa, alguns segundos depois.
Quando as luzes voltaram a se acender, a alma sedenta de Melanie Morgan estava parada logo atrás de .
Os gritos desesperados ecoaram por toda a mansão, do mesmo jeito que costumavam ecoar em todo Halloween.


Fim.


Nota da autora: Eu não nego que amo escrever vingança contra macho escroto e amizade tóxica.
Espero que tenham gostado e comentem, se não a Melanie vai puxar o pé de vocês.
Happy Halloween! 🎃

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