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Codificada por Lua ☾
Última Atualização: 07/04/2025

Algum dia qualquer do ano de 2075…

O mundo que conhecemos desapareceu. O que restou da antiga civilização são ruínas corroídas pelo tempo e pelo caos. Prédios, que um dia tocaram o céu com orgulho, agora jazem como esqueletos enferrujados, cobertos por uma vegetação rebelde que tomou de volta o que era seu. As cidades, antes vibrantes, foram engolidas pela poeira e pelo silêncio, enquanto o mar – implacável e infinito – avança sobre a terra, reclamando territórios outrora dominados por humanos.

Na Coreia do Sul, as cicatrizes são ainda mais profundas. Os anos de conflito, desastres naturais e o colapso global deixaram a península fragmentada, isolada do restante do mundo. O que uma vez foi um centro de inovação e tecnologia se transformou em um arquipélago de ilhas decadentes, onde apenas os mais fortes sobrevivem. A água se tornou o bem mais precioso, os alimentos são escassos, e a lei do mais forte impera.

Os oceanos, agora traiçoeiros e sem controle, são o novo palco dessa luta pela sobrevivência. Piratas governam as águas que cercam o que sobrou da civilização, navegando em embarcações improvisadas, saqueando o que encontram e travando guerras pelo controle dos escassos recursos. Alianças são raras, traições são comuns, e a esperança... essa se perdeu junto com as cidades que afundaram no mar.

As lendas dizem que, em algum lugar nas profundezas do oceano, ainda existem tesouros escondidos que podem mudar o destino do mundo. Mas, para encontrá-los, é preciso enfrentar não apenas os perigos do mar, mas também os piratas que o governam – cada um deles com seus próprios sonhos, segredos e cicatrizes.

Entre esses sobreviventes, há um nome que causa pavor em todos que se aventuram pelos mares: Os Corvos do Abismo, o bando de piratas mais temidos das águas do leste. Liderados pelo implacável Hongjoong, eles são conhecidos por sua crueldade, inteligência estratégica e pela habilidade de aparecer e desaparecer nas sombras do oceano, como corvos famintos em busca de presas. Suas embarcações são modificadas com peças de metal enferrujado, velas negras rasgadas, e símbolos de destruição que fazem qualquer adversário hesitar antes de enfrentá-los.

Hongjoong, o capitão, é um gênio da estratégia. De olhos penetrantes e mente afiada, ele sempre parece estar dois passos à frente de todos. Cada decisão que que toma é precisa, fria e calculada. A sobrevivência do grupo depende de sua liderança, e todos o seguem com uma lealdade que beira o fanatismo.

Seonghwa, o imediato, é a mão direita de Hongjoong, um guerreiro silencioso e meticuloso. Ele é o equilíbrio entre a fúria do capitão e a necessidade de manter a tripulação unida. Sua presença impõe respeito, e ele raramente fala – mas quando o faz, suas palavras são finais.

Yunho e San são os braços da força bruta do grupo. Yunho, com sua estatura imponente e seu humor ácido, e San, conhecido pela ferocidade em batalha, são aqueles que intimidam qualquer um que se aproxime do navio. Os dois juntos formam um par letal, capazes de dizimar inimigos sem piedade.
Mingi e Wooyoung são os mestres da arte da pilhagem e do caos. Mingi, um estrategista impetuoso e explosivo, se destaca pela sua habilidade de destruir e reaver qualquer recurso que a tripulação precise. Wooyoung, por outro lado, é a alma rebelde e ousada, sempre disposto a se arriscar pelo tesouro mais improvável, seduzindo adversários e os enganando com seu charme traiçoeiro.
Yeosang, de olhos calculistas, é o responsável pelas táticas silenciosas. Um especialista em infiltração e assassinatos, ele é a sombra que precede a morte. Raramente visto, ele ataca quando menos se espera, e seu nome é sussurrado entre os poucos que sobreviveram para contar histórias sobre ele.
Por fim, há Jongho, o mais jovem do grupo, mas ninguém se engana com sua aparência. Sua força física e sua determinação de ferro o tornaram um dos piratas mais temidos, apesar de sua idade. Ele é o símbolo de que, na tripulação de Hongjoong, todos são armas letais, prontos para defender sua bandeira a qualquer custo.
Juntos, eles não são apenas piratas – são lendas vivas, assombrando o oceano em busca de glória, riquezas e o controle total dos mares. Ninguém ousa enfrentar os Corvos do Abismo sem pagar um preço caro. Mas há rumores de que um novo grupo surgiu, ameaçando o domínio de Hongjoong e sua tripulação…

***


Enquanto os Corvos do Abismo espalham terror e poder pelo oceano, há outro nome que corre como uma tempestade entre os marinheiros: As Serpentes de Prata, uma tripulação de piratas composta por mulheres tão letais quanto misteriosas. Se os Corvos são a força bruta, as Serpentes são a astúcia personificada – e lideradas por uma capitã que todos temem e respeitam: .

, a capitã das Serpentes, é um gênio frio e enigmático. Conhecida por sua mente afiada e uma presença que parece envolver todos em um silêncio mortal, ela comanda seu navio com autoridade inquestionável. Com seus olhos sempre atentos e gestos calculados, faz com que qualquer oponente subestime seu poder apenas para ser destroçado por suas táticas implacáveis. Ela não luta apenas com força, mas com inteligência, e suas estratégias, assim como suas ordens, são seguidas sem hesitação.

, sua primeira imediata, é tão carismática quanto letal. Sua beleza esconde uma perigosa habilidade de manipular e enganar seus adversários. tem o dom de fazer com que seus inimigos se apaixonem pela morte, conduzindo-os a uma armadilha com apenas um sorriso. Ela é o charme da tripulação, a face da sedução que esconde punhais afiados.

é a navegadora e guardiã do conhecimento do grupo. Com um vasto entendimento dos mapas e do comportamento imprevisível dos mares, ela é quem guia as Serpentes de Prata pelas rotas mais perigosas – aquelas que nenhum outro pirata ousaria seguir. Mas sua mente analítica esconde um lado selvagem, que surge quando necessário, fazendo dela uma oponente imprevisível.
, a artilheira, é uma especialista em armas e explosivos. Suas mãos ágeis controlam o caos que as balas e canhões causam no campo de batalha. Com um sorriso desafiador, adora a adrenalina da destruição e vive para ver seus inimigos sucumbirem à tempestade de metal e pólvora que ela desencadeia.
é a especialista em infiltração e espionagem. Seu silêncio e habilidade de se mover nas sombras a tornam essencial para as missões mais delicadas. Muitas vezes, ela já esteve dentro das bases inimigas antes mesmo que percebessem. Seus olhos calculadores sempre estão um passo à frente, e sua habilidade de desaparecer na escuridão é lendária.
, por outro lado, é a alma rebelde e criativa da tripulação. Ágil e destemida, ela vive pela emoção do risco e é conhecida por suas acrobacias impossíveis em combate. Sua habilidade com espadas é incomparável, e sua velocidade confunde qualquer adversário que se atreva a enfrentá-la. Seu sorriso desafiador é a última coisa que muitos inimigos veem antes de cair.
Gaehyeon, a mais nova das Serpentes, mas de coração forte e indomável, é a força emocional que une a tripulação. Sua juventude não é fraqueza, mas combustível para sua coragem. Ela é impulsiva, sim, mas sempre encontra uma maneira de transformar seus erros em vitórias inesperadas. Ninguém subestima Gaehyeon e sai ileso.
As Serpentes de Prata navegam pelos mares como predadoras silenciosas, rápidas e mortais. Juntas, essas mulheres forjaram uma irmandade onde cada uma sabe seu papel, e todas estão dispostas a proteger o que é delas a qualquer custo. A rivalidade com os Corvos do Abismo cresceu com o tempo, e os encontros entre eles são sempre intensos, como duas forças da natureza se colidindo.
No horizonte, há rumores de que os Corvos e as Serpentes estão destinados a algo maior que a simples rivalidade. Mas em um mundo onde confiança é uma moeda escassa e o mar é o único que dita as regras, qualquer laço pode ser quebrado pela sobrevivência.

***


A noite estava escura, apenas o brilho fraco da lua iluminava a vastidão do oceano. O som das ondas quebrando contra o casco do navio dos Corvos do Abismo era abafado pelo vento que assobiava entre as velas desgastadas. O silêncio pesado pairava no ar, um prenúncio da tempestade que estava por vir – não das águas, mas da batalha iminente.
Hongjoong estava no convés, seus olhos atentos fixos no horizonte. Ele sentia o perigo antes mesmo de vê-lo. Seus instintos nunca falhavam.
— Eles estão próximos — murmurou, e sua voz firme cortou o silêncio como uma lâmina.
Seonghwa estava ao seu lado, sempre quieto, mas com uma mão repousando sobre o cabo de sua espada, pronto para agir a qualquer sinal. O ar ao redor deles estava carregado de expectativa.
— Vão tentar nos pegar de surpresa, ele disse, sem desviar o olhar do mar — Mas nós vamos surpreendê-los primeiro.
De repente, uma sombra escura emergiu na linha d'água. Um navio inimigo, com velas negras como a noite, avançava rapidamente na direção deles, sem hesitação. Eles tinham sido encontrados.
— Alerta de ataque! — gritou Wooyoung, já subindo em uma das cordas para alcançar os canhões. Seu sorriso excitado contrastava com a tensão que crescia entre a tripulação — Finalmente, alguma diversão!
Yunho e San se moveram em sincronia, prontos para o combate corpo a corpo. Yunho, com seu físico imponente, arrastava enormes barris de pólvora para preparar os canhões, enquanto San afiava suas lâminas, os olhos brilhando com antecipação.
— Espero que estejam preparados para uma surra! — San murmurou, ajustando o cinto de facas.
Mingi e Yeosang já estavam no posto de comando, posicionando-se para coordenar o ataque. Mingi, sempre explosivo, não conseguia esconder sua impaciência.
— Vamos afundar eles de uma vez! — ele gritou, puxando a corda de um dos canhões, esperando o sinal de Hongjoong.
O capitão manteve-se calmo, mesmo com o perigo iminente.
— Esperem… — disse ele, com os olhos frios analisando a situação. Ele não era um homem de agir por impulso — Esperem até que eles estejam mais perto. Queremos que eles pensem que têm a vantagem.
Jongho, o mais jovem, mas de força descomunal, já estava posicionado na lateral do navio, pronto para a abordagem. Ele não precisava de muito incentivo; seu sangue fervia pela batalha que se aproximava.
— Só diga quando, capitão. — disse ele, ajustando o peso do machado em suas mãos.
O navio inimigo estava quase ao alcance. As bandeiras tremulavam no vento, e os piratas do outro lado já preparavam suas armas, acreditando que o ataque seria um sucesso fácil. O erro deles.
— Agora! — gritou Hongjoong, e o caos foi liberado.
O som ensurdecedor dos canhões ecoou pela noite, e as primeiras bolas de ferro cortaram o ar, atingindo o navio inimigo com força brutal. Explosões de madeira e faíscas voaram pelo convés adversário, criando um cenário de destruição instantânea.
Seonghwa foi o primeiro a saltar, espada em punho, liderando a investida ao embarcar no navio inimigo. Ele se movia com precisão cirúrgica, abatendo oponentes com golpes rápidos e fatais, como uma sombra implacável.
San e Yunho vieram logo atrás, os dois como uma força imparável. San, com suas lâminas gêmeas, cortava inimigos com uma agilidade assustadora, enquanto Yunho, com sua força descomunal, destruía qualquer obstáculo que ousasse cruzar seu caminho.
Wooyoung e Mingi, sempre no meio do caos, coordenavam a destruição com canhões e granadas improvisadas, rindo como se fosse uma brincadeira mortal.
— Cuidado para não acabar com todos de uma vez, Mingi! — Wooyoung gritou enquanto uma explosão iluminava o convés ao lado deles.
No meio da batalha, Yeosang se movia nas sombras, silencioso como a morte. Ele não lutava de frente, mas seus ataques inesperados derrubavam os mais fortes e os mais descuidados, sempre atacando quando menos esperavam.
Hongjoong, do alto, observava a cena. Seu olhar frio e calculado nunca desviava. Cada movimento de sua tripulação seguia seu plano perfeitamente. Ele era o cérebro da operação, e sua tripulação era a lâmina afiada que ele usava para cortar qualquer obstáculo.
Quando o sol começou a surgir no horizonte, os sons de batalha diminuíram. O navio inimigo estava em ruínas, destroçado, e os poucos sobreviventes foram jogados ao mar. Os Corvos do Abismo haviam vencido mais uma vez, com sangue e glória.
— Isso foi divertido — disse San, limpando o sangue de sua lâmina enquanto olhava para os destroços do navio inimigo — Mas espero que o próximo seja um desafio maior.
Hongjoong apenas sorriu de canto, enquanto a tripulação voltava ao seu navio. Eles eram lendas vivas nos mares devastados – e nada, nem ninguém, ousava desafiá-los e sair ileso.

***


As águas agitadas do oceano refletiam a luz da lua enquanto o navio Serpentes de Prata cortava as ondas com uma elegância mortífera. O silêncio no convés era quase ensurdecedor, pois as mulheres que ali se preparavam eram mestres da furtividade. Enquanto a maioria dos piratas preferia gritos de guerra e caos, elas eram o sussurro que vinha antes da morte.
, a capitã, estava na proa, observando calmamente o navio mercante que se aproximava lentamente. A emboscada estava pronta. Seus olhos calculavam cada detalhe, já antecipando os próximos passos de suas inimigas. Com um leve movimento de cabeça, ela deu o sinal.
foi a primeira a agir. Com um sorriso malicioso, ela desapareceu nas sombras, seus pés movendo-se silenciosamente pelo convés enquanto se preparava para infiltrar-se no navio adversário. Sua tarefa: neutralizar qualquer resistência antes que o caos começasse.
— Silêncio e estratégia... sempre o caminho mais eficaz. — Ela sussurrou para si mesma.
, a navegadora, mantinha o controle firme do leme, guiando as Serpentes por uma rota que lhes desse a vantagem no ataque. Suas mãos firmes manipulavam o navio com precisão, fazendo parecer que estavam sendo levadas pelo vento enquanto, na verdade, se posicionavam para o golpe fatal.
— Vamos pegar eles desprevenidos… —Ela disse com um sorriso astuto.
O brilho de fogo nos olhos de aumentava à medida que se preparava para ativar os canhões. Ela acariciava os projéteis com uma delicadeza perturbadora.
— Vamos fazer chover metal e pólvora sobre eles. — Murmurou.
Quando levantou a mão, puxou a corda, e o primeiro tiro ecoou como um trovão sobre as águas. Explosões rasgaram o casco do navio inimigo.
já estava a bordo do navio mercante. Como uma sombra, ela deslizava pelas escotilhas e corredores, incapacitando guardas antes que pudessem sequer perceber que ela estava lá. Seu rosto impassível não demonstrava emoção alguma enquanto deixava corpos inconscientes pelo caminho.
— Missão cumprida. — Murmurou ao ajustar o capuz, desaparecendo em um beco do navio.
, a tempestade em forma humana, foi a primeira a pular para o navio inimigo, suas espadas em mãos e o corpo ágil girando no ar antes de cair sobre os piratas adversários. Ela dançava entre eles, rápida e letal, seus movimentos quase impossíveis de acompanhar. Os gritos dos homens caindo ao chão só a incentivavam mais.
— Isso é diversão de verdade! — Ela riu, cortando o ar ao seu redor.
Gaehyeon, apesar de jovem, se movia com uma coragem que fazia os corações vacilarem. Ela havia escalado as cordas até o ponto mais alto do mastro inimigo, observando a cena de destruição abaixo de si. Com uma faca entre os dentes, ela saltou sobre a tripulação inimiga com gritos de pura adrenalina, suas lâminas afiadas cortando o ar enquanto derrubava qualquer um que cruzasse seu caminho.
— Eles não sabiam com quem estavam lidando.
Do convés do Serpentes de Prata, observava enquanto suas companheiras dominavam o navio mercante. Tudo ocorria conforme o planejado. Ela sabia que, com o caos semeado por sua tripulação, não demoraria para que o capitão do navio mercante se rendesse.
Mas naquele momento de vitória iminente, enquanto as ondas batiam suavemente contra os cascos dos navios em batalha, uma visão no horizonte fez estreitar os olhos. Outro navio. Não, um monstro dos mares. Suas velas negras eram inconfundíveis. O sangue de gelou por um instante.
Ela soube imediatamente. Aquela tripulação era o único verdadeiro desafio que ainda restava nos mares destruídos. Eles eram a força bruta, os predadores que não conheciam limites. E agora, eles estavam ali, se aproximando.
— Capitã… — falou de repente, os olhos fixos no horizonte — Eles estão vindo.
não precisava perguntar quem "eles" eram. Ela sabia. Sua mente começou a girar, formulando uma estratégia enquanto sentia o frio da antecipação correr por sua espinha.
— Preparem-se. — ordenou, sua voz baixa mas cheia de comando — Esse jogo está apenas começando.
O vento carregava o aroma de pólvora e ferro, enquanto o silêncio entre as duas tripulações era um prelúdio para o que estava por vir. Os Corvos do Abismo vinham de um lado, as Serpentes de Prata aguardavam do outro. As águas que os separavam pareciam mais traiçoeiras que nunca.
E naquele instante, o destino dos mares estava prestes a mudar.


O vento parecia carregar o peso do destino enquanto as águas do oceano tornavam-se uma ponte traiçoeira entre dois mundos. De um lado, o navio dos Corvos do Abismo aproximava-se com as velas negras como sombras dançando contra o céu. Do outro, o Serpentes de Prata permanecia firme, suas tripulantes prontas para enfrentar qualquer ameaça.

No convés dos Corvos, Hongjoong, o capitão, observava a aproximação do navio feminino com olhos penetrantes. Sua mão segurava firmemente o corrimão, os nós dos dedos brancos, enquanto o peso da responsabilidade crescia em seus ombros.

– Elas não vão recuar! – Ele murmurou, um sorriso enviesado se formando em seus lábios.Mas também não vamos.

San estava ao lado dele, um brilho perigoso nos olhos.

– Parece que encontramos rivais à altura, capitão. Isso vai ser interessante.

Yeosang, sempre analítico, estava focado nos detalhes. Ele conseguia ver as figuras ágeis das mulheres se movimentando pelo convés do Serpentes, ajustando armas, verificando os mastros, preparando-se para a batalha.

– Elas estão prontas. Esse não será um confronto comum.

Enquanto isso, no Serpentes de Prata, o clima era tão denso quanto o ar antes de uma tempestade.

, a capitã, mantinha uma expressão fria, mas seu coração batia como um tambor. Ela sabia que os Corvos do Abismo não eram como os outros piratas que haviam enfrentado antes.

– A calmaria é o prenúncio do caos… – ela disse, mais para si mesma do que para a tripulação.

, no leme, lutava para conter a adrenalina que pulsava em suas veias.

– Eles são grandes, capitã. E são rápidos.

– Não importa – respondeu , sua voz carregada de uma confiança quase arrogante enquanto ajustava os canhões. – Grandes ou pequenos, todos afundam do mesmo jeito.

afiava suas lâminas com movimentos metódicos, mas seus olhos estavam fixos no navio adversário.

– Eles parecem perigosos – ela admitiu, um sorriso selvagem surgindo em seu rosto. – Mal posso esperar.

, sempre silenciosa, preparava suas ferramentas com precisão. Seu foco não estava no medo ou na expectativa, mas na tarefa que teria pela frente.

– Se eles querem guerra, vão ter.

Quando os dois navios finalmente se aproximaram o suficiente para que suas bandeiras fossem visíveis, o silêncio entre as tripulações tornou-se ensurdecedor.

Nos Corvos, Wooyoung deu um passo à frente, com um sorriso provocador.

– Então são elas? As famosas Serpentes? Achei que fossem lendas.

No Serpentes, Gaehyeon estreitou os olhos ao ouvir os comentários vindos do outro lado.

– Eles estão nos subestimando. Isso vai ser divertido.

Os mares pareciam segurar o fôlego, como se até mesmo as águas estivessem curiosas para ver o que aconteceria a seguir…

Ambos os capitães, Hongjoong e , trocaram olhares de desafio. Era um encontro de forças, de egos e de estratégias. Um momento que marcaria o início de algo muito maior do que uma simples batalha.
Enquanto as tripulações aguardavam o sinal para o primeiro movimento, uma pergunta pairava no ar: seria este o começo de uma rivalidade ou de uma aliança inesperada?
E assim, com o oceano como testemunha, o jogo começou…
***

Hongjoong manteve o olhar fixo na figura da capitã adversária. Seus olhos eram duas chamas desafiadoras, e ele quase podia sentir a força que emanava dela mesmo à distância. Ele inclinou levemente a cabeça, um sorriso carregado de superioridade surgindo em seus lábios.

– Não as machuquem muito – ele disse, a voz firme cortando o silêncio que dominava o convés. – Elas ainda são mulheres. Podem ser úteis como... prisioneiras. Ou algo mais.
San, ao ouvir o comentário, ergueu uma sobrancelha, mas não disse nada. Era raro ele questionar as ordens de Hongjoong, mas havia algo no tom casual e despreocupado do capitão que o incomodava.
Yeosang, por outro lado, lançou-lhe um olhar breve, quase imperceptível, antes de retornar sua atenção ao navio adversário.

Do outro lado, no Serpentes de Prata, o vento carregou as palavras de Hongjoong como uma flecha direta para os ouvidos de . Ela cerrou os dentes, os punhos fechando-se ao lado do corpo.

– Prisioneiras? – ela repetiu baixinho, a voz repleta de veneno. – Eles acham que podem nos subjugar como fazem com qualquer outro.

, ao lado dela, soltou uma risada amarga.

– Eles estão brincando com fogo. Vamos mostrar exatamente quem está no comando aqui.

não desviou o olhar de Hongjoong, seu sorriso lentamente se transformando em algo perigoso, predador.

– Se eles acham que somos apenas mulheres indefesas, vão aprender do jeito mais difícil.

Com um movimento rápido, ela ergueu o braço, sinalizando para que as armas fossem preparadas.

Nenhuma piedade. Eles vão lembrar para sempre que as Serpentes de Prata não são brinquedos para homens arrogantes.

A tensão aumentava a cada segundo, como uma tempestade prestes a explodir. O confronto que se desenhava prometia não ser apenas uma batalha física, mas também uma colisão de vontades e crenças.

E, no fundo, ambos os capitães sabiam que este seria o início de algo que mudaria o curso de suas vidas – e do oceano que chamavam de lar.

Com um grito de comando de , o Serpentes de Prata avançou como uma flecha em direção ao navio adversário. As águas foram divididas violentamente pela proa do barco, que atingiu o casco dos Corvos do Abismo com um impacto ensurdecedor.

O convés do navio masculino balançou perigosamente, e alguns dos piratas quase perderam o equilíbrio. O choque arrancou Hongjoong de seus pensamentos, e ele agarrou o corrimão, os olhos arregalados enquanto tentava processar a ousadia das mulheres.

– Mas que diabos?! – gritou San, tentando se segurar enquanto o navio tremia.

Antes que pudessem reagir, as tripulantes do Serpentes já haviam lançado cordas e ganchos, escalando com rapidez e agilidade o navio inimigo. Em segundos, elas estavam no convés, cada uma com uma postura feroz e determinada.

foi a primeira a desembarcar. Ela avançou com passos firmes, seus olhos imediatamente encontrando os de Hongjoong e, logo em seguida, os de Yeosang, que se postava ao lado do capitão. Ela sacou sua espada, apontando-a para ambos.

– Então é você o grande capitão que acha que pode transformar mulheres em escravas? – sua voz era fria, carregada de sarcasmo. – Vamos ver quem será subjugado hoje.

Hongjoong tentou responder, mas sentiu-se desarmado pela intensidade dela. Yeosang deu um passo à frente, o olhar duro fixo em .

Enquanto isso, havia se posicionado com destreza diante de Seonghwa, um sorriso provocador nos lábios.

– Você parece tão sério... Vamos ver se consigo mudar isso.

estava frente a frente com Mingi, que a observava com uma mistura de surpresa e cautela. Ela inclinou levemente a cabeça, avaliando-o.

– Você é grande, mas será que é rápido?

, com uma adaga em mãos, encarou Wooyoung, que parecia dividido entre fascínio e confusão.

– Você gosta de falar, não é? – ela perguntou, a voz suave, mas ameaçadora. – Vamos ver se tem coragem de agir.

, por sua vez, havia cercado Yunho, que tentou recuar, mas ela o seguiu com determinação.
– Ficar parado não vai te salvar, grandão.

Sua já tinha San sob sua mira, o sorriso dela era perigoso.

– Você parece arrogante... aposto que não vai durar muito.

estava frente a frente com Jongho, que mantinha uma postura firme apesar do caos ao seu redor. Ela girou a espada com habilidade, avaliando-o.

– Você parece ser o mais calmo deles... mas calma não vence batalhas.

Os dois grupos estavam agora separados apenas pelo espaço de um punho. Espadas e armas foram erguidas, o som metálico cortando o ar como um aviso.

Hongjoong ergueu o queixo, recuperando parte de sua compostura, e encarou .

– Você é corajosa, eu dou isso a você. Mas invadir nosso navio foi um erro.

sorriu, um brilho selvagem nos olhos.

– O erro foi subestimar a gente.

E assim, o silêncio foi quebrado pelo som da primeira lâmina cruzando o ar. O destino dos Corvos do Abismo e das Serpentes de Prata estava prestes a ser selado – com sangue, suor e algo muito mais perigoso: a faísca de algo inesperado.

***


O choque entre as duas tripulações começou como uma tempestade repentina. foi a primeira a atacar, sua lâmina cortando o ar em direção a Hongjoong, que conseguiu erguer sua espada a tempo de bloquear o golpe. O som do metal contra metal ecoou pelo convés, enquanto os dois capitães se estudavam em uma dança mortal.

Ao lado, Yeosang avançou para ajudar Hongjoong, mas era rápida. Com um movimento calculado, ela girou o corpo e desferiu um chute contra o peito de Yeosang, que cambaleou para trás, a surpresa estampada no rosto.

– Você precisa de ajuda, capitão? – ela provocou, o tom carregado de ironia.

Enquanto isso, se movia com graça felina ao redor de Seonghwa, sua adaga cintilando sob a luz do sol. Seonghwa era habilidoso, desviando dos ataques com precisão, mas parecia brincar com ele, atacando e recuando como uma caçadora testando sua presa.

– Você vai apenas fugir, ou vai lutar de verdade? – ela provocou, um sorriso desafiador nos lábios.

No centro da batalha, Mingi tentava conter , que se movia como uma sombra ao seu redor. Ela desferiu um golpe em sua direção, e ele bloqueou com força, suas espadas se cruzando em uma explosão de faíscas.

– Você tem força – admitiu, recuando um passo antes de atacar novamente. – Mas força bruta não é tudo.

Wooyoung estava em apuros. o pressionava com movimentos rápidos e precisos, sua adaga cortando o ar com ameaças certeiras. Ele tentou desviar, mas tropeçou, quase perdendo o equilíbrio.

– Você fala demais para alguém que luta tão mal… – zombou, seus olhos brilhando de diversão.

– Eu só estava aquecendo! – ele retrucou, tentando recuperar sua postura, mas o sorriso de mostrava que ela não estava convencida.

Em outra parte do convés, desafiava Yunho, que fazia o possível para se defender de seus ataques rápidos. Ela girou a espada, desferindo golpes que o fizeram recuar.

– Você é grande, mas parece lento – ela comentou, inclinando a cabeça enquanto o avaliava.

– Só estou me segurando para não machucar você… – Yunho respondeu com um sorriso nervoso, mas apenas riu.

San e estavam presos em um confronto feroz. Ambos lutavam com intensidade, suas espadas colidindo em um ritmo frenético.

– Você é bom – Sua admitiu entre os ataques. – Mas não o suficiente para me vencer.

– Eu nunca perco – San respondeu, um brilho competitivo nos olhos.

encarava Jongho, que parecia mais focado e calculista do que o resto de sua tripulação. Ele bloqueava seus ataques com precisão, mantendo a calma mesmo diante de seus movimentos agressivos.
– Você é diferente dos outros… – observou, tentando encontrar uma brecha em sua defesa.

– Eu também percebi isso sobre você – Jongho respondeu, seu tom baixo, mas firme.

O convés estava tomado pelo som de espadas, passos e gritos. O cheiro de pólvora e sal se misturava ao ar, e o sol queimava intensamente sobre os combatentes.

Hongjoong e continuavam em um duelo feroz no centro do caos. Ele investiu com força, mas ela desviou com agilidade, o sorriso dela se ampliando a cada movimento.

– É isso que você chama de liderança? – ela provocou, sua espada deslizando perigosamente perto dele.

Hongjoong apertou os dentes, sua determinação crescendo.

– Você não vai sair desse navio como entrou.

– Quem disse que quero sair? – rebateu, desferindo um golpe que o fez recuar.

A batalha continuava, cada lutador travado em um embate que era tanto físico quanto mental. Mas, enquanto os golpes eram trocados, algo mais pairava no ar – uma tensão que ia além do confronto, algo que ninguém ainda ousava nomear.

E assim, enquanto o sol começava a descer no horizonte, tingindo o céu de laranja e vermelho, o destino dos dois grupos começava a ser entrelaçado de maneiras que nenhum deles poderia prever.


Espadas continuavam a se cruzar, e o convés rangia sob o peso de uma batalha que ninguém esperava que tomasse tamanha proporção. O sol, agora mais baixo no céu, pintava os corpos em combate com tons alaranjados, como se até o dia se rendesse à tensão que tomava os dois navios.
As Serpentes de Prata lutavam com ferocidade pura. Não hesitavam, não recuavam, não demonstravam medo – apenas foco e intenção. Cada golpe era certeiro. Cada movimento, ensaiado com a precisão de quem treinou para matar. E o mais assustador: nenhuma delas parecia cansada.
, com o rosto sério e o olhar cortante, duelava com Hongjoong como se ele fosse apenas mais um entre muitos. Ela avançava com força e técnica, sua espada cortando o ar a centímetros do rosto dele, fazendo o capitão recuar a cada novo ataque.
Hongjoong tentava manter o controle, mas estava desequilibrado. Não por causa da habilidade dela – que, por si só, já seria o bastante –, mas por algo mais profundo. Uma parte dele hesitava. Seus golpes vinham com força contida, como se inconscientemente tivesse medo de feri-la.
E percebeu.
— Você está me poupando? — ela perguntou entre um ataque e outro, a respiração controlada — Acha que vai sair inteiro só porque sou mulher?
— Não é isso…— Hongjoong começou, bloqueando outro golpe, mas ela não esperou por uma resposta.
— É exatamente isso.
Com um giro rápido, chutou o peito dele, fazendo-o cair de costas no convés.
Do outro lado, Seonghwa estava completamente cercado pela agilidade de , que se movia ao redor dele como uma tempestade. Ele tentava manter a compostura, bloquear, calcular — mas ela não lhe dava espaço para respirar.
— Você está hesitando…— ela sussurrou ao passar por ele com uma pirueta e deslizar sua lâmina próxima ao pescoço dele — Vai me subestimar também?
Seonghwa não respondeu. Ele estava tentando. Tentando lutar de verdade. Mas algo o impedia de ir até o fim. A delicadeza no rosto dela não combinava com a fúria nos golpes. Era desconcertante.
, com frieza cirúrgica, estava quase encurralando Mingi, que, por mais que tivesse força e explosividade, não conseguia acompanhá-la. Ela era rápida demais. E mortal.
Mingi recuava com os olhos arregalados, o corpo suando. Tentava atirar golpes, mas sempre hesitava no último segundo.
— Você é como um fantasma… — ele murmurou — Não dá pra acertar você.
— Você só não tem coragem de tentar. — Ela respondeu, e sua espada riscou o ar bem próxima à garganta dele.
Wooyoung estava em desespero. Tentava fazer graça, se esquivar, manter o charme habitual… mas não estava ali pra brincar. Ela avançava com calma, fria como uma lâmina mergulhada em gelo. Seus golpes vinham rente à pele dele – cada um mais próximo que o anterior.
— Você está tremendo! — ela comentou, com um sorriso enigmático — Isso é medo ou desejo?
Wooyoung engoliu em seco, sem resposta.
se movia com leveza felina ao redor de Yunho, e cada golpe dela fazia seu coração acelerar – mas não apenas pela adrenalina da batalha. Era pelo desconforto de perceber que estava perdendo o controle.
Ela não mostrava piedade. Nenhuma pausa. Nenhum sinal de dúvida.
— Por que não me ataca com tudo? — ela perguntou, a respiração estável enquanto pressionava o ataque — Está com medo de quebrar alguma coisa?
Yunho não conseguia responder. Ele não queria machucá-la. Mas ela claramente não tinha esse mesmo receio.
San tentava acompanhar , mas era como tentar conter uma tempestade com as próprias mãos. Ela era rápida, selvagem e imprevisível. Seus golpes vinham de ângulos impossíveis. San se defendia, mas sentia sua guarda ruir a cada movimento.
— Você é bom com palavras, mas não sabe o que fazer com uma mulher que não recua, né? — o provocou, com uma risada afiada.
— Você... luta como se estivesse dançando. — San estava sem fôlego — Uma dança mortal.
— Exatamente! — ela respondeu. E girou no ar, desferindo uma estocada que raspou o ombro dele.
, frente a frente com Jongho, encarava-o como uma leoa silenciosa. Ele era forte, concentrado, mas hesitava. E ela notava. A cada golpe bloqueado, a cada recuo milimétrico, ela sentia o peso da dúvida nos olhos dele.
— Você está se segurando…. — ela disse, os olhos cravados nos dele — Acha que vai me quebrar?
— Não quero matar alguém que não merece morrer. — Ele respondeu, honesto.
— E quem te disse que eu não mereço?
atacou, e o impacto fez Jongho dar dois passos para trás.
As Serpentes de Prata eram impiedosas, e os Corvos do Abismo, por mais perigosos que fossem, estavam vacilando. Não por falta de força, mas porque não estavam preparados para lutar contra algo que não conseguiam entender: mulheres que não pediam misericórdia — e não ofereciam nenhuma.
A batalha era brutal. Mas por trás de cada golpe, havia algo mais. Algo que crescia, silencioso, em meio ao som metálico das espadas.
Uma tensão que ainda não tinha nome.
Mas que, em breve, não poderia mais ser ignorada.

🏴‍☠‍🏴‍☠‍🏴‍☠‍

O embate entre e Hongjoong chegava ao ápice. O capitão tentava manter o foco, mas os olhos da mulher à sua frente o consumiam. Ela não recuava, não hesitava, não tremia. Cada golpe que desferia vinha com a precisão de quem não via diferença entre lutar e vencer — era a mesma coisa.
Hongjoong bloqueou mais um ataque, os braços já começando a ceder com o cansaço. Ele tentou contra-atacar, mas desviou com agilidade e, em um movimento rápido e certeiro, girou a espada e a deslizou por seu flanco.
O som do corte foi abafado pelo silêncio que se seguiu. Um filete de sangue escorreu pela lateral do corpo de Hongjoong, manchando sua camisa preta e tingindo o convés de vermelho.
O capitão cambaleou, caindo de joelhos, os olhos arregalados pela dor — e, mais do que isso, pela surpresa.
— Hongjoong! — gritou Yeosang, avançando, mas foi parado pelo olhar duro de e pela lâmina erguida por ela, ainda manchada de sangue.
Foi o suficiente.
A cena congelou o convés. Um a um, os Corvos do Abismo pararam de lutar. O som das espadas caiu em silêncio. San, Yunho, Mingi, Wooyoung... todos abaixaram as armas, desorientados, tentando processar o que estavam vendo.
Seonghwa ergueu as mãos devagar, olhando ao redor e sentindo o mesmo desconforto que tomava conta dos outros: eles haviam perdido.
As Serpentes de Prata estavam intactas. Suadas, ofegantes, com feridas leves — mas vitoriosas. As mulheres se reuniram no convés central, ao redor dos piratas rendidos, como predadoras em volta da presa caída.
, sem dizer nada, caminhou lentamente até onde Hongjoong estava, ainda ajoelhado, pressionando a lateral com a mão. Ela se abaixou diante dele, ficando na altura de seu rosto. Os dois estavam próximos. Muito próximos.
O sangue manchava a lateral do corpo dele, o rosto suado e contraído pela dor. Ela, em contraste, parecia perfeitamente controlada, os olhos fixos nos dele como se pudesse enxergar além da carne e do orgulho ferido.
Seus rostos estavam a poucos centímetros. Os lábios perigosamente próximos. O silêncio que se fez ao redor era denso, carregado. Ela sorriu de canto, mas o olhar permanecia duro.
— Vamos negociar…— sussurrou ela, com a voz baixa, firme e letal. — Ou nós matamos vocês.
Por um segundo, o mundo parou. E ali, no meio do oceano, entre dois navios que ainda balançavam pelas ondas de uma batalha recente, a história começou a mudar.
Não havia mais vitória. Havia domínio.
E o olhar de Hongjoong, mesmo ferido, reconhecia isso. E talvez... algo mais.
O silêncio permanecia. O mar balançava suavemente os dois navios agora colados um ao outro, como se o oceano soubesse que, naquele momento, o controle havia mudado de mãos.
Hongjoong mantinha o olhar cravado no de , tentando manter a compostura mesmo com a dor latejante em sua lateral. Mas ela sabia. Sabia que ele estava vulnerável, que o orgulho dele sangrava tanto quanto o corte em seu corpo. E foi exatamente por isso que sorriu.
Sem qualquer aviso, ela empurrou sua espada mais um pouco, aprofundando a lâmina cravando-a um pouco mais no ferimento. Não foi um movimento letal — foi calculado. Apenas o suficiente para fazer o capitão ranger os dentes de dor e soltar um gemido abafado.
— Pra você entender que isso aqui não é uma conversa entre iguais — ela sussurrou, com a voz baixa e firme — Isso aqui é uma decisão sua entre sobreviver… ou sangrar até a morte no próprio convés.
Yeosang deu um passo à frente, a mão indo automaticamente para a pequena arma presa à cintura.
— Solte ele! — rosnou, o olhar flamejante.
Mingi e San também se retesaram, instintivamente preparando-se para reagir. Yunho já flexionava os dedos. O instinto protetor tomava conta da tripulação — mas eles se esqueceram de um detalhe.
As Serpentes de Prata não vacilavam.
Num piscar de olhos, cada uma delas moveu-se com precisão fulminante. Um só som de aço deslizando no ar foi suficiente para que todos congelassem.
já estava com a adaga rente à garganta de Wooyoung, tão perto que ele sequer teve tempo de piscar.
encostou a ponta da espada sob o queixo de Jongho, obrigando-o a erguer o olhar.
girou as espadas e cruzou ambas no pescoço de San, com um sorriso debochado e provocador.
, firme e silenciosa, posicionou sua lâmina na clavícula exposta de Yunho, que sequer se mexeu.
, atrás de Mingi, já o havia encostado à parede do mastro com a frieza de quem não sentia absolutamente nada.
Gaehyeon surgiu ao lado de Seonghwa como um sussurro, a ponta de sua adaga pressionando a lateral da garganta dele.
E , sem sequer virar o rosto, girou o punho da espada ainda cravada em Hongjoong, fazendo-o soltar um suspiro entre dor e frustração.
— Um só movimento de vocês, — ela disse, firme — E seus pescoços viram lembrança.
O silêncio que se seguiu foi mais alto que qualquer explosão. Os Corvos do Abismo estavam travados. Pela primeira vez em muito tempo — talvez pela primeira vez na vida — estavam à mercê de alguém. E esse alguém era um bando de mulheres que não estavam ali para fazer prisioneiros... estavam ali para dominar.
se inclinou um pouco mais para frente, sua boca próxima ao ouvido de Hongjoong, a respiração quente contra a pele dele.
— Agora sim… — ela murmurou, com um meio sorriso no canto dos lábios — Vamos negociar capitão.
E pela primeira vez, o capitão dos Corvos não respondeu. Apenas permaneceu ali, ferido, humilhado… e estranhamente fascinado.
A lâmina ainda pressionava o ferimento de Hongjoong, a dor latejava em ondas pelo seu corpo, mas era o orgulho ferido que queimava mais.
Ele ergueu os olhos para , ofegante. Havia algo naquela mulher — algo que ia além da ameaça. Era domínio, estratégia, controle absoluto da situação. E, mais do que tudo, ele sabia reconhecer um inimigo que valia a pena temer… e talvez manter por perto.
— Se quer negociar, fale… — ele murmurou, com a voz rouca — Mas tire a maldita espada de dentro de mim.
o observou por mais um instante. Ele ainda era teimoso, ainda carregava no olhar o desejo de reagir. Mas não havia mais resistência. Apenas o reconhecimento: ela venceu. Por ora.
Com um leve movimento, ela puxou a lâmina para fora. O sangue escorreu mais livremente, e Hongjoong pressionou o ferimento com a mão, respirando fundo para não cair de vez.
, , e as outras mantinham as armas nas gargantas dos homens, mas aguardavam a ordem da capitã.
ficou de pé e olhou ao redor. Os piratas estavam imóveis, derrotados e ainda assim inteiros. Ela sabia que poderia ter acabado com todos. Mas sabia também que aquela tripulação — com toda a sua força, ousadia e recursos — poderia ser muito mais útil viva.
— Você quer manter seus homens vivos, Hongjoong? — ela começou, andando em círculos lentos ao redor dele — Quer manter seu navio flutuando? Sua reputação? Porque depois de hoje… ela está afundando junto com o orgulho de vocês.
Hongjoong cerrou os dentes, mas assentiu.
— Vá direto ao ponto.
Ela parou diante dele novamente, cruzando os braços.
— Podemos continuar jogando esse jogo, se preferir. Posso dominar o que sobrou de vocês. Fazer de vocês nossos prisioneiros. Ou... — ela se inclinou levemente — Podemos unir forças.
Atrás dela, San soltou uma risada abafada
— Unir forças? Depois disso tudo?
, ainda com as lâminas cruzadas em seu pescoço, apertou um pouco mais.
— Acha que tem espaço pra deboche aqui, bonitinho?
nem virou. Continuou firme:
— Vocês têm poder, estrutura, equipamentos. Nós temos estratégia, velocidade e disciplina. Vocês nos subestimaram — e perderam. Mas nós reconhecemos o potencial de vocês. O mundo lá fora é muito maior do que esse convés.
Ela deu um passo à frente, olhando Hongjoong nos olhos.
— Façamos uma sociedade. Uma aliança. Metade do que conquistarmos será nosso. Metade de vocês. Mas tudo será comandado por ambas as lideranças. Nenhum passo sem o outro. Nem ordens solitárias. Não é submissão. É equilíbrio.
O capitão a encarou por longos segundos, processando. A ideia era absurda… e ao mesmo tempo, brilhante. A verdade era que, mesmo se tentasse contra-atacar agora, perderia. E mesmo se esperasse, as Serpentes de Prata não pareciam do tipo que deixariam isso passar. Mas uma aliança… uma união forçada de forças… talvez fosse o único caminho.
— E se eu recusar? — Ele perguntou, só por orgulho.
arqueou uma sobrancelha e apontou com o queixo para os membros da própria tripulação.
— Eu mato você. Lentamente. Aliás, mataremos um por um. Mas você primeiro.
Hongjoong suspirou, soltando um leve riso nasal.
— Você é mesmo o diabo de saia que dizem.
— E você é mais inteligente do que eu esperava. — Ela retrucou, estendendo a mão.
Lenta e dolorosamente, Hongjoong ergueu a dele. As palmas se encontraram num aperto firme, tenso, cheio de ressentimento — mas também de reconhecimento.
Atrás deles, as garotas recuaram as armas ao sinal de , e os Corvos respiraram, mas não ousaram se mover ainda. A tensão permanecia.
soltou a mão de Hongjoong e deu um passo atrás.
— A partir de agora, Corvos e Serpentes governarão juntos. Pelos mares... e pelo que ainda resta desse mundo.
Um novo silêncio caiu, denso, carregado de tudo o que ainda viria.
E ninguém ali sabia ao certo o que seria mais perigoso: serem inimigos… ou aliados.

🏴‍☠‍🏴‍☠‍🏴‍☠‍

A luz do sol queimava alto, refletindo na madeira do convés e no suor que escorria pela nuca de San enquanto ele socava o saco de pancadas pendurado em uma das estruturas reforçadas do navio. Seus músculos contraíam com cada golpe, os punhos enfaixados se movendo com precisão e força bruta. O som seco dos socos ecoava ritmado, como um tambor de guerra.
o observava de longe, encostada numa das colunas do navio, os braços cruzados e um leve sorriso brincando nos lábios. Ele era bom. Disciplinado. Rápido. Mas estava... desperdiçando força.
Quando San finalmente parou para pegar uma garrafa d'água e respirar, enxugando o rosto com a barra da camisa — que se levantou o suficiente para exibir o abdômen suado —, caminhou até o centro do convés.
Sem dizer nada, ela parou diante do saco de pancadas.
San a observou enquanto bebericava da água, curioso.
— Vai me elogiar ou me desafiar? — ele perguntou com um meio sorriso.
Ela ignorou a provocação, girando os ombros com naturalidade.
— Você soca bem — começou, enquanto enfaixava rapidamente os punhos — Mas tá colocando muita força onde devia ter técnica.
San arqueou uma sobrancelha, ofendido de leve.
— Ah, é? Quer me ensinar a socar agora?
Ela olhou por cima do ombro, com um olhar lento e preciso que poderia tanto matar quanto seduzir.
— Não. Quero ensinar a acertar.
Antes que ele respondesse, começou a demonstrar.
Ela deu dois passos, firme, e lançou um direto com o braço direito — rápido, seco, e com um giro perfeito do quadril. O saco se balançou com força. San percebeu de imediato a diferença: ela não estava apenas batendo. Estava canalizando o corpo inteiro no golpe, como se cada parte dela estivesse envolvida no impacto.
Ela lançou um jab de esquerda. Depois um cruzado. Cada golpe fluía com naturalidade, como se seu corpo fosse feito pra aquilo. Não havia hesitação, nem desperdício de energia. Apenas controle.
— Você luta com raiva — disse ela, sem parar de golpear — Mas raiva cega. Técnica vence.
San cruzou os braços, observando com mais atenção. Não havia como negar: ela era boa. Melhor do que ele imaginava. Melhor do que ele queria admitir.
Ela deu o último golpe — um gancho de esquerda tão limpo que fez o saco girar — e então se virou lentamente para ele, ofegante, com um brilho perigoso nos olhos.
— Quer tentar de novo? — provocou, erguendo um dos punhos, ainda com o peito subindo e descendo em ritmo acelerado.
San se aproximou, devagar. Os dois estavam a poucos passos um do outro agora, o calor do sol misturando-se ao calor que nascia no ar entre eles.
— Você sempre é assim? — ele perguntou — Tão mandona?
— Só quando estou certa — Ela respondeu sem desviar o olhar.
San sorriu de lado, sacudindo a cabeça.
— Não sei se quero aprender ou te desafiar para uma luta agora.
Ela deu um passo à frente.
— Então faz os dois.
E naquele instante, no meio do convés, sob o sol escaldante e o som do mar ao fundo, o treino deixou de ser só treino. A faísca entre eles tinha mais energia do que qualquer soco que já haviam desferido.
San deu um leve sorriso ao encarar o desafio nos olhos de . Ele deu dois passos à frente, até que estivessem frente a frente — tão próximos que ela podia sentir a respiração dele roçando sua pele quente pelo esforço.
— Sem regras? — ele perguntou, a voz grave, como um sussurro elétrico.
Ela sorriu.
— Comigo? Nunca tem.
San ergueu os punhos, postura de combate, mas os olhos ainda fixos nela. Sua, em resposta, deu um leve giro com o pé e assumiu sua base, firme, equilibrada, e com um brilho travesso nos olhos. Aquilo não seria só treino — seria uma provocação com formato de luta.
Ele avançou primeiro, tentando um jab leve, apenas para testar. Ela bloqueou com facilidade, desviando para o lado com o corpo colado ao dele por um segundo a mais que o necessário.
— Você tá me testando ou tá com medo de me encostar? — Ela perguntou, os lábios perto demais da mandíbula dele.
San recuou, sorrindo, mas dessa vez com um olhar mais afiado. Tentou um cruzado de direita, mais direto. Ela abaixou com agilidade, deslizando pelo lado dele, o corpo roçando nas costas dele ao passar.
— O problema é que você pensa demais antes de bater — Ela provocou, agora atrás dele.
Ele girou rápido, tentando surpreendê-la com um chute lateral, mas ela se defendeu com o antebraço e empurrou o corpo contra o dele, os dois caindo no chão com um baque surdo. San por baixo, ela por cima.
A respiração dele travou. O rosto de pairava sobre o seu, os cabelos meio bagunçados, o corpo leve, mas firme, pressionando o dele. O silêncio se alongou.
Ela não se mexeu.
Ele tampouco.
As mãos dele estavam nas coxas dela, que pressionavam suas laterais com firmeza. A mão esquerda dela apoiava-se no peito suado dele. O olhar de não desviava do dele — firme, penetrante… carregado de alguma coisa que nenhuma espada sabia cortar.
Por um segundo, a linha entre batalha e desejo ficou turva demais para distinguir.
San sentiu o coração acelerar. Ela era um desafio. Uma ameaça. E, ao mesmo tempo, uma maldita tentação.
Ela arqueou uma sobrancelha, a voz vindo rouca:
— Vai se render, San?
Ele quase respondeu com um beijo.
Quase.
Mas então virou o rosto de leve, soltando um riso nasal e desviando o olhar.
— Você é mais perigosa do que parece — Murmurou, com a voz baixa e tensa.
Ela inclinou o rosto, a boca quase encostando no ouvido dele.
— Eu sei.
E só então, se levantou, rápida e leve, como se nada tivesse acontecido. Limpou as mãos nas calças, ajeitou o top e olhou por cima do ombro com aquele sorriso debochado que já estava se tornando sua marca registrada.
— Bom treino, garotinho.
San permaneceu no chão por mais alguns segundos, encarando o céu, tentando recuperar o fôlego — não do treino, mas dela.
— Você vai me matar ainda, .
Do outro lado do convés, ela só riu.
— Vai ter que merecer primeiro.

🏴‍☠‍🏴‍☠‍🏴‍☠‍

A cozinha do navio dos Corvos do Abismo era o único lugar onde Wooyoung reinava sem contestação. Era apertada, quente, cheia de panelas penduradas, temperos improvisados e fumaça pairando no ar — mas era o território dele. Sempre fora. E ninguém ousava invadir.
Ou quase ninguém.
Ele mexia algo em uma panela grande quando ouviu passos se aproximando. Girou o corpo com uma colher de pau em punho, pronto para espantar qualquer curioso.
Mas parou no meio do movimento quando viu quem era.
.
Ela entrou como se fosse dona do espaço, amarrando o cabelo em um coque desleixado enquanto analisava os ingredientes sobre a bancada com olhos treinados.
Wooyoung franziu o cenho.
— O que você tá fazendo aqui?
Ela o ignorou por alguns segundos, pegando uma faca e começando a cortar cebolas com uma habilidade surpreendente.
Ele deu um passo mais perto.
— Ei. Eu perguntei o que você tá fazendo aqui…
— Cortando cebolas — Ela respondeu, sem tirar os olhos da tábua.
— Não seja engraçadinha. Ninguém entra na minha cozinha. Ninguém! — Ele disse com firmeza, apontando a colher para ela como uma espada de madeira.
— Você devia colocar essa regra na porta então — retrucou, com calma — Porque agora tem sete bocas a mais nesse navio faminto. Ou você vai alimentar todas sozinho?
Wooyoung revirou os olhos. “
— Eu cozinho pra minha tripulação. Vocês que se virem com as sua.
parou de cortar por um segundo e o olhou com aquele sorriso levemente debochado.
— Ótimo. Você alimenta seus garotinhos mimados e eu cuido das mulheres de verdade.
Ela voltou a cortar como se o assunto estivesse encerrado.
Wooyoung cruzou os braços, claramente irritado.
— Você não pode simplesmente invadir meu espaço e—
— Wooyoung… — ela falou seu nome com calma, mas com uma firmeza que cortava como faca afiada. — Se você quer bancar o orgulhoso, tudo bem. Só não reclame quando o cheiro da nossa comida for melhor que a sua.
Ele piscou, ofendido.
— Você tá me desafiando na cozinha? Na minha cozinha?
— Não. — ela ergueu os olhos, sorrindo — Só estou afirmando uma verdade.
O silêncio entre eles ficou denso. A panela borbulhava. A faca cortava em ritmo constante. E Wooyoung não conseguia decidir se estava mais irritado ou impressionado.
Ele girou nos calcanhares, bufando.
— Só não encosta nas minhas panelas favoritas.
sorriu, vitoriosa.
— Nem queria. As minhas são melhores.
Por um tempo, a cozinha ficou em relativo silêncio — ou pelo menos o mais próximo disso, considerando as faíscas invisíveis que voavam de um lado ao outro.
Wooyoung cortava legumes com força desnecessária, os lábios contraídos, enquanto mexia uma panela improvisada com a tranquilidade de quem sabia exatamente o que estava fazendo.
— Isso tá muito salgado — Ele comentou do nada, passando por trás dela e inclinando-se sutilmente para cheirar o conteúdo da panela. Sua voz veio baixa, bem perto do ouvido dela.
— Você nem provou — Ela retrucou, sem se mover. Mas a verdade era que, por um instante, o cheiro dele se misturou ao do alho e do caldo quente, e aquilo a distraiu.
— Não preciso. Tenho instinto de chef.
— Ah, então é isso que chamam de ego na cozinha.
Wooyoung sorriu de canto, pegou uma colher e provou o próprio molho. Fez uma careta exagerada, só pra provocar.
— Perfeito. Apimentado, forte, com personalidade… bem diferente do que você tá fazendo aí.
— Claro. Não é todo mundo que tem coragem de servir o próprio veneno em forma líquida.
Ele soltou uma risada nasal.
— Você tem resposta pra tudo, hein?
— Sou uma mulher preparada para tudo. Especialmente para vencer qualquer batalha que me meto.
E então veio o momento…
Ambos se viraram ao mesmo tempo, prontos para pegar algo da bancada. Acabaram parando a poucos centímetros um do outro.
Ficaram ali. Olhos nos olhos. A respiração dividindo o mesmo espaço.
O ar entre eles ficou pesado de repente, quente não por causa do fogão ou das panelas borbulhantes, mas pela tensão que se formava como vapor invisível. ergueu os olhos, e Wooyoung encarou os dela. Pela primeira vez, nenhum dos dois parecia ter uma resposta afiada na ponta da língua.
As mãos se moveram devagar. Os rostos próximos. Os pensamentos perigosos.
Ele podia beijá-la ali. Agora. E ela não parecia que impediria.
Mas foi justamente Wooyoung quem se afastou primeiro.
Rapidamente, ele girou o corpo, pegou uma colher, bateu contra a panela com força exagerada.
— Melhor terminarmos logo isso antes que a comida queime e alguém morra de fome — ou de drama. — ele disse, fingindo leveza, mesmo com a respiração ainda alterada.
o observou por um segundo, olhos semicerrados, como se estivesse vendo algo que ele mesmo tentava esconder. Mas, em vez de pressioná-lo, ela apenas sorriu de canto e voltou ao que fazia.
— Como quiser, chef.
E, mesmo de costas para ela, Wooyoung sentiu aquele maldito sorriso dela queimando mais do que qualquer pimenta que já havia usado na vida.

🏴‍☠‍🏴‍☠‍🏴‍☠‍

O sol já havia desaparecido no horizonte quando atravessou o convés em silêncio, os passos firmes ecoando pelas tábuas de madeira. A bordo do navio dos Corvos, agora parcialmente sob o comando das Serpentes, ela seguia por um corredor estreito até parar diante da porta entreaberta da cabine do capitão.
Ela empurrou sem bater.
Lá dentro, Hongjoong estava deitado em sua cama, a respiração ainda pesada. A lateral do tronco estava enfaixada, com o curativo recém-feito. Sentado ao lado dele, Yeosang ajeitava os últimos pedaços de pano, os dedos ágeis e precisos.
Ao perceber a presença de , Yeosang ergueu o olhar e franziu o cenho. Os olhos escuros fitaram os dela com algo entre frieza e raiva contida.
— Veio se certificar de que ele ainda está vivo? Ou quer terminar o que começou? — ele disparou, seco.
permaneceu imóvel por um segundo, o olhar calmo e controlado. Depois entrou por completo, fechando a porta atrás de si.
— Se eu quisesse matá-lo, Yeosang… você sabe que ele já estaria morto.
Yeosang apertou o curativo com mais força do que o necessário, fazendo Hongjoong soltar um leve grunhido.
— Cuidado, Yeosang — o capitão murmurou.
— Foi mal. — Respondeu ele, mas os olhos continuavam presos em .
Ela deu alguns passos pela cabine, observando o espaço. Era organizado, mas marcado pela personalidade de Hongjoong: mapas dobrados com cuidado, anotações rabiscadas, instrumentos náuticos e um cheiro levemente metálico no ar — sangue seco e pólvora.
— Você devia estar agradecido — ela disse, virando-se para Yeosang — Poderia estar cuidando de um cadáver agora.
Ele se levantou, alto e tenso, encarando-a.
— Você fala de gratidão como se tivesse feito um favor. Como se não tivesse nos humilhado em nosso próprio convés.
sorriu de canto, o olhar afiado.
— Eu chamo de lição. Humilhação é um efeito colateral.
Yeosang deu um passo à frente, irritado.
— Você se acha no direito de mandar aqui só porque venceu uma batalha? Não pense que isso vai durar.
— Não preciso pensar. Eu sei. — ela respondeu, cruzando os braços, se aproximando também.
Agora estavam frente a frente. A tensão entre os dois preenchia o ar da cabine. Não era só raiva. Era eletricidade. Os olhos trocavam farpas, os corpos se desafiavam sem tocar. Nenhum dos dois recuava.
— Você me irrita — Yeosang rosnou, os olhos fixos nos dela.
— Ótimo. Sinal de que estou fazendo algo certo. — respondeu, mais baixo.
Eles estavam tão próximos que conseguiam sentir a respiração um do outro. Os olhares se enfrentavam como espadas prestes a colidir. Yeosang parecia prestes a falar — ou a fazer algo que claramente não devia.
— Chega! — veio a voz rouca de Hongjoong, cortando o clima como uma navalha.
Os dois se viraram para ele. O capitão mantinha-se deitado, o rosto pálido pela dor, mas os olhos atentos — e perigosos.
— Isso aqui não é um duelo de egos… — ele disse — Não se esqueçam que agora estamos todos no mesmo navio. Literalmente.
Yeosang respirou fundo, desviando o olhar. apenas sorriu, dessa vez com um toque mais suave.
Relaxa, capitão. Só vim ver se você ia aguentar a primeira noite de aliança.
— E a resposta? — Hongjoong arqueou uma sobrancelha.
o encarou por um instante, o olhar curioso.
— Está respirando. Já é mais do que eu esperava.
Ela se virou para sair, mas antes de atravessar a porta, lançou um último olhar para Yeosang.
— Te vejo por aí, docinho.
Yeosang apenas cerrou os dentes, mas não respondeu.
A porta se fechou.
Na cabine, o silêncio voltou.
Hongjoong fechou os olhos, exausto, mas um leve sorriso surgiu nos lábios.
— Vocês dois vão me dar dor de cabeça...




Continua...


Nota da autora: Tenham paciência com minhas cenas de ação e luta, pois sou nova (e ruim) nisso haha. Mas não deixem de me dizer o que tem achado e o que pode ser melhorado, por favor!!!!!


Se você encontrou algum erro de revisão/codificação, entre em contato por aqui.



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