Tamanho da fonte: |


Revisada por vênus. 🛰️
Atualizada em: 24.11.2024

O som de você chamando meu nome
Eu quero ouvir a sua voz
Eu não sabia o quanto eu te perderia
Por favor, volte
Por favor, me dê mais uma chance
You Calling My Name — GOT7


Seul, 05 de abril de 2019.
As sirenes não estavam emitindo nenhum som, apenas a luz vermelha do giroflex refletia nos prédios, causando um clarão colorido, meio mórbido por sua cor, devido a quantia exagerada de veículos parados na rua. Isso, é claro, denunciava que ali, no prédio da biblioteca estudantil, a situação não era nada boa. Qualquer um que passasse por aquela área naquele momento seria atingido pela curiosidade absurda para saber o que estava acontecendo na Universidade de Yonsei naquele horário, com o a lua brilhando tão intensamente quanto o vermelho das viaturas, deixando em evidência a presença da polícia no lugar.
O clima na grande capital coreana não era tranquilo ou como de costume pela rotina de uma cidade grande e povoada por milhares de pessoas, pelo contrário. Desde o sábado anterior à segunda-feira, as coisas estavam estranhas e cercadas por um luto incerto. Incerto porque ainda não se tinha uma resposta exata quanto ao desfecho do desaparecimento de Jane Jeon-Skylar, a herdeira da maior rede hoteleira de toda a Ásia.
A comoção causada em todo o país e no resto do mundo, por consequência da tecnologia e a rápida propagação de notícias, estava beirando ao surreal. Por mais que fosse filha de um grande empresário, não era tão famosa e nem sua família vivia em holofotes, mas ainda assim estava tendo uma cobertura de toda a imprensa, com informações que acentuavam seu caso como mais um feminicídio.
Afinal, não havia evidências de seu desaparecimento.
Entretanto, ainda tinham os que acreditavam no completo oposto. Teorias da conspiração apontavam que era mais um ato de rebeldia da estrangeira, algo para chamar a atenção de seu pai e/ou puni-lo por suas escolhas. Alguns acreditavam que ela poderia ter fugido, haja visto como Skylar, ou Sky como gostava de ser chamada, sempre demonstrou ter tamanha coragem. Outros apontavam em falso sequestro. Mas também tinham os muito preocupados que ela pudesse ter sofrido um atentado contra sua vida.
Em resumo, todos queriam a resposta para apenas uma pergunta: “O que aconteceu com Jeon-Skylar?”. Não era “onde está” ou “quem a matou”, mesmo que o tópico mais falado fosse sobre seu caso se tratar de um assassinato, mas sim o quê. Porque parecia tudo muito estranho, nenhum corpo, apenas rastros do próprio sangue dela e uma cena de crime muito bem montada, sendo tudo dela e nada de alguém que pudesse ser incriminado.
Porém, como tudo tem um ponto de partida, o da investigação do caso “Sky” iria começar ali, na universidade. E havia dois indivíduos que, no momento em que passavam pelo campo para chegarem à biblioteca na manhã seguinte à denúncia, sentiram o frio na espinha, se entreolhando, tendo noção de que quanto mais próximos estavam do local, mais real aquela situação toda se tornava.
Yugyeom não saberia dizer como tudo aquilo havia se iniciado, em que ponto exatamente havia colocado sua amizade com Mark à prova por conta de um interesse comum de ambos na mesma pessoa. Não conseguiria afirmar qualquer coisa coerente se fosse questionado sobre o que fazia na noite que a falta de Skylar foi dada e seu quarto fora encontrado em completo caos pelo pai na enorme e luxuosa mansão. Assim como Mark não saberia dizer ao certo todas as questões rodando em sua mente, sua preocupação maior sendo como diria aos pais que iria precisar de um advogado dos bons para ajudar ele a se livrar de uma acusação de um crime que, com certeza absoluta, ele não havia cometido. Ele ao menos sabia como convencê-los daquilo antes que levasse algum sermão.
Como uma reação humana, a única coisa que estavam compartilhando naquele momento era o desejo por saber se Skylar estava viva e se a encontrariam para que tudo ficasse bem no final. Do ponto de vista infeliz, inclusive, porque naquele momento a amizade dos dois que vinha desde a infância parecia ser inexistente. O que era bem trágico.
— Vocês dois estão loucos? Não é porque foram chamados que devem ir sem advogado!
A voz ofegante de Jaebum ecoou entre o silêncio de ambos naquela caminhada. Caminhando lado a lado, os dois se viraram para trás em sincronia, encontrando o outro parado, com as mãos nos joelhos e curvado para frente, controlando a respiração. Sair correndo do prédio em que estava para alcançá-los foi uma coisa que ele fez sem pensar muito, até porque eram seus dois amigos de infância no meio daquela confusão toda. Custaria acreditar que qualquer um deles teria tido coragem ou maldade o suficiente para cometer qualquer ato cruel contra Sky só por não concordarem com as relações dela.
— Jaebum, fica fora disso. É melhor. — a voz de Mark foi a primeira a ecoar de volta.
— Não tem como ficar de fora disso, seu idiota! Você esteve comigo desde sexta à noite até domingo. Qualquer coisa que você diga lá irá me envolver e eu serei chamado também para ser interrogado. — disse, revirando os olhos e se colocando ereto.
Mesmo sem trocarem uma palavra sequer, Mark e Yugyeom se encararam. Suspiraram com a ideia de que não teriam como tirar qualquer um dos outros cinco amigos daquela situação. O álibi deles envolvia Jaebum, Jackson, Bambam, Jinyoung e Youngjae, o que não seria incomum para quem os ouvisse, já que os sete eram tão grudados quanto cola de sapateiro em tênis.
— Mas, de qualquer forma, vocês dois são loucos de irem lá sem um advogado. — Jaebum continuou, completando os três passos restantes para cessar aquela distância.
Os três olharam em direção ao prédio da biblioteca, hipnotizados com as luzes vermelhas intensas que, graças ao tempo nublado, ainda se faziam presentes em seus reflexos. Ouviram dizer que as viaturas estiveram ali a noite toda.
— Eu prefiro acabar com isso logo e sem precisar do meu pai, Jaebum. — Mark respondeu ao amigo, fazendo um vinco em sua testa. Ele estava sendo sincero; ser filho de pais completamente conservadores era um tanto complicado, não podia simplesmente dizer que estava em um problema como aquele. Perguntas seriam feitas e muitas revelações poderiam ser chocantes.
— E não temos o que esconder, então não tem porque enrolar ou fazer cena. — Yugyeom completou o raciocínio.
— Não tem nada a ver com o seu pai ou fazer cena. — olhou de um para outro. — Vocês estão sendo dois idiotas.
— Mais uma vez! — Jackson afirmou, aparecendo com Bambam ao seu lado, pelo lado em que eles estavam de costas. — E por que não me surpreende isso ser por causa de Jeon-Skylar?
— Enquanto vocês estão aí, discutindo desculpas, eu só consigo pensar como ninguém ainda se perguntou qual foi o ponto que levou a investigação a chegar aos dois simplesmente do dia para a noite.
Os quatro pares de olhos miraram a direção da fala, encarando Bambam e seu café em mãos, como se ele estivesse trazendo uma luz no fim do túnel para qualquer um deles naquele exato momento e não mais um questionamento o qual não saberiam lidar e muito menos encontrar respostas. Naquele círculo sendo formado, que se completou com a chegada de Youngjae e Jinyoung, só havia um assunto e Jeon-Skylar com seu desaparecimento trágico era um tópico, mas a consequência do que ela causou na vida dos dois amigos era o principal.
— Aposto na brasileira que vivia andando com ela pelos corredores. — Jinyoung respondeu ao que disse Bambam, com extremo tom casual. — O quê? — deu de ombros quando o encararam céticos. — É algum pecado duvidar de alguém?
— Não deveria. Acho que isso seria um bom ponto para que esse tipo de coisa aqui — Jackson gesticulou, apontando e referindo-se ao que estavam fazendo ali — não aconteceria.
— E você diz como se fosse a pessoa mais cética do mundo quando se trata de mulher, Jackson!
— Pelo menos eu sou um pouco mais seletivo e escuto meus amigos quando eles dizem que não têm bom pressentimento quanto a alguém que estou louco para enfiar meu carrinho, Yugyeom.
Todos ficaram em silêncio e os dois principais protagonistas daquela situação toda se encararam novamente, para em seguida suspirarem e, vendo que eram observados pela investigadora que estava na escadaria do prédio, decidir que deveriam ir logo. Foram acompanhados pelos amigos, obviamente, e quando chegaram ao ponto de encontro com a mulher elegante e carrancuda, a cumprimentaram cordialmente.
— Quem vai primeiro? — ela perguntou, bebendo seu café e os olhando incisiva. Mark e Yugyeom se olharam, não chegando a nenhuma decisão.
— Quem é Yugyeom? — questionou, vendo que não teria resposta, e ele a olhou imediatamente, se denunciando. — Vamos pela ordem dos fatos. Quem se envolveu com a senhorita Jeon-Skylar foi você… — mesmo que não fosse uma pergunta, ele assentiu. — Me acompanhe.
A investigadora se virou, caminhando em passos tranquilos e deixando o café no lixo no meio do caminho que fez da escadaria até a porta, tendo o mais jovem atrás dela.
Antes de passar pela enorme passagem que o levaria para o interior do prédio, Yugyeom olhou para trás, sentindo as mãos dentro dos bolsos de seu sobretudo preto suarem como nunca antes, e encarou os amigos uma última vez. Receber um gesto de força de Bambam teria tido o efeito certeiro de cortar aquele clima tenso, mas em uma ocasião diferente. Naquele momento, só o fez limpar a garganta e seguir o caminho. Enquanto observava as costas do amigo se distanciando no corredor extenso, Mark só conseguia pensar e se cobrar por fazer o certo mais uma vez em sua vida. De forma alguma sua família poderia saber sobre ele ter algum grau de ligação com Sky e seu sumiço. Estar sendo ligado a um crime logo no primeiro ano da faculdade seria, no mínimo, de se sentar e ouvir sua mãe o recriminar por horas.
E mesmo que os dois tivessem preocupações um tanto distintas quanto às suas participações naquele caso, inconscientemente eles queriam saber o que havia acontecido não só com Skylar, mas também com a amizade de anos que haviam construído, que chegou a ser frágil àquele ponto de não conseguirem trocar palavras de boa sorte para um momento complicado que estavam vivendo.




Continua...


Nota da autora: Olá! Espero que tenha gostado. Nos vemos no próximo capítulo!

❯ beth's note: essa que é a nova temporada de CSI Seul? pega essa ideia ☝🏼 eu amei muitooo esse plot, amo um mistério que vai me deixar careca de tanto que eu vou ficar analisando as coisas. pode mostrar as evidências, os pedaço de cabelo, as amostrar de sangue e etc que a gente tá pronta pra colocar o óculos de grau e chamar o primeiro acusado. (se eu puder escolher, já deixo avisado que o Yug nunca faz nada de errado 👍)


Se você encontrou algum erro de codificação, entre em contato por aqui.


Barra de Progresso de Leitura
0%