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Revisada por Nyx 🌙

Última Atualização: 29/03/2025

— Exatamente! Você tem duas opções nesse caso. Você pode usar o “will” em “I will study tomorrow for my text”… — Grifei o escrito no quadro. – Ou você pode usar o “going to”, nesse caso você não necessariamente está trabalhando com o gerúndio, porque você já está colocando o verbo to be antes...
— Então é mais fácil usar o “will”, certo? – A japonesa perguntou.
— Pessoalmente, eu acho que sim, mas são duas opções válidas que vocês verão conforme a localização. – Andei pela sala, checando o relógio acima da porta. – O “will” é mais visto aqui na América do Norte. Canadá e Estados Unidos. Agora o “going to” é mais visto no Reino Unido. E como eu sempre digo...
— Você nunca sabe como vai receber a informação! – Meus seis alunos falaram, me fazendo rir.
— Exatamente! – Ri fracamente. – Vamos tirar uns 20 minutos de intervalo depois voltamos?
— Eba! – Eles falaram se levantando apressadamente e eu ri fracamente, vendo-os combinarem de ir à cafeteria da esquina.
Juntei os materiais acumulados em cima da mesa, vendo a lista de exercícios que eu passaria para eles logo depois e esperei todos os alunos saírem para ir logo atrás deles e puxar a porta. Passei pelos corredores da escola, dando um aceno de cabeça para os alunos e professores de outras salas e entrei na sala dos professores.
Fui direto até a cafeteira, pegando um copo de isopor e enchendo-o. Há quase um ano aqui, é a primeira vez que eu realmente pego o frio de fim de ano, e nunca soube lidar muito bem com isso nem quando estava no Brasil.
Coloquei duas colheres de açúcar e apoiei o quadril um pouco mais para a esquerda para dar espaço para outros professores se servirem. Tirei o celular do bolso, vendo algumas notificações e uma delas era o foguinho do Tinder e só puxei a notificação rapidamente para ver o que era e vi o tal do Eric que eu estava conversando há uns dois dias.
“Quer sair hoje à noite?”
Suspirei fundo. Apesar de estar solteira toda minha vida, eu não estava tão desesperada assim. Os papos eram entediantes e ele só sabia falar de carros, e eu não sou a mais expert no assunto. Bloqueei o celular de novo e voltei-o ao bolso.
— ...Não, Carly. Infelizmente não poderemos te ajudar... – Ouvi Vera na recepção logo ao meu lado. – Não, só trabalhamos com inglês mesmo, nosso trabalho é com estrangeiros...
— Ah, tem certeza? Seria para algo mais básico... Nada fora do comum. – A mulher na frente dela falava com um tom desapontado na voz.
— Sim, Carly. Somente inglês e francês...
— E tem algum lugar que vocês podem me indicar? – A mulher falou.
— Hum... Para italiano é complicado... – Vera disse suspirando. – Você precisa para uma turma particular, né?!
— Sim! Seria para minha chefe e para os outros membros da empresa, é algo meio urgente... – Vera suspirou, pensando.
— Eu posso perguntar aqui, mas não conheço ninguém que dá aulas de italiano por aqui... – Arregalei os olhos.
— Com licença? – Minha voz saiu mais rápida do que eu me mexi. – Desculpe me intrometer, mas vocês estão buscando professor de italiano?
— Sim, você conhece alguém, ? – Vera virou para mim.
— Sim, eu! – Falei rindo.
— Mesmo? – A tal da Carly falou empolgada.
— Sim! – Falei rindo. – Eu não sou fluente porque nunca fui para Itália, mas eu completei todos meus cursos e sou avançado...
— Ah, isso já é o suficiente! Seria para o básico, sabe? E algo mais específico, para reuniões e compreensão em alguns eventos e palestras... – Assenti com a cabeça.
— Nisso eu posso te ajudar, eu tenho material também...
— Perfeito! – A mulher me interrompeu. – Você pode me passar seu contato? Assim conversamos depois.
— Claro! – Peguei uma folha do bloquinho de Vera e anotei meu nome e o telefone. – Estou disponível após as seis.
— Perfeito! – Ela pegou. – Eu sou Carly, falando nisso. – Ela esticou a mão por entre a divisão de vidro.
, mas todo mundo me chama de . – Apertei sua mão.
— Obrigada! Entrarei em contato. – Ela disse saindo animada, me fazendo rir.
— Nunca vi alguém tão animada por aprender italiano... – Brinquei com Vera que riu ao meu lado.
— Ela não está animada por aprender italiano, ela está animada por conseguir alguém para ensinar italiano aos chefes dela... – Vera riu negando com a cabeça.
— Você sabe do que se trata? – Perguntei.
— Ela é assistente de grandes executivos aqui, então é meio que O Diabo Veste Prada, não existe tarefa impossível...
— Entendi... – Falei, pressionando os lábios.
— Ah, , quando ela entrar em contato contigo, aproveita essa oportunidade, tá?
— Como assim? – Franzi a testa.
— Pode cobrar be-e-e-em caro. – Vera disse e franzi a testa. – Ela trabalha para família Stroll, eles são praticamente donos de Montréal. – Ela deu um sorriso, pegando o telefone que tocava.





— Obrigada! – Falei para o motorista quando desci do Uber e dei alguns passos para dentro da calçada.
Olhei para a grande estátua no centro da praça e o edifício logo atrás. Montréal não é conhecida por prédios incrivelmente altos como outras cidades, mas eles possuíam arquiteturas diferentes dentre si que era fácil diferenciá-los no horizonte.
Eu estava na frente do prédio que parecia um triângulo, ou uma caixa de leite se preferir, ele era inteiro espelhado e homens e mulheres com roupas sociais saíam dele após o fim do expediente.
Dei uma olhada novamente para minha roupa e suspirei. Apesar do termômetro começar a atingir os 24 graus alguns dias agora no fim de abril, o fim do dia voltava a esfriar e esperava que eu não gelasse dentro desse blazer e blusa de manga comprida por baixo, além do jeans e do tênis sem cadarço.
Observei algumas mulheres saindo e fiquei feliz pelo mundo corporativo estar um pouco mais despojado. Ajeitei minha mochila nas costas e suspirei, entrando no prédio.
Se eu achava que o lado de fora estava caótico, dentro estava muito mais. Pessoas desciam dos diversos elevadores e a recepção à minha frente estava apinhada de pessoas. Me aproximei lentamente e olhei em volta, em busca de um homem engravatado, em sua maioria seguranças, para me dar uma informação.
Madame? – Um deles me chamou e respirei fundo ao ser chamada pelo francês. Sei que Montréal tem sua dominância francesa, mas simplesmente não consigo gostar ou aprender a gostar dessa língua. Engoli em seco ao me aproximar com o cartão que Carly havia me entregue.
— Sportswear Holdings, s'il vous plaît? – Perguntei e ele deu um aceno com a cabeça.
— Décimo oitavo andar. – Ele falou em inglês. – Preciso de um documento, por favor. – Assenti com a cabeça e lhe entreguei meu passaporte, vendo-o anotar as informações na minha frente. – Olhe para a câmera, por favor. – Ele indicou a webcam e dei minha melhor cara de paisagem para entrar no registro de um dos prédios comerciais de Montréal. – Pronto, agora só seguir à direita. – Ele disse ao devolver meu passaporte.
Dei um aceno com a cabeça e segui para o local que ele disse, me espremendo entre as pessoas saindo do elevador para poder entrar antes que fechasse e apertei o número 18. Pressionei os lábios com a tradicional música de elevador e ri sozinha até chegar ao andar.
O local estava bem mais vazio do que lá embaixo e uma mulher bonita estava na recepção repassando ligação atrás de ligação. Me movimentei para tentar me colocar na linha do olhar dela que anotava os recados no computador.
— Um minuto, por favor! – Ela disse de forma mais despojada e acenei com a cabeça, ouvindo—a mudar do inglês para o francês em algumas ligações, antes de abaixar o fone da cabeça e me dar completa atenção. – Pode falar.
— Eu tenho reunião com... – Chequei o papel novamente. – Claire Stroll. – Falei.
— Ah sim, , certo?
— Isso. – Dei um sorriso.
— Venha comigo, por favor. – Ela disse, se levantando e ouvi o telefone tocando.
— Você não vai...
— Não se preocupe. – Ela disse e assenti com a cabeça, andando com ela pela empresa.
O local cheirava empresarial, então vários computadores, salas grandes de reunião tomavam conta do andar, mas muitas estavam vazias pelo horário próximo às oito da noite. Não me preocupei com isso, somente segui a mulher que deveria ter minha idade.
— Com licença, Claire? – A mulher falou em inglês e fiquei relaxada, já que Carly me garantiu que dentro da empresa, eles falavam inglês, não francês.
— Sim... – A loira do lado de dentro falou.
— A professora de italiano.
— Ah, sim, pode deixá-la entrar! – Ela abanou a mão animada enquanto se levantava e a mulher deu um aceno para mim e entrei, vendo-a fechar a porta atrás de mim. – , que prazer te conhecer! – Ela disse animada e estiquei a mão, vendo-a fazer o mesmo.
— Olá, senhora Stroll, o prazer é meu! – Falei.
— Pode me chamar de Claire. Stroll é do meu ex-marido, não estamos mais juntos, mas é mais difícil tirar o sobrenome do que colocar. – Ela disse brincalhona e dei um aceno com a cabeça. – Pode se sentar, por favor.
— Nesse caso, pode me chamar de . – Falei e ela se sentou à minha frente.
— É realmente um prazer enorme te conhecer, . – Ela sorriu. – Acho que você quem vai salvar a minha vida...
— Eu só sou uma professora, senhora... – Falei rindo.
— Bem, pelo que eu vi sobre você, seu foco é ajudar os outros a realizarem os sonhos, certo? – Pressionei os lábios ao descobrir que ela havia pesquisado meu Instagram profissional.
— Sim... – Falei rindo.
— Bom, eu tenho um sonho a realizar e ele está na Itália. – Assenti com a cabeça. – Vou te dar uma explicação geral, . Eu tenho uma reunião na Itália em setembro, nossa marca está crescendo e vamos precisar de uma equipe lá. Nossa empresa não produz roupas, não fazemos desfiles, nem nada do tipo, mas trazemos marcas famosas para o Canadá e Estados Unidos. Nos tornamos uma distribuidora de confiança para empresas como Pierre Cardin, Ralph Lauren, Michael Kors e Tommy Hilfiger, agora empresas italianas como Versace, Dior, entre outras, querem que nossa empresa, ajude na divulgação da marca mundialmente... – Dei um aceno com a cabeça ao reconhecer as marcas. – E italianos são tradicionais, então falar italiano...
— É primordial. – Falei e ela deu um aceno com a cabeça.
— Exatamente. – Ela suspirou. – Nós temos um grupo de 12 pessoas, inclusive eu, que precisam destravar o italiano em quatro meses. É possível?
— Possível é, senhora, mas serão preciso várias horas de dedicação. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
— Eu sei que você tem a escola e, também, dá aulas particulares, mas teria como nos encaixar? Dinheiro não é o problema, como Carly deve ter te dito. – Engoli em seco, sabendo que Carly já havia falado sobre isso comigo e respirei fundo.
Falamos de valores que realmente mudariam minha vida aqui no Canadá, mas eu teria que abrir mão dos meus precisos horários de folga pelos próximos quatro meses. Isso era algo que pesava na balança, já que eu praticamente só trabalhava, mas também poderia ser minha chance de finalmente investir na minha escola ou até realizar meu sonho de trabalhar na Itália.
— Eu tenho alguns horários disponíveis de quinta-feira à noite e sábado à tarde eu tenho livre. – Falei, minhas sextas-feiras acabavam para eu dedicar à preparação das aulas da semana seguinte e domingo é dia de não fazer nada.
— Para gente conseguir destravar em quatro meses, quanto tempo por dia você acha necessário? – Ela perguntou e suspirei.
— O ideal seria quatro horas, mas é impossível alguém ficar completamente focado por esse tempo, então sugiro cinco, com pausa para alguns intervalos. – Falei.
— E você aguenta cinco horas seguidas? Com 12 velhos com a cabeça de uma formiga? – Ri fracamente.
— Acredito que vocês falem francês também...
— A maioria. – Ela disse.
— O cérebro já está bem elástico, então. – Falei e ela confirmou com a cabeça.
— Eu preciso disso com urgência, , é possível? – Ela perguntou em um tom mais sério e assenti com a cabeça.
— Sim. – Falei. – Eu só preciso de uma semana para preparar o material.
— E o pagamento? Não quero que fique com vergonha de cobrar, . Sei sua média de valores, mas você trabalha com alunas particulares. Serão 12 alunos particulares ao mesmo tempo. Muitos bem mais velhos do que eu. – Engoli em seco, assentindo com a cabeça.
— Serão quatro meses? Cinco horas por semana? 12 pessoas? – Perguntei e ela assentiu com a cabeça.
— Exatamente. – Ela falou e tirei o celular da bolsa, abrindo a calculadora, digitando os números:
250 dólares a mensalidade por uma hora semanal. Cinco horas mensais. Quatro meses. 12 pessoas. 60 mil dólares. Engoli em seco. Eu tinha problemas com cobrar, era difícil falar que cobrava 250 dólares mensais para uma vez na semana, agora imagina falar esse número? Era alto demais, mas era literalmente o meu preço.
— E então? – Ela disse e olhei para ela, respirando fundo.
— É... 50 mil dólares... O valor completo pelos quatro meses. – Falei, sentindo a garganta doer ao falar isso e ela assentiu com a cabeça, pensando isso.
— Entendo... – Ela disse, se ajeitando na cadeira.
— Posso dar um desconto se...
— Não, não! – Ela disse. – É que não foi esse valor que a Carly me disse sobre você. Esperava por volta de uns 60 mil. – Ela disse e assenti com a cabeça.
— Sim, senhora, mas eu dou desconto para aulas em grupo. – Falei e ela confirmou com a cabeça.
— 10 mil é um belo desconto... – Ela disse em tom de deboche e pressionei os lábios. – Que tal fecharmos em 80 mil, ?
— Senhora? É mais do que meu preço. – Falei.
— É, eu sei, mas tem seu transporte para vir aqui todo sábado, o material que você vai comprar para gente, além de aguentar essa turma toda por quatro meses direto. Talvez eu devesse arredondar para 100 mil para você pagar uma terapeuta muito boa. – Ri fracamente de nervoso.
— Que isso, senhora. – Ela me olhou séria.
— Acredite em mim. – Ela disse suspirando. – O mundo corporativo é uma porcaria... – Ela negou com a cabeça e assenti com a cabeça casualmente. – Então, 100 mil?
— Não, senhora, não precisa de tudo isso...
— Tem uma cota sobrando nesse projeto, e prefiro gastar com alguém que valha a pena. – Ela disse.
— A senhora nem me conhece. – Falei.
— Brasileira, 29 anos, veio para o Canadá porque era um intercâmbio mais barato, acabou ficando ao ser contratada pela escola que veio estudar. Trabalha pela manhã e tarde lá, dá aulas particulares até tarde da noite e está de pé no dia seguinte para começar tudo de novo. E agora está aceitando perder seu sábado quase inteiro para dar aula para um bando de velhos que poderiam ter feito isso bem antes... – Ela disse. – Eu fucei no seu Instagram. – Ela disse e assenti com a cabeça. – Não te conheço, , mas sei identificar alguém que quer crescer na vida. Não custa nada eu te ajudar.
— Obrigada, senhora. – Falei.
— Meu ex-marido trabalha mais na parte de carros e afins, mas ele tem um programa para jovens talentos, acho que eu posso ter um também, e começar contigo. – Dei um pequeno sorriso.
— Me ajudaria muito, senhora, mas eu não posso aceitar... – Suspirei.
— É minha oferta, . É pegar ou largar! – Ela disse e dei um pequeno sorriso.

— CEM MIL DÓLARES, AMIGA! CEM MIL DOLARES EM QUATRO MESES! – Gritei a plenos pulmões enquanto saía da empresa com o botão no áudio do WhatsApp. – É 25 MIL DÓLARES POR MÊS, É MUITO MAIS DO QUE EU GANHO NA ESCOLA E NAS AULAS PARTICULARES. – Suspirei, relaxando os ombros, vendo que eu estava do lado da estátua estranha de novo. – Cem mil dólares, Ama. Eu vou conseguir montar minha escola. – Suspirei. – Pequenininha, claro, mas é um começo. – Soltei o botão.
Meu Deus!
Cem mil dólares!
Eu sabia que o trabalho não seria fácil, nunca dei aula para mais do que seis pessoas em uma sala, e em sua maioria são intercambistas muito empolgados com a nova língua ou brasileiros tentando melhorar aqui. Isso sem contar que seria minha primeira experiência como professora de italiano oficialmente.
Merda!
Eu tinha muito o que fazer até a próxima semana. O valor vai compensar, mas vai ser um trabalho bem pesado.
Olhei o horário no celular e era quase nove da noite. Eu não estava tão longe de casa, mas não queria pegar transporte público agora. Vim de Uber para não chegar suada e nem atrasada, mas eu iria pegar para voltar novamente, tinha que estar de pé as sete para ir para a escola.
Observei em volta, vendo diversos letreiros de fast food e fiz um uni duni tê mentalmente antes de ir na escolha mais óbvia: KFC. Peguei um balde pequeno com meu molho de mostarda e mel e Coca-Cola, e pensei por alguns segundos se levava para casa, mas o descarte de todo esse papelão me deixou com preguiça.
Me sentei em uma banqueta alta, devorando meu KFC com a mão direita, enquanto a esquerda tinha dificuldades em contar as novidades para meus pais no Brasil. Menos de 15 minutos depois, eu lambia a ponta dos dedos e limpava no guardanapo. Passei álcool nas mãos e chamei o Uber.
Entrei apressada em minha kitnet, tirando a roupa e fui para um banho quente. O tempo estava esfriando cada vez mais e eu somente com uma cacharréu e o blazer por cima. Esperei somente esquentar meu corpo e saí novamente, colocando meu pijama. Joguei as almofadas no chão e deitei entre as cobertas, encarando o verde do teto.
— Cem mil dólares... – Suspirei, deixando um sorriso se formar em meus lábios.

Fica calma que vai dar certo, teacher! Você sempre fala que fica nervosa com novos alunos e se dá superbem com todos. Vai dar tudo certo. – Minha aluna Thaís falava pela chamada do Google Meet.
— Ah, tomara que esteja certa! – Falei rindo e ela sorriu. – Bom, Thaís, páginas 25 e 26 do workbook para semana que vem.
Obrigada, teacher! Até quarta. – Ela disse e esperei que ela fechasse a ligação antes de fechar também.
Empurrei a cadeira rapidamente, abrindo a geladeira e peguei uma lasanha congelada e coloquei no micro-ondas. Aproveitei para tomar banho enquanto ela descongelava e esquentava. Saí do banheiro, vestindo a calça preta que eu comprei com o adiantamento de Claire e da Sportswear Holdings, e comi somente de sutiã à mesa, tomando cuidado para o molho quente não espirrar em meu corpo.
Joguei o pote no lixo e lavei os talheres antes de terminar de me arrumar. Diferente da reunião na semana passada, dessa vez eu coloquei uma camiseta branca com alguns desenhos discretos e minha jaqueta jeans. Escovei os dentes, fiz uma maquiagem bem discreta e coloquei os tênis. Peguei os dois sacos com materiais novos, colocando na mesa, juntei o notebook na mochila e tirei o celular da tomada.
A ansiedade me bateu mais uma vez enquanto eu pedia o Uber, mas respirei fundo. Já tinha passado por esses altos e baixos nesses cinco dias, mas o contrato já estava assinado, o salário de maio já estava na minha conta e Claire contava comigo.
Eu não a conhecia, dei uma pesquisada rapidamente pelo Wikipedia. Ela é belgo-canadense, estilista e dona de uma marca chamada Callens. Devido ao seu casamento com o bilionário canadense Lawrence Stroll, possui ações na empresa dele e hoje cuida da área de divulgação de marcas de roupas famosas. Já Lawrence cuida da parte de carros, inclusive possui até uma equipe de Fórmula Um. Quando falam que Lawrence é dono de Montréal, agora eu entendo o porquê.
Apesar de ambos serem divorciados, aparentemente eles possuem uma boa relação. Talvez pela holding, os dois filhos, ou só sabem viver em harmonia como deveria ser com qualquer casal. Uma rápida pesquisada nos links do Wikipedia, descobri que seu filho é piloto e sua filha uma aspirante a cantora. Acho que não encontraria um professor de inglês na família Stroll.
Desci do Uber e segui para a recepção, lá peguei meu crachá de visitante e fui até o elevador. A empresa não estava totalmente vazia, mas poucas pessoas ocupavam as salas de reunião. Uma recepcionista diferente me guiou até a sala e engoli em seco quando vi a sala com vários engravatados lá dentro. Apertei as mãos nos materiais e respirei fundo quando ela guiou a porta aberta.
Ciao... – Falei tímida, rindo em seguida.
Ciao! – Claire disse animada, se levantando do outro lado da mesa. – Reservei a ponta da mesa para você! – Ela indicou o canto em que eu já estava e assenti com a cabeça.
— Obrigada. – Deixei minhas coisas na ponta da mesa, tentando manter um sorriso rosto.
— Precisa de alguma ajuda? – Ela perguntou mais baixo quando se aproximou.
— Não, não, só organizar e já começo. – Sorri e ela assentiu com a cabeça, voltando para seu lugar.
Tirei o notebook da mochila, liguei-o e tirei os livros e os kits de lápis e caderno que eu fiz com o nome da minha escola. Não podia perder a oportunidade de fazer divulgação para pessoas com um pouco mais de dinheiro, né?! Vai que...
Ergui meus olhos para os presentes e suspirei. Tinham 12 pessoas ali. Nove deles eram homens, três mulheres, e a faixa etária da maioria deve passar de 50 anos. Tinha somente uma mulher que deveria regular comigo e era a única que sorria junto de Claire.
Sempre falei que queria uma turma de idosos, mas eu imaginava algo como o grupo de velinhas da igreja que eu frequentava no Brasil, não vários ricaços de uma empresa que manda em Montréal.
Buongiorno, mi chiamo e sono la tua insegnante! – Falei, me colocando na frente do pessoal. – Eu sou , e eu fui convidada pela Claire para ensinar italiano para vocês. – Tentei manter um sorriso amigável. – Nós temos quatro meses para aprender entre o básico e o intermediário, além de deixá-los confortável com o idioma para que possam se comunicar livremente. – Alguns assentiram com a cabeça. – Para quem fala o inglês, ele pode ser um pouco diferente, mas estamos em Montréal, então creio que a maioria de vocês já fala dois idiomas, um terceiro vai ser fácil... – Alguns riram, me fazendo sorrir. – Ok, vamos lá, eu gostaria de saber o nome de todos e, se possível, o que fazem aqui na empresa, para gente fazer amizade. Que tal? Começando por “mi chiamo...” e dizendo seu nome.
Essa pergunta não agradou a maioria dos homens, mas todos se apresentaram entre pronúncias boas e ruins, mas não era o foco agora, então só deixei rolar. Começar é difícil, especialmente quando a maioria não parecia estar animada em passar cinco horas do seu sábado comigo.
— Muito bom! – Sorri. – Eu me chamo , podem me chamar de , e estarei com vocês nessa jornada. Vou distribuir os materiais que foi pensado com o foco mais empresarial, ele é de vocês e espero que abusem bastante dele.
Peguei os materiais, dando a volta na larga mesa, deixando um na frente de cada pessoa antes de voltar para meu lugar. Conectei o notebook no data show e abri a apresentação em Power Point, não costumo trabalhar assim, é com as mensagens do chat do Google Meet ou um quadro branco, mas achei que fosse melhor para mostrar para eles.
Quando virei para eles novamente, as caras não eram mais animadas, então só respirei fundo.
Andiamo? – Falei, vendo o sorriso de Claire e foi nisso que foquei.

— Ah, Ama, você sabe que eu não estou acostumada com isso, né?! – Ela riu comigo.
Eu fico imaginando sua cara, deve ter sido a pior coisa de todas...
— Foram cinco horas, Ama! – Suspirei. – Você não tem noção! Tiveram cinco pessoas que interagiram! Cinco! – Tombei a cabeça para trás.
Ah, mas vai ver foi só a primeira vez, ... – Ela disse. – Como você mesma diz: começar é difícil...
— Difícil, não impossível! Eu estou acostumada com pessoas que querem aprender um idioma, agora eu estou com dois, talvez três verdadeiros interessados...
Você está indo para lá agora, certo? – Ela perguntou.
— Sim, acabei de descer do ônibus. – Suspirei, olhando para o prédio. – Respirando fundo antes de voltar para sofrência. – Ela gargalhou alto.
Ah, miga, só você! – Ela riu.
— Ai, foi péssimo, de verdade...
Então pensa nos cem mil, miga! Cem mil dólares! Sua escola, sua chance de nunca mais voltar para o Brasil...
— Você sabe que eu não penso assim...
Eu sei, eu sei, você ainda gosta dessa terra de sofredores... – Ri fracamente.
— Eu gosto... – Suspirei. – Só apareceu a oportunidade...
Eu sei, também sinto sua falta! – Rimos juntos e chequei o relógio.
— Também sinto, miga... – Suspirei. – Chegou minha hora. Te mando mensagem mais tarde.
Combinado, miga! Boa sorte! – Ri fracamente.
— Obrigada! Manda um abraço para o Edu.
OUTRO! – O namorado dela gritou, me fazendo rir.
— Ah, no viva-voz de novo! – Falei rindo. – Tchau!
TCHAU! – Duas vozes falaram em tons diferentes, me fazendo rir antes de desligar.
Guardei o celular antes de entrar na empresa e foi fácil passar pela segurança agora. Fiz o mesmo caminho das outras duas vezes até estar perto da sala envidraçada novamente, entrando devagar pela porta.
Buongiorno! – Falei.
Buongiorno! – Alguns responderam e me coloquei na ponta da mesa, deixando minha mochila e contei nove pessoas ali hoje. – Estamos com alguns atrasos? – Perguntei.
— Alguns... – Claire disse claramente incomodada com isso.
— Bom, eu vou devolver a lição de casa enquanto eles não chegam. – Falei, pegando minha pasta e tirando as folhas soltas. – Para uma primeira aula, gostei que vocês foram muito bem. – Atravessei a sala, distribuindo as tarefas de casa, passando por Claire. – Parabéns! – Falei, vendo-a sorrir e voltei para meu lugar. – Eu vou abrindo as coisas aqui, enquanto eles chegam.
Eu devo dizer que demorei o dobro do tempo para abrir o Power Point e me preparar para a aula, mas pela cara de Claire, eles não iam aparecer, então quando finalizei tudo, eu me virei para eles.
— Bom, vamos começar? – Falei e Claire abriu o livro com calma.

Péssimo?
— TERRÍVEL! – Falei dramática. – Tiveram três pessoas na última aula, Ama! TRÊS! É a quinta aula! Está ficando ridículo! Eu sinto uma idiota ali na frente.
Acho que não tem problema, a Claire fez um acordo contigo, ela não vai dar para trás.
— Eu estou com medo de ela desistir! Ela não vai ficar pagando cem mil à toa, Ama. E eu não acho que seja só uma “reunião de negócios” ou viagem para sei lá onde... Isso está ridículo.
Ah, miga, pior que eu nem sei o que te dizer... – Suspirei, encarando a empresa.
— Hoje é o começo do segundo mês, é para eles me pagarem na segunda-feira, eu tenho planos, eu...
RELAXA, MULHER! – Ama gritou, me fazendo suspirar. – Olha a ansiedade falando de novo. Relaxa! – Suspirei. – Entra naquela empresa, peito estufado e ensine esses velhos a parlare l’italiano! – Ela forçou o sotaque, me fazendo rir. – Ninguém te falou nada ainda, . Lida um dia de cada vez, você fica nervosa com coisas que não pode controlar.
— Por isso que eu fico nervosa, se fossem coisas que eu pudesse controlar, eu não ficaria assim... – Ela ficou em silêncio por um tempo.
Bom ponto! – Rimos juntos.
— Está quase na hora, Ama. A gente se fala mais tarde, ok?!
— Eu estarei aqui. – Ela disse ainda.
Beijo, Edu! – Falei.
— Beijo-o-o-o! – Ele disse, me fazendo rir e desliguei o celular.
Respirei fundo, tombando a cabeça para trás e segui para dentro do prédio. Tentei manter um sorriso no rosto, mas por dentro eu sentia que estava borbulhando, talvez fossem gases, mas não podia pensar nisso agora.
Acenei para a recepcionista, seguindo o caminho de sempre e nem me surpreendi quando encontrei Claire sozinha na sala, na ponta da mesa. Engoli em seco e entrei devagar.
Buongiorno, Claire...
Ciao... – Ela disse desanimada.
— Acho que não deu certo, né?! – Me aproximei dela, puxando a cadeira ao seu lado.
— Pelo visto eu fui empolgada demais com isso... – Ela disse.
— Sinto muito, Claire. Estou acostumada com isso, até quando as pessoas querem, elas desistem pelos mais variados motivos, imagina sem querer... – Ela suspirou.
— Eu odeio isso! Eu nunca pedi nada, eles não podiam ter feito um favor para mim? – Notei sua voz mais irritada e Claire tinha uma figura tão calma que era difícil imaginar ela irritada.
— Sinto muito... – Suspirei, sabendo que as próximas palavras me ferrariam, mas o que é certo, é certo. – Se você quiser rescindir o contrato, podemos...
— NÃO! – Ela falou rapidamente. – Não, não! Nada de rescindir, eu ainda preciso de você. Eles podem não me ajudar, mas eu preciso disso! Eu não vou deixar meu sonho morrer por um bando de velhos. – Ri fracamente.
— Feliz que está animada. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
— Creio que a gente só precise mudar nossa tática... – Ela ponderou com a cabeça.
— Claro, o que ficar melhor para você, alguma ideia? – Perguntei e ela deu um curto sorriso.
— Acho que tenho algumas. – Ela disse, me fazendo sorrir com ela.





— Tem certeza de que é aqui? – O motorista do Uber perguntou e olhei pela janela.
— Creio que sim... Por quê? – Perguntei.
— Hum... Essa é a casa do Lawrence Stroll... – Ele disse e pressionei os lábios.
— É aqui mesmo. – Suspirei. – Obrigada!
— De nada. – Ele disse rindo e empurrei a porta do carro, ajeitando minha mochila nas costas.
Realmente, entendia a surpresa do cara, quem iria na casa do cara mais rico de Montréal, né?! Pois é! Creio que a separação de Claire e de Lawrence era a mais saudável que eu vi em toda minha vida, eles ainda moram na mesma casa, apesar de ele ficar longe boa parte do ano, e parecem possuir uma relação de respeito. Ao menos nunca ouvi Claire falar mal dele na minha frente.
Depois do primeiro mês de aulas completamente fracassado, Claire decidiu mudar as aulas para casa dela. Ela ainda quer continuar com as aulas, meu pagamento será exatamente o mesmo, ela só pediu se podemos fazer na sua casa, para que nós duas possamos ter conforto.
Confesso que até prefiro, é mais perto de casa do que o lado corporativo de Montréal, mas não esperava ser uma mansão enorme como essa, com grandes e lindos portões de ferro, que de fora parece que era só uma casa normal.
Me aproximei da campainha, respirando fundo antes de apertá-la. Esperei alguns segundos, olhando para o céu azul. Maio estava começando um pouco mais quente e eu agradecia, estava cansada do frio desse país. Às vezes eu penso se não deveria ter ido para Austrália, mas não podia negar que o Canadá estava me dando boas opções.
Quem é? – Ouvi uma voz masculina.
, vim a pedido de Cla…
Pode entrar! – Disse e o portão duplo se abriu, me deixando surpresa.
Entrei assim que tive espaço o suficiente para uma pessoa passar e segui pelo caminho. Passei pela entrada curva de carros até ver a mansão aparecer em minha frente. Ela é branca com os telhados cinza, chama bastante atenção, devo dizer. A rua seguiu para a direita, mas um homem me esperava em uma porta.
— Seja bem-vinda, senhorita .
— Oi! – Me aproximei.
— Eu sou Sebastien, responsável pela casa e criadagem... – Assenti com a cabeça.
— Prazer, eu sou . – Dei um sorriso e o homem confirmou mais uma vez.
— Venha, senhora Claire já está te esperando. – Ele indicou e entrei, notando que estava entrando em uma cozinha. Tudo era claro, com granitos brancos e decoração discreta. Eu gostava de inventar um pouco na cozinha, então aquele local era incrível para mim. – Venha, por favor. – Sebastien disse e o segui.
Saímos da cozinha, descendo alguns degraus e passamos por uma sala de jantar ligada à cozinha e por outros cômodos menores. Tudo era muito claro e bonito, eu estava evitando não parecer surpresa demais.
Descemos mais algumas escadas e chegamos num largo hall com uma sala à frente, uma longa escadaria à esquerda e portas de vidro incrivelmente limpas do lado direito. Notei que havia entrado pela lateral da casa. Talvez a entrada de serviços mesmo.
— A Claire logo estará aqui. Fique à vontade. – Ele disse e assenti com a cabeça.
— Obrigada. – Ele disse, se retirando por baixo da escadaria e dei uma olhada em volta. O pé direito deveria ter uns cinco metros de altura, tudo era muito claro, eu me sentia minúscula aqui, mas não tinha um quê de coisa chique, só grande demais mesmo.
Ouvi um latido fino e virei o rosto, vendo o que parecia ser um filhote um pouco maior de Golden, descer as escadas todo atrapalhado, soltando vários latidos.
— Ah, que coisa linda que você é! – Ele veio direto em meu pé, fazendo seu latido fino ecoar na sala vazia e começou a cheirar os cadarços do meu tênis. – Oi, sua coisa fofa. – Me abaixei, deixando-o me cheirar antes de afagar os pelos brancos deles.
, não! – Ergui as mãos, vendo Claire na minha frente. – Ela é pequena, mas ela morde forte.
— Opa! – Olhei para a bolinha de pelos que insistia em me cheirar. – Ela não parece querer me morder.
— Ah, ela é chata, , se você soubesse. Ela me morde, se quer saber.
A bolinha de pelos continuou cheirando meu All-Star até começar a brincar de cabo de guerra com meu cadarço, continuando a soltar finos latidos, como se meus sapatos fossem atacá-la.
— Ela não parece perigosa, Claire. – Disse, me atrevendo a acariciar a cabeça da cachorra de novo, vendo-a se assustar.
... – Claire me avisou e desci o carinho para o pescoço dela, vendo-a começar a se aninhar em mim.
— Acho que ela gosta de mim, Claire! – Falei rindo, parando o carinho segundos depois, ouvindo a cachorrinha latir agora por eu ter parado de fazer carinho. – Ah, folgada, agora gostou?
— Isso é realmente estranho, . – Claire desceu as escadas. – Ela odeia mulheres no geral.
— Talvez ela saiba de algo que eu não sabia. – Rimos juntas e Claire me deu dois beijos.
— Essa é a Kenya, meu filho a deu para sua ex-namorada, quando eles terminaram, ele ficou com ela, então ela não gosta de nenhuma mulher, só da Sarah. – Ela disse e imaginei que Sarah fosse a ex-namorada de seu filho.
— Bom, ao menos ela não parece querer me matar. – Falei rindo.
— Talvez seja um bom sinal. – Ela disse e ri fracamente.
— Ela é filhotinha ainda, para que tanto ódio no coração? – Brinquei, sentindo Kenya ainda me cheirar.
— Ela não é filhote, ela é só pequena mesmo. Tem uns três anos. Meu filho e a Sarah terminaram tem um ano, mais ou menos. Como ele viaja muito, ela fica aqui me enchendo o saco. – Claire disse rindo. – Olhe! – Ela indicou os dedos com marcas de dente.
— Kenya? – Ela assentiu com a cabeça. – Se ela não desmontar meu apartamento, posso cuidar dela, se quiser. – Falei.
— Não brinca que eu aceito. – Claire disse, me fazendo rir. – Bom, vamos?
— Claro! Vim preparada, trouxe várias coisas extras para gente trabalhar um pouco mais de conversação. – Falei.
— Ah, perfeito! – Ela disse. – Vamos aqui na sala... – Ela indicou a sala à frente. – Já deixei minhas coisas aqui embaixo, podemos pegar mais claridade do sol.
Segui com ela até a outra sala e tinha uma mesa redonda com umas oito cadeiras, e atrás tinha uma sala de TV com três sofás que pareciam ser muito confortáveis. Tudo mantendo as cores pastéis de branco e bege.
— Fique à vontade. – Ela disse e apoiei minha mochila na mesa, tirando os materiais.
— Como será somente nós duas, não trouxe o note. Podemos fazer algo mais dinâmico.
— O que achar melhor. – Ela disse e tirei os materiais, meu estojo e a pasta com a tarefa dela.
— Vamos começar na tarefa, notei que você ainda está com um pouco de dúvidas na conjugação do futuro no plural. – Abri a pasta, tirando as tarefas dela rabiscadas.
— Muita dificuldade, pelo jeito. – Lhe entreguei.
— Isso é normal, você está tentando absorver muita coisa em pouco tempo, é normal essas confusões. – Peguei outra folha. – Trouxe textos para gente trabalhar, e um livro, se te interessar.
— Ah, eu adoro O Pequeno Príncipe. – Ela disse.
— Imaginei que já tivesse lido, por isso talvez a leitura seja mais fácil para você. – Lhe empurrei o livro usado que tinha achado na Biblioteca Municipal de Montréal.
— Obrigada, vai ser ótimo! – Ela disse.
— Vamos dar uma repassada? – Perguntei.
— Vamos lá! – Ela disse, abrindo seu caderno.

— Ai, minha cabeça dói! – Ela disse e ri.
— Ah, Claire... – Parei a caneta antes de erguer o rosto para ela. – Você não tem noção como está sendo guerreira nisso tudo...
— Por que diz isso? – Ela perguntou.
— Porque você está tentando aprender um conteúdo de pelo menos dois anos, em um período de quatro meses. – Falei. – Os alunos dificilmente fazem cinco aulas semanais, quiçá mensais. – Adicionei um pouco de drama na voz. – Você está sendo uma verdadeira guerreira...
— Não é você que diz ajudar a realizar os sonhos?
— Exato! – Dei um curto sorriso. – Você está se esforçando para realizar seus sonhos, fazendo sacrifícios e dificuldades... – Dei de ombros. – E tem ido muito bem com isso... – Lhe estiquei o papel em que corrigia. – Parabéns. – Ela sorriu ao ver o número 10 no papel.
— Ao menos algumas coisas valem à pena. – Ela disse e sorri.
— Exatamente. – Estiquei a mão para ela na mesa. – Vai valer à pena, Claire. Tudo dá certo no final.
— Que você esteja certa. – Sorri.
— Eu não sou a melhor professora do mundo, mas eu sei das dificuldades que eu tive para aprender, então poder passar essas dificuldades para os outros e inspirar eles, é demais!
— Você é uma brasileira, que fala português, morando em um país que fala inglês e francês, dando aula de italiano... Você é meu deus, ... – Ri.
— Não se esqueça que não falo francês. – Disse.
— Ainda... – Ela disse e ri fracamente.
— Talvez eu nunca aprenda essa, eu não consigo gostar...
— Meu filho também não, acredita? E nascido e criado aqui! – Ri fracamente.
— Eu provavelmente vou gostar dele. – Rimos juntas.
— Falando nisso, que horas são? – Cheguei meu relógio.
— Três e quarenta e cinco. – Falei.
— Ah, meu Deus. Podemos fazer um intervalo? Está na hora da classificatória...
— Hum... Claro! – Não entendi muito, mas estava na casa dela, ela que mandava.
— Sebastien! – Ela chamou o homem que me atendeu anteriormente.
— Sim, senhora. – Ele apareceu rápido.
— Poderia providenciar um café para mim e para a , por favor? – Ela pediu fofa.
— Claro, senhora. Em alguns minutos. – Ele disse. – Ligo a TV para ver o senhor Lance?
— Eu cuido disso, não se preocupe. – Ela disse e ele assentiu com a cabeça.
— Bom, , você vai conhecer meu filho agora. – Ela disse animada. – Metaforicamente, é claro. – Assenti com a cabeça. – Venha, vamos na televisão um pouco. – Ela disse já se levantando e deixei meus materiais à mesa para segui-la. – Fique à vontade.
Ela começou a ligar a grande televisão e se sentou no sofá bege, colocando os pés para cima. Ela procurou o canal de esportes e logo identifiquei a Fórmula Um. Eu não sou a mais conhecedora de Fórmula Um, mas agora eu entendi a classificatória que ela disse. A que definia o grid da corrida de amanhã.
Me sentei no outro sofá, somente cruzando as pernas e observei a televisão. Agora tudo ficou claro! Todas as informações que procurei sobre a família finalmente fizeram sentido. Lawrence Stroll é dono de uma equipe de Fórmula Um e seu filho mais novo, Lance, é piloto da equipe. E eu dou aula para mãe dele! Que louco!
— Ah, ele aí! – Claire disse como a verdadeira mãe orgulhosa.
Olhei para a televisão e uau! O filho dela é realmente bonito! A foto do Wikipedia com certeza está desatualizada. Os cabelos escuros e as grossas sobrancelhas faziam sua pele clara se destacar mais. Os lábios finos e fechados, junto do seu semblante sério, deixavam-no bem gat...
— Você acompanha Fórmula Um, ?
— Oi?! – Virei rapidamente para Claire.
— Fórmula Um, você acompanha?
— Ah, não! – Olhei para a TV, vendo que a imagem mudou para o circuito. – Meu pai e avô assistem, mas confesso que não presto muito atenção... Seu filho corre?
— Ah, o Larry é fogo, viu?! Ele sempre foi ligado em corridas e carros desde que namorávamos. Quando o Lance nasceu, ele logo foi colocando o menino em corridas, equipes juniores, até que ele decidiu começar a investir em equipes, primeiro com a Williams, depois a Force India, até que veio a oportunidade com a Aston Martin e ele como CEO... – Uau. – E o Lance adora...
— Há quanto tempo na F1? – Perguntei.
— Desde 2017, ele recebe muitas críticas, sabe? Dizem que só pilota porque o Larry é dono da equipe, mas ele tem melhorado bastante, poxa... – Ela disse com um verdadeiro aperto no peito. – E tem tudo para o carro ficar melhor ainda ano que vem, estamos esperançosos que venha ao menos uma vitória...
— Ele não ganhou ainda? – Perguntei, tentando tomar cuidado com as palavras.
— Ainda não, mas já tem pole, pódio, estamos esperançosas pela vitória.
— Legal! Então mesmo que digam alguma coisa, ele tem as glórias dele. – Dei um curto sorriso e ela assentiu com a cabeça, em agradecimento. – E ele está em terceiro! – Indiquei a televisão.
— Ah, é só o começo, tem tempo, ele precisa ficar ao menos entre os 10 primeiros. – Ela disse.
— Com licença... – Sebastien apareceu com uma bandeja com muito mais do que só um café e colocou na mesa de centro.
— Obrigada! – Claire disse e dei um aceno de cabeça.
— Quer que eu sirva? – Ele perguntou.
— Não se preocupe. – Falei, deslizando o corpo para frente para pegar o bule. – Posso?
— Por favor. – Claire disse e servi café para as duas, depois coloquei um pouco de leite em cada um.
— Açúcar?
— Para mim não. – Ela disse e lhe entreguei a xícara com o pires. Peguei o meu, colocando duas colheres de açúcar antes de roubar um biscoitinho.
— Deve ser legal, não? – Comentei, puxando minha xícara para mim.
— O quê? – Ela perguntou.
— Sabe... Viajar o mundo. – Indiquei a televisão novamente.
— Ah, é cansativo, viu?! Além da distância, o Lance mora na Suíça para ficar mais fácil. A Europa acaba sendo mais foco para essas coisas, sabe? Então ele fica lá, e o Larry fica muito na Inglaterra, que é a base da equipe. Eles adoram a vida agitada, mas adoram voltar para casa por um tempo. – Assenti com a cabeça. – Eles precisam abrir mão de muitas coisas por isso, cada semana está em um lugar diferente, cuidar bem da saúde... – Ela negou com a cabeça. – Mas se meu menino está feliz, eu também estou. – Assenti com a cabeça.
— Eu sempre quis viajar o mundo, mas imagino que uma vida corrida dessa não seja tão prazeroso.
— Ah, que nada! Tem todas as vantagens, eles possuem uma ótima estrutura em todo lugar, desde moradia até comida, mas....
— Nem tudo que reluz é ouro. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
— Exatamente. Adoro quando o Lance vem e fica um pouco em casa, parece que é criança de novo. – Dei um curto sorriso.
— Parece que está sentindo saudades, Claire. – Falei e ela riu fracamente.
— Ah, estou! Não o vejo desde março quando a temporada começou, mas estou ansiosa pela corrida no Canadá, vai ser no meio de junho e é aqui em Montréal, vou poder passar uma semaninha com ele.
— Que gostoso! – Falei, tomando um gole do café e vi o sobrenome STR em sexto lugar, fora da zona de risco.
Não acompanho Fórmula Um, mas creio que não precisa ser tão expert para entender. A classificatória era dividida em três partes. Nessa primeira parte, Lance acabou se mantendo em sexto lugar. Pilotos como Magnussen, Zhou, Albon, Latifi e Ocon ficaram de fora.
— Ah, que pena, o Estie ficou em último, que droga! – Claire disse.
— Oi? – Virei para ela.
— O Ocon, Esteban, é um grande amigo do Lance. – Ela disse e assenti com a cabeça.
— Ele não teve tempo. – Comentei.
— Algo pode ter acontecido no terceiro treino e ele não conseguiu sair. – Ela disse, pegando seu celular e assenti com a cabeça.
A segunda parte da classificatória começou sem os pilotos anteriores, e voltou com todos eles fazendo voltas rápidas – como o narrador dizia – para ver quem fazia o menor tempo. Lance – ou o filho de Claire – começou mal essa parte, em décimo primeiro, não teve nenhum avanço por quase todo o tempo do relógio, mas em sua última volta ele conseguiu ficar em oitavo.
Ver os pilotos finalizando suas voltas e ver quem ficaria em cima ou embaixo, era realmente empolgante. O tempo finalizado e eles lutando para ver quem ficaria com as últimas vagas.
— Dá um frio na barriga, né?! – Comentei e Claire riu.
— Acho que alguém vai começar a se interessar por Fórmula Um. – Ela disse e ri fracamente.
— Quem sabe? Ainda mais tendo a companhia de quem entenda. – Falei e ela sorriu.
— Ah, é muito gostoso, você vai ver! – Ela disse sorrindo, virando para a televisão novamente. – Vettel em décimo terceiro, coitado... Não está sendo um ano fácil para ele.
— Vettel em Sebastian Vettel? – Perguntei.
— Viu?! Conhece até alguns nomes...
— Tem alguns que é impossível não saber. – Falei rindo.
— Ele é da nossa equipe, boatos que quer se aposentar no fim do ano. É uma pena, ele é uma ótima pessoa e um ótimo piloto, só tem tido azar...
— Não deve ser fácil... – Comentei e ela somente negou com a cabeça.
Além de Vettel em décimo terceiro lugar, Alonso – outro nome que eu conhecia – Russel, Ricciardo e Schumacher, ficaram de fora também.
— Schumacher? – Perguntei confusa para Claire. – Mas ele não...
— Boatos que está vegetando há quase 10 anos. – Ela disse, assentindo com a cabeça. – É o filho dele, Mick, grande amigo do Lance também, mas também não tem tido sorte. – Ela disse.
— Deve ser complicado...
— Ah, bastante. A pessoa pode ser ótima, mas se o carro não está bom, não tem o que faça ser bom... – Assenti com a cabeça. – Esse ano não estamos tão ruins, mas não bons o suficiente para competir por alguma coisa... – Ela disse.
— Sinto muito.
— Sempre tem o próximo ano e sempre tem a próxima corrida. Falo isso para o Lance quando ele está desanimado... – Confirmei com a cabeça.
— Ao menos entre os 10 primeiros ele já está... – Comentei aleatoriamente, para mudar de assunto.
— Sim, ao menos isso! – Ela deu um curto sorriso.
E foi exatamente em décimo lugar que Lance finalizou. Ele até fez algumas voltas que o deixaram em nono e oitavo, mas foi em décimo que ele iria largar amanhã.
— Não é perfeito, mas ele já conseguiu chegar até a Q3, está ótimo. – Claire disse orgulhosa novamente e sorri.
— Sim, ao menos tem 10 atrás dele. – Falei.
— Acompanha a corrida amanhã, . – Ela disse. – Vai ser as 16:30 da tarde. – Ela disse.
— Ah, eu não... Eu acho que só passa na TV a cabo. – Falei.
— Ah, acompanha pelo app. – Ela disse, se levantando. – Espera aí! – Ela falou, sumindo pela sala e ouvi os latidos serem ouvidos novamente.
— Oi, Kenya. – Falei, vendo a bola de pelos tentando subir no sofá. – Por que você quer ser minha amiga, hein?! – Me abaixei para acariciar sua cabeça, mas não sabia se podia colocá-la no sofá. – Eu sou legal, mas se a Claire disse que você odeia mulheres... – Ela latiu mais uma vez, me fazendo rir.
— Aqui, . – Claire me esticou um cartão, estilo de crédito, verde, com o nome Aston Martin escrito. – Nós temos algumas cotas do app da Fórmula Um. Só entrar em F1 TV, aí você raspa as informações e faz login. Pode usar à vontade. – Ela disse.
— Ah, obrigada! Vou acompanhar sim. – Falei sorrindo.
— Vou adorar ter com quem conversar. – Ela disse e assenti com a cabeça.
— Bom... Vamos voltar ao italiano? – Ela bufou alto.
— Vamos! – Ela disse rindo.

— Hoje a gente perdeu um tempinho pela Fórmula Um, mas a gente compensa na semana que vem. – Falei, fechando meu livro.
— Ah, nem se preocupe com isso, ! Eu te tenho toda para mim agora, podemos fazer as coisas com mais calma. – Claire disse, imitando minha ação. – E foi por um pedido meu, você não vai ser prejudicada por isso. – Assenti com a cabeça.
— Agradeço, Claire. – Sorri. – Foi um dia divertido e produtivo, eu diria.
— Foi, eu gostei muito! – Ela disse sorrindo. – Melhor ainda por estar finalmente entendendo o que é a “particella ci e ne”. – Rimos juntas.
— Quando você perceber, não vai parar de usar ele. – Ela disse e abri minha pasta plastificada.
— Você pode fazer essas duas folhas de lição de casa... – Puxei as folhas grampeadas. – E como está o livro? – Perguntei e ela riu fracamente.
— Está indo... – Ela disse. – Por saber a história, fica mais fácil, mas ainda tem muita coisa que eu não conheço.
— Que tal um jogo para semana que vem? De soletração?
— Ah, ! – Ela disse em um gemido, me fazendo rir.
— Vamos! Vai ser legal! – Ela suspirou, jogando a cabeça para trás.
— Ai, vamos! Mas não fica brava se eu não souber, hein?! – Rimos juntas.
— Vai dar tudo certo. – Falei, vendo-a sorrir. – Deixa eu organizar minhas coisas e te deixar à vontade.
— Ah, que nada, menina! Ficar sozinha nessa casa enorme é chato. Minha filha disse que apareceria mais tarde, mas acho que ela esqueceu... – Chequei o relógio e vi que passava das seis da tarde.
— Ela vive aqui?
— Chloe? Mais ou menos. Ela namora um snowboarder, ele vive em competições, então eles sempre estão juntos, mas ela está aqui essa semana. – Ela disse.
— O que ela faz? Pilota também? – Perguntei.
— Ela está tentando fazer a vida de cantora, não é fácil também, mas uma hora sai. – Ela disse e assenti com a cabeça.
— Uma hora sempre sai. – Ouvi uma terceira voz e vários latidos de Kenya que estava quieta no sofá.
— Ah, filha! – Claire disse, abraçando-a e a semelhança entre ambas é incrível. Elas são muito parecidas.
— Oi, mamãe! – Chloe a abraçou animada.
— Que bom te ter aqui. – Guardei minhas coisas delicadamente enquanto elas aproveitavam o abraço.
— Deixa eu te apresentar minha salvadora, filha. – Claire disse. – Essa é , minha professora de italiano.
— Ah, ouvi muito sobre você! – Ela me deu um grande abraço, me fazendo retribuir. – Você está virando uma santa para minha mãe.
— Ah, que isso! Só fazendo o que posso com o que me foi dado. – Falei sorrindo.
— Cada um com seu talento, certo? – Ela disse, me fazendo rir. – A gente nem sempre consegue, mas tentamos sempre. – Sorri.
— Com toda certeza. – Claire disse. – Gostaria de ficar para jantar, ?
— Ah, não, senhora, que isso. Vou deixar vocês aproveitarem. – Falei, guardando o estojo na bolsa. – Aproveite seu momento com ela.
— Que isso! , certo?
— Isso! – Sorri.
— Quanto mais melhor. – Ela disse.
— Ah, não se preocupem, hoje o dia foi cheio, acho que eu preciso de banho e cama...
— Estou tirando todos os horários livres dela... – Claire brincou, me abraçando de lado.
— É por uma boa causa, só quero ver seu sucesso. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
— Eu agradeço muito por isso, esse apoio é incrível. – Claire sorriu.
— É mesmo, fazia tempos que minha mãe não se empolgava com alguma coisa, . Vê-la animada assim é demais. – Chloe disse, me fazendo sorrir.
— Que bom, fico feliz! – Sorri, colocando a mochila nas costas. – Nos vemos na semana que vem, então?
— Claro, ! Eu te acompanho... – Claire disse.
— Não se preocupe, aproveite sua filha, eu sei o caminho. – Sorri e ela assentiu com a cabeça.
— Então até semana que vem, ! – Ela me abraçou e sorri, retribuindo fortemente. – Obrigada por mais um dia.
— Que isso. – Falei sorrindo. – Bom te conhecer, Chloe.
— Você também, ! – Ela disse sorrindo e dei um aceno. O latido fino foi ouvido de novo e virei o rosto, vendo Kenya vir em minha direção.
— Kenya, não! – Chloe disse.
— Olha só! – Claire disse e acariciei a cabeça de Kenya quando ela chegou em mim.
— O quê? – Chloe falou surpresa para a mãe.
— Pois é! – Claire disse e ri fracamente.
— Acho que o problema são vocês, meninas. – Brinquei, ouvindo elas rirem.
— Não, não, o problema é definitivamente você! Acredite! – Chloe disse dramática. – Endoidou, Kenya. – Rimos juntos.
— Brinquei que ela deve saber algo que eu não sei. – Falei, ouvindo-a rir.
— Talvez... – Chloe riu.
— Bom, gente, eu estou indo! Tchau e até semana que vem! – Acenei, seguindo para fora da sala.
— Tchau, boa semana! – Claire disse.
Eu vi o que eu acabei de ver? – Ouvi Chloe comentar.
Pois é! Estou em choque há cinco horas. – Ela disse e sorri, seguindo pela porta da frente, para o sol se pondo da área rica de Montréal.

— E menos um capítulo... – Falei sozinha, feliz por terminar mais um capítulo da minha história.
Podem falar o que quiser, mas é muito bom poder escrever minha fanfic em paz e ninguém para julgar. É uma ótima forma de distrair e ainda ocupa a cabeça. Especialmente nesses momentos sozinha e de saudades de casa.
Suspirei e vi uma notificação subir no WhatsApp do computador.
“A corrida começa em 10 minutos... Vai ver?” Era uma mensagem de Claire.
Virei o rosto para a televisão, vendo o relógio ao lado dela e ponderei com a cabeça. Apoiei o note no sofá / cama e me levantei dele, indo até minha mochila. Abri alguns bolsos laterais e peguei o cartão que Claire havia me dito, o virei, vendo a área para raspar e peguei a chave para fazer isso, vendo um e-mail e um PIN aparecer, quase como se fosse um cartão de celular.
Voltei para o sofá, colocando o note no colo e digitei “F1 TV” no Google, vendo os resultados e abri o primeiro. Coloquei o login e a senha do cartão, vendo a conta aparecer. Logo apareceu “2022 Grande Prêmio de Miami”. Cliquei na opção em assistir ao vivo, vendo a imagem carregar e mostrar imagens do circuito igual ontem.
— Vamos ver o que é isso. – Falei, vendo as organizações ainda e me levantei novamente.
Peguei um saco de pipoca, colocando no micro-ondas e coloquei três minutos. Fiquei um olho no computador e outro nas minhas coisas e peguei um pote de pipoca e sal, deixando tudo pronto para a pipoca que logo ficou pronta.
Puxei a mesinha para perto do sofá / cama e coloquei o note ali, vendo que a volta de formação estava rolando já. Enchi a mão de pipoca e coloquei na boca, observando as imagens.
Deve ser louco esse mundo de Fórmula Um. Viajar toda semana, estar em um lugar diferente sempre, além de todo o luxo e caos que se misturava. Loucura!
Pelo que os narradores falavam, é a primeira vez que tem essa corrida em Miami, e tinha tudo para ser eletrizante. Ao menos seria uma boa forma para me entrar nesse mundo.
Os carros chegaram no grid, se alinhando em suas posições e vi o carro verde escuro da Aston Martin e do filho de Claire do lado, fora da pista principal. Não entendi o que o narrador falou, mas imagino que fosse alguma punição por algo, especialmente que os dois carros estavam lá.
— E vamos lá! E vai começar o GP de Miami! – O narrador disse animado. – LIGHTS OUT AND WAY WE GO!




Continua...


Nota da autora: Oi, gente! Decidi trazer essa história aqui para o FicsVerse. Tivemos a aparição, em partes, do nosso pp, finalmente! O que acharam? Achar gato já é um ótimo passo!
E a Kenya? A doguinha odeia mulheres, mas adora a Becca? Ela com certeza sabe de algo que a Becca não sabe ainda! Hahahaha.
Espero que estejam gostando e não se esqueçam de comentar!
Beijos.

Se você encontrou algum erro de codificação, entre em contato por aqui.

Não se esqueça de deixar um comentário para a autora!


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