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Revisada por: Sagitário

Fanfic finalizada: 26/12/24
Fanfic dedicada à Bea (aka Sookie Rivers), minha grande amiga que mantém a minha fixação por HOTD e ASOIAF vivíssima com os surtos e o nosso podcast Festim do Corvocast. Essa fic com o Aegon é um presentinho de Natal e Ano-Novo pra ela, uma das melhores amigas que a escrita já me trouxe. Te amo, Bea <3




“Eu queria que não fosse automático
A maneira como eu te quero toda vez”

Daphne Blue — The Band CAMINO


Lady Lannister entrou nos aposentos do príncipe e bateu a porta atrás de si. A moça não era conhecida por ter uma grande paciência. Deu alguns passos decididos para frente, olhando ao redor apenas para ver o ambiente bagunçado completamente vazio. Eu vou matar aquele desgraçado, pensou ela, bufando. Odiava quando faziam troça dela, e temia que fosse exatamente isso que Aegon Targaryen estivesse fazendo agora. Fora prometida a ele em um arranjo de casamento que seus irmãos mais velhos fizeram, e agora tinha de cumprir seu papel.
Apenas por ser irmã mais nova de Lorde Jason Lannister — Senhor de Rochedo Casterly — e Sor Tyland — o Mestre de Navios da Coroa —, já era um ótimo casamento para o príncipe. Para os Lannisters, o arranjo era perfeito, afinal, se as coisas corressem como esperavam, Aegon seria declarado rei no lugar da princesa Rhaenyra quando o rei Viserys I morresse. Ninguém perguntou a ela como se sentia a respeito do arranjo, mas ela falou contra mesmo assim. O problema nem era com Aegon, já que não conhecia nem ele nem suas inclinações. Ela só achava que era muito cedo. Mas havia algo que, bem lá no fundo, sempre a agradara na união: seria a futura Rainha dos Sete Reinos. Rainha consorte, claro, mas ainda assim, rainha.
Há seis voltas de lua, então, chegara em Porto Real, depois de atravessar toda a Estrada do Ouro desde sua antiga casa até a Fortaleza Vermelha, seu novo lar. Já havia se acostumado com a corte. Tinha sido tão, mas tão fácil, que sentira que nascera para aquilo, que pertencia àquele lugar.
Quanto à sua nova “família”, existia alguns poréns. A princesa Helaena era… diferente, mas perfeita de seu próprio jeito, e passavam longas tardes bordando juntas enquanto ouvia as conversas estranhas da garota de um modo que ninguém mais fazia. O charmoso príncipe Aemond havia se tornado algo próximo de um bom amigo e a tratava com bastante respeito, apesar de parecer estar sempre transbordando ódio por quase todo mundo que cruzava o seu caminho. O rei Viserys era muito querido, mas evitava olhar para ele por causa do terrível estado em que se encontrava. A rainha Alicent, por outro lado, era miseravelmente insuportável — nem sabia o motivo de sua aversão por ela, mas estava lá desde o primeiro dia.
A verdade era que a pessoa mais importante de toda aquela equação era seu prometido, o príncipe Aegon Targaryen. Ela não sabia muito bem o que pensava dele. O garoto estava sempre bêbado e procurando por uma mulher ou outra para ficar com ele de todas as maneiras possíveis. Era irritante. passara a acreditar que Aegon não seria um bom marido, não do jeito que ela desejava. Mas o poder que ser a esposa dele lhe traria não era algo a se colocar de lado com facilidade. Então, quando recebeu o recado dizendo que o príncipe Aegon queria vê-la, se dispôs a vir. Além do poder e do fato de que teriam que conviver para o resto de suas vidas, havia mais motivos para querer mudar a relação dos dois e transformar em algo bom: Aegon era, de fato, muito bonito, e isso, desde o início, a fizera se sentir irremediavelmente atraída por ele.
Quando girou nos calcanhares, desapontada, para retornar por onde viera, ouviu o barulho da cama. Ele teve a coragem de me chamar aqui e adormecer?, pensou, revirando os olhos. Mas então, o som de passos vacilantes a alcançou e ela se virou a tempo de assistir ao príncipe cambalear para fora de seus aposentos privados. Seus cabelos prateados estavam quase tão bagunçados quanto o quarto, e suas roupas, amassadas. As olheiras roxo-escuras combinavam de um jeito estranho com o lilás de seus olhos desorientados. O odor da bebida preencheu as narinas de lady e seu olhar vagou para os lábios de Aegon, avermelhados por causa do tinto dornês que estivera saboreando durante grande parte do dia.
— Minha lady, que gentileza sua visitar meus aposentos neste fim de tarde. — Abriu um sorrisinho que não lhe chegava aos olhos e se jogou no sofá.
Foi toda a atenção que lhe despendeu. Não queria que a garota achasse que ele estava dando em cima dela como fazia com todo mundo. Desejava, de algum modo, mudar as coisas entre eles, mas não sabia exatamente por onde começar.
— A noite já caiu. — Ela sacudiu a cabeça, sem entender por que fazia questão de o corrigir, bêbado do jeito que estava. — E não é como se eu tivesse aparecido por vontade própria, meu príncipe. Você me chamou, eu vim.
— Ninguém te forçou a vir, lady . — Um sorriso irônico perpassou seus lábios. — Poderia muito bem ter ficado nos seus aposentos.
— Ah, é mesmo? — Ela abriu um sorrisinho petulante. — Então não se importará se eu voltar para lá.
— Não, espera — falou, quase desesperado, quando a garota se virou para a porta. Ele se recostou no apoio de braço e inclinou a cabeça, seus olhos percorrendo-a lentamente enquanto voltava-se a ele. — Chegue mais perto, eu não mordo.
— Não tenho tanta certeza assim se você não morde. — Riu nervosamente, sem se mover um milímetro. — O que quer, meu príncipe?
— O que eu quero? — Aegon se levantou do sofá e andou devagar na direção dela, quase como se estivesse aproximando-se de uma presa, exceto que seu passo não estava tão firme quanto deveria. — Essa é uma lista muito longa, minha lady.
— É vinho dornês o que eu capto no ar? — Ergueu a cabeça, absorvendo o cheiro que vinha com Aegon. Ele confirmou com um aceno, não muito contente com a mudança de assunto. — Não é amargo demais para acompanhar uma vida tão… atormentada?
— Os da Árvore geralmente são bons para adoçar minha amarga vida, sim. — Sua boca se retorceu. — Mas amargo ou não, eu gosto do gosto forte do tinto dornês.
quase sorriu ao ouvir aquilo. Era exatamente assim que ela pensava. Não à toa, aquele era o seu vinho favorito. Achava o dourado da Árvore, apesar de magnífico, enjoativamente doce. E não gostava das coisas assim.
— Por acaso está planejando me falar todos os itens da sua lista de coisas que você quer? — perguntou ela, voltando ao assunto anterior, já satisfeita.
— Como eu disse, a lista é longa demais. — Ele acabou com a distância que restava entre eles. — Temo que não gostaria de ouvir tudo.
— Então por que me chamou aqui? — Revirou os olhos, tentando se afastar. — Por que continua fazendo isso?
A cada passo que dava para trás, Aegon dava um para frente. E foi assim até que ela estivesse encurralada contra a parede dos aposentos. Ele apoiou ambas as mãos na parede, uma de cada lado da cabeça da garota Lannister, prendendo-a no lugar. Seus olhos, brilhando como lindas ametistas, buscaram o rosto dela, estudando-a. manteve a cabeça erguida enquanto o príncipe observava cada característica marcante dela até olhá-la nos olhos. A garota devolvia-lhe o olhar, os belos olhos esmeralda cintilando de um modo quase desafiador. Ele lambeu os lábios e se inclinou para frente, de modo que seu rosto ficasse quase contra a curva do pescoço dela.
— Você sabe por quê — sussurrou.
— Ah, pare de tentar me seduzir. Já sou prometida a você. — bufou. — Me deixe ir, tenho de me preparar para o baile de máscaras. — Ele ergueu as sobrancelhas ao ouvir suas palavras e ela sacudiu a cabeça, incrédula com a lerdeza do príncipe. — Deuses, Aegon, bebeu tanto que não perceber a passagem do tempo? É o último dia da última lua. Celebraremos o ano que está chegando.
— Ah, é mesmo. Tinha me esquecido do baile de máscaras. — Um sorriso bobo se espalhou por seus lábios enquanto ele afastava um pouco a cabeça para observá-la por inteiro. Seu olhar se demorou na região dos quadris dela, então em seu peito, seu pescoço nu… e só então voltou para o rosto. — Devo admitir que me divertirei bastante esta noite.
— Você se diverte bastante todas as noites e dias — devolveu, retorcendo os lábios pelo incômodo que aquilo lhe causava.
— É… acho que está certa. — Ele se aproximou um pouco mais, encostando seu corpo no dela. — E você? Está se divertindo por aí, minha lady de Lannister? Longe de casa, prometida para um príncipe bêbado…
— Na verdade, não. Eu preferiria estar nas Terras Ocidentais, me divertindo com as pessoas. — Abriu um sorriso zombeteiro. — Mas já que sou prometida a um príncipe bêbado — suas palavras, não minhas — fui forçada a vir para a corte. O engraçado é que… pensei que me divertiria de diversas formas, mas toda a minha diversão vem quando bordo com Helaena ou troco algumas palavras com Aemond.
Os músculos do rosto de Aegon se contraíram à mera menção a Aemond. Esforçou-se, porém, para fazer sua expressão voltar ao normal em vez de mostrar toda a sua irritação.
— Fala muito com o meu irmão, então? — perguntou com a voz suave e um olhar agradável que não combinavam com o que sentia em seu interior. Aproximou a boca da orelha dela e indagou baixinho: — Ele tem algo que eu não tenho?
— Bem, sim. O príncipe Aemond tem bons modos — murmurou de volta —, e ele não está bêbado o tempo todo.
— Ele é um chato — falou de maneira ríspida. Sabia que estava certa. Aemond era de fato um homem melhor do que ele, mas doía-lhe no fundo da alma que isso fosse dito na cara dele. — Ele é puritano, certinho demais.
— Não acho que ele seja tão puritano assim. Aposto que só esconde as coisas que não deseja que saibamos — disse ela, refletindo. — Mas não importa. Ele está disponível para conversas. Você, por outro lado… — Desviou o olhar, demonstrando chateação.
Aegon franziu o cenho, carrancudo. Agarrou o braço de e puxou-a rudemente contra ele, fazendo-a olhar para ele, seus rostos diretamente na frente um do outro.
— E eu não estou disponível para você, minha lady de Lannister? — questionou em um tom raivoso. Não gostava de saber que era isso o que ela pensava.
— Me solta! — grunhiu, desvencilhando-se dele e dando passos para longe. — Sete infernos, Aegon, o que quer de mim? Nós vamos nos casar antes que a primeira lua de 127 acabe, uma lua que começa amanhã. Isso não é o suficiente para você? — Virou-se para olhar novamente para ele. — O criado me passou o recado de que você queria uma audiência comigo, e eu estou aqui. O que quer, afinal?
— Tão ansiosa para se afastar de mim, minha amável lady — provocou em um tom carregado de sarcasmo. Caminhou na direção dela e apontou com a cabeça para o sofá. — Sente-se.
— Você não me governa — retorquiu, ainda de pé. — Cuidado com os modos, meu príncipe.
— Descobrirá em breve que eu mando em você, sim. — Estreitou os olhos. — Serei seu marido em alguns dias e não gosto de insubordinação. Deu outro passo à frente e repetiu fria e vagarosamente: — Sente-se.
riu. Deixou escapar uma gargalhada alta. A ira relampejou no rosto de Aegon, uma tempestade ametista se fechando em seus olhos.
— Minhas desculpas, mas isso é tão engraçado. — Ela tentou parar de rir, mas não conseguiu. Não completamente. — Você nunca será um rei na minha vida, príncipe Aegon. Eu sou uma Lannister de Rochedo Casterly. Sou uma leoa.
— Você é uma mulher. — Ele encerrou o espaço entre eles. — Uma mulher que em breve será minha esposa. Você me obedecerá e fará o que eu mandar. — Envolveu os ombros dela, segurando-a no lugar. — Sente-se. Agora. Ou eu lhe farei se sentar.
— Uma mulher que será sua esposa, isso mesmo. Mas eu sou uma leoa indomável, meu bem. — acariciou o rosto dele. — Você deveria me enxergar como eu sou. Sua irmã e seu irmão enxergam. Deuses, até a maldita da sua mãe enxerga.
Aegon fechou os olhos, apreciando o toque. Um arrepio involuntário percorreu seu corpo. Fora pego desprevenido. Fazia tanto tempo que alguém não o tocava de uma forma tão suave e terna, afetuosa, que ele nem conseguia se lembrar qual fora a última vez. Talvez nunca tenha havido ninguém, refletiu ele e, por isso, saboreou o momento mais do que saboreava seus bons vinhos.
— Deuses — murmurou mais suavemente do que pretendia quando o momento passou. — Você é mesmo irritante, sabia?
— Sabia, sim. E então, onde estávamos? — Ela sorriu para um Aegon agora calmo. — Ah, é mesmo. Você ia me pedir gentilmente para me sentar para que pudéssemos conversar.
— Sim, eu… ia pedir para você se sentar. — Fez uma pausa para considerar as palavras. Respirou fundo, tentando não se mostrar descontente, e soltou o ar devagar. — Se você gentilmente aceitasse, é claro.
— Claro que aceito. Sou uma leoa indomável que também pode ser uma garota gentil de vez em quando. — Sentou-se, cruzando as pernas. — Agora me diga, meu príncipe, por que me chamou aqui?
Aegon bufou, incomodado tanto pela resposta engraçadinha dela quanto pelo modo como se sentara de pernas cruzadas, esfregando poder e confiança na cara dele. Engoliu em seco, colocando as mãos atrás das costas como seu irmão costumava fazer.
— Eu só… Eu ia… Eu precisava falar com você. — Caminhou até ela, fingindo-se de confiante. — Achei que seria bom nos conhecermos melhor antes de… nos casarmos.
— Ah, isso é… — Ela hesitou pela primeira vez desde que entrara nos aposentos. Estava realmente surpresa. — Para falar a verdade, esperava algo assim desde… bem, desde que vim para Porto Real.
— Sim, bem… — Aegon assentiu rigidamente, desviando o olhar do rosto dela. — Pensei que seria melhor tomar uma iniciativa agora, já que o nosso tempo de noivado está se acabando. — Soou quase nervoso, seus olhos ainda no chão.
— Por que não se senta também? Vai se sentir melhor — sugeriu ela, sem nenhum resquício de zombaria na voz, enquanto apontava para a cadeira quase na frente dela. — Assim podemos ficar cara a cara, e então você pode me perguntar o que quiser.
O olhar dele oscilou entre a cadeira e o rosto da garota Lannister, incerto sobre o que fazer do mesmo modo como ficava incerto sobre tudo a respeito dela. Depois de um momento ou dois, foi até a cadeira e se sentou, parecendo um tanto deselegante ao fazê-lo. Ao menos ainda posso culpar o vinho, pensou ele. A verdade, porém, era que a estranheza vinha de sentar-se tão próximo a ela ao estarem sozinhos. Aegon não se sentava frente a frente para ter uma conversa profunda com outra pessoa há muito tempo. Passou a mão por seus cabelos claros como fios de prata.
— Certo, então — comentou ele. — O que quer que eu pergunte primeiro?
— Veja bem, meu príncipe. Você me chamou e eu vim. Você disse que deveríamos conhecer um pouco mais um do outro, não foi? Então que tal a gente alternar entre perguntar e responder? — propôs. — E já que você me chamou, a primeira pergunta é sua.
— Tá bom, vamos lá. Por onde começar…? — Tentou se concentrar, fixando o olhar no chão. Após um longo silêncio, seus olhos lilases vagaram de volta para o rosto de . — Quais são os seus interesses? Hobbies, paixões…?
— Bordado. Eu realmente amo bordar, acredite ou não. — Cobriu a boca ao soltar uma leve risadinha. — Mas também me divirto indo até o pátio para brincar com espadas de torneio. — Deu de ombros. — Ah, e gosto de beber. Não tanto quanto você, é claro, jamais seria uma concorrente formidável para você. No entanto, gosto de beber um bom vinho dornês.
— Espadas de torneio? — Arqueou a sobrancelha, tentando imaginá-la com uma espada. — E ainda gosta de beber? Você é cheia de surpresas, minha amável lady.
— Mas e você, meu príncipe? Quais são os seus interesses? — investigou, mas como não podia deixar de zombar, acrescentou: — Bebidas, prostitutas…
— Sim, sim. Eu amo essas coisas. Mas também participo de certas coisas que alguns podem chamar de… perigosas. Apostas, jogos de cartas, lutas. Gosto de uma boa briga nas circunstâncias certas. — O sorriso voltou ao seu rosto enquanto seus olhos vagavam por todo o corpo de . — E caça.
— Uma boa briga… — Revirou os olhos, achando aquilo irritante. — Sua vez de perguntar.
Ele semicerrou os olhos em resposta à expressão de desgosto da garota Lannister. E justamente por isso, não quis despender tempo para pensar em uma pergunta boa.
— Ao ser ensinada, quando criança, você tinha uma matéria favorita? — Permitiu que uma pitada de escárnio tremulasse como um estandarte em sua voz.
— Não. — Fez careta. — Acho que aprender a ser sarcástica não era uma matéria, então…
Aegon sorriu e sacudiu a cabeça.
— Estou começando a achar que cada palavra que sai da sua boca tem a intenção de ser uma ofensa de um jeito ou de outro. — Uma risada baixa escapou de seus lábios. — Estou quase impressionado. Quase.
— Então aqui vai minha próxima pergunta, príncipe Aegon: você não se impressiona facilmente?
— Hmm, deixe-me ver… — Sua mão subiu até o queixo enquanto ele pensava. — Não, eu não me impressiono com facilidade. Porém há coisas que podem… despertar o meu interesse. Coisas que eu gosto de… admirar.
— É, eu posso imaginar quais tipos de coisas. — Balançou a cabeça, tentando não revirar os olhos de novo. Ele achou as tentativas dela de ser sarcástica um tanto divertidas, mas jamais admitiria isso em voz alta. — O que está esperando, Aegon? Próxima pergunta.
— Vamos ver… Quem é a sua pessoa favorita, ? — perguntou ele. — Com quem você gosta de passar o tempo mais do que com qualquer outra pessoa?
— Uau, bem… Eu não sei se tenho uma pessoa favorita. Quer dizer… tive uma grande amiga nas Terras Ocidentais, mas ela não pôde me acompanhar até Porto Real. E desde então, só vejo a sua família e o resto da corte. Se você me perguntasse a minha pessoa menos favorita, com certeza seria a sua mãe. — Deixou uma risada escapar. — Mas favorita? Não tenho certeza. Eu diria que está entre Aemond e Helaena agora. Mas talvez até o fim do baile de máscaras você faça algo para me fazer mudar de ideia.
— Você e minha mãe não estão se dando bem, suponho? — tentou soar casual, apesar da careta em seu rosto. — E não se preocupe, tentarei te fazer mudar de ideia ainda hoje — decidiu-se. — Mas o que há de tão atraente no Aemond, afinal?
— Ele é legal comigo, é isso. — Encolheu os ombros. — E sobre a sua mãe, acho que ninguém se dá bem com ela, para ser sincera.
— Isso é tudo o que é preciso, um pouco de gentileza? — refletiu, aborrecido, então soltou um suspiro. — Bem, você não está errada sobre a minha mãe.
— Claro que não. Ela é miseravelmente terrível, então vamos tirá-la dessa conversa — deliberou. — Aqui vai a minha pergunta: tudo o que é preciso para quê, Aegon?
— Você acabou de dizer que o meu irmão é legal, e é por isso que gosta dele. Isso é tudo o que é preciso? — indagou, a voz ficando mais áspera a cada palavra. — A pessoa precisa ser “legal” para que você goste e passe tempo com ela?
— Não, não é só isso, mas isso importa muito — enfatizou. — E uma pessoa que queira passar tempo comigo também ganha alguns pontos.
Aegon cerrou os punhos com tanta força que até os nós de seus dedos se embranqueceram. Deuses, ela sabia mesmo como enfurecê-lo. E pior, parecia gostar disso.
— E o quê, você acha que eu não quero passar tempo com você? — retrucou, a voz afiadíssima. — Acha que eu não gosto da sua companhia?
— Ah, deixe-me ver… Você quase não passa tempo comigo, Aegon. E quando passa, são em situações casuais do dia, como desjejum, almoço e janta — suspirou. — E você está bêbado na maioria das vezes e… bem, você nem fala comigo.
— Eu não passo tempo com você porque você é irritante, minha lady, e tem um gostinho particular por me irritar — retorquiu, contrariado. — E eu bebo por um motivo, está bem? Para anestesiar a dor de ter que viver neste castelo, esquecido pelos deuses.
— Os deuses não se esqueceram de você — murmurou ela.
— Ah, não? Pois eu duvido muito — resmungou. — Quando estou bêbado, não fico pensando no fato de que sou uma decepção. Que tenho uma mãe que só vê meus defeitos. Que tenho um irmão que é melhor do que eu em todos os sentidos.
— Ele não é melhor do que você em beber — disse ela, um sorriso suave como o toque de um amante. Ele quase riu com a tentativa distorcida de animá-lo. — É disso que estou falando, Aegon. Você nunca falou comigo. Ao menos agora está falando. — Inclinou-se para a frente e estendeu a mão, tocando levemente no joelho dele. — Eu jamais saberia como você se sente perdido se nunca me dissesse, meu bem.
Aegon olhou para o toque em seu joelho como se a mão da garota fosse um raio que o tivesse atingido. Continuava carrancudo, mas aquilo havia o tirado do ar.
— Ninguém nunca pergunta ou se importa com o que eu sinto. — Manteve o seu olhar fixo na mão dela, imóvel sobre o tecido de sua calça, confortando-o sem precisar pronunciar nem sequer uma palavra. — Ninguém a não ser você, eu suponho. — Seus olhos subiram vagarosamente para encontrar os dela. — Você vai começar a pensar que eu sou fraco, no entanto.
— E por que eu pensaria uma besteira dessas? Sentir não te torna fraco, Aegon. — Franziu o cenho, envolvida pela tristeza e vulnerabilidade dele. — Aí está outra coisa em que você é melhor do que o Aemond. Ele tem orgulho de mostrar que nada o atinge… mesmo quando atinge.
Aegon piscou algumas vezes, refletindo. Era verdade, Aemond usava uma máscara de indiferença e orgulho, com seu queixo erguido e as mãos atrás das costas, nunca deixando ninguém ver os seus verdadeiros sentimentos. Ele sempre agia como se nada o afetasse, como se fosse maior que tudo aquilo.
— Tem razão, ele não mostra o seu verdadeiro eu para ninguém… nem mesmo para mim, que sou seu irmão mais velho. Enquanto isso, aqui estou eu, expondo minha alma para você. — Ele coçou a cabeça. — Ah, , você poderia me destruir com algumas palavras de zombaria.
— Devo confessar que estou meio desapontada comigo mesma agora, meu caro príncipe. Pensei que fosse capaz de te destruir com algumas palavras de zombaria muito antes de você se abrir comigo. — Sorriu com sinceridade e Aegon deixou escapar uma risadinha. era atrevida e sarcástica, mas muito charmosa à sua própria maneira.
— Não crie muitas esperanças, amável lady, eu ainda posso sobreviver à sua zombaria.
— Bom saber, porque não quero um marido morto. — Ela riu. — Mas sobre o Aemond: acho que deveria se sentir grato por ele não ter mostrado o seu verdadeiro eu a você. Não acho que nada de bom sairia disso. Pelo pouco tempo que convivi com ele, já pude perceber o quanto ele esconde e, sendo honesta com você, nunca tive curiosidade de descobrir o que tem por baixo.
— Não acho que você esteja errada. — Seus olhos se escureceram ao pensar em seu irmão mais novo e na maneira que sempre agia, imóvel e frio como uma parede de pedra. — Me irrita não ter ideia do que se passa na cabeça dele. Juro que ele jamais sorri, mesmo em particular.
— Ele é um garoto frio — disse . — Posso gostar dele como um amigo ou algo parecido, mas não gosto de garotos frios.
Cada parte de Aegon se suavizou ao ouvi-la expressar o seu desdém. Isso significava que ela gostava de ele não ser um desses “garotos frios”? Seus lábios se curvaram para cima e seu olhar desceu sobre ela com uma garoa de expectativa.
— E de que tipo de garotos você gosta, então, lady ?
— É uma pergunta do nosso joguinho, né? — perguntou. — Então terei de responder, gostando ou não.
— Exatamente. Levarei como uma pergunta do jogo — confirmou, seu sorriso tornando-se divertido. Ele se recostou na cadeira, enfim se acomodando. — Agora me diga, minha amável lady, de que tipo de garoto você gosta?
— Do tipo que mostra o que sente, não apenas por mim, mas por tudo — parou, pensando sobre o assunto. — Terei de fazer outra confissão: tenho uma queda por garotos quebrados. Sei que não deveria, porque sempre acaba mal, mas eu tenho.
— Você gosta de… garotos que mostram como se sentem e… dos quebrados? — Encarou-a, as sobrancelhas erguidas pela surpresa. — E eu… me encaixo em alguma dessas categorias?
— Não sei. Se encaixa? — rebateu ela. — Já que é a minha vez, eu pergunto: qual é o seu tipo de garota, Aegon? E pelo amor dos deuses, se você disser “prostitutas” eu vou te dar um tapa na cara.
— Não, eu não vou dizer “prostitutas”, não se preocupe. — Ele riu, considerando a pergunta. Nunca tinha parado para pensar muito no que gostava nas garotas para além do nível físico. — Não sei se tenho um tipo específico de garota… mas sei o que me agrada. Gosto de uma garota charmosa, que seja espirituosa e saiba como manter uma conversa. Eu acho, pelo menos.
— Porque você não sabe como manter uma, não é? — zombou, rindo. — Bem, não sei quanto às outras coisas, mas eu certamente mantenho uma conversa, já que sempre gostei de conversar. Só os deuses sabem o quanto! Eu deixava as septãs malucas quando era mais nova porque nunca parava de falar.
— Deuses, eu posso imaginar você sendo um pequeno terror em Rochedo Casterly. — Balançou a cabeça, divertindo-se com a imagem que se passava por ela. — E quando você não está falando, lady , está fazendo perguntas.
— Estou, é? — Soltou uma risada. — Mas agora é sua vez de perguntar, meu príncipe. Temos que aproveitar o pouco tempo que nos resta, afinal, já está quase na hora de nos vestirmos para o baile.
Aegon soltou um suspiro derrotado. Não queria que a conversa acabasse. Era agradável ter Lannister por perto, conversando com ele, dando-lhe atenção.
— Mais uma pergunta, então… — Manteve os olhos sobre ela enquanto pensava no que podia perguntar. — Está animada para o baile de máscaras?
— Com toda a certeza do mundo. — Um sorriso iluminou o seu rosto como o sol da manhã. — Sempre gostei dos festivais da colheita e das celebrações para darmos boas-vindas ao novo ano que chega. E esta é a primeira vez que participo de um desses em Porto Real, com a corte.
Sua animação somada ao sorriso brilhante a fez parecer ainda mais jovem, quase inocente. Aegon Targaryen descobriu que gostava bastante daquele sorriso.
— Talvez seja um tanto diferente das celebrações nas Terras Ocidentais — comentou. — Os bailes na Fortaleza Vermelha são mais… luxuosos do que qualquer coisa.
— Então terei que aproveitar mais ainda, né? — Umedeceu os lábios, os olhos do príncipe seguindo o movimento de sua língua. — Minha pergunta da vez: você está minimamente animado para o baile desta noite? Fiquei curiosa, afinal, nem se lembrava que hoje era o último dia do ano.
— Suponho que esteja, sim. Mas, sem dúvidas, não pelos mesmos motivos que você. — Soltou um pequeno suspiro e deu de ombros. — Estou mais animado pela bebida que consumirei, e pelas belas mulheres que terei para admirar.
— Belas mulheres para admirar, é? — estreitou os olhos. — Não se esqueça que já está prometido a mim, meu príncipe.
Aegon revirou os olhos, mas não deixou de notar a sugestão de aborrecimento na voz da garota. Decidiu que gostava daquilo.
— Ah, estou bem ciente disso, minha amável lady — falou em seu melhor tom sarcástico. — Mas não posso evitar se outras mulheres chamarem minha atenção.
— Hmpf — rosnou ela. — Se esse é o caso, então não se importará se eu procurar por outros homens.
O rosto de Aegon se fechou como o céu momentos antes da chegada de uma tempestade. Tentou forçar a sensação desagradável que estava experienciando a ficar apenas em seu âmago, escondida. estava apenas tentando provocá-lo. Ele não podia deixar isso incomodá-lo. Não podia.
— E por que procuraria outros homens se somos prometidos um ao outro? — Sua voz era de gelo.
— Para me divertir um pouquinho — respondeu, sem ser afetada pela frieza fingida dele. — Tenho que fazer algo, já que meu futuro marido estará procurando por outras mulheres mascaradas.
Aegon cerrou o maxilar com força, as mãos tensas ao imaginar uma cena em sua mente: com outro homem mascarado, rindo do que ele falava, se divertindo com ele. Com alguém que não era Aegon.
— Você não pode sair por aí procurando por outros homens — ralhou, o gelo derretendo com o modo acalorado como agia por causa da irritação.
— Se bem me lembro, nós dois estamos noivos. Você está amarrado a mim tanto quanto eu estou amarrada a você. — Revirou os olhos, frustrada. — Ser homem não lhe dá o direito de ir atrás de outras mulheres e ainda ficar bravo comigo por ir atrás de outros homens.
— Sete infernos, mulher, você tem que ser tão irritante? — Passou a mão pelos cabelos prateados. — Eu tenho permissão para olhar para outras mulheres, assim como você tem permissão para olhar para outros… homens. Mas não precisava esfregar isso na minha cara, dizendo que planeja sair por aí procurando-os!
— Bem, você me disse e eu lhe devolvi — cuspiu as palavras em pura provocação. — E parece que você não gostou muito de ouvir, meu príncipe.
— É claro que não gostei. Ora essa, ter você dizendo na minha cara que sairia por aí procurando por outros homens — soltou amargamente, tentando manter o temperamento sob controle. — Não é exatamente agradável para o homem a quem está prometida, ter a mulher com quem ele vai se casar falando uma coisa dessas para ele, não é?
— Pois coloque-se no meu lugar, então. Você me disse a mesma coisa. — Fechou os olhos e respirou fundo. — Acha que eu gosto de ouvir o quanto você fica animado para admirar outras mulheres nesse maldito baile?
Aegon remexeu-se na cadeira, inquieto sob o intenso olhar de esmeralda da garota Lannister. Sabia que ela estava certa. Havia dito isso sem pensar em como seria para ela, sua noiva, ouvir aquelas palavras.
— É… é diferente — protestou, sem argumento algum.
— E é exatamente assim que você dificulta para que eu te escolha como minha pessoa favorita. — alisou o vestido e se levantou. — Espero que se divirta no baile com tantas outras garotas, que se esqueça da minha existência e eu possa me casar com outro.
Aegon arregalou os olhos. Raiva, descrença e pânico dançaram em seu estômago, sapateando por todos os cantos. Ele se levantou de ímpeto e avançou, agarrando o pulso dela para que parasse.
— Não ouse falar assim — ordenou, mas seu tom era quase uma súplica. — Você não pode… não pode dizer isso. Deuses, , você não pode se casar com outra pessoa.
— É óbvio que não posso, Aegon. Mas quando fala assim e faz esse tipo de coisa, eu desejaria poder — confessou. — Embora tudo o que eu desejasse, lá no fundo, é que você se tornasse a minha pessoa favorita. Tudo seria tão mais fácil.
Aegon a puxou mais para perto bem devagarinho, como se temesse que ela fosse se assustar e fugir dele outra vez.
— Eu… não quero que você se case com mais ninguém. — Seu coração disparou ainda mais enquanto seu estômago se contraía em nós desconfortáveis. Nunca tinha sentido tanto pânico quanto no momento em que considerou que a garota com que ele deveria ficar poderia ir embora… deixá-lo por outra pessoa. Doeu mais do que ele jamais imaginou que fosse possível. — Eu não quero nem que considere uma coisa dessas, minha lady.
— Bem, se for parar para pensar, seria apenas um sonho tolo. Sou uma mulher, Aegon. Não posso sair desmanchando acordos de casamento, ainda mais um com a família real — suspirou. — Talvez você devesse considerar ao menos olhar para sua futura esposa de vez em quando.
O aperto de sua mão no pulso dela se afrouxou, mas os olhos mantiveram-se nos dela. Ele tinha, de fato, a liberdade para fazer o que quisesse, mas ela fora forçada a entrar nesse arranjo.
— Sete infernos, você está certa, claro que está. — Ele fechou os olhos e pressionou a ponte do nariz. — Eu estou… sendo um idiota.
— Pois é. Você está sendo um idiota agora, sim. — Levou a mão ao rosto dele em um toque terno. — Mas isso não significa que tem que ser um idiota para sempre.
Aegon inclinou a cabeça em resposta ao contato, seus olhos se fechando enquanto os dedos dela roçavam sua pele em um carinho gentil. Ele engoliu em seco na tentativa de reprimir os sentimentos intensos de… alguma coisa… que o inundaram.
— Quer fazer mais uma ou duas perguntas antes de eu ir embora para me preparar para um baile onde o meu prometido vai olhar para todas as mulheres que não sejam eu? — perguntou em tom provocativo.
— Você… — Seus olhos se abriram para encontrar os dela. — Você realmente não olhará para outros homens? Nem um único olhar a noite inteira?
— Eu não me importo muito com olhares, Aegon, me importo com o que sei que fará depois desses olhares. — Bufou, impaciente. — É por isso que fiquei tão afetada com a ideia de você admirar outras mulheres. Não gosto da ideia do meu marido… futuro marido… estar com outras mulheres.
— Eu… não vou olhar para nenhuma mulher, então. — Aproximou dela, uma pitada de desespero brilhando no lilás de seus olhos. — Olharei para você e apenas você. Somente você, .
— Acha que consegue manter isso? Eu tenho as minhas dúvidas. — Ela riu um pouco, sem nenhum sinal de chateação. — Você gosta de mim, Aegon?
Flexionou o maxilar, as palavras despertando-lhe uma miríade de sentimentos e emoções. Ele gostava dela? Ele a queria?
— Você me irrita na maior parte do tempo, e sabe exatamente como encontrar o botão certo para fazer isso — confidenciou, aproximando seu rosto do dela. — Eu… sim, eu gosto de você.
Mais do que isso, pensou consigo mesmo.
— Isso é bom. Eu também gosto de você, pelo menos um pouquinho. — Sorriu, travessa. — Você tem só mais uma pergunta antes de eu ir. Pense bem.
O coração de Aegon apertou, lhe tirando o fôlego. Ela gostava dele e, mais do que isso, havia admitido em voz alta o que sentia. Ele tentou manter a compostura, mas continuava falhando miseravelmente. Fixou o olhar em seus olhos verdes, típicos dos Lannisters. Queria que a pergunta valesse de alguma coisa, então refletiu por um certo tempo.
— Se você… Quando você… — hesitou, sua mente trabalhando mais do que de costume. — Se você gosta de mim, então… por que não me beija?
— Ah, isso é interessante. — Fitou-o intensamente. — Essa é uma pergunta de verdade ou um pedido?
— Ambos. — Seu coração batia com tanta força que quase doía. Aegon mal acreditava que tinha confessado que gostava dela, e agora… agora queria tanto que ela o mostrasse, confirmasse que o desejava também. — Me beije, mulher.
— Deuses, você é insuportável — sussurrou contra a boca dele.
O coração de ambos pulou até a garganta quando seus lábios finalmente se chocaram com um desejo há tanto escondido. Aegon agarrou a cintura dela com vontade, seu corpo se movendo por conta própria ao empurrá-la contra a parede mais próxima. A sensação dos lábios dela contra os seus fez sua mente ficar em branco. Os únicos pensamentos que surgiam aqui e ali eram sobre o quão doce era a boca dela, mesmo que o gosto amargo do vinho ainda estivesse inundando a sua. Ele se pressionou contra ela, ansiando por senti-la mais e mais. Uma de suas mãos moveu-se para segurar o rosto de e inclinar sua cabeça para que pudesse aprofundar o beijo.
— Você tem gosto de vinho dornês — murmurou ela, com uma leve risadinha.
Aegon afastou os lábios de cima dela apenas para sussurrar:
— Você é doce.
E então a beijou novamente. Sua boca se movia faminta, sedenta sobre a dela.
— E você é amargo como o tinto dornês em seus lábios — respondeu ela. — Meu gosto favorito.
O comentário teve o efeito de estimulá-lo ainda mais. Moveu o corpo contra o dela, mesmo que não fosse possível ficar ainda mais perto, já que não restava espaço algum entre os dois e nem entre eles e a parede atrás dela.
— Você faz a minha cabeça girar — confidenciou ele, separando suas bocas apenas para beijar e mordiscar todo o caminho até o pescoço dela.
— Ah, meu bem, tenho certeza que isso é culpa do vinho. — Deixou escapar uma risadinha de divertimento, e Aegon levantou a cabeça para encará-la.
— Acha que estou nesse estado por causa do vinho? — perguntou, sua respiração saindo em suspiros curtos. Seus olhos deslizaram para a boca dela. Não conseguiu resistir ao pensamento daqueles lábios tão doces, então se inclinou e beijou-a outra vez.
— Não, meu bem, eu sei que a maior parte disso é culpa minha. Se esqueceu de que sou uma leoa indomável? — Sorriu graciosamente. — Mas a cabeça girando… Isso é culpa do tinto dornês, com certeza.
Suas mãos escorregaram sobre o corpo dela, apertando aqui e ali. O sorriso de era tão sedutor, e a maneira como roçava seu corpo contra o dele para provocá-lo… Deuses, como ele conseguiria manter a cabeça no lugar quando ela era tão enlouquecedora?
— Não… — murmurou sobre a pele de seu pescoço, onde trabalhava com os lábios e a língua para prová-la, saboreá-la do jeitinho que merecia. — Não pense que é o vinho.
— Eu gosto de ter esse forte efeito sobre você, meu príncipe, gosto mesmo. Mas agora preciso ir me preparar para o baile de máscaras. — Afastou a boca dele de seu corpo e puxou seu rosto para cima, para que olhasse para ela. — Você tem até o fim do baile para tentar se tornar a minha pessoa favorita no lugar do seu irmão e da sua irmã.
Aegon gemeu em protesto, deixando sua cabeça repousar sobre o ombro dela. Não queria soltá-la, não queria que ela fosse embora e, mais do que tudo, não queria vê-la deixando outros homens boquiabertos disputando por sua atenção. Queria que ela fosse dele.
— Sete infernos, mulher — resmungou contra o seu cabelo cheiroso. — Você está… jogando um joguinho perverso quando me diz uma coisa dessas e depois vai embora.
— É muito cedo para começar a chorar. Depois que se tornar a minha pessoa favorita, poderá chorar no meu ombro o quanto quiser, meu garoto quebrado. — Ela afagou os fios de prata do cabelo dele. — Você tentará fazer isso, meu bem?
Ele ergueu a cabeça para fitar o rosto dela mais uma vez.
— Maldita seja — proferiu, sem nenhum sinal de maldade. — Eu… tentarei. Sempre fui melhor com ações do que com palavras, de qualquer maneira. — Respirou fundo, forçando-se a afastar o seu corpo do dela para libertá-la. — Vai. Eu… te vejo daqui a pouco.
observou-o por um breve momento antes de encurtar a nova distância entre eles e selar seus lábios. As mãos dele instintivamente agarraram a cintura dela em resposta.
— Me surpreenda — disse ela.
Aegon precisou de um esforço muito grande para conter a vontade de devorá-la com suas mãos e lábios. Ele só queria puxá-la contra ele outra vez e esquecer daquele maldito baile. Mas isso não resolveria as coisas. Então obrigou-se a dar mais um passo para trás.
— Você vai… — Ele limpou a garganta. — Você vai se surpreender, acredite em mim.
— Mal posso esperar. — Sorriu para ele antes de seguir seu caminho.
Aegon observou-a deixar seus aposentos, seu corpo e mente gritando para que a parasse e a impedisse de ir àquele sete vezes maldito baile de máscaras sem que ele estivesse ao seu lado. Sabia que ela ficaria cercada por outros homens e muitos olhos a devorariam… Olhos que não eram os dele. A raiva começava a ferver dentro dele, misturada com desejo e necessidade quase desesperados e uma pitada de… ciúme?
Sim, era isso. E se falara que mal podia esperar por aquilo, era verdade. Aegon teria de ser muito bom se quisesse conquistá-la naquela noite. A garota se tornaria sua esposa em alguns dias, sim, mas isso não significava que ela era inteira e verdadeiramente dele. Mas se conseguisse conquistar seu coração no baile, ela seria dele para sempre, de todas as maneiras possíveis.
— Que os deuses me ajudem — suplicou ele.



“Faça um ponto
Para escolher uma nova direção
Para fazer uma nova conexão”

Guts — All Time Low


Aegon Targaryen tentou pensar no que poderia fazer para conquistá-la. Tentou com tanto afinco que sua cabeça doeu. Ele nunca havia sido bom em planejar as coisas. O improviso sempre fora seu melhor amigo. Mas dessa vez era diferente. Independentemente de qualquer coisa, seria sua depois que se casassem; no entanto, Aegon queria mais. Ele gostava dela. Deuses, sentia até mais do que isso. E como a garota tinha lhe oferecido uma oportunidade para conquistá-la, precisava fazê-lo a qualquer custo.
Ele já era capaz de imaginá-la em qualquer que fosse o vestido deslumbrante que usasse. Homens ao seu redor, sem saberem que ela era a prometida do príncipe, afinal, quem não a conhecesse bem, não saberia que era a majestosa garota sob a máscara. Seu estômago se apertou ao imaginar como todos competiriam pela atenção da mulher que ele queria para si, e só para si.
Vestiu uma túnica preta com detalhes vermelhos — as cores da Casa Targaryen —, junto com calças pretas e botas combinando. Apesar de se tratar de um baile de máscaras, ele não tinha o mínimo interesse em usar uma. Não se importava em ficar incógnito. Sem contar que, mesmo mascarado, qualquer um que visse seus cabelos prateados, saberia que se tratava do príncipe Aegon. Entre os homens mais jovens, só havia Aemond e ele com as características típicas valirianas, e Aegon tinha um olho a mais que o irmão. Sabia que não deveria, mas riu de seu próprio pensamento. E então voltou a trabalhar sem parar com ideias para surpreender Lannister, mas nada parecia bom o suficiente.
Vai ter que bastar, pensou ele ao deixar seus aposentos. Não sabia bem o que fazer, contudo teria que dar um jeito. Andou pelos corredores a caminho do Grande Salão, ruminando pequenas ideias até cansar. Sua atenção estava tão focada nos próprios pensamentos insuficientes que quase esbarrou em Helaena. Surpreso, olhou bem para ela. A irmã também estava pronta para o baile, com uma máscara delicada e um longo e brilhante vestido verde.
— Foi nossa mãe quem escolheu o seu vestido, não foi? — Fez uma careta.
— Foi. — Ela olhou para baixo, para sua própria roupa, incerta. — Por quê? Não está bom?
— Não, não é isso. Você está… bonita — admitiu. — É só… verde. Deixa para lá.
— A cor é a pequena obsessão dela — comentou Helaena, entendendo o que seu irmão queria dizer. Mas Aegon com certeza se incomodava mais com aquilo do que ela, afinal, era ele que seria coroado e posto no Trono de Ferro contra a sua vontade.
— O que foi agora? — Ele encolheu os ombros ao perceber o modo como ela o fitava de testa franzida. — Por que está me olhando desse jeito?
não vai gostar de ver você sem máscara. — Ela estendeu a mão para ele, oferecendo uma máscara extra que só os deuses sabiam de onde saíra.
Aegon fez cara feia, oscilando o olhar entre a máscara, agora em suas mãos, e a irmã mais nova.
— E como, em todos os sete infernos, você sabe do que lady vai gostar ou não? — rebateu.
— Eu sei algumas coisas, é só… — Hesitou. Não estava acostumada a conversar com o irmão. — Confie em mim.
Ele estreitou os olhos, ainda cético. Então suspirou e revirou os olhos.
— Tudo bem, eu acho. Mas se estiver errada e ela me preferir sem a máscara, a culpa é sua. — Aegon ajustou a máscara, prendendo-a no rosto, e fez uma pose de animação fingida. — Estou adequadamente disfarçado agora, ó-vidente-do-futuro?
— Pergunte a ela. — A garota deu de ombros e manteve-se no lugar, esperando que o irmão fosse na frente, afinal, dificilmente caminhavam juntos para qualquer lugar que fosse.
Aegon revirou os olhos outra vez e deu um passo para frente, mas então parou. Aproximou-se da irmã, seu olhar varrendo o corredor para se certificar de que não havia ninguém perto para ouvir o que diria.
— Helaena — chamou baixinho. — Preciso te perguntar uma coisa.
— O quê? — investigou.
— Eu… — Aegon se mexia de maneira desconfortável, o cérebro se debatendo para descobrir como formular aquela pergunta. — O que você acha que é… a coisa mais romântica que um homem pode fazer para… para fazer uma mulher realmente… hmm, se apaixonar por ele? Um… gesto, um presente… algo assim.
Helaena abriu mais os olhos, surpresa por Aegon estar lhe dando atenção e, mais ainda, pedindo a opinião dela sobre alguma coisa. Por um momento, ficou sem palavras, apenas observando-o cuidadosamente.
— Bem, acho que depende da mulher — disse, por fim, um pequeno sorriso curvando seus lábios para cima. — Mas se fosse eu, diria que as coisas mais doces que um homem pode fazer são prestar atenção em sua mulher, realmente ouvir o que ela tem a dizer, se importar de verdade com o que ela pensa e gosta…
— Sim, isso faz sentido e tudo mais, mas… — Ele gesticulou, inquieto. — E quanto a gestos físicos e presentes?
— Hmmm, deixe-me ver. — Ela bateu o dedo indicador no queixo duas vezes. — Olha, na minha opinião, o que torna um gesto ou um presente romântico, seja lá o que for, é que ele seja pensado para a pessoa. Não há nada menos romântico do que simplesmente, digamos, pegar uma flor de um buquê qualquer e dá-la à mulher em vez de realmente ter ido atrás, encontrado e colhido aquela flor em específico pensando apenas nela.
Aegon manteve a boca fechada por um breve momento. Estava mesmo pensando em roubar uma flor de um buquê para dá-la a quando a encontrasse no baile.
— Eu… Eu… Deuses, eu não sei o que fazer — murmurou derrotado.
Helaena riu baixinho da expressão no rosto do irmão. Tinha certeza de que ele planejara fazer exatamente o que ela dissera que não seria bom e, por isso, agora estava em pânico.
— O que estava planejando, irmão? — Não pôde evitar a pergunta, divertindo-se mais do que deveria com a situação.
— E por que eu te contaria? — Franziu a testa e então voltou a si, lembrando-se de que precisava da ajuda da irmã, assim sendo, não deveria maltratá-la. Ele abaixou o olhar, um tanto envergonhado. — Nada. Eu só… Eu não a quero com outros homens, Helaena. Preciso conquistá-la — confessou com um duro suspiro. — Eu sei, é patético.
— Não é patético. Talvez só um pouco… ridículo, mas não de um jeito ruim. — Ela escondeu um sorriso cômico. — Que tal isso? Se quiser fazer um gesto ou dar um presente a ela, não pode ser algo que qualquer outro poderia ter feito. Tem que ser exclusivo, ter a sua marca.
— Eu… E como eu poderia saber o que ela…? — Ele parou, sacudindo a cabeça. Era risível perceber como não havia descoberto nada em especial sobre Lannister quando ela já morava com eles há seis voltas de lua. — Eu não sei.
— Ah, meu irmão… Todo esse tempo, e você não faz ideia de que tipo de coisa a deixaria de joelhos? Você nunca a ouviu? — Helaena suspirou, mas então algo lhe ocorreu. — O que sabe sobre ela, Aegon? O que aprendeu?
— Só o que descobri quando conversamos mais cedo — disse ele. — Que gosta de zombaria, de pessoas que mostram o que sentem, de tinto dornês e de garotos quebrados… Que ela estava animada para o baile de hoje à noite. Ah, sim, acho que ela gostou do nosso beijo também. — Helaena arregalou os olhos àquela menção, mas Aegon fez um gesto displicente com a mão. — Sim, nos beijamos, nada demais. Enfim… aparentemente ela gosta de me deixar com ciúmes dizendo que eu deveria me provar, se tornar a pessoa favorita dela acima de você e do nosso irmão, e que, se não fizer isso, ela vai flertar com outros caras no baile de máscaras.
— Então, deixa eu ver se entendi… — Helaena parou para refletir depois da verborragia de seu irmão. — Ela é uma mulher com quem não se deve mexer, gosta de flertar e está acostumada a conseguir o que quer. — Ela cruzou os braços, rindo. — E você quer impressionar uma mulher que gosta de garotos quebrados? Bem, irmão… então é melhor começar a quebrar todas essas suas malditas paredes.
— O quê? — Encarou-a como se ela fosse doida. — Isso não faz nenhum sentido, Helaena. É melhor eu ir. — Ele começou a se afastar, mas desistiu, retornando de cenho franzido. — Está dizendo que eu deveria me mostrar a ela? Mostrar o meu verdadeiro eu quebrado?
— O que estou dizendo é que você se fecha o tempo todo e fica agindo e agindo e agindo, tentando ser a pessoa que você acha que os outros querem ver quando, na realidade, não se importa nem um pouco com Aegon, o Impostor — disse ela. — Que tal tentar ser o verdadeiro Aegon pelo menos uma vez?
— Parece um conselho terrível. — Sacudiu a cabeça. — Vou aceitar. — Ele pressionou a ponte de nariz, sentindo a cabeça doer. — Uma última coisa: soube que lady ama bordados, assim como você. Há alguma chance de tê-la visto bordar uma flor que poderia ser a favorita dela?
Helaena ergueu as sobrancelhas, atordoada com a aleatoriedade da pergunta. Ela pensou por um longo instante em que Aegon batia o pé, irrequieto
— Hmm, já sei! — exclamou ela. — Venha comigo. Acho que posso ter exatamente o que está procurando.
Os irmãos seguiram juntos através dos corredores. Aegon sentia-se completamente estranho por pedir ajuda à sua irmã, por seu desespero tê-lo feito chegar a isso. Deuses, até mesmo por estar caminhando com Helaena, a irmã que ele sempre achou esquisita e talvez meio… louca. Mas ali estava ele, seguindo-a para dentro de seus aposentos. Helaena foi até uma pequena cômoda onde jazia uma coleção de fios coloridos, tecidos e agulhas, tudo cuidadosamente alinhado. Ela pegou uma pilha de tecidos e começou a vasculhar cada um, os descartando até chegar ao último.
— Aqui, veja este. — Ela estendeu o tecido dourado para que Aegon o pegasse. — Sabe o que é?
— Uma flor? — disse, em dúvida. — Não sei qual.
— Você nunca presta atenção nas coisas? — Balançou a cabeça. — Olhe bem para o bordado vermelho. Isso é um cravo, seu lerdo. São bem comuns em Westeros e simbolizam devoção, distinção, amor, afeição, fascínio.
— E ela gosta de cravos? — Ele tocou lentamente o lindo bordado.
— Foi ela quem bordou, Aegon. — Helaena revirou os olhos, não pôde evitar. — ama cravos, sim, não é o primeiro que ela borda.
— Por favor, diga que há ao menos um neste castelo — pediu a ela e aos deuses. Aegon amaldiçoava a si mesmo e aos sete infernos por nunca prestar atenção em nada.
— Na verdade, sim. Há um pequeno canteiro de flores atrás da biblioteca — revelou Helaena. — E, se não me engano, deve haver uns dois cravos carmesins por lá. Bem da cor dos Lannisters.
— Pelos sete infernos, é do outro lado do castelo! É melhor eu ir… e correr. — Aegon estava tão animado com a expectativa que quase jogou os braços em volta de Helaena, mas ela deu um passo para trás, já que não gostava de ser tocada. Ele pausou o movimento e trouxe os braços de volta. — Eu deveria te agradecer, irmã.
— Sim, você deveria. — Ela abriu um honesto sorrisinho. — Além disso, tente não ficar tão bêbado antes de dar a flor a ela, certo?
— Tarde demais. — Ele abriu um sorriso largo. — Estou bêbado desde a tarde.
— É claro que já bebeu até se embriagar. — Sacudiu a cabeça. — Bem, pelo menos tente estar o mais perto o suficiente de sóbrio para não tropeçar e se envergonhar demais.
— Cale a boca! Eu não vou fazer isso — aborreceu-se. — Obrigado.
— Tá bom. Espero que não faça mesmo. Seria trágico se estivesse tão bêbado que acidentalmente desse a flor para a pessoa errada. — Sua voz transbordou sarcasmo. — Vai logo. Já.
— Deuses, eu não sabia que você tinha humor — comentou ele. — E ainda descubro isso no pior momento possível.
Aegon deu-lhe as costas e a deixou para trás em seus aposentos. Apressou-se através de longos corredores até encontrar o pequeno canteiro atrás da biblioteca. Sabia que o baile já estava acontecendo há algum tempo, então precisava ser rápido. Não foi difícil encontrar a flor. Destacava-se quase tanto quanto a própria Lannister, sua leoa indomável. Inclinou-se e colheu o primeiro cravo. Deu uma breve olhadela para o segundo e, como estava se sentindo um tantinho corajoso, abaixou-se e o puxou também.
Com dois lindos cravos vermelhos na mão, uma máscara sobre os olhos e um sorriso de dar inveja, Aegon seguiu para o baile. Era hora de celebrar o ano que se apresentaria a eles e, é claro, conquistar sua .



“Vou deixar que o destino mostre a direção”
Os Segundos — Cidadão Quem


Aegon cambaleou até o Grande Salão, suas mãos agarrando as flores com firmeza. Assim que adentrou a área em que o baile acontecia, alguns olhares foram lançados a ele. Um homem chegando atrasado com duas flores vermelhas em mãos chamava muita atenção, afinal de contas. Deuses, como gostam de fofoca, pensou ele, um tantinho irritado. Assim que olhou ao redor, percebeu que aceitar a máscara que sua irmã lhe oferecera foi seu maior acerto da noite. Não havia uma só alma desmascarada.
Aegon se colocou entre as pessoas para chamar menos atenção. Além das flores chamativas, seu cabelo o denunciava e, assim, mesmo mascarado, logo descobririam quem ele era. Ele serpenteou pela multidão luxuosa, o coração aumentando rigorosamente o ritmo. E se já estivesse com alguém? E se já estivesse bêbada e rindo das piadas sem graça de outro homem. O que faria? Sacudiu a cabeça para afastar os medos e controlar seus nervos. queria que ele se provasse para ela, e era isso o que Aegon faria.
Lannister encontrava-se na pista, com um vestido dourado que brilhava como o sol. Ela dançava graciosamente com um belo cavaleiro andante mascarado que tentava descobrir a identidade dela.
— Por que deseja tanto isso, Sor Harys? — Ela arqueou as sobrancelhas
— Esse sotaque que eu ouço vem das Terras Ocidentais, certo? — perguntou e sorriu de volta, confirmando. — Isso significa que… Já que estamos nas Terras das Coroas e nenhuma outra lady das Terras Ocidentais estaria por aqui, você deve ser Lannister, a prometida do príncipe Aegon. — Soou desapontado ao reconhecer a última parte.
O olhar de Aegon se endureceu ao assistir aquela cena. Teve que se conter para não esmagar as flores em sua mão. Respirou fundo para controlar seu temperamento. Ele não podia simplesmente quebrar em cima deles como uma tempestade e afastá-la do homem. Isso certamente não a impressionaria nem a faria cair em suas graças. Havia de esperar o momento certo. Ele precisava esperar, o que provavelmente era uma de suas piores qualidades.
— Está certo, Sor, sou a prometida do príncipe — disse ela. — Que sorte ele tem, não é?
Aegon ainda observava, distante apenas o suficiente para não interferir, mas podia ouvir tudo. Ele se perguntava por que cada maldita palavra que saía da boca dela soava como flerte. O homem riu em resposta ao gracejo e inclinou-se para mais perto dela, fazendo o sangue de Aegon ferver.
— O príncipe com certeza tem muita sorte, afinal, foi prometido a uma dama tão linda. — Um sorriso encantador brilhou nos lábios de Sor Harys. — Embora eu não possa deixar de pensar que ele pode acabar desperdiçando tal bênção.
— Ah, vamos lá, é do príncipe Aegon que estamos falando. Dê a ele algum crédito — pediu ela, quase defendendo Aegon. Quase. — Ele nunca deixaria uma bênção como eu escapar por entre seus dedos.
— Está mesmo certa disso? Por tudo o que já ouvi por aí, ele parece o tipo de pessoa que deixa qualquer bênção lhe escapar. — Ele desceu a mão até a lateral do quadril dela, o olhar vacilando levemente para o corpo da garota. — Especialmente uma tão adorável quanto você.
— Hmmm, ele pode ser um bêbado, mas não é tão idiota. — Ela olhou bem para o homem enquanto continuavam a dançar. — É só isso que tem para flertar comigo, Sor? Aegon, Aegon, Aegon.
— Ah, você tem um comportamento bem agressivo, minha lady. Suponho que seja isso que o nosso príncipe gosta em você — comentou ele. — Mas eu me pergunto… o quão agressiva realmente é.
— Ah, é? — Ela riu, divertindo-se. — Talvez devêssemos perguntar diretamente ao príncipe o que ele mais gosta em mim. — Apontou com o queixo para o local onde Aegon esperava, em pé e sozinho. — Ele está bem ali.
O homem ficou tenso ao perceber a presença do príncipe, observando-os com um rosto de pedra por trás da máscara. não. Ela havia percebido sua presença assim que ele parara ali e ficara os olhando.
— Está mesmo, não é? — Sor Harys forçou uma risada enquanto a música da vez terminava, assim como sua dança. Ainda assim, manteve a mão no quadril dela. — Por que não perguntamos a ele, então?
sorriu, vitoriosa, o jogo seguindo-se bem do jeitinho que ela queria.
— Ele não gostaria de ver nenhum homem com a mão no meu quadril — disse, sem fazer nada para tirar a mão dele de lá. Em seguida, caminhou até Aegon, ainda acompanhada pelo cavaleiro ousado. — Não é verdade, meu príncipe? Eu estava dizendo a este lindo cavaleiro mascarado que você não gostaria de vê-lo com as mãos sujas dele no quadril da sua prometida.
Aegn fixou seus olhos na mão do cavaleiro nos quadris de . Cerrou os punhos, as unhas cravando-se levemente em suas palmas.
— De fato, eu preferiria muito não ver isso. — Forçou-se a olhar para a garota e notou um pequeno sorriso divertido em seu rosto. Se não estivesse com tanto ciúme, teria achado fofo.
— Viu só, Sor? Eu te avisei. — Ela sorriu, vencendo seu próprio joguinho de flerte e provocação.
— Tudo bem, então. — Ele tirou as mãos do quadril dela, de cara fechada. — Acho que o príncipe venceu dessa vez.
Ele fez uma pequena reverência zombeteira para Aegon e abriu um sorrisinho falso para antes de se afastar. Não, Aegon pensou, quem venceu foi ela.
— Ah, essa foi fácil. Pensei que ele não tiraria as mãos de mim tão facilmente. — Riu, divertida, e olhou para Aegon. — Boa noite, meu príncipe. Pronto para celebrar a última noite do ano 126?
Aegon ainda batalhava contra o ciúme irracional surgido daquela dança. Ele respirou fundo e, enfim, encontrou o olhar dela. Abriu um sorriso quase tímido.
Você está pronta? — ecoou suas palavras, mostrando-lhe os dois cravos que segurava em sua mão.
— Ah, isso está ficando muito interessante. — Sorriu de maneira encantadora. — Demorou tanto para aparecer no baile que eu pensei que não viria, e agora você até me trouxe flores!?
— Você é realmente muito impaciente, né? — Revirou os olhos, embora houvesse um indício de sorriso em seu rosto. Ele apresentou-lhe as duas flores. — Vá em frente. Escolha uma.
— Por que só uma? — Estreitou os olhos. — O que vai fazer com a restante?
— Nem vem. Não vou ser tão genoroso assim. — Seu sorriso se alargou, tornando-se um tantinho presunçoso. — Escolha uma.
— Ah, entendi. Você quer me deixar querendo mais. — mordeu o lábio inferior e então apontou. — Aquela que as pétalas ainda não se abriram completamente.
— Boa escolha. — Aegon puxou a flor escolhida e colocou o caule através do cabelo dela, bem atrás da orelha, com toda a delicadeza do mundo, seus dedos roçando em sua pele macia. — Pronto. — Ele deu um pequeno passo para trás e admirou seu trabalho. — Agora você está perfeita.
— Desde quando você passou a ser tão fofo? — Ela sorriu, contente, tocando a flor vermelha em seu cabelo. — Deuses, eu amo cravos. Como você sabia?
— Eu tive um palpite — disse, tentando soar indiferente. Ele se viu realmente gostando da conversa, da provocação, da brincadeira. Estava sendo… legal. — Imaginei que uma garota que gosta de zombarias e de garotos quebrados também gostaria de cravos.
— Boa resposta. Gostei muito. — Assentiu com veemência, aprovando. — Agora me conte a verdade.
— Bem… — Encolheu os ombros, incomodado por ter sido pego na mentira. — Helaena me contou. Eu vi o seu bordado.
— De jeito nenhum! — Encarou-o, boquiaberta. — Você falou com Helaena? E falou com ela sobre mim? Deuses, Aegon, você é um garoto realmente esforçado. — Umedeceu os lábios. — Estou impressionada.
— Bem, eu precisava de um conselho sobre tudo… isso. — Apontou de si mesmo para ela. — Então… É, sim, eu pedi a ela um conselho sobre como impressionar você.
— Sabe de uma coisa? Você me impressionou mais por ter ido até a sua irmã, uma irmã com a qual você mal fala, e pedido a ajuda dela, do que por ter me trazido um cravo — confidenciou a ele. — Embora eu tenha amado a flor.
— Está mesmo dizendo que a coisa que realmente te impressionou foi eu ter ido pedir um conselho a Helaena? — Ele levantou as sobrancelhas. — Não a flor em si, ou o fato de que eu realmente ouvi o conselho dela pela primeira vez na vida?
— Sim, bem, a parte de você ter a escutado também é bastante impressionante, devo admitir. Mas ter pedido a ajuda dela? Isso vence todas as outras coisas. — Vagou seu olhar sorridente até o outro cravo que Aegon mantinha em mãos. — E eu ainda estou me perguntando o que você vai fazer com a segunda flor.
O pequeno sorriso arrogante voltou ao rosto do príncipe. Seu olhar se dirigiu aos lábios dela, demorando-se ali antes de voltar aos olhos de .
— Você não imagina o que eu poderia fazer com ela? — incitou-a.
— Por que não me conta, meu príncipe? — Deu um passo na direção dele, que riu baixinho.
— Achei que você gostasse de adivinhação, minha lady. — Espelhou o movimento dela ao dar um único passo mais para perto, diminuindo ainda mais a distância entre eles.
— Só um pouquinho. — Ela deu de ombros. — Não gosto tanto assim dos jogos em que eu provavelmente vou perder.
Aegon agora estava perto o suficiente para estender a mão e agarrar os quadris dela para puxá-la contra ele outra vez. A garota Lannister quase o fazia se esquecer de que estavam no Grande Salão com a corte inteira e muitas outras casas das Terras da Coroa. Quase. E foi só por isso que ele se conteve.
— Não gosta de perder, lady ? — perguntou em um leve som de provocação. — Caso soubesse que poderia ganhar… você gostaria?
— Bem, eu gosto de vencer, de estar no topo… — Sorriu de lado. — Sou uma leoa, afinal de contas.
— Você… é mesmo uma leoa, não é? — Ele riu, a rouquidão se pronunciava em sua vez mais e mais conforme inalava o cheiro inebriante do perfume da garota. — Leões e leoas, eles gostam… de serem domados?
— Hmm, já que sou uma leoa indomável… não, não gostamos. — Um sorriso provocante dançou em seus lábios. — Mas eu gosto de domar.
As mãos de Aegon se moveram para a lateral dos quadris dela, seus dedos se curvando, mas apenas levemente, pois tinha que se segurar para não agarrá-la com mais força. Não ali. Não na frente de todos aqueles olhos mascarados.
— E o que você… gosta de domar? — questionou em um murmúrio.
— Estamos em uma sala lotada, meu príncipe. Não pode simplesmente ficar falando sobre essas coisas indecentes. — Ela fez um beicinho.
— Então… — Seus dedos se apertaram mais contra o vestido de . — Talvez devêssemos deixar o salão e irmos para um lugar um pouco mais… privado.
— Talvez devêssemos — murmurou ela. — Mas primeiro quero saber da segunda flor.
Aegon desceu seu olhar até a flor, ainda segura em sua própria mão que repousava na lateral do quadril de . Ele levantou a flor, segurando-a por um momento entre seus rostos.
— Deixe-me perguntar uma coisa, lady — devagar, a voz baixa o suficiente para que ouvidos enxeridos não captassem a conversa. — Você sabe o que os cravos simbolizam?
— Para ser sincera, não. — Franziu o cenho. — Mas parece que você vai me contar, não vai?
— Vou. Elas simbolizam devoção — disse devagar, permitindo que ela absorvesse a palavra. — Mas também podem simbolizar distinção, amor, afeição e… fascínio. — Ele roçou as pétalas vermelhas na bochecha dela. — Então me diga, minha lady… se um homem lhe desse um cravo…?
— Deuses, Aegon! — Remexeu-se, inquieta, não querendo completar. — Sou péssima com adivinhas.
O polegar de Aegon acariciou levemente seu quadril por cima do tecido do vestido dourado. Ele moveu lentamente a flor ao redor da mandíbula dela e trouxe para baixo da linha de seu pescoço. se arrepiou com as gentis carícias.
— Não quer nem tentar adivinhar? — perguntou, seus olhos seguindo a flor que ele arrastava de leve contra a pele de sua prometida.
— Não, eu quero que você me conte, meu príncipe — pediu, umedecendo os lábios. — Se um homem lhe desse um cravo…?
Aegon não pôde deixar de notar a necessidade que demonstrava. Ela queria isso. Queria que ele lhe dissesse as palavras em voz alta. E ele também queria dizer.
— Aquele homem… — Aegon deslizou a flor até a altura do peito dela, bem onde ficava seu coração. — Aquele homem está total e completamente apaixonado por você.
— E você está me dando não apenas um, mas dois deles — notou, tocando a flor que descansava em seus cabelos dourados. — Me diga, Aegon, você acabou de inventar todos esses significados, né?
— Ah, eu certamente acabei de inventar, sim. — Ele enfiou o caule da flor no decote do vestido dela, deixando-a descansar ali. — Embora… os significados básicos sejam mesmo verdadeiros. Devoção, amor, distinção, fascínio. Foi Helaena quem falou. — Um canto de sua boca se ergueu em um sorriso torto. — Só inventei a parte do “apaixonado”, que talvez até seja verdade, mas eu não saberia dizer.
— Então você simplesmente inventou a melhor parte. Quem diria, né? Você é muito melhor nisso do que nós dois pensamos que poderia ser — reconheceu ela, um tantinho orgulhosa do desempenho do seu futuro marido. — Agora está na hora de encontrarmos um lugar mais privado onde você e eu possamos conversar sem filtros. Pode até ser do lado de fora, se você quiser.
— Haverá alguns olhos sobre nós se formos lá para fora. — Ele olhou ao redor, tentando se lembrar de algum bom lugar para irem. — Acho que conheço um lugar.
— Então me leve lá — ordenou ela. — Vamos sair de fininho.
— Como você desejar, minha lady — disse ele —, e ordenar.



“Então, não vá embora
Diga o que disser, mas diga que você ficará
Para sempre e mais um dia”

Don't Go Away — Oasis


Aegon segurou a mão de Lannister e a puxou com ele através da multidão até saírem da sala. Eles passaram por um corredor e chegaram a uma passagem vazia. Ele olhou ao redor para se certificar de que realmente não havia ninguém por perto.
— Ordenando e comandando — comentou ele, começando a andar pelo corredor deserto com a garota ao seu lado. — Você é sempre tão impaciente assim?
— Sou — respondeu simplesmente. — Você gosta?
— Eu gosto — admitiu, olhando de soslaio para ela. — É muito… excitante.
— Ótimo.
Os lábios de não se curvaram para cima, mas havia uma dica inconfundível de sorriso em seu lindo rosto. Aquilo bastou para Aegon. Então eles continuaram caminhando em silêncio, o único som que os acompanhava era o eco de seus passos nas paredes do castelo.
— Droga, é mesmo, eu tinha me esquecido — Aegon resmungou ao darem de cara com um beco sem saída. — Costumava ter uma porta aqui, mas eles a fecharam. — Olhou para ela com um olhar apologético. — E agora é só isso… parede.
— Ah, Aegon. — Ela começou a rir. — Você me trouxe para um beco sem saída.
Em vez de ficar chateado com a risada dela, ele começou a rir também. Não conseguiu evitar.
— Não é exatamente um beco sem saída… — Ele virou-se para encará-la. — Podemos fazer dele um beco de privacidade.
Aegon foi na direção dela, forçando-a a recuar até que suas costas atingissem a parede com um baque suave. Ele colocou as mãos em ambos os lados dela, prendendo-a ali.
— Não parece muito com privacidade para mim — disse ela, olhando por cima do ombro dele. — Sei que os guardas estão muito ocupados tendo que lidar com tantos convidados, mas… qualquer um deles podia acabar aparecendo por aqui.
— Tem medo de ser vistos? — Ele sorriu, admirando seu rosto… seu cabelo dourado com o cravo vermelho se destacando, a outra flor entre seus peitos… seu pescoço… seus lábios. — Minha lady teme que um guarda possa simplesmente passar por aqui e ver o futuro rei e sua prometida em uma posição comprometedora?
— Bem, sim — revelou ela. — Eu preferiria correr esse risco lá fora, com o luar brilhando sobre nossos cabelos.
— Haverá muitas oportunidades para isso no futuro, eu prometo. Em todos os lugares que você desejar. — Aegon deslizou os dedos sobre a bochecha dela, descendo pelo pescoço até que estivessem traçando a linha de sua clavícula. — Mas por agora…
Inclinou-se um último centímetro para esmagar o corpo de contra a parede, seus lábios pairando a meros milímetros dos dela.
— Acha que é assim que se tornará minha pessoa favorita, meu príncipe? — perguntou em um sussurro. — Você já declarou que está apaixonado por mim e colocou um cravo em meus cabelos e outro no meu decote. — Mordeu os lábios suavemente. — Devo confessar que está fazendo um ótimo trabalho, meu príncipe, mas não me convenceu ainda.
— Imaginei. — Ele levou a mão até a flor em seus cabelos, brincou com as pétalas e deixou-a cair gentilmente contra sua bochecha. — Você tem padrões muito altos, eu sei, mas vou te convencer de alguma forma. Sete infernos, , eu quero… ser aquele em quem você pensa, o único na sua mente. Prometo que vou fazer você me querer.
fechou os olhos e respirou fundo. Ela já o queria. Deuses, e como ela queria! Mas o jogo era mais divertido quando ela ganhava. E Aegon ainda não havia se tornado a pessoa favorita dela, mas ele estava no caminho. A verdade era que faltava bem pouco para alcançar a posição.
— Vai tirar a sua máscara e deixar que eu te veja como realmente é, meu príncipe?
Um arrepio lhe subiu à espinha em resposta às doces e suaves palavras de Lady . Doces, suaves, perigosas e muito atraentes, pensou ele.
— Qualquer coisa por você, minha futura esposa. — Suas mãos se moveram para os lados de sua máscara, mas ela o parou.
— Não esta máscara. Estamos em um baile de máscaras, afinal, e você está tão sexy com ela — confidenciou. — Eu quero que me mostre o seu verdadeiro eu, meu garoto quebrado. Você faria isso por mim?
Os olhos do príncipe se abriram mais. Aegon estava tão acostumado a se esconder atrás de uma máscara — metaforicamente e agora também de maneira literal —, que levou um longo momento para entender o pedido de lady .
— Você está… está pedindo para ver a parte que eu escondo do mundo? — Ele tocou um cachinho solto, afastando-o do rosto dela. — Meu eu vulnerável que… geralmente não deixo as pessoas verem?
— Sim — confirmou, respirando com dificuldade. — Eu quero ver o Aegon por trás do príncipe bêbado e imprudente.
Seu rosto se retorceu em uma careta em resposta ao maldito título de “bêbado e imprudente” que se grudava nele como lodo. Ele abaixou o olhar, fitando a parede ao lado dela.
— Se eu fizer isso e mostrar a você… você será gentil?
— Você quer que eu seja gentil? — perguntou de volta.
Aegon suspirou e seus olhos vacilantes voltaram para o rosto dela, absorvendo cada característica — a maneira como seus lábios se curvavam nos cantos, aquele cacho rebelde que havia voltado a cair sobre seus olhos, aqueles lindos olhos verdes brilhantes. Ele assentiu devagar.
— Gostaria que fosse gentil comigo… ao menos desta vez. — Ele levou sua mão até o pescoço da garota, acariciando-o como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. — Minha mente e coração… sem defesas… são frágeis. Por favor, seja cuidadosa com eles, amor.
— Sei que eu costumo ser… amarga, mas posso ser gentil quando quero. — Ela acariciou a bochecha dele. — Já que deseja que eu seja gentil, então eu prometo que é isso que serei, amor.
O coração de Aegon se acelerou e ele pôde jurar que parte de seu corpo tremeu. Ele fechou os olhos, inclinando-se para aproveitar mais o toque terno da garota.
— Tudo bem, então. Só… me prometa uma última coisa. — Ele olhou-a nos olhos. — Prometa que, quando vir o verdadeiro Aegon… prometa que não vai parar de gostar de mim. Que não vai pensar que eu sou… horrível.
— Olha, Aegon, eu posso ser nova nessa coisa de gostar de você, mas não acho que o sentimento vá simplesmente desaparecer. — Ela balançou a cabeça. — Mas prometo que me esforçarei para não te achar horrível ou algo assim.
— Já é um começo. — Um pequeno sorriso surgiu no canto de seus lábios. Ele esperava um “sim” direto, queria desesperadamente que fosse um “sim direto”. Ainda assim, era mais do que ele recebia de qualquer outra pessoa. — E se eu provar ser mesmo horrível?
— Não fugirei gritando como uma donzela assustada — garantiu, pousando a palma da mão sobre o peito dele. — Prometo que ficarei e que nós conversaremos.
— E se… — Ele pegou o pulso dela, movendo sua mão para que estivesse sobre o coração dele, e então desviou o olhar. — Se você não gostar do que encontrar… posso te pedir uma coisa?
— Pedir o quê? — incentivou-o a continuar.
— É um pouco egoísta, suponho — murmurou. Não era nada justo que, depois de ficar assim tão vulnerável, ainda temesse a resposta dela. — Quero me certificar de que você fique. Mesmo se acabar não gostando mais de mim ou algo assim, por favor, não vá embora. Quero que ainda me dê uma chance, nem que eu tenha que implorar por uma.
— Se está falando sobre eu ficar aqui e agora: já disse que ficarei. Mas se está falando sobre continuar na sua vida: não é como se eu tivesse outra opção, já que nos casaremos. — Ela soltou uma risada suave. — Eu não vou a lugar nenhum, Aegon, prometo a você.
O coração dele apertou. Ele queria que ela ficasse. Não queria que o deixasse nunca mais. No entanto… Por que o medo ainda persistia, entranhado em suas veias? Aegon queria desesperadamente pegar nos braços e selar seus lábios, afogar seus medos em seu gosto e toque… Mas esperou. Ainda não havia terminado.
— Então, para me mostrar a você, há… — Ele engoliu em seco, lutando para manter a voz firme enquanto uma onda de emoções diferentes quebrava sobre ele. Ansiedade, medo, nervosismo. — Há uma coisa que preciso lhe contar.
— Sou toda ouvidos, querido.
— É algo… que eu não quero manter em segredo de você — continuou, a voz trêmula. Se ela realmente quisesse conhecê-lo, o verdadeiro eu dele… o eu real, desprotegido, quebrados… teria que saber disso.
— Estou aqui para você, meu bem — confortou-o, acariciando seu rosto com sua mão livre, enquanto a outra permanecia sobre seu coração.
— É só que… se eu te disse, você não pode sair por aí e contar para todo mundo. — Seus olhos ergueram-se para encontrar os dela outra vez. — Tem que me prometer.
— Deuses, Aegon, você sabe como eu sou uma garota impaciente! Vai me deixar louca assim. — Ela quase riu, um tanto nervosa. — Já disse que estou aqui por você. Prometi uma centena de vezes. Você deveria acreditar em mim. — Ele soltou um suspiro trêmulo. Queria acreditar, mas o medo de vê-la o desprezar ainda persistia. — Prometo novamente e um milhão de vezes mais se você quiser: eu não vou fugir, eu vou ficar. E se eu não gostar do que ouvir, falarei com você sobre isso.
Aegon fechou os olhos, tentando se agarrar àquilo. Ela prometeu, prometeu, repetia para si mesmo, sua mente em um turbilhão confuso e temeroso. Ele respirou fundo.
— Já se perguntou do que eu tenho medo? — perguntou, enfim.
— Na verdade, sim — admitiu ela —, mas nunca cheguei numa resposta plausível.
— E se…? — Ele segurou a mão dela que estava sobre seu peito, como se quisesse impedi-la de ir embora. — E se eu for fraco? — murmurou finalmente, incapaz de desviar o olhar do rosto dela, tentando ler sua expressão através de seu próprio medo e nervosismo.
— É este o seu medo? — indagou, interessada. — Ser fraco?
— Sim, eu não… não quero ser fraco — confessou, as comportas se abrindo e deixando as palavras saíram como uma confissão desesperada. — É tudo em que eu consigo pensar, às vezes. Eu não quero ser fraco, , não quero. Não ser suave ou… vulnerável.
— Ser vulnerável não é uma coisa ruim, meu bem. — Ela encostou sua testa na dele, suas máscaras se encostando. — Pode até ser uma coisa boa, sabia? Seu irmão é todo ousado e inflexível, nunca demonstrando nada… Você acha que isso é uma coisa boa? Pois eu não acho. Não gosto disso. Eu gosto das pessoas que eu consigo entender pelo menos um pouquinho.
— Eu não sou forte — praticamente choramingou, expondo suas verdades mais sombrias. — Eu sou fraco, mais do que você jamais saberá. Eu… sou vulnerável e estou tão assustado o tempo todo.
— Acho que também sou fraca ou algo do tipo — confessou . — A leoa selvagem é apenas uma máscara que visto para me sentir maior, já que sou uma Lannister de Rochedo Casterly e, por isso, preciso aparentar força — explicou. — Mas, no fim, sou apenas uma garota.
— Você não é fraca, amor, nem perto. Você é a mulher mais formidável que já conheci em toda a minha vida. Não que o meu parâmetro valha muito, é claro. — Aegon deixou uma risadinha suave lhe escapar. — Mas não tem como aquela coisa de “leoa indomável” ser uma máscara. Você, minha leoa, ainda é muito mais intimidadora do que eu.
— Você está me colocando em um pedestal que eu não mereço, meu bem.
— E você está se subestimando — Aegon retrucou. — Pode até ser apenas uma garota, mas é uma das mais corajosas, teimosas e poderosas que já conheci, meu amor. Qualquer um seria louco de negar isso. — Ele afagou os cabelos dela com gentileza. — Você é muito mais forte do que jamais serei.
— Você não se dá crédito o suficiente, Aegon. Se é tão fraco quanto diz, como foi que arranjou coragem para revelar seus medos mais profundos para mim? — Ela arqueou as sobrancelhas. — Se abrir desse jeito para outra pessoa… é algo que demanda força.
— Foi desespero, amor. — Ele soltou uma risada aguda. — Estou desesperado para que me aceite como sou, e talvez… talvez aceite até mesmo essa minha fraqueza. Eu faria muitas coisas estúpidas neste momento para você me aceitar.
— Bem, eu não tenho visto nenhuma coisa estúpida desde que você começou o seu desafio pessoal de se tornar a minha pessoa favorita — disse ela. — Nem sequer uma única coisinha estúpida.
— Ah, … — Ele riu. — Eu não diria que tentar te conquistar antes mesmo de ficar sóbrio é a coisa mais inteligente que posso fazer… Mas estou feliz por não ter estragado tudo ainda.



“E tudo o que nós temos é o que compartilhamos
E tudo o que nós queremos é outro alguém para estar lá”

Here We Stand — Amber Pacific


e Aegon ficaram parados em silêncio por um bom tempo, apenas aproveitando o momento, nos braços um do outro. Aegon, então se afastou um pouquinho e a fitou.
, você… — hesitou, meio incerto. — Pode me fazer um favor?
— Qual? — perguntou ela.
Ele mexeu nas próprias mãos, nervoso.
— Eu… preciso que feche os olhos por um momento, amor — pediu, soando quase tímido. — Pode fazer isso por mim?
— Se você não for fugir de mim, posso. — Ela fechou os olhos, confiando que ele não sumiria, deixando-a para trás.
— Não correrei para longe. Prometo. — Ele respirou fundo, seu olhar percorrendo a face dela, um rosto bonito e forte. Levantou a mão, traçando lentamente suas feições… a testa, as pálpebras dentro da máscara, seu nariz, queixo e, por fim, seus lábios. — Por favor, mantenha os olhos fechados.
E ela manteve, ainda que sua respiração se prendesse mais em sua garganta do que o normal enquanto a sensação dos dedos dele sob sua pele a envolvia como uma canção romântica. Aegon percebeu as reações que estava causando na garota, e isso o fez se sentir poderoso. Ele, logo ele, era capaz de influenciar o que sentia tão magnificamente, e ela nem podia ver a expressão em seu rosto. Mas ela não era a única influenciada, afinal o coração dele também batia mais rápido enquanto ele ainda acariciava os deliciosos lábios de .
— Você está linda assim — suspirou ele —, de olhos fechados.
— Ah, é? — Ela quase sorriu. — Mas não com os olhos abertos?
— Não — fingiu severidade. Sua mão se moveu até o queixo dela, inclinando-o ligeiramente. — Com os olhos abertos, você parece arrogante, altiva, insolente. — Seus dedos traçaram a linha do maxilar dela. — Com os olhos fechados, parece adorável e… vulnerável.
— Também posso ser insolente de olhos fechados — provocou, sem sequer fazer menção de realmente abrir os olhos. — E sou sempre adorável.
— Ah, você é sempre insolente, amor. — Ele soltou uma risadinha. — E sempre adorável também, é claro. Mas você parece ainda mais adorável quando seus olhos estão fechados. Quase… quebrável.
— Assim como você? — perguntou, não sem gentileza. — Gosta de me ver vulnerável, com os olhos fechados, sem saber qual será o seu próximo passo?
— Sim — confessou, seus dedos descendo levemente para o seu pescoço. — Eu amo te ver assim… sem ser capaz de ver a minha expressão, sem ter certeza do que farei com você. Isso me faz sentir… poderoso.
— Você é poderoso, com meus olhos fechados ou abertos. — Ela abriu os olhos e levou a mão ao seu rosto, acariciando seus lábios com o polegar. — Não consegue ver o efeito que você tem sobre mim? Se isso não é poder, eu não sei o que é.
— Claro que consigo ver. Seu coração está batendo tão forte que eu quase consigo ouvir. — Ele riu. — E o jeito que você não recua quando meus dedos tocam o seu rosto, sua mandíbula, sua garganta…
— É porque eu quero mais — sussurrou ela, selando seus lábios por um pequeno segundo. — Eu quero mais da minha pessoa favorita.
Ela quase sorriu abertamente ao dar a ele o que ele queria. Mas Aegon havia conseguido. Tornara-se a pessoa favorita de no decorrer da noite. A garota não tinha mais como negar. O coração de Aegon pulou uma batida enquanto uma sensação eufórica de descrença tomava conta dele. Não estava esperando por isso, mas os deuses haviam ouvido suas queixas e xingamentos.
— Graças aos deuses — murmurou. Ele nem precisava de sete desejos como aquela canção idiota de fim de ano falava, apenas esse bastava.
Aegon buscou sua boca com urgência, reivindicando-a como se fosse seu território. Só seu. Um ruído estrangulado escapou de seus lábios e ele tentou derramar tudo o que sentia naquele beijo. Seu corpo quase tremia contra o dela enquanto a segurava. Suas mãos deslizaram-se para as costas de , pressionando a pele dela como se quisesse, trazê-la para ainda mais perto.
Com relutância, desgrudaram seus lábios, a respiração ofegante tomando-os por completo. Aegon abriu os olhos e a admirou, esforçando-se para guardar na memória o rosto mascarado e corado de . Era assombroso quanto poder aquela Lannister exercia sobre ele, fosse emocional ou fisicamente. Ele nunca soube que poderia um dia se sentir assim a respeito de uma mulher, ansiar tanto por uma garota. Era tão, mas tão estimulante e, ao mesmo tempo, muito assustador.
— Acho que essa é sua maneira de comemorar por ter se tornado a minha pessoa favorita, né? — disse ela, ao recuperar o fôlego.
— Sim, esse foi o meu jeitinho de celebrar. Você está… — Ele parou, deixando escapar uma risada trêmula. — Você está satisfeita? Vou ganhar uma estrela dourada, amor?
— Se continuar se abrindo comigo como fez há pouco, ganhará todas as estrelas douradas que eu pude te dar. — Beijou-o e mordeu seu lábio inferior, fazendo-o sorrir. — Se lembra de quando ainda estávamos no Grande Salão e você me perguntou o que eu gostava de domar?
— Sim, sim. Pode ter certeza de que eu me lembro. — Continuou acariciando suas costas enquanto a segurava em seus braços. — Você falou indecências demais e não quis continuar.
— Ainda quer saber, Aegon?
— Ora, mas claro que sim! — Fez uma pequena careta. — Não pode simplesmente perguntar uma coisa dessas e não dar seguimento.
— Bem, eu poderia se eu quisesse — respondeu, petulante. Aegon riu, mas logo fez um beicinho.
— Garota safada… — Ele agarrou os quadris dela e a puxou contra ele tão de ímpeto que ela soltou um suspiro surpreso.
— Garoto atrevido — rebateu, de olhos levemente estreitos. — Por que não me pergunta de novo?
— Você é tão insolente — resmungou baixinho, mas aproximou seus lábios da orelha dela para dizer as próximas palavras. — Lembre-me novamente o que gosta de… domar, querida.
Você, meu bem — confidenciou. — Sua leoa aqui gostaria de domar você.
— Você quer me domar, amor? — Aegon fechou os olhos, tentando se recuperar do arrepio que percorrera seu corpo, o aperto nos quadris dela quase machucando. — Gostaria de me ver domado?
— Tanto quanto gostaria de ver você me tomando para si — provocou —, me fazendo sua.
A respiração prendeu-se em sua garganta, a excitação o percorrendo. Aegon queria devorá-la, prova que ela era dele tanto quanto ele era dela.
— Quer me ver com os pulsos amarrados, querida? — sussurrou em seu ouvido. — Completamente à sua mercê?
— E quem vai tocar todo o meu corpo se seus pulsos estiverem amarrados, amor? — devolveu-lhe. — Não. À minha mercê você já está, tanto quanto eu estou à sua. Mas eu gosto de ser tocada.
— E eu gosto de te tocar, querida. — Suas mãos deslizaram pelo corpo dela. — De tocar… em qualquer lugar que eu quiser.
— Então me toque — ordenou, amaldiçoando o comprido vestido de baile. — Deixe-me sentir você.
— Com prazer, amor. — Aegon colocou as mãos atrás das coxas de e a ergueu contra ele.
— Muito prazer. — Ela cruzou as pernas ao redor dele enquanto ele a pressionava contra a parede, esfregando seu corpo no dela.
— Muito, muito prazer — murmurou contra seu pescoço, os dedos agarrando a carne macia de suas coxas como se nunca mais fosse soltar.
— Eu quero você, Aegon. — Desceu do colo dele, sua voz era quase um choramingo. Cada parte de seu corpo pulsava desesperadamente por ele, desejando-o, doendo por ele. — Quero sentir suas mãos em mim… sua boca… você.
Ele se afastou para olhar o rosto dela, observando enquanto sua língua se movia para umedecer os lábios de maneira provocativa. Um pico de desejo o consumia conforme sua mão direita puxava tecido e mais tecido para encontrar a maldita bainha do longo vestido dourado, seus olhos nunca deixando os dela. apenas assentiu com um suave aceno de cabeça, incitando-o a continuar. E ele arrastou e arrastou o tecido até que por fim conseguisse enfiar sua mão por baixo dele para tocar a pele nua das coxas dela.
— Deuses, você é tão linda — murmurou.
— Fui abençoada pelos Sete — respondeu, convencida.
— Com certeza foi. Você é muito mais do que uma mera beldade. — Fixou seus olhos lilases no verde dos dela, que brilhavam de uma maneira quase divina à baixa luz dos castiçais da parede. — Eu adoraria o seu corpo se você permitisse, amor.
— Então o faça — disse ela. — Você tem a minha permissão.
— Seria um prazer, querida. — Arrastou lentamente os dedos ao longo da coxa dela, por baixo do vestido, seu toque terno e reverente.
— Por quanto tempo vai me fazer esperar? — Deixou escapar um gemido de frustração.
— Garota impaciente… — Ele pressionou seu corpo contra o dela para que ela pudesse sentir o que estava fazendo com ele. — Mas eu gosto tanto do som da sua súplica, querida.
— Por que não me deita nesse chão e coloca suas mãos e boca em mim antes que eu enlouqueça? — desandou a falar. — Gosta de súplica? Aqui está uma.
Seus dedos cravaram-se com mais força na coxa dela e ele prendeu a respiração. Descobriu que ouvir praticamente choramingando para ele, implorando por ele, era seu novo som favorito.
— Sete infernos — praguejou. — Quero você fora desse vestido, meu amor… preciso te ver.
— Bem, você vai ter que se contentar em me ter desse jeito. Logo teremos que voltar para o baile, se lembra? Não vou tirar meu vestido em um beco sem saída como esse. É muito difícil colocá-lo de volta depois — reclamou. — Como eu disse antes: me deite nesse chão onde você pode tirar o tecido do caminho com facilidade e fazer o que quiser comigo.
— Maldito seja esse vestido — amaldiçoou, principalmente por saber que não podia simplesmente arrancar aquele maldito tecido lindo e brilhante de cima dela. — Tudo bem… O chão, então.
Aegon a deitou no chão e caiu sobre ela como uma tempestade revigorante. Pressionou seu corpo contra o dela e envolveu-a em um beijo faminto que se tornou quase desesperado quando gemeu em sua boca. Ele teve que se forçar a se afastar dela para poder olhá-la enquanto começava a puxar devagarinho o tecido do vestido para cima.
— Deuses, você é linda demais — cochichou, olhando para a pele exposta.
— Você já disse isso. — sorriu antes de exigir: — Faça alguma coisa.
Com um rosnado que era metade divertido e metade frustrante, Aegon moveu o vestido para cima, amontoando o tecido em volta dos quadris dela. A mão dele agora livre para vagar por suas coxas, cintura e todo o resto. Mas ele não o fez. Teve que se conter muito para não devorá-la bem ali, porém preferiu fazê-la desejar aquilo ainda mais.
— O que minha querida e amável lady quer que eu faça, hm? — Inclinou-se para roçar os lábios ao longo de seu pescoço. — Vai precisar ser mais específica, amor.
— Me toque — implorou ela. — Faça de sua futura esposa uma mulher feliz.
— Onde? — murmurou contra a pele de seu pescoço. Sua mão deslizou até o quadril dela, cravando-se na carne. — Onde quer que eu te toque?
— Você sabe onde. Pare de brincar comigo, Aegon.
— Não está sendo divertida. — Ele levantou a cabeça para fitá-la e tirou a mão de seu quadril, deslizando-a para seu abdômen, apertando-se sob o tecido do vestido.
— Você está me deixando louca e mais e mais impaciente — suspirou, seu corpo latejando por causa dele, por ele.
— Tão impaciente… — Aegon tirou a mão dela por um breve instante. — Mas você é tão ridiculamente linda, deitada aqui, implorando por mim… Isso me faz querer te provocar e te fazer esperar ainda mais.
— Você é um garoto muito malvado. — Pressionou as coxas uma contra a outra. — Eu não quero esperar mais, Aegon.
Um sorriso vitorioso desabrochou em seus lábios como o cravo vermelho nos cabelos dela quando notou o modo como as pernas dela se moveram.
— Impaciente e carente, claro. — Sua mão moveu-se para descansar sobre a parte interna da coxa, tão perto de onde ela queria e precisava. — No entanto, é muito tentador ficar aqui te provocando… apenas mantê-la querendo mais.
— Ah, por favor, pare com isso — reclamou, tomando a iniciativa.
agarrou a dele e a moveu para cima. Os olhos de Aegon se abriram mais em resposta ao ato repentino, um olhar quase selvagem sendo esculpido em seu rosto quando sentiu sua umidade. Um gemido baixo lhe escapou dos lábios ao sentir a garota se movendo contra a mão dele, suplicando. A sensação do movimento era quase demais para ele aguentar.
— Tão impaciente — repetiu ele. — Simplesmente não consegue esperar, não é?
— Não, não consigo.
— E se eu não te der o que você quer, querida? — perguntou, movendo os dedos bem devagarinho contra ela. — E se eu te mantivesse aqui, bem assim, para sempre… só esperando, querendo mais, carente por mais?
— Você não seria tão cruel com a sua garota. — fechou os olhos, apreciando seu toque leve e provocante de corpo e alma.
— Ah, meu amor, acho que está se esquecendo que eu poderia ser cruel, sim… — Tocou devagar, em uma clara provocação, e sorriu, contente, ao ouvir um gemidinho em resposta. — Mas vou te dar o quer, o que precisa… vou te dar o que você está implorando, .
— Graças aos deuses — sussurrou ela. — Você é um bom garoto, o meu bom garoto.
Aquelas palavras o deixaram enlouquecido. Aegon quis prendê-la contra o chão e tomá-la para ele naquele instante como ele desejava. Em vez disso, porém, pressionou os dedos contra ela com mais firmeza.
— Só para você — murmurou, subindo seus lábios pelo pescoço dela até o maxilar. Sua respiração ficava mais e mais irregular a cada vez que ouvia os ruídos suaves dela em resposta ao seu toque.
Aegon pressionou seu corpo contra o dela enquanto intensificava seus movimentos implacáveis. Sugou os lábios da garota em outro beijo exorbitante, engolindo seus gemidos. Uma dorzinha deliciosa crescia dentro dele, a necessidade desesperada de se aliviar, de tomá-la para si, fazê-la sua.
— Você pode me ter agora — disse ela, como se tivesse lido os pensamentos dele. — Nos casaremos na primeira lua. Ninguém saberá mesmo se houver… consequências. — obviamente se referia a uma possível gravidez.
— Deuses, mulher! Você está tornando muito difícil ser um bom garoto — ele quase ofegou. Não era hora de fazer graça. — Quer mesmo que eu te tome bem aqui, nesse chão, como um animal?
— Já estamos no chão há um bom tempo, não tem por que pensar nisso agora. — Soltou um meio riso. — E não é como se você não gostasse disso.
Como se o controle que restava a Aegon fosse uma corda muito fina, se rompeu em um estalo, com seda sendo rasgada. Ele agarrou os quadris dela e os puxou para cima, pressionando-o firmemente contra os seus para mostrar a evidência do quanto ele a queria, a desejava.
— Eu gosto. — Foi tudo o que conseguiu dizer em uma voz quase estrangulada.
— Ah, eu posso ver. — Ela mordeu o lábio inferior. — Agora vamos tirar isso. — Desceu as mãos até as calças dele e começou a abri-la. — Quero sentir o quanto você me quer, Aegon, o quanto você me ama.
— Deuses… eu não… Você é o meu amor, , e eu te quero tanto que chega a doer. — Suspirou aliviado quando sua calça se afrouxou. — Eu preciso de você.
— Então me mostre — ordenou.
Aegon se moveu sobre ela, pressionando seus corpos. Uma mão agarrou o quadril mais uma vez enquanto a outra estava apoiada no chão. Ele beijou a boca dela e desceu para o pescoço, alternando entre lambidas, chupadas e mordidinhas provocantes. Seus lábios deslizaram para a clavícula dela, o peito… então ele parou de repente.
— Isso vai ser rápido — confidenciou.
— Ótimo, quero que seja rápido mesmo. — Roçou seus quadris no dele, buscando pelo toque. Seu corpo doía com a necessidade de senti-lo. — Você já me fez esperar por tanto tempo.
— Vou te compensar por isso — prometeu em um tom quase baixo demais. Suas mãos envolveram os quadris dela, levantando-os e posicionando-os no lugar exato. — Pronta, amor?
— Pare de perguntas — ela praticamente choramingou de frustração e necessidade. — Apenas faça, meu príncipe.
— Eu quero te ouvir dizer. — As ametistas de seus olhos brilharam de modo estimulante através da máscara. — Diga.
— É claro que estou pronta, Aegon. — Fitou-o, os olhos esmeralda cintilando com uma mistura de desejo e impaciência. — Você sentiu com a sua própria mão.
Aquilo o fez fechar os olhos, relembrando há pouco. Ainda sentia a excitação da garota em sua mão. A necessidade se tornou tão avassaladora que ele deixou escapar um som que oscilava entre um rosnado e um gemido. Abriu os olhos e encaixou-se nela, finalmente cedendo à tentação e à urgência que seu corpo e sua alma pediam. Moveu-se contra ela com vontade, sua respiração escapando em ofegos e gemidos.
Era como se algo tivesse se rompido e todo o desejo reprimido, a frustração, a luxúria e o amor que sentia por ela tivessem o invadido enquanto ele se movia. Tudo daquela noite e tudo o que viera antes, desde o bendito dia que Lannister chegara de Rochedo Casterly cavalgando sua égua, vestida em couros de montar. Deleitável… fascinante… deliciosa. Agarrou os quadris de com força, quase forte demais, mas recebeu um gemido prazeroso de aprovação. Seus movimentos eram rápidos, sua respiração, ofegante.
Era como uma libertação para ele tê-la assim. Ainda mais sabendo que ela o queria e desejava, e não que estava fazendo apenas por obrigação de um casamento. Isso mudava tudo e, de algum jeito, o fazia ansiar ainda mais por . Deuses, ele mal conseguia manter sua boca longe da dela, seus gemidos e respirações ofegantes condensando-se em um só enquanto seus olhares jamais se desviavam um do outro.
Aegon mal conseguia pensar, que dirá falar qualquer coisa inteligível naquele momento. Ele apenas continuou e continuou. Os únicos sons que saíam de sua boca eram uma coleção de grunhidos e gemidos, o nome dela, e palavras repetidas e soltas como “amor”, “querida”, ocasionalmente pontuadas com maldições.
— Deuses… — disse , ofegante, quando Aegon terminou. — Essa é mesmo uma boa maneira de dizer adeus a este ano.
Ela riu um pouquinho, sentindo-se realizada. Aegon saiu de cima dela, jogando-se no chão ao seu lado. Parecia tão desnorteado quanto ela. As pernas de ainda tremiam. Não, seu corpo inteiro ainda tremia.
— Deuses… amor… — Diante de sua incapacidade formar frases inteiras, envolveu seus braços ao redor da garota, agarrando seus quadris e a puxando para si como se ela fosse uma tábua de salvação. — Isso foi… você…
— Eu sei. — Ela sorriu, pegando a flor que jazia no decote de seu vestido. As pétalas vermelhas e delicadas estavam meio amassadas por causa do atrito entre Aegon e ela, mas ainda era linda. ofereceu-a para Aegon. — Você sabe o que significa quando uma mulher te dá um cravo?
— Não, acho que não o que significa. — Entrou na brincadeira ao aceitar a flor. Queria ouvi-la falar em voz alta, se declarar para ele como ele fizera para ela no baile.
— Significa que ela está total e completamente apaixonada por você. Ou pelo menos foi isso que um certo príncipe me disse antes de me dar as flores. — Ela riu de uma maneira fofa demais. — E agora estou dando ela para você. Minha flor quebrada para o meu garoto quebrado.
Aegon queria envolver o rosto dela entre as mãos e beijá-la estupidamente. Em vez disso, ele observou a flor em sua mão, dando uma breve olhada para antes de aproximar a flor do rosto e fechar os olhos, inalando o perfume.
— Acho que isso combina muito bem comigo. — Ele riu levemente.
— Tanto quanto você combina comigo — disse .
— Então suponho que você seja a minha lady quebrada. — Depositou um suave beijo sobre a têmpora dela, sua mão livre movendo-se para escovar gentilmente os fios de cabelos dourados que escaparam dos grampos. — Eu te satisfiz em minha pequena tarefa de me tornar sua pessoa favorita?
— Já tinha me satisfeito antes de me fazer sua — confessou ela.
Aegon não pôde evitar um sorriso largo. Ele sorria feito bobo. Deslizou a mão pelo corpo dela, puxando-a para perto. Então descansou sua bochecha contra o topo da cabeça dela, tomando cuidado para não amassar o outro cravo, que ainda jazia entrelaçado no cabelo dela, atrás da orelha.
— Bem, acho que isso significa missão comprida, então. — Acariciou todo o comprimento das costas de com uma gentileza que ele nem sabia que era capaz de ter até ter conhecido ela.
— Mal posso esperar para me casar com você na próxima lua — confessou ela. — Vamos começar o ano de 127 de uma boa maneira.
Aegon riu, deleitado. Usou uma de suas mãos para inclinar a cabeça dela para trás para que eles pudessem se olhar nos olhos outra vez.
— Suponho que iremos — concordou, deslizando seus dedos gentis pelas costas dela até parar em um ponto específico, onde deu uma leve apertadinha. Pressionou, então sua testa contra a dela, apreciando aquele precioso momento. — Será uma ótima maneira de começar o ano.



FIM.


Nota da autora: Aparentemente a tia Fran aqui tá passando o rodo em Westeros inteira. Jamais pensei que escreveria qualquer coisa com o Aegon (apesar de ler todas as fics que a Sookie Rivers escreve com ele — e pedir por mais KKKKKKKKK). A ideia dessa short realmente surgiu em um momento E SE??????? Do nada eu tava: “e se eu escrevesse uma short com o Aegon pra ser meu presente de fim de ano pra Bea? Já vou escrever uma com o Gwayne mesmo. Não custa nada, né” E O RESTO É HISTÓRIA KKKKKKKKKKKK gente, a curiosidade que eu deixo pra vocês aqui é: eu super amei escrever a Lynora (a pp). Espero que tenham gostado dela <3

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