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Revisada por Aurora Boreal 💫
Finalizada em Dezembro/2024

Os últimos sete dias do fim da colheita sempre eram os mais exaustivos para Aemond Targaryen.
Todos os anos, as festividades para homenagear o Deus de Sete Faces e agradecer pela abundância do ano que se passara lhe eram terrivelmente entediantes, geralmente ignoradas pelo príncipe até que a mãe o obrigasse a participar.
Para completar, naquela noite, a penúltima das festividades e a mais entediante — o maldito baile de máscaras —, sua mãe, a Rainha, decidira deixá-lo a par de que um casamento entre ele e a filha mais velha dos Tyrell, , ocorreria até o fim do giro da próxima lua. Excelente, pensou com sarcasmo enquanto encarava Alicent.
— Não seja como seu irmão, filho. Cumpra seu dever como eu espero que você faça, sem alarde. — Alicent suspirou, olhando para seu terceiro filho, as sobrancelhas ruivas franzidas quase num desafio silencioso.
— Eu nunca faria alarde, Senhora Mãe — disse simplesmente, num tom entediado. Ele preferiria estar em qualquer outro lugar do que em um baile cheio de idiotas bêbados, mas nunca diria isso à ela.
— Estou ciente. Você é um bom garoto… — Alicent acariciou seus braços, suspirando. — Seu irmão não passa de um problema.
— Eu sei — disse, sombriamente. Aemond nunca tivera uma boa opinião sobre seu irmão mais velho. Aegon era a vergonha da família com sua bebedeira e seu excesso de libertinagem.
Aemond suspirou, colocando uma mão sobre a de sua mãe.
— Eu a deixarei orgulhosa, eu prometo, mãe. Eu sei do meu dever.
Ele tinha sido informado sobre sua futura esposa. Aemond nunca se sentira tão... apático com alguém que não conhecesse. Ela lhe soava como qualquer outra garota de alto berço; sem graça.
— Ela é uma garota muito bonita, doce e mansa. Você vai se dar bem com ela — Alicent prometeu.
— Se você diz, mãe. — Aemond tentou esconder sua apatia e desgosto, suspirando de decepção.
Outra garota doce e linda. Que chata, como todas as outras. Nada parecia ser interessante sobre ela, e o príncipe já pensava que ela deveria ter a profundidade de uma colher de chá. Insípida e toda cheia de sorrisos. Não havia nada que detestasse mais.
Alicent mandou-o ir procurar a garota e começar a se familiarizar com ela, e Aemond vestiu uma carranca, caminhando pelo Grande Salão com as mãos atrás das costas, escaneando o lugar. Não usava uma máscara; não precisava de uma, a de príncipe civilizado era suficiente.
Finalmente, avistou-a de longe, a grande rosa dourada dos Tyrell bordada em um vestido azul-claro. Era claramente óbvio que era ela. Como não? Ela não apenas era uma bela garota bem-nascida, mas era obviamente uma das mais desejadas no salão. Sua risada era como música, e ela se movia pela multidão com uma graça refinada. Isso fez o coração de Aemond pular uma batida.
Então esta é Tyrell, pensou enquanto estremecia. Que os Deuses Antigos e Novos me salvem.

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Tyrell conversava com as outras ladies, rindo de suas piadas e se mostrando como a linda mocinha que deveria ser. Ela podia ver a inveja brilhando em seus olhos enquanto se movia com graça e equilíbrio.
— Claro, Lady Marian, mas seu cabelo cresceu bastante depois que nos encontramos pela última vez. Você simplesmente precisa me contar seu segredo! — insistiu, sorrindo agradável. Por fim, a garota sentiu uma presença atrás de si, virando-se para ver um altivo príncipe de cabelos prateados, embora não o que ela supostamente se casaria. — Ora, Príncipe Aegon! — Fez uma elegante reverência.
Aegon riu, um sorriso encantador no rosto bonito e enrubescido pela bebida.
— Minha senhora — disse, em um tom brincalhão, pegando sua mão e beijando-a por mais tempo que apropriado. — É verdadeiramente tão bonita quanto uma rosa, minha senhora. Você tem sido o assunto da sala esta noite, e não faz nem uma hora que o baile começou.
soltou um leve risinho, cobrindo os lábios de maneira adorável.
— Ora, me lisonjeia, Meu Príncipe. Estou apenas me divertindo.
Aegon sorriu, suas mãos ainda segurando uma das dela. Seus olhos brilhavam enquanto ele a encarava, absorvendo-a. Ela era realmente uma visão, uma que era fácil de amar. E os Sete sabiam o quanto Aegon amava mulheres.
— Eu não lisonjeio — ele disse, e seu tom seria quase sedutor se não estivesse corrompido pelo álcool. — Você é uma visão e tanto, e cativou os olhos de todos os homens, inclusive os meus. Você seria sábia em se cuidar, minha senhora, antes de ter todos os homens de joelhos esta noite.
novamente riu, puxando sua mão discretamente. Havia começado a sentir-se constrangida com toda aquela atenção.
— É muito galante, Meu Príncipe — respondeu educadamente, corando.
O sorriso de Aegon cresceu ao vê-la enrubescer-se como um botão de rosa. Ela era absolutamente adorável e, a julgar por suas maneiras, parecia inocente, exatamente seu tipo.
Ele a observou afastar a mão da dele. Estava se fazendo de difícil, e ele não poderia estar mais intrigado. Não era como as outras garotas que ele tivera, isso era certo.
— Você já pensou em dançar, minha senhora? — ele perguntou, ainda olhando para ela com um sorriso predatório nos lábios.
— Pensou. Na verdade, ela me deve uma dança, irmão. Você está no caminho. — A voz de Aemond invadiu seus ouvidos, e Aegon virou-se para trás, surpreso ao ver o irmão mais novo atrás dele como uma estátua muito irritada, agarrando uma taça de peltre como se ela fosse escapar-lhe da mão a qualquer momento.
— Você? Uma dança? — Ele sorriu, inclinando a cabeça e olhando para o rosto frio e sem emoção do irmão mais novo. — Tem certeza de que não irá pisar nos pés dela, irmãozinho?
não riu da piada, de fato, não havia apreciado a tentativa de Aegon em constranger seu prometido.
— Príncipe Aemond diz a verdade. Eu o prometi uma dança antes dele se retirar para pegar uma bebida. Está terrivelmente quente aqui, não está? — Sorriu quase de maneira condescendente.
Aemond sentiu um sorriso ameaçar quebrar seu rosto normalmente pétreo. Olhou para , e ficou grato a ela por defendê-lo, mas também impressionado com seu raciocínio rápido. Uma beldade inteligente e elegante, de fato.
Aegon, no entanto, não estava tão satisfeito, olhando entre os dois com uma carranca irritada no rosto. Estava se divertindo e, agora, Aemond estava interrompendo.
Ele se virou para , dando a ela um sorriso encantador.
— Bem, suponho que você deva uma dança a ele, então.
A garota fez mais uma de suas elegantes reverências, seus olhos em seu prometido.
— Podemos, Meu Príncipe? — perguntou a Aemond, que estendeu a mão e puxou-a em direção à pista de dança, ignorando o olhar venenoso do irmão mais velho. — Você realmente não precisava se intrometer daquele jeito, eu estava lidando com ele muito bem. — disse, não em repreensão, se muito, era uma apreciação velada.
Aemond olhou para ela enquanto continuavam a andar, sua expressão fria e calma, como sempre, porém com uma pitada de emoção em seu olho. Ele mal conseguia suportar ver seu irmão flertando com ela. O pensamento era quase ofensivo. Ela deveria ser dele.
— Ele estava com as garras em você por muito tempo — disse, e sua voz era tão sem emoção quanto sua expressão. — Eu tive que intervir antes que suas patas causassem algum dano.
Antes que pudesse responder, ele a girou habilmente, engatando em uma dança elegante que fez a garota soltar um encantador risinho.
— Dança como se estivesse numa luta, Meu Príncipe.
Aemond soltou um riso de escárnio, mas um sorriso ameaçava sua máscara gelada.
— Eu prefiro uma luta de verdade do que dançar, minha senhora — ele disse, seu tom frio, mas com um brilho enigmático em seu olho. — Porém, você parece muito delicada e inocente para lutar, temo que posso assustá-la se eu tentar.
A garota arfou em júbilo.
— Oh, eu adoraria aprender! Me ensinaria, Meu Príncipe? Tenho grande admiração por guerreiros, mas, infelizmente, nasci uma mulher.
Aemond sorriu, divertindo-se com a ideia de ensiná-la a lutar. Imaginou que seria quase cômico. A moça não era apenas delicada, mas também inocente. Ele não conseguia imaginá-la segurando uma espada nem que sua vida dependesse disso.
Ainda assim, ele não conseguia deixar de ficar intrigado. Seria realmente tão ruim assim?
— E você já segurou uma espada na vida? — perguntou, erguendo uma sobrancelha.
Ela hesitou, desviando o olhar e sorrindo de lado.
— Mirar uma para minha irmã mais nova conta?
— Não — Aemond respondeu, seu tom divertido, mas também um pouco duvidoso. Ele levantou uma sobrancelha, seu olhar cheio de dúvida. — Você já usou uma espada antes, minha senhora?
Ele sentiu um sorriso quebrar sua expressão fria. Uma dama tão delicada e elegante quanto realmente tentando segurar uma espada? Ele mal conseguiria acreditar.
— Temo que não, Meu Príncipe. Mas eu adoraria aprender.
Aemond bufou, encarando-a com um olhar debochado.
— Não a vejo durando um minuto sequer empunhando uma espada — ele disse. Sabia que seria um fracasso. — Você provavelmente seria derrubada no segundo em que tentasse levantá-la.
— Bem… — Tyrell ergueu uma das belas sobrancelhas. — Isso é um desafio?
— Desafio? — Aemond deixou um sorriso irônico aparecer em seus lábios com aquela palavra, deleitando-se ao dizê-la. O divertiu muito que ela parecesse tão confiante sobre isso. — Pode ser — concordou, sentindo uma faísca de excitação. Seria muito engraçado se ela falhasse, e ele não poderia estar mais certo de que ela não duraria nada. — Eu te desafio.
— Não sou conhecida por fugir de desafios. — retribuiu o sorriso da mesma maneira irônica.
— Irá se arrepender dessas palavras — ele murmurou, olhando para ela com confiança. Seu olho brilhava de diversão, aquilo seria um desastre total e ele mal podia esperar. Estava tão confiante que poderia derrubá-la em um minuto. Seria mais fácil que contar até cinco.
— O que ganho se vencer?
Aemond riu, tentando esconder sua diversão. Ele não pôde deixar de pensar que era adorável que ela realmente acreditasse que poderia vencer. A pobre e ingênua garota não tinha ideia no que se meteu.
Se você realmente vencer — começou, irônico —, eu te darei tudo o que você desejar. Mas não precisarei, porque você não vencerá.
— Muito bem. Deixarei que escolha seu prêmio se vencer, então.
— E o que deseja se, por um grande acaso do universo e da ironia dos deuses, vencer, lady ?
Aemond tentava ao máximo não rir da confiança da garota. Era divertido. Ela realmente achava que podia vencê-lo em uma luta de espadas? Era completamente sem noção. Ele quase lamentou ter que quebrar essa ilusão.
Ela semicerrou os olhos, encarando-o com quase desdém, a primeira emoção negativa que Aemond havia notado-a mostrar naquela noite.
— Se eu vencer, terá de me levar ao seu lugar favorito.
— Uma recompensa digna de uma dama inocente — provocou, com diversão em seu tom. Era quase fofo que ela não pudesse escolher um preço mais alto, mesmo tendo tanta certeza de que venceria. — Um pedido estranho. Mas tudo bem. Se você vencer, eu te mostro meu lugar favorito.
Ele a girou em seus braços e a dança chegou ao fim.
— Só nomear a data. — curvou-se, elegantemente.
— Amanhã ao entardecer.
escondeu a surpresa. Não esperava um intervalo de tempo tão curto.
— Amanhã ao entardecer será.
Aemond inclinou a cabeça em resposta, sorrindo com escárnio. Amanhã seria realmente… interessante.


Ao fim da noite, caminhava nervosamente pelos corredores, pensando no que diabos se metera. Um duelo com Aemond Targaryen? No que estava pensando, Sete Infernos? Estava louca, só podia. Não havia forma alguma de ganhar, só se um milagre a acometesse, se o espírito de Visenya Targaryen apossasse-se de si…
A Tyrell soltou um gemido de dor ao trombar o ombro com outra pessoa, que a segurou para que não fosse ao chão como a toupeira que era.
— Oh, Deuses, meu lorde, perdão… Jacaerys! — Ela reconheceu os cachinhos escuros do Príncipe, filho de Rhaenyra Targaryen e um velho amigo.
— Ora, ora. Tyrell. — Jacaerys sorriu levemente, ainda segurando-a pelos cotovelos. — Está bem? Nunca a vi tão distraída. Geralmente seus olhinhos de falcão estão por todos os cantos.
A garota soltou um risinho, lhe dando um empurrão brincalhão.
— Galanteador como sempre, em? Estou bem, Meu Príncipe, agradeço pela preocupação. — Porém, era nítido em seus olhos que ela se encontrava angustiada, e aquilo não passou despercebido a Jacaerys.
— Verdade?
— Eu lhe contaria, mas riria de mim.
Jacaerys franziu a testa.
— Não seria educado, cavalheiros não riem de damas. Confie em mim, Minha Senhora. O que a perturba?
continuou encarando os olhos terrosos do príncipe, decidindo confiar nele. Eram amigos há muito, decerto ele poderia ajudá-la.
— Aceitei um desafio do Príncipe Aemond de que eu lutaria contra ele amanhã, mas nunca sequer peguei em uma espada na vida.
Jacaerys franziu a testa. Esperava qualquer coisa, qualquer coisa no mundo, menos aquilo. Aquilo lhe parecia um sonho febril enfermiço, e se perguntou se havia ouvido corretamente.
— Está louca, é? Como assim?
— Ele disse que eu não conseguiria! Não gosto que duvidem de mim, muito menos que me desprezem, ou me desafiem. Estou totalmente desesperançosa. Não sei nem como se pega em uma espada.
Jacaerys grunhiu. Aquilo soava exatamente como Aemond. Tão arrogante, tão confiante, tão convencido.
— Então aceitou para salvar seu orgulho — Jacaerys constatou, parecendo desapontado. — Bem… Como vai seu jogo de pés?
— Sou uma ótima dançarina… pelo que me dizem — ela acrescentou, após uma dose de modéstia.
Jacaerys soltou riso de escárnio, balançando a cabeça em descrença.
— Dançar numa dança e dançar numa luta de espadas são duas coisas completamente diferentes. A luta de espadas requer muito mais trabalho de pés, e pernas muito mais fortes. — Ele fez uma pausa, antes que uma ideia lhe ocorresse. — Posso perguntar se você conhece a história de Ser Serwyn do Escudo Espelhado? — perguntou enquanto pensava em uma maneira de possivelmente ajudá-la com sua situação desesperadora.
sorriu levemente.
— Claro. Uma história muito interessante. No que pensou?
Jacaerys retribuiu o sorriso, assentindo com a cabeça.
— Porque meu conselho é simples. Se você não pode vencê-lo com a força, terá que vencer com astúcia. Você já é uma dançarina encantadora, como disse. Parece que seu jogo de pés é bom, então você pode usá-lo. A maneira como você usa suas pernas para escapar do oponente é quase como uma dança, afinal. Quão rápida você diria que é? — Sem aviso, Jacaerys avançou e moveu a mão em direção ao seu rosto, ao que a garota a interceptou facilmente, piscando em surpresa. — Muito — ele disse, com diversão em sua voz, sentindo-se um pouco impressionado pela proeza da moça. Havia algum potencial. Um pequeno, mas potencial. — Isso é bom.
O príncipe suspirou, percebendo que teria de dá-la algumas dicas para que ela não caísse completamente de cara no chão.
— Você terá que se manter rápida. Não tente ser forte, você não vai conseguir. Use sua velocidade.
— E ele não seria tão rápido quanto eu? Ele é muito… esguio.
Jacaerys fez uma careta ao ouvir a pergunta. Aemond era rápido e muito ágil. E terrivelmente habilidoso.
— Ele é ainda mais rápido — Jacaerys concordou. — Mas ele é muito arrogante. Um pouco confiante demais. — Ele fez uma pausa, pensando em como proceder melhor. — Você sabe como desviar de ataques?
— Eu… bato a espada na dele?
Jacaerys soltou um suspiro. Ela não sabia nada sobre luta de espadas.
— Essa é uma maneira, sim, mas não será o suficiente. Ele não virá direto para você, ele terá táticas. Se você tentar acertar a espada dele sem pensar, ele contornará você sem problemas. — Ele hesitou. — Eu posso ajudá-la, se quiser.
A garota ergueu as sobrancelhas, corando adoravelmente.
— Me ajudaria, Jace? Ajudaria mesmo? — perguntou, a empolgação fazendo com que parecesse mais jovem do que realmente era.
Jacaerys sorriu com a apreciação de , sentindo-se entretido com a sua situação e até mesmo um pouco mal por ela. A moça era claramente tão ingênua! Desafiar Aemond Targaryen para um duelo!
— Então vamos para o pátio de treinamento — sugeriu, oferecendo seu braço se ela quisesse pegá-lo. — Vou te dar uma pequena lição em jogo de pés.
pegou-lhe o braço, sorrindo satisfeita enquanto os dois caminhavam pelos corredores da Fortaleza Vermelha, escoltados por dois guardas para não haver questionamentos sobre a virtude da garota.
Ao chegarem no campo de treinamento, Jacaerys pegou cada uma das espadas, testando-as e avaliando-as pelo peso, pegando a mais leve e entregando-a a . A garota fez uma careta, levantando-a precariamente com as duas mãos.
— Deuses! Por que é tão pesada? — resmungou, seus braços sofrendo para levantar o metal cego.
Jace sorriu jovial.
— Não causaria muito dano se fosse leve, não é? Especialmente não com toda a cota de malha que os soldados usam. Não se preocupe, porém, essas espadas não possuem corte, não irá se machucar.
resfolegou, concordando com a cabeça, não dando o braço a torcer.
— E agora?
— Agora, começamos com alguns fundamentos: a postura, por exemplo. Mostre-me sua postura.
pensou, abrindo um pouco as pernas e colocando a dominante a frente para manter o equilíbrio.
Jacaerys assentiu, coçando o queixo e observando a colocação dos pés. Ela tivera a ideia certa, mas seu posicionamento ainda estava um pouco errado.
— Seus pés devem estar mais afastados — disse. — Mantenha-os na largura dos ombros e dobre os joelhos ligeiramente. Os pés devem estar voltados para o seu oponente, e sua perna dominante para a frente, como você fez. Ótimo.
corrigiu-se, a espada bamboleando perigosamente em suas mãos. Sete Infernos, parecia uma maldita gazela. Bela e elegante, mas terrivelmente inútil, um patinho sentado aguardando o terrível predador se refestelar num banquete.
— Bom. Agora o próximo passo é o jogo de pés. Pode ser complicado pegar o jeito no começo, mas você é uma dançarina, então espero que não seja um problema para você. Mova-se para a esquerda, depois para mim, atacando-me. Agora!
entrou em alerta com a ordem, perturbando-se e quase derrubando a espada ao tentar o movimento.
— Graças aos Sete está cega como um mendigo, cortaria meu pé fora se fosse o contrário — resmungou, com amargor.
Jacaerys abafou uma risada com aquelas palavras, sentindo um sorriso puxar o canto da boca. Ela, apesar de tudo, encontrava-se espirituosa, ele notou. Era divertido. Ele a observou quase derrubar a espada novamente com escárnio.
— Você precisa se acostumar com o peso, minha senhora. Vai precisar de uma boa dose de força para isso — disse secamente, não querendo passar a mão em sua cabeça. — De novo. Dê um pequeno passo para a esquerda.
— Deuses... No que eu me meti? Eu e minha boca grande — ela reclamou, sentando-se na grama, a espada caindo ao seu lado num baque surdo. — Isso é inútil, Jace. A única maneira de eu vencer é trapaceando de alguma forma.
Enquanto se sentava na grama, Jacaerys lançou-lhe um olhar de ceticismo e pena. Ela estava desesperada, a pobrezinha.
Ele soltou um riso de escárnio, balançando a cabeça. Como ela podia ser tão estúpida? Desafiou Aemond Targaryen para uma luta de espadas quando ela nunca tinha segurado uma espada antes? Quão idiota ela poderia ser?
No entanto, ele se ajoelhou na frente dela com um suspiro, paciente e compreensivo.
— Por que você concordou, em primeiro lugar, então?
— Bem, ele me desafiou. Um Tyrell nunca foge de uma luta, você sabe. — Seu queixo tremia levemente, os olhos úmidos como duas pedras no fundo de um rio.
Jacaerys bufou, revirando os olhos. O orgulho seria a sua morte. Garota tola. Aemond não era um inimigo comum. Ele era um guerreiro experiente, treinado desde a juventude. Ele era letal.
— E se você continuar com a luta, parecerá duas vezes mais tola quando ele te derrotar. — Jacaerys soltou um suspiro, esfregando a testa. — Você é um caso perdido, minha senhora.
Ela segurou-lhe o pulso abruptamente, os olhos febris.
— Por isso, tem de me ajudar a trapacear!
Jacaerys lançou-lhe um olhar de descrença e choque com suas palavras, seus olhos se arregalando de surpresa. Trapacear? Foi realmente isso que ela havia dito? Ele bufou novamente, sua descrença se transformando em aborrecimento.
— Claro que não — retrucou friamente, sua voz não deixando espaço para discussão. Ele tentou soltar seu pulso, mas ela o segurava com força. — Eu não irei ensiná-la a trapacear. Eu tenho honra, minha senhora.
— Não estou tentando ofendê-lo, meu príncipe, mas estou desesperada. Eu sou a rosa dourada, não posso simplesmente fazer papel de boba na frente do reino inteiro. Por favor… — pediu, toda beleza e piscando olhos grandes de corsa.
Droga. Ela estava sacando as armas grandes: fazendo olhares para ele. Como nos Sete Infernos Jacaerys poderia resistir a isso? Ele nunca tinha visto olhos de cachorrinho mais poderosos que os dela. Eles eram quase hipnotizantes, miseráveis. Ele daria a ela qualquer coisa que quisesse se não tomasse cuidado.
Ele também era um bobo, sentindo-se enfraquecido com o olhar. Bufou de irritação, balançando a cabeça.
— Oh, Deuses, Sete Infernos... Por que estou fazendo isso?
— Porque você é um príncipe e um cavalheiro, um cavalheiro deve sempre ajudar uma dama em perigo — recitou, sorrindo conscientemente.
Oh, ela estava brincando com ele, a coisinha traiçoeira. Ele balançou a cabeça em aborrecimento. A linda florzinha já o tinha enrolado em seu dedo mindinho, e ela não tinha medo de usar aquela noção contra ele.
— Tem sorte de ser tão bela, minha senhora — resmungou, suas palavras sem qualquer mordida.
Seu sorriso tinha o brilho de todas as estrelas do céu.
— É um milagre enviado pelos Sete, isso que é, Meu Príncipe!
Jacaerys soltou um escárnio, revirando os olhos com o elogio dela. Ela não tinha ideia do efeito que ela tinha nos homens. Ou talvez tivesse. De qualquer forma, ele estava enrolado em seu dedo mindinho, e ela sabia bem disso.
— Vou me arrepender de toda essa contenda — ele resmungou, baixinho, estreitando os olhos para ela.
— Não irá, eu o asseguro. Eu sei que eu não irei.
Jacaerys balançou a cabeça com escárnio e um suspiro resignado. Como ele havia sido persuadido a ensinar a rosa dourada a trapacear por um par de olhos bonitos e um sorriso doce? Devia ter perdido a cabeça.
— Tudo bem — grunhiu. — O que você quer saber?
— Como se trapaceia numa luta de espadas?
O primeiro instinto de Jacaerys foi zombar e chamá-la de ingênua. Como alguém poderia verdadeiramente trapacear em uma luta de espadas? Mas, então, parou para pensar por um momento, percebendo que sabia como.
— Existem algumas maneiras, eu suponho. Você pode... usar movimentos inesperados. Coisas que seu oponente não veria chegando. E você pode fingir uma lesão para pegá-lo desprevenido.
Ela piscou algumas vezes.
— Claro, isso é perfeito!
Deuses, ele nunca conhecera alguém tão ingênua e inocente quanto ela. Ele balançou a cabeça, esfregando a testa em irritação.
— Tenha cuidado, Lady — disse, firmemente, fitando-a com um olhar severo. — Esses movimentos funcionam, mas há uma grande chance de que eles também falhem. Ou pior, Aemond poder ver através de você e usar seus truques a seu favor. Não o subestime. Ele não é um tolo, pelo contrário, é extremamente observador.
suspirou, seu cabelo se espalhando na grama escura enquanto ela se deitava.
— Acabei de ficar noiva do homem, sabe. Minha mãe me disse para conhecê-lo melhor esta noite, e foi assim que consegui — disse, sarcástica.
Jacaerys revirou os olhos enquanto ela se deitava, sua irritação aumentando. Ela era impossível. Arrogante, teimosa, completamente ingênua e bela. Por que ele concordara em ajudá-la mesmo? Os deuses deviam ter perdido o juízo quando a fizeram, a maldita idiota. Ele soltou um bufo exasperado, balançando a cabeça. Aquele era um desastre esperando para acontecer.
— Por que você concordou com o noivado, então, se não sabe nada sobre seu prometido?
Ela deixou escapar uma risada repentina, então, percebendo que era uma pergunta séria, seu sorriso morreu e ela suspirou.
— Nem todas as mães são compreensivas como Rhaenyra Targaryen, Meu Príncipe. As mulheres não têm escolhas, somos forjadas e dobradas conforme o ferreiro demanda. Neste caso, minha mãe.
Jacaerys sentiu uma onda de pena por ela. Seu noivado não tinha sido sua escolha, seu destino cravado para ela.
— E você não teve nada a dizer sobre, eu presumo — disse, seu tom simpático.
Ela soltou um riso zombeteiro.
— Não, não realmente. Mas, por favor, vamos para assuntos mais felizes. O que você pode me dizer sobre meu noivo?
Jacaerys sentiu uma pontada estranha no peito ao ouvi-la zombar. A rosa dourada não estava tão feliz com seu noivado quanto fingia. Não completamente, de qualquer forma. Ele afastou o sentimento e bufou.
— Bem... Aemond é… — Ele fez uma pausa para pensar em como descrever o príncipe. Era uma tarefa difícil. — Vamos apenas dizer que ele é uma pessoa complexa. Muito observador, muito inteligente e muito ambicioso. Ele é habilidoso com uma espada, e tem Vhagar, é claro. E ele é... frio.
fez uma careta.
— Aí está a parte que eu temo mais. A frieza.
Jacaerys deu a ela um aceno solene. Aemond não era um homem fácil de amar. Ele era muito reservado e indiferente.
— É... Ele não é o mais caloroso — disse, com escárnio. — Ele também não é exatamente sutil sobre sua antipatia pelas pessoas em geral. Ele não esconde isso. Seu irmão Aegon seria uma perspectiva de casamento muito melhor nesse quesito, se estou sendo honesto.
Foi a vez de de rir com escárnio.
— O irmão dele quase me comeu com os olhos mais cedo. Eu teria que tomar cuidado com meus botões com ele.
Jacaerys soltou uma gargalhada meio contida. Aegon não era conhecido por ser sutil. Era como um cachorro atrás de uma cadela no cio às vezes, com sua falta de contenção e seu gosto por mulheres. Ele riu, balançando a cabeça, imaginando Aegon flertando com , em vez de apenas encará-la de longe.
— Isso soa como nosso querido príncipe — apontou com um sorriso irônico.
— Está prometido à Lady Baela, não é?
Jacaerys assentiu, sua expressão se tornando suave e afetuosa quando ele pensou em Baela. Um sorriso lentamente surgiu em seus lábios.
— Estou — concordou, sua voz assumindo um tom caloroso. — Ela é uma mulher excepcional. Forte, feroz, inteligente. E linda.
A lady riu levemente, encantada.
— Isso, ela é. Vocês dois são muito afortunados.
Jacaerys assentiu em concordância, seu sorriso se alargando com o comentário. Ele tinha sorte mesmo. Nem todos os senhores e príncipes tiveram a sorte de serem prometidos a uma mulher como Baela. Ela era uma força a ser reconhecida, e ele tinha muita sorte de tê-la.
— Eu sou, de verdade. Eu não poderia ter pedido uma combinação melhor.
Ela virou-se de bruços para encará-lo direito, sem se importar que estava sujando o vestido.
— É bom vê-lo assim, jovem Jace. Atordoado de amor.
Jacaerys se divertiu com o olhar da garota, soltando uma risada e revirando os olhos.
— Não estou atordoado — ele disse, com escárnio, mas suas palavras não tinham nenhuma mordida. Ele sabia muito bem que era um tolo por Baela. Ela o tinha enrolado em seu dedo mindinho tanto quanto o tinha agora.
Ele suspirou, balançando a cabeça.
— Estou apenas... enamorado, eu acho.
— É compreensível. Lady Baela parece ser uma jovem extraordinária. Vocês dois formam um belo e adequado par. — Ela suspirou. — Eu me pergunto se o mesmo algum dia será dito sobre Aemond e eu.
Jacaerys bufou, sua expressão se tornando pensativa enquanto contemplava aquilo. Aemond e ... Ele não conseguia realmente ver. O príncipe era muito frio e indiferente para a doce flor. Eles eram quase opostos, de certa forma. Pensar nisso o deixava desconfortável.
— Talvez você consiga, com o tempo — disse, tentando soar otimista. — Aemond é o mais imprevisível possível, então não há como dizer o que se passa na cabeça dele quando se trata de você.
— É justo. Ele também é muito agradável de se olhar. Melhor ele do que um velho idiota babão, mas não conte para minha mãe que eu disse isso.
Jacaerys soltou uma risada.
— Seu segredo está a salvo comigo — assegurou-a, em um tom conspiratório, lhe dando uma piscadinha.


Ao entardecer do dia seguinte, caminhou até o Campo de Treinamento onde sua sina aconteceria de queixo erguido, uma espada mais adequada ao seu peso em sua mão. Podia fazer uma tola de si mesma, mas faria isso como uma Tyrell. Não se surpreendeu ao notar que Aemond Targaryen já a esperava, caminhando impacientemente pela grama aparada.
— Ora, se não é a personificação da pontualidade, Meu Príncipe? — Ela quase zombou, sorrindo levemente.
Aemond virou-se quando ouviu-lhe a voz, encarando-a. Ela realmente veio. Ele não esperava que fosse aparecer.
Ele cruzou os braços sobre o peito e olhou para a espada nas mãos dela, uma sobrancelha erguida. Como um passarinho como ela sequer levantara uma arma daquelas? Era quase risível, mas Aemond apenas bufou e balançou a cabeça.
— De fato, estou, minha senhora. Você está preparada para ser totalmente humilhada por mim esta tarde?
— Ora, isso foi indelicado. Sua adversária não merece um pouco de respeito e fé? — Ela sorriu, lhe dando uma piscadinha.
Aemond a encarou incrédulo. Ela estava brincando e piscando? Oh, a pequena dama estava prestes a levar o maior choque de sua vida.
Ele soltou um riso de escárnio e revirou os olhos.
— Meu respeito e fé, você diz? — questionou, secamente. — Terá meu respeito quando o tiver conquistado, e você terá minha fé quando tiver provado seu valor. Até então… — Ele desembainhou sua própria espada com um sorriso zombeteiro. — Você tem minha pena.
o encarou em choque, os lábios entreabertos. Nunca ninguém havia se dirigido à ela daquela maneira cruel. Ela cerrou a mandíbula, sua própria força surpreendendo-a.
— Acho que está falando demais.
Aemond zombou novamente ao ver a reação dela. Ela estava absolutamente chocada que ele não estava sendo gentil e educado. Quão inocente era aquela mulher? Ela claramente nunca tinha sido tratada daquele jeito antes, e isso era evidente.
Ele continuou sorrindo, divertindo-se com a sua reação. Ela teria um rude despertar.
— É mesmo? — disse, secamente. — Então suponho que agora deixarei minha lâmina falar por si.
Ele balançou-a, avançando, mas ela facilmente o evitou, trabalhando para cansá-lo e tirando vantagem de seus bons reflexos, como Jace instruira.
— Errou — provocou.
O olho de Aemond se arregalou com seus reflexos surpreendentes. Como nos Sete Infernos ela conseguia se mover daquele jeito? Era rápida como as asas de um beija-flor, evitando sua espada e saindo do caminho toda vez que ele tentava atacá-la. Ele bufou de aborrecimento, observando-a com uma mistura de surpresa e raiva.
— Merda… — murmurou baixinho, cerrando os dentes de ódio. Balançou então sua espada novamente, tentando igualar sua velocidade.
se afastou do caminho facilmente de novo, e continuou fazendo isso, irritando-o além da conta. Soltou uma risada provocadora, caminhando despreocupadamente pela grama.
— Parece ter um probleminha em me acertar, Meu Príncipe.
A frustração de Aemond aumentava a cada golpe perdido. Como ela conseguia se esquivar dele tão facilmente? Ela parecia estar gostando do fato de que ele não conseguia acertar um golpe. Isso o deixava louco. Ele cerrou a mandíbula, olhando para ela.
— Sua… — murmurou baixinho, seu temperamento explodindo. Não gostava de ser feito de bobo por ninguém, especialmente por uma flor risonha como ela!
Entre algumas acrobacias e esquivas, ela conseguira começar a cansá-lo, mas ele já estava se acostumando e mapeando seus movimentos. Em um deles, ele conseguiu pegá-la desprevenida pelos cabelos, colocando-se atrás dela e, num impulso, ela lhe deu uma cotovelada no queixo, ofegando e cobrindo os lábios em choque.
O olho de Aemond se arregalou de surpresa quando ela conseguiu acertar um golpe. Foi inesperado, e doeu.
— Puta merda — murmurou, estremecendo enquanto levava uma mão ao queixo. Ah, ela não fez isso!
Ele a virou com força e a agarrou pelos ombros, a irritação clara em seu rosto.
— Você tem um desejo de morte, mulher?
— Deuses, meu príncipe, eu sinto muito, muito mesmo! Foi um reflexo, eu realmente… — Ela estremeceu, tentando tocar-lhe o local, ajudar de alguma forma.
Aemond zombou da tentativa dela de tocá-lo, afastando-lhe a mão com um tapa, e cerrou os dentes enquanto a encarava com um olhar penetrante.
— Um reflexo? Você me deu uma cotovelada no queixo por instinto? — ele a questionou, sua descrença clara em sua voz.
Ele estava irritado... mas algo sobre a sua reação, a maneira como olhara para ele com preocupação e interesse, fez sua irritação diminuir um pouco.
Apenas um pouco.
— Puxou meu cabelo! Dificilmente este seria um golpe justo, também!
O olhar de Aemond suavizou-se um pouco quando ela retrucou. Ela tinha razão, talvez estivesse sendo um pouco injusto, mas morreria antes de admitir isso à garota.
Ele bufou, passando a mão pelos longos cabelos prateados.
— Eu não estava tentando pegar seu maldito cabelo... Você estava dançando ao meu redor como uma louca, muito rápida e leve em seus pés. Era a única maneira de evitar que você fugisse de mim — explicou com uma carranca, tentando justificar.
Ele falava, começando a vagar ao redor dela novamente, como se estivesse perseguindo uma presa, fazendo-a com que permanecesse alerta. Assim que ele deu um pulo para frente, ela se afastou para o lado, mas o príncipe já esperava por isso. Com um solavanco, jogou-a no chão como se pesasse menos que uma pena, e ela caiu pesadamente de lado, soltando um grunhido de dor, rastejando para longe dele, seus olhos lacrimejando.
Aemond soltou um riso de escárnio quando ela caiu, observando-a se arrastar pateticamente no chão. Ela não possuía força ou experiência para suportar uma luta de verdade. Era risível. Ele quase sentiu pena dela, ao vê-la rastejar para longe com lágrimas nos olhos, tão indefesa.
Quase.
— Você está fora do seu habitat aqui — disse, balançando a cabeça, um sorriso sádico nos lábios. — Você não é páreo para mim, minha senhora. Desista.
Era exatamente disso que ela precisava. Um momento de dúvida e ego elevado. Aproveitando, acertou-lhe um chute forte na parte de trás dos joelhos e, diferentemente dele, não parou para se gabar ou falar. Lançando-se em cima dele e escalando seu corpo, apontou-lhe a espada diretamente para sua garganta, conseguindo vencer, um grito de vitória e fúria ecoando de sua garganta.
O olho de Aemond se arregalou em descrença quando ele caiu de costas no chão pesadamente. Droga, como ela fez isso? Ela o pegou. Seu ego estava definitivamente machucado, o choque disso escrito em todo o seu rosto. Ele abriu a boca para falar mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, a espada dela foi apontada para sua garganta, e ele foi forçado a se render.
— Maldita... Sete Infernos — murmurou, bufando e olhando para ela com uma expressão atordoada. — Trapaceou!
— Eu ganhei — ela o corrigiu, ofegante. — Tais termos não foram definidos em nossa aposta. Não acreditava que eu fosse vencê-lo de maneira alguma, e assim o fiz.
Aemond soltou um riso de escárnio, uma mistura de aborrecimento e respeito relutante em sua voz.
— Você não apenas me derrotou, você trapaceou — repetiu, enfatizando a palavra. — Usou truques e táticas sujas. Usou minha própria força contra mim. Essa não é a marca de um verdadeiro guerreiro.
— Eu não sou uma verdadeira guerreira. Você é. Eu sou, como você disse, meramente uma mulher. Mas... uma mulher que te derrotou. — Ela olhava fixamente para seu único olho, invicta.
Aemond a encarou de volta, encontrando seu olhar de frente. Ele franziu o cenho para suas palavras. Estava certa, mas ele não estava pronto para admitir isso ainda. Era um príncipe e um guerreiro, mas tinha acabado de ser derrotado por uma garota. Foi um insulto ao seu ego.
— Por pouco. Você só venceu por causa de jogo sujo. Se tivéssemos lutado de forma justa, eu teria vencido.
Antes que a garota pudesse responder, porém, os dois ouviram um gritinho de choque vindo de longe. virou-se, surpresa, fazendo uma careta ao ver a mãe e a rainha Alicent se aproximando em passos rápidos até eles. Ela saiu depressa de cima do príncipe, colocando a espada de lado, sentindo as bochechas esquentarem.
Aemond bufou enquanto ela saía de cima dele, levantando-se rapidamente e recuando um pouco, embora o sentimento de humilhação ainda estivesse quente em seu peito. Ele ainda estava irritado com a derrota. Levaria um tempo para ele superar, ou pelo menos, tentar fazê-lo.
Ele se virou, vendo Lady Tyrell e a Rainha Alicent se aproximando. Endireitando as costas, tentou parecer menos irritado, mas ainda estava claramente furioso. Ele não podia negar.
— Quando ouvi os rumores, não quis acreditar neles. Você desafiou Lady para um duelo, Aemond? — A rainha Alicent, sua mãe, questionou, irada.
Aemond cerrou os dentes, sua irritação e raiva tomando conta dele por um momento. Tinha acabado de ser completamente humilhado, e agora tinha que suportar o questionamento e a repreensão de sua mãe na frente das mulheres. Era um insulto ao seu ego já ferido.
— Desafiei — confirmou, sua voz concisa e ressentida.
— E por que você faria uma coisa dessas, por favor, me diga? — Alicent continuou, seu tom afiado e desaprovador. — Vocês dois deveriam começar a se conhecerem, já que estão prometidos, não brigar!
Aemond encarou-a, seu olho bom estreitando-se ligeiramente. Odiou ser repreendido como uma criança na frente de e sua mãe.
— Eu estava apenas testando-a — ele retrucou, as palavras ditas entre dentes cerrados. — Ela queria lutar, e eu atendi seu pedido.
Ele intencionalmente evitou olhar para a garota e sua mãe, sabendo que elas estavam ouvindo e provavelmente observando com interesse. Seu ego estava em jogo aqui, e ele não tinha escolha a não ser fingir.
— Que mentira! Me desafiou, apenas concordei porque você foi odioso!
, modos! — A mãe da garota pareceu consternada.
O olho de Aemond se estreitou com as palavras dela, e ele encarou-a com uma carranca. estava claramente gostando da situação, vendo-o sendo repreendido por sua mãe.
Ele não estava com humor para aquilo. Soltou um riso de escárnio, mas Alicent o interrompeu antes que ele pudesse falar.
— Pior ainda — disse a rainha, severamente. — Desafiá-la para um duelo, testá-la... essa não é uma maneira principesca e decente de tratar sua prometida.
— E você, criança? O que você tem a dizer por si mesma? Não foi assim que eu te criei, garota! — Lady Tyrell repreendeu a filha, e a garota cruzou os braços.
— Eu venci. — Era tudo o que ela tinha a dizer.
Aemond não conseguiu evitar sorrir com a resposta teimosa dela, os cantos da boca se contraindo. Talvez ela não fosse a flor mansa e tímida que ele pensava que era.
Alicent, por outro lado, parecia absolutamente chocada, seus olhos se arregalando de surpresa.
— Você ganhou? — perguntou, incrédula. — E acha que isso justifica seu comportamento agora? Não é desculpa! Você é uma dama, não uma selvagem!
Aemond revirou o olho bom enquanto os observava discutir. baixou os olhos para a rainha, respeitosa. Era uma flor de Jardim de Cima, afinal de contas.
— Claro, Vossa Graça. Perdoe-me, isso foi impróprio da minha parte. Não irá acontecer novamente.
A rainha olhou para ela por um momento, aparentemente avaliando sua resposta, antes de assentir lentamente.
— É melhor que não — disse, severa, seus olhos estreitando-se ligeiramente. — Eu esperava mais de você, Minha Senhora. Você é uma filha de Jardim de Cima, e deve agir como tal. Uma senhora não se envolve em tais... brigas.
Lady Tyrell olhou para a filha, balançando a cabeça ao vê-la. Seu vestido estava rasgado e sujo, seus joelhos arranhados e vermelhos, e suas mãos cobertas de sujeira.
— Oh, olhe para você — ela quase choramingou, sua voz cheia de desaprovação. — Parece ter rolado com porcos em um poço de lama.
— Mamãe! — chiou em desagrado, sua voz subindo algumas oitavas.
— Quieta, criança! Não levante a voz na presença da Rainha! — Lady Tyrell vociferou, quase mais alto que a filha.
Aemond se divertia com aquela dinâmica caótica, compreendendo de onde havia herdado seu temperamento maciço. De repente, quase deu um pulo ao sentir o toque de Alicent em seu rosto, segurando-lhe o queixo.
— Deuses, que pancada. Deve ir ao Meistre ver isso. — Apontou com um clique de sua língua, seu toque suave como um beijo.
Aemond, já irritado e descontente, se consternou com a preocupação da mãe, porém sabia que seria do seu interesse obedecer. Ele bufou, deixando-a verificar.
— Não é nada — disse, a voz contrariada. Apesar de seu melhor esforço, ele estremeceu levemente quando a mão dela tocou o local machucado.
A carranca de Alicent se aprofundou enquanto ela examinava seu queixo, seus dedos tocando gentilmente a mancha roxa em sua pele. Ela notou sua leve estremecida e lançou-lhe um olhar de desaprovação.
— Não é “nada”, Aemond — disse, firmemente, seus olhos se estreitando em preocupação. — Você tem um hematoma e um corte. Deveria pedir ao Meistre para dar uma olhada e verificar se há algum dano subjacente.
Aemond revirou o olho para a agitação da mãe. Era só um pequeno corte e um hematoma, nada sério. Ele não precisava ver um meistre para isso, poderia lidar com isso sozinho.
— Eu não preciso ver um Meistre — retrucou, sua voz ainda levemente afiada com irritação. — Eu vou ficar bem. É só um pequeno machucado, vai sarar em alguns dias por conta própria.
Alicent não se convenceu com sua resposta casual. Como mãe, ela não conseguia deixar de se preocupar com seu bem-estar.
— Um “pequeno” machucado pode se tornar um ferimento sério se não for tratado — insistiu, sua voz cheia de preocupação maternal. — Você é um príncipe da coroa, tem uma reputação a manter. Não pode andar por aí parecendo ter sido atacado por um animal selvagem.
precisou de toda sua força para não cair na risada, nem sequer olhando para Aemond, pois sabia que não aguentaria se visse sua expressão de desalento.
Aemond cerrou a mandíbula, tentando ao máximo manter sua irritação sob controle. Sua mãe estava se preocupando com alguns arranhões como se fosse algum tipo de ferimento sério. Ele tinha suportado treinamentos piores com Ser Criston.
Mas o que realmente o irritava era a garota.
Ele praticamente podia senti-la segurando o riso, os cantos de sua boca tremendo como se ela estivesse tentando se conter para não rir. Ele queria desviar o olhar dela, mas não conseguia.
Alicent continuou examinando seu ferimento, sua testa franzida de preocupação. Por fim, deu um tapinha gentil em sua bochecha antes de finalmente soltar seu queixo.
— Você irá ver o meistre assim que retornar ao castelo — disse, firmemente, não deixando margem para discussão, seus olhos esverdeados encontrando seu olho bom. — E espero que você peça desculpas à sua prometida por colocá-la em tal situação.
levantou os olhos com aquelas palavras, um pequeno sorriso nos lábios de botão de rosa.
O olho de Aemond se arregalou diante da exigência de sua mãe e suas mãos se fecharam em punhos ao lado do corpo. Pedir desculpas? Para ela? Para a garota que o humilhou? Era insuportável. Era totalmente insultuoso.
— Não vou me desculpar — vociferou entredentes, sua voz fria e desafiadora. Podia sentir sua raiva aumentando. Ele não iria se humilhar mais. Não, não iria fazer isso.
Alicent suspirou, balançando a cabeça. Aemond estava sendo teimoso como uma mula. Ela estava prestes a dizer algo mais quando a garota falou.
— Está tudo bem. Não há nada do que se desculpar. — A voz de ressoou, doce como néctar.
Aemond olhou para , estreitando os olhos com a resposta. Ele não esperava que ela fosse a única a falar. Estava preparado para um sorriso malicioso ou um olhar presunçoso, não uma resposta graciosa como aquela.
Alicent também pareceu surpresa. Ela esperava que a garota aproveitasse essa chance de se gabar de sua vitória sobre Aemond, mas, em vez disso, estava sendo polida.
A boca de Aemond se estreitou em uma linha firme enquanto ele apertava a mandíbula, claramente ainda lutando com a ideia de se desculpar. Apesar de sua raiva, porém, havia um lampejo de curiosidade em seu olho enquanto ele encarava a garota.
Os dois continuaram se encarando firmemente até que Alicent limpou a garganta, chamando-os atenção.
Aemond desviou o olhar, sua expressão ainda rígida e ressentida. A garota, por outro lado, parecia um pouco corada, provavelmente percebendo que estava encarando-o por tempo demais.
Alicent, ao vê-los, não conseguiu deixar de sorrir levemente. Foi um pequeno momento de conexão entre eles, apesar da animosidade anterior. Ela limpou a garganta novamente e então voltou a falar, sua voz firme, mas terna:
— Acho que é melhor todos nós voltarmos para o castelo agora. — Ela encarou o filho e a garota, seus olhos passando rapidamente entre eles. — Está ficando tarde. Nós todos deveríamos nos arrumarmos para o Banquete da Colheita.
— Sim, minha rainha — disse, educadamente, fazendo uma reverência.
Ela e a mãe começaram a andar em direção ao castelo, mas ela virou-se para Aemond quando teve certeza de que elas não poderiam ouví-los.
— Eu ganhei. Você me deve minha parte do acordo — lembrou-o.
Aemond cerrou os dentes quando ela o lembrou do maldito acordo. Ele sabia que tinha perdido e aceitou relutantemente. Esperava que ela tivesse esquecido, mas não teve essa sorte.
— Tudo bem — rosnou, parecendo ter acabado de engolir um limão. — Você venceu. Vou te levar para o meu lugar favorito, quando você quiser.
— Hoje. Na hora do Banquete.
Aemond pareceu levemente surpreso com a imediatez do pedido. Não esperava que ela exigisse que a levasse imediatamente.
— Hoje? — repetiu, estreitando seu olho bom. — Você quer que eu te leve ao lugar hoje? É o último dia do ano!
— É. Perfeito para escaparmos das atenções das nossas mães e fugirmos do banquete.
Aemond levantou uma sobrancelha, considerando suas palavras. Na verdade, não era uma má ideia; a festa começaria em breve, e seria uma oportunidade perfeita para eles escaparem sem serem notados por suas mães e outros.
— Muito bem — concordou, sua voz rouca e relutante. — Vamos nos encontrar nos portões em uma hora.
— De acordo. Meu Príncipe. — Ela fez uma reverência como mandava o protocolo, mas seus olhos estavam no dele. Virou-se, por fim, sem dizer mais nada, caminhando em direção ao castelo.
Aemond observou-a enquanto se afastava, seu olhar demorando-se nela por um momento. Havia algo na maneira como ela disse "meu príncipe" que o pareceu zombeteiro e sincero ao mesmo tempo.
Ele revirou o olho e balançou a cabeça, resmungando baixinho.
— Fedelha.


Quase uma hora depois, arrumava seu cabelo em uma intrincada trança, preparando-se para ir ao lugar favorito do príncipe. Se perguntava onde seria, e o que teria lá; seria uma taverna? Um bordel? Não, este seria o outro irmão. A biblioteca do castelo? Deuses, estava se mordendo de curiosidade e empolgação pela aventura nova!
Escolhera um vestido verde que cobria seus arranhões e hematomas de mais cedo, as mangas longas adornadas com ramos dourados e miosótis no corpete. O príncipe mandara um recado instruindo-a a usar botas; perguntou-se o motivo, mas não questionou, colocando as que possuía para montaria. Assim, fez seu caminho para os portões do castelo, ignorando os olhares curiosos dos transeuntes que andavam na direção contrária, para o Grande Salão.
Aemond estava esperando-a perto do portão, encostado na parede de pedra. Havia trocado de roupa para um gibão preto casual, e o hematoma em seu queixo parecia ainda mais proeminente contra seu rosto pálido. Ao vê-la caminhando em sua direção, ele soltou um riso de escárnio, seu olho se movendo lentamente para cima e para baixo, observando sua aparência.
— Meu Príncipe. — fez uma elegante reverência, sorrindo.
Aemond revirou o olho mais uma vez, porém havia uma sugestão de sorriso nos cantos de seus lábios. Ela sempre parecia saber como irritá-lo, mesmo com apenas aquela simples saudação.
— Lady . — Ele retribuiu o gesto com um aceno de cabeça, gesticulando para que ela o seguisse enquanto ele se afastava da parede e começava a caminhar em direção ao caminho.
Após andarem em silêncio por uns bons minutos, começou a ficar impaciente. Esperava pelo menos que fosse dispor de cavalos para levá-los.
— Então… onde é este seu lugar favorito? — Arriscou, observando-o de canto de olho enquanto caminhava segurando a barra do vestido para não se sujar.
— Você verá — foi tudo que disse, continuando a andar, passando os portões da cidade. não queria, mas começara a se perguntar se ele não estava levando-a para um local afastado no intuito de matá-la e desovar-lhe o corpo como vingança por ter envergonhado-o mais cedo.
Aemond, por sua vez, estava perfeitamente consciente da crescente inquietação dela enquanto eles continuavam em direção ao seu destino, mas não disse nada ainda. O sorriso em seu rosto pareceu ficar mais largo, divertindo-se com seu medo.
notou aquele sorrisinho, cerrando a mandíbula e erguendo o nariz enquanto caminhava, muito senhora de si. O sorriso de Aemond se alargou ainda mais quando percebeu que ela tentava se endireitar e parecer imperturbável, apesar do medo crescente. Era um tanto cativante, a maneira como ela tentava manter sua compostura digna enquanto claramente estava em alerta.
— Não é mais tão audaz, não é? — provocou, sua voz cheia de diversão enquanto olhava para ela pelo canto do olho.
— Isto não é uma brincadeira, é? Ficarei muito irritada se me tirou do castelo para nada.
Aemond riu da resposta malcriada, o som baixo e rouco. Descobriu que gostava bastante de provocá-la, vendo-a tentar e falhar em esconder sua inquietação.
— Brincadeira? Estou apenas me divertindo um pouco, só isso — disse, o sorriso não deixando seu rosto enquanto eles continuavam caminhando pela floresta.
Após mais alguns minutos caminhando, chegaram a uma clareira gigantesca, onde sua dragão Vhagar dormia a sono solto. cobriu os lábios em surpresa, os olhos arregalados. Aemond olhou para ela, notando sua reação à visão de Vhagar na frente deles. Ela pareceu um tanto surpresa, o que era compreensível. Nem todo mundo cresceu perto de dragões, e Vhagar era uma visão impressionante de se ver, mesmo para ele.
— Impressionante, não é? — perguntou, sua voz cheia de orgulho. A grande dragão era seu orgulho e alegria, e ver seu espanto era estranhamente satisfatório. Ele parou e se virou para encará-la, seu olho bom estudando sua reação.
— Deuses, ela é… maior do que eu imaginava. Gigantesca!
Aemond sorriu, satisfeito em ouvir a apreciação por Vhagar.
— Sim, ela é. O maior dragão vivo do mundo, na verdade — gabou-se, olhando para o dragão adormecido com orgulho. Ele tinha se unido a ela anos atrás, e o elo que eles compartilhavam era forte e poderoso. — Uma força a ser reconhecida. Imbatível em batalha e uma companheira leal.
achou adorável a forma que ele falava da criatura como se fosse um cachorrinho de colo, mas nada disse, ainda encarando-a com reverência no olhar. A dragão, parecendo sentir a presença de seu cavaleiro, abriu os olhos, primeiro olhando com desconfiança, os dentes do tamanho de adagas aparecendo por baixo das escamas.
Aemond riu quando viu Vhagar abrir os olhos e virar o olhar para eles. Ela sempre fora protetora com ele, cautelosa com estranhos. O príncipe deu um passo para mais perto do dragão, sua mão descansando em seu focinho enquanto tentava acalmá-la.
— Calma, garota. Não há mal nenhum aqui. — ele murmurou em Alto-Valiriano, sua voz suave e calmante. Virou-se então para olhar para , um sorriso brincando em seus lábios novamente. — Parece que ela também não confia em você.
Oh, há, há. Ela é desconfiada igual ao montador, então — debochou de volta, retorcendo os lábios em desagrado.
Aemond revirou o olho, mas seu sorriso permaneceu em seu rosto. Ele achou a tentativa de atrevimento dela bastante cativante, apesar de tudo.
— Cuidado com o que você está dizendo, ou ela pode te queimar até virar um pedaço de bacon crocante — avisou, sua voz um rosnado baixo. Não estava realmente preocupado que Vhagar faria algo com ela, mas ainda gostava de provocá-la.
revirou os olhos.
— Este é seu lugar favorito? — perguntou, e sentiu-se frustrada quando ele negou com a cabeça. — Então para que me trouxe aqui?
Aemond riu da pergunta dela, o sorriso ainda no rosto. Ele se recostou em Vhagar, cruzando os braços sobre o peito.
— É parte disso — respondeu, enigmaticamente, seu olhar fixo nela. Estava gostando de mantê-la em suspense um pouco mais, só para ver sua reação.
, ao cair em si, ficou pálida.
Não… irá me levar para voar?
Ele riu da reação chocada, seu sorriso se alargando ainda mais. Estava gostando do choque e da descrença dela. O medo que ele viu nos seus olhos também lhe era bastante satisfatório.
— Sim, é exatamente isso que estou fazendo — confirmou, sua voz cheia de presunção. Ele se afastou de Vhagar e se aproximou dela, estudando seu rosto. — Você não está com medo, está?
Os olhos de se arregalaram e ela abriu um largo sorriso. Deveria estar parecendo uma maníaca, mas naquele momento, nada importava.
— Está brincando? Isso é incrível! Quando que uma garota como eu teria oportunidade de voar em um dragão? — soltou, em uma voz estridente de excitação, sem conseguir se conter.
Aemond não pôde deixar de ficar um pouco surpreso com a reação dela. Esperava que estivesse assustada, porém, em vez disso, parecia positivamente emocionada. Seus olhos brilhavam de êxtase e um largo sorriso se espalhava por seu rosto. Não era a reação que ele esperava, mas se viu estranhamente cativado.
Ele se aproximou ainda mais dela, seu olho vagando por seu rosto.
— Presumo que você não tenha medo de altura, então?
— Até agora, não, mas iremos descobrir. — Cobriu os lábios com uma risada de júbilo. — Ela não irá me devorar se eu chegar mais perto, irá?
Aemond soltou um riso de escárnio, divertindo-se com a pergunta. Sabia que Vhagar não iria machucá-la, não com ele ali. Mas ainda não conseguia resistir à vontade de provocá-la um pouco mais.
— Ela é um dragão, não um cachorro. Não devora pessoas ao próprio bel-prazer — disse, sua voz cheia de um toque de zombaria. Ele sorriu enquanto continuava, gesticulando para Vhagar. — Embora, se você agir como uma presa, ela pode decidir se divertir um pouco com você.
— Ela responde a você e apenas a você, então. Isso não me tranquiliza muito.
Aemond não conseguiu deixar de aproveitar a ousadia dela, mesmo que fosse para ser sarcástica.
— Exatamente. Mas não se preocupe, eu irei te salvar das mandíbulas dela, se ela decidir que está com fome — zombou, satisfeito. Inclinou então a cabeça enquanto olhava para ela, ainda se divertindo com sua atitude destemida. — Não está nem um pouco assustada, está?
— Seria uma tola se não estivesse — murmurou, sua mão coçando para tocá-la.
Aemond revirou o olho novamente, mas, dessa vez, havia uma pitada de diversão em sua expressão. A admissão de medo dela foi um alívio; mostrou que ela tinha pelo menos um pouco de bom senso, apesar de sua bravata anterior. Ele olhou para , ainda parada atrás dele, e riu.
— Você pode chegar mais perto, sabe. Não vou deixá-la te comer. Ela vai se comportar, contanto que você não a provoque.
ergueu-lhe uma sobrancelha, tendo em mente soltar uma piada sarcástica, mas apenas deu um passo à frente, estendendo a mão trêmula para acariciar a dragão.
Não foi muito longe, porém. Uma hora estava caminhando, na outra, o chão lhe alcançava, tirando-lhe o ar e fazendo com que arranhasse as palmas das mãos ao tentar amparar a queda. Vhagar soltou um rosnado e deu um passo para trás, ainda mais desconfiada.
olhou para trás e viu o pé de Aemond estendido e um sorriso macabro nos lábios do príncipe.
— Sério isso? O que foi, retribuição por mais cedo? — questionou do chão, encarando-o furiosa. — Ela poderia ter me devorado!
Aemond mantinha seu sorriso largo enquanto olhava para ela de sua posição acima.
— Considere isso uma pequena retribuição, sim — disse, com um aceno de cabeça, sua voz cheia de satisfação. Ele tinha que admitir, esta era uma maneira adequada, e parcialmente segura, de se vingar dela por isso.
A Tyrell levantou-se irada, ajeitando o vestido e retirando sujeira de onde podia, seus lábios cheios em um bico irritado.
Aemond observou-a, seu olhar ainda vagando por sua figura antes de retornar ao seu rosto. Sua raiva só pareceu fazê-la parecer mais atraente e ele não conseguiu evitar sorrir novamente.
— Está se sentindo um pouco chateada, é? — perguntou, sua voz baixa e zombeteira.
— Tenho algumas palavras muito impróprias para uma lady para lhe dizer.
— Ah, tenho certeza que sim. Mas não ousaria dizê-las, não com Vhagar tão próxima. Sabe-se lá o que poderia acontecer se eu me aborrecesse, não é?
Antes que a garota pudesse responder, Aemond estendeu a mão. Ela o observou por alguns segundos, desconfiada, mas por fim, a pegou. O príncipe a guiou até a dragão, colocando a palma de sua mão contra suas escamas, posicionando-se atrás da Tyrell.
soltou um arfar de surpresa ao perceber que Vhagar quase fervia ao toque. Não sabia por que esperava que fosse ser fria, era um dragão, afinal de contas. Uma das mãos de Aemond segurava sua cintura enquanto a outra a mantinha em contato com Vhagar, e observou-lhe os dedos longos e finos, uma mão elegante.
Aemond não pôde deixar de sentir uma ponta de satisfação enquanto ela continuava a acariciar a dragão, claramente aproveitando a experiência e esquecendo sua raiva, pelo menos, por enquanto.
Ele deu um passo para mais perto, seu olho ainda fixo em seu rosto, o peitoral agora diretamente contra as costas dela.

— Viu? Ela não é tão assustadora, é?
— ?Ela nunca foi a verdadeiramente assustadora — retrucou, sentindo um novo calor que nada tinha a ver com a dragão.
Aemond sorriu novamente com a declaração. Sabia exatamente o que ela estava insinuando e não pôde deixar de sentir uma pontada de satisfação por ela vê-lo como mais assustador do que seu dragão.
— E o que te faz pensar que eu sou mais assustador do que Vhagar? — ele perguntou, sua voz baixa e zombeteira, um sussurro em seu ouvido.
— Ora, vamos, admita. Ama isso. Tem prazer em ser temido. — continuou acariciando-a, tentando ignorar a sensação intumescente dentro de si.
— Oh, acha que me tem completamente decifrado, não é? — Aemond zombou, apertando-lhe a cintura brevemente. — Acho que ela gosta de você. Ande, vamos para nosso voo.
O príncipe, de maneira cavalheiresca, auxiliou-a a escalar as cordas que levavam à sela de Vhagar, suas mãos firmes ao redor da cintura de . Seu toque era como brasa e ela não pôde evitar se sentir extremamente… desconfortável.
— E nem pense em olhar debaixo do meu vestido! — ralhou, mesmo sabendo que não corria esse perigo.
Aemond riu com escárnio.
— Não sou meu irmão, minha senhora.
Os dois continuaram escalando até que finalmente chegaram ao topo, os braços de agradavelmente doloridos pelo esforço. Ele posicionou-se atrás dela, puxando-a contra si, e ela soltou um “ui” surpreso quando sentiu as costas baterem com força contra o torso torneado do príncipe, suas bochechas esquentando.
Aemond não pôde evitar respirar fundo, aspirando o aroma de flores do cabelo da garota, seu olho levemente se fechando. Ela conteve um arrepio, as coxas duras do rapaz mantendo-a no lugar e, por um momento, sentiu-se segura.
Ele mostrou-a onde segurar, garantindo-a que não haveria perigo. Por fim, soltou um comando em alto valiriano, fazendo a dragão levantar-se preguiçosa e pesadamente, sacudindo-se como um cão e abrindo as asas, tão gigantes que se assemelhavam ao teto de uma caverna. Por fim, deu alguns passos e alçou voo, lançando um frio na barriga agradável em .
Ela soltou uma risada quase histérica, divertindo-se com a nova experiência. Aemond sentiu a risada e não conseguiu evitar sorrir também, a reação lhe trazendo um estranho tipo de alegria. Ele saboreou o som, a sensação de seu corpo pressionado contra o dele e a visão da euforia enquanto experimentava seu primeiro voo de dragão com ele.
Aemond inclinou-se levemente, seus lábios perto do ouvido dela enquanto falava sobre o rugido do vento:
— Se divertindo, não é?
virou-se para encará-lo, percebendo que estava próximo demais. Seus olhos se arregalaram e seus lábios se entreabriram, uma expressão atordoada tomando-lhe o rosto. Aemond segurou-lhe o olhar por um momento, seu olho estudando seu rosto atentamente. Ela era ainda mais bonita de perto e ele se viu incapaz de desviar o olhar. Seus braços em volta da cintura dela a apertaram levemente, segurando-a ainda mais firme contra seu peito.
Após Vhagar fazer uma manobra particularmente brusca, Aemond riu levemente, apreciando o som do grito de e sentindo o seu corpo tremer em seus braços. Ele se inclinou um pouco mais perto dela novamente e sussurrou em seu ouvido:
— Cuidado para não cair.
— Me deixaria cair, Meu Príncipe? — questionou, o título de alguma forma parecendo-lhe mais íntimo.
Aemond sentiu o rosto dela virar-se para ele novamente, a maciez de sua bochecha roçando na sua por um momento. Não pôde deixar de notar novamente o quão delicadas eram suas feições, o quão bonita ela parecia, especialmente ao luar.
Ele riu baixinho, seus lábios se curvando em um sorriso irônico para sua pergunta. Puxou-a então para mais perto dele, seus braços envolvendo firmemente sua cintura fina, enquanto falava em seu ouvido mais uma vez:
— Não — sussurrou rispidamente. — Eu não deixaria você cair.


Logo chegaram a uma pequena ilha ao leste de Porto Real e Vhagar pousou pesadamente na areia, espalhando-a por todo lugar. Aemond ajudou a descer dela pelas cordas de sua sela até ficarem seguros no chão.
— Obrigada — disse, sua voz suave como um beijo. Por um momento, Aemond pensou que estava falando com ele, mas a donzela estava de fato agradecendo a Vhagar, acariciando suas escamas novamente.
Ele admirou o carinho e o cuidado que ela demonstrava por seu dragão. Não pôde deixar de sentir um senso de orgulho enquanto a observava acariciar as escamas de Vhagar, seus olhos vagando por seu rosto e o toque suave e gentil de sua mão.
— Ela gosta de você — constatou em um tom baixo, quebrando o silêncio. — Ela geralmente não é tão amigável com estranhos.
— Bem, em minha defesa, sou uma estranha muito charmosa — brincou. — Foi uma piada, pode rir.
Aemond riu, um sorriso genuíno se espalhando por seu rosto. O comentário dela foi cativante e ele achou sua tentativa de humor divertida.
— Uma estranha muito charmosa, de fato — respondeu com uma pitada de zombaria, espelhando suas palavras e enfatizando seu comentário anterior. Ele deu alguns passos em sua direção, diminuindo a distância entre eles. — Você também é bastante destemida. Não conheço muitas donzelas que montariam em um dragão com um príncipe estranho.
— Bem, tal príncipe será em breve meu marido, não é? — Ela sorriu. — Confiança não é, supostamente, uma parte do matrimônio?
Aemond soltou um riso de escárnio, um sorriso malicioso se espalhando por seus lábios com aquelas palavras. Ele deu outro passo à frente, diminuindo ainda mais a distância entre eles, seu olho estudando o rosto dela atentamente.
— Confiança faz parte do casamento, sim — murmurou, sua voz caindo para um tom mais baixo enquanto respondia. Ele não pôde deixar de saborear a sensação dela parada tão perto dele, seus corpos quase se tocando. — Mas a maioria das donzelas não confia tanto em seus prometidos. Ou você é destemida ou terrivelmente tola.
— Bem, você que é tolo se acha que eu vim sem certas precauções. — Ela riu novamente, caminhando despreocupada pela areia. — Eu me certifiquei de que pelo menos um guarda Tyrell nos visse sair, e eu disse à uma criada de minha confiança que eu estava saindo com você. A Casa Tyrell é uma das casas mais ricas e poderosas de Westeros. Você certamente não seria estúpido em fazer algo contra sua filha mais velha.
Aemond sorriu com malícia. Claro que ela tomaria precauções antes de ir com ele. Não esperava menos dela, e tinha que admitir, sua astúcia era admirável.
— E o que te faz pensar que eu faria qualquer coisa contra você, mesmo que ninguém estivesse olhando? — perguntou, sua voz assumindo um tom de zombaria mais uma vez enquanto se aproximava.
A Tyrell deu de ombros.
— Nada. Mas foi você quem disse que muitas donzelas não confiavam tanto em seus prometidos.
Aemond riu novamente, balançando a cabeça com a resposta. Ela tinha um jeito inteligente de distorcer as palavras dele e jogá-las de volta como uma maré violenta. Ele deu outro passo à frente, seu corpo agora tão perto do dela que quase podia sentir-lhe o calor irradiando.
— Verdade — admitiu, sua voz caindo para um tom mais baixo enquanto falava. — Mas isso não significa que eu faria algo com você. Eu não sou o monstro que pensa que eu sou, Lady .
— E quem disse que te acho um monstro? — ela retrucou, virando-se para encará-lo. — Certamente não acha que tenho medo de você, não é?
Aemond a observou com escrutínio, seu olhar fixo no dela enquanto dava mais um passo à frente. Havia um toque de zombaria em sua voz enquanto falava, mas não conseguia esconder o leve toque de surpresa.
— Você não tem medo de mim, tem? Não, eu não acredito que tenha. — Ele continuou a encará-la, seu olho estudando-a enquanto considerava suas próximas palavras. — O que você pensa de mim, então? Se você não me acha um monstro, então o que você acha que eu sou?
— Ora… Realmente quer saber?
Aemond observou seu sorriso irônico, uma pitada de curiosidade em seu olho. Ele não sabia se ela iria elogiá-lo ou insultá-lo, mas estava intrigado.
Deu de ombros despreocupadamente e falou, fingindo falta de compromisso.
— Por que não? Estou curioso para ouvir seus pensamentos.
A Tyrell andou ao redor com um olhar pensativo, suas mãos atrás das costas de maneira composta.
— Então este é seu lugar favorito. Por quê?
Aemond a observou enquanto andava, seu olhar nunca deixando sua forma. Notou o jeito que suas mãos estavam atrás das costas e não pôde deixar de achar aquilo cativante.
Ele riu baixinho da pergunta e deu alguns passos para mais perto da garota.
— É quieto e isolado — justificou, sua voz baixa e quieta, como se estivesse compartilhando um segredo com ela. — É longe o suficiente da cidade para que ninguém possa nos perturbar. Eu venho aqui para ficar sozinho, para fugir do caos e do barulho de Porto Real. Além disso… — ele hesitou. — Chegue mais perto do oceano.
franziu a testa.
— Por quê?
Aemond sorriu levemente para sua carranca, divertindo-se com seu ceticismo. Ele deu outro passo em direção a ela.
— Só faça — pediu, seu tom baixo e provocador. — Confie em mim, eu tenho um motivo.
A donzela suspirou, levantando a barra do vestido e caminhando em direção à água. Assim que começou a sentir a areia ficar úmida, um show de luzes se estendeu abaixo de seus pés, algas bioluminescentes brilhando num tom forte de azul por toda beira da praia. Ela arfou em choque, o rosto belo iluminado pelo espetáculo da natureza.
— Deuses! O quê…?
Aemond seguiu de perto atrás, observando enquanto ela entrava na água e os plânctons começavam a brilhar em resposta. Ele não pôde deixar de sorrir com a reação dela, seu coração pulando uma batida quando seu olhar de choque e admiração capturou sua atenção.
— É algo e tanto, não é? — murmurou, sua voz suave.
sentiu os olhos encherem-se de lágrimas de emoção, sentindo-se como uma garotinha que havia acabado de ganhar um doce muito desejado. Com um sorriso travesso, começou a pular por todos os lugares, testando a bioluminescência e se divertindo.
Aemond achou aquilo encantador, o prazer dela com a beleza simples dos plânctons brilhantes quase cativante. Ele a seguiu, seu olhar nunca se afastando, observando-a enquanto se movia na água. O brilho suave das algas refletia-se nela, fazendo-a parecer algo saído de um sonho.
Aproximou-se dela, ficando ao seu lado enquanto ela olhava para a água brilhante, seu olhar fixo em seu rosto. Parecia tão bela, banhada pela luz azul assustadora dos plânctons. Tão bela e inocente.
Ele não conseguiu evitar soltar uma risada suave enquanto falava.
— Você sabe que a maioria das garotas da sua idade acharia isso assustador, não é?
— Como alguém pode achar isso assustador? É a coisa mais linda que eu já vi! — ela retrucou com bravata, vendo algumas manchas de luz grudadas na parte inferior do vestido. — Eu posso ver porque este é seu lugar favorito. É lindo.
Aemond sorriu, seu olhar percorrendo as manchas de luz que agora estavam grudadas em seu vestido. Ela parecia uma criatura de um conto de fadas, banhada no suave brilho azul, as manchas de luz refletindo em seu cabelo e pele.
— Eu sabia que você iria gostar — disse, calmamente, sua voz baixa e suave, enquanto seus olhos absorviam sua beleza. — Você é rara, Lady . A maioria das mulheres estaria gritando com a visão e correndo o mais rápido que suas pernas pudessem levá-las... e este não é exatamente meu lugar favorito ainda.
A donzela franziu levemente a testa, virando-se para encará-lo, surpresa.
— Como assim? E onde é?
Aemond a encarou, seu olho estudando seu rosto enquanto um sorriso malicioso, quase perigoso, se espalhava por seus lábios.
— Siga-me.
Ele a puxou pela mão, seus dedos calejados envolvendo os macios e suaves como uma seda de Lys da Tyrell, puxando-a para longe da praia e em direção ao coração da ilha. Após uma breve escalada, que Aemond auxiliou-a na maior parte do tempo, os dois chegaram ao topo de um monte, respirando fundo o ar gelado para recuperar o fôlego.
— Consigo compreender porque é tão esguio, agora. Realmente adora suas caminhadas — provocou-o, olhando em volta.
Aemond encarou-a com um leve sorriso no rosto.
— E, ainda assim, você mal cansou — respondeu, ficando ao lado dela, observando a paisagem diante deles com um olhar satisfeito.
O topo da montanha oferecia uma vista de tirar o fôlego, a terra e o mar espalhados diante deles. Ao longe, Porto Real, com a Fortaleza Vermelha apontando para o céu, suas luzes perfeitamente visíveis. olhava quase hipnotizada com a visão, surpresa, um silêncio reverencioso mantendo-se.
Aemond a observou enquanto ela encarava a vista diante deles, seus lábios ligeiramente separados, seus olhos arregalados de espanto. Ele riu baixinho, seu olhar percorrendo o rosto dela, seu braço envolvendo sua cintura, puxando-a para mais perto, seu torso em suas costas.
Este é meu lugar favorito — sussurrou em seu ouvido, sua voz baixa, a respiração quente contra o local.
Ela continuou observando em silêncio.
— É tão… quieto — sussurrou de volta, quase como se temesse perturbar o silêncio do lugar.
— É — ele murmurou, seu braço ainda em volta dela, seu corpo tão perto do dele. Ele respirou fundo, seu peito subindo contra as suas costas, seu olhar fixo na vista diante deles, mas sua atenção fixada nela. Senti-la tão perto era calmante e estimulante ao mesmo tempo. Não era assim que ele havia imaginado que o passeio seria. — Você realmente é destemida — comentou, depois de algum tempo. — Eu teria presumido que você estaria tremendo com a ideia de ficar sozinha comigo em um lugar isolado.
virou-se para encará-lo, erguendo uma das sobrancelhas.
— Considerando que iremos nos casar, passaremos muito tempo isolados. Pelo menos, eu espero.
Ele riu friamente da brincadeira, divertindo-se com suas palavras. Seu olho percorreu-lhe o rosto.
— Ah sim, vamos nos casar, não vamos? — Como se para confirmar suas palavras, seu braço em volta da cintura dela a puxou para ainda mais perto, seu peito contra o dela. — Talvez se iremos passar algum tempo sozinhos juntos, você devesse parar de fazer piadas. Nunca se sabe… — ele fez uma pausa, olhando para ela com um sorriso malicioso — … o que pode acontecer.
Antes que a donzela pudesse responder, Aemond segurou-a bruscamente pelos braços, perto do ombro, impulsionando-a para trás como se fosse jogá-la do penhasco. fechou os olhos abruptamente, seu estômago dando um solavanco e seu coração batendo mais rápido que o de um beija-flor até que ela ainda sentisse as mãos apertadas fortemente em volta dela.
Aemond soltou uma risada baixa, observando-a estremecer enquanto ele a segurava perto da beira do penhasco. O coração dela batia tão rápido que ele podia sentir-lhe a rápida vibração da pulsação na pele sob seu toque. Ele sabia que não deveria estar brincando com ela daquele jeito, provocando-a daquela forma, mas não conseguiu se conter. O medo dela era muito divertido.
— Abra os olhos, pequena Tyrell.
abriu os olhos relutantemente, sentindo as pernas bambearem, o príncipe ainda segurando-a firmemente no lugar. Com um pequeno grito de fúria, empurrou-o para longe, caminhando para se distanciar da borda do penhasco.
— Isso não teve graça!
— Ora, vamos, foi apenas uma brincadeira. — Aemond massageou o ombro após seu empurrão, sorrindo com crueldade.
— Perguntou-me o que eu achava de você, não foi? — perguntou, esbaforida, alguns fios revoltos escapando-lhe da trança, suas mãos se fechando em punhos.
Aemond riu da sua expressão furiosa. Sabia que ficaria brava, mas não esperava que fosse ficar tão possessa. Era adorável o quão irritada ficava com ele.
— Perguntei, pequena Tyrell — respondeu, seu tom baixo e provocativo. Ele deu um passo para mais perto, diminuindo a distância entre eles mais uma vez. Seu olho percorreu-lhe o rosto, observando suas bochechas coradas e a expressão furiosa.
— Acho que foca tanto em me fazer ter medo de você, mas em realidade, você é quem está com medo.
— Eu? Com medo? — Aemond soltou uma risada fria de disparate. — Então me diga, rosa dourada. Do que tenho medo?
— De deixar qualquer um entrar. De deixar alguém ver além do papel de príncipe arrogante e frio.
O olho de Aemond escureceu com aquelas palavras, o sorriso irônico lentamente desaparecendo de seus lábios. Ela estava certa, é claro. Ele passara tantos anos se protegendo, nunca deixando ninguém chegar muito perto. Mas a maneira como ela vira através dele, a confiança com que falou... ele ficou quase impressionado.
Deu um passo para mais perto, agora elevando-se sobre ela, sua expressão quase ilegível. Seu tom era baixo e perigoso.
— E se eu estava tão assustado — disse, seu olhar fixo em seu rosto — por que eu te traria aqui?
riu com sarcasmo.
— Gosta de pensar que é porque é tão nobre que nunca daria para trás em uma promessa, mas a verdade é que quer que eu veja além. Então deixe-me entrar, Sete Infernos! Pare de tentar me assustar para que me afaste, isso não irá acontecer!
Aemond a observou, sua mandíbula cerrando-se e relaxando, um sinal óbvio de sua tentativa de manter a compostura. Ela queria que ele a deixasse entrar, que a deixasse ver o verdadeiro ele, mas como poderia? Ela ainda era inocente, uma linda mocinha que não sabia nada sobre ele, do que ele era realmente capaz.
Ela o fazia se sentir vulnerável, exposto. Ele odiava isso, e ainda assim, não conseguia negar a estranha sensação em seu peito que sentia toda vez que olhava para ela.
— Você está brincando com fogo, pequena Tyrell.
— Não me importo de me queimar um pouco — ela retrucou, teimosa.
O olho de Aemond escureceu enquanto ele ouvia suas palavras. A confiança descarada em sua voz fez algo em seu peito se agitar. Ele deveria tê-la colocado em seu lugar, lembrado quem ele era, avisado-a do que ele era capaz. Mas... não conseguiu.
Suas palavras atingiram um nervo, um desejo enterrado dentro dele que permaneceu intocado por muitos anos.
Sem pensar, seus dedos se fecharam em volta do pulso dela, e ele a puxou para si, pressionando seu corpo contra o dele. Uma de suas mãos foi ao pescoço de , apertando-o, não o suficiente para cortar algum fluxo de ar, mas apenas para assustá-la.
Porém, aquilo não aconteceu. Ela ergueu o queixo, encarando-o com obstinação.
O olho dele procurou-lhe o rosto, observando sua expressão de perto mais uma vez: a cor rosada de suas bochechas, a maneira como seus lábios se separavam quando ela respirava, seu cabelo suavemente despenteado pelo movimento do vento na montanha.
A proximidade dela fez seu coração bater mais rápido, o calor de sua pele sob seu toque queimando através de suas roupas. A maneira como seu peito subia e descia a cada respiração, sua cabeça inclinada para trás para olhar para ele, seus lábios tão perto...
Ele queria gritar com ela, colocá-la em seu lugar, mas em vez disso, se viu puxando-a ainda mais para perto, seu corpo contra o dela, seu peito contra seus seios. Sua mão em seu pescoço pressionou levemente, o contato com sua pele fazendo faíscas descerem por sua espinha.
sentiu-se ficar mole em seus braços, seus olhos tremulando. Estava completamente à mercê do príncipe.
Ele abaixou a cabeça, o olhar fixo em seu rosto, o peito subindo e descendo rapidamente, os lábios pairando sobre os dela enquanto falava, o tom baixo e rouco:
— Ainda se sente destemida, pequena Tyrell?
Ela abriu os olhos levemente para encará-lo.
— Você se sente? — desafiou.
Aemond observou-a, seu olhar ousado e desafiador, mesmo sob seu domínio sobre ela. Seu olho se estreitou enquanto ele falava em um tom baixo, sua respiração se misturando com a dela, seu coração batendo tão rápido que ele pensou que rasgaria seu peito.
— Eu não tenho medo de nada, minha pequena flor.
Ele cessou a distância restante entre eles, seus lábios pressionando rudemente contra os dela em um beijo possessivo, quase imprudente. A donzela arfou contra seus lábios, uma de suas mãos dirigindo-se para a parte de trás da cabeça do príncipe e a outra apertando-lhe o ombro largo. O beijo não era nada como previra; era quente, bruto e tinha gosto de proibido. Ela sentia como se fosse desmaiar a qualquer momento.
Aemond gostou de sentir as mãos sobre ele, apertando-lhe levemente o pescoço. Saber que ela era uma dama de nascimento nobre, jovem e inexperiente, e ainda assim, lá estava ela, em seus braços, deixando-o beijá-la e tocá-la… isso o deixava louco. Ele estava atordoado. A maneira como ela respondia aos seus toques, os sons suaves, só podiam significar que a garota era de fato uma donzela, intocada, pura.
Ele sorriu levemente contra os lábios dela enquanto pressionava mais e mais o corpo contra o seu, seus gemidos e suspiros fazendo seu coração já acelerado bater ainda mais rápido. Ele não conseguia se lembrar da última vez que se sentiu tão imprudente, tão ansioso para beijar uma mulher.
A mão dele em seu pescoço começou a vagar lentamente pelo corpo, sentindo as curvas suaves sob seus dedos, enquanto a outra mão se movia para a parte inferior das costas dela, segurando-a firmemente contra ele. Aemond sentiu os dedos dela em sua pele, suas carícias suaves e quase gentis enviando arrepios prazerosos por sua espinha. Ela era tão diferente de todas as mulheres com quem ele já estivera. Onde elas normalmente procurariam agradá-lo, ela parecia não ter ideia de como se comportar, agindo puramente por instinto. Isso só o fez ansiar e desejá-la ainda mais.
A mão dele continuou a vagar pelas suas costas, dos quadris até a cintura, sentindo as curvas de sua figura através do tecido do vestido. Enquanto eles continuavam a se beijar, ele a empurrou para trás e alcançaram o tronco de uma árvore. Seu joelho se moveu entre as pernas dela, quase por instinto, forçando-as a se separarem enquanto ele se movia rente à ela. Sua mão na parte inferior das costas dela a empurrou, pressionando o corpo contra o seu, o contato fazendo seus pensamentos girarem.
Ele interrompeu o beijo, seus lábios deixando os dela, e começou a descer pelo seu pescoço, deixando um caminho de beijos quentes e pecaminosamente molhados sobre sua pele, suas respirações saindo em rajadas curtas enquanto ele descia-lhe pela garganta.
— Deuses… Aemond… — Ele notou que ela usara o seu primeiro nome, sem títulos, sem nada. Aquilo quase o lançou numa espiral de loucura. — Talvez devêssemos parar antes de irmos… longe demais.
Os lábios de Aemond ainda estavam em sua pele, saboreando o sal de sua essência enquanto seus beijos desciam por seu pescoço, sobre sua clavícula, e então subiam novamente. Ele ouviu seu gemido suave, o som de seu ofegar causando um calor em seu corpo.
Ela estava certa. Eles deveriam parar, por mais que estivesse relutante em fazê-lo. Ele sabia que ir longe demais sem dúvida teria consequências que nenhum deles gostaria de lidar no futuro.
Ele relutantemente se afastou, sua testa encostada no tronco da árvore, sua respiração irregular e rápida. pressionou levemente o nariz contra seu pescoço, inundada por seu cheiro.
— Posso lhe pedir apenas mais uma coisa?
Aemond sentiu seu suspiro, seu hálito quente contra sua pele enviando uma descarga de prazer por seu corpo. O rosto dela contra seu pescoço o deixava louco, sua pele quente, seu doce perfume o envolvendo. Ele teve que se impedir ativamente de se inclinar e cobrir a boca dela com a sua mais uma vez.
— O que foi, pequena Tyrell? — perguntou em uma voz baixa e rouca, seu corpo ainda pressionado contra o dela.
— … Deixe-me vê-lo. — Ela olhou para o tapa-olho e para seu rosto novamente, como que para ilustrar o que realmente queria dizer.
A expressão de Aemond escureceu com as palavras dela, uma sensação imediata de defesa tomando conta dele. Ninguém tinha visto seu olho perdido além de sua família, e mesmo isso não tinha sido fácil de aceitar. No entanto, agora a doce e linda garota em seus braços queria ver a mutilação sob o tapa-olho de couro.
Ele considerou recusar o pedido dela por um momento, mas seu olhar estava cheio de curiosidade honesta. Ela olharia para ele de forma diferente se a deixasse ver seu rosto mutilado?
Ele segurou o olhar dela, procurando seu rosto, seus pensamentos correndo. O silêncio parecia quase ensurdecedor, a tensão no ar pesada entre eles.
Finalmente, sem desviar o olhar dos dela, alcançou o couro do tapa-olho. Com um movimento gentil e quase hesitante, ele removeu-o do rosto, deixando-o cair no chão.
ergueu as sobrancelhas em surpresa. Esperava qualquer coisa, menos uma safira gigante tomando o lugar do olho que ele perdera. De certa forma, era quase poético. Uma joia preciosa para substituir a preciosidade da visão perdida.
— Ainda dói? — ela perguntou num sussurro, como se temesse que qualquer movimento brusco o lançaria para longe dela e o fecharia para sempre.
Aemond sentiu os dedos finos dela traçando a cicatriz em seu rosto, o toque tanto calmante quanto emocionante, acendendo faíscas de algo desconhecido em seu peito. Ele conteve um calafrio, mas não se moveu.
— Não, não dói mais — respondeu em uma voz suave, observando-a atentamente enquanto ela tocava sua pele com as pontas dos dedos, seu toque tão gentil e cauteloso, como se tivesse medo de machucá-lo. Sua mente estava girando com emoções diferentes, o sentimento de vulnerabilidade se misturando com outra coisa, algo mais... terno.
soltou uma leve risada, seus olhos enevoados com alguma memória distante.
— Sabe, meu pai costumava ter uma terrível cicatriz de justa no ombro, bem maior e mais profunda que a sua. De alguma forma, ele sempre sabia quando iam ocorrer tempestades. Dizia que a cicatriz o avisava.
Aemond bufou em diversão, sua boca se curvando em um meio sorriso com as palavras dela. O toque gentil contra sua bochecha, a risada suave e inocente... tudo o fez sentir como se estivesse em um sonho, a realidade de seu rosto desfigurado completamente esquecida por um momento.
— É mesmo? — perguntou, sua voz gentil enquanto ela continuava a traçar o caminho da cicatriz em seu rosto. — Minha cicatriz não me avisa sobre o clima.
— Que pena, então. — Ela riu, acariciando seu rosto. — Você é muito bonito, sabia?
Aemond sentiu seu coração falhar uma batida, as palavras dela provocando uma vibração desconhecida em seu peito. O toque gentil em seu rosto, o tom doce de sua voz, a maneira como ela olhava para ele... tudo aquilo o fez sentir coisas que ele pensou ter deixado para trás quando perdeu o olho.
Ele estava esperando, se preparando para o horror, desgosto ou pena em seu olhar quando ela visse sob o tapa-olho. Mas tudo o que ele viu em seus olhos expressivos foi gentileza, cuidado e algo mais que ele não conseguia nomear.
— Você não precisa dizer isso.
franziu a testa, confusa.
— Isso não é… não é isso que dizemos quando somos elogiados! Ora, vamos tentar de novo. Eu digo que você é bonito, e você diz “obrigado, Lady ”. Uau, Príncipe Aemond, você é muito bonito. — Acenou-lhe a mão, gesticulando para que falasse.
Os lábios de Aemond se curvaram em um sorriso, sua expressão afetuosa mesmo quando ele revirou o olho, divertindo-se com a insistência dela. Ninguém nunca tinha falado com ele dessa maneira antes, especialmente quando se tratava de sua aparência física, mas algo sobre a ousadia e a insistência inocente em sua voz e linguagem corporal fez seu peito doer com algo que ele não conseguia colocar em palavras.
— Entendo — disse, sua boca ainda torta em um sorriso divertido. Ele então obedientemente repetiu depois dela. — Obrigado, Lady .
— Olha aí. Foi bom. Da próxima vez, use um pouco mais de entusiasmo. E talvez um sorriso verdadeiro em vez de um irônico? — ela o provocou.
Ele bufou em falsa irritação com as palavras dela, seu sorriso ainda torto no rosto.
— Você é muito exigente, sabia? O que eu deveria ganhar em troca desses esforços de “entusiasmo e sorrisos”?
riu levemente, acariciando-lhe o rosto.
— Ora, eu… — Porém, antes que pudesse dizer algo mais, seu rosto se iluminou, um sorriso jovial tomando-lhe os lábios. — As lanternas!
Ela correu para a borda do penhasco, olhando para a lonjura de Porto Real. Aemond se virou instantaneamente para olhar na direção que ela estava encarando, seu olho se arregalando com a visão. Estava tão focado na jovem diante dele, tão absorto em suas estranhas e ainda assim fascinantes interações, que tinha esquecido completamente a verdadeira razão pela qual eles estavam lá em primeiro lugar. As Lanternas dos Sete Desejos eram enviadas no intuito de levar os seus desejos — escritos num pequeno pedaço de pergaminho — para os Deuses, e tipicamente eram enviadas na última hora do último dia da Colheita.
Ele foi até ela na beira do penhasco e ambos olharam para o horizonte, que revelava um mar de luzes brilhantes. Ficou ao lado dela silenciosamente, seu olhar fixo na visão, absorvendo a extensão das belas luzes, os reflexos brilhantes pintando as águas escuras da baía em uma miríade de cores. Ele sabia que a visão era linda, mas de alguma forma não o atingiu da mesma forma que a ela.
Ele estava mais focado na jovem mulher, na expressão de admiração em seu rosto, na maravilha brilhante em seus olhos, na maneira como ela estava tão inocentemente arrebatada no momento. Era fascinante. Ele estava enfeitiçado por ela.
Ela virou-se para encará-lo, os olhos úmidos.
— Obrigada. Hoje foi… foi o melhor Último Dia da Colheita que já tive em toda minha vida.
Aemond a abraçou pelas costas, o queixo descansando no topo de sua cabeça em uma surpreendente intimidade que lhe vinha fácil demais para ser verdade. pensou no curso do dia. Primeiro, vencer um duelo contra seu futuro marido. Então, o mesmo futuro marido a levando para voar em seu dragão e ver uma praia linda e isolada, e agora o fim das lanternas de colheita.
O que mais ela poderia querer? Era perfeito.




Fim.


Nota da autora: Dedico essa fic pra a Franciele Strack, minha amiga de fé e irmã camarada parceira de Westeros <3 feliz natal e ano novo, bubba!
Eu amei escrever essa fic, espero que gostem!

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