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Codificada por: Sol ☀️

Última atualização: 21/05/2025.

Março de 2025

Nada mais era do mesmo jeito, e isso todos podiam dizer, a julgar pelos momentos em que estavam todos juntos: as risadas já não eram mais tão intensas, as piadas diminuíram, os encontros diminuíram, eram quase mensais agora…

DK ainda não sabia como encarar Mingyu quando os amigos se reuniam, mesmo em quase três meses depois do desastroso Natal. Ele se sentia exposto demais, vulnerável demais. Não sabia como agir, como olhar para Mingyu sem lembrar do momento em que tudo desmoronou, sem lembrar do silêncio que tomou conta dos encontros depois daquilo.

Mas, talvez, pior do que a culpa que sentia em relação a Mingyu, era a culpa que sentia em relação a .

Ela e as amigas já não faziam mais parte do grupo. No começo, houve tentativas de contato, tentativas de mostrar que nada precisava mudar… Mas mudou. Ele ficou sabendo, por Seungcheol, que havia voltado para seu país por um período, para dar tempo ao tempo. Para respirar. Para se afastar do caos que ele, DK, havia causado.

Ele não a culpava. Como poderia?

Cada vez que pensava nela, o peso da culpa apertava seu peito. Ele nunca quis machucá-la, nunca quis ser um problema para ela. E, no entanto, foi exatamente isso que aconteceu.

E agora? Agora, o grupo estava diferente. Pequenas mudanças que, somadas, deixavam claro que nada voltaria a ser como antes.

E DK não sabia como consertar isso.

Hoje eles tinham um encontro marcado, afinal de contas precisavam comemorar o novo emprego de DK, de acordo com Junhui. Mas ele estava péssimo! Não pelo emprego novo, por isso ele estava contente, afinal de contas era o cargo que sempre havia almejado, mas será que tinha realmente motivos para comemorar?

Desde aquela noite, a sensação de que estragou tudo não o deixava. Ele sabia que seus amigos queriam animá-lo, fazê-lo sair de casa e tentar seguir em frente, mas algo dentro dele insistia em lembrá-lo do passado.

DK suspirou, olhando para o próprio reflexo no espelho. Ele via um homem que conseguiu o que queria no trabalho, mas que perdeu o controle sobre tudo o mais. Será que algum dia as coisas voltariam ao normal?

O toque do celular o tirou dos pensamentos.

“Yah, Seokmin! Não me faça te buscar em casa à força!” — a voz de Seungkwan ecoou do outro lado da linha. — “Estamos todos esperando!”

DK soltou um riso fraco, balançando a cabeça.

“Eu já estou indo…”

Era mentira. Ele ainda precisava encontrar forças para sair pela porta.

🌟🌟🌟

Seungcheol voltou do bar equilibrando três garrafas de cerveja nas mãos, e depois as depositou sobre a mesa. Wonwoo e Seungkwan pegaram suas cervejas e Wonwoo encarou os amigos:

— Acho que ele vai nos dar o bolo!

— Ah mas ele não vai mesmo! — Seungkwan se levantou — Vou lá buscar ele, alguém quer me acompanhar?

Mingyu levantou a mão depois de beber um gole de sua água com gás e gelo e então se levantou:

— Eu! Eu gostaria de ir. Acredito que o problema para ele não ter aparecido até agora, sou eu, então nada mais justo que eu vá com você para convencê-lo que não tem problema nenhum. Já está mais do que na hora de acabar com esse clima chato entre todos nós.

Os amigos ficaram em silêncio por alguns segundos, apenas encarando uns aos outros depois da declaração de Mingyu. Woozi ergueu o próprio drink enquanto abria um sorriso na direção do amigo.

— Você tem razão chingu! Já passou da hora de seguirmos em frente, nossa conexão sempre foi tão incrível, precisamos passar uma borracha no passado.

Mingyu sorriu de volta para o mais baixo e depois recebeu incentivos do restante dos amigos, antes de seguir Seungkwan para fora do bar. Caminharam lado a lado até o carro, sentindo a brisa fria da noite de março. O barulho da cidade ao redor preenchia os momentos de silêncio entre eles, até que Seungkwan abriu a porta do motorista e suspirou antes de entrar. Mingyu fez o mesmo no banco do passageiro, batendo as mãos contra as coxas enquanto olhava pela janela.

— Ele tem evitado a gente, né? — Seungkwan comentou, ligando o carro.

Mingyu soltou um riso fraco.

— E você ainda tem dúvidas?

Seungkwan bufou e saiu do estacionamento, pegando a avenida iluminada.

— Eu entendo, sabe? Não deve ser fácil pra ele. Mas também não é fácil pra nós. Tá todo mundo pisando em ovos, e a nossa amizade não era assim. A gente sempre foi um grupo caótico e barulhento, e agora tudo parece tão forçado…

Mingyu concordou com um aceno de cabeça.

— Eu não queria que as coisas chegassem nesse ponto… Mas eu também não podia fingir que nada aconteceu. Ele jogou na minha cara que gostava dela… e eu… — Ele hesitou, desviando o olhar para a rua. — Eu ainda gosto dela, Seungkwan.

O silêncio caiu entre eles por um momento. Seungkwan apertou os lábios, pensativo, antes de responder:

— Eu sei. E acho que DK também sabe. Mas sabe o que mais eu acho? Que ele se arrepende do jeito que falou tudo aquilo. Ele estava bêbado, machucado… e agora, depois de tanto tempo, acho que o peso da culpa está prendendo ele.

Mingyu esfregou o rosto com as mãos, soltando um longo suspiro.

— Eu só quero que ele saiba que está tudo bem. Que eu não guardo rancor.

Seungkwan deu um pequeno sorriso, desviando os olhos da estrada por um instante para encarar o amigo.

— Então bora lá dar um jeito nesse cabeça dura. Se a gente demorar mais, ele vai encontrar uma nova desculpa pra fugir.

Mingyu soltou um riso pelo nariz e balançou a cabeça, deixando a tensão se dissipar um pouco.

— Você está certo. Vamos acabar com isso de uma vez.

🌟🌟🌟

O porteiro do prédio de DK já conhecia muito bem Seungkwan e Mingyu e os deixou subir, não sem antes avisá-lo que os amigos estavam a caminho do apartamento dele. Ao ouvir o interfone tocar, DK se jogou no sofá, cobrindo o rosto com as mãos. Ele nem precisava ouvir para saber que o porteiro estava avisando que Seungkwan e Mingyu estavam subindo.

— Droga… — murmurou, sentindo um frio na barriga.

Ele olhou para si mesmo: um pijama velho e confortável, completamente desalinhado. Não dava para recebê-los assim, porque isso confirmaria que ele realmente tinha planejado faltar ao encontro. Sem pensar muito, saltou do sofá e correu para o quarto.

Abriu o guarda-roupa com pressa, puxando a primeira calça jeans que encontrou e vestindo-a tão rápido que quase tropeçou. Em seguida, pegou uma camisa preta estilosa, vestiu-a às pressas e foi até o espelho para ajeitar os cabelos bagunçados.

— Beleza… Beleza… — ele falava para si mesmo, tentando controlar a respiração. — Se eu fingir que já estava pronto para sair, talvez eles não insistam tanto…

Ouviu as batidas na porta e congelou por um segundo.

— DK! A gente sabe que você está aí! — a voz de Seungkwan soou do outro lado.

Mingyu foi mais direto:

— Seokmin, abre logo essa porta antes que a gente derrube!

DK engoliu em seco, passou as mãos pelo cabelo uma última vez e foi até a porta, respirando fundo antes de girar a maçaneta.

Quando abriu, forçou um sorriso animado.

— E aí, caras? Até que vocês demoraram! Eu já estava pronto pra sair!

Seungkwan arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços.

— Ah é? E para onde você ia, exatamente?

DK piscou algumas vezes, buscando uma resposta rápida.

— Ué, pro bar! Não era isso?

Mingyu estreitou os olhos, analisando o amigo de cima a baixo.

— Então por que tem marca de travesseiro no seu rosto?

DK arregalou os olhos, levando a mão ao rosto automaticamente. Seungkwan bufou e empurrou a porta, entrando no apartamento sem cerimônia.

— Ah, chega de enrolação, Seokmin. Você não vai escapar dessa, então é melhor ir calçando os sapatos porque nós vamos juntos!

Mingyu deu um meio sorriso, encostando-se ao batente da porta.

— Você pode tentar fingir que está bem, mas nós te conhecemos. Então, que tal parar de fingir e simplesmente vir comemorar com seus amigos?

DK suspirou pesadamente, percebendo que não tinha saída. Ele olhou para os dois, derrotado, e finalmente assentiu.

— Tá bom, tá bom… Só me deem dois minutos.

Seungkwan abriu um sorriso vitorioso.

— É assim que se fala!

Mingyu apenas observou, sentindo que, aos poucos, aquele peso entre eles começava a diminuir.

🌟🌟🌟

Depois de passar uma água no rosto, escovar os dentes, despejar algumas gotinhas de perfume no pescoço e pulsos, colocar uma jaqueta de couro e calçar um tênis, DK estava pronto e de volta a sala, onde encontrou Mingyu e Seungkwan rindo de alguma coisa.

— Então, vamos? — ele forçou um sorriso e deu uma voltinha em volta do próprio corpo — Tô prontinho.

— Tá bonitão, hein? — Mingyu brincou enquanto se levantava do sofá.

DK riu com a brincadeira do amigo e então os dois se encararam.

— Eu vou descendo, espero vocês no carro. — Seungkwan entendeu que talvez fosse melhor deixar os dois a sós naquele momento, então saiu.

Assim que a porta se fechou atrás de Seungkwan, o silêncio preencheu o apartamento. DK desviou o olhar, passando a mão pela nuca, sentindo um desconforto estranho crescer entre eles. Já fazia tempo que os dois não ficavam sozinhos assim.

Mingyu foi o primeiro a quebrar o silêncio, cruzando os braços enquanto o observava.

— Você realmente ia dar o bolo na gente hoje?

DK soltou uma risadinha nervosa, jogando-se no sofá.

— Não era bem um bolo… Só não estava no clima, sabe?

— É, eu sei. — Mingyu suspirou, sentando-se ao lado dele. — Mas acho que tá na hora de você parar de se punir.

DK bufou, jogando a cabeça para trás, encarando o teto.

— Não é questão de me punir. Eu só… não consigo agir como se nada tivesse acontecido. foi embora por minha causa, as coisas nunca mais foram as mesmas com a galera, e eu ainda não sei muito bem como lidar com isso.

Mingyu ficou em silêncio por alguns segundos antes de falar, sua voz mais calma do que DK esperava.

— Eu também não.

Isso fez DK virar o rosto na direção dele, surpreso.

— O quê?

— Eu também não sei lidar com isso direito. — Mingyu deu de ombros, olhando para as próprias mãos. — Eu tentei seguir em frente como se estivesse tudo bem, mas não está. Perder a … Perder a forma como todos nós éramos antes… foi uma merda.

DK sentiu um aperto no peito. Ele nunca tinha pensado no quanto Mingyu também poderia estar sofrendo.

— Mas sabe o que eu percebi? — Mingyu continuou, voltando a encará-lo. — A gente nunca vai conseguir consertar nada se continuar evitando as coisas.

DK abaixou o olhar, sentindo o peso daquelas palavras.

— Você acha que tem conserto?

Mingyu sorriu de canto, dando um leve soco no braço dele.

— Bom, só tem um jeito de descobrir.

DK riu fraco, balançando a cabeça.

— Você é insuportável.

— E você é cabeça dura. — Mingyu se levantou, estendendo a mão para ele. — Vamos?

DK hesitou por um segundo, mas então pegou a mão do amigo e se levantou.

— Vamos.

E pela primeira vez em muito tempo, ele sentiu que talvez as coisas pudessem, de alguma forma, se ajeitar.

🌟🌟🌟

Seungkwan já estava no carro, tamborilando os dedos no volante enquanto esperava os amigos. Assim que DK e Mingyu entraram, ele lançou um olhar sugestivo pelo retrovisor.

— Então, resolveram tudo?

DK bufou, colocando o cinto de segurança. — Nada se resolve tão fácil assim, Seungkwan.

Mingyu apenas riu, acomodando-se no banco do passageiro.

— Mas já é um começo.

O caminho até o bar foi marcado por conversas mais leves, com Seungkwan fazendo piadas para aliviar qualquer tensão restante. Eles até relembraram algumas histórias antigas do grupo, e DK se pegou rindo de verdade, sem o peso dos últimos meses apertando tanto seu peito.

Quando o bar surgiu no campo de visão, Seungkwan diminuiu a velocidade e olhou para os amigos.

— Prontos para enfrentar o resto da galera?

DK respirou fundo, trocando um olhar rápido com Mingyu antes de soltar um pequeno sorriso.

— Prontos.

Assim que estacionaram, Seungkwan desligou o carro e se virou para os amigos com um sorriso animado.

— Bora, senhores! Vamos beber e comemorar!

DK soltou um suspiro antes de abrir a porta, como se estivesse se preparando mentalmente para a noite. Mingyu percebeu e deu um leve tapa em seu ombro.

— Ei, relaxa. Tá tudo bem.

DK apenas assentiu, mas seu estômago ainda estava um pouco embrulhado. Não era sobre o emprego — ele estava feliz por essa conquista. O problema era estar ali, cercado pelos amigos, tentando fingir que as coisas estavam como antes quando, na verdade, nada mais parecia igual.

Eles atravessaram a calçada e entraram no bar, onde logo foram recebidos por Wonwoo, que ergueu a mão e acenou para eles com um sorriso.

— Até que enfim! Achei que o Seungkwan teria que arrastar vocês à força.

— Quase isso. — Seungkwan riu, entregando um leve empurrão em DK antes de se jogar no banco ao lado de Joshua.

A mesa estava animada, com Woozi, Vernon e Jeonghan discutindo algo sobre música, enquanto Seungcheol gesticulava entusiasmado no meio da conversa.

Mingyu puxou uma cadeira e sentou-se, pegando sua água com gás outra vez. DK hesitou por um segundo, mas então respirou fundo e fez o mesmo, mas com uma cerveja que Seungcheol entregou para ele.

— Vamos beber ao novo emprego do nosso querido DK! — Junhui ergueu seu copo e todos o acompanharam.

Os amigos brindaram, e DK não pôde evitar sorrir ao ver aqueles rostos familiares comemorando por ele. Talvez, só talvez, aquela noite fosse menos difícil do que ele imaginava.

A noite no bar foi muito melhor do que DK imaginava. Entre goles de cerveja e petiscos espalhados pela mesa, as conversas fluíam de maneira mais natural. As risadas voltaram a ser frequentes, e até os olhares trocados entre ele e Mingyu não carregavam mais tanto peso.

Junhui contou histórias hilárias do trabalho, Seungkwan e Vernon discutiram sobre reality shows, e Woozi, como sempre, reclamou que a música do bar estava mal equalizada. Era quase como se o clima de antes estivesse retornando, e DK começou a se sentir mais à vontade.

— Gente, já estamos aqui há horas. O que acham de continuar essa noite em uma boate? — Seungcheol sugeriu, animado, pegando mais uma batata frita da travessa.

— Eu topo! — Seungkwan bateu palmas. — Já tô no clima!

— Confesso que um pouco de dança cairia bem — Joshua concordou.

— Boate, então? — Mingyu olhou para DK, esperando sua reação.

DK hesitou por um momento, mas vendo os amigos empolgados e a leveza da noite, apenas deu um sorriso e ergueu seu copo.

— Que seja!

Os amigos comemoraram a decisão, pediram a conta e, já um pouco alterados pelo álcool, saíram em direção ao próximo destino, prontos para aproveitar o resto da noite.

🌟🌟🌟

A boate estava bem cheia, mas não lotada, e era possível caminhar até com certa tranquilidade pelo local. Claro que eles foram diretamente para o bar, se espalhando pelo balcão para pedir suas bebidas, e Mingyu optou por um energético, fazia muito tempo que ele havia decidido parar de beber álcool, e não era por nenhuma história dramática ou promessa solene —simplesmente percebeu que não precisava daquilo para se divertir. Enquanto os amigos se embriagavam nas festas e bares, ele aprendeu a aproveitar as noites sóbrio, curtindo a música e a companhia deles sem precisar de uma gota de álcool.

No começo, era alvo de brincadeiras e desafios para "beber só um gole", mas com o tempo, todos se acostumaram e passaram a respeitar sua escolha. Para ele, o mais importante sempre foi estar presente nos momentos com os amigos, sem precisar de um copo para justificar sua alegria.

Assim que encontrou Junhui já na pista de dança, ele ergueu sua latinha de energético e então brindou com o amigo que tinha uma cerveja nas mãos. Mingyu sorriu ao ver Joshua se aproximando deles na pista de dança e, com a latinha de energético nas mãos, se virou para um brinde, mas acabou esbarrando em uma garota que estava no caminho, derrubando um pouco do seu energético sobre ela. Ele imediatamente deu um passo para trás, surpreso com a situação.

— Ah, me desculpe! — Mingyu disse, olhando para ela com um sorriso nervoso, tentando se desculpar pela bagunça. — Não vi você aí.

A garota, visivelmente irritada, limpou rapidamente a parte da blusa que estava molhada, lançando um olhar desconfiado para Mingyu. Ela respirou fundo antes de responder, com uma voz um pouco mais ríspida do que ele esperava:

— Tudo bem, só que, sabe, você poderia olhar por onde anda, né? Você está numa pista de dança, tem mais pessoas aqui.

Mingyu, um pouco desconcertado, forçou um sorriso e se desculpou novamente. Ele tentava manter a calma, mas a garota parecia não querer facilitar a situação. Por um momento, os dois ficaram em silêncio, apenas trocando olhares rápidos, com uma tensão visível no ar.

— Não vou me importar com isso — ela finalmente falou, virando-se para o lado. — Só tenha mais cuidado da próxima vez.

Mingyu, um pouco desconcertado, balançou a cabeça, ainda tentando entender o que havia acontecido. Ele não gostava de deixar uma primeira impressão ruim, mas não havia muito o que fazer. Quando ela se afastou, ele não pôde deixar de se perguntar por que estava tão difícil agradá-la.

Joshua, que havia assistido a cena de longe, riu um pouco, se aproximando de Mingyu.

— Você tem um talento para causar desastres, né? — ele brincou, mas Mingyu apenas suspirou, sentindo que a noite estava começando a não ser tão boa quanto esperava.

A música pulsava no ar, o som da batida envolvia o ambiente enquanto as luzes brilhavam sobre os corpos que se moviam na pista de dança. Aos poucos, os outros começaram a se juntar a Mingyu, Junhui e Joshua, se espalhando pelo espaço com seus próprios grupos de amigos, curtindo a noite. Porém, Mingyu não conseguia se concentrar completamente na diversão. Seus olhos constantemente se desviavam para a garota, que agora estava um pouco afastada, sentada em um canto com um copo na mão, claramente alheia à agitação ao redor, mesmo junto das amigas.

Ele não conseguia entender. O que tinha sido tão irritante para ela? Uma simples esbarrada? Ele não estava acostumado a ser visto dessa maneira, nem a ser tratado com tanta frieza por alguém. Aquilo o deixava inquieto.

Joshua, percebendo o comportamento de Mingyu, se aproximou dele na pista de dança, tentando arrancá-lo de seus pensamentos.

— Ei, você tá bem? — perguntou, já com um sorriso no rosto, aproveitando o clima animado da noite.

Mingyu deu um sorriso forçado, tentando se desviar do olhar da garota.

— Tô, só... estava pensando... sobre aquela garota de agora a pouco.

Joshua olhou na direção dela, sem disfarçar a curiosidade.

— Ah, a garota da bebida. Por que? Parece que ela não gostou muito de você. — Ele riu, mas Mingyu não compartilhava da mesma leveza no momento.

— Eu sei. Mas, tipo... não entendo o porquê. Foi só um acidente. Por que ela foi tão... ríspida?

Joshua deu de ombros, como se não fosse algo importante, mas Mingyu parecia perdido em seus próprios pensamentos.

— Não sei, mano. Vai ver ela só teve um dia ruim, ou talvez simplesmente não curte ficar em lugares assim... — Joshua sugeriu, tentando aliviar a tensão.

Mingyu suspirou, ainda sem conseguir tirar os olhos da garota. O pensamento de que algo tão simples, como um leve esbarrão, a tivesse incomodado tanto o intrigava profundamente. Ele não era acostumado a ser rejeitado, e menos ainda a ser ignorado de uma forma tão clara.

Enquanto isso, o resto do grupo já estava animado na pista de dança, mas Mingyu continuava imerso na ideia de que a garota parecia carregar algo em si, algo que ele não conseguia alcançar. O jeito dela, a postura defensiva, até mesmo a maneira como reagiu... Ele não conseguia parar de pensar nisso. E, de alguma forma, a estranheza daquela interação apenas aumentava sua curiosidade sobre ela.

Após alguns minutos, Mingyu não conseguia mais se controlar. A música ainda ecoava pela boate, os amigos estavam se divertindo ao redor, mas ele sentia como se algo o puxasse na direção de . Aquele pensamento persistente, a sensação de que algo estava por trás daquela reação dela, não o deixava em paz. Ele não sabia ao certo o que era, mas precisava entender.

Respirou fundo, observando-a de longe por mais alguns segundos. Ela estava com os braços cruzados, afastada do grupo de amigos e, mesmo em meio ao caos da boate, parecia alheia à diversão ao seu redor. Como se não se importasse com nada dali, nem com a presença de outras pessoas.

Ele hesitou, seu coração batendo um pouco mais rápido à medida que se aproximava. Não estava acostumado a tomar a iniciativa de se aproximar de alguém dessa maneira, mas algo naquela garota o fazia sentir que precisava tentar.

Mingyu se aproximou, passo a passo, até parar ao seu lado. ainda não tinha notado sua aproximação. Ele ficou ali por um momento, observando-a mais de perto, tentando entender o que fazia ela se isolar.

— Oi... — Mingyu disse, finalmente quebrando o silêncio.

virou o rosto para encará-lo, e por um instante, seus olhos se encontraram. Ela não pareceu muito surpresa, mas a expressão no rosto dela ainda era fechada, como se ela tentasse manter uma certa distância de tudo e todos.

— Oi... — respondeu, mas com um tom um pouco ríspido, como se tentasse evitar qualquer tipo de conversa.

Mingyu não se deixou abalar e, com um leve sorriso, continuou.

— Desculpa de novo pelo que aconteceu antes. Eu não queria ter derrubado bebida em você, foi um acidente.

Ela não respondeu imediatamente, apenas suspirou, como se estivesse pesando se valia a pena dar atenção a ele.

— Eu sei... — falou finalmente, mas com um tom indiferente. — Eu só... não sou muito fã dessas coisas de boate, gente... agitada... bebida. Não sou muito boa com multidões.

Mingyu a observou, agora mais atento. Ele não esperava uma explicação tão direta.

— Então por que veio? — ele perguntou, tentando entender mais sobre ela.

deu um sorriso meio sem graça e encolheu os ombros.

— Minhas amigas me arrastaram para cá, o que mais eu posso fazer? — disse, com uma expressão que misturava cansaço e resignação.

Mingyu riu baixo, tentando aliviar o clima tenso.

— Eu entendo. Eu também só vim porque meus amigos insistiram. — Ele fez uma pausa antes de adicionar, olhando-a com mais sinceridade. — Mas, se você quiser, posso te levar para um lugar mais tranquilo, um canto para descansar. Eu não sou fã de boates também, se eu for sincero.

parecia hesitar por um momento, analisando a proposta. Não era o que ela esperava, mas ainda assim, sentiu um leve alívio ao ver que alguém, mesmo que um completo estranho, entendia um pouco de seu desconforto.

— Talvez... — ela murmurou, finalmente. — Não custa tentar.

Mingyu fez um gesto para que ela o seguisse, e juntos, eles começaram a se afastar da pista de dança. Mesmo que os olhares curiosos dos amigos estivessem em sua direção, ele sabia que precisava resolver essa situação, e de alguma forma, isso significava tentar entender melhor .

DK observava a cena à distância, com os olhos fixos em Mingyu e enquanto eles caminhavam para longe da pista de dança. A situação parecia tão… inesperada. Ele não sabia ao certo o que estava sentindo, mas algo dentro dele se remexia, uma mistura de confusão e talvez até um pouco de raiva sem explicação. Mingyu estava tentando flertar com ela? Depois de tudo o que tinha acontecido, depois do que ele mesmo viu naquela noite em que o clima entre eles foi por água abaixo? Algo não parecia certo.

Seus pensamentos foram interrompidos por Joshua, que apareceu ao seu lado, seguindo seu olhar.

— Não é o que você tá pensando — Joshua disse, quase lendo seus pensamentos. Ele deu uma risada baixa, sem muita diversão. — Eles se desentenderam porque o Mingyu derrubou energético nela sem querer e ela não gostou. Isso foi tudo. Agora, ele só está tentando consertar as coisas. Você conhece o Mingyu, sabe como ele é.

DK piscou algumas vezes, como se tentando processar o que Joshua acabara de dizer. Ele não sabia bem como se sentia sobre a situação, mas algo o incomodava. Ele ainda não conseguia tirar a imagem de Mingyu e juntos da sua cabeça. Algo parecia errado, algo que ele não conseguia colocar em palavras.

— Mas... — DK começou, tentando entender melhor, embora sua voz soasse um pouco mais tensa do que ele queria. — Não é estranho? Quer dizer, depois de tudo o que aconteceu, ele está agindo como se nada tivesse mudado? Como se ainda não fosse apaixonado por .

Joshua deu de ombros, compreensivo, mas sem perder a paciência.

— Isso é o Mingyu, DK. Ele pode ser impulsivo e cabeça quente, mas quando ele percebe que errou, ele tenta corrigir. E é isso que ele está fazendo agora. Não é nada mais do que isso. Tenho certeza que ele não vai flertar com ela.

DK suspirou, ainda sentindo um nó na garganta. Ele não sabia bem o que pensar, ou como agir em relação a tudo o que havia acontecido. Ele sentia que havia perdido o controle da situação, que tudo parecia ter escapado de suas mãos, inclusive sua própria reação a Mingyu e .

— Eu... — DK disse, mais para si mesmo do que para Joshua. — Eu não sei o que fazer com isso, sabe? Parece que eu estou sempre no lugar errado, como se as coisas estivessem acontecendo e eu não tivesse controle nenhum.

Joshua olhou para ele com mais seriedade, reconhecendo a angústia em sua voz.

— Não é sobre controle, DK — Joshua respondeu, mais suavemente. — Às vezes as coisas simplesmente acontecem. Você não pode mudar o que já passou. Mas pode aprender com isso. O que importa é o que você vai fazer agora, como vai lidar com as consequências. Não deixe que a insegurança te defina, cara. Todos aqui estão tentando seguir em frente. Então, o que você vai fazer?

DK olhou para os amigos dançando e se divertindo ao redor, as luzes da boate refletindo nos rostos de todos. Ele sentia um peso no peito, uma necessidade de resolver as coisas, de voltar a se sentir parte do grupo, mas ao mesmo tempo, não sabia por onde começar.

Ele respirou fundo, tentando se acalmar.

— Eu preciso entender o que está acontecendo, Joshua. Não posso deixar as coisas assim, com a sensação de que tudo foi deixado no ar. — DK fez uma pausa, como se estivesse falando mais para si mesmo. — Mas eu também não quero perder mais tempo com isso.

Joshua deu um sorriso simpático, tentando aliviar o peso do momento.

— Então vamos dar um passo de cada vez, ok? Mingyu vai dar seu jeito, e você também vai dar o seu. É só questão de tempo, tudo vai se ajeitar.

DK assentiu, ainda com uma sensação de desconforto, mas ao menos um pouco mais aliviado por ter colocado suas emoções para fora. Ele sabia que, no final das contas, só o tempo diria o que seria daquilo.

🌟🌟🌟

Mingyu e saíram da pista de dança e caminharam em direção ao fumódromo da boate. O som da música se tornava mais distante à medida que se aproximavam da área, e a luz intensa da pista de dança dava lugar a uma iluminação mais suave, criando uma atmosfera mais tranquila. O fumódromo estava relativamente vazio, apenas algumas pessoas conversando em voz baixa, mas não estava superlotado como a pista.

Ao chegarem perto de uma parede, Mingyu se virou para , ainda sentindo um pouco da tensão no ar, mas sabendo que precisava resolver aquilo de alguma forma.

— Eu... realmente não queria ter derrubado o energético em você — disse Mingyu, sem saber muito bem como começar. — Eu sou o tipo de pessoa que acaba se metendo em situações assim sem querer.

o olhou por um momento, ainda um pouco irritada, mas tentando manter a calma. Ela não estava completamente disposta a ser amigável ainda, mas havia algo na sinceridade dele que a fez relaxar um pouco.

— Eu sei que você não fez de propósito — respondeu, com um suspiro. — Mas foi um pouco desconfortável, e... talvez eu tenha exagerado. Não estava esperando uma situação dessas em um lugar tão animado.

Mingyu assentiu, percebendo que ela estava começando a se abrir. Isso o fez sentir um pouco mais à vontade, embora ainda estivesse tenso. Ele deu um leve sorriso, tentando aliviar a situação.

— Eu sou o Mingyu, por sinal — ele se apresentou, estendendo a mão em um gesto amigável. — E você?

o observou por um momento, avaliando-o antes de apertar a mão dele.

— ela disse de forma simples, mas sem tanta frieza. — Acho que já está claro que não nos conhecemos muito bem.

Mingyu deu um sorriso mais genuíno ao ouvir a resposta dela. Não estava exatamente animado com o rumo da conversa, mas definitivamente sentia que as coisas estavam começando a melhorar.

— Então, , como você está se sentindo agora? — ele perguntou, seu tom mais suave. Ele queria garantir que a tensão entre eles fosse dissolvida de vez, embora soubesse que teria que ser paciente.

Ela o olhou por um momento, mais suave agora, e deu de ombros.

— Acho que só estava um pouco chateada pelo que aconteceu, mas... tudo bem. Isso acontece. — Ela olhou para ele, ainda com uma expressão cautelosa, mas agora mais relaxada. — E eu provavelmente também não reagi da melhor forma. Acho que estava só procurando um motivo para reclamar.

Mingyu riu suavemente, sentindo-se um pouco mais à vontade.

— Eu entendo. Acho que todos nós já passamos por isso. Às vezes a gente só precisa de um momento para se acalmar, né?

deu um sorriso breve, ainda meio reticente, mas o ambiente mais calmo ajudava a dissipar o desconforto.

— Sim, exatamente. — Ela então se virou para olhar ao redor, um pouco mais relaxada agora. — Bem, já que estamos aqui, que tal aproveitar um pouco o ambiente? Não todo mundo gosta de vir aqui, mas... tem seu charme.

Mingyu olhou ao redor, com um sorriso mais tranquilo.

— Concordo, tem seu charme. E me desculpa novamente pelo que aconteceu, realmente não foi minha intenção.

deu de ombros novamente, com um sorriso leve no rosto.

— Está tudo bem, Mingyu. Acho que foi só um mal entendido. Vamos tentar nos divertir agora, ok?

Mingyu assentiu com gratidão, sentindo que a tensão entre eles estava, finalmente, desaparecendo. Eles trocaram alguns olhares amigáveis enquanto conversavam, e o ambiente calmo do fumódromo parecia ser o cenário perfeito para começar a reconstruir uma conexão, ainda que a situação fosse um tanto inusitada para ambos.

A conversa continuou enquanto eles se afastavam um pouco da entrada, a troca de palavras se tornando mais fluída e natural com o tempo. No fundo, Mingyu estava começando a entender de uma forma diferente, e ela também começava a enxergá-lo de uma maneira mais descontraída, mesmo que o início do encontro tivesse sido tudo, menos agradável.

🌟🌟🌟

Após um momento mais tranquilo no fumódromo, e Mingyu voltaram para a boate, agora com um clima um pouco mais leve entre eles. A música estava alta novamente, as luzes brilhando intensamente e as pessoas se espalhando por todo o espaço, mas, de alguma forma, tudo parecia mais fácil depois da conversa que tiveram.

olhou ao redor, procurando por suas amigas entre a multidão. Foi quando ela as avistou, dançando próximas ao bar, sorrindo e se divertindo. Ela se virou para Mingyu, que estava observando o ambiente com um sorriso tímido, ainda tentando se adaptar à atmosfera agitada do local.

— Ah, lá estão elas! — apontou para as duas garotas. — Vou te apresentar às minhas melhores amigas. Elas vão adorar te conhecer.

Mingyu hesitou um pouco, mas aceitou, dando um sorriso nervoso. Não era todo dia que ele era apresentado a novas pessoas em uma situação assim, especialmente após um início tão estranho com . Porém, ele queria melhorar a situação e sabia que isso poderia ajudar.

Eles se aproximaram do grupo de garotas, e , com seu estilo direto, chamou as amigas.

— Ei, , ! Olhem quem eu encontrei — disse, enquanto puxava Mingyu gentilmente para mais perto delas. — Esse é o Mingyu. Aquele do energético em cima de mim…

, uma garota com um sorriso largo e uma energia contagiante, olhou curiosa para Mingyu, piscando com um ar de diversão, como se estivesse prestes a rir de algo, mas de uma forma leve e amigável.

— Ah, então é você! — disse, com um sorriso brincalhão. — Parece que você já entrou com o pé esquerdo, mas, hey, quem nunca derrubou algo em alguém, né? — ela deu uma risada baixa e um aceno de cabeça, aceitando a situação de forma bem humorada.

, mais reservada e observadora, deu uma olhada mais atenta em Mingyu, mas logo deu um sorriso simpático, percebendo que ele parecia genuíno.

— Oi, Mingyu — cumprimentou, estendendo a mão. — Eu sou a . — Ela sorriu de forma amigável, tentando aliviar qualquer tensão que ainda pudesse existir.

Mingyu, um pouco mais relaxado agora, apertou a mão de com um sorriso tímido.

— É, acho que a primeira impressão não foi das melhores — ele respondeu, um pouco constrangido. — Mas eu realmente não queria derrubar o energético nela. Foi um acidente. , vendo que a conversa estava fluindo mais naturalmente, sorriu para Mingyu, visivelmente mais à vontade com ele agora. Ela fez uma leve careta, brincando com a situação.

— Já passou, Mingyu. Elas sabem disso. Só não tente fazer isso de novo, ok? — ela disse, com um tom divertido, tentando aliviar a tensão que ainda restava.

deu uma risada, percebendo o quão genuíno Mingyu parecia ser, e logo puxou para a conversa, querendo tirar a atenção de Mingyu por um momento.

— Então, , você e Mingyu vão dançar agora? — perguntou, lançando um olhar curioso para a amiga.

, com um sorriso, respondeu rapidamente:

— Não! Eu e dançar, na mesma frase? Fala sério , você sabe que sou um desastre nisso.

Mingyu observou as meninas interagindo, com um sorriso mais relaxado. Ele estava começando a perceber que elas, apesar de um pouco brincalhonas e diretas, não estavam tentando fazer com que ele se sentisse desconfortável. O clima estava, finalmente, mais leve.

olhou para Mingyu, com um tom mais sério, mas amigável.

— Bem, vamos tentar não fazer mais derramamentos de bebidas esta noite, ok? — ela brincou com ele, tentando aliviar qualquer tensão que pudesse restar.

Mingyu riu, relaxando ainda mais.

— Prometo que serei mais cuidadoso da próxima vez — ele respondeu, já mais à vontade com elas.

deu uma última olhada para as amigas e, percebendo que a conversa estava se desenrolando bem, deu um pequeno sorriso.

— Está vendo? Não foi tão ruim. Vamos aproveitar a noite agora. — Ela falou com um tom animado, já pronta para se jogar na diversão da boate, mas também feliz por ter dado esse pequeno passo para fazer as pazes com Mingyu.

O grupo se distanciou um pouco, mas a conversa continuou, e enquanto Mingyu, , e se misturavam novamente na multidão, a noite começava a se tornar, aos poucos, algo mais agradável para todos eles.

Enquanto Mingyu, , e se misturavam à multidão, Mingyu não conseguia deixar de perceber o quanto a noite estava finalmente tomando uma direção mais positiva. A conversa estava fluindo bem, o ambiente parecia mais descontraído e ele começou a se sentir mais à vontade com e suas amigas. Era bom estar em um lugar onde, pelo menos por um momento, ele poderia deixar de lado as tensões passadas e simplesmente aproveitar a companhia das pessoas ao seu redor.

Com a ideia surgindo lentamente em sua mente, Mingyu olhou para , que estava se divertindo com as amigas e rindo de algo que tinha dito. Ele percebeu o quanto ela parecia relaxada e feliz naquele momento, e algo dentro dele se aqueceu ao ver a garota finalmente tão à vontade.

— Ei, — Mingyu se aproximou dela, sua voz mais suave agora. Ela virou o rosto para ele, curiosa.

— O que foi? — perguntou com um sorriso, ainda prestando atenção na conversa com .

Mingyu hesitou por um segundo, mas depois decidiu que a ideia seria uma boa. Ele queria fazer as pazes com todos, inclusive com seus amigos, e achava que isso poderia ser uma forma divertida de continuar o progresso da noite.

— Que tal a gente... apresentar suas amigas para os meus? Eu sei que parece meio estranho, mas acho que seria legal, sabe? Todos se conhecerem e, sei lá, essa noite pode acabar sendo ainda mais divertida. — Ele deu de ombros, tentando disfarçar a leveza do que sugeria, mas, ao mesmo tempo, esperava que fosse algo que ela aceitasse.

o observou por um momento, sua expressão inicialmente pensativa, mas logo ela deu um sorriso sincero. Ela gostava da ideia. Afinal, ela sabia que as amigas adoravam gente nova e diversão, e isso mostrava que Mingyu valorizava seus amigos, e ela mesma também valorizava suas amigas. Era uma oportunidade para todos se conhecerem melhor, e talvez até aliviar um pouco a tensão que ainda pairava no ar entre eles.

— Hum, boa ideia — respondeu, olhando para as amigas. — Eu vou só dar um toque nelas, mas acho que vai ser legal! Vai ser engraçado ver como todos vão interagir juntos.

, que estava no meio de uma conversa animada com , percebeu que as duas estavam conversando algo. se aproximou das amigas e disse rapidamente:

— Galera, Mingyu teve uma ideia legal. Ele quer que a gente vá apresentar vocês para os amigos dele! O que acham?

olhou para com um sorriso divertido, já curtindo a ideia de conhecer mais gente. , por outro lado, estava mais empolgada, seus olhos brilhando com a ideia de conhecer o círculo de amigos de Mingyu.

— Claro, estamos dentro! — exclamou. — Vai ser ótimo conhecer mais gente. Mas tem que ser agora, né? Nada de esperar mais. Eu sou muito curiosa.

riu e deu um toque em Mingyu, sinalizando para ele que estavam prontos para fazer o movimento.

— E aí, Mingyu, vamos chamar o pessoal? — perguntou, já se sentindo mais animada com a ideia de misturar seus dois mundos de amizade.

Mingyu sorriu, sentindo que as coisas estavam finalmente tomando a direção certa. Ele fez um gesto para que ela o seguisse até a área onde seus amigos estavam, prontos para curtir ainda mais a noite. Ele tinha certeza de que essa simples ação de integrar suas amizades poderia ser um bom passo para estruturar as coisas entre ele e , e também para aliviar as tensões do passado.

Enquanto o grupo se dirigia para os amigos de Mingyu, ele sentia uma leve expectativa, mas também uma sensação de alívio. Ao lado de , e , ele estava começando a acreditar que, talvez, essa noite realmente pudesse ser o recomeço de uma nova fase para todos.

🌟🌟🌟

Mingyu e , com e ao seu lado, se aproximaram do grupo de amigos de Mingyu, que agora estava reunido em uma parte mais afastada da boate. Quando eles se aproximaram, os olhares dos amigos se voltaram imediatamente para o novo grupo que chegava. Os rostos de todos estavam iluminados pela luz suave e colorida que emanava das lâmpadas, e o som da música, que antes parecia tomar todo o ambiente, agora soava distante, como um pano de fundo para o momento.

Mingyu olhou para seus amigos com um sorriso relaxado, já se sentindo um pouco mais à vontade por apresentar suas novas companhias. Era o tipo de situação que ele não imaginava que aconteceria naquela noite, mas estava se sentindo bem por ter dado esse passo.

— Ei, pessoal, trago novidades — Mingyu falou, chamando a atenção de seus amigos. — Essas são , e , minhas... novas amigas.

sorriu timidamente, mas com um toque de confiança. Ela sempre foi uma pessoa mais reservada, mas a energia do momento e a curiosidade por estar ao redor de pessoas novas a deixavam animada. Ela olhou para os amigos de Mingyu, procurando um rosto familiar, mas encontrou apenas o de Mingyu. O grupo estava formado por rapazes que ela nunca havia visto antes. Seu olhar se fixou por um segundo em DK, que estava de pé, observando a cena de forma silenciosa. Havia algo em sua postura e no modo como ele estava olhando para ela que a fez sentir uma leve atração, embora fosse difícil de identificar exatamente o que estava acontecendo.

Ela sabia que estava sendo um pouco ousada ao sentir aquela energia, mas DK exalava uma calma e uma intensidade que, sem querer, a puxaram. Ela tentou não demonstrar muito, mas por dentro, algo mexeu com ela. Ela desviou o olhar rapidamente, como se tentasse não se entregar tanto ao que estava sentindo.

Enquanto isso, os amigos de Mingyu, que até então estavam conversando entre si, começaram a dar boas-vindas ao grupo de garotas. Joshua, sempre caloroso, sorriu amplamente.

— Que bom conhecer vocês! — Ele se aproximou para cumprimentar cada uma delas, com uma energia acolhedora que logo fez com que e se sentissem à vontade.

, por outro lado, ainda mantinha o olhar um pouco mais distante. Ela, que por um momento se sentiu envolvida pelo magnetismo de DK, agora se mantinha atenta a todo o grupo. Ela sorriu timidamente para ele, mas ainda não sabia muito bem o que achar dele. Claro, ele parecia ser mais introvertido, mas havia algo interessante nele, algo que chamava a atenção sem precisar de palavras.

Seungkwan, sempre animado, deu um passo à frente, sorrindo para .

— Eu sou o Seungkwan! Bem-vinda ao nosso grupo, estamos muito felizes que Mingyu tenha encontrado novas amigas para trazer aqui. — Ele fez uma saudação exagerada com a mão e riu. não pôde deixar de sorrir com a atitude descontraída de Seungkwan.

Mingyu observava a interação, sentindo-se um pouco aliviado. Ele sabia que as coisas estavam indo bem e que, aos poucos, o grupo se sentiria mais unido. Mas, ao ver DK, ele percebeu que seu amigo ainda estava distante, quase como se estivesse em um lugar diferente, pensando em algo mais profundo. Mingyu não sabia ao certo o que se passava com DK, mas a noite estava melhorando para todos, e ele sentia que podia ajudar a fazer isso acontecer de verdade para seu amigo também.

Com a conversa fluindo, tentou disfarçar a sensação de atração que sentira mais cedo por DK, mas não pôde evitar lançar um olhar mais uma vez na direção dele. Ele estava conversando com Seungkwan e Joshua, mas algo em sua postura parecia a convidar a se aproximar. Ela não queria forçar nada, mas sentia que, de alguma forma, a noite poderia revelar mais do que ela imaginava.

Enquanto os amigos de Mingyu e as garotas se misturavam mais entre si, permaneceu atenta, observando e absorvendo as energias ao seu redor. Ela estava curiosa, tanto sobre Mingyu quanto sobre seu círculo de amigos, e, de forma um pouco inconsciente, também estava cada vez mais intrigada por DK.


A música seguia pulsando no ritmo da noite, enquanto luzes coloridas se alternavam sobre os rostos animados na pista. Aos poucos, o grupo havia se espalhado pelo espaço da boate, misturando-se entre conversas, risadas e a vibração que tornava aquela madrugada mais leve do que qualquer um deles esperava.

Encostado próximo ao balcão, com uma garrafa d’água nas mãos e os ombros ligeiramente curvados, estava Wonwoo. Sempre discreto, sempre observador. Ele nunca foi o tipo que se jogava de imediato em rodas de conversa — não por falta de vontade, mas por simplesmente não se sentir tão à vontade assim. Preferia assistir. Absorver.

E naquele momento, sua atenção estava voltada para ela. .

estava no centro da pista, rindo alto com Seungkwan e Junhui, completamente à vontade. Ela dançava como se o mundo fosse dela, como se o tempo tivesse desacelerado só para ela brilhar. Havia algo magnético em sua espontaneidade — a forma como jogava os cabelos para trás, como gargalhava sem se preocupar com o volume, como dançava com os olhos fechados em pura liberdade.

Wonwoo segurou o copo com um pouco mais de força, seus olhos fixos nela por tempo demais para que não fosse notado. Mas ninguém parecia reparar. E se reparassem, não diriam nada. Ele era bom em passar despercebido.

Ela parecia pertencer àquele lugar de um jeito que ele nunca soube como pertencer.

Junhui girava com um dos braços, e ela ria ao tropeçar levemente, segurando em Seungkwan que fingia se desequilibrar junto com ela, arrancando outra onda de risos. Era contagiante. Até Wonwoo, quieto em seu canto, esboçou um sorriso discreto.

Ele tentou desviar o olhar, mas era inútil. Havia algo nela que o prendia. Não era apenas o jeito extrovertido ou o fato de que ela brilhava na pista — era o contraste. era tudo que ele não era. Expansiva, barulhenta, impulsiva. E talvez exatamente por isso ele não conseguia parar de olhar.

Ele deu um gole na água, desviando o olhar por um momento, tentando ignorar o frio repentino no estômago. Era só curiosidade. Uma curiosidade estranha e inesperada. Só isso.

Pelo menos era o que ele tentava repetir para si mesmo.

rodopiava ao som da música quando, por um breve instante, parou para recuperar o fôlego. Ainda rindo da última brincadeira de Seungkwan, passou a mão pelos cabelos e olhou ao redor, o olhar inquieto de quem gostava de absorver tudo ao seu redor.

Foi então que o viu.

Encostado perto do balcão, um pouco afastado da bagunça alegre que tomava conta do grupo, estava um dos amigos de Mingyu que ela ainda não tinha trocado uma palavra sequer. Alto, expressão serena, discreto... e com os olhos voltados diretamente para ela.

arqueou levemente a sobrancelha, surpresa por aquele olhar fixo. Ele desviou no mesmo segundo em que ela o flagrou, levando a garrafa d’água à boca com um movimento calmo demais para ser inocente. Aquilo a fez sorrir de canto. Não um sorriso debochado, mas curioso.

— Quem é aquele ali? — ela perguntou em voz baixa para Junhui, ainda recuperando o fôlego.

Junhui seguiu seu olhar e sorriu ao identificar o alvo.

Wonwoo. Um dos caras mais tranquilos e tímidos que você vai conhecer. Mas é um ótimo cara, só... ele precisa de um empurrãozinho social, às vezes. — Ele piscou, como quem compartilha um segredo.

manteve os olhos em Wonwoo por mais alguns segundos. Havia algo interessante nele. Ele parecia se esforçar para passar despercebido, e ainda assim, ali estava ela, completamente intrigada.

— Hm — ela murmurou, com um sorriso misterioso nos lábios. — Vamos ver se ele fica só no canto a noite toda...

E com isso, virou-se de novo para a pista, mas agora, dançando com um pouco mais de intenção. Não para provocar, exatamente — mas para testar. Para ver se ele continuaria olhando.

E é claro que ele continuaria.

Depois de alguns minutos dançando com os novos amigos, deu mais uma olhada discreta na direção do balcão. Wonwoo ainda estava lá. Mesmo lugar. Mesma garrafa de água nas mãos. E, como ela esperava, os olhos dele voltaram para ela no instante em que seus olhares se cruzaram — mas, dessa vez, ele não desviou tão rápido.

Aquilo bastou.

se despediu com um aceno rápido de Junhui e Seungkwan e, com passos seguros e descontraídos, atravessou a pista até o canto onde Wonwoo estava. Ele a viu se aproximando, e sua postura mudou sutilmente — as costas mais retas, os dedos apertando levemente o copo, como se tentasse se preparar para algo que não sabia exatamente o que era.

— E aí, observador — ela disse com um sorriso travesso, parando ao lado dele. — Vai ficar aí a noite toda ou tava só esperando o momento certo pra se infiltrar na diversão?

Wonwoo abriu a boca para responder, mas precisou de meio segundo para encontrar as palavras. era ainda mais intensa de perto. O perfume dela era cítrico, o olhar direto, e o tom... impossível de ignorar.

— Eu... — ele começou, limpando a garganta. — Estava só... aproveitando daqui. Mais tranquilo.

— Hum. Entendi — ela disse, recostando-se ao balcão ao lado dele, o corpo levemente inclinado na direção dele. — E eu tava lá dançando feito uma doida, achando que ninguém tava reparando. Mas, olha só…

Wonwoo sorriu, envergonhado, abaixando um pouco os olhos.

— Foi difícil não notar — ele admitiu, sincero, ainda que num tom quase tímido demais para as palavras que escolheu.

mordeu o lábio inferior, divertindo-se com a resposta. Ela não estava acostumada com esse tipo de cara. A maioria dos homens com quem lidava tentava impressionar, fazer piada, conquistar no grito. Wonwoo era o oposto: quieto, observador, com uma calma que a deixava curiosa.

— Você é sempre assim, quietinho? — ela perguntou, sem tirar os olhos dele.

— Nem sempre. Só... quando não conheço bem o ambiente. Ou as pessoas. — Ele deu de ombros, ainda olhando para ela com certa reserva, mas cada vez mais curioso também.

— Então acho que a gente precisa resolver isso. — Ela estendeu a mão com um sorriso confiante. — .

Wonwoo olhou para a mão por um segundo e depois a apertou com delicadeza.

— Wonwoo.

— Já me disseram — ela respondeu, e então piscou. — Mas queria ouvir da sua boca.

Ele sorriu. Um daqueles sorrisos pequenos, mas genuínos, que dizem muito mais do que qualquer conversa. E, pela primeira vez naquela noite, Wonwoo sentiu que talvez não fosse tão ruim assim ter saído de casa.

E ? Bem, ela só estava começando a se divertir.

🌟🌟🌟

estava encostada na beirada da pista de dança, com um copo em mãos e a expressão tranquila, observando a movimentação ao redor com olhos atentos. Ela não era o tipo de pessoa que se jogava no meio da multidão — preferia observar, escutar, entender o ambiente antes de se permitir fazer parte dele.

Foi então que Minghao se aproximou, com aquele jeito calmo e meio distraído de sempre. Ele carregava um copo de drink colorido nas mãos e usava uma jaqueta estilosa que chamava atenção, mesmo que ele próprio parecesse não notar.

— Precisa de resgate? — ele perguntou, parando ao lado dela com um leve sorriso.

olhou para ele, surpresa, e soltou uma risadinha.

— Não exatamente. Só gosto de assistir as pessoas dançando antes de decidir se vale o risco.

Minghao arqueou uma sobrancelha, interessado.

— Risco de...?

— Pagar mico. — Ela deu de ombros. — Ou me divertir demais e esquecer que tô rodeada de gente.

Ele deu um gole no drink, pensativo.

— Pagar mico é inevitável. Eu sou ótimo nisso. Já me acostumei.

sorriu, dessa vez mais abertamente. Gostava daquele tipo de humor seco, que vinha sem muito esforço.

— E você? Não vai dançar? — ela perguntou, observando-o com curiosidade.

— Não antes de encontrar alguém que dance comigo. — Ele deu de ombros, e então lançou um olhar de canto para ela. — Mas acho que tô no caminho certo.

Ela riu novamente, dessa vez cobrindo a boca com a mão.

— Ah, então você é desses? Que solta a cantada casual fingindo que é só uma piada?

— Eu? — Minghao piscou, fingindo inocência. — Nunca.

o observou por mais alguns segundos, como se estivesse tentando decifrar onde exatamente ele se encaixava naquela noite. Ele era simpático, bonito, articulado... mas tinha algo mais. Uma tranquilidade que combinava com a dela, como se ele também estivesse no mundo, mas um passo atrás dele. Como se enxergasse tudo com um leve desdém carismático.

— Sabe o que eu acho? — ela disse, virando-se completamente para ele. — Que você parece do tipo que dança melhor quando ninguém está olhando.

Minghao riu de verdade pela primeira vez.

— E você parece do tipo que dança melhor quando esquece que alguém pode estar olhando.

Por um segundo, ficaram apenas se olhando. O barulho da boate continuava ao redor, mas o momento entre os dois parecia mais calmo, quase fora de sintonia com o resto.

— Tá — disse, estendendo a mão com um leve desafio nos olhos. — Me mostra se eu tô certa ou não.

Minghao aceitou a mão dela sem hesitar.

— Só se você prometer esquecer que está sendo observada.

E, com isso, os dois seguiram para a pista. Sem pressa, sem pressão, apenas dois corpos se movendo no ritmo da música, como se já soubessem que aquela dança era só o começo de algo.

O som da música preenchia cada centímetro do espaço, e as luzes coloridas giravam em feixes intermitentes, mas quando e Minghao chegaram à pista, tudo pareceu desacelerar. Não era uma dança explosiva, nem coreografada — era simples, intuitiva. Um ritmo tranquilo, cúmplice, quase como se eles estivessem dançando em um universo paralelo onde mais ninguém existia.

deixou-se guiar pelo compasso da batida e pela leveza de estar ali, perto de alguém que, estranhamente, parecia ler sua energia com facilidade. Minghao não invadia seu espaço, mas também não se mantinha distante. Seu jeito era fluido, atento. Ele dançava como quem conversa — com o corpo, com os olhos, com os silêncios entre um passo e outro.

— Tá menos difícil do que eu pensei — ela comentou, inclinando-se levemente para ser ouvida.

— Eu avisei que ia valer o risco — Minghao respondeu, com um sorriso enviesado, os olhos fixos nos dela por um instante mais longo do que o necessário.

Havia uma sincronia sutil entre os dois. Nada forçado. Quando girou no próprio eixo, seu cabelo roçou de leve o ombro de Minghao, e ele apenas sorriu, respeitando o espaço dela, mas sem desviar o olhar.

Ela percebeu.

E gostou.

nunca foi do tipo que se encantava fácil, mas havia algo no silêncio confortável entre eles que a intrigava. A forma como ele não tentava impressionar, nem dominar o momento. Ele simplesmente... estava ali. Presente. Inteiro.

— Você costuma fazer isso com frequência? — ela perguntou, com um leve tom de provocação.

— O quê? — Minghao arqueou a sobrancelha.

— Encantar pessoas aleatórias na pista de dança.

Ele riu baixo, inclinando-se levemente na direção dela.

— Só quando elas me desafiam primeiro.

Ela revirou os olhos, sorrindo.

Touché.

E continuaram dançando. Sem pressa. Sem roteiro.

A noite ao redor seguia em seu ritmo acelerado, mas entre eles, tudo era mais leve. Mais calmo. Como se estivessem se conhecendo por meio do movimento, da troca de olhares, dos sorrisos contidos.

E no fundo, os dois sabiam que não era só sobre aquela dança.

Era sobre o que viria depois. Mesmo que ainda não soubessem o que, exatamente, isso seria.

🌟🌟🌟

DK estava encostado perto do bar novamente, braços cruzados, com um copo de refrigerante já meio derretido na mão. Desde que , e haviam se juntado ao grupo, ele se manteve mais na retaguarda, observando tudo com aquele misto de distância e curiosidade silenciosa que o acompanhava nos últimos meses.

Ele até estava feliz por ver os amigos se divertindo, especialmente Mingyu, que parecia estar voltando a sorrir de verdade. Mas ele próprio... bem, dançar não estava nos planos. Principalmente depois da montanha-russa que vinha sendo sua vida emocional.

Foi quando Mingyu apareceu do nada ao seu lado, já suado da pista de dança e com um sorrisinho maroto no rosto.

— Bora. — disse, curto e direto.

DK franziu a testa.

— Bora...?

Joshua surgiu logo atrás, completando a emboscada:

— Pra pista. Agora. Sem desculpas. Sem dramas.

DK bufou, tentando se esquivar.

— Eu tô bem aqui, sério. Tô observando, tá sendo ótimo — disse, levantando o copo quase vazio como se fosse um troféu.

— Observando é coisa de velho, e você ainda não tem trinta. Vambora! — Mingyu já pegava o braço dele enquanto Joshua empurrava com delicadeza pelas costas.

— Vocês são insuportáveis. — DK reclamou, mas sem muita convicção. No fundo, ele sabia que estava mesmo precisando daquela puxada.

Minutos depois, ele estava no meio da pista, meio travado, balançando os ombros com um embaraço mal disfarçado enquanto Mingyu e Joshua dançavam ao redor como se o mundo estivesse acabando amanhã.

E foi aí que os olhos dele encontraram os de .

Ela estava do outro lado da pista, dançando com , e Minghao, o corpo se movendo com graça natural, sem exagero, sem esforço. Mas o olhar dela... estava fixo nele.

Não era descarado, nem invasivo. Era curioso. Atento. Como se tentasse compreendê-lo de longe.

DK desviou o olhar por reflexo, voltando os olhos para Joshua, que dançava desengonçado de propósito para fazê-lo rir — e funcionou. Mas algo dentro dele reagiu ao olhar de . Aquela troca breve, quase imperceptível, ficou ressoando em algum lugar na cabeça dele.

percebeu a hesitação, o quase sorriso. Não tinha certeza se ele a olhou de volta por curiosidade ou por educação, mas algo ali a instigou. Havia algo nele... que ela não conseguia ler direito. E isso só deixava tudo mais interessante.

Enquanto a música seguia e os corpos se misturavam na pista, DK dançava contra a vontade, mas começava a relaxar. E , mesmo envolvida com as amigas, não deixou de roubar mais alguns olhares na direção dele.

E cada um desses olhares, mesmo que não se encontrassem mais com tanta clareza, plantava em ambos uma pequena semente de curiosidade.

E talvez... de expectativa.

Depois de mais uma música agitada, se afastou um pouco da pista para recuperar o fôlego. Sentou-se no encosto de um dos sofás que cercavam a pista, abanando o rosto com a própria mão. e continuavam dançando, empolgadas demais para dar atenção a qualquer pausa.

Foi quando Mingyu se aproximou, com duas garrafinhas de água nas mãos. Ele ofereceu uma a com um sorriso gentil.

— Ainda achando tudo isso exagerado? — ele perguntou, com aquele tom brincalhão que ela já começava a reconhecer como típico dele.

riu e aceitou a água.

— Ainda sim. Mas confesso que tem algo meio viciante nesse caos.

Mingyu bebeu um gole da própria água, olhando para a pista por um momento. DK dançava com Joshua e Junhui, agora mais solto, rindo de algo que Seungkwan fazia com os braços — provavelmente uma imitação de algum idol.

seguiu o olhar de Mingyu, e sem nem perceber direito, acabou soltando:

— DK é sempre assim... tão reservado?

Mingyu virou o rosto devagar para ela, arqueando uma sobrancelha.

— Por que a pergunta? — ele questionou com um sorriso sugestivo no canto dos lábios.

fingiu desinteresse, mas não conseguiu disfarçar o leve sorriso.

— Curiosidade só. Ele parece... diferente dos outros. Menos barulhento. Meio no mundo dele.

Mingyu assentiu lentamente, apoiando os cotovelos nos joelhos enquanto observava o amigo na pista.

— Olha, o DK... ele normalmente é o oposto do que você tá vendo agora. — Mingyu sorriu de canto, com um ar quase nostálgico. — Ele é barulhento, faz piada o tempo inteiro, dança como se estivesse num palco, fala pelos cotovelos. Energia pura.

arqueou as sobrancelhas, surpresa.

— Sério? Porque até agora ele parece mais… contido.

— Pois é. — Mingyu deu um gole na água, pensativo. — É que ele tá passando por um momento meio complicado. Coisas pessoais, do tipo que bagunçam a cabeça da gente, sabe? Ele tá se recuperando ainda. Tentando entender quem ele é depois de tudo.

não perguntou o que exatamente tinha acontecido — respeitava esse tipo de limite. Mas aquilo foi o suficiente para acender algo dentro dela. Um certo tipo de empatia.

Ela voltou a olhar para DK, que agora ria de alguma brincadeira de Seungkwan, e por um breve instante, ela conseguiu vislumbrar o que Mingyu queria dizer. O riso foi rápido, mas genuíno. Um brilho rápido que escapava por trás da armadura.

— Então ele não é só silêncio e olhar misterioso, hum? — comentou, com um leve sorriso no canto da boca.

Mingyu riu.

— Não mesmo. Ele é do tipo que transforma qualquer sala quando tá bem. Mas agora... ele só tá tentando lembrar como fazer isso.

absorveu aquelas palavras com mais cuidado do que queria admitir. E mesmo sem entender o motivo, o interesse que sentia por DK só parecia crescer.

— Interessante — ela murmurou, ainda com os olhos nele.

— Cuidado — Mingyu brincou, lançando-lhe um olhar sugestivo. — Quando o DK volta a ser o DK de verdade, ninguém sai ileso.

soltou uma risadinha, balançando a cabeça.

— Vamos ver se ele volta, então.

E, naquele instante, DK olhou na direção dos dois. Seus olhos encontraram os de — e pela primeira vez, ela não desviou.

Ela sustentou o olhar com calma. Com um leve sorriso. E com uma vontade silenciosa de descobrir mais.


A noite já estava em sua metade quando DK decidiu sair da pista por alguns minutos. Estava suado, o coração acelerado mais pela mistura de sentimentos do que pela dança. Ainda se sentia um pouco deslocado — como se estivesse tentando voltar a ser ele mesmo, mas sem saber exatamente por onde começar.

Foi para perto do bar, buscando um pouco de ar e, talvez, um momento de silêncio. Não percebeu de imediato que também estava ali, encostada casualmente no balcão, mexendo distraidamente no canudo de um drink quase intocado.

— Te tiraram da pista também? — a voz dela veio com naturalidade, meio provocativa, meio curiosa.

DK virou o rosto, surpreso por vê-la ali. Por um segundo, só a observou. A iluminação tênue do bar realçava o brilho discreto nos olhos dela — e a calma com que ela o olhava, como se o tempo não estivesse correndo.

— Eu mesmo me tirei — ele respondeu, com um sorriso meio sem graça. — Precisei de um intervalo... social.

riu levemente.

— Sei como é. Às vezes é barulho demais, gente demais. E eu nem sou tímida, mas... tem hora que cansa.

DK assentiu, recostando-se ao balcão ao lado dela, mantendo uma distância respeitosa, mas não indiferente.

— Você não parece tímida mesmo — ele comentou, sem pensar muito. — Vi você dançando mais cedo. Você... se joga.

arqueou uma sobrancelha, como se aquela frase dissesse mais do que ele queria revelar.

— E você parece alguém que costumava se jogar também.

Ele virou lentamente o rosto para encará-la. Por um instante, não havia música, não havia festa — só aquele comentário certeiro pairando no ar.

— Já fui assim, é verdade — ele admitiu, sem desviar o olhar. — Mas às vezes... a gente esquece como faz.

inclinou um pouco a cabeça, observando-o com mais atenção. Ela não respondeu de imediato, mas quando o fez, foi com um tom que mesclava provocação e ternura.

— Talvez você só esteja esperando a pessoa certa te puxar de volta.

DK sorriu, e dessa vez o sorriso foi mais sincero, quase surpreso pela forma como ela dizia aquilo sem parecer invasiva.

— Você sempre fala desse jeito com desconhecidos? — ele perguntou, cruzando os braços.

deu de ombros, girando o copo nas mãos.

— Só com os que me encaram por cinco músicas seguidas sem disfarçar.

DK riu, cobrindo o rosto por um segundo. Flagrou.

— Tá, ponto pra você.

Ela deu um sorrisinho vitorioso e então levou o copo aos lábios, sem tirar os olhos dele.

— Não tô contando pontos. Ainda.

E naquela troca — entre provocações leves, sorrisos discretos e palavras que diziam mais do que pareciam — algo se estabeleceu.

Não era só química. Era o tipo de curiosidade que não se ignora.

O tipo de coisa que promete continuar.

DK apoiou os antebraços no balcão, tentando não parecer afetado, mas ainda sentia o rastro da última fala dela pairando no ar. tinha uma presença difícil de ignorar. Não era só beleza — era aquela inteligência quieta no olhar, a forma como escolhia as palavras, como se dançasse entre a provocação e a sinceridade.

— Então — ele disse, lançando-lhe um olhar de canto. — Já que você não tá contando pontos… significa que não tá me julgando?

deu um leve sorriso.

— Ainda não. Mas tô observando.

— Ótimo — ele respondeu, brincando com a borda do copo nas mãos. — Ser observado é... super confortável.

Ela riu. Genuinamente.

— Você é engraçado, sabia? — comentou. — Meio travado, mas engraçado.

Travado? — ele fingiu indignação. — Olha que essa é a primeira vez que me chamam disso. Eu costumo ser o barulhento do grupo. O que faz piada sem freio. O que dança em cima das mesas... quando tá no modo 100%. — Ele deu uma pausa. — Mas ultimamente... sei lá. Tô meio em 30%.

não respondeu de imediato. Ela virou-se um pouco mais para ele, agora interessada não só na conversa, mas no que havia por trás dela.

— E o que aconteceu com os outros 70%?

DK respirou fundo. Não era uma pergunta simples. Mas o jeito que ela perguntou — sem pressão, sem pena — fez com que ele quisesse responder.

— Eu me apaixonei. E... não deu certo. — Ele deu de ombros, o olhar meio perdido por um segundo. — E quando você se entrega de verdade, até as partes de você que pareciam inabaláveis acabam indo embora junto.

o observou com cuidado. Sem interromper. Sem disfarçar.

— É, eu entendo. Quando a gente se quebra por dentro, é difícil saber o que ainda tá inteiro, né?

Ele assentiu, o olhar mais suave agora, fixo nela.

— Exatamente isso.

Um silêncio confortável se formou entre os dois, e pela primeira vez naquela noite, DK não sentia que precisava forçar um sorriso, nem fugir da própria vulnerabilidade. não o olhava com pena, nem com julgamento. Ela apenas... estava ali.

— Mas eu ainda danço — ele disse, tentando quebrar o clima, mesmo que um pouco mais leve. — Mal, mas danço.

sorriu, apoiando o queixo na mão.

— Boa. Porque se você tiver esperando alguém pra puxar de volta os seus 70%... — ela fez uma pausa, o olhar brincando com o dele — talvez tenha encontrado quem tope o desafio.

DK riu, surpreso e encantado com a audácia contida dela.

— Você sempre é assim?

— Assim como?

— Meio caos e calma ao mesmo tempo?

Ela piscou.

— Só com quem encara me cinco músicas sem disfarçar.

Os dois riram, e, por um instante, a boate parecia distante. Não era mais sobre luzes, música ou multidão. Era sobre o que havia ali, entre dois copos, duas presenças, dois desconhecidos começando a se reconhecer.

A conversa entre eles seguia com um ritmo próprio, tão confortável quanto inesperado. bebia aos poucos seu drink, sem pressa, como se saboreasse não só a bebida, mas também a forma como DK ia, pouco a pouco, se soltando.

Ele estava diferente de minutos atrás — mais leve nos ombros, mais presente no olhar. Ainda um pouco hesitante, sim, mas com faíscas visíveis do “DK 100%” que ele mencionara.

— Quer saber? — disse, deixando o copo sobre o balcão e se endireitando. — Eu acho que você tá pronto pra subir pelo menos pra uns... 60%.

Sessenta? — DK ergueu uma sobrancelha, divertido. — Generosa.

— Realista — ela rebateu, cruzando os braços e inclinando-se levemente para ele. — E sabe como a gente pode testar isso?

DK já sabia onde aquilo ia dar, mas fingiu inocência.

— Como?

sorriu de lado e estendeu a mão, com naturalidade e intenção ao mesmo tempo.

— Vem dançar comigo.

Ele olhou para a mão dela por um segundo. O convite estava ali, direto. Não havia jogo, nem pressão. Só o tipo de desafio leve que ela sabia exatamente como lançar.

— Agora? — ele perguntou, já sabendo que não conseguiria recusar.

— A gente já perdeu música demais.

DK soltou uma risadinha abafada, balançou a cabeça em rendição e colocou a mão sobre a dela.

— Ok. Mas aviso logo: não prometo passos bonitos.

— Não quero bonitos. Quero reais.

E com isso, ela o puxou de volta para a pista, onde a batida da música vibrava no chão e nas paredes, mas entre eles tudo parecia mais cadenciado.

se aproximou aos poucos, sem invadir o espaço dele — apenas guiando com o corpo, sentindo o tempo de DK, esperando que ele a acompanhasse. E ele foi. Ainda com alguma timidez nos primeiros movimentos, mas se permitindo sorrir, se permitir perder o controle de leve.

Ela girava com elegância descomplicada, os olhos nele. E ele, pela primeira vez em muito tempo, dançava não como se estivesse tentando agradar ou entreter, mas como se estivesse só... vivendo.

— Olha só você dançando — comentou, já no meio da música, a respiração leve.

— Culpa sua.

— Ou mérito meu.

— É a mesma coisa.

Eles riram. E os corpos, antes descompassados, agora pareciam entender um ao outro com uma fluidez inesperada.

E no meio da pista, entre sorrisos trocados e a batida que envolvia tudo, DK percebeu que talvez — só talvez — estivesse mesmo pronto pra resgatar partes de si que achava perdidas.

E ... bom, ela já começava a gostar do que via florescer diante dela.

🌟🌟🌟

Mingyu estava recostado na lateral da pista, segurando um copo d’água gelado, com o olhar distraído. Conversava com Junhui e Joshua sobre alguma piada antiga do grupo, quando seus olhos foram atraídos por uma movimentação no centro da pista. Ele parou de falar no meio da frase.

— Espera aí… — ele disse, franzindo os olhos e inclinando um pouco o corpo para frente. — Isso é… o DK?

Junhui seguiu o olhar e arregalou os olhos, quase cuspindo a bebida.

— É o DK mesmo! E… ele tá dançando. Tipo, dançando de verdade. — Ele deu um riso espantado. — Isso é real?

Joshua também olhou e soltou uma risada abafada.

— Nossa, faz quanto tempo que a gente não via esse lado dele? Dois meses? Três?

— Mais — Mingyu respondeu com um sorriso que começou discreto e foi crescendo devagar. — E, olha… ele tá sorrindo.

Os três observaram em silêncio por alguns segundos. Na pista, DK dançava com . Nada performático, nada exagerado — mas havia ali uma leveza que eles não viam há muito tempo. Um riso solto. Um brilho nos olhos que parecia ter sumido desde aquela noite de Natal.

— É ela, né? — Junhui comentou, cruzando os braços com um sorrisinho no canto da boca. — A garota nova. .

— Faz sentido agora aquele papo dela mais cedo com você, né, Mingyu? — Joshua completou, com o tom divertido.

Mingyu apenas assentiu, o sorriso agora mais orgulhoso do que surpreso.

— Eu disse pra ela que o DK era barulho contido. Energia presa. Acho que ela acabou de encontrar o botão de “ligar”.

Junhui riu.

— A gente devia agradecer a garota. Tava ficando difícil puxar ele de volta pra gente.

— Vamos com calma — Mingyu comentou, ainda olhando para o amigo dançar. — Mas… é bom ver isso. Ver ele ali. De novo.

Os três continuaram observando, como quem presencia o florescer de algo ainda indefinido, mas promissor. E entre as luzes que piscavam e a música que vibrava, DK e continuavam dançando — alheios a qualquer espectador.

Mas para os amigos, aquele momento já era muito mais do que apenas uma dança. Era um recomeço.

Enquanto DK e dançavam no meio da pista, quase como se o resto da boate tivesse se dissolvido ao redor deles, Mingyu permaneceu parado, o sorriso ainda presente, mas agora mais contido, mais distante. Havia algo naquele momento — no jeito que DK se movia, no riso fácil escapando dos lábios dele — que o puxava para um tempo que parecia mais longe do que realmente era.

Sem perceber, Mingyu baixou o olhar por um segundo, como se buscasse apoio em algum ponto fixo, e então a lembrança veio, vívida como uma fotografia que o tempo não conseguiu apagar.

Foi numa festa universitária, há alguns anos. Uma daquelas cheias de luzes coloridas e músicas ruins, onde quase ninguém se conhecia de verdade. DK tinha acabado de passar por uma rejeição — nada muito grave, mas o suficiente para deixá-lo cabisbaixo.

Mingyu se lembrava de ter ido ao banheiro, e ao voltar, encontrou DK no meio da pista. Sozinho. Dançando como se a vida estivesse perfeita, como se não existisse peso algum nos ombros dele. As pessoas ao redor batiam palmas, riam, alguns o imitavam. Ele girava, se jogava no chão, fazia passos idiotas de propósito — e ria. Ria tanto que até quem não estava de bom humor acabava contagiado.

— Esse idiota… — Mingyu murmurou na época, rindo baixinho enquanto observava o amigo — mas com um orgulho silencioso, quase fraterno.


DK sempre teve esse dom. De transformar tristeza em movimento. De mascarar o caos com risos verdadeiros. Mas o que Mingyu sabia — e poucos percebiam — era que DK não dançava para chamar atenção. Ele dançava para sobreviver aos dias ruins. Para não implodir por dentro.

E ver agora aquele DK renascendo, mesmo que aos poucos, mesmo que com um certo receio, fazia algo no peito de Mingyu apertar.

— Bem-vindo de volta, meu irmão — ele murmurou para si mesmo, com um meio sorriso cheio de sentimento.

Joshua, que ainda estava ao lado, percebeu o silêncio e o olhar distante de Mingyu.

— Tá tudo certo?

Mingyu piscou, voltando para o presente, e assentiu.

— Tá sim. Só... bom ver ele assim de novo, sabe?

Joshua deu um leve tapa em seu ombro.

— A gente tá sempre voltando. Uns mais rápido, outros aos poucos. Mas a gente volta. E quando um amigo ajuda... volta mais inteiro.

Mingyu olhou para ele, grato.

— Que frase de cartão de aniversário, hein?

— Pois é. Fui tocado pelo espírito natalino atrasado — Joshua riu.

Mas Mingyu não riu. Ele olhou de novo para DK e — agora mais próximos, quase sincronizados — e, pela primeira vez em muito tempo, sentiu que, talvez, o pior realmente tivesse passado.

E que o melhor… ainda estava por vir.

🌟🌟🌟

A música foi mudando, deixando as batidas intensas de lado e dando espaço a um som mais lento, envolvente, quase hipnótico. Ainda estavam no meio da pista quando percebeu que DK havia parado de dançar — não abruptamente, mas como quem percebeu que o corpo precisava respirar.

Ela o olhou, ainda com o sorriso nos lábios, e ele, por um momento, apenas a observou.

— Ok, vou admitir — DK disse, com a respiração leve e os olhos ainda nela. — Você me puxou mais do que eu esperava.

— Isso é bom ou ruim? — perguntou, inclinando levemente o rosto, desafiadora.

— Bom. — Ele sorriu. — Assustador, mas bom.

Eles saíram da pista devagar, ainda com os corpos próximos, como se a dança tivesse deixado uma cola invisível entre eles. Quando chegaram até um canto mais tranquilo, DK se encostou na parede, ainda com o sorriso tímido de antes, enquanto parou na frente dele, de braços cruzados, mas o olhar relaxado.

— Você parece diferente agora — ela comentou, depois de alguns segundos de silêncio.

— Como assim?

— Mais leve. Como se tivesse tirado uma mochila pesada das costas.

DK riu, mas havia verdade no riso.

— Talvez tenha tirado mesmo. Ou... pelo menos colocado no chão por uns minutos.

Ela assentiu lentamente, os olhos ainda nos dele.

— Você é intenso, DK.

— Você também. — Ele rebateu, com um olhar que não fugia mais. — Mas você esconde bem.

ergueu uma sobrancelha, surpresa com a resposta.

— Isso foi... direto.

— Desculpa — ele riu, passando a mão pela nuca. — É que eu normalmente sou o piadista do grupo, sabe? Mas com você, parece que eu tenho que ser mais honesto.

Ela não respondeu de imediato. Apenas observou-o com mais atenção, como se estivesse tentando entender de onde exatamente vinha aquela vulnerabilidade repentina — e por que ela gostava tanto dela.

— Bom, já que a gente tá sendo honesto... — ela começou, dando um passo mais perto. — Eu te achei meio enigmático no começo. Silencioso demais. Mas agora...

— Agora?

— Agora você parece menos “mistério” e mais... real.

— E isso é bom ou ruim?

Ela deu um leve sorriso, imitando a pergunta dele de antes.

— Assustador também. Mas bom.

Os dois sorriram, e por um instante, ficaram apenas se olhando, sem precisar dizer mais nada. O som da boate seguia ao redor, a movimentação continuava, mas ali, no canto iluminado apenas pelas luzes que piscavam suavemente, DK e já tinham criado um espaço só deles.

E naquele momento, nenhum dos dois queria sair dali.

O clima entre DK e era sutil, mas carregado. Havia algo ali — uma troca de olhares, um silêncio confortável, uma energia que ainda não sabia o que queria ser, mas já era impossível de ignorar.

Foi quando Mingyu se aproximou, com as mãos nos bolsos e o andar tranquilo, como quem apenas estava circulando pela boate sem pressa. Ele os viu de longe, juntos naquele canto afastado, e algo em seu peito apertou — não exatamente ciúmes, mas talvez um tipo de inquietação difícil de nomear.

— Olha só — ele disse, com um tom leve, mas com certa intenção por trás. — Achei vocês dois aqui na bolha silenciosa da pista.

DK olhou na direção dele e soltou um risinho abafado.

— A gente tava só respirando um pouco. Dançar ainda exige energia, sabe?

sorriu, mas percebeu rapidamente a mudança de atmosfera. Não era tensão entre os três — pelo menos não declarada — mas havia algo diferente no jeito que Mingyu os olhava. Como se estivesse medindo distâncias.

— Espero que o DK tenha te mostrado pelo menos um passinho digno — Mingyu completou, agora olhando para .

Ela deu um sorriso curto, cruzando os braços de leve.

— Ele foi melhor do que prometeu. Me surpreendeu.

— Ele faz isso às vezes — Mingyu respondeu, encarando brevemente DK antes de desviar o olhar.

DK percebeu o subtexto. Conhecia Mingyu demais para não entender quando ele estava tentando parecer casual, mas na verdade estava marcando território — ainda que nem ele soubesse exatamente qual era o território em questão.

— Mas relaxa, a pista continua lá pra você mostrar como se faz, hyung. — DK falou com leve ironia, tentando equilibrar o clima.

Mingyu apenas sorriu de lado, depois olhou para com mais suavidade.

— Na verdade, só vim ver se vocês queriam beber alguma coisa. Tô indo pro bar.

— Aceito uma água com gás — respondeu, ainda o observando com certa curiosidade.

— Mesma coisa — disse DK.

Mingyu assentiu e, antes de sair, olhou rapidamente para os dois. O olhar que lançou a foi sutil, mas atento. A DK, mais curto. Depois apenas se virou e voltou em direção ao bar.

Quando ele se afastou, olhou de volta para DK.

— Vocês dois… têm alguma coisa mal resolvida?

DK passou a língua pelos lábios, pensativo.

— É uma história longa. Mas não se preocupa, não é sobre você.

deu um meio sorriso, mas não parecia completamente convencida.

— Talvez não tenha começado comigo. Mas... não sei se vai continuar sem.

Ele a encarou por um segundo, surpreso pela percepção rápida dela. Mas antes que pudesse responder, a música subiu novamente, e eles voltaram a olhar um para o outro. O momento ainda estava ali. Mas agora, com um novo peso no ar.

E uma presença invisível que ainda pairava entre os dois: Mingyu.

DK respirou fundo, desviando o olhar por um instante. O som da boate seguia alto, mas naquela parte mais afastada o mundo parecia mais calmo — calmo o bastante para ele finalmente colocar em palavras o que há meses guardava só pra si.

— Eu e o Mingyu… a gente é amigo há muito tempo — ele começou, a voz mais baixa agora. — Tipo, muito tempo. Antes de tudo isso aqui, antes do grupo inteiro se formar, antes de qualquer festa ou boate. Ele é praticamente família.

o ouvia em silêncio, respeitando o tempo dele.

— Só que no final do ano passado... aconteceu algo meio complicado. Eu... — DK parou por um momento, coçando a nuca. — Eu me declarei pra uma garota. Só que ela tava namorando o Mingyu.

Os olhos de se arregalaram por reflexo, mas ela não o interrompeu.

— Eles terminaram pouco antes do Natal. Foi amigável, maduro, como eles diziam. Mas... na noite do Natal estávamos todos juntos, como de costume e eu tava bêbado, confuso, e falei tudo. Joguei na cara dele que eu era apaixonado por ela fazia tempo. Que ele nunca tinha percebido. Que eu me sentia invisível.

DK deu um riso curto e amargo.

— E a pior parte? Eu nem tava bravo com ele. Eu tava bravo comigo. Por ter guardado aquilo por tanto tempo. Por ter fingido que não sentia. Por ter me colocado na posição de “melhor amigo” e ter aceitado isso por anos.

continuava em silêncio, mas o olhar dela agora era mais suave. Mais atento.

— Depois daquela noite, tudo mudou. O grupo esfriou, a energia entre a gente ficou estranha. E o Mingyu... ele nunca me jogou nada na cara. Nunca brigou comigo. Mas também nunca falou sobre aquilo. A gente só... deixou pra lá. Só que, sabe, quando você não resolve uma coisa de verdade, ela vira uma sombra. Tá sempre ali. Em tudo.

assentiu devagar, absorvendo cada palavra.

— E agora, ver ele aqui, com você por perto... eu sei que ele tá só sendo Mingyu. Mas parte de mim ainda fica... alerta.

DK a olhou nos olhos pela primeira vez desde que começou a falar.

— Eu não quero te afastar. Não quero que ache que tá entrando num campo minado. Mas seria injusto fingir que tá tudo limpo quando não tá. E eu... não sei ainda o que fazer com isso.

manteve o olhar firme no dele, como se estivesse processando cada camada daquela confissão. Depois, falou com calma:

— Obrigada por me dizer. De verdade. Você podia muito bem ter escondido tudo isso, jogado pra debaixo do tapete. Mas escolheu ser honesto. Isso diz muito mais sobre você do que sobre o que aconteceu.

Ela fez uma pausa, depois completou:

— Eu não tenho medo de sombra. Só preciso saber onde ela tá, pra não tropeçar no escuro.

DK riu baixo, surpreso pela forma como ela lidava com tudo — como se entendesse mais do que deixava transparecer.

— Você é diferente.

— Eu sei — ela respondeu, com um sorrisinho provocador. — E você também é. Agora só precisa lembrar disso com mais frequência.

E, sem dizer mais nada, ela voltou a ficar em silêncio, como quem sabia que aquele tipo de conexão não se força — só se cultiva, passo a passo.

E DK, pela primeira vez em muito tempo, sentiu que tinha dito exatamente o que precisava ser dito.

🌟🌟🌟

O silêncio entre DK e era agora confortável, maduro — do tipo que vem depois de palavras importantes. Os dois ainda estavam próximos, respirando um pouco mais devagar, como quem precisava de um instante para processar. Foi então que a presença de Mingyu se fez notar novamente.

Ele se aproximou com as três bebidas em mãos — uma garrafinha de água com gás para , uma para ele mesmo, e outra para DK. Chegou sorrindo, mas assim que se aproximou, o sorriso diminuiu sutilmente. Ele não era tolo. Podia sentir o clima denso no ar.

— Aqui estão — disse, entregando as bebidas. — Demorei porque o bar tava cheio.

DK pegou a garrafa com um aceno de cabeça, ainda um pouco quieto. agradeceu com um sorriso gentil, mas não exagerado — como se quisesse manter a naturalidade daquele instante.

— Tá tudo bem com vocês? — Mingyu perguntou, tentando parecer casual. Mas havia um peso atrás da pergunta, como se soubesse que havia chegado no meio de algo que talvez não fosse para ele.

DK trocou um olhar rápido com antes de responder.

— Só... colocando as conversas em dia. — Ele deu de ombros.

, por sua vez, encarou Mingyu com um pouco mais de firmeza. Não por desafio, mas por respeito.

— Eu e o DK estávamos conversando sobre algumas coisas importantes. — Ela disse de forma direta, sem desviar o olhar. — Mas não se preocupe, não tem nada errado.

Mingyu assentiu lentamente, sem tirar os olhos dela. Havia algo naquela resposta que o fazia sentir uma leve fisgada no peito. Talvez fosse o fato de se posicionar de forma tão clara. Talvez fosse ver DK tendo um espaço que ele mesmo não sabia se estava pronto para ceder.

Mas ele respirou fundo, e, como sempre, tentou sorrir.

— Que bom. — Mingyu respondeu. — Fico feliz.

DK soltou uma risada sem humor, balançando a cabeça.

— Não precisa fingir. A gente sabe que ainda tem coisa mal resolvida aqui. E tá tudo bem. Ninguém tá exigindo que você finja o contrário.

Mingyu ficou em silêncio por alguns segundos. Depois, apenas deu um gole na própria água, desviando os olhos para a pista, onde os outros amigos ainda dançavam e riam, alheios ao triângulo silencioso que se formava naquele canto da boate.

— Um dia a gente resolve — ele murmurou. — Só... talvez não hoje.

olhou para os dois, depois deu um passo para o lado, criando um espaço entre eles.

— Vocês não precisam resolver tudo agora. Mas também não precisam fingir que nada existe. Eu posso dar um tempo, se quiserem conversar.

— Não — DK disse imediatamente, firme. — Você não precisa sair de lugar nenhum. Ninguém aqui precisa.

Mingyu o olhou por um momento, com os olhos mais sérios agora. E então, finalmente, assentiu.

— É. Ninguém precisa.

O silêncio voltou por um instante. Mas dessa vez, não era incômodo. Era aceitação. Era o início de um entendimento que talvez não fosse fácil, nem rápido — mas que, pela primeira vez em muito tempo, parecia possível.

Depois de alguns segundos de silêncio, puxou o ar com um pouco mais de leveza, tentando suavizar o peso que ainda pairava entre os três. Não queria que a noite terminasse naquele tom. Pelo contrário — queria virar a página daquele momento carregado.

— Ok, chega de tensão — ela disse, com um meio sorriso. — Que tal voltarmos pra pista? Eu prometo pedir ao DJ uma música mais decente dessa vez.

Ela se virou primeiro para DK, levantando levemente a garrafa de água como se brindasse à ideia.

— Vem? Pode ser só por uma música.

DK hesitou. O sorriso dele era gentil, mas havia algo nos olhos que dizia o contrário.

— Acho que vou passar dessa. Ainda tô digerindo algumas coisas... — Ele deu um passo para trás, um pouco desconfortável. — Mas vocês podem ir. De boa.

assentiu lentamente, entendendo. Não insistiria. Ela já tinha visto o suficiente daquela noite para saber que DK estava dando tudo o que conseguia — e talvez dançar, ali, ao lado de Mingyu, não fosse algo que ele estivesse pronto para ver ou sentir.

— Tudo bem. — Ela disse com um aceno, olhando então para Mingyu. — E você?

Mingyu a encarou por um segundo, e então, como se tomasse a decisão de não complicar ainda mais, deu um pequeno sorriso e estendeu a mão.

— Por que não?

aceitou. E sem mais uma palavra, os dois se afastaram, sumindo entre as luzes e os corpos na pista.

DK ficou para trás, observando.

Ele viu os dois caminhando lado a lado, sentiu o som da música bater em seus ouvidos sem ritmo, sem sentido. Viu jogar os cabelos para trás e rir de algo que Mingyu disse. Viu Mingyu aproximar-se sutilmente, como ele sempre fazia quando tentava agradar alguém.

E, apesar de tudo que havia dito, DK não conseguiu evitar a sensação amarga que crescia no fundo da garganta.

Não era ciúmes. Não ainda.

Era só… desconforto.

Como se, por mais que tivesse tentado abrir o peito e ser honesto, ele tivesse ficado parado num ponto, enquanto Mingyu e seguiram em frente.

E naquela noite de música alta, luzes coloridas e passos dançantes, DK se sentiu, mais uma vez, parado num lugar onde ninguém queria ficar por muito tempo: entre o que sente… e o que não pode impedir.

🌟🌟🌟

O ar noturno era mais frio do que ele esperava. Assim que saiu pelas portas laterais da boate, DK inspirou fundo, como se só ali conseguisse respirar de verdade. As luzes da rua, o som abafado da música atrás da parede, as risadas esporádicas de gente do lado de fora — tudo parecia distante.

Ele se apoiou na grade metálica que cercava o beco lateral e ficou ali, olhando pro chão, tentando organizar os pensamentos. Mas não dava. Não quando o coração estava uma bagunça.

"De novo?" — ele pensou, fechando os olhos com força.

"De novo, Mingyu. De novo eu. De novo…"

Não era só sobre . Era sobre o padrão. Sobre a sensação sufocante de repetir a mesma história com protagonistas diferentes. Sobre sentir-se sempre um passo atrás — o amigo, o coadjuvante, o que observa tudo desmoronar e tenta sorrir mesmo assim.

DK passou as mãos pelo rosto, respirando fundo.

A ferida com Mingyu nunca tinha fechado de verdade. Eles voltaram a conversar, voltaram a coexistir no mesmo espaço… mas a rachadura ainda estava lá. E pior — ela agora se estendia para outro ponto frágil: . A garota que ele acabara de começar a conhecer. Que o fazia rir sem esforço. Que o olhava com calma, e não com expectativa. Que, mesmo sem saber, tinha escutado o lado mais honesto dele em meses.

E agora ela estava com Mingyu na pista. Dançando. Havia sido apresentada á eles, por ele…

Assim como tinha dançado com Mingyu antes. E antes disso, quantas outras vezes ele tinha sido o cara que segurava o casaco na lateral da pista enquanto o melhor amigo brilhava?

"Mas não é culpa dele," DK pensou, amargo. "Ele só é assim. Carismático. Generoso. Envolvente. As pessoas gostam dele. As garotas também."

Ele abaixou a cabeça, sentindo um gosto estranho na boca. Não era inveja. Era a exaustão de lutar contra algo que sempre parece maior do que ele.

E no fundo, ele sabia: a situação com ainda estava ali, mal resolvida. Não era só o sentimento — era o silêncio entre eles desde que tudo aconteceu. O jeito como ela desapareceu, como ele ficou com as palavras entaladas. Como Mingyu fingiu estar bem, mas DK sabia que não estava. E ele mesmo… não tinha se perdoado até agora.

"Talvez eu não esteja pronto," ele pensou. "Pra sentir de novo. Pra confiar. Ou pra ver alguém que me interessa indo embora, mais uma vez."

Ele fechou os olhos, e por um segundo, desejou que o tempo voltasse para uma época em que tudo era mais simples. Quando rir com Mingyu bastava. Quando dançar bêbado no meio da sala resolvia tudo.

Mas ele não era mais aquele cara.

E talvez nunca voltasse a ser.

🌟🌟🌟

girava lentamente no meio da pista, o corpo se movendo com naturalidade ao ritmo da música mais suave que tocava agora. Mingyu estava logo à frente, acompanhando seus passos com facilidade. Ele dançava bem, com aquela confiança que parecia fazer parte de sua pele.

Ela o observava de perto. Era impossível não notar o quanto ele era magnético. O jeito como sorria, como se aproximava sem invadir, como criava conexão com um olhar e mantinha uma aura calorosa mesmo em silêncio. Era fácil entender por que alguém se apaixonaria por ele.

Mas havia algo curioso ali.

Ele não estava tentando impressioná-la.

Não havia charme forçado, nem frases decoradas. Mingyu apenas dançava com ela — e, de alguma forma, parecia querer distraí-la do peso do momento anterior.

— Você dança bem — ela comentou, se inclinando um pouco para ser ouvida.

Mingyu sorriu.

— É tudo fingimento. Mas obrigado por acreditar.

Ela riu, e por um instante, esqueceram o que tinham deixado pra trás naquele canto da boate.

— Você e o DK têm uma história longa, né? — soltou, quase sem pensar.

Mingyu hesitou, mas assentiu devagar.

— Longa, intensa… e às vezes, confusa.

olhou nos olhos dele.

— Eu gosto de clareza. Mesmo que doa.

Mingyu sustentou o olhar por um momento. E naquele instante, ele percebeu algo importante: era diferente. Não só para DK, mas para ele também. Não como uma ameaça. Mas como um espelho.

— Então acho que a gente vai se dar bem — ele respondeu, com um sorriso pequeno, mas sincero.

E continuaram dançando. Não como dois que se desejavam, mas como dois que, por um momento, entendiam a complexidade que havia entre eles — e que, talvez, fosse inevitável encarar.

🌟🌟🌟

O ar noturno não tinha sido suficiente. DK sabia disso quando empurrou novamente a porta lateral da boate e se viu imerso no calor, na luz e no som pulsante de volta.

Caminhou devagar pelo corredor até alcançar a parte principal da pista. Já não estava tão lotada quanto antes, mas ainda fervilhava de movimento. E lá, no centro dela, ele os viu.

e Mingyu.

Dançando.


Não havia nada romântico ou provocador no jeito como se moviam. Não estavam colados, não havia toques ousados ou olhares que buscavam chamar atenção. Mas havia uma intimidade silenciosa que doía mais por ser contida. Uma cumplicidade que se formava ali, e talvez nem os dois soubessem o quanto estavam deixando visível.

DK parou por um instante, observando.

sorria — não como quem ri por educação, mas com aquela sinceridade simples que ele tinha visto poucas vezes naquela noite. Mingyu estava descontraído, rindo também, mas o olhar dele evitava diretamente o de DK, mesmo de longe. Talvez porque soubesse. Ou sentisse.

Quando finalmente virou o rosto para outro lado da pista, os olhos dela encontraram os dele.

DK.

Parado. Quieto. Observando.

Por um segundo, o mundo pareceu desacelerar.

Ela não sorriu, nem desviou. Apenas o olhou — como se quisesse dizer alguma coisa que não cabia naquele momento.

E DK… ele não desviou também. Mas seu olhar carregava algo diferente agora. Não era acusação, nem dor aberta. Era uma pergunta muda.

"É isso, então?"

respirou fundo e, com um movimento sutil da cabeça, fez um gesto que ele entendeu: um convite. Nada explícito, nada grandioso. Apenas um sinal de que ele poderia se aproximar. Que o espaço entre ela e Mingyu não era fechado. Não ainda.

Mas DK não se mexeu.

Apenas abaixou um pouco os olhos, como quem ainda não sabe se consegue dar esse passo.

Na pista, Mingyu finalmente percebeu o olhar fixo dela e seguiu seu campo de visão até encontrar DK. Seus olhos se cruzaram — rápidos, pesados, carregados de tudo o que ficou por dizer desde dezembro.

Mingyu então deu um passo discreto para o lado, como se abrisse espaço.

Era um gesto pequeno. Mas para DK, parecia dizer: a escolha não é minha.

DK fechou os olhos por um segundo, engolindo o peso que sentia no fundo do peito. E quando os abriu de novo, ainda estava ali, esperando. Não exigindo. Só… oferecendo.

Um silêncio dançado. Uma pausa que poderia virar recomeço.

E DK deu um passo.

Não em direção a eles.

Mas em direção ao bar.

Por agora… ele ainda não conseguia.

E no fundo, parte dele temia que, quando estivesse pronto, fosse tarde demais.


Ao chegar ao bar, DK pediu por uma cerveja de qualquer marca, ele só queria beber um pouco mais. Quem sabe o amargor do álcool descendo pela garganta não ajudava a tirar o foco da bagunça que ele carregava dentro de si.

Agradeceu ao barman com um aceno de cabeça rápido e antes mesmo de virar o corpo ele deu um gole longo na bebida, sentindo a mesma descer gelada e amarga por sua garganta como ele havia previsto.

Agora uma música famosa dos anos 90 agitava a pista e quando DK se virou, encontrou os amigos todos na pista, se divertindo, bebendo, dançando, como se nada mais importasse, e automaticamente seus olhos buscaram por Mingyu e .

Os dois, assim como os outros amigos, estavam dançando e pareciam estar se divertindo à beça. Algo dentro de DK se remexeu enquanto ele pensava: “Porque eu sou o único parado aqui?”

Como se movido por uma força invisível, ele deu alguns passos largos em direção à pista de dança, seus olhos buscando apenas os de agora, e assim que ele se aproximou dos amigos, e Mingyu ergueram os olhos, encarando DK.

Assim que DK se aproximou, seus olhos encontraram os de — e havia algo diferente neles. Não era surpresa, nem desconforto. Era uma mistura de curiosidade e expectativa. Ela não se afastou. Não desviou. Pelo contrário, pareceu abrir espaço sutilmente, como se estivesse esperando para ver o que ele faria.

Mingyu apesar de manter o sorriso nos lábios, seus olhos expressavam cautela. Ele sabia que havia algo acontecendo — talvez desde a primeira troca de olhares entre DK e naquela noite. E agora... estava acontecendo bem diante dele.

DK parou ao lado deles. O som da música abafava qualquer palavra, e por isso ele não disse nada. Apenas olhou para , intensamente. Ela sustentou o olhar, o sorriso se apagando aos poucos, mas não por desconforto — e sim por algo mais profundo.

Ela percebeu. Ele estava presente agora.

Era o DK que ela queria ver. O que sentia, mesmo sem saber explicar. O que não se escondia mais atrás de desculpas ou silêncios.

Sem pensar demais, DK deu mais um passo. Ficou diante dela. Os olhos cravados nos dela.

— Posso?

A pergunta saiu em voz alta, mas não precisava, estava clara no olhar, no gesto, na respiração dele que acelerava. E , sem dizer nada, apenas assentiu.

Por um momento, a pista de dança sumiu. Os corpos ao redor não existiam. Só havia os dois — e o peso daquele gesto.

DK estava diante dela, parado, os olhos cravados nos dela como se o mundo dependesse daquele contato. A batida da música pulsava em volta, mas parecia longe, abafada, como um som de fundo em um sonho distante. O que havia entre eles era uma tensão elétrica, sutil, mas impossível de ignorar.

Ele não disse nada. Não precisou. o olhava com o coração acelerado, os lábios entreabertos, a respiração um pouco mais curta. Havia ali uma mistura perigosa de surpresa, desejo e uma certa rendição silenciosa.

DK ergueu uma das mãos e, com a ponta dos dedos, tocou de leve o rosto dela — como se estivesse testando se aquilo era mesmo real. O polegar roçou de leve a maçã do rosto dela, e não se afastou. Pelo contrário, fechou os olhos por um breve segundo, como se aquele toque, tão simples, já fosse suficiente para fazê-la se entregar.

E então… ele se aproximou mais.

O mundo parou.

E o beijo aconteceu.

Os lábios se encontraram como se já se procurassem há dias. Não houve hesitação, mas também não houve pressa. Era um beijo cheio de emoção contida, daquilo que se guarda demais por tempo demais. O primeiro toque foi firme, mas gentil — os lábios dele moldando-se aos dela com cuidado, como se quisesse memorizar cada detalhe, cada textura, cada sensação.

levou as mãos ao peito dele, inicialmente apenas tocando, depois apertando levemente o tecido da jaqueta. O coração de DK disparou. O corpo dele respondeu de forma imediata — como se aquele beijo fosse o primeiro gole de ar depois de um longo mergulho.

E então, o beijo se aprofundou.

As mãos de DK deslizaram para a cintura dela, puxando-a com delicadeza, mas com intenção. respondeu à intensidade, inclinando levemente o rosto para aprofundar o encaixe, os lábios se movendo no mesmo ritmo que os dele, como se soubessem exatamente o que fazer. Havia urgência, sim. Mas havia também uma ternura escondida ali. Uma entrega silenciosa.

A respiração deles começou a se misturar. O calor dos corpos, a vibração do ambiente, o barulho abafado da pista… tudo voltou, mas em segundo plano. A única coisa que importava era o que acontecia entre eles — e a certeza gritante de que aquele momento, aquele beijo, estava mudando tudo.

Quando se afastaram, foi aos poucos.

Os lábios ainda se tocavam, como se nenhum dos dois quisesse encerrar aquilo completamente. A testa de DK repousou contra a dela, e ambos fecharam os olhos por um segundo. Os corações batiam forte, o ar entre eles era quente, compartilhado, carregado.

foi a primeira a abrir os olhos. E ali, naquele espaço mínimo entre os dois rostos, ela viu algo nos olhos dele que não esperava: medo. Mas também havia alívio. Havia desejo. E havia verdade.

Os olhos de DK, por sua vez, buscavam nos dela uma resposta. Uma confirmação. Um sinal de que ele não havia dado um passo grande demais.

Mas antes que qualquer palavra pudesse ser dita, antes que o momento pudesse se prolongar ou se desfazer… a realidade os alcançou de novo.

A música subiu. A multidão se moveu. E, a poucos metros de distância, estava Mingyu.

O olhar dele os alcançou como uma lâmina silenciosa.

E embora ele não dissesse nada, DK sentiu cada segundo daquele silêncio como um peso em seu peito.

Mas ainda assim… ele não se arrependeu.

Porque naquele beijo, havia algo que ele não sentia há muito tempo: ele mesmo.

Inteiro. Verdadeiro.

Mesmo que isso custasse mais do que estava preparado para pagar.

— Eu não sei se deveria ter feito isso… aqui, agora, com o Mingyu. — DK confessou ao pé do ouvido dela, a voz rouca pela emoção, pelo álcool, e pela honestidade crua que escapava sem filtro. — Mas acho que precisava disso para começar a me sentir inteiro de novo, entende?

não respondeu com palavras. Apenas assentiu levemente, a respiração misturada com a dele, o coração acelerado demais pra formular qualquer resposta coerente.

E então, num gesto quase instintivo, a ponta do nariz dele roçou suavemente a dela, como se fosse um convite silencioso. E ela entendeu.

O segundo beijo veio como um estopim.

Dessa vez, não havia hesitação, não havia espaço para dúvida. Era o tipo de beijo que vinha depois de uma escolha — depois do salto. As mãos de DK foram para a base da nuca dela, puxando-a com mais firmeza, e os lábios se encontraram com mais urgência, mais entrega. se agarrou à jaqueta dele, sentindo o corpo inteiro vibrar com a intensidade daquele gesto.

A boca dele explorava a dela com mais confiança agora — não havia mais receio, apenas necessidade. Cada movimento carregava a mistura de tudo o que ele guardou por tempo demais: o afeto engasgado, o desejo reprimido, a vontade de finalmente ser visto e escolhido.

correspondeu com a mesma energia. Os dedos dela se enroscaram na gola da jaqueta dele, puxando-o ainda mais pra perto, como se quisesse desaparecer naquele abraço. Como se aquele beijo fosse a única coisa estável no meio da tempestade que era aquela noite.

E por alguns segundos, de novo, o mundo ao redor evaporou.

Mas não para todos.

🌟🌟🌟

Mingyu observava os dois. Não como quem espionava, mas como quem simplesmente não conseguia desviar o olhar. Desde o primeiro beijo, ele permaneceu ali, parado, de frente pra pista, as luzes piscando no rosto, as mãos fechadas ao lado do corpo.

Ele ouviu DK sussurrar algo a . Viu a aproximação. E viu o segundo beijo acontecer com mais entrega do que o primeiro.

E não era como se ele tivesse esperado algo diferente.

Mas ver… doía mais.

Mingyu não sentia raiva. Não havia ciúme exatamente — pelo menos, não aquele que machuca por amor não correspondido. Mas havia uma pontada, fina e contínua, que só quem já perdeu algo sabe identificar: era a dor de ver alguém que você chama de irmão encontrar o que você quase teve.

Porque apesar do término com , apesar de tudo ter sido "maduro", ele sabia que ainda havia coisas dentro dele que não tinham sido ditas. Coisas que, talvez, nem pudessem ser.

E agora, ali, vendo e DK se perderem um no outro no meio de uma pista de dança lotada… algo dentro dele se descolava.

Ele respirou fundo, desviando os olhos. O sorriso que tinha no rosto há minutos já não existia mais. Em seu lugar, só uma linha tensa nos lábios e um vazio crescendo no peito.

— Tá tudo bem. — ele murmurou pra si mesmo, quase como um lembrete.

E sem esperar mais, deu dois passos para trás, depois se virou e começou a caminhar para fora da pista.

Não por drama. Não pra fugir. Mas porque sabia que, naquele momento, não era mais o lugar dele ali.

Algumas batidas depois, ele estava passando pelo bar, onde os outros amigos ainda riam e se divertiam, alheios ao que acabara de acontecer.

Mas Mingyu não parou.

Seguiu até encontrar a saída lateral da boate. Abriu a porta com calma e deixou o ar frio da madrugada invadir os pulmões.

Lá fora, tudo era mais silencioso. Mais real. E mais cruel.

Ele encostou-se à parede, olhou pro céu escuro e apenas… ficou ali.

Sozinho.

Talvez pela primeira vez em muito tempo — verdadeiramente sozinho.

🌟🌟🌟

Ainda abraçados no meio da pista de dança, DK e demoraram alguns segundos para se afastar de verdade. Os lábios se separaram, mas os corpos ainda estavam próximos, como se nenhum dos dois quisesse interromper o que acabara de acontecer.

Os olhos de DK buscavam algo nos dela — talvez uma resposta, talvez só um alívio. Ele estava sem ar, mas não pela dança. Era o beijo. O momento. A bagunça interna tentando encontrar um ponto de equilíbrio.

— Isso... foi real, né? — ele perguntou, a voz baixa, quase trêmula.

sorriu, com os olhos ainda brilhando.

— Muito.

Ele soltou um leve riso, nervoso.

— Me diz que eu não tô maluco.

— Você tá. — ela respondeu com um sorrisinho provocador. — Mas por outras razões.

Eles riram juntos, e por um breve instante, o clima pesado que envolvia tudo naquela noite deu lugar a uma leveza quase infantil. DK passou a mão pela nuca, sentindo as mãos dela ainda tocando de leve sua cintura.

— Eu não planejei isso — ele confessou. — Nenhuma parte dessa noite. Nenhuma parte de você.

— Eu também não — respondeu, mais séria agora. — Mas, às vezes, o que não é planejado… é o que mais faz sentido.

DK a encarou. Aquilo que ele via nos olhos dela não era paixão impulsiva, nem carência. Era algo mais complexo. Uma abertura. Uma entrega com cautela. E isso… isso o desarmava.

— Eu sei que isso não é simples. — ele falou. — Tem o Mingyu, tem tudo que eu ainda não entendi sobre mim, sobre o que quero daqui pra frente. Mas...

Shhh. o interrompeu suavemente, colocando um dedo sobre os lábios dele. — Eu não quero promessas. Não agora. Nem justificativas. Eu só quero que você esteja aqui. Presente.

— Eu tô — ele respondeu, sem hesitar.

Ela assentiu.

— Então vamos só... aproveitar isso. Um pouco mais. Sem culpa.

DK hesitou por um segundo, mas depois pegou a mão dela e entrelaçou os dedos aos dela.

— Só um pouco mais — ele repetiu, sorrindo com aquele brilho que estava vendo nele pela primeira vez desde o começo da noite.

E então, sem dançar nem falar, os dois ficaram ali no meio da pista. Não estavam mais se beijando, nem tentando provar nada. Apenas existindo. Juntos. Em silêncio. Naquele raro tipo de entendimento que só acontece entre duas pessoas que, de algum jeito, se encontram no meio do caos.

Lá fora, o mundo girava. Os amigos riam. As luzes piscavam. E Mingyu…

Bem, Mingyu sentia.

Mas naquela hora, DK permitiu-se sentir também.

Sem medo.

Sem esconder.

Sem fingir.


🌟🌟🌟

Mingyu encarava o nada à sua frente, seus olhos fixos na parede do outro lado, mas a cabeça dele rodava. Apenas isso. Até que a porta lateral se abriu, revelando Scoups. Ele caminhou com um cigarro já posicionado nos dedos, e parou ao lado do amigo, escorando-se lá na parede também.

Acendeu o cigarro com o isqueiro que ele retirou de dentro do bolso da frente, e deu uma longa tragada em silêncio.

— Você também viu, não viu? — Mingyu virou o rosto na direção dele, quebrando o silêncio depois de alguns segundos.

— O DK e a sua amiga nova? — Scoups se afastou um pouco para soltar a fumaça para cima sem que ela atingisse o rosto do amigo, e o encarou.

Mingyu assentiu para ele bem devagar, como se ao confirmar a memória dos dois beijos voltasse a mente com força.

— Sim, eu vi. E vi que você viu, e agora to com medo do que isso tudo vai virar.

— Porque? — Mingyu deu de ombros, fingindo uma leveza que estava longe de sentir.

— Porque sempre vira alguma coisa, né? — ele completou, encarando o chão por um instante. — Nada no nosso grupo acontece e simplesmente passa. Tudo deixa marca.

Scoups assentiu devagar, puxando mais uma tragada do cigarro antes de responder.

— Principalmente quando tem sentimento envolvido. E vamos ser sinceros… você ainda não resolveu o seu. Nem com a Eleonor. Nem com o DK. E agora tem essa garota nova…

Mingyu soltou um suspiro pesado, como quem carregava mais do que conseguia admitir.

— Eu sei. Mas é isso que me assusta. Ver os dois juntos…A e o DK, não me deixou com raiva. Me deixou… vazio. Como se tivesse sido deixado pra trás. De novo.

Scoups lançou um olhar de lado para o amigo, o tom agora mais firme:

— Você não foi deixado pra trás, Mingyu. Você é quem sempre se afasta quando as coisas ficam reais demais.

Mingyu não respondeu de imediato. Apenas ficou em silêncio, engolindo aquelas palavras, sabendo que elas doíam porque eram verdade.

Scoups soltava lentamente a fumaça do cigarro quando ouviu a porta lateral abrir de novo. Dessa vez, foi DK quem surgiu. Ele parou por um segundo ao ver os dois, mas não hesitou. Caminhou até eles, com a expressão carregada, o maxilar tenso.

— A gente precisa conversar. Agora. — disse DK, sem rodeios.

Mingyu o encarou por um momento, cruzando os braços.

— Conversar? Agora você quer conversar?

— Sim. Porque você ficou me olhando naquela pista como se eu tivesse feito algo imperdoável. E, pra mim, não fiz.

Scoups soltou um suspiro, apagando o cigarro e se afastando alguns passos, mas ainda por perto.

— Você beijou a garota que eu tava com ela há, sei lá, três horas! — Mingyu rebateu, a voz mais alta, o controle escapando.

Três horas, Mingyu. Exato. Três. — DK respondeu, dando um passo pra frente. — Eu me declarei pra e você ficou com ela por anos, e eu engoli tudo, lembra? E agora você quer falar de timing?

Mingyu balançou a cabeça, rindo sem humor.

— Isso é alguma vingança, DK?

— Não! Isso sou eu finalmente fazendo alguma coisa por mim! Pela primeira vez, eu não tô esperando ninguém me escolher. Eu escolhi!

A tensão entre eles era palpável. Dois amigos, dois irmãos de vida, ali, expostos, magoados, com cicatrizes abertas e sentimentos demais entalados na garganta.

— Você vai levar isso adiante? — Mingyu perguntou, direto.

DK hesitou. Só por um segundo. Mas o suficiente.

— Eu não sei. Mas eu gostei dela. E ela gostou de mim.

O silêncio entre eles foi cortado apenas pela respiração pesada dos dois. Até que Mingyu bufou, virando de costas.

— Eu preciso sair daqui.

Ele começou a andar em direção à calçada, ignorando os chamados de Scoups.

— Mingyu! Espera aí, cara!

Mingyu só ergueu a mão, em sinal de "me deixa". Estava machucado. Confuso. E querendo distância.

Scoups olhou para DK, que ainda estava parado no mesmo lugar, com os punhos fechados ao lado do corpo, como se o peso da briga tivesse lhe drenado a alma.

— Eu vou atrás dele. — disse Scoups, antes de sair em passos apressados.

🌟🌟🌟

Mingyu caminhava distraído, rápido demais, com os olhos perdidos e a cabeça girando. O ar da noite era gelado, mas ele mal sentia. Estava tentando respirar. Entender. Processar.

Foi tudo muito rápido.

Um farol vermelho ignorado. Farois que vinham na contramão. Um grito distante de um motorista que não viu a tempo.

E então... o impacto.

Um som seco. O corpo de Mingyu sendo arremessado alguns metros adiante.

Scoups, que vinha logo atrás, gritou com toda a força do corpo.

— MINGYU!

Ele correu até o amigo, o desespero tomando conta. O corpo de Mingyu estava caído no chão, sangue escorrendo pela lateral da cabeça, o peito subindo em movimentos fracos, a boca semiaberta, tentando puxar ar.

Não, não, não, não, não... — Scoups se ajoelhou, as mãos trêmulas tocando o rosto do amigo. — Fica comigo, por favor, Mingyu... FICA COMIGO!

Ele puxou o corpo de Mingyu para o colo, com cuidado, mas sem conseguir conter as lágrimas. Os olhos do amigo piscavam devagar, embaçados.

— Olha pra mim! Você vai ficar bem! Eu tô aqui, tá bom? A ambulância vai chegar. Eu juro que vai chegar!

Com as mãos tremendo, Scoups pegou o celular do bolso e discou para a emergência.

“Preciso de uma ambulância! Rápido! Um atropelamento! Rua Gonjiam, esquina com a boate Horizon!”

Ele desligou antes mesmo de ouvir a resposta completa, e discou o segundo número, quase errando pela pressa.

“DK…” — ele disse assim que a chamada foi atendida, a voz falha. — “Vem pra fora. Agora. O Mingyu… ele foi atropelado. Tá muito mal.”

Do outro lado da linha, o silêncio.

Depois, só a respiração acelerada de DK, e a porta da boate se abrindo novamente.

🌟🌟🌟

O som da porta lateral se abriu com violência.

DK surgiu correndo, o rosto em pânico, como se tivesse sido arrancado de dentro de um pesadelo. Bastou um olhar para a cena à frente para o coração dele despencar.

Mingyu estava no chão, deitado no colo de Scoups. Havia sangue escorrendo da lateral da testa, um corte aberto no supercílio, e as roupas estavam manchadas. Os olhos dele piscavam lentamente, como se a qualquer momento fossem se fechar de vez.

— Meu Deus... Mingyu! — DK tropeçou nos próprios pés ao se aproximar, caindo de joelhos ao lado dos dois. — O que aconteceu?!

— Ele atravessou sem olhar… DK, ele só... ele só foi... — Scoups chorava, o rosto molhado, as mãos tentando estancar o sangue do lado da cabeça de Mingyu com a própria camiseta. — Ele não me ouviu. Não me ouviu...

Mingyu se mexeu fracamente, os lábios tentando formar alguma palavra.

— Shhh, Mingyu... não fala. — Scoups sussurrou, com a voz embargada. — Você vai ficar bem, tá? A ambulância tá vindo. Já vem.

DK se aproximou mais, segurando a mão de Mingyu com força.

— Fica comigo, cara. Olha pra mim, por favor! — ele dizia, desesperado, como se o som da própria voz pudesse mantê-lo acordado. — Você é forte. Você é o mais forte de nós. Fica comigo, por favor!

Mingyu piscou com dificuldade, os olhos vidrados no céu. A respiração estava cada vez mais rasa, irregular.

Os minutos que se seguiram foram os mais longos da vida deles.

Cinco. Seis. Sete minutos.

Nada da ambulância.

Scoups olhava para todos os lados, esperando as luzes vermelhas aparecerem no horizonte, mas tudo o que ouvia era o barulho distante da cidade que continuava viva, indiferente ao que acontecia naquela calçada fria.

— CADÊ ESSA AMBULÂNCIA?! — DK gritou, a voz quebrando no meio, as mãos tremendo enquanto mantinha a de Mingyu entre as suas.

Ele tá ficando gelado, DK... Ele tá ficando gelado... — Scoups murmurou, puxando o amigo contra o próprio peito, apertando os olhos como se aquilo pudesse conter as lágrimas. — Você não pode ir embora, hyung… não agora…

Foi só aos oito minutos e alguns segundos que as luzes começaram a aparecer no fim da rua.

A sirene cortou o ar, mas, para eles, parecia tarde demais.

— Eles chegaram. Você ouviu isso? — DK dizia, repetindo como um mantra para Mingyu. — Você vai ficar bem. Você vai sair dessa. Você vai voltar pra gente.

Paramédicos saíram correndo da ambulância, carregando a maca e os equipamentos. Os dois amigos recuaram com cuidado, mas sem soltar a mão de Mingyu até o último segundo.

Os profissionais agiram com rapidez, mas DK percebeu o modo como um deles franziu a testa ao conferir os sinais vitais. Ele viu o olhar breve que trocaram — técnico, silencioso, mas cheio de significado.

Ele vai sobreviver, né? — DK perguntou, num tom quase infantil, desesperado. — ELE VAI FICAR BEM?!

Nenhum dos dois respondeu.

Mingyu foi colocado na maca, já com o oxigênio no rosto, e empurrado rapidamente para dentro da ambulância. O sangue deixava um rastro no asfalto. A porta bateu com força. O motor acelerou.

E de repente, o silêncio.

Scoups estava ajoelhado no chão, ainda olhando para as próprias mãos manchadas de vermelho.

DK ficou em pé, sem saber o que fazer. O peito em choque, o coração pulsando nos ouvidos.

A noite, antes cheia de luzes e música, agora parecia ter congelado.

E o que restava... era medo.

Medo de que fosse tarde demais.

Medo de não conseguir consertar o que nunca foi dito.

Medo de perder… para sempre.


Continua...


Nota da autora: Eiii! O drama veio inspirado no clipe de 'Eyes on you', sorry! Precisei apelar para o melodrama e para a tragédia. Beijos da titia :*"


☀️


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Para saber quando essa fanfic vai atualizar, acompanhe aqui.


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