Codificada por: Saturno 🪐
Última Atualização: 08/04/2025.Ela observava os peritos trabalharem no corpo estirado ao chão, eram sinais óbvios de um crime passional, quem matou aquela mulher sentia muito ódio dela, e isso não passou despercebido por .
Yugyeom e Jungsu conversavam com algumas testemunhas, colhendo as primeiras informações que, claro, eram cruciais. Enquanto esperava os peritos terminarem os primeiros trabalhos ali no local do corpo ela pos-se a pensar em como a vida era efêmera…
Taehyung chegou ao local do crime com passos firmes, seu semblante sério e determinado, refletindo a responsabilidade que sentia ao conduzir uma investigação tão delicada. Ele vestia um sobretudo escuro, o que contrastava com a brancura da neve que começava a se acumular ao redor. O clima frio não parecia incomodá-lo, mas seus olhos revelavam a gravidade da situação.
Assim que avistou Yugyeom e Jungsu, que estavam concentrados nas entrevistas com as testemunhas, Taehyung se aproximou, cumprimentando-os com um aceno breve.
— O que temos até agora? — perguntou Taehyung, olhando de relance para o corpo que ainda estava sendo examinado pelos peritos.
Yugyeom foi o primeiro a responder, mantendo a voz baixa para não alarmar os curiosos ao redor:
— Estamos coletando os primeiros depoimentos. A maioria das testemunhas não viu o momento do crime, mas algumas ouviram uma discussão acalorada antes do tiro. A vítima era conhecida por estar envolvida em uma relação conturbada com um dos moradores daqui.
Jungsu, que estava revisando algumas anotações, completou:
— Parece que todos estão inclinados a acreditar que o motivo foi passional, dado o histórico dela. Ainda estamos verificando, mas há indícios de que o assassino possa ser alguém próximo. A cena sugere muita raiva envolvida.
Taehyung assentiu, absorvendo as informações enquanto observava o local com atenção.
— Certo, vamos continuar com as investigações e procurar qualquer pista que possa ligar o suspeito à cena do crime. Não podemos descartar nenhuma possibilidade ainda — disse ele, firme.
Yugyeom e Jungsu concordaram e continuaram seu trabalho. Taehyung, após certificar-se de que estavam bem encaminhados, começou a se aproximar dos peritos para obter um relatório preliminar, mantendo sua postura de liderança enquanto a neve caía ao redor, trazendo um ar ainda mais sombrio à cena.
Taehyung, depois de conversar com Yugyeom e Jungsu, dirigiu-se em direção a , que estava mais afastada, observando os peritos trabalharem. O vento frio soprava suavemente, trazendo consigo pequenos flocos de neve, enquanto a cena do crime ganhava um tom ainda mais melancólico. , imersa em seus pensamentos, parecia alheia ao frio que a rodeava.
Ao se aproximar dela, Taehyung percebeu a expressão séria e introspectiva de . Ela mantinha as mãos nos bolsos do casaco, seus olhos fixos no corpo estirado ao chão, como se estivesse tentando desvendar os últimos momentos da vítima apenas pela observação. Taehyung parou ao lado dela, sem dizer nada por um momento, compartilhando o silêncio que parecia pesado naquela atmosfera.
— Está pensando no que aconteceu? — Taehyung finalmente quebrou o silêncio, sua voz baixa e suave, quase como se não quisesse perturbar os pensamentos dela.
piscou lentamente e desviou o olhar para Taehyung, assentindo levemente.
— Sim. É difícil não pensar... A maneira como tudo aconteceu, o ódio que essa pessoa deve ter sentido para cometer um crime assim. — Ela suspirou, voltando os olhos para a cena. — A vida é tão frágil, e é assustador ver como, em um momento de raiva ou desespero, alguém pode tirar isso de outra pessoa.
Taehyung assentiu, compreendendo a profundidade dos pensamentos de . Ele também sabia o peso que essas investigações traziam, especialmente quando envolviam crimes passionais.
— Eu sei. E é por isso que precisamos ser meticulosos aqui. Qualquer detalhe pode nos levar ao responsável por isso — disse Taehyung, a voz cheia de determinação. Ele olhou para o corpo novamente, tentando juntar as peças do quebra-cabeça. — Já tem alguma teoria? Algo que tenha te chamado a atenção?
mordeu o lábio inferior, hesitando por um momento antes de responder.
— Ainda é cedo, mas... o que me intriga é a intensidade da agressão. Não foi apenas um assassinato; foi uma explosão de ódio. Acho que o motivo não é apenas passional, pode haver algo mais profundo por trás disso. Precisamos cavar mais fundo.
Taehyung olhou para com admiração. A sensibilidade dela era uma qualidade valiosa nas investigações, permitindo que ela enxergasse além do óbvio.
— Concordo. Vamos focar nisso. Nada é o que parece à primeira vista — respondeu ele, com um leve sorriso encorajador.
Enquanto os flocos de neve continuavam a cair ao redor deles, Taehyung e se prepararam mentalmente para o que viria a seguir. Eles sabiam que, para desvendar a verdade por trás daquele crime, precisariam de paciência, perspicácia e, acima de tudo, um olhar atento aos detalhes que muitos poderiam ignorar.
Os peritos, finalmente terminando os primeiros trabalhos no local, se aproximaram de Taehyung e para fornecer as informações iniciais. Eles estavam cobertos com roupas especiais para o frio e carregavam expressões de seriedade, conscientes da gravidade da situação.
O chefe dos peritos, um homem de estatura média com um olhar cansado, fez um aceno para os dois investigadores.
— Delegado Kim, investigadora Machado — começou ele, com um tom profissional. — Aqui estão as primeiras observações. A vítima é uma mulher na faixa dos trinta anos, identificada como Haejin Kim. Ela foi encontrada aqui há poucas horas, aparentemente morta por ferimentos graves na região do tórax, que parecem ter sido causados por um objeto cortante.
anotou mentalmente enquanto o perito continuava.
— Aparentemente, a violência foi extrema. Não há sinais de resistência por parte da vítima, o que pode indicar que ela conhecia o agressor. Além disso, encontramos algumas evidências que sugerem que a agressão pode ter ocorrido em outro local antes de ela ser deixada aqui.
Taehyung franziu a testa, absorvendo as informações.
— Alguma ideia sobre o motivo do crime? — perguntou ele, tentando conectar as peças.
— Ainda é cedo para determinar o motivo exato. Contudo, com base na brutalidade do ataque, é possível que haja um forte sentimento de vingança ou ciúmes envolvido. Estamos aguardando os resultados dos testes para verificar se há alguma evidência de DNA ou impressões digitais que possam nos ajudar a identificar o suspeito.
interveio, com um olhar atento.
— Alguma evidência de que a vítima conhecia o agressor? Alguma marca ou coisa que possa indicar isso?
O perito fez uma pausa e olhou para suas anotações.
— Não encontramos marcas evidentes de luta, mas o fato de que não houve resistência sugere que ela pode ter sido atacada de surpresa. Os detalhes mais sutis, como possíveis marcas de mãos ou sinais de confronto, podem aparecer nos resultados da perícia completa.
— Obrigado pelas informações — disse Taehyung, dirigindo-se ao chefe dos peritos. — Continuaremos nossa investigação e manteremos contato conforme necessário.
Os peritos assentiram e se afastaram, deixando Taehyung e no local, prontos para começar o trabalho de campo.
Taehyung olhou para , que ainda parecia pensativa.
— Vamos ver se conseguimos encontrar alguma pista adicional. Precisamos descobrir o que realmente aconteceu aqui — disse ele, com determinação.
assentiu, olhando para o corpo mais uma vez antes de seguir com Taehyung. Eles estavam prontos para mergulhar no trabalho, cientes de que cada detalhe poderia ser a chave para resolver o mistério por trás do crime.
Enquanto Taehyung e começavam a se afastar do local do crime, fez um gesto para Taehyung, indicando que queria conferir algo mais de perto. Eles pararam ao lado do corpo, agora coberto por uma lona, e apontou para o chão ao redor.
— As marcas no chão... — ela começou, a voz carregada de curiosidade. — O que você acha? Parece que a vítima foi arrastada até aqui. Veja como a neve está deslocada, como se alguém tivesse feito força para movê-la.
Taehyung se abaixou para examinar o que estava apontando. Ele podia ver o rastro na neve, que de fato parecia indicar que o corpo havia sido movido de outro lugar antes de ser deixado ali.
— Isso reforça a teoria de que o ataque aconteceu em outro local, talvez em um lugar mais privado — ele comentou, pensativo. — Quem fez isso queria esconder o corpo, mas não o suficiente para enterrá-lo ou escondê-lo bem.
assentiu. Ela estava em sintonia com o que Taehyung dizia, mas algo a incomodava. Ela ainda estava processando as informações enquanto seus olhos percorriam o ambiente ao redor.
— Esse rastro... — ela murmurou para si mesma, olhando na direção de onde o corpo pode ter vindo. — Precisamos descobrir onde isso começa. Se conseguirmos encontrar o ponto de origem, talvez possamos entender melhor o que aconteceu.
Taehyung seguiu o olhar de e assentiu, concordando.
— Vamos seguir o rastro até o fim. Pode ser que encontremos algo que os peritos ainda não perceberam, alguma evidência deixada para trás.
Eles começaram a caminhar ao longo do rastro, que os levou a uma área mais densa do parque, onde as árvores bloqueavam um pouco da neve, criando um ambiente mais escuro e sombrio. A trilha continuava, e quanto mais eles seguiam, mais evidente ficava que havia algo perturbador acontecendo ali.
sentiu um calafrio, mas não sabia dizer se era por causa do frio ou da atmosfera pesada do lugar. Ela manteve os olhos atentos, procurando qualquer coisa que pudesse servir de pista.
De repente, Taehyung parou e abaixou-se para examinar algo no chão. se aproximou rapidamente, vendo que ele estava olhando para uma pequena mancha escura na neve. Ele tocou levemente a mancha com as pontas dos dedos e trouxe-os de volta à luz.
— Sangue — ele disse com firmeza. — A vítima foi atacada aqui, com certeza.
se inclinou, tentando visualizar a cena do crime em sua mente.
— Mas por que a pessoa a arrastaria até lá? O que havia de importante no outro local?
Taehyung franziu o cenho, refletindo.
— Talvez o assassino quisesse jogar a polícia fora da trilha, ou... pode ter sido algo impulsivo, feito no calor do momento. Precisamos de mais informações para entender o que motivou essa movimentação.
Os dois ficaram em silêncio por um momento, absorvendo as implicações do que haviam descoberto. O caso estava começando a se complicar ainda mais, e eles sabiam que precisariam juntar cada pedaço de evidência para chegar ao fundo da verdade.
— Vamos avisar os peritos sobre isso — disse finalmente, quebrando o silêncio. — Eles podem precisar revisar a cena aqui, e isso pode nos ajudar a traçar um perfil mais claro do que aconteceu.
Taehyung assentiu e pegou o rádio para chamar a equipe de perícia de volta. Eles ainda estavam longe de resolver o caso, mas haviam dado um passo importante na direção certa.
Enquanto e Taehyung estavam focados na nova descoberta, o som do rádio de ecoou pelo silêncio do parque. Ela pegou o aparelho, ouvindo a voz de Yugyeom do outro lado.
— ? Onde você e o delegado estão? — a voz de Yugyeom soava preocupada, mas também carregava a urgência habitual em situações como aquela.
olhou para Taehyung, que assentiu, indicando que ela deveria responder.
— Estamos na área mais densa do parque, próximo à linha de árvores. Seguimos o rastro de sangue que encontramos na neve. Parece que a vítima foi atacada aqui antes de ser movida — respondeu , sua voz firme, mas deixando transparecer a seriedade da situação.
Houve um breve silêncio do outro lado, provavelmente enquanto Yugyeom processava a informação.
— Entendido. Vamos até aí — Yugyeom respondeu. — Mantenham-se no local, estamos a caminho.
desligou o rádio e guardou-o no bolso, voltando seu olhar para Taehyung. Ele já estava de pé, observando o ambiente ao redor, como se estivesse tentando juntar as peças do quebra-cabeça.
— Eles vão chegar em alguns minutos — informou, cruzando os braços para se proteger do frio que parecia ter ficado mais intenso.
Taehyung assentiu, ainda absorvido em seus pensamentos.
— Quanto mais pistas conseguirmos agora, melhor. Isso pode ser crucial para entender a dinâmica do crime — ele murmurou, seus olhos fixos no rastro de sangue.
Eles esperaram em silêncio, o peso da situação envolvendo-os como uma nuvem pesada. A neve continuava a cair suavemente ao redor, criando um contraste quase surreal com a cena de violência que estavam investigando.
Minutos depois, o som de passos na neve anunciou a chegada de Yugyeom, Jungsu e os peritos. O ambiente estava envolto em uma calma tensa, com a neve caindo suavemente, cobrindo as árvores e o solo com um manto branco, que fazia o rastro de sangue parecer ainda mais perturbador.
Yugyeom foi o primeiro a se aproximar, seus olhos sérios enquanto ele analisava a cena. Ao lado dele, Jungsu carregava uma expressão igualmente grave. Os dois pararam ao lado de e Taehyung, observando o rastro de sangue que se estendia até o ponto onde a vítima havia sido deixada.
— Isso confirma que ela foi atacada aqui e depois arrastada até o local onde a encontramos — disse Taehyung, quebrando o silêncio enquanto apontava para o rastro.
Um dos peritos, que havia chegado com Yugyeom e Jungsu, começou a examinar a área onde o sangue estava mais concentrado. Ele fez algumas anotações rápidas antes de se levantar e virar-se para os outros.
— O padrão de sangue sugere que o ataque foi brutal e aconteceu em um curto período de tempo. A vítima provavelmente foi surpreendida — explicou o perito, olhando para o grupo. — Vamos coletar amostras para determinar se há algum DNA do agressor misturado ao sangue da vítima.
Yugyeom olhou para e depois para Taehyung, uma expressão de determinação no rosto.
— Se conseguirmos identificar o DNA do agressor, teremos uma pista sólida para avançar na investigação. Precisamos cobrir todas as possibilidades — disse Yugyeom, a voz carregada de intensidade.
Jungsu, que estava observando o cenário com olhos atentos, acrescentou:
— Precisamos considerar que o agressor pode ter se machucado durante o ataque. Isso explicaria a quantidade de sangue espalhada por aqui. — Ele apontou para algumas manchas mais leves de sangue no caminho, que poderiam sugerir que o agressor também estava ferido.
Taehyung assentiu, concordando com a análise de Jungsu. Ele olhou ao redor, como se tentando visualizar o ataque enquanto ele acontecia, e então voltou a falar.
— Vamos garantir que a área seja completamente vasculhada. Não podemos perder nenhuma evidência que possa nos levar ao agressor. Precisamos descobrir quem fez isso e por quê.
manteve-se em silêncio, absorvendo cada detalhe. A presença dos peritos, a análise cuidadosa de Yugyeom e Jungsu, e a determinação de Taehyung davam a ela uma sensação de que estavam no caminho certo, mas também a lembravam da gravidade do que estavam enfrentando.
A investigação durou o dia inteiro, com a equipe de Taehyung trabalhando incansavelmente para reunir todas as evidências possíveis. A neve continuava a cair suavemente, mas o clima tenso no local do crime contrastava com a tranquilidade da paisagem. Os peritos coletaram amostras de sangue, examinaram o terreno em busca de pegadas ou qualquer outro indício que pudesse ajudar a identificar o agressor. Testemunhas foram interrogadas, mas as informações obtidas eram limitadas e não contribuíam para um avanço significativo.
Yugyeom e Jungsu se revezavam na coleta de depoimentos e na análise das pistas, enquanto Taehyung coordenava tudo, mantendo a equipe focada e determinada. O rastro de sangue, as manchas espalhadas, e a brutalidade do ataque eram analisados meticulosamente, mas o motivo do crime ainda permanecia nebuloso.
À medida que o dia avançava, a escuridão da noite começou a tomar conta, e o frio se intensificava. Mesmo assim, ninguém demonstrava sinais de cansaço; todos estavam comprometidos em resolver o caso, sabiam que cada minuto era crucial. No entanto, quando a noite já estava bem avançada e a equipe exausta, Taehyung decidiu que era hora de encerrar as operações no local.
— Vamos continuar isso amanhã. Precisamos estar descansados para pensar com clareza — disse Taehyung, sua voz firme, mas demonstrando o cansaço que sentia. Yugyeom e Jungsu concordaram com um aceno, já sentindo o peso das horas de trabalho nas costas.
Enquanto todos os outros começaram a se dispersar, Yugyeom e Taehyung ficaram um pouco mais para garantir que tudo estava devidamente finalizado. Eles trocaram algumas palavras rápidas sobre o próximo passo da investigação antes de finalmente seguirem para suas respectivas casas, exaustos, mas com a mente ainda ocupada pelo caso.
Quando Taehyung finalmente chegou em casa, foi recebido pelo silêncio. O ambiente estava aquecido, uma fuga bem-vinda do frio exterior. Ao entrar na sala, ele encontrou sentada no sofá, coberta por um cobertor, segurando uma xícara de chocolate quente. Ela estava olhando para a TV, mas era evidente que não estava realmente prestando atenção ao que passava na tela.
O rosto de refletia cansaço e preocupação. Ela parecia imersa em pensamentos, provavelmente ainda processando tudo o que havia testemunhado durante o dia. Taehyung parou por um momento, observando-a em silêncio, antes de se aproximar lentamente.
— Foi um dia difícil — ele disse suavemente, se sentando ao lado dela no sofá, o calor do ambiente e a presença dela proporcionando um raro momento de conforto.
desviou o olhar da TV para Taehyung, seus olhos cansados, mas ela ofereceu um pequeno sorriso, demonstrando que apreciava a companhia dele naquele momento silencioso.
manteve o olhar no de Taehyung por alguns segundos antes de dar um suspiro profundo. Ela sabia que ele estava tão exausto quanto ela, senão mais, e que precisavam de um momento de descanso depois de um dia tão intenso. Com um sorriso terno, ela falou suavemente:
— Vai tomar um banho, Tae. Eu vou preparar um desses para você — disse, erguendo a xícara de chocolate quente como referência.
Taehyung sorriu, um sorriso cansado, mas cheio de gratidão. Ele assentiu, sentindo o peso do dia finalmente começar a ceder diante do conforto oferecido por .
— Obrigado, — respondeu ele, sua voz carregada de cansaço e alívio.
Ele se levantou lentamente, sentindo cada músculo protestar contra o movimento, e se dirigiu ao banheiro para seguir o conselho de , deixando-a na sala para cumprir sua promessa de preparar algo quente para ele também.
se levantou do sofá e se dirigiu à cozinha, onde começou a preparar o chocolate quente para Taehyung. Ela colocou o leite para esquentar em uma panela, adicionou o cacau em pó e uma pitada de açúcar, mexendo com cuidado para que o chocolate ficasse bem cremoso. Enquanto mexia, seus pensamentos vagavam pelo longo dia que tiveram, refletindo sobre como a vida deles havia se tornado uma mistura constante de momentos como aquele—intensos e cansativos, mas sempre se apoiando um no outro.
Assim que o chocolate quente ficou pronto, o despejou em uma xícara, o vapor subindo suavemente no ar frio da casa. Ela adicionou um toque final de canela por cima, exatamente como Taehyung gostava, e levou a xícara de volta para a sala, colocando-a na mesinha de centro.
Pouco depois, Taehyung saiu do banho, vestido com roupas confortáveis e um agasalho grosso para se proteger do frio. Ele se juntou a na sala, sentando-se ao lado dela no sofá. O ambiente estava aconchegante, com o som baixo da televisão e as luzes suaves criando uma atmosfera tranquila.
entregou a xícara de chocolate quente para ele, e Taehyung aceitou com um sorriso agradecido.
— Você sempre sabe como melhorar meu dia — disse ele, a voz ainda um pouco rouca do cansaço, mas com um tom de afeto claro.
Eles se acomodaram lado a lado no sofá, compartilhando aquele momento silencioso de conforto e conexão, saboreando o chocolate quente enquanto deixavam o peso do dia se dissipar lentamente.
Enquanto eles saboreavam o chocolate quente, o silêncio confortável que os envolvia foi aos poucos quebrado por Taehyung, que trouxe à tona o assunto que ambos sabiam que não poderiam ignorar.
— Então, sobre o crime de hoje… — Taehyung começou, ainda com o olhar fixo na xícara de chocolate quente. — O que você achou da cena? Parece que vai ser um daqueles casos complicados.
suspirou, lembrando-se das imagens perturbadoras do corpo e dos detalhes que haviam discutido ao longo do dia.
— Acho que o principal vai ser descobrir o que motivou tanto ódio. Com o que vimos, é claro que a vítima conhecia o agressor… E, bom, é um crime passional, isso geralmente traz mais camadas para a investigação.
— Concordo. — Taehyung assentiu, pensativo. — A vida de alguém pode mudar em um instante por causa de uma decisão impensada. Sempre fico refletindo sobre como as coisas podem sair tão rápido do controle.
ficou em silêncio por um momento, ponderando sobre como essa frase se aplicava a tantos aspectos da vida, incluindo seus próprios dilemas. O clima relaxado estava prestes a mudar quando Taehyung, sem desviar muito do tom casual, decidiu abordar algo que ele vinha guardando há um tempo.
— Falando em coisas fora de controle... Como estão as coisas entre você e o Subin? — Ele lançou a pergunta sem rodeios, mas manteve um tom leve.
engoliu seco, o que não passou despercebido por Taehyung. Ela tomou um gole do chocolate quente para ganhar tempo antes de responder.
— Tá tudo bem, Tae. — Ela deu de ombros, tentando parecer despreocupada, mas Taehyung não era fácil de enganar.
— Tá mesmo? — Ele insistiu, seus olhos analisando cada pequena reação dela.
balançou a cabeça afirmativamente, mas havia um desconforto evidente em seus gestos. Ela tomou mais um gole do chocolate, como se o sabor pudesse afastar a inquietação interna.
— E quando você vai me apresentar ele? — Taehyung perguntou, tentando soar casual, mas não escondendo completamente o interesse genuíno em conhecer o homem que estava ao lado de .
soltou um suspiro leve e deu uma pequena risada nervosa.
— Não precisa disso, Tae. — Ela disse, desviando o olhar. — Nós não temos nada sério, sabe? A relação é aberta, sem compromissos... Apenas uma coisa casual.
Taehyung franziu o cenho ligeiramente, não porque não compreendesse, mas porque se preocupava com o que aquilo significava para .
— E você está realmente bem com isso? — Ele perguntou, a voz carregada de preocupação genuína.
olhou para Taehyung, sua expressão séria agora.
— Eu acho que sim. — Ela respondeu, mas a hesitação em suas palavras entregava que ela não estava tão certa assim.
Taehyung se inclinou um pouco mais, colocando sua mão sobre a dela em um gesto reconfortante.
— , você sabe que merece o melhor, certo? Se em algum momento você sentir que isso não é o que você realmente quer, não tenha medo de mudar as regras.
assentiu, mas não disse mais nada. Ela sabia que Taehyung tinha razão, mas admitir isso era mais difícil do que parecia.
Eles ficaram em silêncio novamente, com Taehyung ainda segurando sua mão, o calor entre os dois oferecendo um consolo silencioso enquanto ambos refletiam sobre suas vidas complicadas e as escolhas que estavam fazendo.
observou Taehyung em silêncio por alguns instantes, tentando ler as emoções por trás de seus olhos. Ela sempre soube que ele não era do tipo que se abria facilmente, mas naquele momento, sentiu que era hora de fazer uma pergunta que há muito tempo estava guardada.
— E a garota que você estava conhecendo? — perguntou, tentando manter a voz leve e casual. — Você nunca fala dela... Nem vejo mais vocês trocando mensagens.
Taehyung riu, mas havia uma nota de desgosto em seu riso. Ele pegou a xícara de chocolate quente, tomou um gole e depois a colocou sobre a mesa de cabeceira. seguiu seu exemplo, depositando a própria xícara ao lado da dele.
— Não deu certo. — Ele respondeu com simplicidade, mas sentiu que havia muito mais por trás dessas palavras.
— Por quê? — Ela perguntou, inclinando-se um pouco mais perto, os olhos fixos nele, procurando alguma pista.
Taehyung hesitou por um momento, mas depois seus olhos encontraram os dela, e havia uma vulnerabilidade ali que ela raramente via nele.
— Porque ela não é você. — Ele disse, a voz baixa, mas cheia de significado
O coração de deu um salto dentro do peito. As palavras dele, tão simples e diretas, carregavam um peso que ela não esperava. Por um momento, ela ficou sem palavras, apenas sentindo a intensidade do que ele acabara de dizer.
O silêncio entre eles parecia elétrico, carregado com tudo o que estavam sem dizer um ao outro há tempos. Sem pensar, apenas agindo por impulso, se inclinou para mais perto. Taehyung fez o mesmo, seus olhares ainda conectados, e então, sem mais hesitação, seus lábios se encontraram.
O beijo começou suave, hesitante, como se ambos estivessem tentando entender o que estava acontecendo, mas rapidamente se tornou algo mais profundo, mais intenso. Era como se todo o tempo que haviam passado juntos, todas as palavras não ditas e os sentimentos reprimidos, fossem finalmente liberados naquele momento.
Taehyung segurou o rosto de com as mãos, puxando-a para mais perto, enquanto ela se entregava ao beijo, sentindo o calor dele envolver seu corpo. Tudo ao redor deles desapareceu; não havia mais o peso do dia exaustivo, as preocupações com o trabalho, ou qualquer outra coisa. Apenas eles dois, finalmente admitindo novamente algo que estava ali há muito tempo.
Quando finalmente se afastaram, ambos estavam sem fôlego, ainda processando o que havia acabado de acontecer. Os olhos de Taehyung ainda estavam fixos nos dela, como se tentasse decifrar sua reação, enquanto sentia seu coração ainda batendo acelerado.
— Eu... — começou, mas não sabia o que dizer. Tudo parecia tão claro e ao mesmo tempo tão confuso.
Taehyung apenas sorriu levemente, ainda segurando o rosto dela com delicadeza.
— Acho que precisávamos disso. — Ele disse suavemente, seu polegar acariciando a bochecha dela.
assentiu, ainda tentando recuperar o fôlego e os pensamentos. Talvez aquele beijo tivesse sido inevitável, uma confissão silenciosa do que ambos ainda sentiam, mas que não esqueceram em um canto qualquer.
Alguns dias depois…
A neve agora já não caía mais, apesar de ainda estar muito frio. deixava a biblioteca com seus grandes fones cinzas nos ouvidos. Se despediu dos colegas de trabalho com um aceno. Ela quase nunca se lembrava dos rostos deles, já que eles não seguiam a rotina das amigas de , como por exemplo usar o mesmo perfume ou um acessório que fizesse sua mente se lembrar.
Assim como todos os rostos que ela via no caminho para o metrô. Nunca se lembrava de nenhum deles, nem mesmo dos que tinham a mesma rotina que a dela, faziam o mesmo caminho que ela ou pegavam o mesmo trem.
Havia dias em que ela lutava muito para se lembrar dos rostos dos próprios pais, mas não conseguia. E quando isso acontecia a angústia tomava conta de seu peito e ela precisava ligar para eles de qualquer jeito, independente do fuso horário. Só para poder olhar para eles e ter certeza que eles ainda existiam, mesmo que não de forma vívida e brilhante em suas memórias.
O pior para era quando ela se esquecia da própria feição, era como se seu reflexo no espelho se tornasse uma sombra indistinta, uma figura embaçada que ela mal podia reconhecer. Era uma sensação de vazio, como se estivesse olhando para uma página em branco onde deveria haver uma história familiar. Ela se sentia desconectada, como se flutuasse em um espaço onde sua identidade não tinha forma ou contorno.
Era como estar em um sonho nebuloso, onde tudo ao seu redor era vago e impreciso. Tentava lembrar-se de detalhes — a curva de seu sorriso, a cor de seus olhos — mas era como tentar segurar água com as mãos; quanto mais tentava, mais escorregadio se tornava. A sensação a deixava inquieta, perdida em si mesma, como se estivesse buscando por algo que sabia estar ali, mas que não conseguia alcançar.
A angústia crescia, apertando seu peito, e a necessidade de se ancorar na realidade se tornava urgente. Nesses momentos, procurava um espelho, não na esperança de reconhecer o rosto que via, mas para lembrar a si mesma que ainda existia, que havia algo tangível ali, mesmo que sua mente se recusasse a reconhecer.
caminhava em direção à estação de metrô, cada passo ecoando no frio pavimento enquanto a brisa gélida de inverno tocava sua pele. As pessoas passavam por ela, apressadas, rostos indistintos que se mesclavam em uma massa anônima. Ela sabia que, para a maioria das pessoas, cada rosto tinha uma identidade, uma história. Mas para , eram apenas borrões de características, formas que não se fixavam em sua mente.
Enquanto se aproximava da entrada da estação, observava as expressões ao seu redor. Alguém sorria para um amigo, outro franzia o cenho enquanto olhava o celular. Todos tinham rostos que comunicavam emoções, mas para , eram apenas superfícies. Ela sabia que havia beleza em cada detalhe que escapava dela, mas essa beleza estava sempre fora de alcance, como uma obra de arte coberta por um véu.
Ela refletia sobre sua condição, sentindo a distância entre si e os outros como um abismo silencioso. Como seria lembrar-se do rosto de alguém que você ama? Como seria reconhecer a si mesma de imediato, sem hesitação, sem a necessidade de buscar pistas em fotos antigas ou perguntar a amigos? Era um desejo constante, um anseio por uma conexão mais profunda com o mundo ao seu redor, mas que sempre parecia escapar de suas mãos.
A descida para a estação de metrô a envolveu em um ruído constante de passos e murmúrios. se misturou à multidão, tentando, como sempre, se encaixar em um mundo onde os rostos eram portas para as almas, enquanto ela permanecia do lado de fora, apenas imaginando o que poderia haver atrás delas.
chegou à plataforma onde sempre pegava seu trem, o som abafado dos trilhos ecoando ao longe. Ela encostou-se a uma das colunas, os olhos vagando pelas pessoas que também esperavam. Rostos que ela nunca lembraria, mas que, por um breve momento, pareciam todos iguais. Era sempre assim, uma luta silenciosa para encontrar alguma familiaridade em um mundo onde os rostos eram mais como impressões fugazes do que identidades permanentes.
Enquanto esperava, seu celular vibrou no bolso, quebrando seus pensamentos. Era uma chamada de vídeo de Yoongi. Um sorriso escapou de seus lábios ao ver o nome dele na tela. Ela deslizou o dedo pela tela, atendendo a chamada.
— Oi, Yoongi — disse ela, tentando esconder o cansaço na voz.
— Oi, ! Como você está? — Ele parecia animado, o que sempre trazia um pouco de calor ao coração dela.
— Estou bem... Só cansada do trabalho. E você? Como foi o seu dia?
Yoongi começou a contar sobre sua rotina, compartilhando pequenos detalhes que fizeram relaxar um pouco mais. Enquanto ele falava, ela observava seu rosto na tela, tentando gravar cada detalhe. O jeito como seus olhos se curvavam quando ele sorria, as linhas suaves ao redor da boca, o formato das sobrancelhas. Ela queria desesperadamente lembrar-se de tudo isso depois, mas sabia que era em vão. Por mais que tentasse, as feições dele desvaneceriam como sempre.
— Ei, ... — Yoongi interrompeu seus pensamentos, chamando sua atenção. — Tenho uma surpresa para você.
— Surpresa? O que é? Já posso saber? — perguntou ela, curiosa, sua voz mais animada.
Yoongi sorriu misteriosamente e ergueu dois ingressos na frente da câmera.
— Tcharam! Dois ingressos para o show do Harry Styles. Para hoje à noite.
Os olhos de se arregalaram, e um brilho de excitação apareceu neles. Harry Styles era o cantor preferido dela, e a ideia de ir ao show fez seu coração disparar de alegria.
— Yoongi, você está falando sério? — perguntou ela, mal acreditando no que via.
— Com certeza! Vou te buscar mais tarde, ok? — respondeu ele, rindo ao ver a expressão de surpresa dela.
sorriu largamente, a alegria do momento fazendo-a esquecer, mesmo que por um instante, a frustração que sentia por não poder lembrar os rostos de quem amava. Mesmo que não pudesse se lembrar de cada detalhe do rosto de Yoongi, aquele gesto dele ficaria gravado em sua memória, ao lado da sensação de ser cuidada e compreendida.
se despediu de Yoongi com um sorriso animado, guardando o celular no bolso enquanto o trem chegava à plataforma. Ela entrou, encontrou um assento próximo à janela, e deixou-se afundar no banco enquanto o trem começava a se mover. O entusiasmo pelo show de Harry Styles ainda borbulhava dentro dela, misturando-se com as paisagens que passavam rapidamente do lado de fora.
Enquanto o trem corria pelos trilhos, ela observava as luzes da cidade começarem a acender, refletindo nos vidros embaçados. As ruas estavam cheias de pessoas apressadas, cada uma com seus próprios destinos e rostos indistinguíveis para ela. As luzes e as sombras pareciam se misturar, criando uma espécie de dança caótica e hipnotizante.
Quando o trem chegou à sua estação, se levantou e seguiu o fluxo de pessoas, subindo as escadas que levavam à rua. O frio da noite a envolveu imediatamente, mas o pensamento no show a manteve aquecida. Ela caminhou pelas calçadas cobertas de neve derretida, com as mãos enfiadas no bolso do casaco e os fones cinzas ainda nos ouvidos.
Ao chegar em casa, ela tirou os fones, sentindo a ansiedade se misturar à excitação. Não via a hora de se preparar para o show, mas antes, precisava de um momento para se acalmar, para processar o que sentia. As luzes aconchegantes do seu apartamento a receberam, e ela deixou os pensamentos sobre a prosopagnosia de lado, focando apenas na ideia de que, naquela noite, algo especial a aguardava.
saiu do banho, a água quente ajudando a aliviar a tensão que ainda restava de seu dia. Com a toalha enrolada ao redor do corpo, ela sentiu um leve arrepio ao sair do banheiro, mas o sorriso em seu rosto era evidente. A ideia de ir ao show de Harry Styles com Yoongi a deixava animada. Ela andou pelo corredor em direção ao quarto quando a porta da frente se abriu, e entrou no apartamento, batendo as botas para tirar a neve acumulada.
As duas se encontraram no corredor, e , ao ver o sorriso de , arqueou uma sobrancelha curiosa.
— Alguém está feliz…, ainda secando o cabelo com a toalha, não conseguiu esconder a empolgação na voz. — comentou , tirando o cachecol e o casaco pesado.
, ainda secando o cabelo com a toalha, não conseguiu esconder a empolgação na voz.
— Yoongi conseguiu ingressos para o show do Harry Styles! Vamos hoje à noite!
sorriu, contagiada pela felicidade da amiga.
— Sério? Isso é incrível, cariño! Vai ser uma noite e tanto!
assentiu, a excitação brilhando em seus olhos. A ideia de ver seu cantor favorito ao vivo, ainda mais ao lado de alguém especial como Yoongi, fazia tudo parecer perfeito.
ainda sentia as borboletas no estômago enquanto falava sobre o show. A energia no pequeno corredor era palpável, e riu suavemente, retirando os últimos vestígios de neve de seus cabelos.
— E você já sabe o que vai vestir? — perguntou , sabendo que adorava planejar seus looks para ocasiões especiais.
parou por um momento, ainda segurando a toalha contra os cabelos úmidos, e balançou a cabeça.
— Ainda não, mas preciso decidir rápido! Quero algo especial, mas confortável. Algo que diga “eu sou fã”, mas sem exagerar, sabe?
sorriu e fez um gesto com a cabeça para que a seguisse.
— Vamos, vamos escolher isso agora. Nada de perder tempo!
As duas seguiram em direção ao quarto de , onde uma pequena sessão de moda improvisada começou. , sempre com um olho afiado para estilo, ajudava a escolher as combinações perfeitas. Peça por peça, elas exploraram o guarda-roupa até encontrarem a combinação ideal: uma blusa com uma estampa sutil de Harry Styles, uma jaqueta jeans oversized e uma calça preta confortável, complementada por botas que dariam conta do frio e do estilo ao mesmo tempo.
— Perfeito! — exclamou, satisfeita com a escolha final. — Você vai arrasar!
sorriu, sentindo a animação crescendo ainda mais enquanto olhava para o conjunto que tinha montado. A noite prometia ser inesquecível, e com o apoio de , ela se sentia pronta para enfrentar qualquer coisa.
— Obrigada, . Você sempre sabe como me ajudar a encontrar o look perfeito — disse , sentindo um calor de gratidão pela amiga.
acenou de forma casual, mas o sorriso em seu rosto mostrava que ela estava feliz por ajudar.
— Nada demais. Só quero que você se divirta e aproveite ao máximo. Vai ser uma noite incrível!
deu um abraço rápido em , antes de correr para se arrumar, o coração batendo mais rápido com a expectativa da noite que estava por vir.
Ela se sentou no sofá começando a sentir-se ansiosa pela chegada de Yoongi. Depositou a pequena bolsa ao seu lado no sofá e cerrou levemente os punhos colocando-os sobre as coxas.
Endireitou a coluna e então escorou as costas no sofá, e viu adentrar a sala com seu pijama quentinho e um rabo de cavalo. A amiga se sentou no outro sofá, e sorriu para , genuinamente feliz por ela.
Minutos se passaram, cada segundo mais longo que o anterior. A ansiedade fazia o tempo parecer mais lento, e ela checou o celular várias vezes, mesmo sem novas notificações. Finalmente, o som de uma mensagem chegou.
Yoongi: "Já estou aqui embaixo.”
sorriu, sentindo o alívio misturado à empolgação. Ela rapidamente pegou sua bolsa, levantou o olhar do livro que estava lendo e deu um sorriso encorajador.
— Divirta-se, cariño! — disse , acenando com a mão.
— Vou me divertir! — respondeu , antes de sair do apartamento.
Ela desceu as escadas rapidamente, o som das botas ecoando no corredor. Quando chegou ao saguão do prédio, viu Yoongi encostado no carro, com as mãos nos bolsos e um sorriso tranquilo no rosto. Ele estava vestido casualmente, mas com um toque de elegância que sempre o fazia se destacar.
se aproximou, sentindo o frio da noite em seu rosto, mas o calor da empolgação dentro dela a aquecia.
— Pronta para a melhor noite da sua vida? — perguntou Yoongi, abrindo a porta do carro para ela.
— Mais do que pronta! — respondeu , entrando no carro com um sorriso radiante.
se acomodou no assento do carro enquanto Yoongi fechava a porta e caminhava até o lado do motorista. Quando ele entrou e ligou o carro, o motor roncou suavemente, preenchendo o silêncio confortável entre eles.
— Obrigada pelos ingressos, Yoongi — disse , sorrindo com gratidão enquanto o observava ajustar os retrovisores. — Mas... como você conseguiu? Não é todo dia que se encontra ingressos para o Harry Styles assim, do nada.
Yoongi deu uma risada leve enquanto manobrava o carro para fora do estacionamento.
— Eu tenho meus contatos — respondeu ele, com um ar de mistério que fez rir. — Mas sério, um amigo meu tinha comprado e acabou não podendo ir. Quando ele me falou isso, eu sabia que você era a pessoa certa pra ficar com os ingressos.
— Uau, isso é... incrível! — ainda parecia surpresa, o sorriso em seu rosto brilhando mais forte. — Eu nem sei como te agradecer. Harry Styles é meu artista preferido... Eu estava triste por não conseguir ir.
— Só de ver você assim, feliz, já vale a pena — respondeu Yoongi, lançando um olhar rápido para ela antes de se concentrar novamente na estrada.
se sentiu aquecida pelas palavras dele. Era raro alguém fazer algo assim por ela, algo tão atencioso e pessoal. Ela encostou a cabeça no banco, relaxando, já sentindo a animação borbulhar enquanto pensava no show que os aguardava.
O carro de Yoongi encostou suavemente ao lado do local do show, e a agitação do público já começava a se formar do lado de fora. Luzes piscavam por todos os lados, fãs com roupas coloridas e cartazes se espalhavam pelas ruas ao redor da arena.
e Yoongi desceram do carro, e ele imediatamente se dirigiu ao lado dela, guiando-a com uma mão firme nas costas, já conhecendo sua necessidade de ter alguém próximo em multidões.
— Tudo bem? — perguntou Yoongi, com uma preocupação suave na voz.
— Sim, estou ótima — sorriu, mas o brilho em seus olhos revelava uma certa ansiedade. Mesmo empolgada para o show, a quantidade de rostos desconhecidos ao redor era um lembrete de sua condição, tornando tudo mais confuso.
Eles caminharam juntos até o portão de entrada do setor de arquibancada, onde o fluxo de pessoas era mais calmo. agradeceu internamente por Yoongi ter escolhido um lugar menos movimentado. As arquibancadas garantiam uma visão ampla do palco, e estar longe do tumulto a fazia se sentir mais segura.
— Aqui está, setor das arquibancadas — disse Yoongi enquanto mostrava os ingressos ao segurança. Eles passaram rapidamente, entrando no local iluminado pelas luzes da arena.
Conforme se aproximavam dos assentos, respirou fundo, tentando acalmar sua mente. Ao menos ali, com menos rostos ao redor, ela poderia aproveitar o show sem se preocupar tanto em tentar lembrar quem era quem.
— Vai ser incrível, não vai? — disse Yoongi, sorrindo ao ver o brilho de expectativa no rosto de .
— Com certeza! — respondeu ela, tentando deixar a ansiedade de lado e se concentrar na emoção do momento.
olhou ao redor das arquibancadas, observando a disposição das cadeiras e as luzes que começavam a piscar ao som das músicas de abertura. Sentiu-se um pouco mais tranquila agora que estavam em um lugar mais afastado da multidão. Yoongi estava ao seu lado, sentado, observando-a com um sorriso suave no rosto.
abriu um sorriso largo, sentindo a excitação tomando conta de si.
— Eu estou amando! Nem acredito que estamos aqui! — ela respondeu, animada, enquanto seus olhos brilhavam com a expectativa de ver Harry Styles ao vivo.
Yoongi olhou para ela, satisfeito em ver o quanto ela estava feliz. Ele sabia o quanto a música a ajudava a relaxar e o quanto esse show significava para ela.
— Fico feliz que você gostou — disse ele, cruzando os braços e se acomodando na cadeira. — E, além disso, eu sei que você precisava de algo assim, pra esquecer um pouco... o caos do dia a dia.
assentiu, ainda sorrindo, mas seu rosto suavizou um pouco com as palavras dele. Yoongi sempre conseguia entender seus sentimentos, mesmo quando ela tentava disfarçá-los.
— É verdade... — ela murmurou, voltando seu olhar para o palco vazio. — As coisas têm sido complicadas, mas hoje é um bom dia. Obrigada por estar aqui comigo.
— Você não tem que agradecer, . Eu queria que você estivesse feliz, é só isso que importa — respondeu ele com sinceridade.
se virou para ele, os olhos marejando um pouco, não de tristeza, mas de gratidão. Ela respirou fundo e se aproximou dele, encostando sua cabeça levemente no ombro de Yoongi, sentindo-se confortável ao seu lado. Ele colocou a mão sobre a dela de maneira suave, um gesto reconfortante.
— Eu sou realmente sortuda por ter você por perto — murmurou ela, a voz suave quase se perdendo no crescente barulho do público.
— Eu também sou — ele respondeu, o sorriso sincero tocando seus lábios.
O som ao redor deles começou a aumentar, as luzes do palco piscando, indicando que o show estava prestes a começar. se ajeitou em seu assento, ansiosa, e Yoongi fez o mesmo, mantendo-se próximo dela enquanto a atmosfera do local se transformava.
As primeiras notas de uma das músicas de Harry Styles soaram nos alto-falantes, e a plateia explodiu em aplausos e gritos, fazendo o coração de disparar em pura euforia.
O som da música preencheu o estádio, e sentiu a adrenalina correr por seu corpo. Os gritos animados da multidão faziam o ambiente vibrar, e o palco se iluminava cada vez mais com as luzes coloridas. Harry Styles entrou em cena, e o público foi à loucura. sorriu largo, os olhos brilhando com entusiasmo, completamente imersa naquele momento.
Ela virou o rosto para Yoongi, que observava o show com uma expressão satisfeita. Ele notou o olhar dela e sorriu de volta.
— Está feliz? — ele perguntou, se inclinando um pouco para que ela pudesse ouvi-lo melhor acima do barulho.
assentiu vigorosamente, seu sorriso contagiante.
— Muito! Obrigada de novo, Yoongi. Esse é um dos melhores dias da minha vida! — ela respondeu, a voz cheia de gratidão.
Yoongi apenas sorriu e deu um leve apertão na mão dela, feliz em vê-la assim.
Conforme o show continuava, começou a sentir um calor agradável. Ela sabia que sua prosopagnosia poderia dificultar a lembrança daquele momento mais tarde, mas agora, ela estava vivendo cada segundo de maneira intensa, sentindo a música, as emoções, e a presença de Yoongi ao seu lado.
Entre uma música e outra, ela olhava para Yoongi e passava os olhos pelo rosto dele, tentando se concentrar em suas feições. Tentava decorar o formato de seus olhos, o contorno do sorriso, mas sabia que, como sempre, essa tentativa seria em vão. Ainda assim, o gesto a confortava de alguma maneira, como se estivesse criando uma memória emocional, mesmo que não pudesse armazenar visualmente o rosto dele em sua mente.
Depois de uma música mais calma, enquanto as luzes do palco diminuíam, Yoongi se inclinou novamente em sua direção.
— Eu sabia que você ia gostar — ele falou, com um sorriso discreto.
se ajeitou na cadeira, ainda sorrindo.
— Gostar é pouco... eu estou amando! — respondeu ela.
Yoongi observou seu entusiasmo e então, com um brilho divertido nos olhos, disse:
— Ah, e eu ainda não contei a melhor parte, não é?
o encarou, confusa e curiosa.
— Melhor parte? — ela perguntou, inclinando-se um pouco para ouvir melhor.
Ele puxou do bolso dois passes laminados e ergueu para que ela visse.
— Temos passes para o backstage depois do show. Vamos conhecer ele.
Os olhos de se arregalaram, e ela levou as mãos à boca, incrédula.
— O quê? Sério? Você está brincando comigo! — Ela parecia estar à beira da euforia.
Yoongi riu, balançando a cabeça.
— Não, não estou brincando. Vamos conhecer o Harry Styles.
deixou escapar um grito animado, abraçando Yoongi com força. Ela não podia acreditar no que acabara de ouvir.
mal conseguia conter a empolgação. O show continuava, mas a euforia de saber que conheceria Harry Styles a fazia vibrar de antecipação. Toda vez que uma nova música começava, ela olhava para Yoongi com um sorriso largo, como se estivesse prestes a explodir de felicidade. Ela sempre foi fã de Harry, mas nunca havia imaginado ter a chance de conhecê-lo pessoalmente.
Enquanto as luzes do palco dançavam ao som da música, Yoongi observava . Ele parecia satisfeito, vendo-a tão animada, e dava para perceber que parte da alegria dela o contagiava. Ele não era exatamente o maior fã de Harry Styles, mas estar ali ao lado de , vendo o quanto aquele momento era especial para ela, tornava tudo incrível.
Quando o show estava prestes a acabar, segurou o braço de Yoongi, os olhos brilhando.
— Ainda não acredito que vamos conhecê-lo! — disse ela, rindo nervosa.
Yoongi riu junto, afagando sua mão.
— Relaxa, vai dar tudo certo. Vai ser rápido, mas aposto que ele vai gostar de te conhecer — falou ele, tranquilamente.
Assim que o último acorde da guitarra ecoou pelo estádio, as luzes foram apagadas, e a multidão começou a se dispersar. sentia uma mistura de ansiedade e emoção enquanto os dois se dirigiam para o local indicado, onde outros fãs privilegiados com passes também estavam esperando para o backstage.
Chegando lá, Yoongi segurou a mão de , notando que ela estava um pouco nervosa. Ele sorriu de forma reconfortante, apertando levemente seus dedos.
— Respira, está tudo bem — ele disse suavemente.
soltou uma risada abafada, tentando se acalmar. Mesmo com o alvoroço e a excitação ao redor, ela se focava naquele momento único. Estar ao lado de Yoongi a ajudava a se sentir mais ancorada. Ele sempre foi uma presença constante e tranquilizadora em sua vida.
Depois de alguns minutos de espera, finalmente, as portas se abriram, e Harry Styles apareceu com seu carisma inconfundível. ficou paralisada por um instante, a ficha ainda caindo. Ela olhou para Yoongi, que sorria de canto, como se dissesse: "É agora.”
Harry foi extremamente simpático, conversando com cada pessoa com atenção e carisma. Quando chegou a vez de , ela tentou conter o nervosismo, mas o sorriso que ele deu a fez relaxar um pouco. Eles trocaram algumas palavras, tiraram fotos, e Yoongi observava de lado, apreciando o momento da amiga.
— Muito prazer te conhecer, — disse Harry, com um sorriso caloroso.
Ela apenas sorriu de volta, encantada, ainda processando que aquele momento realmente estava acontecendo. Quando o encontro acabou e os dois saíram do backstage, Yoongi olhou para ela, com um sorriso de quem sabia que aquele seria um dos dias mais memoráveis da vida dela.
— E aí, o que achou? — ele perguntou, enquanto eles caminhavam de volta.
ainda estava em êxtase, incapaz de parar de sorrir.
— Foi perfeito. Sério, Yoongi, obrigada. Eu não tenho palavras para agradecer por isso.
Yoongi deu de ombros, com seu jeito tranquilo de sempre.
— Não precisa me agradecer. Só queria te ver feliz — ele respondeu, com sinceridade.
E naquele momento, sabia que não era só o show que a fazia se sentir tão bem. Yoongi sempre esteve lá para ela, e isso era algo que ela nunca esqueceria, mesmo que às vezes seus rostos se perdessem nas névoas de sua mente.
Yoongi e estavam voltando para o prédio dela, mas antes de chegar, decidiram parar em um pequeno restaurante 24 horas que ele conhecia. O lugar era aconchegante, com luzes amareladas e mesas de madeira polida, dando um ar acolhedor em meio à noite fria de Seul.
Sentados à mesa, ambos se aqueciam com um chá quente enquanto esperavam a comida. , com a camiseta do show de Harry Styles, estava ainda meio absorta na lembrança de tudo o que tinha acontecido naquela noite. Ela não conseguia evitar passar os olhos pelo rosto de Yoongi, algo que ela sempre fazia quando tentava memorizar as feições de alguém, mesmo sabendo que era um esforço em vão. Depois, seu olhar caiu para o rosto de Harry, estampado na sua camiseta.
Ela virou a cabeça ligeiramente para Yoongi e perguntou, com uma certa curiosidade e hesitação na voz:
— Yoongi, você acha que o Harry Styles é um homem bonito?
Yoongi, que estava bebendo seu chá, parou por um momento, franzindo levemente a testa. Ele sabia da dificuldade de em perceber beleza física da maneira tradicional, devido à prosopagnosia, mas a pergunta o pegou um pouco de surpresa. Ele olhou para o rosto de Harry na camiseta dela, pensativo, enquanto uma pontada leve de ciúmes o atravessava.
completou, antes que ele pudesse responder:
— Como você sabe, eu não sei definir essas coisas por causa da minha condição... então, eu nunca sei se uma pessoa é bonita ou não só de olhar.
Yoongi ficou em silêncio por alguns segundos, ponderando. Ele sabia que Harry Styles era amplamente considerado atraente, e ele mesmo, secretamente, admirava o estilo único do cantor. Mas o ciúme falava mais alto naquele momento. Ele sabia que era uma pergunta inocente, mas não conseguia evitar a sensação de desconforto ao imaginar se interessando por alguém que ele sabia que nunca conseguiria competir.
Ele colocou a xícara de chá de volta na mesa, apoiou os cotovelos sobre a mesa e, com um sorriso ligeiramente travesso e infantil, respondeu:
— Até que não... a beleza dele é bem mediana, para ser honesto. Ele não é tudo isso que as pessoas fazem parecer, sabe?
arqueou uma sobrancelha, surpresa com a resposta de Yoongi. Ela conhecia aquele tom dele, um misto de brincadeira e provocação. Mesmo sem poder realmente "ver" a beleza da forma como os outros viam, ela sentia a tensão na resposta dele. Ela riu suavemente, sabendo que Yoongi estava sendo um pouco implicante.
— Ah, Yoongi, sério? — disse ela, rindo de leve. — Tá tentando me convencer ou se convencer?
Yoongi deu um leve sorriso, recostando-se na cadeira.
— Só estou dizendo o que eu acho, nada de mais... — disse ele, dando de ombros, ainda com aquele tom leve e quase enciumado.
balançou a cabeça, ainda rindo, e voltou a observar a camiseta, sabendo que, para ela, o conceito de "bonito" seria sempre mais uma ideia do que uma percepção visual concreta. Mas, de algum modo, ela estava feliz de estar ali com Yoongi, independentemente de como os outros viam o mundo.
— Bem, eu acho que você tem razão então, já que eu não posso discordar. — Ela piscou para ele, brincalhona.
Yoongi riu junto, se sentindo um pouco melhor. Afinal, para ele, o que realmente importava era aquele momento com , muito mais do que qualquer comparação com Harry Styles.
Quando chegaram ao prédio de , a noite já estava avançada, mas o frio não parecia mais tão cortante quanto antes. Eles caminharam juntos até a entrada, envoltos em uma confortável sensação de companheirismo, alimentada pela diversão do show e as conversas descontraídas.
parou em frente à porta do prédio, virando-se para Yoongi com um sorriso que iluminava o rosto dela, embora ele soubesse que ela não conseguiria ver os detalhes do dele com clareza.
— Yoongi, obrigada mais uma vez pelos ingressos. Foi um dos melhores presentes que eu poderia ter ganhado. Sério... eu nem sei como te agradecer.
Ela falava com sinceridade, as palavras saindo com um tom de gratidão profunda. Estava claro que a noite tinha sido especial para ela, e aquilo aquecia o coração de Yoongi.
— Você não precisa agradecer, . Eu sabia que você ia adorar, e ver você feliz... bem, isso já valeu a pena pra mim. — Ele sorriu suavemente, coçando a nuca de leve, meio sem saber como reagir àquele momento.
deu um passo mais perto, seu olhar gentil pousando sobre Yoongi. Mesmo sem poder memorizar os detalhes do rosto dele, ela conhecia aquela presença, aquele jeito cuidadoso e atencioso. Algo sobre ele sempre a fazia se sentir confortável e segura, e naquela noite, parecia que a conexão entre os dois estava mais forte.
Um silêncio leve pairou entre eles. Os dois se olharam, embora tentasse capturar algo mais, como sempre fazia. O clima ficou um pouco mais denso, mas não desconfortável — era mais como se algo não dito pairasse no ar. Ambos estavam hesitantes, como se soubessem o que estava prestes a acontecer, mas ainda indecisos sobre dar aquele próximo passo.
deu um sorriso tímido, quebrando o silêncio:
— Eu realmente me diverti muito hoje... mais do que imaginava. Você tem um jeito de transformar qualquer dia em algo especial, Yoongi.
Yoongi sorriu de volta, sentindo o calor das palavras dela. Sem pensar muito, ele deu um passo à frente, aproximando-se ainda mais de . O coração dela bateu um pouco mais rápido, e, naquele instante, as distâncias pareceram se dissolver. Ela podia sentir o calor do corpo dele, o ar frio da noite contrastando com a proximidade.
— Eu também me diverti muito, — ele respondeu, a voz mais baixa, quase sussurrada.
Houve um breve segundo onde ambos se olharam, uma tensão suave, mas doce, pairando no ar. E então, como se fosse a coisa mais natural do mundo, os dois se inclinaram ao mesmo tempo, os lábios se encontrando em um beijo suave. Era um gesto delicado, quase hesitante no começo, mas logo se aprofundou em algo mais. Não havia pressa, apenas o desejo de estar presente naquele momento.
Quando se afastaram, sentiu as bochechas esquentarem um pouco, mas um sorriso genuíno e feliz se espalhou por seu rosto.
— Acho que essa é a melhor forma de terminar a noite — ela disse, com um riso leve.
Yoongi também sorriu, ainda sentindo o efeito do beijo, o coração acelerado de leve.
— Eu não poderia concordar mais.
Eles trocaram mais alguns olhares antes de dar um último aceno.
— Boa noite, Yoongi. Nos vemos amanhã?
— Com certeza — ele respondeu, ainda sorrindo, enquanto ela entrava no prédio, deixando-o do lado de fora, com uma sensação de leveza e expectativa para o que o futuro traria.
Yoongi observou até a porta se fechar, um sorriso suave ainda presente nos lábios, antes de virar e começar a caminhar de volta, o coração leve e a mente ocupada com o que tinha acabado de acontecer.
Cerca de uma semana depois...
— Reencontrar amigos é sempre bom Jin, deixa de ser carrancudo.
Namjoon colocou uma das mãos sobre os ombros dele.
— Disse você que ficou dias desaparecido outra vez, sem dar notícias.
- Enfiado no trabalho, participando de mil seminários, sendo convidado para mil palestras...
Jungkook complementou enquanto levava o suco de morango aos lábios.
Namjoon umedeceu os lábios com a ponta da língua analisando as feições dos amigos, e ele sabia que eles tinham razão. Estava acontecendo de novo...
— O Taehyung também ficou dias sem dar sinal de vida…
— É diferente! — Hoseok olhou para Namjoon — Ele trabalha com crimes, precisa ficar submerso nisso para resolver as coisas com agilidade.
Namjoon respirou fundo, desviando o olhar dos amigos, sem saber muito bem o que responder. Ele sabia que Jungkook, Jin e Hoseok tinham razão, e aquilo começava a pesar. As constantes desculpas sobre o trabalho, os dias sem responder mensagens, sem sair com os amigos… isso estava se tornando um padrão. Mas o que mais o incomodava era que, dessa vez, talvez estivesse afetando algo muito mais importante.
— E o que sua namorada tem achado disso tudo? — Jungkook perguntou de repente, com aquele tom leve, mas que atingia direto na ferida.
Namjoon soltou uma risada baixa e balançou a cabeça.
— A ainda não é minha namorada, Jungkook — ele respondeu, um pouco mais sério do que pretendia.
Mas a verdade é que aquela pergunta ficou ecoando na mente dele. Enquanto os amigos continuavam a conversar, Namjoon se permitiu pensar em e na relação dos dois. A conexão que tinham era diferente de tudo o que ele já havia experimentado antes. Ela era inteligente, engraçada, doce… mas também muito direta. Ela não gostava de joguinhos, e isso era algo que Namjoon admirava nela.
Nos últimos tempos, porém, eles mal tinham se falado. Namjoon estava sempre imerso no trabalho, enfiado em seminários, palestras e projetos sem fim. Ele sabia que isso a incomodava. Não era como se cobrasse atenção ou fizesse drama — esse não era o estilo dela. Mas Namjoon podia sentir o distanciamento se formando. As mensagens que antes eram frequentes agora surgiam esporadicamente. As conversas longas à noite tinham se tornado raras.
Ele sabia que, se continuasse assim, poderia acabar sabotando algo que mal havia começado. Mas o problema era que ele não sabia como parar. Ele era um workaholic, sempre foi. E, por mais que quisesse dar mais tempo e espaço para o relacionamento, seu instinto sempre o levava de volta ao trabalho.
Enquanto os amigos riam de algo que Jungkook tinha acabado de dizer, Namjoon olhou pela janela, refletindo sobre como essa dinâmica caótica estava afetando o que ele tinha com . Eles ainda não tinham colocado rótulos, não era nada oficial, mas ele sabia que ela esperava mais dele. E ele queria dar mais. Só não sabia se conseguia.
Namjoon suspirou, sentindo a familiar pressão no peito. Se continuasse nesse ritmo, não seria surpresa se se cansasse. E, francamente, ele não a culparia.
Os amigos terminaram de almoçar entre risadas e brindes e então Jin olhou as horas no celular e percebeu que era melhor ir andando para o tal jogo.
Ele enviou uma mensagem para Kyungsoo, avisando que estava a caminho. Os dois foram colegas de faculdade, e na época desenvolveram uma forte amizade e um vínculo. Mas depois da faculdade os dois acabaram se afastando, porque Kyungsoo se mudou de Seul. Agora ele estava de volta, e queria rever Seokjin.
E para esse reencontro, ele havia escolhido um lugar um tanto quanto inusitado: uma partida de futebol.
Claro que Seokjin não jogaria, ele iria apenas assistir o amigo, que jogava num time semi-profissional de base da cidade de Seul. Kyungsoo sempre fora apaixonado por futebol e por cozinhar, e Jin ficou feliz de saber que o amigo estava realizado em ambas as esferas.
Durante o caminho até o estádio, ele ligou o rádio do carro e até cantarolou algumas das canções no caminho para o estádio e então quando chegou ao estacionamento do mesmo se surpreendeu com a quantidade até que relativamente grande de carros estacionados por lá.
Conferiu se o ingresso enviado pelo amigo estava em sua carteira digital mesmo e depois desceu do carro, trancando e ativando o alarme do mesmo. Ajeitou a aba do boné e caminhou com segurança até achar o portão de entrada para seu setor.
Já dentro da arena ele arregalou levemente os olhos ao ver o local relati cheio e bem animado. Se sentou e alguns segundos depois ele comprou pipocas e um refrigerante. Faltavam apenas alguns minutos até que o jogo começasse.
Já confortável em seu assento, Seokjin olhou ao redor, ainda impressionado com a quantidade de pessoas presentes. Ele não esperava que um jogo de um time semi-profissional fosse tão popular assim. O ambiente estava animado, com torcedores gritando os nomes dos jogadores e algumas bandeiras tremulando ao longe. O aroma de pipoca, misturado ao de amendoins torrados e cachorro-quente, permeava o ar, trazendo uma sensação de nostalgia.
Com a pipoca e o refrigerante ao lado, ele se ajeitou, curioso para ver como seria o jogo. Quando o apito inicial soou, ele ficou surpreso ao perceber que os times eram mistos, algo que ele não esperava. “Interessante”, pensou, enquanto observava homens e mulheres se posicionando no campo.
Foi então que algo chamou ainda mais sua atenção. Entre os jogadores do time de Kyungsoo, uma figura familiar apareceu. Seokjin quase engasgou com a pipoca ao reconhecer , entrando no campo com a camisa do time e um olhar determinado. Ele não fazia ideia de que ela também jogava futebol, e muito menos no mesmo time de Kyungsoo.
"Isso vai ser ainda mais interessante", murmurou para si mesmo, observando-a se posicionar ao lado de Kyungsoo, que parecia muito à vontade. Seokjin ficou ainda mais ansioso para ver o desenrolar do jogo, agora com uma curiosidade renovada.
Seokjin não conseguia tirar os olhos do campo. A presença de no time de Kyungsoo o pegou completamente de surpresa. Enquanto ela se posicionava para o início do jogo, ele se perguntava quantas outras coisas sobre ela ele desconhecia. Afinal, parecia sempre tão reservada e focada em seu trabalho que ele nunca imaginaria vê-la jogando futebol, ainda mais com tanta desenvoltura.
O jogo começou com uma energia vibrante. Kyungsoo já demonstrava seu talento de sempre, driblando os adversários com agilidade e passando a bola com precisão. Mas o que realmente impressionou Seokjin foi . Ela se movimentava com graça e força ao mesmo tempo, assumindo um papel de liderança no campo, e toda vez que a bola chegava aos seus pés, ela sabia exatamente o que fazer, seja para avançar ou para defender.
Enquanto o jogo seguia, Seokjin, entretido com a habilidade de ambos os amigos, quase esqueceu de comer a pipoca. Ele ficava cada vez mais imerso no espetáculo, surpreso pela sintonia entre e Kyungsoo, que pareciam ter uma conexão natural no campo. Quando a bola vinha para eles, era como se estivessem em perfeita harmonia, trocando passes rápidos e trabalhando juntos para manter o controle do jogo.
Seokjin sorriu, pensando no quão inusitado era o reencontro, naquele lugar e nessas circunstâncias. Ele realmente não poderia prever esse tipo de surpresa ao aceitar o convite de Kyungsoo.
Seokjin não conseguia tirar os olhos do campo. A presença de no time de Kyungsoo o pegou completamente de surpresa. Enquanto ela se posicionava para o início do jogo, ele se perguntava quantas outras coisas sobre ela ele desconhecia. Afinal, parecia sempre tão reservada e focada em seu trabalho que ele nunca imaginaria vê-la jogando futebol, ainda mais com tanta desenvoltura.
O jogo começou com uma energia vibrante. Kyungsoo já demonstrava seu talento de sempre, driblando os adversários com agilidade e passando a bola com precisão. Mas o que realmente impressionou Seokjin foi . Ela se movimentava com graça e força ao mesmo tempo, assumindo um papel de liderança no campo, e toda vez que a bola chegava aos seus pés, ela sabia exatamente o que fazer, seja para avançar ou para defender.
Enquanto o jogo seguia, Seokjin, entretido com a habilidade de ambos os amigos, quase esqueceu de comer a pipoca. Ele ficava cada vez mais imerso no espetáculo, surpreso pela sintonia entre e Kyungsoo, que pareciam ter uma conexão natural no campo. Quando a bola vinha para eles, era como se estivessem em perfeita harmonia, trocando passes rápidos e trabalhando juntos para manter o controle do jogo.
Seokjin sorriu, pensando no quão inusitado era o reencontro, naquele lugar e nessas circunstâncias. Ele realmente não poderia prever esse tipo de surpresa ao aceitar o convite de Kyungsoo.
Seokjin finalmente encontrou Kyungsoo no hall de saída do estádio, o amigo estava ainda suado e eufórico pela vitória do time. Quando o avistou, Kyungsoo abriu um largo sorriso e correu para cumprimentá-lo com um abraço apertado.
— Seokjin! Que bom te ver, cara! Faz tanto tempo!
— Você está todo suado, cara! — Seokjin riu, empurrando o amigo levemente, mas retribuindo o abraço. — Parabéns pela vitória, hein? Não sabia que estava jogando tão bem assim.
— Ah, não foi nada! — Kyungsoo deu de ombros, modesto. — Foi o trabalho de equipe, sabe como é.
Enquanto os dois conversavam animadamente, Seokjin notou um pequeno grupo de mulheres que se aproximava. Eram as amigas de , todas parecendo animadas com o fim do jogo e ansiosas para encontrar a amiga. Ele as reconheceu de eventos sociais e reuniões anteriores, além de claro, a maioria delas estava envolvida com seus amigos…
— Parece que temos companhia — Kyungsoo comentou, olhando para o grupo que se aproximava.
foi a primeira a cumprimentar Kyungsoo e Seokjin, com um sorriso amistoso.
— Oi, Kyungsoo, parabéns pelo jogo! — disse ela, acenando para ele. — Oi Seokjin! O que faz aqui? Não sabia que você gostava de futebol…
Seokjin riu, um pouco surpreso com a abordagem direta. Ele ajeitou o boné na cabeça antes de responder.
— Na verdade, eu vim porque conheço o Kyungsoo. Nós fomos colegas de faculdade e acabamos nos reencontrando agora que ele voltou para Seul. E você sabe como é, quando ele me convidou, achei que seria uma boa oportunidade para rever um velho amigo.
— Ah, entendi! — sorriu, satisfeita com a explicação, enquanto as outras amigas trocavam olhares e sorrisos cúmplices. — Faz sentido. É bom ver vocês se reencontrando, então.
Enquanto o grupo conversava descontraidamente, Seokjin deu mais uma olhada ao redor, como se esperasse por alguém. E, então, como se tivesse lido seus pensamentos, apareceu. Ela caminhava com passos leves, os cabelos presos em um rabo de cavalo ainda úmido de suor, mas parecia radiante após o esforço do jogo. O uniforme esportivo acentuava sua postura confiante, e mesmo cansada, havia algo gracioso em sua presença.
— ! — foi a primeira a correr para cumprimentá-la, logo seguida pelas outras amigas, que a envolveram em um abraço coletivo.
Seokjin observou a cena com um leve sorriso nos lábios, mas ficou um pouco surpreso quando finalmente olhou em sua direção. Ela parecia um pouco surpresa de vê-lo ali.
— Seokjin? — Ela arqueou uma sobrancelha, com um sorriso curioso. — Não sabia que você viria.
— Kyungsoo me convidou, somos amigos de longa data, não é? — ele respondeu, ainda sorrindo. — E, sinceramente, fiquei impressionado. Não sabia que você jogava.
— É um hobby antigo… — ela respondeu modestamente, passando a mão pelos cabelos como se tentasse disfarçar o cansaço. — Nada muito sério.
— Sério ou não, você joga bem. — Seokjin sorriu, inclinando a cabeça levemente em sua direção.
retribuiu o sorriso, agradecendo o elogio.
Kyungsoo observou a interação entre Seokjin e , claramente curioso. Depois de um momento, ele inclinou a cabeça para o lado e perguntou, meio desconfiado:
— Espera, de onde vocês se conhecem? — Seus olhos saltaram entre os dois, aguardando uma explicação.
Seokjin e se entreolharam e sorriram, como se compartilhassem uma piada interna. Foi quem respondeu, dando de ombros de maneira casual.
— É uma longa história, mas... em resumo, eu sou a agente de moda do Seokjin. — Ela sorriu, olhando para Seokjin, que assentiu em concordância.
Kyungsoo arregalou os olhos de surpresa e logo começou a rir. Sem perder tempo, ele envolveu pela cintura em um abraço brincalhão e apertado.
— O quê? Você virou modelo, Seokjin? — Kyungsoo perguntou, ainda rindo, claramente se divertindo com a ideia.
Seokjin revirou os olhos de brincadeira, mas riu junto, balançando a cabeça.
— Algo assim, Kyungsoo. Acho que só estou me aventurando em algo diferente…
Seokjin observou a cena com um misto de curiosidade e surpresa. Kyungsoo, com a naturalidade de quem conhecia há muito tempo, inclinou-se para ela, e , sem hesitar, usou o polegar para limpar o suor que escorria pela bochecha dele. O gesto era íntimo, carinhoso. Kyungsoo respondeu com um beijo rápido na bochecha dela, e Seokjin sentiu uma estranha pontada no peito.
As amigas de , , , , e , perceberam a tensão no ar, trocando olhares entre si. foi a primeira a se pronunciar.
— Acho que vamos esperar você no estacionamento, . Dá um toque quando estiver pronta. — Ela sorriu para a amiga e lançou um olhar discreto para Seokjin, como se dissesse "boa sorte".
apenas acenou, claramente ciente do ambiente carregado que tinha se formado. Quando as amigas saíram, Kyungsoo virou-se para Seokjin com um sorriso descontraído.
— Só vou tomar um banho rápido, Jin. Depois a gente vai, beleza?
— Claro! — Seokjin respondeu, tentando parecer mais relaxado do que realmente estava.
Kyungsoo saiu rapidamente, deixando Seokjin e sozinhos. O silêncio entre os dois parecia quase palpável. Ambos sabiam o que estava prestes a ser mencionado, mas ninguém queria ser o primeiro a trazer o assunto à tona. foi quem quebrou o silêncio, dando um passo à frente, seu olhar pousando em Seokjin.
— Sobre... aquilo. — Ela começou hesitante, referindo-se ao beijo que haviam trocado anteriormente.
Antes que ela pudesse continuar, Seokjin levantou a mão, como se estivesse tentando interromper o que vinha a seguir.
— Foi um erro, . — Sua voz soava firme, mas havia uma hesitação oculta. — Nós precisamos manter as coisas profissionais entre nós. É melhor assim.
assentiu lentamente, sem discutir. O silêncio entre eles parecia cada vez mais pesado, mas Seokjin se recusava a quebrá-lo. Ele manteve o olhar fixo em algum ponto do chão, tentando afastar qualquer pensamento que pudesse causar arrependimento. , por outro lado, continuou observando-o com um olhar misto de compreensão e frustração.
Finalmente, ela suspirou, um som quase imperceptível, mas que ele conseguiu ouvir.
— Se é isso que você acha melhor, então tudo bem, Seokjin. — Ela disse calmamente, cruzando os braços de leve. — Eu só... queria esclarecer as coisas.
Seokjin olhou para ela rapidamente, tentando não se deixar afetar pela expressão tranquila no rosto dela. Por dentro, ele sabia que havia algo mais profundo entre eles, algo que ambos evitavam explorar a fundo. Mas agora, com Kyungsoo aparentemente interessado em , ele não podia se permitir abrir espaço para confusão. Mesmo que parte de si desejasse.
— Não tem nada para esclarecer, . — Ele respondeu finalmente, forçando um pequeno sorriso. — A gente só precisa manter tudo profissional. Vai ser melhor assim, de verdade.
Ela assentiu mais uma vez, mas o silêncio que se seguiu deixou claro que ambos sabiam que as palavras dele eram uma fuga, e não uma solução. Por mais que ela quisesse questioná-lo, respeitou a distância que ele tentava criar.
Logo, passos ecoaram no corredor, anunciando o retorno de Kyungsoo. Ele apareceu com o cabelo ainda molhado e um sorriso largo, inconsciente da tensão que havia entre Seokjin e , se despedindo da amiga com mais um beijo na bochecha, e um: “manda notícias…”
— Pronto! — Kyungsoo exclamou, parando ao lado deles e lançando um rápido olhar entre os dois, sem perceber muito o clima. — Vamos?
Seokjin forçou outro sorriso e assentiu, colocando as mãos nos bolsos e seguindo Kyungsoo em direção à saída, enquanto os acompanhava em silêncio. O que antes parecia uma amizade simples e tranquila agora estava manchada por algo mais complexo, mas nenhum dos dois estava pronto para lidar com aquilo.
A caminho do estacionamento, enquanto se despedia das amigas, Seokjin se viu distraído, lutando contra o desejo de olhar para ela, de entender o que realmente sentia. Mas, por enquanto, ele escolheu a rota mais segura.
arregalou os olhos e então limpou os lábios com o guardanapo ante de responder à .
— Nada haver! De onde você tirou isso? — retrucou, surpresa, colocando o guardanapo de lado enquanto olhava para , quase rindo de descrença.
Antes que pudesse responder, interveio com um sorriso maroto:
— Ah, você sabe que a tem dons, né? Não duvida dela, . A mulher é vidente! — disse , rindo enquanto dava uma piscadela provocativa para as outras.
revirou os olhos, ainda achando a situação toda absurda, enquanto as outras riam da brincadeira.
— Vidente? — franziu o cenho, cruzando os braços em protesto. — Eu só estou observando os sinais, . Não começa com essas suas piadinhas sobre meus “dons” de novo.
— Aí está! — riu ainda mais, ignorando a repreensão. — Primeiro passo para negar: dizer que é só uma observação.
balançou a cabeça e sorriu, tentando escapar do assunto, mas as risadinhas ao redor deixavam claro que a conversa não acabaria tão cedo.
— Vocês estão viajando. Kyungsoo é só um amigo. Aposto que ele nem pensa nessas coisas. — se defendeu, mas a dúvida estava ali, flutuando entre as palavras.
— Bom, se ele não pensa nisso, alguém aqui deveria começar a pensar... — completou com um sorriso matreiro.
As amigas estavam imersas nas piadas e provocações, mas decidiu que era melhor mudar de assunto. Com um sorriso, ela comentou sobre um filme que havia assistido recentemente, e logo as outras começaram a debater suas séries favoritas e últimos episódios vistos. , no entanto, não conseguia deixar de notar que , apesar de rir das piadas e acompanhar a conversa, parecia distante. Enquanto as outras riam de uma história contada por , cutucou discretamente e fez um gesto com a cabeça na direção de , que estava mexendo no celular em silêncio.
fingia estar entretida com algo na tela, mas a expressão no rosto dela era de quem estava a milhas de distância. , percebendo que o clima não estava tão bem quanto parecia, decidiu perguntar de forma direta:
— O Jungkook nunca mais te procurou desde que tudo aconteceu? — A pergunta caiu no meio da conversa, causando uma pausa súbita entre as amigas. — Você não tocou no nome dele mais, e nós respeitamos, mas aí está você, toda borocochô...
As outras garotas olharam para com um misto de curiosidade e preocupação. suspirou, largando o celular no colo e cruzando os braços, claramente desconfortável, mas pronta para responder.
— Ele está bloqueado em todas as minhas redes sociais. Se ele tentou me procurar... deu com os burros na água. — Ela respondeu com um sorriso amargo, tentando mostrar que estava firme, mas o olhar abatido denunciava seus verdadeiros sentimentos.
As amigas trocaram olhares solidários, enquanto manteve o foco em , disposta a apoiar a amiga, fosse qual fosse a situação.
As amigas perceberam o peso nas palavras de e a atmosfera descontraída do grupo começou a mudar. , sempre a mais perceptiva, foi a primeira a quebrar o silêncio com um tom gentil.
— Cath... você sabe que pode falar com a gente, né? — ela disse, com um olhar acolhedor.
deu um suspiro profundo, como se estivesse segurando aquilo há muito tempo. Finalmente, resolveu desabafar:
— Eu achava que bloquear ele me faria esquecer mais rápido, sabe? — começou, a voz trêmula. — Mas é difícil... Toda vez que vejo ou ouço algo que me lembra ele, é como se esse bloqueio não adiantasse nada. É como se ele ainda estivesse na minha cabeça, mesmo longe.
, que sempre tinha uma opinião direta, inclinou-se um pouco mais para perto.
— Não é fácil, Cath. Você não pode só apagar alguém da sua vida assim, de um dia pro outro. Mas o importante é que você tomou o primeiro passo, né? Se distanciou. Isso já é uma vitória.
assentiu, concordando com , mas com uma expressão mais suave.
— É verdade, mas... também não se pressione tanto. Se precisar de mais tempo pra processar tudo, tá tudo bem. O importante é que você tá tentando se cuidar. E olha, você fez o certo em bloquear. Não fica pensando que foi um erro. Às vezes a gente precisa desse espaço.
olhou para as amigas, um pouco emocionada com o apoio que estava recebendo. , que até então estava mais silenciosa, pegou a mão dela e apertou de leve.
— Você sabe que a gente tá aqui pra te ajudar a seguir em frente, né? Pode demorar, mas uma hora você vai sentir que tá pronta pra deixar isso tudo pra trás. E até lá... estamos do seu lado.
sorriu demonstrando carinho e acrescentou:
— E quando você estiver pronta para falar sobre o que aconteceu de verdade, sobre seus sentimentos... vai ser no seu tempo, sem pressão. Mas até lá, nada de se isolar, tá? A gente vai ficar no seu pé.
sorriu, finalmente soltando um riso fraco.
— Obrigada, meninas... Eu precisava ouvir isso.
O grupo ficou mais unido naquele momento, deixando que sentisse que não estava sozinha em sua dor.
Depois que desabafou, as amigas deixaram o clima mais leve, querendo mudar o foco da conversa. foi a primeira a sorrir e, aproveitando a deixa, olhou diretamente para .
— Mas, falando de coisas boas... e você, ? Como estão as coisas com o Jimin?
Os olhos de brilharam por um instante, e ela sorriu, corando levemente.
— Ah... estão indo bem, sabe? — Ela ajeitou o cabelo, meio tímida. — Ele é muito atencioso, sempre preocupado em me deixar confortável. A gente tem passado mais tempo juntos.
ergueu as sobrancelhas, curiosa, e cutucou com o cotovelo.
— Hum, tem mais coisa aí. Dá pra ver no seu rosto! Desembucha logo!
riu, balançando a cabeça, mas acabou cedendo.
— Tá, tá! Tem uma novidade... Ele quer me apresentar aos pais.
As amigas abriram sorrisos largos, surpresas e animadas ao mesmo tempo.
— Apresentar aos pais?! Isso é sério! — disse , visivelmente impressionada. — Vocês estão mesmo indo rápido, hein?
, tentando deixar a própria preocupação de lado, também entrou na brincadeira.
— Parece que Jimin tá levando isso bem a sério, hein? E você, como tá se sentindo com isso?
mordeu o lábio por um momento, pensando.
— Estou feliz, sabe? Mas... também nervosa. Quero que eles gostem de mim, sabe como é. Eu nunca passei por essa situação antes, então é um pouco assustador.
sorriu, apoiando a amiga.
— Se ele te quer ao lado dele e tá pronto pra te apresentar aos pais, é porque ele já sabe o quão especial você é. Só seja você mesma, . Eles vão te adorar, como nós adoramos.
As outras amigas assentiram, concordando, enquanto parecia mais confiante com o apoio delas.
sentiu o celular vibrar na bolsa que estava sobre seu colo e então um arrepio percorreu sua espinha, as amigas perceberam a mudança no semblante dela e ficaram em silêncio enquanto ela pegava o celular na bolsa.
Ao desbloquear a tela, ela viu que era uma mensagem de Namjoon, e seu coração disparou. Depois de dias sem notícias, a ansiedade a dominou. Com um suspiro profundo, ela leu a mensagem.
“Oi, . Desculpa pela falta de contato. Tive algumas coisas para resolver e estou um pouco sobrecarregado. Como você está?”
Um misto de alívio e frustração tomou conta dela. Finalmente, ele havia dado notícias, mas a razão para o silêncio a deixou intrigada. mordeu o lábio, pensando na resposta.
As amigas a observavam em silêncio, ansiosas para saber o que estava acontecendo.
— É o Namjoon... — respondeu, um pouco hesitante.
— O que ele disse? — perguntou , quebrando o silêncio.
— Ele pediu desculpas pela falta de contato e disse que estava sobrecarregado.
— Isso é bom! Ele não esqueceu de você — comentou, tentando animá-la.
— É... mas não sei se isso é bom ou ruim — murmurou, sentindo uma onda de confusão. — Ele não me disse o que estava acontecendo, e isso me preocupa.
inclinou-se para mais perto, tocando o braço de .
— Manda uma mensagem de volta, então! Pergunta como ele está. Às vezes, a gente só precisa dar o primeiro passo.
olhou para as amigas, refletindo. Elas estavam certas. Ela não queria perder a oportunidade de se reconectar com ele. Com um sorriso determinado, começou a digitar uma resposta, sentindo-se mais confiante com o apoio delas.
respirou fundo e começou a digitar, suas mãos tremendo levemente de nervosismo. Ela queria ser clara, mas também não queria parecer desesperada.
“Oi, Namjoon. Que bom receber sua mensagem. Eu estava preocupada! Espero que esteja tudo bem com você. Senti sua falta e estou aqui se precisar de alguém para conversar.”
Ela revisou rapidamente a mensagem, tentando garantir que soasse natural e amigável. Depois de um último olhar para a tela, pressionou o botão de enviar.
O silêncio pairou enquanto esperava uma resposta, e suas amigas a observavam com expectativa.
— E agora? — perguntou, mordendo o lábio inferior.
— Agora, é torcer para que ele responda — respondeu, um sorriso nervoso nos lábios.
— Com certeza ele vai responder! — disse, encorajando-a. — Namjoon é um cara legal, ele só precisa de um empurrãozinho.
concordou, mas a ansiedade ainda a deixava inquieta. As amigas começaram a falar sobre outros assuntos, mas ela não conseguia se concentrar. O celular vibrava de tempos em tempos, e cada vez que isso acontecia, seu coração pulava.
Finalmente, depois de alguns minutos que pareceram uma eternidade, o celular vibrou novamente. olhou rapidamente para a tela e viu que Namjoon havia respondido.
“Desculpe a demora! Estou passando por um período complicado, mas quero muito conversar com você. Vamos marcar algo?”
Um sorriso largo se espalhou pelo rosto de , e suas amigas perceberam.
— O que ele disse? — perguntou, mal contendo a excitação.
— Ele quer marcar algo! — respondeu, sua voz cheia de animação. — Ele está passando por um período complicado, mas está disposto a conversar.
— Isso é ótimo! — exclamou. — Um passo de cada vez!
sentiu a empolgação crescer dentro de si. Aquela poderia ser a chance de resolver as coisas entre eles. Com a certeza de que o apoio das amigas a ajudava a se sentir mais forte, ela começou a pensar em onde e quando poderiam se encontrar.
— E você, ? — perguntou, mudando o foco da conversa. — Como está a sua expectativa para a festa de aniversário do Jihoon? Você está preparada para encarar a GaHee e toda aquela pressão?
fez uma careta ao pensar na situação. Encarar a ex-namorada de Hoseok e mãe do Jihoon não seria fácil.
— Eu estou animada pela festa, mas... — ela hesitou, olhando para as amigas. — Eu realmente não queria ter que lidar com a GaHee.
— Ela vai tentar fazer o seu trabalho, com certeza! — exclamou, cruzando os braços. — Mas lembre-se: você é a “namorada” do Hoseok, então mantenha a calma e mostre que você está bem com isso.
— É, e se precisar, nós estamos aqui para te ajudar — disse, piscando. — Se a GaHee começar a te provocar, você pode simplesmente dar um sorriso e ignorá-la. Afinal, a sua prioridade é apoiar o Hoseok.
— Exatamente! Você é a chave para ele reconquistar a GaHee — acrescentou, com um olhar encorajador. — Mostre a ela que você é mais do que uma simples namorada de fachada.
respirou fundo, um pouco mais confiante com o apoio das amigas. — Eu sei, mas e se ela tentar me provocar? Não sei como vou reagir.
— Olha, a melhor estratégia é apenas ser você mesma. Se a GaHee vier com alguma provocação, responda com educação e vire a conversa para outro assunto. O importante é que você esteja confortável e aproveite a festa! — sugeriu.
— Isso mesmo! — disse, batendo palmas animadamente. — Se você se sentir confiante, mostre que não está ali para jogos, e que você está lá por Hoseok e pelo Jihoon.
sorriu, sentindo-se um pouco mais fortalecida com o apoio das amigas.
— Obrigada, meninas. Com vocês ao meu lado, acho que consigo encarar essa situação.
A tarde das garotas continuou descontraída, repleta de risadas e conversas sobre os últimos acontecimentos. Elas mudaram de assunto várias vezes, falando sobre trabalho, relacionamentos e os planos para o fim de semana. contou mais detalhes sobre seu relacionamento com Jimin, se perdeu em devaneios sobre a mensagem que recebeu de Namjoon, e ainda refletia sobre o fingimento de seu namoro com Hoseok, especialmente com a festa de aniversário de Jihoon se aproximando.
Enquanto o sol começava a se pôr, elas se preparavam para ir embora, e foi nesse momento que Yugyeom apareceu. Ele estava lá para buscar , como combinado, mas ao ver o grupo de amigas reunido, ele fez uma oferta:
— Posso dar carona para mais três de vocês, se quiserem. — Ele sorriu, fazendo corar levemente ao lado dele.
Imediatamente, as garotas se entreolharam, e uma leve discussão começou.
— Eu sou a que mora mais longe, então acho que seria justo — comentou, tentando argumentar enquanto mexia no cabelo.
— Ah, mas eu tenho um compromisso daqui a pouco, seria muito mais prático se eu e a fossemos com ele — sugeriu, piscando com charme para as amigas.
— E eu? Já estou cansada demais para pegar transporte público — acrescentou, rindo.
apenas observava, rindo suavemente da leve disputa entre as amigas, enquanto Yugyeom tentava manter uma expressão neutra, mas claramente achando a situação divertida.
— Tá, meninas, acho que vamos ter que resolver isso de um jeito mais justo — disse, rindo, enquanto elas tentavam decidir quem ficaria com as outras duas vagas na carona.
A leve competição foi resolvida de forma amigável, com risadas e brincadeiras, enquanto e Yugyeom esperavam pacientemente.
e Yugyeom chegaram em frente ao prédio dela, o ambiente iluminado apenas pelos postes de luz que lançavam sombras suaves pela rua. Ele parou o carro e, antes que ela pudesse se despedir, Yugyeom virou-se para ela com um sorriso tranquilo.
— Qualquer coisa, me manda uma mensagem, tá? — disse ele, com um tom casual. — Preciso resolver uma coisa agora.
engoliu seco, sentindo uma tensão se formar em seu peito. Ela conhecia bem esse "resolver uma coisa" e já sabia onde aquilo ia dar. Antes de sair do carro, ela finalmente perguntou, com uma voz hesitante, mas cheia de intenção:
— Vai tentar falar com a Li Hua pela milionésima vez?
Yugyeom a encarou por alguns segundos, surpreso com a pergunta direta. Seus ombros se retesaram ligeiramente, e ele soltou um suspiro profundo, desviando o olhar para a frente do carro.
— Sim... Vou tentar mais uma vez. — Ele admitiu, a voz baixa, quase como se estivesse tentando justificar suas próprias ações.
assentiu, tentando manter um tom neutro, mas sentia uma mistura de frustração e preocupação.
— Só... cuidado para não se machucar ainda mais. — murmurou ela, antes de abrir a porta do carro e sair.
Ela o observou por um momento antes de seguir em direção ao prédio, sentindo uma estranha melancolia no ar.
Yugyeom ficou parado no carro por alguns minutos depois que entrou no prédio, seus dedos tamborilando no volante enquanto sua mente girava em um turbilhão de pensamentos. A dúvida o corroía: seria realmente prudente ir até a casa de Li Hua? Ele sabia que ela estava evitando suas mensagens e chamadas, mas algo em seu coração insistia que eles precisavam conversar.
Por outro lado, ele sabia o quanto isso poderia parecer invasivo. E se ela não quisesse vê-lo? Ele estaria forçando algo que talvez ela já tivesse decidido que não tinha mais volta? Yugyeom respirou fundo, olhando para o celular na sua mão e passando pelas mensagens não respondidas. Ele conhecia Li Hua o suficiente para saber que, quando ela se afastava, era porque estava processando seus sentimentos. Mas ele também sabia que não aguentava mais a incerteza.
“Será que estou sendo imprudente?” ele pensou, a dúvida pesando ainda mais. “E se eu só piorar as coisas aparecendo sem avisar?”
Seu estômago se revirou ao imaginar a possibilidade de ser rejeitado diretamente, de vê-la virar as costas para ele de vez. Mas a ideia de ficar parado, sem saber o que realmente se passava na cabeça dela, também o deixava inquieto. Se ao menos ele pudesse encontrá-la e falar cara a cara, talvez houvesse uma chance de resolver tudo. Talvez ela estivesse esperando que ele insistisse, mostrasse que estava disposto a lutar por eles.
Ele suspirou, um misto de determinação e receio tomando conta.
"Eu só preciso de uma conversa... só uma."
Yugyeom respirou fundo e apertou o volante, como se estivesse tentando reunir toda a coragem necessária para o que vinha a seguir. Por mais que os pensamentos sobre ser invasivo e imprudente continuassem rondando sua mente, ele já tinha tomado a decisão. Ele precisava falar com Li Hua, nem que fosse apenas uma última vez.
"É agora ou nunca", murmurou para si mesmo, dando partida no carro.
Enquanto dirigia pelas ruas de Seul, a ansiedade crescia a cada quilômetro. Ele revisava mentalmente todas as possíveis conversas que teriam, desde um pedido sincero de desculpas até uma tentativa de reconciliação. O coração batia forte no peito, acelerado, com uma mistura de medo e esperança.
Se aproximando do prédio de Li Hua, ele desacelerou, observando as luzes dos apartamentos. "Ela pode me mandar embora assim que abrir a porta", pensou, mas ao mesmo tempo, a vontade de esclarecer as coisas era maior do que o medo da rejeição. Ele estacionou o carro e ficou ali por alguns minutos, respirando profundamente para se acalmar.
Finalmente, ele saiu do carro e caminhou em direção à entrada do prédio, sentindo o peso de cada passo. Estava decidido.
Yugyeom sorriu de forma nervosa para o porteiro ao entrar no prédio. Era um sorriso que tentava mascarar o turbilhão de emoções que ele sentia, mas o porteiro já o conhecia o suficiente para notar o nervosismo. Ainda assim, decidiu não comentar nada.
— Boa noite — cumprimentou Yugyeom, tentando soar casual. — Vou fazer uma surpresa para a Li Hua. Será que você pode não avisar que estou subindo?
O porteiro arqueou uma sobrancelha, mas não viu motivos para negar o pedido. Ele sabia que Yugyeom era de confiança, e Li Hua provavelmente ficaria feliz com a surpresa. Além disso, não era a primeira vez que Yugyeom aparecia ali tarde da noite.
— Claro, sem problemas — respondeu o porteiro com um aceno de cabeça. — Pode subir.
Yugyeom agradeceu com um aceno rápido, sentindo uma onda de adrenalina ao passar pela recepção. Ele apertou o botão do elevador, tentando controlar a respiração enquanto esperava as portas se abrirem. Cada segundo parecia uma eternidade. Quando finalmente entrou no elevador, sua mente girava com as inúmeras possibilidades do que poderia acontecer quando ela abrisse a porta.
Enquanto o elevador subia, ele se preparava mentalmente para o encontro, perguntando-se como Li Hua reagiria ao vê-lo ali, de surpresa.
Yugyeom parou em frente à porta do apartamento de Li Hua, sentindo o coração acelerar mais uma vez. Ele respirou fundo e, sem hesitar, tocou a campainha. O som ecoou no corredor silencioso, aumentando a tensão do momento.
Do lado de dentro, ele ouviu passos leves se aproximando da porta. A ansiedade de Yugyeom crescia enquanto ele esperava, imaginando qual seria a reação dela. Após alguns segundos de silêncio, ele sentiu que Li Hua estava olhando através do olho mágico.
A porta se abriu lentamente, revelando Li Hua. O rosto dela, que normalmente exibia um sorriso caloroso, estava marcado por um semblante de tristeza. Seus olhos pareciam cansados, como se estivesse lutando com emoções há muito reprimidas. Ela não disse nada, apenas o encarou por um momento, como se estivesse tentando processar a presença inesperada de Yugyeom ali.
— O que você está fazendo aqui? — perguntou ela, a voz baixa e cheia de uma mistura de surpresa e exaustão.
Yugyeom sentiu um aperto no peito ao ver Li Hua daquele jeito. Ele sempre a conhecera como uma mulher forte, decidida, mas agora havia uma vulnerabilidade nela que o desconcertava. Sem saber ao certo como começar, ele deu um passo à frente, hesitante, mas decidido.
— Eu precisava falar com você... não aguentava mais ficar sem respostas — disse ele, tentando manter a calma, mas sua preocupação era evidente. — Por favor, podemos conversar?
Li Hua soltou um suspiro pesado, desviando o olhar por um momento. Ela passou a mão pelos cabelos e tentou disfarçar o incômodo com uma desculpa.
— Ah, Yugyeom… já está tão tarde, eu estava me preparando para dormir — disse ela, cruzando os braços, como se estivesse erguendo uma barreira invisível entre eles.
Yugyeom não se deixou abater pela desculpa. Ele sabia que algo estava errado, e precisava esclarecer as coisas. Deu mais um passo à frente, os olhos firmes nos dela.
— Li Hua, nós dois sabemos que isso não pode continuar assim. A gente precisa conversar, de verdade. Não dá mais para fugir disso — a voz dele era suave, mas havia um tom de urgência.
Li Hua mordeu o lábio inferior, hesitando por um instante. Seus olhos mostravam uma mistura de cansaço e vulnerabilidade, mas também algo que a fazia querer evitar a conversa. Mesmo assim, ela sabia que não poderia adiar mais.
Depois de alguns segundos de silêncio, ela suspirou novamente e cedeu, abrindo um pouco mais a porta.
— Tá bom… entra — murmurou, dando espaço para ele passar.
Yugyeom entrou no apartamento, notando o ambiente silencioso e a luz suave que indicava que ela realmente estava prestes a encerrar a noite. Ele se virou para ela, esperando que Li Hua também estivesse pronta para finalmente abrir o coração.
Yugyeom se sentou no sofá, observando enquanto Li Hua se afastava em direção à cozinha. O ambiente estava pesado, o silêncio entre eles se alongava como se nenhum dos dois quisesse ser o primeiro a falar. Ele a acompanhou com o olhar, percebendo a tensão nos ombros dela, como se estivesse carregando um peso invisível.
Li Hua abriu a geladeira, pegou uma garrafa de água e, em seguida, serviu um copo. Seus movimentos eram metódicos, quase mecânicos, e ela parecia perdida em pensamentos. Depois de alguns segundos, ela voltou para a sala com o copo de água, entregando-o a Yugyeom.
— Aqui, toma — disse ela, evitando contato visual enquanto se sentava na poltrona em frente a ele.
Yugyeom pegou o copo, agradecendo com um aceno silencioso, mas seus olhos permaneciam fixos nela. Ele sabia que não seria fácil, mas não podia mais deixar as coisas como estavam.
— Obrigado… — ele disse, e depois respirou fundo. — Mas, Li Hua, eu não vim aqui só pra isso.
Yugyeom tomou o copo de água de uma vez só, como se isso pudesse aliviar a tensão que se acumulava em seu peito. Colocou o copo vazio na mesa de centro e olhou diretamente para Li Hua, que permanecia com o olhar distante e o semblante fechado.
— Então diga o que quer dizer, Yugyeom. Estou cansada e preciso dormir — ela disse, impaciente, cruzando os braços enquanto esperava por sua resposta.
Ele respirou fundo novamente, tentando encontrar as palavras certas, mas a frustração o empurrava a ser direto.
— Por que você fugiu de mim, Li Hua? — ele perguntou, sua voz saindo mais firme do que ele pretendia. — Eu tentei falar com você várias vezes, e você simplesmente sumiu. O que aconteceu? O que mudou?
Ela apertou os lábios, desviando o olhar, e por um momento, pareceu que ia se levantar. Contudo, permaneceu sentada, seu corpo tenso, como se estivesse se preparando para uma conversa que preferia evitar.
— Eu não fugi de você, Yugyeom… — ela começou, mas sua voz soava hesitante. — Eu só… precisava de um tempo.
Li Hua o encarou com firmeza, seus olhos finalmente se encontrando com os dele. Ela respirou fundo antes de falar, suas palavras carregadas de uma sinceridade que cortava o ar entre eles.
— Você não precisa mais de mim para esquecer a , Yugyeom. Seja honesto comigo e consigo mesmo. Agora que ela e Jungkook terminaram, você tem o caminho livre.
Yugyeom piscou, surpreso, sem acreditar no que acabara de ouvir.
— O quê? Não, Li Hua, eu não estava te usando! Em momento algum eu… —
— Não intencionalmente, eu sei — ela o interrompeu, sua voz calma, mas com um tom de exaustão emocional. — Mas eu também sei que seus sentimentos por ela nunca mudaram, Yugyeom. Você sempre teve algo por , e eu senti isso o tempo todo. Não precisa negar.
Ele abriu a boca para responder, mas as palavras ficaram presas na garganta. Li Hua continuou, não lhe dando espaço para rebater.
— Então, por favor, seja honesto pelo menos uma vez nessa bagunça toda. Se declare logo para ela, Yugyeom! — As últimas palavras dela ecoaram pela sala, carregadas de uma mistura de frustração e resignação. — Só assim você vai saber o que fazer com o que sente por mim e com o que sente por ela.
O silêncio que se seguiu foi pesado, e Yugyeom, apesar de querer refutar, sabia que Li Hua estava tocando em um ponto que ele sempre evitou.
Yugyeom respirou fundo, passando a mão pelos cabelos e desviando o olhar por um momento, absorvendo as palavras de Li Hua. A verdade era difícil de engolir, mas ela estava certa. Ele finalmente a encarou de novo e assentiu, com um suspiro resignado.
— Você tem razão, Li Hua... já está na hora de resolver isso de uma vez — disse ele, com uma voz calma, mas carregada de decisão. — Eu não posso continuar fugindo disso. Preciso encarar meus sentimentos pela e entender o que realmente sinto.
Li Hua relaxou um pouco, como se já esperasse por essa resposta, mas o silêncio que caiu entre eles era espesso e cheio de significados não ditos. Por alguns minutos, eles simplesmente ficaram ali, em silêncio, deixando a tensão se dissipar.
Então, Yugyeom quebrou o silêncio.
— Mas... eu não quero perder a sua amizade, Li Hua. Independente do que acontecer com a , eu quero que você saiba que você significa muito pra mim. — Ele a olhou, os olhos sinceros. — Eu não quero que as coisas entre nós mudem para pior.
Li Hua o observou por um momento, com uma mistura de tristeza e compreensão em seu olhar, antes de sorrir suavemente.
— Vamos ver o que acontece, Yugyeom… — respondeu ela, sua voz suave — Mas eu também espero que possamos continuar amigos, independente de tudo.
Ele se levantou lentamente, o peso da conversa ainda pairando no ar. Ele se aproximou de Li Hua e, com um gesto carinhoso, depositou um beijo demorado em sua testa. O toque era suave, quase como uma promessa silenciosa, e Li Hua fechou os olhos por um breve momento, absorvendo o carinho e a despedida que aquilo representava.
— Eu vou te procurar quando falar com a — ele disse, a voz baixa e firme, enquanto se afastava um pouco. Seus olhos ainda mantinham uma ternura genuína, mesmo que carregados de incertezas.
Li Hua assentiu com um pequeno sorriso triste, mas compreensivo.
— Tudo bem, Yugyeom. Boa sorte — ela murmurou.
Os dois trocaram um último olhar antes de ele se virar e caminhar até a porta. Ao abrir e sair do apartamento, ambos sabiam que aquela conversa havia mudado algo entre eles, mas o que aconteceria a seguir ainda estava no ar.
No dia seguinte, chegou ao restaurante onde havia combinado de almoçar com Namjoon. O lugar escolhido por Namjoon havia sido o restaurante de Jin e Suga.
Ela entrou, ajeitando os cabelos com as mãos enquanto procurava por Namjoon. Seu coração estava batendo um pouco mais rápido do que o normal, ainda com resquícios de nervosismo depois da mensagem que ele enviara na noite anterior. Tentava se manter calma, mas a expectativa era alta.
Logo avistou Namjoon sentado em uma mesa perto da janela, com um sorriso tranquilo no rosto. Ele se levantou ao vê-la se aproximar.
— Oi, — ele disse, puxando a cadeira para ela. — Que bom que você chegou.
— Oi — ela respondeu com um sorriso, sentindo o nervosismo dissipar um pouco ao ver a gentileza no gesto dele.
Os dois se sentaram, e deu uma rápida olhada ao redor, notando a familiaridade e o conforto que o ambiente trazia. Era o lugar perfeito para uma conversa importante.
— Eu sempre esqueço como o restaurante do Seokjin e do Suga é incrível — ela comentou, tentando descontrair enquanto pegava o cardápio. — Acho que só de entrar aqui já me sinto mais leve.
Namjoon riu levemente, os olhos brilhando em direção a ela.
— É, eles realmente sabem criar uma boa atmosfera aqui — ele concordou. — Mas... eu queria mesmo falar sobre ontem.
engoliu em seco, sentindo a tensão se formar novamente. Sabia que o assunto seria inevitável, e talvez fosse mesmo a hora de esclarecer tudo.
— Assim? No seco? Sem nenhum vinho para acompanhar o nosso fim? — gargalhou fechando os olhos.
Namjoon riu junto com ela, balançando a cabeça em um misto de diversão e leveza. Depois, seus olhos se encontraram em um momento de silêncio que parecia carregar o peso do que viria a seguir.
— O novo terapeuta tem te ensinado a lidar com os conflitos assim? — ele perguntou, ainda sorrindo, mas com um toque de curiosidade.
O sorriso de diminuiu aos poucos, e o silêncio tomou conta da mesa novamente. Ela suspirou e desviou o olhar por um segundo, processando a pergunta. Depois de alguns segundos, ela finalmente respondeu, com um tom mais sério e um pouco melancólico.
— E como eu devo lidar com o fim de algo que mal começou? — sua voz saiu mais suave, carregando uma mistura de frustração e tristeza.
Namjoon, sentindo a intensidade do momento, ficou em silêncio por um instante, observando-a com cuidado, percebendo que as palavras certas naquele momento poderiam mudar tudo entre eles.
— O que te faz pensar que é o fim ? — Namjoon perguntou suavemente, inclinando-se um pouco para frente.
suspirou profundamente, pegando o cardápio à sua frente e fingindo dar uma olhada, mesmo que sua mente estivesse longe da escolha de pratos. A pergunta dele pairava no ar, e ela sabia que não podia escapar da verdade.
— É sempre assim comigo, se esqueceu? — ela respondeu, sem levantar o olhar do cardápio. — As coisas começam intensas, cheias de promessas... e então, de repente, acabam antes mesmo de terem a chance de realmente acontecer.
Ela fechou o cardápio e olhou para Namjoon, seus olhos carregando uma mistura de resignação e cansaço.
— Eu já conheço esse padrão — completou, agora com um leve sorriso, tentando disfarçar a amargura.
Namjoon estendeu a mão devagar, segurando pelo queixo, erguendo seu rosto até que seus olhares se encontrassem. O toque dele era suave, mas firme, o suficiente para fazer largar o cardápio, que deslizou pela mesa até parar ao lado do prato.
Por um instante, eles ficaram ali, apenas se encarando, o ambiente do restaurante desaparecendo ao redor. O coração de acelerou, o olhar profundo de Namjoon fazendo seus pensamentos se misturarem em uma confusão de emoções.
— Eu gosto de você, — ele disse com sinceridade, a voz baixa e carregada de sentimento. — Eu realmente gosto. E quero muito que a gente dê certo.
Ela piscou, o coração batendo mais rápido. Mas antes que pudesse responder, completou a frase por ele, com um suspiro.
— Mas? — questionou, o receio de ouvir o que viria a seguir estampado em sua voz.
Namjoon deslizou o polegar pelo rosto de em um gesto suave, os olhos ainda fixos nos dela. O toque era terno, quase como se quisesse transmitir tudo o que estava sentindo, mesmo que as palavras não fossem suficientes.
— Faz muitos anos que eu não tenho um relacionamento sério, — ele começou, a voz baixa, mas cheia de honestidade. — E, pra ser bem sincero, eu não sei mais lidar com isso direito. Tem sido só trabalho, carreira... e, às vezes, parece que eu acabo colocando isso acima de tudo.
Ele soltou um suspiro, ainda acariciando o rosto dela.
— Eu sei que essa minha propensão a priorizar o trabalho pode atrapalhar... nós. E não quero que você sofra ou se sinta deixada de lado por causa disso. Não é justo com você.
sentiu o peso das palavras dele, cada uma batendo fundo, e por um momento, tudo o que ela pôde fazer foi olhar para ele em silêncio, tentando processar o que aquilo significava para os dois.
piscou algumas vezes, tentando absorver o que Namjoon acabara de dizer. Ela mordeu levemente o lábio inferior, sentindo uma mistura de emoções.
— Eu... não sei exatamente o que isso significa, Namjoon — ela falou, a voz soando mais baixa, quase um sussurro. — Quer dizer, você está tentando dizer que... que isso não vai dar certo? Ou que você simplesmente não sabe como conciliar tudo?
Ela o encarou, procurando alguma clareza em seus olhos, enquanto seu coração acelerava com a incerteza.
— Porque, pra ser sincera, eu não sei o que pensar de tudo isso. Você diz que gosta de mim, mas aí... me dá esse tipo de aviso.
deu uma pequena risada nervosa.
— Eu só... preciso entender melhor o que você quer, sabe?
suspirou, sentindo uma leve pressão no peito enquanto olhava diretamente nos olhos de Namjoon.
— Você, Namjoon — ela falou com firmeza, como se finalmente tivesse encontrado a resposta dentro de si. — Quero você.
O silêncio entre os dois ficou palpável, carregado de emoção. Namjoon, que ainda a segurava pelo rosto, pareceu absorver suas palavras, processando o que ela acabara de dizer. Ela não estava pedindo por algo vago ou incerto. Ela estava sendo direta, honesta.
— Eu sei que você tem a sua carreira, e sei que não vai ser fácil — continuou , a voz agora mais suave, mas ainda firme. — Mas se você quer mesmo que a gente dê certo... então precisa estar disposto a tentar. Porque eu estou.
Namjoon ficou em silêncio por alguns instantes, os dedos ainda acariciando o rosto dela. O peso daquelas palavras parecia ecoar no ar entre eles.
Ele continuou encarando os olhos esverdeados de , aqueles que sempre o desarmavam de um jeito que ele não conseguia explicar. Ele sentiu o coração acelerar no peito, como se algo estivesse se rompendo dentro dele, algo que ele mantinha trancado há muito tempo.
Talvez, daquela vez, valesse a pena tentar.
Ele soltou um suspiro, afastando delicadamente a mão do rosto dela, mas sem romper o contato visual.
— Talvez você esteja certa — ele disse, a voz baixa, quase um sussurro. — Talvez valha a pena tentar... com você.
, que parecia ter prendido a respiração, soltou o ar lentamente, como se estivesse processando a declaração dele.
— Eu só... não quero te decepcionar — Namjoon acrescentou, com uma expressão sincera e vulnerável. — Mas vou tentar. Eu quero tentar com você.
Aquelas palavras, ditas com tanta honestidade, fizeram o peito de aquecer. Ela abriu um sorriso pequeno, mas genuíno, sentindo uma mistura de alívio e esperança.
— É tudo o que eu precisava ouvir, Namjoon — respondeu ela, segurando a mão dele por um momento.
O silêncio que se seguiu foi confortável, repleto de compreensão mútua. Talvez, finalmente, ambos estivessem prontos para arriscar algo real.
Namjoon e continuavam o almoço em um clima mais leve. A tensão que havia pairado no ar antes da conversa parecia ter se dissipado, e agora estavam atualizando um ao outro sobre suas vidas.
— E como estão as suas consultas? — Namjoon perguntou enquanto colocava o guardanapo sobre o colo, inclinando-se ligeiramente para frente, demonstrando genuíno interesse.
deu de ombros com um leve sorriso.
— Estão fluindo bem. Tenho recebido muitas pessoas que precisam de orientação emocional ultimamente. Às vezes, é difícil conciliar o tarot, as runas e a massoterapia com o tempo que cada pessoa realmente precisa. Mas eu adoro isso. É gratificante, sabe? Sentir que faço diferença na energia das pessoas.
— Imagino que seja — ele respondeu, assentindo. — Eu sempre admirei a forma como você equilibra tantas práticas diferentes. É uma abordagem única para o bem-estar.
— Bom, foi você quem me ajudou a colocar as coisas em perspectiva lá atrás, lembra? — disse com um olhar carinhoso. — Suas sessões me deram a clareza para descobrir que realmente era isso que eu queria continuar fazendo da vida.
Namjoon riu suavemente, um pouco envergonhado.
— Fico feliz em saber que ajudei. Mas você que fez o trabalho difícil, .
Ela sorriu, mudando de assunto.
— E você? Como anda o consultório? Conseguiu desacelerar um pouco, como tinha falado?
Namjoon fez uma careta, fingindo um pouco de desconforto.
— Desacelerar não é exatamente o meu forte. Ainda tenho a tendência de me afogar no trabalho, mas estou tentando. Alguns pacientes exigem mais dedicação do que outros, e às vezes eu sinto que preciso estar disponível o tempo todo. Mas... eu sei que preciso equilibrar isso melhor.
— Você sempre foi assim — comentou, balançando a cabeça com um sorriso terno. — Devoto a tudo o que faz. Mas vai acabar se desgastando.
— Eu sei, eu sei — ele respondeu, suspirando. — Vou trabalhar nisso, prometo.
Eles continuaram conversando mais um pouco, rindo de histórias passadas e atualizando um ao outro sobre as novidades em suas rotinas. Quando o almoço chegou ao fim, Namjoon sugeriu:
— Vamos dar uma passada na cozinha? Faz tempo que não vejo o Jin e o Suga. Aposto que eles vão adorar uma surpresa.
sorriu.
— Vamos, então. Eles sempre animam o dia de qualquer um.
Os dois se levantaram e seguiram até a cozinha do restaurante. Assim que passaram pela porta, o cheiro maravilhoso de comida preparada pelos habilidosos chefs envolveu o ar. Jin e Suga, estavam ocupados nas estações de trabalho, mas logo notaram a presença dos dois.
— Olha só quem veio nos visitar! — Seokjin exclamou, sorrindo ao ver Namjoon e se aproximando.
— Namjoon, ! Quanto tempo! — Suga acrescentou, acenando enquanto mexia em uma panela.
— Passamos para dar um oi. Achei que vocês gostariam de uma pequena pausa na correria — Namjoon disse com um sorriso.
— Vocês sabem que são sempre bem-vindos aqui. Até trouxe uma sobremesa nova para experimentarem — Seokjin disse, piscando.
— Não aceito menos do que isso vindo de você — brincou, fazendo todos rirem.
Aquela visita inesperada reacendeu velhas memórias entre os três amigos, e por um momento, o tempo parecia ter parado. Eles continuaram conversando por mais alguns minutos, aproveitando a companhia antes de e Namjoon se despedirem e seguirem seus caminhos.
Os dois saíram do restaurante, o sol da tarde iluminava a rua de forma suave. Caminhavam lado a lado, ainda conversando, até que ele parou de repente e se ofereceu:
— Quer que eu te leve para casa? Posso te dar uma carona.
sorriu, mas balançou a cabeça suavemente.
— Tenho uma consulta a domicílio daqui a pouco, uma sessão de massoterapia e reiki. Mas... aceito uma carona até o metrô, seria ótimo.
Ele assentiu, abrindo um sorriso genuíno.
— Combinado. Vamos.
Antes de darem mais um passo em direção ao carro de Namjoon, ambos pararam, como se um silêncio não planejado se instalasse entre eles. Seus olhares se encontraram, e, por um momento, o mundo ao redor pareceu sumir. O rosto dele se aproximou, seus dedos tocaram suavemente o rosto de , como se estivesse tentando ter certeza de que aquilo era real.
Ela, por sua vez, sentiu o coração acelerar. Depois de tanto tempo sem esse tipo de contato entre eles, havia algo quase mágico naquela proximidade. Suas respirações estavam sincronizadas, cada vez mais curtas, até que, sem pensar, eles se inclinaram e seus lábios finalmente se encontraram.
O beijo começou suave, tímido, quase como se ambos estivessem redescobrindo um ao outro. O toque dos lábios era macio, cuidadoso, mas logo foi crescendo em intensidade. Namjoon a puxou levemente para mais perto, aprofundando o beijo, e sentiu uma onda de calor subir por todo o corpo. Seus dedos se entrelaçaram no cabelo dele, enquanto uma sensação de nostalgia e desejo reprimido explodia entre eles.
O gosto de cada um parecia familiar, como se eles sempre pertencessem a esse momento, mas ao mesmo tempo havia algo de novo, uma eletricidade que não existia antes. Quando se separaram, os dois respiravam ofegantes, mas com sorrisos nos rostos.
— Uau... — murmurou, quase sem acreditar no que acabara de acontecer.
Namjoon, com o olhar ainda fixo nos olhos esverdeados dela, deu uma risada suave, o polegar acariciando levemente a bochecha dela.
— Eu... não sei se deveria ter feito isso — ele admitiu, rindo nervoso, mas claramente sem arrependimento.
— Talvez devêssemos ter feito isso há muito tempo — ela respondeu, sorrindo de volta.
O silêncio entre eles, agora cheio de significado, não era mais desconfortável. Era uma conexão que estava se renovando, se fortalecendo. Mesmo sem palavras, ambos sabiam que aquele beijo significava algo mais profundo, algo que estavam dispostos a explorar.
— Bom, acho melhor te levar ao metrô antes que eu mude de ideia e não te deixe ir — Namjoon brincou, mas havia um toque de verdade na frase.
riu, assentindo, e eles seguiram para o carro, cada um com o coração um pouco mais leve e cheio de expectativa pelo que viria depois.
As três amigas estavam sentadas em um dos sofás confortáveis de uma loja de roupas infantis no shopping. segurava uma pequena camisa polo azul-marinho em uma das mãos e uma bermuda bege na outra, avaliando qual seria a combinação perfeita para Jihoon usar em sua festa de aniversário. O evento estava a poucos dias de acontecer, e ainda cuidava dos últimos detalhes.
— Não sei se deveria ir, — comentou, suspirando enquanto deslizava os dedos pelas pontas do cabelo. — Jungkook vai estar lá, com toda certeza, e eu não sei se estou pronta para encará-lo depois de tudo…
, que estava ao lado, revirou os olhos com teatralidade, apoiando-se no encosto do sofá.
— Sinceramente, , se você não estiver pronta agora, vai estar quando? Não tem como evitar isso para sempre.
balançou a cabeça em concordância, colocando as roupas de Jihoon sobre o balcão para a atendente finalizar a compra.
— Concordo com a . Além disso, a festa é para o Jihoon, não para o Jungkook. Ele vai estar lá, sim, mas você não precisa falar com ele se não quiser.
bufou, cruzando os braços de forma defensiva.
— Vocês falam como se fosse tão fácil… Eu não sou boa em disfarçar o que sinto, vocês sabem disso.
ergueu uma sobrancelha, lançando um olhar sugestivo para .
— E o que exatamente você sente por ele agora?
hesitou, mordendo o lábio inferior antes de responder.
— Não sei. Raiva, decepção… talvez um pouco de saudade.
trocou um olhar significativo com antes de pegar a sacola com as roupas recém-compradas e se virar para .
— Olha, eu não vou te pressionar. Mas pensa bem. Você é parte da galera . Seria muito significativo para mim ter todas vocês lá me apoiando, afinal de contas vou estar fora da minha zona de conforto com a GaHee lá.
O comentário fez os olhos de se suavizarem um pouco, e ela mordeu o canto dos lábios, claramente considerando as palavras da amiga.
— Eu vou pensar… — murmurou, olhando para a vitrine como se buscasse respostas no reflexo do vidro.
— Só não demore muito, ou vai acabar te arrastando para lá à força — brincou, arrancando uma risada curta de ambas.
Apesar do clima mais descontraído, sabia que o dilema de era mais profundo do que parecia. Enquanto saíam da loja e caminhavam pelo shopping, a tensão no ar entre elas ainda era palpável. Afinal, a relação de com Jungkook era como um campo minado: delicado e cheio de riscos.
As três amigas caminhavam pelo shopping com um ritmo leve, equilibrando sacolas e risadas ocasionais. carregava os itens recém-comprados para Jihoon, enquanto e pareciam menos preocupadas, já que tinham assumido a posição de "conselheiras de moda infantil" durante as compras.
— ! — uma voz grave, porém calorosa, chamou, fazendo as três pararem abruptamente.
Hoseok vinha em direção a elas, carregando várias sacolas volumosas com enfeites e itens de decoração para a festa de aniversário de Jihoon. Sua expressão amigável se iluminou ainda mais ao se aproximar do trio.
— Hoseok! — respondeu com um sorriso imediato, ajeitando o peso das próprias sacolas.
— Bem, parece que a compra de roupas para o aniversário foi muito além hein? — ele comentou, gesticulando com a cabeça para as sacolas nas mãos dela.
— Alguém aqui leva a função de namorada falsa muito a sério — provocou, piscando para , que revirou os olhos com um sorriso discreto.
— Está quase tudo pronto, graças à dedicação dela — Hoseok disse, claramente entrando na dinâmica amistosa das amigas. Ele então olhou para as três. — Que tal uma pausa? Estava indo almoçar antes de terminar as compras. Querem me acompanhar?
hesitou, mas foi rápida em aceitar, já dirigindo um olhar significativo para , que não teve outra opção senão concordar.
— Claro, almoçar soa como uma boa ideia, não é? — ela respondeu, mais por cortesia do que pela fome.
Os quatro seguiram até um dos restaurantes no andar superior. Hoseok abriu a porta para elas entrarem, mantendo uma postura educada que não passou despercebida por e .
Já sentados à mesa, enquanto olhavam os cardápios, Hoseok comentou:
— Jihoon estava empolgado com a festa. Ele perguntou de você hoje de manhã, .
Ela sorriu, genuinamente tocada.
— Ah, esse garoto tem meu coração. O que ele disse?
— Perguntou se você traria a "tia " e a "tia " — Hoseok respondeu com uma risada, fazendo gargalhar.
— Titia ? Ah, isso me faz parecer tão maternal… — ela brincou.
— Então, vocês ajudaram com as compras ou só ficaram supervisionando? — ele perguntou, encarando com diversão.
— Supervisão é trabalho também, sabia? — respondeu, teatralmente defensiva.
Enquanto a conversa fluía, se pegava observando Hoseok de relance, notando o cuidado com que ele equilibrava a conversa para incluir a todos e evitar temas sensíveis. Ela sabia que ele estava colocando esforço em manter as aparências, tanto pela situação deles quanto por Jihoon.
Quando os pratos chegaram, a conversa variou entre tópicos leves e piadas ocasionais, com assumindo o papel de "comediante oficial" do grupo. começou a relaxar, embora percebesse que ela ainda desviava o olhar sempre que a festa ou algum dos garotos eram mencionados.
Mesmo com a leveza do momento, sentia o peso da atuação. Hoseok era naturalmente carismático e atencioso, mas a presença dele sempre vinha com a lembrança de tudo que estava em jogo para ambos.
Namjoon e chegaram ao salão de festas pontualmente, sendo os primeiros convidados a cruzar as portas de vidro impecavelmente polidas. O espaço escolhido por Hoseok era uma combinação perfeita de elegância e diversão, claramente pensado para agradar tanto as crianças quanto os adultos que compareceriam ao aniversário de Jihoon.
O salão era amplo, com um pé-direito alto que conferia uma sensação de grandeza, mas sem perder a acolhida de um ambiente familiar. As paredes estavam decoradas com paineis coloridos que alternavam tons de azul, verde e amarelo, dando um ar vibrante ao local. No centro do espaço, uma mesa longa e retangular exibia o bolo de três camadas impecavelmente decorado com o tema "exploradores do espaço", que Jihoon havia escolhido. Astronautas em miniatura, foguetes e planetas com detalhes metálicos decoravam cada camada, criando uma cena digna de admiração.
Nas laterais, mesas menores estavam dispostas com toalhas brancas e centros de mesa temáticos: globos terrestres estilizados e estrelas que pareciam flutuar graças a hastes finas de metal. Próximo ao canto direito, uma área de recreação havia sido montada, com almofadas grandes, um pequeno escorregador e brinquedos para entreter as crianças.
O teto estava adornado com balões metálicos prateados e dourados, que refletiam a luz suave das luminárias pendentes, criando um efeito quase mágico. Em um dos cantos, um painel fotográfico exibia uma ilustração personalizada de Jihoon vestido como um pequeno astronauta, com um grande sorriso estampado no rosto.
Namjoon olhou ao redor, claramente impressionado.
— Hoseok realmente não economizou em detalhes, hein? Isso aqui está incrível. — Ele falou, cruzando os braços e avaliando a decoração.
— Nem parece que ele está tentando reconquistar a ex namorada, não é? — comentou em tom divertido, mas com um toque de ironia, enquanto ajustava a echarpe em volta dos ombros.
Namjoon riu, balançando a cabeça.
— Bem, Jihoon também merece uma festa inesquecível. Ele é um garoto incrível.
sorriu, observando a atenção aos detalhes.
— Acho que você vai querer dicas do Hoseok quando for organizar algo assim para você mesmo… — ela provocou, cutucando-o de leve com o cotovelo.
— Você está muito brincalhona hoje, hein? — ele retrucou com um sorriso, mas o olhar dele foi interrompido pela entrada de Hoseok, que vinha da área de trás do salão.
— Vocês chegaram cedo! — Hoseok exclamou, carregando um pequeno foguete inflável, parte de um dos jogos que seria usado durante a festa.
— Cedo o suficiente para ver tudo isso sem ninguém por perto — respondeu, fazendo um gesto amplo para o salão. — Está tudo perfeito, Hoseok.
— E Jihoon ainda não viu o painel fotográfico? Ele vai amar — Namjoon acrescentou, apontando para o canto.
Hoseok sorriu com satisfação, mas havia um toque de nervosismo em seu olhar.
— Obrigado. Espero que ele realmente goste. Foi tudo por ele. — Mas, no fundo, os dois amigos sabiam que havia mais em jogo ali do que apenas a felicidade do pequeno aniversariante.
olhou ao redor, avaliando cada detalhe do salão mais uma vez antes de perguntar com um tom casual, mas curioso:
— E a ? Não vejo ela por aqui.
Hoseok ajeitou o foguete inflável em suas mãos, um sorriso leve no rosto:
— Ela está terminando de arrumar o Jihoon lá em casa. Ele queria usar o uniforme de astronauta que compramos, mas teve um pequeno “acidente” com suco de uva no almoço — Hoseok explicou, balançando a cabeça em um gesto divertido. — Ela disse que já já vem, assim que resolver o caos.
riu, imaginando a cena.
— Ela parece estar se saindo bem no papel, hein? — comentou, com uma sobrancelha arqueada.
Hoseok hesitou por um instante, mas manteve o tom leve.
— tem um jeito especial com ele. Jihoon adora a companhia dela. — Ele deixou escapar um sorriso genuíno, mas havia uma mistura de emoções em seu olhar que não passou despercebida.
Namjoon, observando a interação, decidiu intervir antes que a conversa fosse para um território mais pessoal.
— Pelo menos Jihoon vai chegar pronto para a festa, e o suco de uva ficará no passado.
— Sim, porque não quero nenhuma mancha roxa estragando as fotos — Hoseok brincou, rindo levemente.
sorriu, mas havia algo em sua expressão que indicava que ela estava curiosa para entender mais sobre o relacionamento entre Hoseok e . Contudo, optou por guardar seus pensamentos para si, enquanto eles continuavam conversando.
Namjoon guiou até uma mesa perto da área decorada com o tema espacial, afastando uma cadeira para ela se sentar antes de tomar seu lugar ao lado. Ele olhou para Hoseok, que ainda conferia os últimos ajustes na decoração, e ele disse:
— Fiquem à vontade. Vou resolver uma coisa antes de voltar.
Assim que ficaram sozinhos na mesa, desviou o olhar para Hoseok e depois voltou-se para Namjoon, a expressão carregada de preocupação.
— Você nunca aconselhou o Hoseok com toda essa situação? — ela perguntou em um tom baixo, inclinando-se um pouco para ele. — Tenho medo da acabar magoada.
Namjoon franziu o cenho, pensativo, antes de devolver:
— Você acha que ela pode se apaixonar?
balançou a cabeça com firmeza, como se fosse óbvio.
— Ela já se apaixonou, Namjoon. E não é só pelo Hoseok. Ela se apegou muito ao Jihoon também.
Namjoon suspirou pesadamente, sua preocupação ecoando a de . Ele segurou uma das mãos dela sobre a mesa e, sem pressa, deixou um beijo suave em seus dedos.
— Vou falar com ele sobre isso depois, prometo.
o observou por um momento, grata pela atitude, e apertou de leve a mão dele antes de desviar o olhar novamente para Hoseok, que agora ria de algo dito por um dos convidados.
— Espero que você consiga fazer ele enxergar — murmurou, mais para si mesma do que para Namjoon, mas ele ouviu e assentiu com seriedade.
Hoseok retornou à mesa carregando dois copos de suco para Namjoon e para , mas antes que pudesse se acomodar, a movimentação na entrada chamou sua atenção. Jihoon apareceu correndo, sorrindo de orelha a orelha, e gritou:
— Papaaaaaai!
Hoseok rapidamente colocou os copos na mesa e abriu os braços para receber o filho, abaixando-se para pegá-lo no colo com facilidade.
— Ei, campeão! — ele disse com um sorriso caloroso. — Está pronto para aproveitar sua festa?
— Sim! — Jihoon respondeu, animado, segurando o rosto do pai com as mãos pequenas.
Enquanto pai e filho trocavam palavras e risos, aproximou-se com um sorriso tranquilo, parecendo satisfeita ao ver o entusiasmo de Jihoon. Seus olhos encontraram os de e Namjoon, e ela caminhou até eles para cumprimentá-los.
— , Namjoon — ela disse, a voz gentil. — Que bom que vocês chegaram cedo.
levantou-se para abraçá-la, envolvendo-a calorosamente.
— , você está radiante. A festa está linda, parabéns!
— Obrigada. — sorriu, tocando de leve no braço de antes de virar-se para Namjoon.
Ele retribuiu o sorriso e inclinou-se para cumprimentá-la com um aperto de mão firme.
— E você parece muito tranquila para alguém que ajudou a organizar tudo isso.
— Não é todo dia que a gente comemora os sete anos de uma criança especial como o Jihoon, né? — respondeu, lançando um olhar afetuoso para o menino, que ainda estava nos braços do pai.
Hoseok, com Jihoon no colo, juntou-se ao grupo, e os olhos de brilharam ao ver os dois juntos, embora ela rapidamente disfarçasse e voltasse sua atenção aos amigos.
— Espero que vocês aproveitem bastante — ela acrescentou, genuína, enquanto Hoseok assentia com um sorriso orgulhoso.
Jihoon, ainda no colo de Hoseok, notou Namjoon e abriu um enorme sorriso.
— Tio Namjoon! — ele exclamou, estendendo os braços em direção a ele.
Hoseok colocou Jihoon no chão, e o menino foi até Namjoon, envolvendo-o em um abraço caloroso, apertando-o com força.
— Ei, garotão! — Namjoon disse, ajoelhando-se para ficar na altura do menino e correspondendo ao abraço com entusiasmo. — Feliz aniversário, Jihoon!
Jihoon afastou-se um pouco, olhando para Namjoon com olhos brilhantes.
— Obrigado, tio!
Namjoon pegou uma caixa cuidadosamente embrulhada que estava ao lado da mesa e a estendeu para o menino.
— Isso aqui é pra você. Espero que goste!
Jihoon arregalou os olhos, maravilhado, e pegou o presente com cuidado, como se fosse algo precioso.
— Uau! É pra mim mesmo?
— Claro que é! Mas só pode abrir depois de cortar o bolo, combinado? — Namjoon disse com um sorriso cúmplice.
Jihoon assentiu vigorosamente, abraçando o presente contra o peito.
— Obrigado, tio Namjoon! Você é o melhor!
Namjoon bagunçou os cabelos de Jihoon de leve, rindo.
— E você é o aniversariante mais incrível. Aproveite o seu dia, campeão!
Jihoon deu mais um abraço rápido em Namjoon antes de voltar para o lado de Hoseok, segurando o presente com todo cuidado, como se não pudesse esperar para saber o que havia dentro.
observava Jihoon com um sorriso nos lábios, feliz por ver o pequeno tão animado. Aproveitando o momento, ela se aproximou dele.
— E então, Jihoon? Gostou da decoração? Está do jeito que você queria? — perguntou, abaixando-se um pouco para olhar nos olhos dele.
Jihoon assentiu com entusiasmo, ainda segurando o presente de Namjoon com uma mão. Com a outra, ele segurou a mão de com firmeza.
— Eu amei! Está tudo lindo, tia ! Você é a melhor!
Antes que ela pudesse responder, Jihoon a puxou pela mão, começando a caminhar em direção à área principal da festa.
— Vem! Quero te mostrar o que eu mais gostei! — ele exclamou, animado, praticamente arrastando-a consigo.
riu, permitindo-se ser levada pelo menino, enquanto acenava de leve para Hoseok, que ficou para trás com Namjoon e .
Hoseok os observou desaparecer entre as mesas, com um sorriso distraído. Namjoon, que estava sentado ao lado de , cruzou os braços e o encarou com uma sobrancelha levantada
— Notícias da GaHee? — Namjoon perguntou, direto ao ponto. — Ela vem mesmo, Hoseok?
Hoseok suspirou, inclinando-se contra a cadeira.
— Ela confirmou ontem à noite — respondeu, olhando para o relógio em seu pulso como se esperasse que GaHee aparecesse a qualquer momento. — Disse que não queria perder o aniversário do Jihoon.
trocou um olhar significativo com Namjoon, mas manteve-se em silêncio, deixando o psicólogo continuar o interrogatório.
— E como você está com isso? — Namjoon perguntou, a voz tranquila, mas claramente buscando algo mais profundo.
Hoseok passou uma mão pelos cabelos, hesitando.
— Não sei — admitiu. — Só espero que isso ajude. Não só pelo Jihoon, mas… — Ele parou, desviando o olhar.
Namjoon assentiu, compreendendo.
— Espero que sim, Hoseok. Mas lembre-se de que nem tudo depende de você.
colocou uma mão no braço de Hoseok, oferecendo um sorriso tranquilizador.
— Vai dar tudo certo, Hoseok. Por Jihoon, vale a pena tentar.
O próximo a entrar no salão foi Taehyung, com seu andar confiante e aquele sorriso fácil que iluminava qualquer ambiente. Ele avistou Hoseok de longe e se aproximou com passos firmes, carregando uma pequena sacola de presente em uma das mãos.
— Hoseok! — exclamou, abrindo os braços em um gesto caloroso antes de cumprimentá-lo com um aperto de mão firme e um abraço breve. — Cara, isso aqui está incrível. Você se superou.
Hoseok sorriu, agradecendo.
— Não posso levar o crédito sozinho, sabe como é. deu o toque especial.
Taehyung riu.
— Ah, claro. Ela sempre sabe como fazer tudo parecer perfeito.
Depois de cumprimentar Hoseok, ele virou-se para Namjoon e , que estavam sentados na mesma mesa.
— Que bom ver vocês aqui. — Ele cumprimentou os dois com uma leve reverência e um sorriso, antes de sentar-se à mesa ao lado deles.
devolveu o sorriso, mas havia uma certa curiosidade em seu olhar.
— Achei que a viria com você, Taehyung...
A menção ao nome de pareceu desestabilizá-lo por um breve momento. Ele umedeceu os lábios, desviou o olhar e engoliu em seco antes de responder.
— Ela vai vir... — Taehyung hesitou, os dedos da sacola de presente apertando um pouco mais. — Com o Subin.
O tom de sua voz carregava algo que imediatamente reconheceu como desconforto. Ela arqueou levemente uma sobrancelha, mas manteve um sorriso amarelo enquanto tentava aliviar o clima.
— Ah... Bom, pelo menos ela vai estar aqui, não é? — comentou, sem deixar transparecer muito, mas já sentindo o peso da tensão que pairava sobre Taehyung.
Namjoon apenas observava em silêncio, estudando a expressão do amigo, enquanto Hoseok parecia distraído com algo ao longe.
Taehyung esboçou um sorriso forçado e assentiu, como se tentasse convencer a si mesmo.
— Sim, é claro. Isso é o mais importante.
Hoseok avistou um grupo se aproximando da entrada do salão e rapidamente levantou-se, ajeitando a postura com um sorriso receptivo.
— Com licença, pessoal, mais convidados chegando. — Ele piscou para e Namjoon antes de se afastar.
Na porta, algumas figuras altas e bem vestidas esperavam, acompanhadas de crianças animadas. Eram colegas de profissão de Hoseok, modelos conhecidos do mundo da moda que traziam consigo a elegância natural de quem está acostumado aos flashes. As crianças, porém, davam um toque de leveza ao grupo, carregando pequenos presentes e rindo umas com as outras.
— Sejam bem-vindos! — Hoseok cumprimentou calorosamente, apertando as mãos dos adultos e abaixando-se para cumprimentar as crianças com um sorriso gentil. — Fico muito feliz que vocês puderam vir.
— Claro que viemos, Hoseok. Não podíamos perder o aniversário do Jihoon! — respondeu uma das modelos, uma mulher alta de cabelos ondulados e olhar amigável.
Hoseok apontou para as mesas do salão, explicando:
— Podem se acomodar por ali. Temos algumas mesas reservadas para vocês, e tem um espaço ótimo para as crianças perto do playground.
As crianças correram na direção do playground, enquanto os adultos seguiam calmamente, trocando elogios sobre a decoração e o ambiente. Hoseok acompanhou-os até as mesas, certificando-se de que estavam confortáveis, antes de voltar à porta para receber mais convidados que começavam a chegar.
Ele estava no seu elemento, movendo-se com naturalidade e um carisma inegável, cumprimentando todos com o mesmo entusiasmo e atenção.
De longe, observava a cena com um pequeno sorriso, comentando com Namjoon:
— Hoseok realmente sabe como cativar as pessoas. Ele faz isso parecer tão fácil...
Namjoon sorriu de canto, concordando.
— É o jeito dele. Sempre foi assim, desde que éramos crianças. Ele tem essa habilidade natural de fazer as pessoas se sentirem bem-vindas.
— Isso é verdade. — concordou, seus olhos vagando de volta para a cena, onde Hoseok conversava animadamente com mais convidados que acabavam de chegar.
Jungkook entrou pelo salão com passos firmes, equilibrando o capacete da moto em uma mão e um presente grande e colorido embaixo do braço. Hoseok foi o primeiro a notá-lo, dirigindo-se até ele com um sorriso caloroso.
— Jungkook! Ainda bem que você veio! — Hoseok exclamou, apertando a mão do amigo antes de dar um rápido abraço. — E trouxe um presentão para o Jihoon, hein? Ele vai adorar. Ele adora você, você sabe.
— Claro que vim. Não podia deixar de aparecer. — Jungkook respondeu, erguendo ligeiramente o presente. — Espero que o pequeno goste.
Enquanto Hoseok guiava Jungkook para dentro, , que observava a cena de longe, inclinou a cabeça levemente, estudando-o. Os cabelos dele estavam visivelmente mais curtos, um corte parecido com aquele que as mães fazem quando os filhos estão começado no ensino médio, e ele parecia até mais magro, com uma expressão séria e distante.
— Nossa... como ele está diferente. — murmurou sem perceber que falava em voz alta.
Taehyung e Namjoon trocaram um olhar rápido. Taehyung umedeceu os lábios, desviando o olhar para disfarçar. Namjoon arqueou uma sobrancelha e, após um breve momento de hesitação, perguntou:
— , a e o Yugyeom vêm?
Ela piscou, como se a pergunta a tirasse de um devaneio.
— Ah... — hesitou, ajeitando-se na cadeira. — Não sei. disse que estava em dúvida, mas não falou mais nada com a gente.
Namjoon assentiu lentamente, enquanto Taehyung parecia desconfortável, batendo os dedos na mesa sem ritmo.
— Interessante. — Namjoon murmurou, mas não prosseguiu. Ele lançou um olhar curioso para Jungkook, que agora conversava descontraidamente com Hoseok, mas seus olhos logo se desviaram como se estivessem buscando algo — ou alguém.
Hoseok deu um tapinha amistoso no ombro de Jungkook e apontou para a mesa onde Namjoon, e Taehyung estavam sentados.
— Pode se sentar com o pessoal ali. Eles vão gostar de te ver. — Ele sorriu, com a expressão acolhedora de sempre.
Jungkook seguiu a direção indicada com o olhar e assentiu, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Hoseok completou:
— Vou levar o Jihoon lá pra vocês também. Aposto que ele vai adorar ver o presente que você trouxe.
— Certo, vou lá então. — Jungkook respondeu com um sorriso curto, mas educado, antes de se dirigir para a mesa.
Hoseok se afastou em direção ao canto onde Jihoon estava, pronto para chamar o filho e levá-los aos novos convidados. Enquanto isso, Jungkook aproximava-se devagar da mesa, onde rapidamente ajeitou o cabelo de maneira quase imperceptível, Namjoon mantinha um olhar tranquilo, e Taehyung parecia entretido demais com seu próprio desconforto.
Jungkook chegou à mesa com seu habitual charme descontraído, cumprimentando a todos com um sorriso.
— Joonie hyung, , V... — Ele fez um pequeno gesto de cabeça para cada um antes de se dirigir a . — E você, , sempre elegante.
— Obrigada, Jungkook. — respondeu educadamente, mas com um sorriso contido.
Depois de cumprimentá-los, Jungkook se ajeitou ao lado de Taehyung, apoiando o capacete no chão ao lado da cadeira. Ele olhou ao redor com curiosidade antes de perguntar:
— Ué, sua colega de apartamento não veio com você, Taehyung?
Taehyung, que já estava visivelmente desconfortável, engoliu seco mais uma vez antes de responder, com a voz quase um sussurro:
— Ela vem com o namorado.
Jungkook, sem filtrar os pensamentos, soltou de imediato:
— Ué, eu achei que vocês dois estavam desenrolando, mas ela tá namorando outro?
O comentário fez arregalar os olhos e Taehyung fechar os punhos sobre a mesa, visivelmente desconcertado. Antes que a situação pudesse piorar, Namjoon interveio com um tom firme:
— Jungkook, por favor.
O olhar de Namjoon era uma mistura de reprovação e alerta, enquanto Taehyung desviava os olhos para qualquer lugar que não fosse a mesa, tentando mascarar o desconforto. , em um esforço para quebrar o silêncio que se seguiu, pegou seu copo de água e tomou um pequeno gole, como se isso pudesse aliviar a tensão.
— Foi mal. — Jungkook levantou as mãos em um gesto de rendição, percebendo que havia falado demais. — Só estava curioso.
Taehyung forçou um sorriso amarelo, mas preferiu não responder, focando em ajeitar a toalha da mesa. Namjoon deu um longo suspiro e mudou de assunto rapidamente, na tentativa de aliviar o clima.
Jihoon surgiu correndo pelo salão, os pequenos passos rápidos ecoando levemente no piso. O sorriso em seu rosto era radiante, e ele não hesitou nem por um segundo ao avistar Jungkook sentado à mesa.
— Tio Kookie! — Jihoon gritou, sua voz animada chamando a atenção de todos ao redor.
Jungkook se virou no exato momento em que o menino se jogou em seu colo, envolvendo-o em um abraço apertado. Ele quase perdeu o equilíbrio com o impacto, mas segurou Jihoon firme, rindo com genuína alegria.
— E aí, garotão! — Jungkook apertou Jihoon contra o peito e bagunçou seus cabelos com uma mão carinhosa. — Caramba, você tá ficando mais pesado ou eu tô ficando mais fraco?
Jihoon riu alto, segurando os ombros de Jungkook e balançando a cabeça.
— Eu tô crescendo! Papai disse que eu já tô quase do seu tamanho!
— Ah, é? — Jungkook arqueou as sobrancelhas, fingindo surpresa. — Então daqui a pouco você vai me carregar no colo, é isso?
— Acho que sim! — Jihoon respondeu animado, enquanto Jungkook o colocava sentado em seu colo, ajustando-o para que ficasse confortável.
Os outros observavam a cena com sorrisos nos rostos. Era evidente o quanto Jihoon adorava Jungkook, e o carinho era claramente recíproco.
— Você trouxe meu presente? — Jihoon perguntou, olhando ansiosamente para Jungkook.
— É claro que sim! — Jungkook apontou para o grande pacote que havia deixado no chão ao lado da cadeira. — Mas tem uma regra: só pode abrir depois do parabéns.
Jihoon fez um biquinho, claramente desapontado, mas logo sorriu de novo.
— Tá bom... Mas você vai ficar aqui comigo até o parabéns, né?
— Vou sim, campeão. Não se preocupe. — Jungkook apertou levemente o nariz do menino com os dedos, arrancando uma risadinha.
Namjoon, e Taehyung observavam a interação com expressões calorosas, enquanto Jungkook, com Jihoon ainda em seu colo, parecia completamente à vontade no papel de "amigo do pai preferido".
Jihoon, ainda no colo de Jungkook, virou-se rapidamente ao notar Taehyung observando-o com um sorriso caloroso.
— Tio Tae! — ele exclamou com a mesma energia contagiante.
Jungkook o colocou no chão, permitindo que Jihoon fosse em direção a Taehyung, que se levantou para recebê-lo com os braços abertos.
— E aí, meu campeão? — Taehyung disse, agachando-se para ficar na altura do garoto e recebendo-o em um abraço apertado.
— Eu tô tão feliz que você veio! — Jihoon disse com entusiasmo, afastando-se apenas o suficiente para encarar Taehyung.
— E eu não perderia sua festa por nada no mundo, garotão! — respondeu Taehyung, bagunçando carinhosamente os cabelos de Jihoon.
Jihoon riu alto e, com sua curiosidade infantil, apontou para o presente que Taehyung segurava.
— Isso aí é pra mim?
Taehyung riu, fingindo hesitação enquanto erguia o presente.
— Hmm... Acho que sim. Mas... — Ele estreitou os olhos, fingindo analisar Jihoon de cima a baixo. — Você merece mesmo?
Jihoon abriu um sorriso de orelha a orelha e fez um grande gesto com os braços.
— Claro que eu mereço! Eu fui muito bonzinho esse ano!
A resposta de Jihoon arrancou risadas de todos na mesa.
— Ok, você me convenceu. Mas, assim como o presente do tio Jungkook, só pode abrir depois do parabéns, combinado? — Taehyung entregou o pacote para Jihoon, que aceitou com cuidado, assentindo rapidamente.
— Tá bom! Obrigado, tio Tae!
Jihoon o abraçou novamente, antes de voltar para junto de Jungkook com o presente nas mãos, claramente orgulhoso de seus tesouros recém-adquiridos. Taehyung se levantou, sorrindo para os amigos.
— Esse garoto é um raio de sol mesmo, hein? — ele comentou, sentando-se de volta enquanto observava Jihoon exibir o presente para Jungkook, radiante.
chegou à mesa após verificar se tudo estava correndo bem na festa. Ela acomodou-se ao lado de , soltando um leve suspiro.
— Parece que tudo está indo conforme o planejado — ela comentou, observando Hoseok e Jihoon ainda recepcionando os convidados com sorrisos animados.
— Está mesmo lindo, . Você fez um ótimo trabalho — disse Namjoon com um tom gentil, enquanto concordava com um sorriso de aprovação.
— Jihoon parece estar adorando — completou Taehyung, olhando para o garoto que não parava de correr entre Hoseok e os presentes na mesa.
riu, orgulhosa, mas antes que pudesse responder, Hoseok se virou para a entrada ao ouvir o som da porta se abrindo novamente. Ele ajustou o paletó de leve e caminhou até lá, com Jihoon ao seu lado.
surgiu ao lado de Subin, de mãos dadas. Ela estava deslumbrante em um vestido floral leve, enquanto Subin trajava algo casual, mas elegante, que combinava perfeitamente com o ambiente da festa. O casal parecia à vontade, mas a tensão sutil no olhar de não passou despercebida por Hoseok.
— ! — Hoseok os cumprimentou com um sorriso caloroso, estendendo a mão para Subin. — Que bom que você veio.
apertou levemente a mão de Subin antes de soltá-la para abraçar Hoseok brevemente.
— Não perderia por nada. Eu precisava estar aqui para a e o Jihoon — disse com sinceridade.
Subin sorriu educadamente, apertando a mão de Hoseok com firmeza.
— Um prazer conhecê-lo, Hoseok. falou bastante sobre vocês.
— Espero que só coisas boas — brincou Hoseok, enquanto Jihoon, ao lado dele, puxava levemente a camisa do pai.
abaixou-se para ficar na altura de Jihoon, sorrindo carinhosamente.
— Oi, meu pequeno raio de sol! Feliz aniversário!
Jihoon abriu um sorriso tímido, ainda segurando o presente que havia recebido mais cedo.
— Obrigado, tia !
— Você já ganhou muitos presentes hoje? — ela perguntou, enquanto Jihoon assentia vigorosamente.
— Muitos! Mas só posso abrir depois do parabéns.
riu e bagunçou os cabelos dele com carinho.
Enquanto Hoseok indicava um lugar para Subin e se acomodarem, os olhares discretos e a reação sutil de Taehyung ao ver o casal se aproximando da mesa não passaram despercebidos pelos amigos. Namjoon e trocaram um olhar cúmplice, percebendo o desconforto escondido sob o sorriso educado de Taehyung.
e Subin se aproximaram da mesa com passos leves, mas o ambiente parecia carregar uma certa tensão. Ela parecia hesitante, mas determinada. Subin, ao seu lado, mantinha um sorriso educado, embora demonstrasse uma leve timidez ao ser apresentado a um grupo tão grande de uma vez só.
— Pessoal, esse é o Subin — anunciou , forçando um sorriso confiante. — Meu namorado.
A palavra "namorado" pairou no ar por um breve momento antes que as reações começassem. e trocaram olhares ligeiramente surpresos, mas logo sorriram educadamente.
— Ah, então finalmente vamos conhecer quem anda te roubando, ! — brincou , tentando aliviar o clima enquanto se levantava para cumprimentar Subin. — Prazer, Subin. Sou , amiga dela há séculos.
Subin apertou a mão dela com firmeza e respondeu:
— Prazer é todo meu. fala muito bem de você.
— Só coisas boas, espero — respondeu com um sorriso leve, enquanto também se levantava para cumprimentá-lo.
— , prazer. Finalmente te conhecemos, hein? Já estávamos curiosas.
Subin riu levemente, apertando a mão dela.
— Demorei um pouco, mas finalmente estou aqui.
suspirou, visivelmente aliviada pela recepção amigável. Então, ela virou-se para os homens da mesa.
— Esses são Taehyung, Namjoon e Jungkook, amigos do Hoseok.
Subin cumprimentou cada um, recebendo apertos de mão firmes e olhares avaliadores, especialmente de Jungkook, que não conseguiu esconder uma sobrancelha ligeiramente arqueada.
— Muito prazer, Subin. — Namjoon foi o primeiro a quebrar o silêncio mais masculino, com seu tom profissional e educado. — Espero que esteja gostando da festa.
— Está tudo incrível. Dá pra ver o quanto o Hoseok se dedicou pra fazer isso perfeito pro Jihoon.
— Com certeza — concordou Taehyung, com um sorriso discreto, mas que não escondia completamente seu desconforto.
— E aí, Subin? — Jungkook, com seu jeito direto de sempre, sorriu ligeiramente, inclinando-se um pouco na cadeira. — Você gosta de crianças?
lançou um olhar de advertência para Jungkook, mas Subin riu suavemente e respondeu com tranquilidade:
— Gosto, sim. Ainda mais quando são tão carismáticas quanto o Jihoon.
— Boa resposta — Jungkook respondeu, relaxando um pouco.
O grupo começou a trocar algumas amenidades, mas a tensão no ar ainda era palpável para quem prestasse atenção. sentou-se ao lado de Subin, segurando a mão dele de maneira quase protetora, enquanto Taehyung desviava o olhar para qualquer outra coisa na sala. e , sentadas próximas, tentavam manter o clima leve, mas ambas perceberam que aquele momento estava longe de ser totalmente confortável.
Subin puxou a cadeira ao lado de Taehyung e se sentou, ajeitando-se enquanto ocupava o lugar ao lado dele. O rapaz virou-se para Taehyung, exibindo um sorriso amigável.
— Você é o chefe e colega de apartamento da , né? — perguntou Subin, com um tom descontraído. — Ela fala muito de você... sobre como vocês são amigos.
Taehyung ergueu os olhos para Subin, mantendo uma expressão neutra enquanto assentia lentamente.
— Sim, somos colegas de apartamento. E amigos também, claro. — A voz dele estava calma, mas havia algo ligeiramente tenso na forma como ele pronunciou as palavras.
, percebendo o clima, tentou suavizar:
— O Taehyung é incrível, Subin. Sempre me ajudou muito, mesmo quando eu era difícil de lidar.
Taehyung soltou uma risada curta, olhando para .
— Nunca foi nada difícil de lidar... Você sabe que pode contar comigo sempre, .
Subin continuou sorrindo, mas Taehyung notou algo nos olhos dele, uma espécie de curiosidade ou necessidade de reafirmação.
— Imagino que não seja fácil ser chefe e colega de apartamento ao mesmo tempo — Subin comentou, tentando quebrar o gelo.
— A gente se vira — respondeu Taehyung, com uma leve ironia que fez lançar um olhar de advertência discreto.
— Vocês são uma boa equipe, pelo jeito. — Subin sorriu para , apertando de leve a mão dela que descansava sobre a mesa.
— Sim, somos. — Taehyung sustentou o olhar por um segundo antes de desviar, pegando o copo de água na frente dele. — O importante é que ela está bem, né?
olhou de Taehyung para Subin, sentindo a tensão velada na conversa.
— E eu estou muito bem — respondeu ela, com um sorriso firme. — Graças aos amigos incríveis que tenho.
Subin apenas assentiu, mantendo a expressão amigável, enquanto Taehyung apertava os lábios, voltando sua atenção para o salão por um instante, mas sua mente estava longe, em um lugar que ele tentava evitar revisitar.
Depois do último beijo que ele e trocaram, tudo havia mudado. Foi um beijo intenso, cheio de significados que eles não tiveram coragem de colocar em palavras. Naquela época, ela e Subin ainda não tinham nada sério. Havia espaço, ele acreditava. Um espaço onde ele podia finalmente atravessar o limite entre amizade e algo mais.
Mas não foi assim que as coisas se desenrolaram.
Logo depois daquele beijo, que parecia ter durado horas, o destino interveio de uma forma cruel. Subin tomou a iniciativa e pediu em namoro. O timing foi perfeito... ou terrível, dependendo do ponto de vista.
Taehyung se lembrou da noite em que ela voltou para casa, os olhos brilhando e um sorriso que não deixava espaço para dúvidas. Ela estendeu a mão para mostrar a aliança discreta, mas significativa, no dedo anelar…
“— Subin me pediu em namoro — ela anunciou, com a voz transbordando felicidade.
Ele se sentiu paralisado naquele momento, como se o mundo inteiro tivesse parado de girar. A surpresa foi avassaladora, um golpe que ele não viu chegando. Ele tentou disfarçar, claro. Era o que Taehyung fazia de melhor.
— Uau, isso é... incrível. Parabéns, . — Aquelas foram as únicas palavras que conseguiu dizer, enquanto sentia o peso daquele anel como se estivesse em seu próprio peito.”
Desde então, ele decidiu que precisava recuar. Não havia espaço para ele naquela história. estava feliz, e isso era o mais importante. Pelo menos era o que ele continuava repetindo para si mesmo, como um mantra vazio.
Agora, sentado ao lado de Subin, Taehyung sentia um desconforto que era ao mesmo tempo familiar e doloroso. Ele tentou focar na conversa, na decoração, nas risadas que ecoavam pelo salão, mas sua mente insistia em voltar para o que poderia ter sido.
Enquanto Subin apertava a mão de sobre a mesa, Taehyung não conseguiu evitar o pensamento de que aquela mão já havia estado entrelaçada à dele. E que, mesmo que nunca dissesse em voz alta, parte dele ainda desejava que estivesse.
O clima ao redor da mesa estava leve e descontraído, risadas ecoando enquanto os amigos trocavam histórias e conversavam. Hoseok estava em pé, atrás de , as mãos grandes repousando nos ombros dela. De tempos em tempos, ele fazia leves movimentos circulares, como se massageá-la fosse a coisa mais natural do mundo. parecia confortável, inclinando-se ligeiramente para trás, permitindo que ele continuasse.
O fotógrafo surgiu próximo à mesa, segurando a pequena mão de Jihoon, que estava animado como sempre. O menino puxava o homem em direção ao grupo, com um sorriso travesso no rosto. O fotógrafo parou perto do grupo, analisando o ambiente antes de falar com entusiasmo:
— Vamos tirar algumas fotos lá na mesa, mamãe e papai?
A frase foi dita de forma descontraída, como se fosse algo completamente natural, mas o impacto foi imediato. O silêncio tomou conta da mesa. Todos os olhares se voltaram para Hoseok e . Hoseok, que estava de pé atrás dela, com as mãos pousadas nos ombros dela em um gesto quase protetor, ficou visivelmente tenso.
, por sua vez, sentiu o calor subir pelo rosto, mas rapidamente tentou dissipar qualquer mal-entendido. Endireitou-se na cadeira e riu de leve, um som que tentava soar natural.
— Ah, não, não! — ela corrigiu rapidamente, balançando a cabeça. — Eu não sou a mãe... Sou a madrasta.
O fotógrafo piscou algumas vezes, claramente confuso, mas assentiu sem questionar.
— Entendido! Vamos registrar esse momento especial, de qualquer forma — respondeu ele com um sorriso amigável, tentando quebrar o clima constrangedor.
Jihoon, alheio à situação, puxava o fotógrafo pela mão e olhava para Hoseok com a típica energia de criança.
— Vamos, papai! A gente precisa tirar fotos!
Hoseok deu um pequeno suspiro, umedecendo os lábios antes de inclinar-se levemente para . Ele deixou um último toque gentil em seus ombros antes de se afastar.
— Acho que não tem como escapar dessa, né, filho? — disse ele, forçando um sorriso para suavizar o momento.
Enquanto Hoseok e Jihoon seguiam com o fotógrafo, os amigos na mesa trocaram olhares discretos. ajustou a posição da alça do vestido, tentando ignorar o clima estranho e as expressões especulativas ao seu redor.
Hoseok e Jihoon caminhavam em direção à área indicada pelo fotógrafo, Jihoon puxando o pai pela mão com a empolgação típica de uma criança. No entanto, no meio do caminho, Jihoon parou abruptamente, soltando a mão de Hoseok e virando-se para trás.
— Tia ! — ele chamou, a voz clara e insistente.
, que ainda estava sentada à mesa tentando se recompor após o momento constrangedor, ergueu os olhos surpresa ao ouvir seu nome.
— Vem com a gente! — Jihoon continuou, agitando os braços para que ela se apressasse. — Você também faz parte da nossa família, não faz?
Os olhares dos amigos se voltaram para novamente, agora com sorrisos discretos. Ela engoliu em seco, sentindo um calor inesperado no peito diante da espontaneidade de Jihoon. Hoseok passou a mão pelos cabelos, claramente sem saber como reagir, mas não interveio.
finalmente levantou-se, ajeitando o vestido e caminhando em direção a eles.
— Claro, Jihoon — respondeu com um sorriso caloroso, embora ainda um pouco nervosa. — Como eu poderia dizer não para você?
Jihoon sorriu amplamente, correndo até ela para segurar sua mão e puxá-la para perto de Hoseok.
— Agora está perfeito! — declarou ele, olhando para o fotógrafo com a seriedade de quem estava resolvendo um grande problema.
Hoseok desviou o olhar para por um momento, umedecendo os lábios antes de murmurar quase inaudível:
— Obrigado por isso.
apenas assentiu, um sorriso suave dançando em seus lábios enquanto os três seguiam juntos para tirar as fotos.
O fotógrafo orientava Jihoon, Hoseok e em várias poses enquanto a câmera clicava sem parar. Jihoon estava radiante, mudando de posição com animação, ora segurando a mão de , ora subindo no colo de Hoseok, e até pedindo para tirar uma foto com os dois juntos. Hoseok parecia relaxado, embora seus olhos frequentemente buscassem os de , como se estivesse confirmando que ela estava confortável com tudo aquilo.
Enquanto mais algumas fotos eram tiradas, GaHee entrou no salão. Ela cumprimentava alguns convidados que conhecia, o sorriso impecável no rosto e os passos graciosos que atraíam atenção. Quando ela parou ao lado do fotógrafo, o clima pareceu mudar levemente.
— Desculpe interromper esse momento tão bonito de família — começou ela, a voz doce com um leve toque de ironia. — Mas acho que está faltando o principal, não é?
Jihoon, ao ouvir a voz familiar, virou-se rapidamente. Seus olhos brilharam e, soltando as mãos de e Hoseok, correu até ela.
— Mamãe! — gritou ele, abraçando-a com força.
GaHee abaixou-se para receber o filho, envolvendo-o com um abraço caloroso enquanto o olhava com carinho.
, que tinha mantido um sorriso neutro até então, deu um pequeno passo para trás.
— Com licença — disse ela com a voz baixa, mas firme, direcionando as palavras a Hoseok. — Esse momento não é meu.
Ela se afastou discretamente, caminhando de volta para a mesa onde os amigos estavam. Hoseok a seguiu com o olhar, claramente desconfortável, mas preso entre a situação e o entusiasmo de Jihoon por estar com a mãe.
sentou-se, tentando ignorar a mistura de sentimentos que crescia em seu peito. A mesa dos amigos a recebeu com olhares curiosos, mas ninguém fez perguntas, respeitando o silêncio dela enquanto ela observava de longe Hoseok, Jihoon e GaHee interagindo.
Jungkook, sempre indiscreto e sem filtro, observava a expressão de enquanto ela se sentava novamente. Ele apoiou os cotovelos na mesa e a encarou diretamente, soltando com a naturalidade que lhe era característica:
— Ninguém aqui gosta da GaHee... nós preferimos você!
O comentário foi seguido por uma piscadela cúmplice na direção de , que arregalou os olhos, surpresa com a sinceridade dele. Namjoon, ao lado, pigarreou, visivelmente desconcertado, mas acabou concordando com um aceno de cabeça.
— Nós gostaríamos que esse namoro fosse de verdade, — continuou Jungkook, sem hesitar.
soltou uma risada curta, claramente sem graça. Ela balançou a cabeça, tentando aliviar a tensão que sentia se acumulando.
— Vocês estão sendo muito simpáticos, mas... — começou ela, escolhendo as palavras com cuidado. — O coração do Hoseok é da GaHee, e pronto.
O tom leve que ela tentou adotar não disfarçou a melancolia que passou em seu olhar por um breve momento. Namjoon percebeu, mas decidiu não pressioná-la. Jungkook, no entanto, continuou a encará-la, como se não acreditasse no que ela dizia, mas também optou por não prolongar o assunto naquele instante.
— Vocês não têm jeito... — completou , forçando um sorriso antes de mudar de assunto, enquanto seu olhar, involuntariamente, encontrava Hoseok de longe.
Hoseok acompanhou GaHee até uma mesa próxima de alguns conhecidos dela, onde ela poderia se sentir confortável. Jihoon, animado, não desgrudava da mãe, pulando no colo dela com um sorriso que revelava toda a saudade que sentia. Enquanto isso, os olhos de Hoseok se desviaram para a entrada do salão, onde reconheceu Yugyeom e chegando juntos. Ele ajeitou a postura e, quase automaticamente, buscou com o olhar.
Ao perceber a chegada dos amigos, também se dirigiu à entrada, acompanhando Hoseok. Assim que viu , um sorriso genuíno iluminou o rosto dela, e ela a abraçou calorosamente.
— Ah, que bom que você veio, ! — disse , sentindo-se mais aliviada pela presença da amiga.
devolveu o abraço com a mesma intensidade, e, ao se afastar, lançou um olhar divertido na direção de GaHee, que observava a interação com atenção. Ela piscou discretamente para , como quem dizia "não dê atenção a ela".
Hoseok, ao lado, cumprimentava Yugyeom com um aperto de mão amistoso.
— Fico feliz que vocês tenham vindo — disse ele, sincero, antes de Yugyeom se virar para e também cumprimentá-la.
— , bom te ver de novo — disse Yugyeom, com um sorriso educado.
— O mesmo, Yugyeom. — Respondeu ela, antes de desviar o olhar, percebendo algo no ambiente.
Do outro lado do salão, Jungkook havia notado a entrada de e, ao vê-la, algo mudou em sua expressão. Seus olhos se prenderam nela por um momento mais longo do que o esperado. Ele umedeceu os lábios ao perceber que ela havia voltado ao loiro, um tom que ele lembrava com uma clareza desconcertante.
, por sua vez, também o notou. Apesar de tentar manter a conversa casual com e Hoseok, seu olhar encontrou o de Jungkook, e por um breve instante, o tempo pareceu suspenso.
Yugyeom, perceptivo como sempre, abaixou o olhar para a mão de e sorriu de lado, compreendendo o gesto sem precisar de palavras. Ele retribuiu o aperto com firmeza, como se dissesse silenciosamente: "Tá tudo bem, estou aqui."
— Vamos nos sentar? — Yugyeom sugeriu suavemente, buscando aliviar qualquer tensão no ar.
apenas assentiu com um sorriso contido, e eles seguiram até uma das mesas indicadas por Hoseok. acompanhava o movimento com atenção, notando a interação silenciosa entre os dois, mas sem comentar nada.
Enquanto isso, Hoseok permaneceu ao lado de , seus olhos vagando rapidamente pelo salão, observando como tudo estava fluindo. Ele percebeu GaHee lançando olhares discretos na direção deles, mas preferiu ignorar.
— Está tudo bem com a ? — Hoseok perguntou, sua voz baixa e atenta.
o olhou de canto, percebendo que ele também havia notado algo.
— Está, sim. Yugyeom é um bom apoio pra ela — respondeu, dando de ombros.
Hoseok apenas sorriu de leve, mas antes que pudesse responder, Jihoon surgiu correndo novamente, agarrando a mão do pai.
— Appa! Vem, tem mais gente chegando! — exclamou ele, puxando Hoseok pela mão.
Hoseok soltou um riso leve.
— Vamos lá, então. — Ele olhou rapidamente para . — Você vem?
Ela hesitou por um segundo, mas logo assentiu.
— Claro.
Enquanto caminhavam para receber os novos convidados, o salão seguia cheio de risos e conversas, mas a tensão silenciosa entre alguns olhares permanecia, escondida entre sorrisos educados e gestos sutis.
chegou sozinha, trajando um vestido elegante, mas discreto, que combinava com seu jeito reservado. Ela cumprimentou Hoseok com um sorriso educado e acenou de longe para alguns conhecidos antes de se acomodar em uma das mesas mais afastadas. Observava a movimentação com calma, aproveitando a música ambiente e o clima descontraído da festa.
Pouco depois, Suga entrou no salão acompanhado de e , seguidos por Jimin. Suga, sempre tranquilo, cumprimentou Hoseok com um breve abraço, enquanto e abraçaram com animação. Jimin, com seu carisma de sempre, cumprimentou todos com sorrisos e brincadeiras, trazendo ainda mais leveza para o ambiente. Eles logo se acomodaram juntos em uma mesa próxima aos amigos.
Por último, Jin chegou sozinho. Sua presença chamou atenção pelo porte imponente e pelo sorriso gentil que ofereceu a Hoseok ao cumprimentá-lo. Seus olhos, no entanto, logo se cruzaram intensamente com os de . O ar pareceu pesar por um breve momento, mas Jin desviou o olhar rapidamente, como se quisesse evitar qualquer constrangimento.
Mesmo assim, ao procurar um lugar para sentar, percebeu que a cadeira vazia mais próxima era ao lado dela. Por educação, aproximou-se.
— Posso? — perguntou, com a voz baixa e contida.
apenas assentiu com um leve movimento de cabeça. Jin se sentou ao lado dela, mantendo uma postura educada e uma distância respeitosa. O silêncio entre eles era denso, mas não desconfortável. Ambos pareciam buscar palavras que não surgiam, e então preferiram apenas observar a festa em silêncio, cada um imerso em seus próprios pensamentos.
caminhava pelo salão com passos tranquilos até desaparecer pelo corredor que levava ao banheiro. Precisava de um momento longe dos olhares, especialmente de Jungkook, cujo olhar havia pesado sobre ela desde o instante em que entrou.
Depois de alguns minutos, saiu do banheiro e seguiu pelo corredor, mas parou abruptamente ao dar de cara com Jungkook encostado na parede, de braços cruzados, como se estivesse esperando por alguém.
Os olhos dele se fixaram nos dela de imediato. desviou o olhar e tentou seguir em frente, mas antes que pudesse passar por ele, sentiu a mão firme de Jungkook envolver seu pulso, impedindo-a de seguir.
— Jungkook… — ela sussurrou, surpresa, mas mantendo a voz controlada.
Ele a puxou levemente para mais perto, inclinando-se o suficiente para que sua voz saísse baixa e ríspida.
— Vocês dois estão juntos? — perguntou entre os dentes, o maxilar tensionado, deixando claro que se referia a ela e Yugyeom.
tentou puxar o braço de volta, mas ele não cedeu. Seus olhos encararam os dele com firmeza, mas o coração batia acelerado.
— Do que está falando, Jungkook? Eu e quem?
Jungkook apertou o maxilar, os olhos queimando de frustração.
— Não se faça de desentendida, ... Você e o Yugyeom. — A voz dele saiu baixa, mas carregada de tensão.
arqueou uma sobrancelha, puxando o braço com mais força até ele soltar.
— E se estivermos? Qual o problema? — rebateu, mantendo a postura firme, mas sentindo o estômago revirar.
Jungkook soltou uma risada seca, passando a mão pelos cabelos curtos.
— O problema é que você dizia antes que não achava que ele era apaixonado por você. E agora, do nada… — Ele balançou a cabeça, frustrado. — Não me olha assim, . Eu só quero entender.
Ela cruzou os braços, tentando se proteger da intensidade do olhar dele.
— Não tem nada pra entender, Jungkook. Você seguiu em frente, eu também.
Ele deu um passo à frente, diminuindo o espaço entre eles.
— Seguir em frente? É isso que você chama de seguir em frente? — Jungkook riu sem humor. — Então por que está fugindo de mim?
respirou fundo, desviando o olhar.
— Porque conversar com você não leva a lugar nenhum.
Ela se virou para sair, mas Jungkook a segurou pelo pulso novamente, dessa vez com mais suavidade.
— … — a voz dele saiu mais baixa, quase um sussurro. — Se for verdade, me diga. Se você e o Yugyeom estão juntos, eu paro.
Ela ficou em silêncio por alguns segundos, sentindo o peso das palavras dele. Então, soltou o braço devagar.
— Isso não é da sua conta.
Sem esperar resposta, se afastou, deixando Jungkook parado no corredor, com o olhar perdido e o coração acelerado.
voltou para o salão com passos lentos, ainda sentindo a pressão da conversa com Jungkook pesar em seu peito. Assim que seus olhos vasculharam o ambiente, encontraram Yugyeom em um canto, sorrindo de forma tranquila enquanto conversava com , Subin e . Ele segurava um copo de refrigerante com uma das mãos, gesticulando casualmente com a outra.
Aquela cena fez o coração de apertar. Yugyeom parecia tão confortável, tão genuíno... e ela sabia que não estava sendo justa com ele.
“E se ele realmente gosta de mim?”, o pensamento surgiu como uma faca, cortando sua calma. Yugyeom sempre esteve ao lado dela, sempre paciente, sempre gentil. E ali estava ele, sendo inserido em um jogo emocional que talvez nem soubesse que estava acontecendo.
Ela se sentou lentamente, apoiando os cotovelos na mesa e entrelaçando os dedos, pensativa.
“Mas o que mais eu poderia fazer?” — questionou-se. — “Jungkook não entende limites. Se ele pensa que eu e Yugyeom estamos juntos, talvez seja a única forma de manter distância. Talvez seja o único jeito de ele me deixar em paz…”
Mas, ao olhar novamente para Yugyeom, rindo de algo que havia dito, a culpa a sufocou ainda mais.
“E se ele realmente acredita nisso? E se eu estiver alimentando algo que não posso corresponder?”
Ela mordeu o lábio inferior, o estômago revirando. Uma parte dela sabia que estava pisando em terreno perigoso. Yugyeom não merecia ser usado como escudo. Mas ao mesmo tempo, temia o turbilhão de emoções que Jungkook sempre despertava.
Ela fechou os olhos por alguns segundos, tentando afastar os pensamentos confusos.
“Preciso colocar um limite nisso… ou vou acabar machucando alguém que não merece.”
Mas será que ela teria coragem?
A festa seguiu animada, com Jihoon completamente encantado com cada detalhe. Seus olhos brilhavam enquanto corria de um lado para o outro, interagindo com os convidados e brincando com outras crianças que estavam presentes. Hoseok observava o filho com um sorriso orgulhoso, sentindo-se aliviado por tudo estar saindo como planejado.
Jihoon brincava no espaço reservado para as crianças, onde havia brinquedos e jogos, mas sempre que via alguém conhecido, corria para cumprimentar. Ele passou um tempo com Namjoon, que o levantou no ar entre risadas, e depois foi até Jungkook, que o colocou nos ombros, fazendo Jihoon gargalhar alto.
Em determinado momento, Jihoon correu até , que conversava com e , e sem aviso, depositou um beijo carinhoso em sua bochecha.
— Obrigado por tudo, tia ! — disse ele, abraçando-a rapidamente antes de sair correndo de novo.
riu, surpresa e emocionada com o gesto, levando a mão ao rosto de forma carinhosa. O momento, no entanto, não passou despercebido por GaHee, que observava de longe, com um olhar duro e os lábios apertados.
Enquanto isso, a música ambiente deixava o clima leve, com os convidados conversando em pequenos grupos, aproveitando a comida e as bebidas. Hoseok circulava pelo salão, garantindo que todos estivessem bem acomodados.
As horas passaram em meio a risadas, conversas e brincadeiras. Jihoon estava radiante, completamente imerso em sua própria felicidade.
Finalmente, Hoseok anunciou que estava na hora dos parabéns. Todos começaram a se reunir em volta da grande mesa onde o bolo estava cuidadosamente decorado com o tema escolhido por Jihoon. Hoseok pegou Jihoon no colo e o posicionou em frente ao bolo, enquanto ficou ao lado deles, ajudando a organizar as crianças.
Os convidados se aglomeraram, prontos para cantar, e o salão se encheu de vozes alegres. Jihoon, com um sorriso largo, olhava ao redor, sentindo-se o centro do mundo naquele momento.
Assim que todos começaram a se posicionar ao redor da mesa para cantar os parabéns, GaHee se aproximou naturalmente de Hoseok, ficando ao seu lado. , ao notar a presença dela, sentiu-se desconfortável e deu um passo discreto para trás, pronta para se afastar.
Mas, antes que pudesse sair, Hoseok estendeu a mão e segurou delicadamente o pulso de .
Ela parou, surpresa, e o olhou. Hoseok manteve o contato visual por alguns segundos, seu olhar era calmo, mas firme, como se silenciosamente dissesse: "Fique aqui."
O toque era suave, sem pressão, mas cheio de significado. hesitou por um instante, seu coração acelerando, mas permaneceu ali, ao lado dele.
GaHee percebeu o gesto e, por um breve momento, seus olhos escureceram, mas ela manteve a postura, forçando um sorriso. Hoseok, por outro lado, apenas voltou a olhar para Jihoon, pronto para começar os parabéns, sem soltar a mão de .
As luzes do salão foram suavemente diminuídas, deixando apenas o brilho suave das velas do bolo iluminar a mesa principal. Jihoon estava radiante, seus olhinhos brilhando de pura felicidade enquanto olhava para o bolo.
— Vamos lá, pessoal! — Hoseok chamou animado, com um sorriso orgulhoso, puxando o coro.
Todos começaram a cantar os parabéns com entusiasmo, batendo palmas no ritmo. estava ao lado de Hoseok, ainda sentindo o calor da mão dele segurando a sua, enquanto GaHee forçava um sorriso ao lado deles. Jihoon, empolgado, balançava o corpo de um lado para o outro, acompanhando a música.
Jihoon fez um pedido silencioso, fechando os olhos com força antes de soprar as velas com toda a energia que tinha. Todos aplaudiram, e ele abriu um sorriso enorme.
— Ebaaa! — gritou Jihoon, pulando animado.
Hoseok abaixou-se para abraçar o filho, e Jihoon rapidamente virou-se para , puxando-a para o abraço também. Ele deu um beijo estalado na bochecha dela.
GaHee observou a cena, o sorriso em seus lábios vacilando por um breve instante. Seus olhos seguiram o gesto carinhoso de Jihoon com , e um leve incômodo surgiu em sua expressão antes de ela rapidamente recompor a postura.
— Agora é hora do bolo! — Hoseok anunciou, animado, tentando manter o clima leve.
As crianças correram em direção à mesa, ansiosas pelos pedaços generosos de bolo. sorriu de canto, observando Jihoon distribuir sorrisos e abraços para todos. Hoseok a olhou de lado, e por um segundo, o mundo ao redor pareceu silenciar.
— Obrigado por ficar. — ele murmurou, com a voz baixa, quase inaudível.
apenas respondeu com um sorriso tímido, sentindo o coração acelerar enquanto a festa continuava ao redor deles.
Os convidados começaram a se despedir aos poucos, com abraços calorosos e agradecimentos pela festa e Hoseok e Jihoon estavam perto da porta, com Jihoon segurando as lembrancinhas da festa e as entregando aos convidados que se despediam. As crianças, já cansadas, bocejavam enquanto os pais se organizavam para ir embora. As amigas de — , , , , e — se movimentavam discretamente pela sala, ajudando a recolher copos vazios e restos de comida. sorria em gratidão, mesmo cansada, pela ajuda espontânea.
Jihoon corria de um lado para o outro, ainda elétrico, mas com os olhos começando a pesar. Hoseok o observava com um sorriso satisfeito, até perceber GaHee se aproximando lentamente.
— Vou me despedir do meu filho. — ela anunciou, a voz carregada de uma calma forçada.
Ela se abaixou diante de Jihoon, que a abraçou com a mesma animação de sempre. GaHee passou a mão delicadamente pelos cabelos do filho, mas seus olhos estavam fixos em Hoseok.
— Você realmente tem treinado essa loirinha para ocupar o meu lugar de mãe, né? — disparou em um tom doce, mas cheio de veneno.
Hoseok estreitou os olhos e, com um movimento calmo, cobriu os ouvidos de Jihoon.
— Aqui não, GaHee. Não é o momento. É o aniversário do Jihoon. — sua voz saiu firme, mas baixa, para não chamar atenção. — Onde está o Hyunjin que não veio te controlar?
GaHee manteve o sorriso nos lábios, mas seus olhos endureceram. Ela deu um passo à frente, invadindo o espaço dele, inclinando-se apenas o suficiente para sussurrar em seu ouvido:
— Nós terminamos.
O cheiro adocicado de seu perfume invadiu o ar por um instante. Hoseok ficou imóvel por alguns segundos, processando a informação. GaHee recuou lentamente, com um olhar de triunfo.
— Até mais, Hoseok.
Ela acenou levemente para Jihoon e virou-se com elegância, caminhando para a saída. Hoseok permaneceu parado, o maxilar tenso. , que havia observado a cena de longe, percebeu a mudança sutil na expressão dele, mas preferiu não se aproximar.
Jihoon puxou levemente a mão do pai.
— Papai?
Hoseok olhou para o filho e forçou um sorriso.
— Vamos terminar de arrumar tudo, campeão.
Os primeiros a se despedirem foram Yoongi e . Yoongi deu um leve aceno de cabeça para Hoseok e , com um sorriso discreto.
— A festa foi ótima. Jihoon adorou o presente, tenho certeza. — disse , gentilmente.
— Obrigada por terem vindo. — sorriu, sincera.
Logo depois, e Subin se aproximaram.
— Foi tudo perfeito, Hoseok. Jihoon parecia estar nas nuvens. — elogiou, abraçando .
— A festa ficou linda mesmo. — Subin completou, acenando.
— Fico feliz que tenham vindo. — Hoseok respondeu com um sorriso.
Em seguida, Taehyung e Jungkook se aproximaram.
— Vamos esticar a noite lá no meu bar. — Jungkook avisou, com seu habitual sorriso travesso.
— Foi uma festa incrível, hyung. — Taehyung disse, sincero.
— Aproveitem por mim. — Hoseok riu, batendo de leve no ombro de Jungkook.
e Jimin vieram logo depois.
— Jihoon deve estar exausto de tanta diversão. — Jimin brincou.
— Nem me fale. Mas ele vai dormir feliz. — Hoseok respondeu.
— Qualquer coisa, é só chamar. — completou com um sorriso gentil.
Yugyeom e foram os próximos. abraçou com firmeza, sussurrando:
— A festa foi linda. Você fez um ótimo trabalho.
— Obrigada por terem vindo. — respondeu, notando o olhar discreto de Hoseok sobre os dois.
e Namjoon se aproximaram com calma.
— Tudo perfeito. Jihoon tem sorte de ter vocês. — Namjoon disse com sinceridade.
— Obrigada. Vocês ajudaram muito. — respondeu, abraçando .
Por fim, e Jin se aproximaram. A despedida foi educada e contida.
— Obrigada por ter vindo, Jin hyung. — Hoseok sorriu.
— Foi uma ótima festa. — Jin respondeu com um sorriso breve.
Quando saíram do salão, Jin e caminharam lado a lado, com um silêncio nada confortável entre eles.
— Como estão as coisas, Jin? — perguntou, casualmente.
— Tudo bem, na medida do possível. — ele respondeu, educado.
Ao chegarem à calçada, parou.
— Vou até a estação. Foi bom te ver. — ela sorriu, pronta para seguir.
Antes que pudesse dar o primeiro passo, Jin estendeu o braço e segurou suavemente seu pulso.
— Espera. — ele disse, a voz baixa.
Ela virou-se para ele, surpresa. Jin a puxou suavemente, encurtando a distância entre eles. Os corpos ficaram próximos, tão próximos que ela pôde sentir a respiração dele.
— Não precisa ir sozinha. Vou com você.
Os olhos de se prenderam aos dele por um instante. O silêncio entre eles dizia mais do que qualquer palavra…
sentiu o coração acelerar com a proximidade. Os olhos de Jin mantinham-se presos aos dela, intensos, mas contidos.
Sem pensar muito, ela ficou na ponta dos pés, diminuindo ainda mais a curta distância entre eles. O movimento foi sutil, quase hesitante, mas suficiente para que seus rostos ficassem ainda mais próximos.
Os lábios de roçaram suavemente nos dele, um toque leve, quase como uma pergunta silenciosa. Jin não recuou. Pelo contrário, inclinou-se levemente, fechando de vez o espaço entre eles.
O beijo começou delicado, uma troca tímida e contida. Mas, aos poucos, tornou-se mais profundo, carregado de sentimentos não ditos. A mão de Jin deslizou para a cintura de , puxando-a com cuidado, enquanto ela mantinha as mãos apoiadas no peito dele, sentindo o ritmo acelerado de seu coração.
Por um momento, nada mais existia além daquele beijo. Não havia festa, convidados ou despedidas. Apenas os dois, entregues àquela conexão silenciosa que, finalmente, havia encontrado espaço para acontecer.
Os lábios de Jin se moveram suavemente sobre os dela, explorando com calma, como se tentasse memorizar cada detalhe daquele momento. O beijo começou com uma delicadeza hesitante, mas logo ganhou profundidade. Jin inclinou levemente a cabeça, encaixando melhor seus lábios nos de , tornando o toque mais firme, mais presente.
As mãos dela subiram devagar pelo peito dele, sentindo o calor que atravessava o tecido da camisa, até se apoiarem suavemente em sua nuca. Jin correspondeu ao gesto, deslizando uma das mãos pela curva da cintura dela, puxando-a com mais firmeza para si, até que não houvesse mais espaço entre os corpos.
O beijo se intensificou, carregando uma mistura de desejo contido e sentimentos não ditos. Jin aprofundou o toque com um leve deslizar da língua, provocando um arrepio que percorreu a espinha de . Ela suspirou contra os lábios dele, cedendo à intensidade daquele momento.
Por instantes, era como se o mundo ao redor tivesse silenciado. Apenas o calor, a respiração acelerada e o toque suave, mas urgente, preenchiam o espaço entre eles.
Quando finalmente o beijo se desfez, lentamente, Jin manteve o rosto próximo, respirando de forma irregular. Seus olhos buscavam os dela, como se procurassem respostas que nem ele mesmo sabia formular.
ainda sentia os lábios formigando, o coração descompassado. Ela não disse nada, apenas ficou ali, sentindo a respiração dele misturada à sua.
— Isso... não era para acontecer. — ele murmurou, mas sua mão não se afastou da cintura dela.
sorriu de leve, os olhos ainda fechados.
— Não mesmo.
Mas nenhum dos dois parecia disposto a se afastar.
Jin fechou os olhos por um breve momento, respirando fundo. Seus dedos ainda descansavam na cintura de , como se o simples ato de soltá-la exigisse mais força de vontade do que ele estava pronto para ter. Mas, eventualmente, ele cedeu. Afrouxou o toque e deixou a mão escorregar lentamente pelo braço dela até não restar mais contato algum.
Sem trocar palavras, ambos começaram a caminhar lado a lado em direção à estação. O silêncio entre eles não era desconfortável, mas denso, carregado por pensamentos não ditos e emoções conflitantes.
Jin mantinha o olhar fixo à frente, mas sua mente estava longe. Cada passo parecia mais pesado do que o anterior, o gosto do beijo ainda presente em seus lábios. Ele sentia a consciência pesar, como se um alarme interno estivesse disparando. Kyungsoo. Jin sabia do interesse do amigo por , mesmo que nunca tivesse sido dito com todas as palavras. Havia algo nos olhares, nas atitudes de Kyungsoo que Jin não conseguia ignorar. E agora, ele havia ultrapassado um limite. "O que diabos eu estou fazendo?" pensou, apertando levemente os punhos.
Ao seu lado, caminhava com passos suaves, mas sua mente estava um verdadeiro turbilhão. Ela sentia o coração ainda acelerado, e a lembrança do toque de Jin a fazia estremecer. Mas o que a deixava inquieta era a forma como ele reagia. “Por que ele me beija como se quisesse mais e depois se afasta como se fosse errado?” Ela mordeu o lábio inferior, tentando entender. Jin não era alguém de demonstrar muito, mas havia algo na maneira como ele a olhava que a fazia acreditar que ele também sentia algo.
"Então por que ele parece tão distante agora?"
Os passos ecoavam no caminho até a estação, preenchendo o silêncio que nenhum dos dois tinha coragem de romper. Jin pensava no quanto aquele beijo podia significar mais do que um deslize momentâneo e como isso afetaria sua amizade com Kyungsoo. , por outro lado, tentava entender o que a impedia de confrontá-lo, de perguntar diretamente o que aquilo significava.
Quando finalmente chegaram à entrada da estação, parou por um segundo, olhando para Jin. Ele hesitou antes de desviar o olhar, como se não conseguisse encará-la por mais tempo.
— Boa noite, Jin. — disse ela, a voz baixa, mas firme.
— Boa noite, . — respondeu ele, sem conseguir esconder o peso na própria voz.
Ela se virou e desceu as escadas, enquanto Jin permaneceu parado por alguns segundos, observando-a partir. O frio da noite pareceu mais intenso de repente.
"Isso não era para acontecer..." Jin repetiu mentalmente, mas não sabia mais se estava tentando convencer a si mesmo ou justificar algo que já não podia ser desfeito.
abriu a porta do apartamento enquanto Hoseok segurava Jihoon adormecido em seus braços, acendeu a luz depois de algumas tentativas frustradas de achar o interruptor. Aquela era a primeira vez que ela ia ao apartamento do falso namorado.
deu um passo cauteloso para dentro do apartamento, sentindo o aroma suave de madeira misturado com algo fresco, talvez um difusor de lavanda ou algum perfume discreto. O lugar era aconchegante e organizado, mas não excessivamente decorado. Havia um equilíbrio entre o moderno e o confortável.
A sala era ampla, com paredes em tons neutros e móveis de linhas retas. Um sofá cinza-escuro, grande o suficiente para acomodar várias pessoas, estava disposto de frente para uma estante baixa com alguns livros, plantas e porta-retratos. Ela notou uma foto de Hoseok com Jihoon ainda bebê, ambos rindo, o que fez seu coração aquecer.
Havia almofadas espalhadas de forma casual, e uma manta repousava dobrada sobre o braço do sofá. Um tapete macio cobria parte do chão de madeira clara, e cortinas pesadas de tom bege emolduravam as janelas, filtrando a luz suave da rua.
reparou em detalhes que entregavam a personalidade de Hoseok: pequenos quadros com frases inspiradoras, vasos com plantas bem cuidadas e uma guitarra encostada em um canto, sugerindo que ele tocava nas horas vagas. A cozinha integrada era prática e moderna, com utensílios organizados e uma bancada de mármore impecável.
Enquanto ela explorava o ambiente com o olhar, Hoseok passou por ela com cuidado, carregando Jihoon adormecido. Seus passos eram silenciosos enquanto ele seguia pelo corredor em direção ao quarto do filho.
ficou sozinha por um momento, sentindo-se um pouco deslocada naquele espaço que agora parecia mais íntimo. Ela passou a ponta dos dedos pelo encosto do sofá, observando o quanto aquele lar parecia sereno, refletindo o homem que Hoseok era com Jihoon.
Pouco depois, Hoseok retornou, agora sem o peso do filho nos braços. Ele ajeitou a camisa casualmente e cruzou o olhar com o dela.
— Está confortável? — ele perguntou com um sorriso cansado, mas gentil.
assentiu com um leve sorriso.
— Seu apartamento é... acolhedor. Combina com o Jihoon e com o seu lado de pai.
Hoseok riu baixo, passando a mão pelos cabelos.
— Que bom. Não sou muito bom com decoração, mas faço o possível.
Ela apenas sorriu, sentindo a estranha sensação de pertencimento naquele espaço que, de certa forma, estava começando a fazer parte da história deles.
— Você deve estar cansada… — Hoseok se jogou no sofá, passando a mão pelos cabelos e soltando um suspiro longo, relaxado. Ele olhou para , esperando que ela fizesse o mesmo.
cruzou os braços, inclinando levemente a cabeça.
— Não tanto quanto você, aparentemente. — sorriu de canto. — Mas vou pedir um carro para voltar.
Assim que ela pegou o celular, Hoseok se levantou rápido demais, o movimento impetuoso pegando ambos de surpresa. Seus corpos se esbarraram, e tropeçou um passo para trás. Instintivamente, as mãos de Hoseok se firmaram em sua cintura, segurando-a com mais força do que pretendia.
Por um momento, ficaram próximos demais. A respiração dele roçou levemente a pele dela, e sentiu o corpo enrijecer, o coração disparando no peito.
— Fica. — a voz de Hoseok saiu baixa, quase um pedido. — Amanhã cedo eu te levo.
piscou algumas vezes, tentando raciocinar, mas a proximidade e o calor das mãos dele em sua cintura a desconcentravam.
— Hoseok, eu…
Ele não se afastou. Apenas a olhava com intensidade, como se quisesse convencê-la sem precisar dizer mais nada.
— Não tem porque sair agora. Jihoon já dormiu, e você deve estar exausta.
sentiu a firmeza com que ele a segurava, e mesmo com a mente pedindo para pensar direito, o corpo parecia não querer se mover.
— Tá bom… eu fico. — murmurou, a voz quase falhando.
Hoseok relaxou os ombros, mas não soltou a cintura dela de imediato. Apenas sorriu, satisfeito.
— Vou pegar uma toalha para você tomar um banho e já arrumo a minha cama para você dormir nela… — disse com a voz baixa, mas cheia de gentileza.
Ele se virou calmamente e começou a caminhar pelo corredor, e , sem perceber, o seguiu em silêncio. Os passos de ambos ecoavam suavemente pelo apartamento tranquilo.
Hoseok entrou em seu quarto, um espaço aconchegante, decorado de forma simples, mas com personalidade. A cama estava desfeita, e havia algumas roupas dobradas sobre uma cadeira no canto. Ele se abaixou para abrir uma das gavetas do guarda-roupa e puxou uma toalha branca e macia.
— Aqui. — estendeu a toalha para ela, os olhos encontrando os dela com naturalidade.
Antes que pudesse agradecer, ele voltou-se para a gaveta e pegou uma camiseta larga, preta, com estampa discreta.
— Veste isso. — estendeu a peça. — Vai ficar mais confortável do que dormir com essa roupa.
pegou a camiseta, sentindo o tecido leve entre os dedos.
— Obrigada… — murmurou, observando-o com atenção.
— O banheiro é o primeiro à esquerda. Vou preparar a cama. — Hoseok deu um meio sorriso e saiu do quarto, deixando-a sozinha por um instante.
ficou parada por alguns segundos, olhando para a camiseta em suas mãos. O perfume suave de Hoseok impregnava o tecido, e ela sentiu o coração bater um pouco mais rápido.
Sem dizer nada, caminhou até o banheiro, pronta para tomar o banho, mas com a mente ocupada demais com a forma como ele a olhava… e como ela se sentia sendo cuidada por ele.
deixou que a água quente escorresse por seu corpo, relaxando os músculos tensos. O vapor preenchia o banheiro, criando uma barreira momentânea entre ela e tudo o que estava sentindo. Fechou os olhos, tentando acalmar a mente, mas os acontecimentos daquela noite voltavam em ondas. Hoseok segurando sua cintura com firmeza, o olhar dele, a proximidade... e agora ela estava ali, no apartamento dele, vestindo a camiseta dele.
Quando terminou o banho, secou-se com calma e vestiu a camiseta larga que caía suavemente sobre o corpo, com o perfume discreto de Hoseok ainda impregnado no tecido. Sentiu um arrepio, mas não soube dizer se era pelo frio ou pelo turbilhão de sentimentos.
Saiu do banheiro em silêncio, os pés descalços tocando o chão frio. Olhou ao redor, mas não viu Hoseok. Andou devagar pelo corredor e pela sala vazia, até perceber uma luz fraca vinda da sacada.
caminhou até lá, parando na porta. Hoseok estava sentado em uma cadeira, a cabeça baixa, os cotovelos apoiados nos joelhos. Seus ombros tremiam discretamente, e então ela percebeu: ele estava chorando…
A cena a pegou de surpresa. Hoseok sempre foi tão controlado, tão seguro de si. Vê-lo daquele jeito, vulnerável, partiu algo dentro dela. ficou parada, observando em silêncio, sem coragem de se aproximar, como se invadisse um espaço que não lhe pertencia.
Ela quis tocá-lo, confortá-lo, mas seus pés pareciam presos ao chão. Em vez disso, ficou ali, apenas observando, sentindo o peito apertar.
E foi nesse silêncio pesado que a verdade se fez clara. O incômodo que sentia ao vê-lo sofrendo era mais do que empatia. Doía de um jeito profundo, como se aquela dor fosse sua também.
, finalmente, entendeu... Estava apaixonada por Hoseok. Não era parte de um acordo ou uma encenação. Era real.
E perceber isso a fez se sentir ainda mais perdida. Porque agora, tudo parecia estar indo longe demais…
deu meia-volta lentamente, sentindo as pernas pesarem como se cada passo exigisse um esforço descomunal. Caminhou pelo corredor e encostou-se à parede fria, deslizando pelas costas até quase se sentar no chão. O coração batia descompassado, acelerado demais para que ela pudesse ignorar. Seus olhos marejaram, e ela levou uma das mãos ao peito, tentando acalmar a dor estranha que se espalhava.
Por que ver Hoseok daquele jeito a afetava tanto?
Antes que pudesse mergulhar mais fundo nesses pensamentos, uma voz fraca e trêmula ecoou pelo corredor.
— Appa…?
Era Jihoon.
ergueu o olhar imediatamente. O chamado baixo e choroso partiu seu coração. Ela estava mais perto do quarto do menino e, sem pensar muito, se apressou em entrar.
Jihoon estava sentado na cama, os olhinhos brilhando com lágrimas. Seu corpinho tremia, as mãos apertando o cobertor.
— Ei, pequenino… — se aproximou devagar, abaixando-se ao lado da cama. — Você teve um pesadelo?
Jihoon fez que sim com a cabeça, fungando.
Ela passou a mão carinhosamente pelos fios bagunçados do menino.
— Está tudo bem agora, tá? Eu tô aqui.
Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Hoseok entrou apressado no quarto, a expressão preocupada. Seus olhos estavam um pouco vermelhos, mas ele disfarçou ao ver a cena.
— Jihoon… — ele chamou, caminhando até o filho.
O menino estendeu os bracinhos para o pai, e Hoseok o pegou no colo com cuidado, abraçando-o com força. Jihoon escondeu o rosto no pescoço dele, soluçando baixinho.
se afastou discretamente, observando o carinho entre os dois. Hoseok fechou os olhos por um instante, respirando fundo enquanto balançava Jihoon de leve.
— Foi só um sonho ruim, meu amor. O papai tá aqui.
A voz de Hoseok saiu mais baixa, mais suave, e aquilo fez sentir o peito apertar ainda mais.
Ela ficou ali por mais alguns segundos, sem saber se deveria sair ou ficar, até Hoseok erguer o olhar e encontrá-la. Havia gratidão silenciosa no olhar dele.
Mas apenas assentiu discretamente e saiu do quarto, fechando a porta com cuidado atrás de si.
Encostou-se novamente à parede no corredor, sentindo uma lágrima escapar. O nó em sua garganta parecia impossível de desfazer.
Era tudo real demais.
se ajeitou lentamente na cama de Hoseok, sentindo o colchão macio e o cheiro sutil dele impregnado nos lençóis. Aquele conforto deveria ser suficiente para acalmar sua mente, mas os pensamentos corriam desordenados. Ela apagou o abajur, permitindo que a escuridão preenchesse o cômodo, e fechou os olhos, buscando algum descanso.
Mas o peso no peito persistia.
Minutos se passaram até que um som suave quebrou o silêncio.
— ...
A voz baixa e rouca de Hoseok fez com que ela abrisse os olhos. Ele estava parado no batente da porta, a luz fraca do corredor delineando sua silhueta.
se virou lentamente e acendeu o abajur, piscando algumas vezes diante da claridade suave.
— O que foi? — perguntou, a voz ainda sonolenta.
Hoseok hesitou por um momento, passando a mão pelos cabelos.
— Eu... — ele começou, desviando o olhar por um segundo antes de voltar a encará-la. — Eu não quero dormir sozinho.
As palavras saíram baixas, quase num sussurro, e havia algo de frágil nele naquele instante.
permaneceu em silêncio por alguns segundos, apenas o observando. Então, respirou fundo e assentiu levemente com a cabeça.
Sem esperar mais, Hoseok entrou no quarto e fechou a porta atrás de si. Se aproximou da cama com passos lentos, mas sem hesitação.
Ele deitou-se ao lado dela, sem cerimônia, como se aquele lugar já fosse dele. Em um movimento natural, enfiou o rosto na curva do pescoço de , respirando fundo contra sua pele, e fungou baixinho.
Os braços dele envolveram a cintura dela com força, como se buscasse ancorar-se ali, afastar qualquer resquício de dor.
sentiu o coração acelerar, mas não recuou. Pelo contrário, ergueu os braços e o abraçou de volta, apertando-o contra si.
Ali, no silêncio do quarto, as respirações se misturaram. Hoseok se encaixou perfeitamente nela, como se aquele abraço fosse exatamente onde ele deveria estar.
E pela primeira vez naquela noite, sentiu que talvez eles dois estivessem onde realmente precisavam estar.
Ajeitou o brinco na orelha direita e então encarou o rosto maquiado no espelho antes de pegar o celular sobre a cama e abrir a câmera do mesmo, posando para uma foto. Avaliou bem a mesma e se sentou na beirada da cama ainda em dúvida se postava ou não.
Foi quando Yugyeom apareceu na porta do quarto e bateu, para chamar sua atenção. virou a cabeça em direção a ele e sorriu ao vê-lo também já pronto.
— Vamos chamar um carro? Vou beber e não quero dirigir, sabe? — ele fez um cara de cachorrinho que havia caído da mudança e isso fez o sorriso de aumentar nos lábios.
— Claro! Segurança em primeiro lugar! Inclusive, aplicou sua insulina?
— Sim senhora! — Ele assentiu e a viu se levantar.
pegou a bolsa que estava sobre a cama e conferiu se o documento estava em sua bolsa e colocou o celular lá dentro.
— Como vamos voltar juntos, vou deixar você levar a chave. Ou pretende beber tanto que vai perdê-la e eu vou ter que te carregar de volta e abrir a porta com a minha própria chave.
A risada gostosa de Yugyeom preencheu o quarto antes que ele respondesse:
— Claro que não! Deixa que eu trago você carregada. — ele piscou para ela que terminou de fechar a bolsa.
Yugyeom observou enquanto ela terminava de fechar a bolsa. Os cabelos loiros caíam em ondas suaves sobre os ombros, refletindo a luz do quarto de uma forma quase hipnotizante. Ele sempre achou que aquele tom combinava perfeitamente com ela, destacando ainda mais os olhos expressivos e a confiança que ela exalava sem esforço.
Mas, naquela noite, algo parecia diferente.
Talvez fosse porque ele sabia que estava prestes a mudar tudo.
Engoliu em seco, sentindo o coração acelerar no peito. Ele já havia ensaiado mentalmente o que diria, testado diversas abordagens, mas, agora que o momento estava próximo, uma onda de nervosismo o atingia em cheio. E se ela não sentisse o mesmo? E se risse da cara dele?
Disfarçando a ansiedade, passou a mão pela nuca, sentindo o suor começar a se formar ali.
— Você está incrível hoje — soltou, tentando soar casual, mas o elogio saiu mais baixo do que pretendia.
ergueu os olhos para ele, arqueando uma sobrancelha.
— Só hoje?
Yugyeom sorriu, tentando ignorar o jeito que a provocação dela o deixava ainda mais bobo.
— Hoje um pouquinho mais.
Ela riu, balançando a cabeça antes de caminhar até a porta.
— Vamos antes que eu mude de ideia e resolva dormir. — Ela apagou a luz do próprio quarto.
Ele a seguiu, respirando fundo.
Hoje ou nunca.
O local da festa já estava um tanto quanto cheio e e Yugyeom procuraram as amigas. Encontraram e conversando ao pé do ouvido em um dos cantos da festa e então caminharam até elas. Yugyeom sentia como se os passos que ele estava dando pelo chão da boate ecoasse diretamente em seu coração, tão nervoso ele estava.
cumprimentou e com beijos nas bochechas e ele cumprimentou as amigas com rápidos beijos nas bochechas, e foi elogiado por :
— Uau, tá cheiroso hoje Gyeom! — a morena deu um sorriso travesso na direção dele — Tá mal intencionado, não é?
Yugyeom sentiu o rosto esquentar imediatamente, e a risada nervosa escapou antes mesmo que ele pudesse pensar em uma resposta decente. o olhava com um brilho travesso nos olhos, claramente se divertindo com o embaraço dele.
— Ei, que tipo de cara você acha que eu sou? — tentou disfarçar, passando a mão pela nuca.
ergueu uma sobrancelha, ainda sorrindo.
— Um que tá cheirando bem demais pra ser só coincidência.
apenas observava a interação com um sorrisinho divertido, como se estivesse esperando para ver até onde iria com a provocação.
Yugyeom bufou, balançando a cabeça.
— Olha, não vou confirmar nada, mas... talvez a noite prometa, sim.
e riram, cúmplices, enquanto apenas revirava os olhos, mas com um sorriso no canto dos lábios.
— Vocês duas não prestam — comentou, cruzando os braços.
— E você finge que não gosta — rebateu, piscando para ela.
Yugyeom respirou fundo, tentando acalmar o coração acelerado. Ainda tinha a noite toda pela frente e, se já havia percebido algo, ele precisava agir antes que também percebesse... e fugisse.
— Onde está o Jimin? — perguntou para , ajustando uma mecha de cabelo da amiga atrás da orelha.
— Prometemos que o único homem hoje no recinto seria o Gyeom, lembra?
— Me esqueci do combinado de hoje! Uma noite das garotas, e o Gyeom! — levou uma das mãos até o ombro do mais alto e apertou lá com leveza, sorrindo para o melhor amigo.
Os quatro riram e Yugyeom perguntou para :
— O que vai querer beber? — ele olhou rapidamente para os copos de e , que já estavam bebendo.
fez um bico com a boca enquanto pensava no que poderia beber e depois olhou para Yugyeom.
— Vou querer uma cerveja mesmo, você vai pegar para a gente?
Yugyeom assentiu para ela antes de lhe beijar o topo da cabeça e sair em direção ao bar.
Enquanto caminhava até o bar, Yugyeom passou a língua pelos lábios, tentando ignorar a forma como seu coração parecia estar batendo mais forte do que deveria. Sua cabeça estava a mil.
Era hoje.
Ele sabia disso desde que abriu a porta do quarto mais cedo, linda em seu vestido preto e com aquele sorriso natural que sempre fazia seu peito aquecer. Ele já tinha decidido que hoje seria o dia em que iria contar tudo. Que iria admitir que gostava dela mais do que apenas como melhor amigo.
Mas, agora que estava ali, cada passo que dava parecia mais pesado.
Passou as mãos pelos cabelos, nervoso. Seu estômago estava revirado, e o suor frio começava a se formar na nuca outra vez.
E se ela não sentisse o mesmo?
Esse pensamento o atingiu como um soco. era sua melhor amiga, a pessoa com quem ele dividia absolutamente tudo, e a última coisa que queria era estragar isso.
Chegou ao bar e apoiou as mãos no balcão, tentando respirar fundo.
— Duas cervejas, por favor. — Pediu ao bartender, tentando manter a voz firme.
Enquanto esperava, bateu os dedos contra o balcão, inquieto. Ele tinha duas opções: continuar fingindo que não sentia nada ou tomar coragem e falar de uma vez.
E hoje, ele havia decidido ser corajoso.
chegou à festa procurando pelas amigas e , quando a viu, acenou para a chamar a atenção da amiga. sorriu para ela e então começou a se espremer pela pequena multidão que começava a se aglomerar na boate para se aproximar das amigas.
Assim que bateu os olhos em ela respirou fundo: ela sabia que a vida emocional da amiga passaria por alguma mudança profunda e que a loira precisaria ser sabia para saber quais caminhos seguiria daquela noite para frente. Mas como falar aquilo com ela? E onde estava Yugyeom? Ela precisava conversar com ele também.
sempre achava que ser médium era um dom curioso, algo que muitas vezes trazia luz, mas outras tantas, um peso imenso. Quando se tratava das pessoas à sua volta, especialmente suas amigas, o peso se tornava ainda mais difícil de suportar. Não era fácil lidar com os pressentimentos quando envolviam aqueles que amava. Muitas vezes, ela sabia o que estava por vir, mas, ao mesmo tempo, sentia-se impotente. Como poderia dizer a o que sentia, sem que isso a assustasse ou a pressionasse? Como alertar sua amiga sobre as mudanças que estavam prestes a acontecer, sem interferir no seu próprio caminho?
Era como se, ao olhar para as pessoas próximas, ela enxergasse não apenas o presente, mas o futuro delas também, uma visão turva e distante, mas clara o suficiente para lhe deixar ansiosa. O pior, talvez, fosse a constante sensação de estar entre dois mundos – o normal e o sobrenatural. Em festas como aquela, com a energia da boate se misturando ao som pulsante e às conversas rápidas, era fácil sentir-se desconectada de tudo e todos. Mas, ao mesmo tempo, sentia-se sobrecarregada pela responsabilidade de perceber o que ninguém mais via.
E quando o pressentimento envolvia suas amigas, a coisa ficava ainda mais complexa. queria protegê-las, mas como alertar sobre as decisões emocionais que ela precisaria tomar, sem parecer que estava tentando controlar a vida dela? E o que dizer a ou até mesmo a Yugyeom, cuja energia ela também sentia em constante movimento, como se algo estivesse prestes a mudar em breve?
O coração de apertou só de pensar nisso. Ela sabia que, muitas vezes, o destino das pessoas não se desfazia de acordo com as palavras que ela poderia dizer. No fim, a única coisa que restava era confiar que as escolhas que cada uma delas faria, seriam as melhores para o momento. Mesmo que ela visse o futuro com tanta clareza, ainda assim se sentia uma espectadora da vida delas, torcendo silenciosamente para que tudo se resolvesse da melhor maneira possível.
Cumprimentou as amigas e demorou um pouco mais no abraço trocado com . Alguns instantes depois, lá estava Yugyeom com duas cervejas nas mãos, se aproximando delas. Ele deixou um beijo na bochecha de e a elogiou rapidamente.
colocou as duas mãos no peito de Yugyeom, como se quisesse pegar um pouco da energia do mesmo para si e então os dois se olharam dentro dos olhos. Enquanto conversava com , , na ponta dos pés, aproximou os lábios dos ouvidos de Yugyeom.
— Você precisa se preparar Yugyeom.
Yugyeom estreitou os olhos e franziu o cenho, encarando a amiga com certo espanto.
— Do que exatamente você tá falando, ? — Ele tentou soar despreocupado, mas a forma como sua garganta secou e como ele desviou o olhar entregavam sua inquietação.
suspirou e pousou uma das mãos no ombro dele, seus olhos claros cheios de uma seriedade quase sobrenatural.
— Tô falando de você e da , Yugyeom. Todo mundo já percebeu, menos ela. E algo me diz que agora que o Jungkook não tá mais na jogada, você finalmente criou coragem…
Yugyeom ficou mudo. Ele abriu a boca para dizer algo, mas as palavras simplesmente não vieram. Como diabos sempre sabia das coisas antes mesmo que ele admitisse para si mesmo?
— Só protege o seu coração — ela completou, sua voz suave, mas carregada de significado.
Ele franziu a testa, confuso e inquieto.
— O que isso quer dizer?
não respondeu de imediato. Ela apenas deu um pequeno sorriso — aquele tipo de sorriso que não trazia exatamente conforto, mas uma certeza silenciosa de que as coisas estavam prestes a mudar.
— Quer um conselho? — Ela perguntou, inclinando a cabeça de lado.
Yugyeom assentiu, mesmo sem saber se queria ouvir.
— Se for falar, fala de verdade. Não guarda nada.
Yugyeom passou a mão pelo rosto, sentindo o peso das palavras dela se alojar em seu peito. Ele já estava nervoso antes. Agora, então, nem se fala.
Ele sentiu um toque leve em seu braço e se virou, encontrando olhando para ele com um sorriso.
— Demorou, Gyeom! Minha cerveja tá quente já!
Ele forçou um sorriso, tentando ignorar o frio na barriga.
“Se for falar, fala de verdade.”
Ele só esperava ter coragem o suficiente.
As próximas horas foram marcadas por risadas, conversas animadas e muitos brindes. , e chegaram logo depois, cada uma trazendo sua própria energia para a noite. , sempre espontânea, já chegou puxando para dançar, enquanto , com seu olhar observador, preferiu se acomodar perto do grupo antes de se soltar. , por outro lado, foi direto ao bar pedir um drink forte, alegando que precisava de algo "à altura da noite".
Yugyeom assistia tudo com um sorriso discreto nos lábios, mas por dentro, a inquietação crescia. Ele tomava pequenos goles de sua cerveja enquanto seus olhos seguiam , que parecia se divertir como nunca. Ela ria com , rodopiava na pista com e até mesmo puxava e para dançarem juntas.
Ele queria se aproximar. Queria puxá-la para um canto mais silencioso, dizer o que estava guardado em seu peito há tanto tempo, deixar claro o que sentia por ela. Mas quando?
O momento certo parecia escapar pelos seus dedos.
Entre uma música e outra, voltava para perto dele para tomar um gole da bebida ou fazer algum comentário aleatório sobre a festa. A cada vez que ela se aproximava, ele sentia seu coração acelerar.
percebeu o estado dele e cutucou seu braço com um sorrisinho travesso.
— Tá esperando o quê? — perguntou, balançando o copo em mãos.
Yugyeom soltou um suspiro pesado.
— O momento certo.
arqueou uma sobrancelha.
— Você quer que os astros se alinhem ou algo assim?
Ele riu sem graça e balançou a cabeça.
— Eu só… quero que seja especial.
revirou os olhos com um sorriso.
— Se ficar esperando pelo momento perfeito, vai acabar vendo ela sair daqui com outra pessoa.
Essa possibilidade fez algo dentro dele se revirar.
Yugyeom passou a língua pelos lábios secos e olhou para novamente. Ela estava jogando os braços para o alto, rindo de algo que dizia, completamente alheia à tempestade de emoções que ele estava sentindo.
Talvez estivesse certa.
Talvez o momento perfeito não existisse.
Talvez ele tivesse que simplesmente… criar o momento.
Delicadamente ele deixou terceira garrafa de cerveja que tomava sobre a mesa, e se aproximou de , colocando as mãos em seus quadris, trazendo-a para mais perto de seu corpo, e não resistiu, apenas fechou os olhos, deixando que o melhor amigo a conduzisse no ritmo da música.
O ritmo envolvente da música vibrava ao redor deles, mas para Yugyeom, o mundo parecia ter se reduzido ao espaço que ele e compartilhavam. Com as mãos firmes nos quadris dela, ele sentia a respiração dela se acelerar levemente, o calor de seus corpos se misturando enquanto ela se entregava à dança sem resistência.
deslizou os braços pelos ombros dele, as pontas dos dedos tocando a nuca de Yugyeom de maneira distraída, enquanto seus corpos se moviam juntos, sincronizados de uma forma quase natural. O toque dele era firme, mas ao mesmo tempo cuidadoso, como se tivesse medo de que qualquer movimento brusco a afastasse.
E então, sem aviso, Yugyeom virou de frente para ele.
Os olhos dela brilharam sob as luzes piscantes da boate, e o ar ao redor deles pareceu ficar mais denso. não recuou, apenas permaneceu ali, o peito subindo e descendo rápido, a respiração ligeiramente irregular.
Yugyeom levantou uma das mãos, deixando os dedos deslizarem suavemente pela lateral do rosto dela, até o polegar pousar na bochecha quente de . Ele sentiu a pele dela arrepiar sob o toque, e algo dentro dele se inflamou.
— … — ele murmurou, quase inaudível diante da música.
Ela não respondeu, apenas umedeceu os lábios, hesitando. Yugyeom sabia que aquele era o limite. Que se ele cruzasse essa linha, nada voltaria a ser como antes. Mas, naquele momento, ele já não se importava mais.
Se aproximou.
Com a ponta do nariz, roçou levemente o dela, dando a ela a chance de recuar se quisesse. Mas permaneceu ali.
E então, finalmente, seus lábios se tocaram.
O beijo começou hesitante, como se ambos testassem os limites um do outro. Mas em segundos, toda a tensão acumulada nos últimos meses explodiu, e Yugyeom aprofundou o beijo, puxando-a para mais perto, sentindo as mãos dela se apertarem em seus ombros. retribuiu na mesma intensidade, como se estivesse se permitindo sentir algo que evitava há muito tempo.
Yugyeom sentia como se estivesse queimando por dentro. Ele a desejava, mas acima de tudo, ele queria que ela o desejasse da mesma forma. Que ela aceitasse o que estava acontecendo entre eles.
Mas então…
se afastou de repente.
Ofegante, ela olhou para ele com os olhos arregalados, uma mão cobrindo os próprios lábios, como se ainda tentasse entender o que havia acabado de acontecer.
— Isso… isso não devia ter acontecido — a voz dela saiu trêmula, carregada de confusão e desespero.
— … — Yugyeom deu um passo à frente, tentando segurá-la, mas ela recuou.
— Me desculpa, Gyeom — foi tudo o que disse antes de virar as costas e desaparecer no meio da multidão.
Yugyeom ficou parado, sentindo o gosto dela ainda em sua boca, o calor do toque dela em sua pele.
E, de repente, a euforia deu lugar ao vazio.
Yugyeom olhou para as amigas, especialmente para que fez um gesto com a cabeça para que ele fosse atrás de , e Yugyeom assim o fez.
Yugyeom saiu apressado da boate, sentindo o ar fresco da noite contrastar com o calor sufocante do ambiente interno. Seus olhos varreram a rua movimentada até que finalmente encontraram , caminhando apressada pela calçada, os braços cruzados contra o próprio corpo como se tentasse se proteger do que quer que estivesse sentindo.
Ele não pensou duas vezes antes de acelerar os passos e, antes que ela pudesse se afastar ainda mais, segurou delicadamente seu braço, forçando-a a parar.
— ! — A voz dele soou mais desesperada do que pretendia.
Ela parou no mesmo instante, mas demorou alguns segundos antes de se virar para encará-lo. Quando o fez, seus olhos estavam carregados de confusão e algo que Yugyeom não soube identificar de imediato — arrependimento, talvez?
— Me solta, Gyeom — ela murmurou, sem força de verdade para puxar o braço de volta.
— Não. — Ele manteve o olhar fixo no dela. — Você saiu correndo como se tivesse cometido um erro terrível.
— E não foi isso? — Ela riu, mas não havia humor algum na risada. — A gente se beijou, Gyeom. Nós dois. Isso nunca deveria ter acontecido!
— E por quê não? — A voz dele soou baixa, mas intensa.
piscou algumas vezes, parecendo atordoada com a pergunta.
— Porque… porque nós somos melhores amigos. — Sua voz tremeu um pouco. — Porque eu não posso perder você…
— Você não vai me perder — ele rebateu rapidamente. — Mas eu não vou fingir que esse beijo não significou nada, . Não pra mim.
Ela fechou os olhos por um instante, respirando fundo, tentando organizar os pensamentos que pareciam uma bagunça dentro dela.
— Eu não sei o que fazer com isso, Gyeom. Eu simplesmente… não sei.
Ele hesitou por um segundo antes de soltar seu braço, mas sem se afastar.
— Então me diz só uma coisa, e eu prometo que te deixo ir — ele disse, a voz mais baixa agora. — Se não tivesse significado nada pra você, você teria fugido assim?
Ainda sem saber como lidar com aquilo, deu um passo para trás, desviando o olhar antes de finalmente virar as costas para tentar ir embora outra vez, mas Yugyeom a impediu novamente, puxando o corpo dela de encontro ao seu outra vez.
— Nós vamos conversar, , eu não posso mais ficar assim.
— Me solta Gyeom! Por favor! — os olhos dela se encheram ainda mais de lágrimas e Yugyeom intensificou um pouco o toque no pulso dela.
— Eu não posso… Eu luto ! Eu luto contra esses sentimentos por você.
— Sentimentos Gyeom? — a voz dela falhou enquanto algumas lágrimas começavam a escorrer por sua bochecha quente.
— Eu tenho sentimentos por você ! Sentimentos que eu escondo. — foi a vez dos olhos de Yugyeom marejaram enquanto ele tentava encontrar as palavras.
—Não diga Yugyeom! Eu não tenho energia para arriscar mais um coração partido, quando tudo que eu ainda sinto pelo Jungkook já está me matando.
As palavras de atingiram Yugyeom como um soco no estômago. Ele sentiu o ar escapar de seus pulmões por um momento, como se seu corpo tivesse esquecido como respirar.
Jungkook.
Mesmo depois de tudo.
Mesmo depois de ele ter esperado, de ter se segurado por tanto tempo, de ter colocado os sentimentos que tinha por ela em segundo plano para não pressioná-la. No fim, ainda era Jungkook. Ainda era ele quem habitava o coração de .
A garganta de Yugyeom se apertou, e ele teve que piscar várias vezes para afastar as lágrimas que ameaçavam cair. Ele não queria chorar na frente dela. Não queria parecer fraco, vulnerável. Mas como poderia não se sentir assim? Como poderia ignorar a dor que crescia dentro dele ao perceber que, talvez, não importasse o que fizesse, nunca seria suficiente?
Ele soltou o pulso dela devagar, como se finalmente entendesse que não havia nada que pudesse fazer para segurá-la, pelo menos não agora.
— Eu… — Ele tentou falar, mas sua voz falhou. Ele passou uma das mãos pelo rosto, rindo sem humor. — Claro que ainda é sobre ele.
estremeceu ao ouvir o tom magoado de sua voz.
— Gyeom…
— Se ele fosse a pessoa certa, você não estaria assim agora. Não é desse tipo de amor que você precisa. Você tem tanta sede , e sabe que beber dessa fonte rasa não será suficiente, mas mesmo assim você bebe! E cá entre nós, você realmente nunca percebeu o que eu sinto?
— Não diga mais nada Yugyeom! — tapou os ouvidos com as mãos, como uma criança birrenta que não quer ouvir a bronca dos pais — Estou feliz por não saber! Eu tenho ignorado todos os sinais, e é melhor assim para nós dois! Tenho certeza que não é nada além de um coração palpitante... Uma confusão da sua cabeça por causa do tempo que convivemos juntos.
Ele passou as mãos pelos cabelos, respirando fundo. continuou:
— Todas as nossas amigas, elas estão tentando fazer a gente ficar juntos, eu sei, mas Yugyeom, eu digo: outra pessoa seria muito melhor para você! A Li Hua, ela combina tanto com você, você e ela estavam indo bem... eu…
— Eu só queria que você enxergasse o que eu sinto por você — Yugyeom a cortou, sua voz carregada de dor. — Mas eu acho que, pra você, eu sempre vou ser só o Gyeom, né? O melhor amigo que tá sempre por perto, que sempre cuida, mas que nunca vai ser suficiente.
fechou os olhos com força, sentindo o peito doer ao ouvi-lo dizer aquilo.
— Não é assim, Gyeom…
Ele riu de novo, mas dessa vez havia uma amargura cortante no som.
— Não é? Então me diz… se eu beijasse você de novo agora, você ainda pensaria nele?
O silêncio dela foi a resposta que ele não queria ouvir.
Yugyeom assentiu devagar, engolindo seco.
— Eu entendi. — Sua voz saiu baixa, resignada. — Eu sempre entendo, né?
Ele deu um passo para trás, desviando o olhar.
— Vai, . Vai atrás dele se é isso que você quer. Eu não vou mais te segurar.
Ela quis dizer algo, qualquer coisa, mas as palavras ficaram presas na garganta. Então, sem saber o que fazer, sem forças para continuar ali, ela virou as costas e foi embora.
E dessa vez, Yugyeom a deixou ir.
se afundou no banco traseiro do carro de aplicativo, abraçando o próprio corpo como se precisasse se manter unida. O peito doía, como se estivesse carregando o peso de algo que não sabia nomear.
As palavras de Yugyeom ainda ecoavam em sua mente.
"Eu luto contra esses sentimentos por você."
"Se eu beijasse você de novo agora, você ainda pensaria nele?"
Ela fechou os olhos com força, sentindo o coração bater contra as costelas. Não queria pensar, mas sua mente parecia não lhe dar escolha. O beijo com Yugyeom… a forma como ele segurou seu rosto, o jeito como seus lábios se encaixaram nos dele… tinha sido quente, envolvente. Mas então, no segundo seguinte, a culpa a atingiu como um soco.
Por quê?
Por que, depois de tudo o que Jungkook fez, depois da dor que ele causou, era ele quem ainda ocupava sua mente?
Ela mordeu o lábio, olhando pela janela quando o carro começou a desacelerar. Reconheceu o local antes mesmo do motorista anunciar que tinham chegado.
Ela respirou fundo, sentindo uma onda de lembranças a atingir. A única vez em que estivera ali tinha sido meses atrás, para um encontro às cegas que uma amiga havia insistido que ela fizesse.
Mas Jungkook apareceu.
Não por acaso.
Ela sabia que não foi coincidência. Ele não admitiu, mas sempre suspeitou que ele havia feito tudo de propósito para impedir que ela conhecesse alguém…
Por quê?
O que Jungkook queria afinal? Ele nunca foi claro, nunca disse as palavras exatas, mas também nunca a deixou seguir em frente. Sempre ali, orbitando ao redor dela, sabotando qualquer chance que ela tivesse de esquecê-lo.
O motorista pigarreou baixinho, chamando sua atenção.
— Chegamos.
piscou algumas vezes, puxando o ar antes de agradecer e sair do carro.
Seu coração batia acelerado conforme ela se aproximava da entrada do bar.
O que ela estava fazendo?
Ela não sabia. Mas mesmo assim, empurrou a porta e entrou, seus olhos percorrendo o ambiente em busca dele.
atravessou o bar com passos hesitantes, sentindo o coração martelar no peito. O ambiente estava movimentado, o burburinho das conversas se misturando à música ambiente, e ela se perguntava se realmente esperava encontrá-lo ali ou se só estava se agarrando a uma desculpa para vê-lo mais uma vez.
Seus olhos vagavam pelo espaço, analisando rostos, desviando-se de olhares curiosos, até que finalmente o encontrou.
Jungkook estava sentado em uma mesa mais afastada, cercado por algumas pessoas, entre elas algumas mulheres que pareciam bastante interessadas nele.
O estômago de revirou.
Ele estava inclinado para trás, relaxado contra o assento, um copo na mão e um sorriso fácil nos lábios enquanto conversava.
Parecia despreocupado. Intocável. Como se nada no mundo pudesse abalar a sua paz.
Ela sentiu um aperto no peito.
Por que diabos tinha vindo até ali?
Antes que pudesse se obrigar a ir embora, os olhos de Jungkook se ergueram e a encontraram.
O sorriso dele vacilou por um segundo.
não desviou o olhar.
Ela permaneceu ali, perto o suficiente para que ele a visse. Para que soubesse que ela estava ali.
Jungkook pigarreou e colocou o copo de uísque sobre a mesa antes de se levantar e caminhar lentamente na direção dela.
— Devo separar uma mesa para você e suas amigas? Ou ao que devo a honra da sua visita?
Jungkook ergueu a mão, se atrevendo a tocar a bochecha dela e a limpar a lágrima teimosa que escorreu.
sentiu um arrepio percorrer seu corpo quando os dedos de Jungkook tocaram sua pele quente. Seu toque era firme, mas ao mesmo tempo surpreendentemente cuidadoso ao limpar a lágrima que deslizava por sua bochecha.
Ela fechou os olhos por um breve instante antes de erguer a mão e segurar o braço dele, impedindo que ele se afastasse. Sua respiração estava pesada, os sentimentos misturados, a raiva, a saudade, a dor. Tudo se acumulava dentro dela como uma tempestade prestes a explodir.
Jungkook manteve a mão ali, seus olhos escuros analisando cada mínimo detalhe da expressão dela.
— Não chora — pediu baixinho, sua voz carregando um tom que quase soava como um pedido de desculpas.
soltou uma risada curta e sem humor, finalmente abrindo os olhos e o encarando.
— Por que você não jogou limpo comigo, Jungkook?
Ele piscou, surpreso, mas permaneceu em silêncio.
— Por que você estragou aquele encontro? — insistiu, sua voz embargada, mas cheia de indignação. — Por que me fez acreditar que eu tinha te perdido, quando na verdade você nunca me deixou partir?
Jungkook inspirou fundo, passando a língua pelos lábios enquanto desviava o olhar por um momento.
apertou o braço dele com mais força.
— Você sempre esteve ali, sempre me vigiando, sempre dando um jeito de me manter perto, mas sem nunca me deixar realmente te alcançar… — ela balançou a cabeça, sentindo as lágrimas voltarem a se formar. — Por quê? O que você queria de mim, Jungkook?
— Vamos para o meu escritório … — ela o interrompeu —
— Eu quero respostas Jungkook! Eu fui realmente só mais uma para você? Ou eu fui alguma espécie de vingança contra o Yugyeom? Porque eu sempre senti que não? Porque você agiu tão diferente comigo e depois me descartou sem a menor piedade? — As mãos dela lhe agarraram o colarinho da camiseta.
Jungkook suspirou, passando a mão pelos cabelos antes de encará-la novamente.
— Não era para ser .
As palavras saíram de sua boca de forma simples, como se fossem definitivas, mas para ela não eram. Nunca seriam.
— Não era pra ser ou você não quis? — a voz dela tremeu, mas não fraquejou. Seus olhos estavam cravados nos dele, buscando qualquer resquício de verdade por trás daquela máscara indiferente que ele insistia em usar.
Ele abriu a boca para responder, mas continuou, sua frustração transbordando em palavras.
— Era medo ou você não estava disposto? — seus dedos apertaram ainda mais o colarinho da camiseta dele. — Você não estava pronto ou só queria molhar os pés com indisponibilidade para mergulhar fundo?
Jungkook sentiu um aperto no peito. As perguntas dela o atingiam como facadas, porque, no fundo, ele sabia que não tinha todas as respostas. Ou talvez tivesse, mas nunca teve coragem de dizê-las em voz alta.
— Você não entenderia, entenderia ? Ninguém nunca entendeu… — ele sussurrou tirando as mãos dela de cima dele — Eu sou uma granada! Estrago tudo que toco por tempo demais, e você merece alguém melhor. O Yugyeom é apaixonado por você, nunca percebeu? Porque não dá uma chance a ele e acaba logo com essa dor que eu causei?
soltou mais uma risada amarga e então limpou as próprias lágrimas que caiam outra vez.
— É fácil não é? Para você, descartar as pessoas assim, usá-las. O Yugyeom é como um irmão para mim e eu jamais teria coragem de usá-lo para apagar uma dor que ele não é o responsável!
Jungkook suspirou, desviando o olhar por um instante. O bar começava a ficar mais barulhento, a música aumentando conforme a noite avançava. Ele olhou de volta para , que ainda o encarava com aqueles olhos cheios de mágoa e desafio.
Sem dizer nada, ele segurou sua mão e a puxou para fora do bar. Ela não protestou, apenas o acompanhou, sentindo a pulsação acelerada no peito. Quando chegaram à calçada, longe do barulho e das pessoas, Jungkook finalmente parou, mas não soltou sua mão.
— Eu nunca quis usá-la — ele murmurou, a voz rouca e carregada de algo que não conseguia decifrar completamente.
Ela soltou uma risada sem humor.
— Não? Então o que foi, Jungkook? Porque você me fez acreditar que era diferente?
Ele não respondeu de imediato. Em vez disso, ergueu a mão e deslizou os dedos pelo rosto dela, traçando o caminho das lágrimas que haviam secado. sentiu a respiração falhar, o coração martelando contra o peito.
— Você sempre foi diferente — ele sussurrou.
E então aconteceu.
Jungkook inclinou-se para ela, e não se afastou. Pelo contrário, ela se viu presa naquele momento, naquele olhar carregado de tudo o que ele nunca disse. Quando seus lábios se tocaram, foi como se todo o peso das palavras não ditas finalmente encontrasse um escape.
O beijo começou hesitante, mas rapidamente se tornou intenso, urgente, como se ambos estivessem tentando recuperar algo que nunca puderam ter completamente. Jungkook segurou seu rosto com as duas mãos, aprofundando o beijo, puxando-a ainda mais para perto.
sentiu as mãos dele deslizarem por sua cintura, o corpo quente contra o seu. Por um momento, ela se permitiu afundar naquele beijo, naquele gosto amargo de uísque e saudade.
Mas então, como se um alarme tivesse soado dentro de sua mente, ela se afastou, ofegante.
Os olhos de Jungkook estavam escuros, intensos, e por um segundo, parecia que ele ia puxá-la de volta.
— Eu… — balançou a cabeça, dando um passo para trás. — Isso não deveria ter acontecido.
Jungkook permaneceu em silêncio, os lábios ainda entreabertos, como se estivesse prestes a protestar. Ele respirou fundo, passando a língua pelos próprios lábios antes de murmurar:
— Eu sei que foi um erro. Sei que seguir com isso entre nós é um terrível erro.
fechou os olhos com força, tentando conter a dor que parecia queimar dentro dela.
— Mas que culpa eu tenho? — Jungkook continuou, sua voz carregada de frustração e desejo. — Que culpa eu tenho se, toda vez que você está perto, eu esqueço que deveria me afastar?
E então, antes que ela pudesse processar suas palavras, ele a puxou de volta.
O segundo beijo veio mais intenso, mais desesperado, como se fosse um grito silencioso de tudo o que eles estavam tentando negar. As mãos de Jungkook deslizaram para a nuca dela, aprofundando o contato, enquanto agarrou a camiseta dele, puxando-o para mais perto, querendo se perder naquele momento, naquela sensação, naquele gosto dele que nunca saía de sua mente.
Quando finalmente se afastaram, os olhos dela estavam marejados, a respiração acelerada.
— Eu não quero desistir de você — confessou, a voz falha. — Mas eu também não sei como fazer você ficar, e ambos doem com a mesma intensidade.
Ela deu um passo para trás, e então outro, pronta para ir embora mais uma vez, pronta para fugir da confusão que era Jungkook e tudo o que ele despertava nela.
Mas antes que pudesse dar as costas completamente, a voz dele a prendeu no lugar.
— Eu matei meus pais, .
Seu corpo congelou. O ar pareceu se esvair dos pulmões dela, e sua mente levou alguns segundos para processar aquelas palavras.
Ela se virou lentamente, os olhos arregalados fixos nele.
Jungkook continuava parado ali, os ombros tensos, a expressão indecifrável, mas os olhos… os olhos dele estavam marejados, carregados de uma dor que jamais tinha visto antes.
O silêncio entre os dois se tornou ensurdecedor.
— Eu matei os meus pais… — ele repetiu, mais alto dessa vez — Você entende agora? Eu não posso amar ninguém, não mereço amar ninguém e não mereço que ninguém me ame!
sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Seu coração disparou, não pela confissão, mas pela forma como ele dizia aquilo, carregado de uma dor que ela sequer podia imaginar.
— O que você disse? — Sua voz saiu num sussurro, e ela deu um passo hesitante na direção dele.
Jungkook balançou a cabeça, apertando os punhos ao lado do corpo, como se tentasse conter algo que há muito ameaçava transbordar.
E então transbordou.
Ele desabou.
O corpo dele cedeu sob o peso da culpa que carregava, e antes que ele pudesse se afastar, o puxou para seus braços.
— Jungkook… — ela murmurou contra os cabelos dele, sentindo seu corpo tremer violentamente.
Os soluços vieram fortes, rasgando a garganta dele como uma ferida aberta que nunca cicatrizou.
— Foi minha culpa… — Ele mal conseguia falar entre o choro descontrolado. — Eu… eu fiz eles perderem a razão… Eu estava bêbado… Nós brigamos e eu saí de casa… Se eles não tivessem saído de casa naquela noite…
fechou os olhos, sentindo o peito apertar com o sofrimento dele.
— Eu ouvi o barulho… A batida… Eu vi… Vi os corpos deles… E não pude fazer nada…
As palavras dele eram como facas afiadas cortando o próprio coração. apertou os braços ao redor dele, como se pudesse segurá-lo inteiro, como se pudesse arrancar aquela dor de dentro dele.
— Eu nunca me perdoei, … — Ele ergueu o rosto para olhá-la, os olhos vermelhos, marejados, destruídos. — Eu nunca vou me perdoar.
passou os dedos pelos cabelos dele, sua própria garganta travando com a emoção.
— Você era só um garoto, Jungkook…
Ele riu sem humor, balançando a cabeça.
— Eu era um monstro. Eu sou um monstro.
Ela segurou o rosto dele entre as mãos, obrigando-o a encará-la.
— Você não é um monstro.
Ele desviou o olhar, os lábios tremendo, mas não o soltou.
— Você não é um monstro, Jungkook… — repetiu com firmeza, mesmo que seu coração batesse pesado dentro do peito.
Ela sabia que aquelas palavras talvez nunca fossem o suficiente para ele. Mas, ainda assim, queria que ele as ouvisse.
— Você precisa se afastar de mim, , eu não posso estragar você! Você não pode morrer, eu não posso acabar com a sua vida.
— Eu não vou morrer por estar ao seu lado Jungkook, calma! — segurou o rosto dele entre as mãos — Você não teve culpa foi uma fatalidade.
— Não! — Ele balançou a cabeça em negativa freneticamente — Não foi, foi minha culpa! Estava chovendo tanto, e eles só queriam o meu bem! E olha o que eu dei a eles em troca! Eles morreram diante dos meus olhos, indo atrás de mim, tentando me convencer a ter uma vida melhor, a ser alguém melhor…
— Então quem sabe agora não tá na hora Jungkook? Quem sabe agora não é hora de você se livrar desse peso todo e pensar no que eles queriam para você… você não está sozinho e sabe disso.
— Não quero te envolver nisso! O buraco no meu peito é mais fundo do que você imagina! Vai embora , pro seu bem.
olhou nos olhos dele, seus dedos ainda pressionados contra seu rosto, tentando transmitir uma calma que ela sabia que ele não conseguiria sentir tão facilmente. Ela abriu a boca para falar, mas as palavras não vinham, o peso das suas emoções quase a sufocando. Ela podia ver a dor em cada gesto de Jungkook, a angústia que o consumia.
Ele soltou sua mão com um movimento brusco, como se fosse a única forma de se afastar da verdade que parecia estar esmagando os dois. Seus olhos estavam preenchidos com uma tristeza profunda, e seu corpo tremia, a batalha interna mais forte do que qualquer coisa que pudesse dizer.
— É melhor você fugir de mim, — ele disse, a voz baixa, mas firme. — É melhor você pegar a sua estrada, melhor levantar e sair. Não chegue muito perto, porque eu sou uma avalanche rolando montanha abaixo. E eu continuo rolando, rolando, rolando…
deu um passo para trás, o coração apertado, mas não recuou completamente. Ela queria protestar, queria fazer com que ele visse o quanto ela se importava, mas ele a interrompeu.
— É melhor você fugir de mim, — ele repetiu, agora com um tom quase desesperado, — E mesmo que eu implore, não perca seu tempo, . Porque eu sou um lar quebrado. É melhor você ficar sozinha do que comigo. É melhor você fugir de mim antes que eu pegue sua alma também.
As palavras dele estavam cheias de dor, e soube, naquele momento, que não havia nada que ela pudesse fazer para aliviar o sofrimento dele. Mas ela não podia ir embora. Não assim. Ela não poderia abandoná-lo, não depois de tudo o que eles tinham compartilhado.
Jungkook olhou para ela mais uma vez, mas os olhos dele estavam fechados, como se ele não fosse mais capaz de suportar nem mais um segundo daquele contato. Ele virou-se abruptamente e entrou de volta no bar, desaparecendo nas sombras, deixando parada ali, sozinha, com um vazio no peito que ela sabia que só ele poderia preencher.
Ela permaneceu ali por um momento, sem saber o que fazer, antes de finalmente dar meia-volta e seguir seu próprio caminho, o coração pesado com a decisão que Jungkook acabara de tomar por ambos.
— Dios mío… — murmurou em voz baixa, observando seu próprio reflexo. — Respira, … respira…
Levou uma das mãos ao peito, tentando controlar o ritmo do coração, que parecia bater alto demais. O simples fato de estar prestes a conhecer os pais de Jimin já era suficiente para deixá-la à beira de um ataque de nervos.
— No pasa nada… tranquila… tú puedes hacerlo… — sussurrou em espanhol, como se repetir aquelas palavras bastasse para fazê-las verdadeiras.
Fechou os olhos por alguns segundos e continuou, quase como um mantra para si mesma:
— Eres fuerte… eres capaz… y Jimin te quiere, eso es lo que importa…
Abriu os olhos devagar, encarando a si mesma com mais firmeza. Mesmo assim, a insegurança ainda latejava no fundo de seus pensamentos. E se eles não gostassem dela? E se achassem que ela não era boa o suficiente para o filho deles?
Mordeu o lábio inferior e pegou o batom novamente, mesmo sem necessidade, só para ter algo com que ocupar as mãos.
— No te pongas loca ahora, … — ela riu nervosamente, balançando a cabeça.
Sabia que Jimin estava ao seu lado, que a amava de verdade. Mas, ainda assim, o peso daquela ocasião era real, e seu estômago parecia cheio de borboletas — ou de um furacão inteiro.
Pegou a bolsa sobre a cama e saiu do quarto, caminhando rapidamente até a sala, encontrando deitada em um dos sofás, lendo calmamente seu livro da vez. A amiga não ergueu os olhos, apenas sorriu discretamente.
— Você está uma pilha de nervos, não é? Não se esqueça que eles são coreanos e você precisa conversar com eles na língua deles, e não na sua língua materna.
bufou baixinho, ainda parada no vão entre o corredor e a sala, encarando com um meio sorriso cansado. Aquela garota podia estar com os olhos presos nas páginas de um livro, mas conhecia cada nuance da alma de como se lesse o próprio texto escrito em sua pele.
O sorriso de se ampliou levemente, sem desviar o olhar das páginas.
— E nada de espanhol no meio da conversa, hein? — completou, divertida. — Você sabe como fica quando está nervosa… tagarelando mais rápido que o pensamento.
revirou os olhos, mas não conseguiu conter uma risada nervosa.
— ¿Yo? ¿Tagarear? No lo creo… — respondeu em voz baixa, em um espanhol rápido, só para provocar.
ergueu os olhos por cima do livro e arqueou uma sobrancelha.
— Viu? — disse, seca e certeira.
soltou uma nova risada, dessa vez um pouco mais leve. Ela sabia. sabia. Quando ficava nervosa, ansiosa ou emocional demais, o espanhol escapava por seus lábios como um reflexo, um instinto de sobrevivência emocional. Era o idioma do seu coração, da sua infância, daquilo que a fazia sentir-se segura — e, exatamente por isso, era o primeiro a vir à tona quando tudo parecia instável demais.
— Eu só queria que fosse mais fácil — desabafou, ajeitando a bolsa no ombro. — Conhecer os pais de alguém já é tenso, agora imagina... em outra cultura, em outra língua...
fechou o livro e apoiou o queixo na mão, encarando a amiga com ternura.
— Jimin te ama. E você é maravilhosa. Isso já coloca você à frente de qualquer receio.
respirou fundo mais uma vez e assentiu, murmurando um último “Gracias…” antes de caminhar em direção à porta. Era hora de encarar o mundo — e os pais de Jimin.
desceu os últimos degraus com o coração disparado. O vento frio da manhã tocou seu rosto assim que atravessou as portas do prédio, e ela apertou a alça da bolsa no ombro, respirando fundo.
Antes mesmo de alcançar a calçada, sentiu o celular vibrar dentro da bolsa. Parou por um segundo, abriu o zíper e puxou o aparelho, desbloqueando a tela com os dedos ainda um pouco trêmulos.
Mensagem de Jimin 🖤 “Já estou aqui em frente. Te esperando, preciosa.”
sorriu de leve, o coração batendo ainda mais rápido ao ler o apelido carinhoso. Seus olhos vasculharam a rua até encontrarem o carro dele estacionado bem próximo dali. Jimin, do lado de fora, encostado na lataria preta do carro, vestia um suéter creme e jeans escuros, sorrindo ao vê-la.
O estômago dela deu uma leve revirada. Nervosismo e borboletas — uma combinação perigosa.
Ela guardou o celular rapidamente, ajeitou o casaco e caminhou até ele, tentando parecer mais confiante do que realmente estava.
Jimin se endireitou e abriu os braços de forma sutil assim que ela se aproximou.
— Uau… — ele disse em voz baixa, apreciando a imagem dela. — Você está linda, .
Ela riu, sem jeito, escondendo parte do rosto na gola do casaco.
— E você está sempre me elogiando… assim não dá, Jimin.
— Eu só falo verdades — ele piscou, abrindo a porta do carro para ela com um gesto elegante. — Vamos?
assentiu, respirando fundo mais uma vez antes de entrar no carro. Era hora de conhecer os pais do homem que fazia seu coração parecer uma escola de samba.
Assim que Jimin entrou no carro e deu a volta para assumir o volante, o observou de soslaio, sem dizer nada no primeiro momento. Ele deu partida, e o carro deslizou suavemente pela rua, mas algo em seu semblante estava diferente. Não havia o sorriso fácil, nem os olhares brincalhões que ele costumava lançar a ela nos primeiros minutos de qualquer encontro.
cruzou as pernas e ajeitou a bolsa sobre o colo, olhando discretamente para ele outra vez. As mãos de Jimin seguravam o volante com firmeza incomum, os olhos estavam focados na estrada, e o maxilar levemente travado.
Ela pigarreou baixo, tentando quebrar o silêncio leve que pairava dentro do carro.
— Você parece mais... sério hoje — comentou, com um tom gentil e curioso. — Está tudo bem?
Jimin desviou os olhos da rua por um breve segundo e sorriu de canto, mas o sorriso não chegou aos olhos.
— Tá tudo certo, sim… só estou um pouco pensativo, talvez. — Ele respirou fundo, voltando a olhar para a frente. — Coisas de família, sabe?
assentiu devagar, compreensiva.
— Eu entendo... você está nervoso por causa do jantar?
— Um pouco. — Ele riu, mas dessa vez foi mais sincero. — Minha mãe é… intensa. E meu pai é mais quieto que eu. É como se ela falasse pelos dois — brincou, tentando aliviar o próprio nervosismo.
sorriu de volta, tocando suavemente no braço dele.
— Vai dar tudo certo. Se eles forem parecidos com você, então não tenho com o que me preocupar.
Jimin a olhou por um breve segundo, e seus olhos pareceram mais calmos. Ainda havia alguma coisa o incomodando, mas ele não queria assustá-la.
— Obrigado por vir, de verdade — ele disse, e havia algo sincero e vulnerável naquela frase. — Significa muito pra mim.
segurou o olhar dele por mais alguns segundos, antes de voltar a fitar a paisagem do lado de fora.
Ela sentia que aquele almoço não seria apenas um encontro casual com os pais de Jimin. Tinha algo a mais... e estava disposta a descobrir o que era.
O restante do trajeto foi envolto por um silêncio suave, quase confortável. A cidade se desenrolava do lado de fora das janelas, com seus prédios altos e pessoas apressadas, mas dentro do carro tudo parecia desacelerado.
cruzava e descruzava as pernas de tempos em tempos, alisava a barra dor próprio vestido e mordia o lábio inferior, como se cada movimento fosse uma tentativa de dissipar a tensão que se acumulava em seu peito. Ela tentava controlar a ansiedade, mas o nervosismo insistia em se instalar feito uma névoa.
Em um dos semáforos, o carro parou, e Jimin, sem desviar o olhar da frente, levou a mão até a coxa dela, acariciando suavemente por cima do tecido do vestido. O gesto foi firme, porém carinhoso — e tinha algo reconfortante nele, como se dissesse "tô aqui com você", sem precisar usar palavras.
olhou para ele de relance e sorriu fraco. Ainda nervosa, ainda com mil pensamentos cruzando sua mente, mas de certa forma, aquele simples toque fez com que parte da tensão se dissolvesse.
O carro voltou a se mover quando o sinal abriu, e Jimin ainda não soltou a perna dela por completo, deixando os dedos repousarem ali, distraidamente, como se aquele contato também o acalmasse.
fechou os olhos por um breve instante, respirando fundo.
Ela sabia que, ao cruzar aquela porta, as coisas poderiam mudar — e talvez aquele almoço fosse um divisor de águas não só para Jimin… mas para os dois.
Assim que o carro estacionou diante da casa, sentiu seu estômago dar um leve nó. Era uma casa tradicional, de linhas elegantes e bem cuidadas, com detalhes em madeira escura e um jardim simples, mas impecável. Jimin saiu primeiro, deu a volta rapidamente e abriu a porta para ela. respirou fundo antes de descer e entrelaçar os dedos aos dele, recebendo um breve e delicado aperto como incentivo.
Subiram os poucos degraus até a porta principal, e Jimin tocou a campainha uma única vez. Poucos segundos depois, a porta se abriu, revelando um homem de semblante rígido, expressão neutra e olhos escuros que imediatamente analisaram dos pés à cabeça. Era o pai de Jimin.
— Pai… essa é a . — Jimin disse em coreano, mantendo a postura respeitosa.
O homem fez um leve movimento com a cabeça, como uma saudação silenciosa, mas não sorriu. Os olhos voltaram a , e por um instante ela hesitou, mas então curvou-se educadamente, seguindo o costume.
— Olá, senhor Park. É uma honra conhecê-lo. — disse em coreano, sua voz firme apesar do coração disparado no peito.
O senhor Park respondeu apenas com um breve “Uhum”, antes de dar um passo para o lado, abrindo mais a porta para que os dois entrassem.
A casa por dentro era tão organizada quanto o exterior. Havia silêncio no ar, como se cada passo de fosse cuidadosamente medido para não perturbar aquele ambiente tão sério. Ela se sentia observada, avaliada — o tipo de sensação que não a intimidava com frequência, mas que agora se misturava ao peso de querer agradar.
O pai de Jimin os conduziu até a sala de estar sem trocar muitas palavras. Sentou-se em uma das poltronas e fez um gesto discreto com a cabeça, indicando que poderiam se sentar também. O silêncio se alongou por mais alguns segundos, até que ele finalmente falou, ainda com a voz baixa e direta:
— A comida está quase pronta. A sua mãe está terminando os preparativos.
E então voltou a olhar para a televisão, sem perguntar mais nada, sem comentar sobre o namoro do filho ou fazer qualquer tentativa de interação com .
Ela trocou um olhar rápido com Jimin, que apenas sorriu de canto e, discretamente, segurou sua mão por baixo da mesinha de centro, como quem dizia: “Calma. Ele é sempre assim.”
Alguns minutos depois, a mãe de Jimin surgiu no vão da porta da cozinha, enxugando as mãos em um pano de prato florido, com um sorriso largo… que imediatamente diminuiu ao ver de perto.
— Ah, vocês chegaram! — ela disse, animada, mas o olhar escorregou por com evidente análise. — Então… você é a famosa , hum?
se levantou imediatamente, inclinando-se com educação.
— Olá, senhora Park. É um prazer conhecê-la. Obrigada por nos receber. — sua voz saiu firme, mas cordial.
A mulher se aproximou, fingindo um sorriso simpático, mas sem disfarçar o tom mais afiado na resposta:
— Um prazer… sim. Eu ouvi muito sobre você. — seus olhos pousaram no cabelo escuro de , na pele morena, na postura segura. — Latina, não é?
Jimin, que ainda estava sentado, apertou os olhos discretamente. Ele já conhecia aquele tom.
— Sim, senhora. Sou cubana. — respondeu com um sorriso sereno, mesmo sentindo o peito se apertar. Sabia muito bem ler nas entrelinhas.
— Hum. Interessante. — a mulher ergueu levemente as sobrancelhas, voltando o pano a descansar sobre o ombro. — Nunca imaginei que meu filho fosse… digamos, tão aberto a culturas diferentes. Sempre pensei que ele escolheria alguém que compartilhasse dos nossos valores, da nossa criação. Mas, claro, o mundo muda, não é?
Jimin se levantou antes que precisasse responder, e colocou-se entre as duas, claramente desconfortável.
— Omma, não começa, por favor.
— Não estou começando nada, querido. Só estou dizendo… é que para uma mãe, essas coisas importam, sabe? Alguém que entenda as tradições da nossa família, que saiba preparar um bom kimchi, que fale o idioma sem sotaque... — ela voltou a olhar para , dessa vez com um sorriso que não alcançava os olhos. — Mas talvez ela aprenda com o tempo, certo?
manteve o sorriso no rosto, embora uma pontada amarga atravessasse seu peito. Já havia enfrentado muitos olhares assim. Muitas palavras disfarçadas de cordialidade.
— Sempre estou disposta a aprender. Com respeito, tudo é possível. — respondeu, com elegância, e então se voltou para Jimin, que parecia pronto para explodir.
A senhora Park suspirou alto e deu meia-volta:
— Vamos comer logo antes que a comida esfrie.
Jimin segurou a mão de com mais força do que antes, guiando-a com ele até a mesa de jantar. , por fora, continuava firme e elegante. Mas por dentro, sentia-se pequena. O gosto do jantar tinha tudo para ser amargo.
O jantar foi servido com capricho — pratos típicos, cuidadosamente preparados pela mãe de Jimin. A mesa estava impecável, o aroma delicioso, mas o clima... pesado. manteve a postura ereta, o sorriso discreto e os olhos atentos. Jimin, ao seu lado, continuava segurando sua mão por baixo da mesa, como uma âncora silenciosa.
— Espero que você esteja acostumada com a comida coreana — disse a senhora Park, servindo uma porção generosa de jjigae no prato de , sem perguntar antes. — Às vezes acho que para pessoas que crescem em culturas muito... temperadas, como a sua, pode ser difícil apreciar sabores mais sutis.
ergueu os olhos, encontrando o olhar da sogra. Não desviou.
— Gosto muito da culinária coreana, senhora Park. E minha cultura também valoriza sabores fortes. Sabe como é, latinos e coreanos têm muita paixão pela comida — respondeu com um sorriso educado.
O pai de Jimin continuava em silêncio, comendo lentamente, os olhos no prato, alheio à tensão crescente.
A mãe dele continuou, dessa vez se dirigindo diretamente a Jimin:
— Você lembra, filho, da filha da sra. Kang? Aquela que trabalha na embaixada? Estava perguntando por você no outro dia. Uma moça linda. Gentil. Sabe se comportar. Fala cinco idiomas, incluindo mandarim.
Jimin apertou os olhos e soltou um suspiro.
— Omma…
— Claro, claro… já passou, né? Só estou dizendo que às vezes fazemos escolhas que parecem certas no começo... — ela olhou de soslaio para , mexendo o arroz com os hashis. — Mas o tempo mostra outras opções, mais... compatíveis.
não respondeu dessa vez. Levou uma colherada à boca e mastigou com calma. Seus olhos continuaram baixos, mas ela sentia o sangue ferver. Apesar de tudo, não cederia. Não naquela mesa. Não diante de Jimin.
— Sua comida está maravilhosa, senhora Park — disse, com educação. — Dá para sentir o carinho no preparo. Espero um dia poder aprender com você.
Por um segundo, a mulher pareceu desconcertada. Não esperava gentileza. Esperava que reagisse, se irritasse — algo que ela pudesse usar como justificativa. Mas não. manteve-se firme como uma rocha.
— Veremos — respondeu apenas, levando o copo de água aos lábios.
Jimin olhou para com orgulho silencioso. E, por mais que tivesse vontade de interromper o jantar ali, sabia que sua mãe só teria vencido se isso acontecesse.
E então, o silêncio voltou a pairar sobre a mesa, espesso como o vapor saindo das tigelas. O jantar estava apenas começando — mas já havia provado que sabia muito bem como se manter à altura, mesmo quando tentavam diminuí-la.
O restante do jantar seguiu em um ritmo tenso e cheio de silêncios constrangedores, pontuado por comentários passivo-agressivos da senhora Park, que ora criticava veladamente a vida no exterior, ora exaltava as tradições que, segundo ela, "nem todos entendem ou respeitam".
se manteve serena, comedida, apenas respondendo quando necessário, com a mesma elegância firme de antes. Internamente, no entanto, sentia o estômago se revirar mais pela angústia do ambiente do que pela comida. A frustração era silenciosa, mas intensa.
Quando terminaram, ela colocou os hashis com calma sobre a tigela, limpou os lábios com o guardanapo e pousou o olhar em Jimin, que também mal havia tocado no prato. O desconforto dele era visível, especialmente pelo jeito inquieto com que olhava da mãe para a namorada e vice-versa.
— Jimin... você pode me mostrar onde é o banheiro? — perguntou baixinho, com um sorriso educado.
Ele assentiu na hora, levantando-se quase de forma automática.
Os dois caminharam até o corredor estreito, e quando chegaram à porta do banheiro, Jimin finalmente falou, sem conseguir segurar mais.
— … eu... sinto muito. Eu deveria ter preparado você melhor. Eu achei que... que minha mãe seria menos dura, ou que talvez ela fosse enxergar você como eu enxergo. E eu tô tentando, de verdade, só…
Mas antes que ele terminasse, levantou uma das mãos, ainda com o mesmo tom calmo — mas agora mais firme.
— Não, Jimin. — Ela olhou para ele com doçura, mas com uma certa tristeza nos olhos. — Eu só quero ir ao banheiro e depois ir embora, tudo bem?
Ele engoliu seco, os olhos brilhando de culpa e frustração, mas assentiu silenciosamente.
— Essa conversa... fica para quando eu estiver com a cabeça mais fria. — ela completou, antes de abrir a porta do banheiro e desaparecer por trás dela, deixando Jimin sozinho no corredor, com o peso da noite sobre os ombros.
havia acabado de sair do banho, vestida com uma calça confortável e um moletom largo. O som ambiente da playlist instrumental que sempre a ajudava a relaxar preenchia suavemente o apartamento. havia saído com Jimin, então ela sabia que estaria sozinha — pelo menos até Yoongi chegar.
Quando a campainha tocou, ela se apressou para secar as mãos e ir até a porta. Sorriu automaticamente ao abrir... mas o sorriso murchou antes mesmo de se formar por completo.
O homem parado do outro lado da porta tinha um semblante tranquilo, carregava uma sacola com ingredientes frescos e usava roupas casuais. Mas havia algo de errado.
O cabelo estava visivelmente mais curto. Nenhum brinco. Nenhum colar. Nenhum dos aneis de prata que ela já associava à sua imagem.
— Oi... — disse ele, com um sorriso pequeno, esperançoso. — ?
Ela não respondeu. Seus olhos correram por todo o rosto dele, tentando capturar alguma lembrança, algum fio de reconhecimento... mas não havia nada. O peito apertou. A confusão, o frio na barriga, o leve tremor nas mãos. Tudo começou a subir, como sempre acontecia quando ela percebia que não sabia quem estava diante dela.
— Está tudo bem? — ele perguntou com delicadeza, mas deu um pequeno passo para trás ao perceber a tensão que ela emanava.
Ela apertou o batente da porta com uma das mãos e engoliu em seco, ainda olhando para ele com um olhar desconfiado, quase assustado.
— Desculpa... — sua voz saiu falha. — Eu... não sei quem você é.
A confusão se espelhava nos olhos de Yoongi, mas durou apenas um segundo. Ele logo entendeu. Seus ombros relaxaram um pouco e ele assentiu, compreensivo.
— Eu cortei o cabelo ontem. Tirei os acessórios também, achei que seria bom dar uma renovada... — Ele levantou a mão devagar, como quem não queria assustá-la, e apontou para a sacola. — Sou eu, Yoongi. Vim preparar o jantar que combinamos. Você me mandou a localização… disse que queria algo com cogumelos.
ficou em silêncio por mais um tempo, absorvendo cada palavra. Respirou fundo. A voz dele era familiar. A entonação. As palavras que usava. As mãos. A maneira como segurava a sacola, com o dedão enroscado na alça, era igual.
Devagar, ela soltou o ar e assentiu. Deu um passo para o lado, abrindo espaço para ele entrar.
— Me desculpa... — ela murmurou, fechando a porta atrás dele. — Às vezes isso ainda me pega de surpresa. Quando alguém muda demais…
Yoongi pousou a sacola na bancada da cozinha e se virou para ela com um olhar calmo e compreensivo.
— Não tem que se desculpar, . Eu deveria ter avisado que ia cortar o cabelo. Eu sei que esses detalhes te ajudam... Me desculpa por não pensar nisso antes.
Ela apenas assentiu, os olhos ainda brilhando um pouco. Mas o peito já não apertava mais como antes.
— Obrigada... por entender.
— Sempre. — ele respondeu, sorrindo de leve antes de arregaçar as mangas. — Agora… posso te impressionar com meu risoto ou você quer me interrogar mais um pouco pra ter certeza que sou eu mesmo?
riu, finalmente, e aquilo bastou para desfazer o nó entre os dois. Ela se aproximou devagar, sentando-se à bancada e o observando iniciar o preparo do jantar, em paz — finalmente segura de que, sim, era Yoongi.
se sentou no banco alto da cozinha, observando enquanto Yoongi começava a separar os ingredientes. O ambiente estava tomado por um silêncio confortável, daqueles que só existe entre pessoas que se gostam e se respeitam.
— Se eu posso ajudar em algo, diga. — ela ofereceu, passando as mãos no pano de prato.
Yoongi sorriu de canto, já mais à vontade.
— Que tal cortar os cogumelos? Em fatias finas.
assentiu com um sorriso e se levantou para pegar uma faca. Yoongi se aproximou, gentil, pegando uma tábua extra para ela e posicionando ao seu lado, na bancada.
— Aqui, princesa das lâminas. — ele brincou, e ela soltou uma risadinha, balançando a cabeça.
— Se eles não ficarem uniformes como os seus e do Jin, não diga que não avisei.
— Confio nos seus instintos. — respondeu ele, antes de se inclinar e deixar um beijo breve na têmpora dela.
sentiu um calor agradável subir por seu pescoço. Cortou o primeiro cogumelo com um pouco de hesitação, mas logo se concentrou no movimento e se viu imersa na atividade. Yoongi, ao lado dela, picava cebola e mexia em panelas com a destreza de quem sabia exatamente o que estava fazendo.
A cada minuto, a cozinha se preenchia com aromas deliciosos e com pequenas trocas de carinho: um toque leve na cintura dela enquanto passava por trás, um roçar proposital de ombros, uma risada abafada quando espirrou com o cheiro da cebola, e ele estendeu um guardanapo de papel como se fosse um gesto dramático e salvador.
— Você cozinha sorrindo. — ela comentou de repente, olhando para ele com carinho.
— É o meu lugar seguro. — respondeu, voltando os olhos para ela. — Igual quando você cuida das plantas. Ou lê seus livros. Você sorri igual.
Ela parou o corte por um instante e o encarou. Não precisavam dizer que se viam um no outro… estava implícito.
Ele se inclinou e a beijou. Rápido, doce, como quem precisava daquela confirmação tátil de que ela estava ali, que estavam bem.
— Quando o risoto estiver pronto, vou querer outro beijo desses. — ele sussurrou contra os lábios dela, ainda com o nariz encostado no dela.
— Só se o risoto for bom. — ela provocou, mordendo levemente o lábio inferior, fazendo-o rir.
— Ah, então eu vou caprichar.
E eles voltaram ao que estavam fazendo: cortando, mexendo, provando. Compartilhando silêncio, risadas e pequenas promessas sem precisar de muitas palavras.
Era só mais um jantar… mas para os dois, era um desses momentos em que o mundo parecia parar por alguns instantes — e tudo, por fim, fazia sentido.
O jantar entre e Yoongi foi leve e cheio de trocas silenciosas. A comida estava deliciosa, e não pôde negar que o risoto que ele havia preparado merecia muitos beijos. Entre garfadas e olhares cúmplices, os dois se alimentaram não apenas da refeição, mas da presença um do outro. Era um daqueles momentos simples, mas que ficava gravado na memória.
Depois, ainda rindo de uma piada qualquer que ele tinha feito sobre os cogumelos terem "vida própria", eles seguiram para a pia, dividindo as tarefas. Enquanto um ensaboava, o outro enxaguava, e a cumplicidade entre eles crescia.
Foi quando a porta do apartamento se abriu e apareceu. Os passos dela eram lentos, e mesmo o sorriso que ofereceu aos dois estava apagado, meio forçado.
— Boa noite, gente… — disse, tirando os sapatos no canto da sala.
e Yoongi se viraram para ela de imediato.
— Oi, amiga… Como foi lá? — perguntou com cautela, já sentindo que algo não estava certo.
— Péssimo. — suspirou. — Depois eu conto com calma, tô com enxaqueca… vou tomar um banho e dormir, tá?
Yoongi deu um breve aceno de cabeça, e se aproximou da amiga para um abraço leve. retribuiu com um suspiro, e então desapareceu pelo corredor.
Assim que ela saiu, Yoongi olhou para e comentou, mais baixo:
— Eu meio que já imaginava... A mãe do Jimin é bem tradicional. Dura. Ela não vai aceitar o namoro dele com uma latina assim tão fácil…
mordeu o lábio inferior e assentiu devagar, se sentando no sofá ao lado dele.
— Isso parte meu coração por ela. — disse, sincera.
— Pelo menos agora ela sabe que tem pra quem voltar. — Yoongi falou, olhando para ela, e logo depois puxando-a para um abraço mais apertado.
Ficaram ali, no sofá, por um tempo, apenas abraçados. O som do vento do lado de fora era o único que preenchia o ambiente, além do som baixo da respiração deles.
Yoongi passou os dedos com delicadeza pelos cabelos de , e quando ela levantou o rosto para ele, o beijo veio naturalmente. Primeiro, lento e doce. Depois, mais profundo, mais intenso.
As mãos dele desceram pelas costas dela, e ela levou uma das mãos à nuca dele, puxando-o ainda mais para si. Havia desejo nos toques, mas também ternura. A conexão entre os dois era tão evidente que o mundo parecia ter desaparecido ao redor.
Yoongi começou a se inclinar, e ela o acompanhou, deitando-se no sofá. Ele pousou o corpo sobre o dela com cuidado, mantendo parte do peso nos braços. As mãos dele deslizaram para a cintura dela, e então para sob a barra da blusa.
Mas quando ele começou a avançar, interrompeu o beijo.
— Yoongi… — ela disse, com a respiração acelerada. — Eu preciso te dizer uma coisa.
Ele se afastou o suficiente para olhar dentro dos olhos dela, preocupado.
— O que foi? Tá tudo bem?
Ela assentiu devagar, corando levemente.
— É que... eu sou virgem.
Yoongi ficou em silêncio por um instante, absorvendo a informação. Depois, tocou o rosto dela com carinho, acariciando a bochecha com o polegar.
— Tá tudo bem. — ele respondeu, com a voz baixa, mas cheia de segurança. — Não precisamos ir além de onde você se sente confortável.
assentiu outra vez, aliviada. Ele sorriu para ela e lhe deixou um beijo na testa, antes de se deitar ao lado dela no sofá e puxá-la para seus braços.
Ficaram assim, enrolados um no outro, em silêncio, apenas sentindo o conforto da presença e o ritmo desacelerado do coração. Para eles, aquilo já era tudo.
Ainda deitado com ela nos braços, Yoongi acariciava com calma os fios do cabelo de , sentindo o corpo dela começar a relaxar novamente contra o seu. O silêncio era leve agora, como se estivesse carregado de cumplicidade. Mas havia algo em sua mente que ele não conseguia ignorar.
— ... — ele murmurou, a voz baixa, quase temendo quebrar a tranquilidade do momento — Posso te perguntar uma coisa?
Ela ergueu levemente os olhos, e assentiu com um pequeno movimento da cabeça.
— Isso... isso de você ainda ser virgem... tem a ver com a sua condição?
respirou fundo. A pergunta não a surpreendia, mas ainda assim, tocar naquele ponto exigia coragem. Ela levou alguns segundos antes de responder, e sua voz saiu serena, mas com um peso sutil de verdade.
— Tem tudo a ver, na verdade. — ela sussurrou, olhando para a lateral do sofá, como se pensasse nas palavras. — Eu desenvolvi a prosopagnosia aos dezoito. Um pouco antes de entrar na faculdade. Até então, eu me relacionava como qualquer garota da minha idade... mas depois, tudo mudou.
Ela mordeu o canto dos lábios e voltou o olhar para ele.
— É muito difícil me envolver com alguém. Não reconhecer rostos, Yoongi... isso mexe com a minha segurança, com a minha autonomia, e com o meu coração também. Amar alguém sem saber se vou reconhecê-lo no dia seguinte... é assustador. — ela fez uma pausa — Você... você é o primeiro homem que eu deixei entrar assim, de verdade. O primeiro que eu deixei ver as partes de mim que eu escondo de todo mundo.
Yoongi a olhou nos olhos com delicadeza, como se tentasse memorizar cada expressão dela, cada traço de seu rosto.
— Obrigado por confiar em mim. — ele disse com sinceridade, apertando um pouco mais o abraço ao redor dela — Eu imagino o quanto isso deve ter sido... solitário, às vezes.
assentiu, os olhos marejando discretamente.
— Foi. Ainda é, às vezes. Mas você faz tudo parecer um pouco menos assustador, sabe? — ela sorriu de leve, com um certo tremor na voz.
Yoongi deixou um beijo suave na testa dela e sussurrou:
— Eu tô aqui. Não vou fugir, nem hoje... nem amanhã. Não precisa se apressar em nada. Só quero estar com você, no tempo que for confortável pra você.
fechou os olhos por alguns instantes, absorvendo aquelas palavras que pareciam um cobertor quente em noite fria.
Ali, naquele sofá, com as luzes da sala baixas e o mundo lá fora desacelerando, ela se permitiu acreditar que talvez amar — e ser amada — não fosse tão impossível quanto sempre imaginou.