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Revisada por: Júpiter

Última Atualização: 05/09/2024

— Então vai voltar para Este Blue? — Aokiji aproximou-se de mim enquanto eu olhava a imensidão azul. Elevei os ombros, não ligava se tivesse que ficar por lá um tempo, ainda mais se fosse para encontrar meu bagunceiro favorito, número um do meu coração.
— Não sei bem, o que esse velhote acha que vai conseguir com isso? — Mantinha meus olhos no horizonte. — Mas vai ser legal rever Luffy-kun.
A fumaça daquele maldito charuto que ojiisan gostava de fumar de vez em quando anunciou sua presença.
— Quero que você fique bem longe do Ace e que tire essa ideia maluca da cabeça do Luffy, ele sempre foi inclinado a ouvir você. — Virei para encará-lo. Os braços cruzados à frente dos seios e uma expressão que dizia “você é maluco” estampou minha face.
— Não sei exatamente de onde você tirou essa ideia de que o Luffy me ouve, Oyaji — disse com certa zombaria na voz. Vovô-Garp gargalhou. — E sabe muito bem que me fazer ficar longe do Ace não muda nada. — Apoiei meu corpo na beira do navio. Aokiji observava a cena, calado, cheguei a pensar que ele tivesse dormido em pé; do jeito que era preguiçoso, não seria a primeira vez. Naquele momento, Monkey D. Garp parou de gargalhar, ficando extremamente sério.
— Vocês são irmãos, isso é… inaceitável.
— NÃO SOMOS IRMÃOS! — gritei, perdendo a paciência. O mar se agitou, fazendo o navio balançar perigosamente. Tentei ficar calma, fechando os olhos e respirando fundo. — Sabe, você querer colocar isso na minha cabeça é doentio, principalmente depois de tudo…
— Não era para ter acontecido. Foram criados juntos.
— Não fomos, não. Já tínhamos quinze anos quando nos conhecemos. — O mar se agitou mais uma vez e lá estava eu, tentando me acalmar novamente.
— Não vamos entrar nessa discussão mais uma vez. Vamos te deixar em Longtail, Luffy vai passar por ali, é certo — vovô findou o assunto. Ele nunca me ouvia. Bufei, rolando os olhos.
— Não precisa me levar. — Comecei a despir aquelas roupas ridículas que ojiisan gostava que eu usasse. Sabe, bem menininha? Segundo ele, eu tinha que ser uma dama delicada, assim como uma rosa, mas nunca deveria permitir que tirassem meus espinhos, pois eles eram minha defesa.
Nem preciso dizer que eu odiava, principalmente a parte de ser delicada, até porque achava que tinha mais espinhos do que a maioria das garotas da minha idade. Talvez fosse por culpa da minha natureza. E quanto à defesa? Eu preferia o ataque.
— M-mas o que você vai fazer? — Oyaji tampou os olhos com uma das mãos.
— Não adianta tentar me podar, Oyaji. — Subi na beira do navio da Marinha, usando apenas o forro do vestido. Os marinheiros até pararam de fazer suas obrigações e ficaram olhando. — O senhor sempre terá o meu respeito, me deu um lugar para chamar de lar, e sempre vou ser grata, por isso eu vim, ante ao seu chamado, mas não posso negar minha natureza. — Naquele momento, Aokiji aproximou-se de mim.
— Eu vou ficar de olho em você… — disse sério. Sorri, fazendo continência com dois dedos, e mergulhei de costas nas águas agitadas. — Pode ficar tranquilo, jīchan, vou cuidar do Luffy-chan — gritei da água e submergi.
A dor das escamas rasgando a pele para assumirem seu lugar, à medida que subiam por meu corpo, fazendo seus desenhos em espiral, era pungente. Apesar de durarem alguns poucos segundos, deixavam um fino rastro de sangue que atraía os monstros gigantescos, conhecidos como reis dos mares. Eu precisava ser rápida.

Ilhas Conomi - Vila de Cocoyasi

Dentre todas as coisas ruins de ser uma Nereida, podia dizer duas que eram realmente boas: super velocidade e super força. Eu até poderia dizer uma terceira, que seria falar com peixes, mas, como era metade humana, não tinha essa habilidade, mas conseguia me virar. Alguns animais marinhos não são tão complexos e os golfinhos são os melhores. Eles são tão fofos!
“Talvez, nesse momento, fosse possível ver estrelas azuis, fofas e brilhantes em meus olhos.”
Pelo que entendi, tinha um usuário de Akuma no mi, afundando no mar.
Como esses comedores da fruta do diabo perdem suas habilidades quando ficam submersos, acredito que ele possa estar precisando de ajuda e talvez ele consiga me ajudar… de algum jeito. É sempre bom manter boas relações, podem salvar sua vida.
Pensava enquanto me dirigia ao local, deixando as pernas tomarem o lugar da cauda. Não seria prudente ser vista em minha forma Nereida.
Acelerei o nado, seguindo a correnteza, e por Netuno...
“Luffy!? Então ele é o usuário de Akuma no mi de quem ouvi falar.”
Mogi-chan afundava, preso a um pedaço de concreto.
Enquanto me aproximava, senti que alguma coisa voou na minha direção e tive que me esquivar para uma marreta não me acertar. Virei, encarando os agressores. Um velhote de bigodes e uma mulher de cabelos azuis. O homem se colocou em posição de luta, à frente da mulher.
“Esses humanos...
Olhei para Luffy, notando que morreria logo se continuasse assim, não era hora de perder tempo com aquela gente. O ergui no colo, estava pesado com aquele bloco de concreto nos pés, mas não daria tempo de quebrá-lo ali. Observando bem, percebi que ele estava com resquícios de tinta de polvo. No minuto seguinte, um certo loiro com sobrancelhas estranhas, que conheci há alguns meses, passou por mim um tanto surpreso.
Logo em seguida, um homem peixe mergulhou atrás do loiro.
“Que merda está acontecendo aqui?”
Perguntei-me, mas não tinha tempo para entender, precisava tirar Luffy da água antes que fosse tarde demais.
Quando emergi, saltando para o chão, soquei o concreto aos pés dele, o quebrando, e comecei a tirar a água de seus pulmões. No entanto, fui impedida de continuar por um homem peixe que parecia um tantinho furioso.
— Vocês dois! — chamei os que tentaram me agredir, pareciam querer ajudar meu borrachudo favorito. “Único, no caso, né?!” — Tirem a água dos pulmões dele, rápido. — Eles logo começaram e, antes que eu pudesse esquivar, o ar me faltou e fui arremessada para longe com o chute que recebi.
— Merda! Isso doeu.
— Uma Nereida protegendo humanos? Onde vamos parar, dessa maneira? — O homem-peixe grande com nariz de serra veio em minha direção, pude sentir o desprezo em suas palavras.
— Aquele humano é muito importante para mim — sorri, me colocando de pé. — Eu não sei quem é você, mas vai se arrepender de ter feito isso.
Tentei me colocar de pé, porém me locomover em terra seca com o corpo coberto de escamas era muito complicado, mas, se eu as escondesse, ficaria completamente nua... Acho que isso não iria ser legal.
— Vou me arrepender, é? — Ele veio para cima de mim e tive que agir rápido. Girei as mãos no chão e o acertei com um golpe que havia aprendido com o loiro que acabei de ver.
Consegui jogá-lo para longe e logo estava de volta na água.
Evitei a transformação de Nereida e avistei o loiro, que estava preso por um homem peixe. Ele não teria chance. Nadei até ele, mas, antes que pudesse chegar, o vi morder o homem que se afastou, o jogando para baixo. O loiro parecia um pouco debilitado. Voltei a nadar em sua direção e selei nossos lábios. Ele não fez objeções, mas logo entendeu que o que eu queria era lhe dar ar e pareceu um pouco decepcionado, mas eu não tinha tempo para suas gracinhas naquele momento. Desabotoei rapidamente sua camisa, a vesti, agarrei seu pulso e nadei de volta à superfície.
— O que foi aquilo? — o loiro perguntou, ofegante, assim que emergiu.
— Longa história. — Não lhe dei atenção, apenas saí correndo para onde estava o Mugi-chan. — Ele ainda está desacordado?
— Saiu muita água de seus pulmões — disseram os dois com quem deixei o Luffy.
— Certo, eu vou inflar e vocês vão fazer pressão no peito dele, mas precisam ser rápidos. — Eles concordaram e assim foi feito. No minuto seguinte, Luffy cuspiu uma grande quantidade de água. Estava de volta a si, tossindo e rindo.
— Ahá, acordei! — disse Mugi-chan, divertido. Em seguida, fitou o velhote que o ajudou de forma séria.
— O que foi? O que foi? — perguntou o velhote, aflito. — Você está bem?
— Ô, tio, cadê o cata-vento? Ele é legal — falou como se nada tivesse acontecido. Não entendi nada e o homem começou a reclamar alguma coisa com ele.
— Esse é meu Mugi-chan! — falei, sentando-me meio mole, no chão. Havia usado muito ar para inflar o borrachudo, então estava meio sem forças naquele momento.
— Cind-san. — Sua voz amoleceu. — Que bom que está aqui, estava com saudades — sorriu largo, fechando os olhos.
— Eu também estava com saudades — sorri e mergulhei, ao ver que o loiro fora jogado na água novamente e ele parecia estar sangrando. Antes de mergulhar, ouvi Luffy gritando.
— Eu voltei!!!!! — sorri enquanto descia. Luffy sempre adorou uma boa confusão.
Submersa, avistei o homem-polvo em disparada na direção do loiro e acelerei o nado. Colocando as garras para fora, o cortei todo.
— Pensei que você fosse um bom nadador — falei para o loiro, quando voltamos à superfície.
— Ele era um homem-polvo, acho que não dava para competir — disse, sentando-se junto aos dois que ajudaram o Mugi-chan.
Deitei-me de bruços, erguendo as pernas, como quem pega um sol.
— Ei, não se senta assim não. — O loiro correu, pegou alguma coisa e jogou sobre meus quadris. — Você não perde a mania de não usar roupa de baixo, né, que coisa.
— É porque incomoda. — Sentei-me ao lado dele, encostando na parede, queria ver meu Mugi-chan dando uma surra naquele homem-peixe. — Ei, Luffy-chan, dá uma surra nesse cara de tubarão aí…
— Ah! “Podeixar”, Cind-sama — gritou ele de volta.
— Sama? — O loiro me encarou. — Nunca ouvi o Luffy falando assim com ninguém.
— Eu sou especial — sorri e pisquei para ele, que levou uma das mãos até o rosto, como quem diz “tô ferrado!”.
— Conheço o Luffy desde que eu tinha quinze anos. Ele tinha doze e nutria uma paixonite por mim. Coisa de criança… O estou vendo, hoje, após longos três anos, então ele não sabe de você. — Levantei e comecei a caminhar para longe. Vestia a blusa do loirinho e tinha seu paletó amarrado na cintura.
— Ei, espera, aí! — Logo o loiro estava ao meu lado. — Por que foi embora aquele dia? Foi uma das melhores noites da minha vida — falou, sonhador. — E aí pela manhã… você não estava mais lá. — Quase pensei que tivesse sido só um sonho, mas meu corpo sabia que não tinha sido só isso.
O observava atentamente enquanto ele falava. A forma como se expressava e o suspiro apaixonado no final.
Sorri, balançando a cabeça para os lados.
De todos os homens com quem eu poderia passar meu quarto cio, eu tinha que ter escolhido um mulherengo, eternamente apaixonado pelas mulheres. Jamais ele encararia aquilo como uma simples noite de sexo casual.
Nos encaramos. Sanji se aproximou, colocando uma mão em minha cintura e ficamos de frente um para outro. Eu, baixinha como era, com meus humildes 1,65, ficava com o topo da cabeça abaixo de seu queixo, já que ele exibia, de cabeça erguida, seus quase 1,80. Tive que olhar para cima e o vi cheirar meus cabelos molhados, os olhos fechados, a face com um sorriso simples. Sabia que ele estava lembrando cada detalhe da nossa noite juntos.
— Sempre penso em você e naquela noite… — Sua voz saiu como um sussurro que apenas eu consegui ouvir, já que estávamos tão próximos que eu conseguia sentir o calor que emanava dele. Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, um estrondo nos sobressaltou. Olhamos para a torre que levava o nome de Arlong Park e tudo estava indo ao chão.
Corremos de volta para onde todos estavam e a comemoração era gigantesca.
— Estamos livres!
— O Arlong Park caiu!
— Finalmente, após oito anos, estamos livres!
Todos gritavam com grande alegria, afinal, estavam livres após tantos anos de sofrimento.
— Ohime-Cind — Luffy correu e me abraçou. — Estava com tantas saudades, fiquei até doente. — Sorri de seu exagero.

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Ojou-Sama. — O loirinho se aproximou. — Luffy estava realmente com saudades, deviam ser muito próximos, não desgrudou de você nem por um segundo. Pelo menos, não até a comida ter ficado pronta. — Sorri.
— Ele tem suas prioridades. — Neste momento, me encontrava no píer, olhando o mar, como sempre fazia, e sendo iluminada pela lua, que me revigorava. O loirinho colocou uma das mãos em minhas costas e parou ao meu lado, bem próximo.
— Fala, loirinho, o que deseja? — sorri e continuei a olhar o horizonte.
— Será que não lembra o meu nome? — A mão escorregou para longe da minha pele. Sorri mais uma vez e o encarei, pousando uma de minhas mãos em seu rosto. Em seguida, peguei seu cigarro e puxei um trago.
— Eu nunca vou esquecê-lo, Sanji. Seria simplesmente impossível. — Soltei a fumaça para o alto. Ele sorriu, mas não parecia satisfeito. — O que houve, o que te intriga?
— Queria saber porque foi embora aquele dia? Fiz algo e…
— Shiiii… — Pousei dois dedos sobre seus lábios. — Você não fez absolutamente nada de errado, foi perfeito, um verdadeiro cavalheiro, preocupado comigo, mas… é complicado explicar. — Contemplei a lua.
— Tem a ver com o fato de você ser uma sereia. — Franzi o cenho, tirando os olhos da enorme pérola no céu, e fitei suas orbes azuis. — Eu estava meio zonzo, mas sei bem o que vi quando estava no fundo do mar.
Puxei o ar lentamente.
— Não sou uma sereia — sorri.
— Seu lindo corpo estava coberto por escamas que cintilavam. Eu entendo se não quiser me contar sobre o que você é, mas realmente gostaria de saber porque foi embora.
Contemplei cada pedacinho de rosto.
Sanji não estava em seu normal, alegre e falante, como costumava ser perto de uma garota bonita. Sentia que precisava ser sincera, parecia-me que ele era um dos poucos homens que poderiam merecer aquilo. Apesar de seu jeito mulherengo, ele realmente entendia o que se passava no coração de uma garota.
Soltei o ar lentamente.
— Sou uma Nereida, uma ninfa d’água. É fácil nos confundir com as sereias, já que também temos uma enorme cauda de peixe — sorri. — Somos da mesma espécie, porém a maioria odeia ser comparada. Bom, eu não ligo, mas o povo Nereida é extremamente preconceituoso com várias coisas.
— Estou ainda mais encantado — disse o loirinho, corando.
Sanji estava ao meu lado, apoiando os cotovelos no parapeito do píer. A noite estava gostosa e um vento refrescante balançava nossos cabelos. Ele era um homem tão gentil e atencioso, seria o mais sincera que pudesse ser.
— Bom… agora, porque eu fui embora? — Contemplei a lua mover-se nas águas escuras que refletiam o céu noturno. — Preciso cumprir um ritual de tempos em tempos. — Sanji franziu o cenho, mas não me interrompeu. — Nós, Nereidas, chamamos de ritual do acasalamento. — Os olhos do loiro se arregalaram, ele ficou ainda mais corado, porém, ainda assim, não me interrompeu. — E o meu, especificamente, tem que ser com uma pessoa humana, para que eu continue humana. — A face dele se iluminou e pude perceber que já havia entendido. — Esses períodos de cio são terríveis, mas, se eu não fizer o ritual, a natureza Nereida vai subjugar a humana e, no meu caso, é um pouco pior.
— Não poderia apenas escolher alguém e ficar com essa pessoa para cumprir seus… momentos… de… necessidade? — questionou, curioso, sem jeito e interessado demais.
— Então, a coisa só complica. Nereidas não podem ficar muito tempo com um parceiro humano normal. A natureza selvagem do ser humano já nos trouxe sérios problemas. Quanto mais tempo ficávamos com sua espécie, mais nos queriam, e é uma atração que só aumenta, se tornando algo doentio e perigoso.
— É verdade, as pessoas podem, mesmo, ser terríveis, mas nem todas são assim. — Sanji jogou a bituca do cigarro no lixo e logo acendeu outro.
— Verdade, mas isso aí não vem estampado na testa, sabe. “Sou um humano do bem”. Sem contar que temos nossos parceiros destinados, a quem nossas almas estão ligadas. Penso que não seria justo com quem ficasse comigo, já que corre o risco de eu perder o interesse. Quero dizer, posso permanecer com a pessoa, mas alguém poderia sair muito machucado dessa história. Mama dizia que rejeitar um destinado ou ser rejeitado por uma causa gera uma dor que pode levar à morte.
— Isso seria terrível mesmo.
— Apesar de não saber se tenho um destinado, devido à minha condição de mestiça, e por ter sido rejeitada por meu povo, não quero ninguém morrendo por causa disso.
— Por que diz que é mestiça? — Acendeu um novo cigarro.
— Sou filha de uma Nereida com um humano normal. — Sanji tragou e pouco depois soltou a fumaça para cima.
— Por isso que foi rejeitada por seu povo?
— Como eu disse: os Nereida são muito preconceituosos.
— Mas, se seu pai é humano, talvez seu destinado possa estar dentre os humanos. Não é? — Apenas elevei os ombros, pois eu realmente não sabia. — Ora, mas sua mãe encontrou seu pai, então…
— O destinado da minha mãe morreu em batalha, no segundo ano de casados. — Sanji pendeu a cabeça para o lado, sem palavras. — Mama dizia que meu pai foi o erro mais terrível e mais delicioso da vida dela — sorri de lado e ele também. — Tudo é muito complicado na minha condição de mestiça. Caso eu tenha um destinado, é possível que tenha dificuldades em reconhecê-lo. Até porque, cada pessoa com quem fico acaba se apaixonando um pouco por mim. Pelo menos até que encontre o seu amor, essa pessoa vai ficar ligada a mim. — Baixei a cabeça.
Sanji segurou meu queixo, fazendo com que eu olhasse em seus olhos.
— Para mim, foi uma honra poder fazer parte disso, e uma ainda maior, se eu for o seu destinado. Tem certeza que eu não sou esse cara? Como você sabe quem é este sortudo ou sortuda?
— Eu, realmente não sei… Mama morreu antes de conseguir me explicar isso.
— Sinto muito. — Sanji me abraçou, após jogar mais uma bituca de cigarro no lixo. Ergui-me nas pontas dos pés e lhe dei um selinho.
Ouvimos um barulho e olhamos na direção do som.
— O que você está fazendo aqui, Marimo? — perguntou Sanji. — Ouvindo a conversa dos outros, é?
— Claro que não, sobrancelha de arame. — O loirinho ralhou, fazendo uma cara engraçada, não pude deixar de achar graça da implicância desses dois. — Luffy estava perguntando por você, estávamos à sua procura. — Zoro apontou para mim, virou as costas e saiu andando. — Vou avisar que você está aqui.
O seguimos de volta para a festa.




Encontrava-me dormindo, no quarto da Nami, quando alguém me agarrou pela cintura e se aconchegou a mim, encaixando seu corpo como uma concha ao meu. Apenas duas pessoas me abraçavam dessa forma, uma estava aqui e a outra não.
— Luffy? — Virei-me de frente para ele. — Você não deveria estar aqui. — Ajeitei seus cabelos que caíam sobre a testa.
— Estava com tantas saudades de você, Hime-Ahosi, me deixa ficar só mais um pouquinho? — pediu, sonolento, jogando uma das pernas por cima das minhas.
Sorri. Desde pequeno ele se enfiava em minha cama para dormir agarrado comigo. Mas, caramba, ele cresceu, já estava um homem. Reparei em seu corpo, pois ele estava sem camisa. Era muito complicado aquilo, até porque eu não usava roupas íntimas e estava com uma camisola da Nami.
— Já está na hora de levantar. — Desvencilhei-me dele e saí da cama, me espreguiçando. Luffy começou a reclamar:
— Por que você está sendo má comigo?
— Não estou sendo má, Luffy. Está mesmo na hora de acordar e você não pode mais dormir comigo.
— Mas antes eu podia... por que agora não posso mais?
— Porque antes você só tinha doze anos. — O expulsei do quarto para que eu pudesse trocar de roupas, mas ele não parou de falar.
— Mas isso não é justo, eu ainda sou eu e ainda amo dormir com você — falava ele.
— Luffy, não é a mesma coisa.
— Como assim? Eu sou o mesmo.
Às vezes ele era tão inocente.
— Você está grande demais e me esmaga.
Saí do quarto e seguimos discutindo em direção ao convés.
— Hey, toma vergonha, não vai ficar perturbando a Hime-Cindra não. Deixe-a dormir em paz — falou Sanji, aproximando-se com uma bandeja em mãos. — Não deu tempo de saber o que você gostava de comer da última vez, já que você nem ficou para o café da manhã — sussurrou em meu ouvido, deixando uma bandeja sobre a mesinha, de onde puxei uma cadeira e me sentei. — Como ainda não sei o que a senhorita gosta de comer, eu trouxe frutas. São sempre uma boa pedida e estão fresquinhas.
— Eu quero também — falou Luffy, que havia parado para falar com o Ussop.
— O de vocês está lá na cozinha! — ralhou Sanji. Os dois correram de volta para o interior do Marry.
— Eu amo frutas. — Ainda sorrindo de toda a situação, peguei uma maçã e mordi, o encarando.
— Sou o homem mais sortudo desse mundo. Com a Nami-chan e agora com minha deusa do mar, aqui, juntinhas. — Sanji voltava para a cozinha.
— Vocês já se conheciam? — perguntou Nami, ao sentar-se à mesinha, sendo bem observadora.
Se bem que ele foi tão explícito que não precisava de muito para entender que não era a primeira vez que nos encontrávamos.
— Hummm... mais ou menos, é uma longa história. — Levantei-me, voltando para o interior da embarcação.
Acho que essa frase estava virando meu novo jeito de fugir de algum assunto, principalmente aqueles que não tinha como explicar.
— Sanji? — Fui direto para a cozinha.
— Fala, minha deusa do mar. Como eu posso ser útil a você?
— Posso pensar em muitas formas — disse com cara pensativa. O loirinho quase precisou de um babador. — Só que, no momento, você precisa ser mais discreto quanto ao fato de termos nos conhecido antes. Tudo o que rolou... Eu não saio contando essas coisas para as pessoas, elas não entendem. E meio que tento manter minha condição escamosa em segredo. Ok?
— Mas você apareceu exibindo sua pele de deusa sereia lá na Ilha da Nami-chan. Todo mundo viu.
— É, mas como tudo que estava acontecendo, parece que ninguém realmente notou isso — falei, pensativa.
— Luffy sabe o que você é e o que precisa fazer?
— Ele sabe o que eu sou e sabe que precisa manter isso em segredo.
— Humm… — O loirinho não me pareceu satisfeito.
— Não gosta de esconder as coisas do seu capitão, né?
— Bom, se eu puder evitar. Ainda mais que ele já disse que vai te querer na tripulação, não sei bem como seria isso. — Sanji parou de cortar os legumes e me encarou.
— Eventualmente ele vai descobrir, mas não precisa ser algo que você tem que sentar e conversar. Entende? — Ele maneou a cabeça em confirmação.
— Mas por que precisa manter tudo assim, tão sigiloso? — Sanji me deu uma prova do que estava cozinhando.
— Nossa, que delícia! — Minha boca salivou, querendo mais, e como não estava a fim de contar a história, desconversei. — O que é isso?
O loirinho pareceu alarmado no momento em que perguntei.
— Minha deusa, a senhorita, por acaso, come algo do mar? — perguntou pausadamente e bem preocupado. Não pude deixar de rir.
— Isso é peixe? — Fiz uma cara muito dramática. — Sanji-kun, como você pôde?
Sanji ficou tão aterrorizado que quase começou a chorar.
— Eu quero mais! Está muito gostoso — falei, me dirigindo até o fogão e pegando mais um pouquinho.
— Minha deusa, não faz isso comigo, não. Eu achei que por você ser... bem, você sabe...
— Sou mais como os tubarões, não importa muito a carne, apenas como.
O loirinho pareceu um tantinho espantado.
— Isso pode ser um pouco de canibalismo, parando para pensar — disse ele, pensativo.
— É... Existem humanos que comem carne de humano, né? — perguntei, mas pareceu uma afirmação. Ele me encarou. — Eu nunca comi carne humana, se é o que está pensando. Eu mordo — fiz uma cara inocente que fez Sanji perder a concentração no que estava fazendo, então ele largou a faca sobre a mesa.
Seu olhar nublou, maliciosamente.
— Mas, talvez, eu possa aprofundar isso, qualquer dia desses. — Mordi o lábio e, quando dei um passo para mais próximo do loiro, Luffy entrou na cozinha.
— Cindra-sama! — Abriu os braços e me abraçou de forma acolhedora. — Diz aí, você nunca comeu uma comida tão gostosa quanto a do Sanji, né não?
— Tenho que concordar com você, Luffy-chan. É muito boa mesmo. — Sentou-se à minha frente e, como eu estava de pé, ele encostou a cabeça em minha barriga que estava exposta, pois usava apenas uma blusinha curta e um short que Nami havia me emprestado. Sorri e comecei a mexer em seu cabelo, como fazia para ele dormir quando era criança.
— Cindra, você vai fazer parte do meu bando, né? — Luffy estava quase dormindo.
— Não sei se seria uma boa ideia, Luffy-chan.
— Seria uma ótima ideia, minha deusa do mar, seria uma ideia perfeita! — falou Sanji, animadinho demais. Apenas ri.
— Acho que Oyaji arrancaria meu pescoço. Aquele velhote é maluco.
— Mas o que que o ojiisan tem a ver com isso? — Luffy estava cada vez mais sonolento.
— Foi ele quem pediu para eu vir aqui, falar com você, para ver se você desiste dessa ideia de se tornar o rei dos piratas.
— Por que ele mandaria você fazer isso? — Acordou e me encarou, mas ainda estava sentado.
— Ele acha que exerço algum tipo de influência sobre você — sorri, elevando os ombros.
— E você vai me pedir isso? — Luffy tentou parecer despreocupado, porém estava um tanto quanto sério demais. — Nos encaramos em silêncio por alguns segundos. Sanji voltou para seus afazeres. — Vem comigo. — Luffy, ainda sério, me pegou pela mão e saímos da cozinha para o convés. Ele me pegou no colo e paramos na cabeça do Mary. — Você não pode me pedir isso — falou, apressado, abaixando o tom de voz, mesmo que não fosse possível nos ouvirem, já que não tinha ninguém do lado de fora.
— Luffy… — sorri, balançando a cabeça. — Até parece que eu conseguiria fazer você desistir do seu sonho — falei de forma divertida, mas ele não sorriu. — O que aconteceu?
— Promete para mim que você nunca vai me pedir isso? — pediu, parecendo bem preocupado.
— O que está acontecendo, por que isso agora? — Sua aflição estava me deixando aflita.
— Só me promete.
— Monkey D. Luffy, fala agora o que está acontecendo! — Fui ríspida. Estava ficando preocupada, Luffy não era de ficar apreensivo com nada, por que aquilo agora?
— Eu… ouvi você e o Ace no dia em que ele foi embora. Ouvi sua voz em um sussurro melodioso e, desde então, eu faço exatamente tudo o que você me pede, mesmo que eu pense em não fazer. Quando eu vejo, já estou fazendo, e, quando eu resisto, dói, sinto como se estivesse te traindo. Eu fico muito mal quando não faço o que você fala. Ojiisan chegou a falar algo sobre eu estar encantado, pois nunca fui de obedecer tanto uma pessoa, mas aí logo depois você foi embora.
— Como assim, Luffy? Eu não tenho o canto da ninfa, porque sou mestiça, você sabe disso.
— Eu sei, mas… aconteceu.
Luffy não parecia triste diante disso, apenas estava apreensivo, talvez fosse receio de que eu pedisse para desistir de seu sonho.
— Não sei exatamente como isso poderia ter acontecido, mas eu sinto muito.
— A culpa foi minha, eu não deveria ter ido espiar vocês.
— Isso é verdade! — Tive que falar. Luffy abaixou a cabeça. — Mas é muito estranho, eu não tenho “o canto da ninfa”, não deveria ter acontecido.
— ‘Tá tudo bem. — sorriu largo. — Eu sempre fui apaixonado por você mesmo. — Luffy fechou os olhos de tanto que o sorriso engrandeceu.
— Aquilo era coisa de criança, as coisas não deveriam acontecer assim. Vou achar um jeito de quebrar isso. Te prometo. — Fiz um carinho em seus cabelos próximo a orelha.
“Eu não sei se sou capaz de amar alguém além do meu destinado, e nem sei se tenho um, mas eu sempre amei estar com Luffy.” Pensava, o admirando. Não queria que ele ficasse preso a mim, muito menos dessa maneira.
Aquilo poderia ser um problema.
— Acho que é melhor eu ir embora.
— O quê? Não! Gosto de você aqui, quero que seja minha... — parou de falar — companheira — acrescentou rápido.
— Talvez não seja uma boa ideia. Já que eu posso influenciar suas decisões.
— Mas é que, da última vez que você foi embora, eu achei que fosse morrer de tanta dor que senti. E agora eu estou no mar, não sei se seria uma boa ideia eu ficar doente.
— Mas, Luffy… — Ele se aproximou, me abraçando.
— Quer que eu fique doente? Eu disse que você está má comigo. — Estreitei o olhar.
— Monkey D. Luffy, você está se fazendo de vítima! — Fez cara de paisagem.
“Não sabe nem disfarçar.” Cruzei os braços.
— Olha… — Prendi meu cabelo atrás da orelha. — Normalmente eu diria para fazer o que for melhor para você, mas… — Ele desprendeu meu cabelo de onde havia colocado. — Dessa vez, eu realmente gostaria que ficasse. — Olhava em meus olhos e os seus brilhavam.
A paixonite infantil havia realmente se transformado em algo mais.
— Então, seja minha companheira. Entra para o meu bando?
Sabe quando você coloca a manteiga no fogo e ela derrete à medida que a panela vai aquecendo? Posso afirmar que me derreti mais rápido que isso, me sentindo aquecida.
— Tudo bem… — concordei. — Mas com uma condição.
— Qual? — perguntou, ansioso.
— Eu preciso sair de tempos em tempos.
— Eu sei.
— Sabe?
— É que…
— Quanto que você ouviu daquele dia? — Cruzei os braços, irritada.
— Tudinho. — Fez uma cara de paisagem. — Desculpa, eu queria saber o que tanto vocês escondiam.
— Acho que a curiosidade é normal para uma criança — suspirei, massageando as têmporas. — Bom, então já que você sabe de tudo, faço parte do seu bando, mas vou precisar sair, de tempos em tempos, e você não pode me perguntar nada, sobre o que eu fiz ou com quem estive, não é da sua conta. — Ele concordou com a cabeça e com um sorrisão. — Acho que é isso.
— Mas bem que você podia… — Mugi-chan no início estava com uma cara muito suspeita e imaginei o que sairia dali. O calei antes que pudesse pronunciar aquelas palavras.
— Isso nunca vai acontecer.
Ele murchou.
— Não me entenda errado, não é que eu não escolheria você. Eu poderia fazer isso, mas, estando sob o efeito do “canto da ninfa”, as coisas podem ficar muito complicadas.
— Como assim? — Luffy queria encontrar uma brecha para me contestar.
— Você pode acabar ficando muito possessivo, sabemos que, quando coloca algo na cabeça, nada te faz mudar de ideia.
— Você faz — falou, rindo de forma bem divertida.
— Não tem graça. — O encarei, séria. — Não transforma isso em uma coisa legal, porque não é.
— Tudo bem, não falo mais assim.
Ah, merda! Olhei em suas orbes escuras, ele simplesmente me obedeceu sem contestar. Eu, realmente, deveria ir embora.
— Só promete para mim que você não vai embora — pediu ele, foi como se lesse meus pensamentos. — Mesmo que você tenha que ir, de tempos em tempos, promete que, assim que acabar, vai voltar para mim.
— Prometo que vou voltar, mas não para você. — Luffy ficou momentaneamente triste, mas logo sorriu largo, como sempre fazia, sem preocupações.
— Beleza! — Ele ergueu a mão no ar e esperou. Batemos as palmas como fazíamos em sua infância.
Eu não fazia ideia do que fazer, mas uma coisa eu sabia. Jamais seria a pessoa que falaria para Monkey D. Luffy não ir atrás de seus sonhos, na verdade, jamais poderia nem sequer sugerir nada para ele.


Já fazia um tempinho que não via meu bando. Assim que passamos a cachoeira reversa, na qual a água literalmente sobe, tive que os deixar. Sanji insistiu para que eu ficasse e que ele poderia me ajudar, no entanto, agora que estaria mais presente na tripulação, era melhor não permitir que ele perdesse o controle sobre suas ações, ficando com ele uma segunda vez. Já bastava o Luffy imbuído nessa paixão; devido ao canto, era melhor passar o cio longe deles.
Essa necessidade extrema nem sempre era algo legal, mas, graças à deusa do mar, Portgas entrou em contato comigo. Segundo sua carta, estava com saudades e me pediu para esperá-lo na ilha de Drum, onde sempre é inverno e neva o tempo todo. Normalmente, as Nereidas se adaptam às condições climáticas, contudo, no meu caso, essa adaptação nem sempre era eficaz e o frio não me ajudava em nada.
Encontrava-me há dias sem sair do quarto da pousada. Havia pedido para não ser perturbada, porém sabia que os donos já estavam preocupados. A desculpa de que estava frio demais não estava mais colando, no entanto, eu nada poderia fazer. Havia praticamente me obrigado a ficar trancafiada ali, até que Ace chegasse, e aquele filho de um bode velho já estava demorando demais.
Havia dois dias que tinha completado vinte anos, era questão de tempo até a transformação permanente começar, eu só não sabia a velocidade em que iria acontecer.
Tentei mudar o foco, pensando no bando e em como deveriam estar, contudo, meu braço queimou como se tivesse encostado ferro quente nele, e eu sabia bem o que estava acontecendo. Tirei o suporte de couro, onde escondia algumas facas, e vi as escamas queimarem minha pele para que pudessem assumir seu lugar.
— Ace, cadê você? — Uma corrente elétrica percorreu meu braço escamado, anunciando que a próxima substituição de pele por escama aconteceria em breve. Contorci-me sobre a cama, doía tanto que sentia vontade de cortar meu braço fora.
Um odor familiar adentrou minhas narinas e me sentei, era Portgas, mas tinha algo diferente da última vez que nos vimos.
A janela do quarto se abriu e uma corrente fria tomou o local, mas logo foi substituída por um estranho calor que emanava dele.
— Você demorou! — balbuciei as palavras de forma meio chorosa.
— Desculpa, sabe que estou em uma caçada, tive um problema na cidade anterior. — Ace fechou a janela, colocou a mochila no chão e tirou o sobretudo de couro preto que usava, exibindo o peitoral definido. Foi o suficiente para mim.
Avancei na direção dele e o beijei de forma afoita. O senti rir em meus lábios e me afastei.
— Você ri, porque não é com você... — falei, séria, o encarando como uma fera raivosa.
— Foi mal... — Portgas ergueu-me, espalmando minha bunda, e me colocou sobre a cama, agora ele parecia entender a minha situação. Tomou meus lábios com volúpia enquanto uma de suas mãos percorria meu corpo coberto apenas por uma camisola. Um filete fino de brasa na ponta de seus dedos queimou o pano fino, expondo meus seios, minha barriga e minha intimidade, o encarei.
— Comeu uma Akuma no mi! — disse com espanto. — Aaah!!! — Não contive o gemido quando seus dedos quentes tocaram minha intimidade, já lubrificada o suficiente.
— Comi a Mera Mera no mi, a fruta do fogo. — Seus lábios sugaram um dos meus seios enquanto seus dedos foram introduzidos em meu interior. — Ohhhhhh!!!! — Um gemido mais alto e mais longo escapou, agarrei seus cabelos, me contorcendo com o prazer que recebia. — Eu estava com saudades de você... — Voltou aos meus lábios. — Ninguém consegue me dar o que você dá — dizia, ofegante. Virei nossas posições, ficando por cima dele.
— Lógico que não — sorri e me encaixei de uma vez em seu membro em riste. Portgas grunhiu rouco ao ser completamente engolido por minha intimidade.
— Caralh... — A palavra morreu quando comecei a me mover, suas mãos exploravam tudo o que conseguiam do meu corpo e entramos em sincronia.
O nível de prazer aquecia nossos corpos de forma que eu podia sentir o sangue fluir por minhas veias, estava entrando em êxtase.
— De lado! — mandou e eu obedeci prontamente. Mais uma vez, ele estava encaixado em mim e estimulava o ponto sensível e inchado entre minhas pernas com uma mão e com a outra apertava um de meus seios enquanto sua língua percorria meu pescoço e o lóbulo de minha orelha. — Gostosa demais — sussurrou. Os movimentos aceleraram e o barulho de nossos corpos se chocando ecoou pelo quarto, misturado aos gemidos sôfregos que emitimos. A mão que me estimulava subiu para meu pescoço, o pressionando na medida certa. Como eu adorava aquilo.
— Você está me apertando com essas travas, não vou conseguir mais me segurar — Ace avisou.
Segurei seu braço, ele fechou a mão em punho e passei a língua no local, o anestesiando.
— Não para — pedi com um gemido fraco, também estava no meu limite.
— Não vou parar — sussurrou.
Abri a boca, deixando os dentes pontiagudos de Nereida amostra. Senti seu membro inchar, seu corpo emanou uma fumaça que deduzi ser pela fruta do diabo, que agora fazia parte dele, e o ápice veio com tudo. Naquele exato momento, mordi seu pulso, alcançando o clímax. Seu corpo esquentou ainda mais, parecia que pegaria fogo a qualquer momento de tão quente que ficou. Ace me apertou com demasiada força, tinha certeza de que, se eu fosse uma garota comum, ele teria esmagado meus ossos.
O havia mordido por menos de cinco segundos, mas a sensação que tomou meu corpo fez parecer horas, como eu precisava daquele sangue quente... Fiquei mole, total e completamente sem forças.
Portgas também estava assim, pois o peso de seus braços e pernas sobre mim aumentaram. Após alguns minutos, os corações acelerados começaram a voltar ao normal, assim como nossa respiração.
— Dessa vez, eu senti sua mordida — disse ele, analisando seu braço, porém não havia marcas.
— Deve ser por causa da Akuma no mi, seu corpo aqueceu muito, deve ter anulado o efeito anestésico da minha língua — deduzi, mas não podia afirmar.
— Como está se sentindo? — perguntou, atencioso, me levando para deitar em seu peito.
— Não estou sentindo mais dor, então, estou bem melhor. — Passei a mão sobre meu pulso esquerdo e as escamas cintilaram, meus olhos queimaram, mas não iria amolecer, foi só um pedacinho que mudou. Ace observou o local, o tocando levemente, em seguida o beijou.
— Desculpa por ter demorado. — Beijou meu pulso novamente.
— Tudo bem, Ace. O importante é que você veio.
— Você bem que poderia ficar comigo — iniciou ele enquanto acariciava meus cabelos.
Contive o suspiro abatido e o abracei. Infelizmente, aquela seria a última vez que ficaríamos juntos. Era melhor parar antes que algo saísse do controle.
— Eu vou para Alabasta depois daqui. Preciso ver uma pessoa e ver se encontro o Luffy por lá. — Baixei o olhar. — O que houve? — Ace era muito perspicaz, não foi à toa que despertou o haki da observação.
— Melhor tomar um banho. — Evitei seu olhar, mas sabia que não poderia fugir. Ele veio atrás de mim.
— Feliz aniversário! — disse ao me entregar uma caixinha cor de fogo.
— Sabe que não precisava — sorri, pegando-a.
— Eu sei, mas eu quis. — Beijou-me e entrou na banheira.
Abri a pequena caixa e dentro havia uma pulseira de contas vermelhas, a mesma cor do colar que usava.
— Eu amei, obrigada! — Entrei na banheira, após colocá-la em meu pulso, e me sentei de frente para ele. Nos beijamos lentamente e ele já estava pronto para mim novamente. Encaixei-me mais uma vez, começando a subir e descer tranquilamente. Nossas respirações estavam pesadas e audíveis, misturadas ao gemidos roucos e sôfregos. Ace beijou meu pulso escamado. Sabia que estava se sentindo culpado.
Ele sabia que a transformação permanente avançava lentamente a cada dia de atraso da realização do ritual. Eu precisava de tudo que o corpo era capaz de produzir durante o acasalamento para não perder minha humanidade, já que meu corpo não era capaz de produzi-las em quantidades o suficiente para que eu pudesse controlar.
Ficamos ali por um longo tempo e a água não esfriou. Até que esse poder era bem útil, com o frio que fazia naquele lugar.
— Pensei que o corpo das Nereidas fosse adaptável — falou ele.
— Se eu não tivesse uma parte humana, seria mais eficaz.

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— É a segunda vez que você me ajuda, para de se sentir culpado, foi só um pedacinho e posso cobrir com o suporte e até com bandagem, está tudo bem — tentei amenizar a situação. Ace tinha essa característica de sempre se cobrar demais a respeito daqueles que são importantes para si, mas o encanto do acasalamento o estava fazendo exagerar.
— 'Tá certo... — Sacudiu a cabeça, como quem tenta espantar uma mosca. — Agora fala: o que aconteceu com você e com Luffy? O que aquele cabeça de bagre do meu irmãozinho fez? — Eu havia pedido comida e agora estávamos sentados à mesa, jantando.
— Na verdade, envolve nós três. — Bebi um pouco do saquê e o encarei.
— Nós três? — Pareceu confuso.
— Luffy está sob o efeito do "Canto da Ninfa" — joguei de uma vez. Ace ficou quieto e virou toda a garrafa de saquê.
"Ainda bem que havia pedido mais de uma."
— Espera... — Encarou-me. — Você não tem "o canto", como que isso aconteceu?
— Eu também achava que não tinha, mas ele disse que nos ouviu, no meu primeiro cio. Não só ouviu, como viu tudo.
— Você realmente cantou alguma coisa naquele dia, eu lembro que fiquei encantado com isso, mas, na hora, encarei mais como um gemido longo e melodioso, e aconteceu agora pouco novamente — Ace sorriu de lado, passando a língua pelas presas que eram um pouco mais pontudas. — Aquilo foi... perfeito! Acho que até eu fiquei encantado.
— Provavelmente, sim. — Nos encaramos. — Mas eu não estou afim de ficar dando ordens a ninguém. Então, deixe isso para lá.
— Tudo bem! — disse ele, concordando prontamente, em seguida estreitou o olhar.
— Não foi minha intenção — falei rápido.
— Cara, isso é muito estranho. — Portgas virou mais um gole de saquê. — Eu queria continuar falando, mas, de repente, senti vontade de parar, só porque você falou para deixar para lá.
— É, é assim que funciona, mas ainda não sei a força dessa... dessa coisa, já que conseguem entender o que está acontecendo. Sabe? Não ficam à minha mercê.
— Menos mau. — Portgas estava tranquilo quanto àquela situação. Só que me preocupava não saber até que ponto tudo aquilo poderia chegar.
— É, pelo menos agora sei como acontece, apesar de não saber se conseguiria evitar. — Peguei a outra garrafa de saquê e virei um grande gole. — Isso é um problemão. E aquele velho idiota sabia, por isso me mandou lá. Vou matar Vovô Garp!
— Como assim ele te mandou lá? Lá onde?
— Garp pediu para eu falar com Luffy, para tentar fazê-lo desistir dessa ideia de ser pirata.
— Que velho sem vergonha — disse Ace, pegando a garrafa de saquê da minha mão e virando quase tudo. — Ele sabia que você iria conseguir por causa da influência do canto. — Encarou-me, preocupado. — Você o mandou parar com a ideia de ser pirata?
— Claro que não! Luffy, às vezes, até age como um bobão e não liga muito para algumas coisas, mas ele não é burro. Eu fiquei mais um mês na ilha, depois que você partiu, e ele percebeu o que estava acontecendo consigo.
— Ele percebeu em um mês? Caramba! Meu irmãozinho está ficando esperto. — Ace parou, pensativo. — Se bem que não seria difícil, já que a obediência é de imediato e ele nunca foi muito chegado a obedecer.
— Eu notei que ele estava mais agarrado comigo, mas pensei que fosse pelo fato de ele saber que eu iria embora em breve, e, como você não estava lá…
— Ele tinha o caminho livre para você. O moleque já estava caidinho pela Nereida. — Ace gargalhou.
— Não é motivo para risos, Ace! — falei, brava. — Preciso saber como desfazer isso.
— Fica tranquila, vai conseguir. — Ele não parava de comer e nem de beber.
— O problema é que tenho que voltar para o bando.
— Entrou para o bando dele? — Ace ficou um pouco pasmo, mas logo gargalhou. — Deixa eu adivinhar: ele pediu, fez aquela carinha que nunca deixou você dizer não para ele e aí você, que já se sentia culpada pelo acontecido, não conseguiu mesmo, dizer não. Acertei?
Nem precisei responder, minha cara dizia tudo.
— Você sempre foi muito mole com ele.
Pior que ele nem estava errado, Luffy sempre conseguiu me convencer de fazer qualquer coisa com seu jeitinho.
"Eu tô muito ferrada."
Fiquei quieta e pensativa.
— Tem certeza que não é ele o seu destinado? — Portgas perguntou, agora estava mais sério.
— Não fala besteira. — Peguei outra garrafa de saquê e bebi um grande gole.
— Poderia ser...
— Não. Eu saberia. Já passamos muito tempo juntos.
— Mas você já me disse que às vezes o despertar demora. — Calei. Mais uma vez, ele não estava errado.
— Já tenho problemas demais na minha vida. Quer, por favor, não encher a minha cabeça de caraminholas?
— Mas poderia ser...
— Não! — afirmei, mas estava incerta.
— Já ficou com ele?
Ergui meus olhos lentamente, o encarando por trás de minhas mãos cruzadas à frente do rosto.
— Está perguntando demais já. Não acha não?
— Na verdade, não.
— Combinamos que eu não falaria tudo para você. E com quem eu já fiquei ou deixei de ficar é uma dessas coisas.
— 'Tá certo, combinamos... Que tal vir comigo para Alabasta?
— 'Tá maluco? Como eu vou para o deserto? É seco demais, eu preciso de água em abundância.
— Verdade. Vai para onde, então?
— Eu preciso voltar para o bando, mas vou ver uma pessoa antes. Tenho que descobrir como quebrar o efeito do "canto". — O encarei. — E só posso descobrir isso em um lugar.
— Mas é claro que não! Vai ser morta se voltar para lá.
— Minha mãe tinha gente de confiança lá, eu mantive contato.
— Ainda assim é arriscado.
— Ir atrás do Barba Negra também é.
Ace se calou, eu sabia que ele não iria discutir sobre aquilo.
— Toma aqui, vai conseguir me encontrar com isso. — Entregou-me um papel em branco.
— Sabe que não precisamos de um papel-vida para nos encontrarmos, né? — o lembrei. Já que ele foi meu primeiro, nosso vínculo era mais forte.
— Eu posso encontrar o amor da minha vida, aí essa ligação será perdida.
— Mas você já encontrou o amor da sua vida. Ele se chama Edward Newgate, vulgo Barba Branca, vulgo homem mais forte do mundo.
Ace gargalhou e eu acompanhei, acho que bebemos saquê demais.


Reino de Alabasta

Nanohana: cidade portuária no Sudeste de Alabasta.
Em Alabasta, o Shichibukai Crocodile era visto como um herói, porque ele estava sempre derrotando os piratas que atacavam a ilha. Sem saber que sua verdadeira intenção era conquistar, os cidadãos o admiravam e até o rei reconhecia suas boas ações. Mas a crueldade de Crocodile contra Alabasta foi desmascarada depois que ele foi derrotado por Luffy, que lutou contra ele três vezes, conseguindo derrotá-lo na terceira.
Logicamente, nada disso foi relatado nos jornais, pois jamais iriam atribuir tal ato a um bando de piratas. Ainda mais que ele era um Shichibukai, que diziam ser piratas que trabalhavam para a Marinha, mas, enfim, por enquanto é isso... em breve retornaremos ao mar para seguirmos viagem.

Esperamos que esteja bem.

Nami dos Mugiwaras.

P.S. O Sanji disse que está com saudades.

— A Marinha é realmente podre! — falei em voz alta, após ler as informações que me foram enviadas por Nami. — Atnalta ainda faz aliança com essa gente. Mama estaria decepcionada. — Levantei-me, paguei a conta do restaurante e saí, acompanhada por Ace. Era hora de fazer uma longa viagem.
Paramos no Píer, onde ele havia deixado seu transporte.
— Ei? — Aproximei-me. — Toma cuidado, viu, vê se não morre. Barba Negra está perigoso como usuário daquela Akuma no mi das trevas.
— Sabe que, se eu morrer agora, não tenho arrependimentos... — Parou de falar, segurando o meu pulso. — Talvez um, de não ter conseguido chegar mais cedo, por você.
— Já disse que, quanto a isso, não precisa se... — Portgas calou-me, selando seus lábios aos meus em um beijo lento.
— Até breve, tome cuidado naquele lugar. Você não sabe se pode confiar nesse seu contato.
Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ele subiu em sua lancha modificada, que mais parecia uma moto, e partiu.

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— Nico Robin?! — falei, surpresa, ao entrar no Merry e vê-la ali, sozinha. Havia decidido dar uma olhada no navio do Luffy-chan, deixar uma mensagem, talvez, mas então me deparei com Miss All Sunday.
— Uma sereia? — Seus olhos percorreram meu corpo coberto por escamas. — Não... uma... Nereida? — acrescentou em seguida. — Pensei que estivessem extintas.
Sorri de lado.
— Não estamos, não. Bom, eu sou a única da minha espécie, mas isso não vem ao caso. Eu quero é saber o que faz aqui, Nico Robin. Ou devo chamá-la de Miss All Sunday? — perguntei, mantendo-me em alerta, eu conhecia o poder daquela mulher. Uma das vantagens de viver visitando um navio da Marinha.
Robin fez um movimento e eu a prendi em uma bolha d'água.
— Não vou perguntar novamente. — A apertei, fazendo pressão na água. — Para você ter saído de Alabasta, sendo a parceira do Crocodile, aquele que enganou o povo e provocou uma rebelião sem precedentes, foi porque o Luffy permitiu, ou seja... — Aproximei-me, aumentando a pressão da água, impedindo que ela conseguisse fazer qualquer coisa, inclusive respirar com facilidade. Apenas a cabeça dela estava para fora, para que pudesse agarrar-se ao pouco ar que conseguia inspirar. — Ele salvou sua vida? Estou certa? — Ela não respondeu, mas suas expressões diziam muito. — É bem a cara do Luffy fazer esse tipo de coisa — sorri e a liberei da bolha, fazendo com que caísse no chão, completamente encharcada. Robin puxava o ar com desespero, afinal, usuários de Akuma no mi perdiam as forças quando a água ficava acima da cintura.
— Eu disse... para ele me deixar lá! — falou pausadamente enquanto tentava regular a respiração. — Para morrer, era isso que eu queria. — Aquilo saiu como um desabafo. — Eu só queria morrer, então você pode me matar, eu não ligo, nem vou me defender.
A observei por um momento, não devia ter sido fácil ter o rosto em um cartaz de procurado desde seus oito anos de idade. A única sobrevivente de Ohara, a ilha dos Arqueólogos. Segundo as entrelinhas da Marinha, eles estavam tentando decifrar o Poneglyph para descobrirem sobre o século perdido, infelizmente, aquele era um assunto tão perdido quanto o século mencionado, mais ou menos como um tabu, ninguém falava sobre ele e não existiam livros que explicassem, mas essa mulher que clamava pela morte sabia como conseguir as informações. Por isso, sua cabeça valia 79 milhões de berries.
— Foi escolha do meu capitão, salvar você. — Ela franziu a testa. — E eu não irei contra as escolhas dele, nem que custe a minha vida. — As orbes azuis escuras daquela mulher arregalaram.
— Se... ele é mesmo seu capitão. Onde você estava quando ele precisou?
— Isso não é da sua conta. — Ergui uma sobrancelha.
— O ar do deserto é muito seco pra você, não é mesmo? Por isso não está com ele. — Já estava com o fôlego recuperado, mas não conseguiu se colocar de pé, pois seu corpo ainda tremia.
— Eu preciso ir. — Subi na borda do Merry, me preparando para mergulhar. — Se machucar qualquer um deles... — A olhei por cima do ombro. — Vou te levar até as profundezas do oceano, admirando a pressão da água esmagar você enquanto descemos. — Suas orbes estreitaram. — Sorri como se imaginasse a cena e mergulhei em seguida.
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Já estava nadando há um bom tempo, desde que tinha encontrado Robin no Merry, e não sabia exatamente quanto de distância faltava para encontrar com o meu contato. As águas estavam turvas e o instinto de voltar para casa poderia estar meio falho, já que não considerava aquele lugar como meu lar. Decidi emergir para ter certeza. Com a escuridão que se seguia, provavelmente viria uma tempestade. No entanto, antes de alcançar a superfície, avistei estranhas luzes no fundo que se aproximavam rápido. Eu só conhecia um navio capaz de se mover assim, e ele não deveria estar ali.
— Merda! — reclamei, aproximando-me sem dificuldade alguma para enxergar aquilo. Mesmo que Nereidas possuam uma excelente visão na escuridão, nem seria preciso para ver aquilo se aproximar. Mesmo em águas turvas seria impossível não ver aquele estranho navio de cor amarela e cheio de luzes...
"Que troço extravagante, poderia colocar todo o meu plano a perder."
— Você vai me manter prisioneira, Law, é sério? — perguntei, me levantando e cruzando os braços ao me aproximar das grades da cela. Quando Pinguim, um de seus subordinados, me levou até o fundo do submarino, não imaginei que ele me trancaria.
"Às vezes sou tão burra. Que ódio!"
— Você mentiu para mim — disse ele, com um ar sombrio, tomando seu rosto. Isso mexia comigo, mas, sendo bem sincera, todo o conjunto daquele homem mexia comigo, os olhos desafiadores, a marra, o jeito debochado, o cavanhaque, as tatuagens espalhadas pelo corpo... eu ainda lembrava onde ficava cada uma delas.
— Eu não menti, apenas... não te contei tudo. — Elevei os ombros rapidamente com cara de inocente, ou pelo menos tentei fazer essa cara.
— Contar que é uma sereia é algo para se fazer logo de cara.
— É mesmo, é? Hummm, deixa eu ver. — Limpei a garganta e iniciei: — Oi, meu nome é Ahosi, sou uma sereia, poderia me fazer companhia? — Sorri forçado no final. — É, acho que não rola. — Law até tentou não rir, mas acabou cedendo, embora tenha disfarçando.
— Eu teria te feito companhia
— Mentiroso.
— Como se você pudesse falar algo sobre isso.
— Eu não menti, apenas omiti um detalhe.
— Um detalhe? Você tem coragem de dizer que isso é um detalhe?
Elevei os ombros, como quem diz: tanto faz.
— Eu quero sair daqui, caramba!
— Você não vai sair daí até estarmos em terra firme.
— Mas que merda! Me tira logo daqui, Law! — Acabei perdendo a paciência e, no minuto seguinte, ele estava abrindo a cela. De início não entendi nada, mas, então, lembrei do Luffy e de Portgas. — Mas que droga! — Por mais que precisasse ir embora, não queria que fosse feito daquela maneira. Voltei para aquele banco frio e duro e sentei-me, empertigada.
— Não vai sair? — Trafalgar perguntou. Parecia não ter entendido o que aconteceu e então estreitou os olhos.
— Não dessa maneira. — Law olhou para os lados, entrou, trancou a cela, caminhou lentamente até o banco, sentou-se ao meu lado, colocou a espada do outro lado, cruzou os braços, puxou lentamente a respiração e disse:
— Fala pra mim, explica o que aconteceu agora. — Apoiou a cabeça, coberta por aquele chapeuzinho ridículo de vaca, na parede.
— Na verdade, eu não sei muito bem...
— Eu não queria abrir a cela, pelo menos, não de imediato, mas aí, você pediu e eu fiz, na hora. A minha vontade ficou de lado e eu fiz a sua, sem pensar duas vezes.
Respirei fundo... Não tinha muita escolha a não ser contar-lhe a verdade. Só porque eu queria manter tudo em segredo, me aconteciam aquelas coisas.
— Mas que saco! Olha... eu não sou uma sereia, sou uma Nereida, ou pelo menos metade de mim é, mas isso não importa...
— Já ouvi falar sobre a nação Nereida, do país de Atnalta, nem a Marinha se mete com esse povo. Eles habitam o mar distante, longe de tudo.
— Até que você sabe bastante coisa, pelo menos mais que a maioria. E não é bem que a Marinha os evite, eles têm um acordo. Enfim, esse não é o foco.
— Certo, como eu dizia, ouvi falar, mas não conheço a espécie. — Encarou-me.
— Para ser bem sincera, nem eu sei muita coisa sobre a "espécie" — fiz aspas com os dedos. — Não dá para aprender tudo quando só se fica em um lugar até seus dez anos e depois nunca mais pode voltar. — Apoiei os cotovelos em minhas pernas, na altura dos joelhos.
— Entendo... é triste, mas ainda não explica como eu simplesmente deixei minha vontade de lado e fiz a sua.
— É... bom... — Cruzei os braços. — Já ouviu falar do "Canto da Sereia"?
— Claro que sim, é um mito muito conhecido.
Cruzei as pernas e apoiei as costas na parede fria. — A questão é que não é um mito. — Trafalgar estreitou o olhar. — É uma habilidade Nereida, mas, até poucos dias, eu achava que não a tinha.
— Achava que não tinha, mesmo pertencendo à espécie?
— Eu sou mestiça de um humano com Nereida. Existem habilidades específicas, que não possuo, e essa é uma delas, ou pelo menos era o que eu achava.
— Hum...Então como isso aconteceu?
— Ao que tudo indica, meu canto se manifesta no momento do acasalamento, me parece que na hora da relação, eu emito um canto que afeta meu parceiro, que, na ocasião, foi você. Porém, eu não me lembro de ter cantado nada! E isso é apenas uma teoria, só vi o resultado em três pessoas, e uma delas é você. Se bem que... faz todo o sentido... — comecei a falar mais comigo mesma do que explicar a tal teoria. — Se bem me lembro, Nico Robin não fez o que eu pedi, então, acredito que minha teoria possa estar correta.
— Eu lembro de ter ouvido algo melódico, mas na hora não me ocorreu nada diferente, nós dois fizemos muito barulho aquela noite — sorriu, malicioso —, mas, pensando agora, consigo me lembrar perfeitamente. — Olhou-me com a malícia aumentando em seu olhar, nem lhe dei confiança.
— De qualquer forma, Trafalgar, peço desculpas, nunca foi minha intenção, eu nem sabia que era capaz disso.
— Fico pensando o que você poderia fazer com esse canto, se não fosse mestiça — Law analisou, parecia muito interessado.
— Se eu não fosse mestiça, nunca teríamos nos conhecido — sorri e ele também.
— Apesar dessa situação, isso seria uma lástima — falou, encarando-me profundamente. — Sorri e olhei para o chão.
— Mas, sendo sincera, eu não sei de muita coisa. Como eu disse, tive que fugir da minha terra, e minha mãe não sabia que só teria mais dois anos comigo, então, não tive tempo para aprender tudo... — Parei de falar e fechei os olhos, tinha falado tanto da mamãe naqueles últimos dias. Senti uma lágrima escorrer e levei dois dedos até ela, impedindo que rolasse mais.
— Sinto muito por isso...
— Tem duas coisas que eu vou te contar e não sei bem o porquê vou fazer isso... Trafalgar D. Water Law. — Ouvi uma risada anasalada, porém mantive meus olhos fechados. — Primeira: nossa noite foi extremamente necessária para mim, é um ritual que preciso cumprir para não deixar de ser humana. Eu precisava do seu sangue com os nutrientes que meu corpo não é capaz de produzir de forma saudável. Segunda: você está apaixonado por mim, forte o suficiente pra nunca querer ver o meu mal e fraco o suficiente para não ficar louco por mim.
"Acho que por isso mama sempre disse que eu deveria partir antes que meu parceiro acordasse, fico sincera demais"
Esperei que falasse algo, mas Law ficou em silêncio por um tempo, talvez estivesse processando todas as informações.
— Então, você só está viva, ainda, por eu estar, supostamente, apaixonado por você? — sorriu nasalado e o encarei.
— Estou viva por não ter te feito nenhum mal, mas sim, também é pelo fato de estar apaixonado, e não é supostamente. — Ele estreitou o olhar.
— Normalmente, eu mato quem quer ficar me dando ordens — disse ele, mas, na minha visão, foi totalmente aleatório, pois não mudava nada. Nos encaramos em silêncio por alguns bons segundos.
— Você nunca sentiu desejo de me matar — dei de ombros. — E nunca vai sentir.
— Não sinto vontade de te matar, porque eu estou totalmente preso à sua vontade. — Parecia chateado.
— Nem tanto assim. Se fosse esse o caso, não estaríamos tendo essa conversa, pois você simplesmente aceitaria minha ordem, sem nem se dar conta. E não foi o que aconteceu. — Law maneou a cabeça, ponderando. — Mas precisa admitir que eu dei a você a melhor noite de toda a sua vida.
— Não exagera... — Evitou meu olhar.
— Não é exagero, é a verdade. E ficar negando não vai fazer com que mude alguma coisa. — Ele sorriu.
— Pode até ser, mas ainda não gosto dessa ideia de estar às suas ordens. — Se levantou, pegando sua espada.
— Você não está às minhas ordens. Não sou esse tipo de pessoa.
— Ah, não? — Law ergueu o queixo juntamente com uma das sobrancelhas.
— Se eu fosse, não estaríamos mais nesta cela. — O encarei.
— Fique sabendo que minha força de vontade é maior do que a sua vontade sobre mim — disse ele calmamente. Elevei os ombros rapidamente, as pernas cruzadas, e a que estava por cima era balançada despreocupadamente.
— Talvez, você até esteja certo ou talvez não... não posso te afirmar absolutamente nada sobre esse dom. Ainda é algo muito desconhecido para mim. — Meu estômago roncou. — Caramba, estou com fome.
Law saiu da cela, a deixando aberta.
Mas, como eu havia dito antes, não queria que ele me liberasse por obediência ao meu pedido, queria que fosse por ele querer de verdade, por isso permaneci onde estava e ele sumiu da minha vista.
Não demorou muito até que um urso branco, maior que uma pessoa, "maior que eu, pelo menos", que usava um terno de caldeira na cor laranja, entrou na cela, trazendo uma bandeja com comida e outras coisas.
— Olha só! Que urso bonitinho. — Ele corou, levemente. — Como você se chama? — perguntei, pegando a bandeja. Ele nada disse. — Não vai falar comigo, né? — sorri, divertida. — Tudo bem, te entendo. — Ele já estava saindo da cela quando falei novamente e ele parou, de costas para mim. — Mas, se puder, diga ao seu capitão que ficarei na cela até que ele tenha certeza que quer me tirar daqui. Ele sabe como reconhecer sua própria vontade. Afinal, D. Water Law é um homem extraordinariamente perspicaz. Só espero que ele não demore muito, pois preciso resolver algumas coisas. — Suspirei e ele saiu. — Obrigada, viu! — falei mais alto para que ele pudesse ouvir.


Novos passos ecoaram pelo corredor e logo alguém parou em frente à cela, mas não era o Law e nem o urso bonitinho. Encontrava-me deitada no banco com um braço cobrindo os olhos e uma perna dobrada com o joelho para cima. Virei a cabeça e vi uma mulher, tinha os cabelos cacheados e usava um terno de caldeira, como o do urso, exibindo a jolly Roger do bando do Law, os Piratas Heart.
— Ah! Oi! — Peguei a bandeja que o urso havia trazido, com comida, e levei até a ela. — Dê meus cumprimentos ao chef, estava tudo muito gostoso. Claro que nada é tão gostoso quanto a comida do Sanji — sorri largo, lembrando daquele taradão, um amante de primeira, vale ressaltar. — Mas, ainda assim, estava muito gostosa. — Lhe oferecia a bandeja, porém ela não pegou, pelo contrário, bateu a mão, fazendo com que tudo fosse ao chão. As tigelas se espatifaram e a jarra de suco, o qual eu não havia bebido tudo, caiu, derramando todo o seu conteúdo sobre mim e depois se espatifou no chão também.
Suspirei...
Eu poderia jogá-la contra a parede e fazê-la pagar por aquilo, mas eu reconhecia aquela atitude. Houve um tempo em que eu não entendia e acabava brigando e fazendo um escarcéu, mas, atualmente, sei que existiam batalhas que simplesmente não valiam a pena. A raiva dela era mais com ela mesmo do que comigo.
Abaixei-me e comecei a catar as coisas do chão.
— Você se acha, né, sereia? Oh, não! Nereida, né? — Ela entrou na cela e se abaixou à minha frente. — Se não tivesse enfeitiçado a cabeça do meu capitão, eu mesmo tiraria sua vida, mas eu vou descobrir o que você fez e vou desfazer. — Se levantou e virou para sair. — Não passa de um monstro. Não é humana e não é um peixe, não me admira que seu povo não a queira... e adivinha só. — Ela parou, olhando para trás, por cima do ombro. — Nós, humanos, também não te queremos. Você deveria morrer! — Ela foi embora.
Nem sequer levantei minha cabeça, mas não dava para dizer que ouvir tais palavras não doeu. Pisquei algumas vezes, parando de catar os cacos.
— O que aconteceu aqui? — Ergui a cabeça, dando de cara com o ursão de pelúcia.
— Nada, sou meio desastrada com minhas pernas — sorri, voltando a catar os últimos caquinhos. — Sinto pela jarra e pelas tigelas.
— Não tem problema. — Ele pegou a bandeja com os cacos da minha mão e me entregou uma blusa. — O capitão pediu para que a senhorita vestisse isso e viesse comigo, por favor. — Ele se abaixou para terminar de catar os caquinhos.
— Claro! — sorri. "Ainda bem que ele não demorou tanto assim." Peguei a roupa, que era uma blusa que eu tinha certeza ser do Law, e vesti. Ficou parecendo um vestido curto, mas enfim pude recolher as escamas, o que fez a blusa ter algumas pequenas manchas de sangue. O ursão ficou de costas até eu anunciar que estava pronta. Seguimos pelo navio, que por sinal era enorme, até o que parecia uma sala de controles e ali estava o Law.
— Capitão, aqui está ela — informou o ursão.
— Obrigado, Bepo.
— Então esse é seu nome. — Ele corou e se afastou, falando ao ouvido de Law, e depois saiu. Ainda tinha a bandeja com os cacos em mãos. — Dê meus cumprimentos ao chef, estava tudo muito gostoso. — Fiz uma leve reverência e ele saiu após fazer uma também.
— Vamos — disse Law, saindo atrás do ursão.
— Para onde vamos? — perguntei, mas ele não me respondeu, seguindo em silêncio. Olhava para trás vez ou outra, me medindo de cima a baixo e de baixo a cima. — O que foi? — perguntei, meio impaciente. Vi a sombra de um sorriso antes que ele pudesse virar o rosto por completo. Rolei os olhos, que chatice.
Entramos em uma sala que mais parecia um hospital. Não era nenhuma novidade Trafalgar ter uma sala daquelas em seu navio, afinal, ele descendia de uma família de médicos e era usuário de Akuma no mi, tendo as habilidades da Ope Ope no mi, que concedia ao usuário o poder de criar um espaço esférico dentro do qual podia manipular qualquer coisa, incluindo a capacidade de teleportar objetos e pessoas, além de cortá-los sem tocá-los diretamente. Esta fruta já foi consumida por diversos médicos famosos e seus usuários tinham o poder de realizar cirurgias milagrosas, curar doenças e tratar de deficiências físicas.
— Senta aqui — pediu, apontando para o que parecia ser uma cama hospitalar. Ainda um pouco irritada, fui até lá e fiz como havia pedido.
— Seria muito interessante se pudesse saber o que está acontecendo — comentei, tomando o cuidado para que nada saísse como uma ordem ou um pedido.
— Eu nunca conheci nenhuma Nereida e gostaria de poder estudar você. Talvez, até pudesse ajudar com essa questão de não produzir os nutrientes necessários. Se eu conseguir entender isso e criar algum remédio ou o próprio nutriente que te falta, talvez não precise mais... acasalar com ninguém, pelo menos, não por esse motivo.
O encarei com os olhos estreitos. Eu já estava descrente de tentativas... ele não era o primeiro a falar sobre aquilo, toda a frota da marinha a serviço de Garp e Aokoji já trabalharam naquilo secretamente. Eu estava cansada de ser ratinho de laboratório.
— Ou talvez você goste dessa situação, né? — Buscou alguma resposta, fitando meus olhos de forma profunda.
— Não posso dizer que seja de todo ruim, encontrei pessoas legais nesses três anos. Veja você, é um grande exemplo disso.
— Não sou legal — disse ele, sério.
— Se você diz... — dei de ombros. — Lógico que vi alguns babacas também, mas eu sou uma boa guerreira — sorri.
— Mas eu poderia tentar...
— É fofo da sua parte pensar isso, mas não há nada que possa ser feito. Eu sou um compilado de duas naturezas completamente diferentes e, infelizmente, parece que a mais forte não é a humana. Então eu teria que receber muito hormônio, é extremamente arriscado.
— É, poderia morrer.
— Sinceramente, morrer seria o menor dos meus problemas. — O encarei. — Mas você pode estudar, vai que você vê alguma coisa que eu não vi — sorri.
— Eu gostaria. Posso fazer testes em laboratório, não preciso testar em você. — Segurou minha mão.
— Tudo bem... — sorri. Law suspirou e beijou os meus dedos entrelaçados aos seus.
— Como eu queria que tudo que eu estou sentindo fosse real.
— E quem disse que não é? — Toquei suavemente meus lábios em seus dedos. — Law, foi você que veio até mim naquela noite. Eu não fiz nada para que aquilo acontecesse.
Trafalgar encarava-me de maneira que parecia conseguir ver a minha alma e, sem aviso, tomou meus lábios de forma lenta e repleta de desejo. Ele se colocou entre minhas pernas, mas, por causa da maca, não colamos nossos corpos. As mãos apertaram minhas coxas e ele desceu os beijos pela clavícula.
— Ahhhh! — arfei, não contendo o gemido.
— Law?
— Hum. — Ele não parava, seu polegar já subia pela parte interna de minha coxa, e como sabem, eu não uso calcinha.
— Laaaww? — Minhas mãos subiram involuntariamente por seu abdômen e ele logo arrancou a camisa de seu corpo. — Laaww, isso vai... humm... — Abriu mais minhas pernas e me puxou para a frente. — Tem certeza que você quer isso de novo?
— Tenho... — respondeu, colado aos meus lábios. Pela deusa, como essa língua era habilidosa, explorava cada canto da minha boca, sugando minha língua. Agora eu já podia sentir seu membro pulsar sob a calça, gritando por liberdade. — Vai ficar mais apaixonado e pode... Ahhhh!! — Eu não estava no cio, mas aquele homem estava conseguindo me despertar.
"Não, espere, eu preciso pensar."
— Pode aumentar o poder do canto! — falei rápido e ele parou, segurando meu rosto com as duas mãos. Estávamos ofegantes. — Pode... aumentar... o poder... do canto, da obediência... Sem contar que eu preciso seguir viagem. — Deu-me um selinho demorado. Comecei a me ajeitar, mas ele não desgrudou, parecia pesar os prós e contras. — Law? Você está bem? Está parado aí...
— Estou tentando me acalmar. — Olhou rapidamente para baixo.
— Ah, tá!
— Você me deixa maluco! — Fitou-me um tanto confuso. — Você está muito tranquila, diferente daquele dia.
— Porque, naquela vez, eu estava no cio.
— Você fala isso como se fosse uma coisa muito normal — riu de lado.
— Para mim é. Faz parte da natureza da minha espécie.
— Hummm... — Law subiu a mão por minha nuca. — Então, não está no cio?
— Não, foi há poucos dias. — Fechei os olhos, sentindo seu toque, mas ele logo parou. Abri os olhos. Trafalgar estava sério.
— E estava com quem? — Murchou na hora.
— Não é da sua conta — sorri, erguendo as sobrancelhas. — O Lawzinho já está calmo. — Não contive a gargalhada.
— Lawzin... — Ele se virou para sair, me encarou, virou novamente e saiu pela porta, estava indignado.
— Law? — Já ia atrás dele quando ele voltou.
— Que se dane o canto, a paixão, tudo! — Jogou-me por cima do ombro como uma boneca e seguiu para o fundo da sala, passando por uma porta, que eu nem tinha percebido antes, e me jogou sobre a cama.
"Acho que ele está pensando que sou uma boneca de pano, só pode!"
Apoiou a espada no suporte e subiu, ficando sobre minhas pernas. Fui chegando para trás.
— Mudou de ideia?
— Pelo menos na minha cabeça eu vou ser o último, já que você tem que ir embora.
— Isso é uma coisa tão... ogra de se dizer.
— Olha quem fala, ainda tenho marcas no meu corpo, sabia?
— Eu só sigo o instinto do meu parceiro.
— Eu sou o melhor, né? — ele sorriu, sacana.
— Não existe melhor ou pior, mas com certeza você é o mais selvagem.
Law abriu a calça, mas não a tirou, apenas acariciou seu membro por cima da cueca, sem tirar os olhos dos meus. Em seguida, elevou minha perna e começou a beijar meu pé, descendo rapidamente pela parte interna de minha coxa. Já podia sentir sua quentura emanar e minha intimidade pulsou. Seus beijos subiram por minha coxa, seguindo pela barriga e levantando o vestido, me deixando completamente exposta. A língua quente circulou um mamilo de cada vez, os deixando intumescidos. Eu tentava controlar minha respiração, no entanto, isso era impossível quando as batidas do meu coração aceleravam a cada selar em minha pele.
— Dessa vez, eu não quero ser selvagem — disse ele, tomando meus lábios de forma lenta. Enfiei as mãos pelos cabelos de sua nuca, aprofundando o beijo.
— Então você tem certeza de que quer mesmo isso? — perguntei, eu tinha que ter certeza, né?
— Eu não tô nem aí, só quero tê-la em meus braços mais uma vez. — Trafalgar tirou a blusa do meu corpo e acariciou meus seios, seus toques eram precisos e firmes, ele sabia exatamente o que estava fazendo.
Levantou-se, tirou sua calça, exibindo aquele corpo malhado, coberto de tatuagens, e sorriu ao me ver morder os lábios.
— Gosta do que vê? — perguntou, sacana.
— Óbvio! — Umedeci os lábios e me ajoelhei sobre a cama para tentar ficar da altura dele, contudo, eu não conseguia, mas ele se curvou, agarrou meus cabelos pela nuca e beijou-me com fervor. — Senta aí! — Ele obedeceu, não que tivesse alguma escolha. Sentei em seu colo, me encaixando em seu membro em riste, e gememos juntos ante a esse encontro de nossos corpos. Comecei a rebolar, acelerando, o sentindo por completo em meu interior. Suas mãos percorriam meu corpo e massageavam meus seios enquanto sua boca devorava a minha de forma sedenta. — Fala pra mim, eu te dei ou não dei a melhor noite que você já teve na vida?
Law sorriu e mudou nossas posições, me deitando sobre a cama.
— É, deu sim... — sorriu e voltou a se colocar em meu interior, acelerando os movimentos.
— Ahhhh... — Não consegui me conter, mas ele tampou meus lábios com uma das mãos.
— Shiiii... Quer que o navio inteiro te ouça? Não estamos sozinhos.
— Você sabe que eu não ligo para isso. — Mordi seu lábio inferior.
— Mas eu ligo, ninguém precisa saber o que acontece aqui.
— Como se eles não soubessem.
— Eles só imaginam, não tem certeza de... — Law grunhiu quando contraí meu interior, apertando seu membro. Seus movimentos ficaram mais rápidos e o encontro de nossos corpos emitia um som molhado à medida que ele ia vinha dentro de mim.
— Não... ahhh, não para! — falei em um sussurro. — Agarrei seus cabelos enquanto me desfazia em seu membro. Law não parou até que ele também entrou em êxtase e em seguida me beijou. Estava ofegante e deitou seu corpo sobre o meu, de forma que sua cabeça ficou apoiada em meu seio, o qual ele passava a língua e chupava como se fosse um picolé.
— Maravilhosa! — Chupou os bicos, os apertou e me encarou, parecendo um pouco preocupado.
— O que foi? — perguntei.
— Você... bem... não corre o risco de ficar grávida, não? — perguntou com real interesse.
— Não... — sorri, era normal ele querer saber aquilo. — Como eu tenho duas naturezas, meu corpo não me permite engravidar.
— Não sou a primeira pessoa que te pergunta isso, né? — Voltou a apoiar a cabeça em meus seios, circulando os mamilos com os dedos, os mantendo "acesos" com o estímulo que recebia.
— Na verdade, é sim... — Eu passeava minhas mãos por suas costas, dedilhando as tatuagens.
— Sério? — Encarou-me.
— Acho que nunca dei tempo a alguém para que pudesse pensar nisso.
— É, verdade, lembro de ter acordado sozinho na manhã seguinte. — Não pareceu muito animado.
— Pois é, meu plano era simples: sair antes do meu parceiro acordar, ok! Nunca ficar com a mesma pessoa duas vezes... falha! Infelizmente, não tenho tido muito sucesso nessa segunda parte.
— Que bom, talvez, um dia, eu tenha uma terceira vez.
— Não sei se seria uma boa ideia.
— É claro que...
Sua fala foi interrompida quando alguém bateu à porta.
— Capitão? Capitão? — alguém o chamou apressadamente, batendo sem parar.
— Merda! — Law se levantou, enrolado no lençol para atender. Era Bepo.
— Parece que estamos parados há tempo demais, chamamos a atenção de alguém, mas eu nunca vi nada como aquilo antes — dizia ele. — Fiquei alarmada, eu havia mandando um recado para minha fonte me encontrar, mas ele bem que poderia ter sido interceptado.
— Já estou indo. — Trafalgar voltou, apressado. — Tenho que ir. — Vestia rapidamente suas roupas.
— Law? — chamei, séria. Ele parou e me encarou. — Acho que sei o que pode ser e, se for isso, seria de interesse seu que não se intrometesse.
— O que acha que pode ser?
— É possível que seja meu contato de Atnalta. — Levantei, me vestindo. — Era o contato da minha mãe, que mantive, mas, como não sabia quem era, poderia ter sido interceptado.
— Eu resol... — Não permiti que ele continuasse a falar, lhe dando um selinho, e o abracei. Ele pareceu entender.
— Bepo? — chamei, sabendo que ele estaria à espera de seu capitão. Trafalgar me encarou.
— Pode entrar, Bepo — mandou ele. Lhe dei aquele que poderia ser nosso último beijo e saí com o ursão.
— Me leve até a saída, por favor. — Ele imediatamente o fez. — Bepo, por favor, assim que eu sair, se afastem, não acendam as luzes, não desçam para o fundo, apenas vão embora.
— O capitão não vai querer ir embora, se não souber o que aconteceu com a senhorita — falou ele, e eu sabia que era verdade.
— Esperem por uma hora e depois façam o que bem entenderem, mas aviso que vocês sozinhos não têm armamento o suficiente para enfrentarem as guerreiras Nereidas. Serão evaporados da face da Terra. — Bepo encarou-me,u pasmo. — Sei bem do que estou falando, minha mãe era uma guerreira Nereida.


Continua...


Nota da autora: Sem nota.

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