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Revisada por vênus. 🛰️
Atualizada em: 31.10.2024

"Há destinos que não podem ser evitados."

Era o que dizia a lenda daquele pequeno condado em Massachusetts. Entre as colinas cobertas por densas árvores, havia uma casa que poucos ousavam mencionar. Ela estava isolada, cercada por uma floresta antiga e intransitável, onde as sombras pareciam se mover com vida própria. As árvores, velhas e retorcidas, envolviam a casa como quem guardasse um segredo, com seus galhos formando arcos sombrios que ocultavam não apenas a casa, mas também o céu. De longe, a casa parecia apenas uma mancha escura no meio de todo aquele verde.
Diziam que a casa não era apenas uma construção esquecida pelo tempo, mas um guardião de destinos, uma espécie de sentinela das escolhas feitas ou não feitas pelas pessoas. Quem se atrevia a cruzar seu limiar logo descobria que não estava sozinho. O que ecoava daquele lugar eram as histórias de vidas que foram desviadas de seu curso natural, e as vidas que foram amarradas a um fio invisível que a casa mantinha firmemente nas mãos. Para alguns, era apenas superstição, uma forma de assustar os jovens e manter os curiosos afastados. Mas, para aqueles que conheciam alguém que se aventurou até lá, a lenda era um aviso.
Se você nascesse naquela região, a casa já havia definido seu destino, e, se você não cumprisse, ela faria tudo para você seguir. Pois "ela os observa", era o que diziam. A casa tinha o poder de revelar verdades que os corações tentavam esconder, trazer à tona traições, desejos não confessados e caminhos que nunca deveriam ter sido trilhados. Para muitos, era um teste. Para outros, uma punição. Aqueles que entravam juntos raramente saíam juntos. Casais eram especialmente vulneráveis. A casa parecia ver além da superfície, quebrando as ilusões de amor, confiança e lealdade. E, quando ela decidia que um relacionamento não deveria existir, nada poderia detê-la.
Alguns afirmavam que a lenda era mais antiga que a própria casa. O local havia sido palco de eventos trágicos desde a época colonial, quando um casal, tentando escapar de um casamento arranjado, encontrou um fim cruel nos braços um do outro, punidos por desafiar o destino traçado por suas famílias. A partir de então, a casa teria se tornado um portal para forças que ninguém compreendia plenamente, mas que se deleitavam em brincar com os caminhos que as pessoas escolhiam seguir.
Dois casais, entre risos e provocações, achavam que estavam indo para uma aventura inofensiva. Mal sabiam que a casa já os aguardava.
A casa sabia. Ela sempre soube. E naquela noite, entre as árvores e o silêncio, ela sussurraria novamente: "Eles nunca deveriam ter ficado juntos."
O destino já estava traçado. E para alguns, não havia escapatória.


A chuva caía em um ritmo constante, martelando as janelas com um som que só aumentava a minha sensação de inquietação. Bem, a minha inquietação. Receber uma proposta dessas, naquele horário da noite, me deixava ansiosa. No meu celular, as mensagens continuavam chegando, uma atrás da outra, com o entusiasmo contagiante de IU e Félix.
— Vai ser épico! — disse Félix em uma das milhares de mensagens de voz que ele mandava. A animação clara na sua voz era uma das suas principais características, que eu amava e odiava ao mesmo tempo. — A casa tem aquela vibe perfeita de filme de terror. Ainda mais com aquela lenda urbana. Quem sabe até encontramos um fantasma!
Revirei os olhos, mas não consegui evitar um sorriso. Félix sempre foi assim, atraído pelo perigo e por aventuras, como se o desconhecido fosse sua segunda natureza. Mesmo assim, algo não parecia certo.
— Não sei se acho isso uma boa ideia... — murmurei, olhando pela janela para a chuva que só aumentava. As árvores ao longe balançavam como sombras vivas, acompanhando o som do vento. Olhei para , que estava sentado no sofá, mexendo distraidamente no celular.
— Eles sempre têm essas ideias malucas, você sabe disso. — ele disse, com aquele sorriso fácil que sempre me trazia um pouco de conforto.
— E você sempre acaba indo, mesmo quando acha que vai dar ruim. — brinquei, enquanto caminhava em sua direção.
— E você também. — ele respondeu, rindo. — Quer admitir ou não, você gosta disso tanto quanto eles.
Mordi o lábio, pensativa. Eu sabia que havia verdade no seu comentário. A sensação de aventura, o perigo implícito, sempre despertava uma curiosidade em mim que eu tentava esconder, tentava negar. Mas desta vez, era diferente. Algo naquela casa, na chuva, no clima da cidade, fazia meu estômago revirar.
— Sério, dessa vez... não sei. — minha voz soou mais firme, e finalmente desviou os olhos do celular para mim, com uma expressão mais séria.
— Tá com medo de fantasmas? — ele provocou.
— Não é isso. Só... — comecei a dizer, mas a voz de IU surgiu, vinda do celular dele, interrompendo meus pensamentos.
— Vamos, gente! Vai ser incrível! Quem nunca quis passar um fim de semana em uma casa mal-assombrada? — A risada dela ecoou pela sala, mesmo pelo celular.
— Você acha que devíamos ir? — perguntou, como se a decisão estivesse nas minhas mãos.
Suspirei e olhei novamente pela janela. A chuva parecia mais forte, as árvores balançando furiosamente. Havia algo quase sinistro no ar. Mas, ao mesmo tempo, a curiosidade estava me matando. E, por fim, como não queria ser a estraga prazeres, decidi que daria uma chance.
— Vamos — disse, por fim. — Se não formos, eles vão nos encher o saco por meses.
sorriu.
— Sabia que você ia dizer isso. — Ele deu uma leve risada.
A noite caía mais rápido do que eu esperava, e a tempestade prometia ficar pior no fim de semana. Não era exatamente o cenário mais acolhedor para uma aventura, mas IU e Félix estavam decididos. Peguei o celular para responder ao grupo.
— Tá bom, estamos dentro — digitei, sentindo um arrepio subir pela espinha.
Uma última mensagem de Félix piscou na tela:
— Vocês não vão se arrepender! Prometo que será inesquecível.
deu um longo suspiro e me olhou, com um sorriso que parecia mais um pedido de desculpas.
— Pronta para a pior decisão da nossa vida?

***


O som da chuva enchia o carro com uma calma perturbadora. Eu olhava pela janela do banco do passageiro, observando as gotas que deslizavam pelo vidro. Félix, ao volante, estava quieto, concentrado na estrada à frente, enquanto IU e , no banco de trás, conversavam e riam, tentando manter a animação.
— Amor, lembra daquele acampamento no ano passado? — IU disse, animada. — Essa casa vai ser como aquilo, mas com muito mais adrenalina!
— Com certeza! — respondeu, rindo, e passou o braço pelos ombros dela, puxando-a para mais perto. — Só espero que não seja uma das "ideias malucas" de sempre, não é, Félix?
Olhei de soslaio para Félix, percebendo que ele ainda não havia dito nada. Normalmente, ele estaria tão empolgado quanto IU nessas situações, mas havia algo estranho no comportamento dele naquela noite. Desde que a ideia de passar o fim de semana na casa foi decidida, ele parecia mais distante, como se estivesse pensando em algo que não podia compartilhar. Como não obteve nenhuma resposta, apenas deu de ombros e continuou paparicando IU com beijinhos.
— Tá tudo bem? — perguntei suavemente.
Félix lançou um olhar rápido para mim e sorriu, mas o sorriso não chegou aos olhos.
— Sim, só... essa estrada é horrível com essa chuva. — Ele deu de ombros e voltou a se concentrar na estrada. Mas havia algo na sua resposta que não parecia totalmente honesto.
— Relaxa, Félix. Vai ser uma aventura! — disse de repente, como se sentisse o peso do silêncio na frente. — Já estamos a caminho. Não tem como voltar agora!
IU riu e balançou a cabeça em concordância. O entusiasmo dela nunca vacilava, mesmo que houvesse uma leve tensão em seus movimentos. Era como se, apesar de toda a empolgação, algo entre ela e Félix estivesse ligeiramente fora de sintonia, e eu podia sentir isso. Mas, por enquanto, não queria fazer muitas perguntas.
Desviei o olhar para o espelho retrovisor, e meus olhos se encontraram com os de por um breve momento. estava me observando em silêncio, com uma expressão neutra. Desde que ele começou a namorar IU, nossa amizade mudou, de uma maneira que eu não conseguia explicar completamente. Sempre tivemos uma ligação forte – isso nunca foi questionado – mas agora havia algo diferente, como se uma linha invisível tivesse sido traçada entre nós, limitando o que antes era tão natural. E, de alguma forma, isso me incomodava às vezes.
No passado, nossa conexão sempre foi especial, fácil. Houve uma época em que me peguei nutrindo uma leve paixão por ele, um sentimento que surgiu quase sem que eu percebesse. Ele era meu confidente, meu porto seguro. Mas quando ele começou a se interessar por outras garotas, especialmente depois de conhecer IU, eu soube que era hora de deixar esses sentimentos de lado. Ver feliz com IU, rindo, com aquele olhar relaxado e o jeito brincalhão, me trouxe uma sensação de paz. Era como se o simples fato de ele ter encontrado alguém de quem gostava profundamente tivesse colocado um ponto final em qualquer incerteza que eu ainda carregava.
Mas, em momentos como esse, algo dentro de mim se agitava. O olhar dele, a forma como seus olhos pareciam me observar com um misto de cuidado e curiosidade, fazia surgir uma sensação desconfortável, como se algumas coisas entre nós nunca tivessem sido completamente resolvidas. Talvez não fossem grandes questões, nada que pudesse ser nomeado com facilidade, mas elas existiam.
Havia noites em que eu me perguntava o que teria acontecido se as coisas tivessem sido diferentes. Se eu tivesse dito algo. Se ele tivesse dito algo. Enquanto nossos olhos se encontravam naquele momento silencioso, eu me perguntava se ele também pensava nisso. Se, em algum canto da mente dele, essas questões não resolvidas pairavam, tão presentes para ele quanto para mim. Mas esses pensamentos, por mais persistentes que fossem, nunca passavam de meras especulações, fantasias que eram rapidamente afastadas pela realidade: estava feliz com IU, e eu com Félix.
Ele logo desviou o olhar, voltando a se concentrar na conversa com IU, mas aquela troca breve de olhares deixou uma sensação de algo inacabado no ar, algo que eu sabia que, por mais que tentasse, não conseguiria ignorar tão facilmente.
— Ei, , você parece tensa. Já viu fantasmas por aí? — IU disse, vendo meu olhar em direção a eles. Eu ri, embora o desconforto fosse real.
— Só estou tentando sobreviver à direção do Félix nessa chuva — brinquei, cutucando o braço dele.
Félix riu baixo, mas ainda parecia distante, quase fora do momento, como se estivesse em outro lugar.

***


A estrada ficava cada vez mais estreita, as árvores formando uma barreira ao redor do carro, como se estivessem se fechando à medida que nos aproximávamos. E, como se o clima quisesse ajudar, o som antes forte da chuva agora era quase inaudível, uma vez que estava parando de chover. Quando finalmente avistamos a casa, o silêncio dentro do carro foi imediato.
Lá, no final da estrada de terra, estava a casa. Ela se erguia diante de nós, imponente e escura, como se estivesse esperando. As janelas pareciam buracos negros na escuridão, e a casa inteira parecia isolada do mundo, cercada por árvores que balançavam violentamente com o vento. Os faróis do carro iluminaram a fachada, revelando detalhes de madeira velha e desgastada, manchas de umidade e a sensação de abandono que pairava no ar.
Félix desligou o motor, e o som do silêncio encheu o espaço. Ninguém se mexeu por um momento, todos olhando para a casa como se esperassem algo acontecer, como se ela estivesse prestes a respirar.
— Chegamos — Félix disse, sua voz soando quase rouca.
IU foi a primeira a sair do carro, rindo nervosamente.
— Isso aqui vai ser uma história e tanto! — Ela abriu a porta rapidamente e saiu, puxando pela mão.
Eu e Félix saímos ao mesmo tempo. Era possível sentir algumas gotas de chuva, mas o vento gelado era o que realmente incomodava, pois cortava a pele. A sensação de isolamento era avassaladora. Mesmo com os outros por perto, eu me sentia sozinha, como se a própria casa estivesse sugando toda a energia ao redor.
Félix olhou para a casa com uma expressão indecifrável, e percebi que ele estava ainda mais tenso agora. Ele normalmente adorava esse tipo de aventura, mas desta vez parecia mais preocupado do que empolgado.
— Tudo bem? — perguntei, tocando o braço dele.
Ele assentiu, mas o sorriso que ele forçou não era o de sempre.
— Acho que a casa estava esperando por nós — ele disse, se aproximando, meio brincando, mas com um toque de seriedade que eu não esperava.
Olhei para a casa de novo, e por um momento, jurei ter visto algo se mover nas janelas escuras.
Respirei fundo, tentando afastar a sensação de que ele estava certo.
— Talvez estivesse.




Continua...


Nota da autora: Oi, pessoal! Jeniffer aqui!
Espero que estejam gostando da história até aqui. Feliz Halloween!
Realmente foi divertido escrever essa fanfic. Meio que veio a ideia e eu fui escrevendo, nada demais.
Espero que vocês tenham paciência porque a parte interessante começa na casa.
então, beijos e obrigada por todos que ajudaram até aqui <3

❯ beth's note: eu amei AMEI esse plot! a gente sabe que vai dar ruim, mas quer assistir até o final kkk eu nunca imaginei ver uma fic onde o JK namora com a IU, achei revolucionário, bom demais. pode mandar os outros porque eu tô curiosa com esse amor secreto da pp com o JK, preciso saber o que vai acontecer :(


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