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Revisada/Codificada por: Calisto

Última Atualização: 19/07/2024

Não sei o que eu estou fazendo aqui, e muito menos por que o próprio rei mandou meu pai me trazer aqui, ainda mais às 4 da manhã. Era para eu estar na minha cama dormindo o máximo possível para estar pronta para enfrentar tudo e mais um pouco no Quadrante de Cavaleiros de Navarre mais tarde.

Eu sei que ele é o grande Primeiro General do rei, Sorrengail, irmão mais velho da General Comandante, Lilith Sorrengail, porém uma coisa é certa, se o rei me chamou… A coisa está feia para o meu lado, como diria o meu irmão mais velho, Adam.

O palácio faz jus a tudo o que dizem, é enorme e com decorações de ouro em formatos de dragões para todos os lados. Eu e meu pai andamos por corredores e mais corredores e mais corredores, e ao chegarmos em uma imensa porta com o triplo do meu tamanho, nós paramos. Meu pai se virou para mim com um olhar afiado e avaliativo, endireitei minha postura e ergui um centímetro a mais o meu queixo, fazendo o meu genitor sorrir minimamente.

— Preciso que você se comprometa com o que o rei te pedir, poucos tem essa chance na sua idade, . — Movo levemente minha cabeça para confirmar que entendi. — Não me desaponte. — Com um último olhar cortante pra mim, meu pai bate duas vezes na porta, e uma voz estrondosa responde com um simples “Entre”.

Adentramos a sala iluminada pelas luzes mágicas nos castiçais, que dá um ar misterioso ao ambiente, o escritório do rei é maior do que muita coisa que já vi. O rei está sentado em uma grande mesa com o mapa de Navarre na parede, do outro lado da sala, uma mesa contém as táticas de guerra do exército, porém o que mais me chama atenção é uma enorme escultura de cabeça de dragão na parede com olhos vermelhos sangue que parecem enxergar a minha alma e todos os meus segredos e pecados.

— Sentem-se, aceitam café ou chá? — o rei pergunta, sentado despreocupadamente de sua cadeira, apontando para os dois bules.

— Bom dia, Majestade, aceito um café e creio que prefira chá — meu pai diz, fazendo uma reverência sincronizada comigo.

— Bom dia, Majestade, sim, aceito chá. — Ando devagar até a cadeira ao lado do meu pai, que pega a xícara de café, dada pelo rei, que em seguida me entrega a minha xícara de chá. — Obrigada, Majestade. — Ao pegar a xícara, me sento, esperando que um dos dois comece a falar.

— Agradeço que tenha concordado em vir, , quero que saiba que tem a minha torcida para que seja a melhor cavaleira da sua turma. — Sua expressão é tranquila, porém o vinco entre suas sobrancelhas revela que eu não estava ali só para saber que tinha a torcida do rei. — Mas isso não é nada que um Sorrengail já não saiba fazer. — Seu sorriso para mim tem um ar tenebroso.

— Sim, toda a família é excepcional, Majestade. — Meu pai entra na onda do rei, e ambos ficam falando sobre os pontos fortes da nossa família, ver aquilo me irrita e eu corto os dois.

— O que quer de mim? — digo.

O rei me encara um pouco surpreso e um pouco, mas só um pouco, admirado, já o meu pai... se pudesse atear fogo pelos olhos, eu seria uma pilha de cinzas.

— O que disse? — Ver o rei se fazendo de desentendido sobre algo que ele claramente ouviu me irrita.

— Eu perguntei o que quer de mim. Vossa Majestade já tem a lealdade da minha família, quase todos os nossos integrantes são membros importantes de Navarre que o senhor mesmo escolheu, meu primo morreu praticamente no meio da Batalha de Aretia, meu irmão quase foi pelo mesmo caminho. — Quanto mais eu falo, mais o rei parece satisfeito. — Então eu perguntei, o que Vossa Majestade quer de mim? — Me forço a terminar ou eu acabaria indo longe demais.

— A coroa precisa de um favor. — O rei se levanta e vai até a estante que fica no canto da parede, destrancando uma gaveta e pegando uma pasta. — Como sabe, Navarre tinha um inimigo principal, Fen Riorson, mas todos sabem que ele deixou um sucessor para dar continuidade a tudo que ele planejava fazer contra Navarre. — O rei Tauri coloca a pasta na minha frente e se senta.

Movida única e exclusivamente pela curiosidade, abro a pasta e me deparo com um par de olhos ônix me encarando e, acima da cabeça, o nome que carrega a marca e o peso de todas as tragédias que aconteceram na Batalha. Xaden Riorson.

— Essa pasta contém informações sobre o filho de Fen Riorson? — Eu não consigo tirar os olhos da imagem na pasta, aqueles olhos estão me hipnotizando.

Vendo a minha situação, meu pai fecha a pasta delicadamente.

— Não é só isso que estou te entregando — o rei continua falando. — Muitos habitantes de Navarre não se sentem seguros vendo o novo líder da rebelião andando livremente e despreocupadamente pelas ruas, e o descontentamento do povo está se refletindo na relação deles com a coroa. Muitos já não sentem mais confiança na minha liderança e isso precisa mudar, para ontem. — Sua ruga entre as sobrancelhas fica ainda maior. O rei esfrega os olhos e, olhando inteiramente para mim, continua. — Exatamente por isso pedi que seu pai a chamasse, seu irmão estava fora de cogitação por ter outras responsabilidades importantes no momento, sua prima Mira está à frente de uma base e Violet… — Tauri faz uma pausa, acompanhada de uma careta. — Sem dúvidas, não. Você, além de ter sido a minha primeira opção, me parece a melhor escolha.

— Então está me pedindo um favor em nome da coroa? — Arqueio a sobrancelha esquerda, tentando ligar os pontos daquilo tudo na minha cabeça.

— Em outras palavras, sim, é isso que estou te pedindo. — Após um longo, suspiro o rei começa a ser direto. O monarca se inclina sobre a mesa e cruza as mãos. — Preciso que faça um acordo comigo. Se você se mostrar a melhor da sua turma, que eu creio que será, lhe darei uma posição de confiança no exército como comandante, capitã ou o que quiser.

Sua oferta está sendo boa demais, sinal que o que eu teria que fazer em troca poderia custar muito alto.

— E em troca disso, eu teria que fazer exatamente o que? — Há três possibilidades rondando a minha cabeça, ou eu teria que me enfiar na rebelião, ou descobrir a jogada deles ou, a ideia que eu menos gostei e que me causa arrepios, ter que matar alguém.

O rei aproxima a cadeira da mesa, suspira profundamente e cruza novamente as mãos, sem nunca tirar os olhos atentos a cada movimento de mim.

— Você, Sorrengail, sem deixar provas contra a sua pessoa, terá que matar Xaden Riorson.

O QUÊ?! Eu terei que fazer o quê?



Continua...


Nota da autora: Se divirtam, cavaleiras de Basgiath!

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