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Revisada por: Saturno 🪐

Última Atualização: 02/04/2025.

estava ferrado.

Toda noite, há duas semanas, ele colocava seu filhote de rottweiler em um dos celeiros do rancho. Deixava o cachorro agasalhado com uma camisa velha do departamento do Sheriff (a primeira que ele ganhou quando estava participando do recrutamento) acomodado em um monte de feno para ficar mais macio para ele. Ele trancava a porta e voltava para dentro de casa, onde a voz do seu pai sobressaía os comentários nervosos por aprovação da sua madrasta. A essa hora, as gêmeas já estavam dormindo, a televisão alongava seu trabalho por alguns minutos, até seu pai decidir que estava na hora de subir as escadas.

Simples assim, ele estava sozinho de novo; honestamente, não era surpresa que tantas das suas horas fossem gastas na delegacia: óbvio, as merdas em que Roy o metia demandavam tempo como qualquer trabalho sujo, todavia, além disso, pelo menos lá nunca tinha esse silêncio.

odiava esse silêncio para caralho.

Quando ele estava sozinho no quarto, o rádio estava sempre no máximo. Estourar os tímpanos era melhor que a quietude. Quando ele estava no trabalho, o barulho das pessoas e suas vidas ocupadas o mantinha distraído em meio a treinos de tiro e papelada burocrática chata. Quando ele estava de tocaia, normalmente ia com um dos caras do seu pai, que não eram a melhor companhia do mundo, mas também não achava que ele mesmo era, então combinava da pior maneira com as piores conversas, ainda era melhor que a outra opção. Quando ele estava jantando com sua família, a voz de Roy ricocheteava como seus socos nas paredes da casa, ou o som dos talheres zunia nos ouvidos dele, ou as gêmeas, em sua inocência em escassez, comentavam sobre a creche e a escola. Quando Nadine estava lá, a respiração dele, enquanto os dois, crianças idiotas, se escondiam no quarto durante as incontáveis brigas dos adultos, era uma companhia na miséria.

Tarde da noite, com todos dormindo, a casa era quieta demais, afundada no tipo de silêncio que as pessoas só veem em funerais. Nem mesmo a velha arquitetura fazia um crack, nenhum dos animais emitia um só som. se perguntava se aquilo era normal, se todas as famílias da Dakota do Norte eram daquele jeito.

Ele esperava que não.

lembrava que não era assim quando sua mãe estava lá. Ele se recordava de adormecer ouvindo a voz mansa dela narrando histórias sobre dias bons até ser acordado com os gritos dos dias de cão.

Hoje, só havia o silêncio. Esgueirando-se enquanto as horas passavam como um convidado não desejado, sufocando qualquer senso de conforto e segurança que achava ter a essa idade, morando no mesmo lugar que sempre morou.

Até duas semanas, quando ele encontrou o — apelidado desse jeito por conta do Esqueleto de O Estranho Mundo de , seu filme favorito, por mais que ele fosse negar isso até a morte se alguém perguntasse, especialmente seu pai. Para Roy , o nome tinha sido escolhido em homenagem a John Wick, um personagem de ação, e havia se confundido com a similaridade dos nomes.

Você está perdendo os seus miolos com aquela merda que você fuma, garoto. O patriarca havia dito, e seu filho aceitou o xingamento com um resmungo. Era melhor ele achar que o mais jovem era burro do que um crianção que ainda curtia desenhos, um fracote.

Pelo menos, dessa vez, o soco no seu ego valia a pena. era um rottweiler de algumas semanas, pelo que ele havia pesquisado na internet, resgatado pelas suas próprias mãos quando ele foi atender a um chamado por drogas e possível agressão matrimonial. A mãe do filhote já tinha começado seu trabalho quando o sheriff adjunto pisou na casa, deixando o marido no chão, gemendo de dor com uma mordida que com certeza levaria vários pontos para sarar.

A esposa tinha o rosto coberto por lágrimas, encolhida na parede, com medo de qualquer figura masculina dentro da casa. Entretanto, quando a cadela soltou a perna do homem e correu para o lado da dona, como se perguntasse se era uma ameaça ou não, a dona da casa nem pareceu se importar com o sangue, ela não parecia se importar com nada quando acariciou atrás da orelha e a chamou de boa garota. O medo deu lugar a um alívio temporário, enquanto a rottweiler lambia os beiços com o sangue do babaca.

Era um relembrar amargo e doce.

Não demorou muito para resolver aquilo, jogando algumas centenas de dólares do fundo para que ela fosse embora da cidade e deixando que os comparsas do seu pai levassem o marido para o Rancho . Afinal, ele já tinha sido avisado uma vez — e o Sheriff Roy não tolerava desacatar a sua autoridade.

O filhote, entretanto, continuou apenas encarando a cena, como se estivesse atordoado por aquela violência cotidiana. Ele era um bebê, devia se importar com leite e brincadeiras, e agora estava vendo sua mãe destroçar um homem ruim.

Dejá vu é uma merda, mas também cria uma conexão. A mulher não demorou a oferecer o cachorro, dizendo que não podia levá-lo junto à cadela, que já seria difícil demais partir apenas com ela.

Em algum lugar no porão da mente de , onde estavam aqueles pensamentos catalogados como não abra, ele se perguntou se sua mãe tinha tido esse pensamento.

Ele é dócil. Ela disse, da mesma maneira que pais acham suas crianças mansas, uma qualidade quando é um animal. havia se aproximado, meio hesitante, meio curioso. Ele tinha uma ternura incomum, desacostumado com a sutileza da situação. A desconfiança mútua do filhote e do homem foi um passo a mais para o vínculo. estendeu a mão, dolorosamente amador na demonstração de afeto, e o filhote encarou a palma maior que sua cabeça, antes de se inclinar para cheirá-lo. O focinho molhado dava cócegas e logo a mão dele estava cheia de um pequeno rottweiler, os pelos soltando e impregnando seu colete.

não se importou.

As noites já não eram sinônimo do silêncio solitário. não era barulhento, talvez preguiçoso demais por ser um filhote, mas sempre estava puxando suas roupas, testando os dentinhos crescentes no dedo dele, ou encontrando algo para bagunçar em seu quarto. Ou só estava lá, sendo uma companhia desajeitada enquanto se adaptava a estar vivo. conseguia entender a sensação.

É claro, Roy não. Ele não deixava cães dormirem dentro de casa. Os cachorros do rancho eram velhos e carrancudos, treinados para serem cães de vigília e nada além disso, já tinham vindo meio prontos na vida do mais jovem (e nunca tinham escolhido ele, de qualquer maneira). Como qualquer outra coisa, o que incluía pessoas, Roy só via eles como meio para um fim. Então, sem cachorros dormindo em casa.

Por isso, ele tinha que colocá-lo no celeiro. É um treinamento para ele não ser inútil, a voz do pai dele ressoava com nenhum interesse genuíno. Então, ele escondia em sua camisa velha e esperava até Roy adormecer para ir buscá-lo.

Até hoje.

Enquanto ele estava arrumando o cachorro, o patriarca dos o chamou, fazendo com que esquecesse de fechar a porta. E , como qualquer filhote, havia resolvido se aventurar por um ambiente novo. À meia noite. No escuro.

Agora, depois de algumas corridas do ponteiro, o delegado estava no meio do centro da cidadezinha esquecida pelo tempo, procurando um filhote de rottweiler, enquanto tentava manter a pose de durão, sem querer demonstrar desespero para os cidadãos. Mas, porra, ele estava prestes a surtar. Como podia ter sido tão idiota assim?

Nem mesmo seu filhote queria ficar com ele. recebia comida, cama e até ossos. Por que ele tinha fugido? Ele era um dono tão ruim assim?

Em meio à sua autodepreciação, conseguia sentir suas esperanças indo embora e se partindo como ondas na areia toda vez que procurava embaixo de um carro ou em um beco e não achava nada. E se ele colocasse um alerta no rádio da polícia? Suspirando, deslizou a mão pelo bolso, buscando por algo até conseguir segurar o vape entre os dedos. Seu melhor aliviador de estresse rápido.

Antes que ele pudesse colocar na boca, seu olhar se deparou com uma cena tão confusa quanto refrescante: , nos braços de uma mulher morena familiar, sendo carregado para fora da delegacia.

— Ei, ei! Porra… — o delegado gritou, apressando o passo até a mulher, enfiando o aparelho de maneira desajeitada dentro do bolso. A mulher parecia gostosa, mas não virava para ouvi-lo. — Esse é o meu cachorro!

Aquela palavra parecia ter chamado a atenção dela, que virou o olhar para ele com uma careta, uma expressão que seria estranha em qualquer outro semblante, mas que a deixava ainda mais bonita. Oficial . se lembrava dela, de conhecê-la brevemente no hospital e achar que ela era tão perigosa quanto gostosa. Como a porra da maçã de Eden. havia conseguido despistá-la, ao menos de maneira provisória, apagando a foto de Dot Lython do seu celular. Apesar de não ser surpresa a ter em seu condado (provavelmente buscando alguma pista ou acabado em um beco sem saída sobre o caso, já que ele estava cuidando disso para Roy), era surpreendente ver que , de todas as pessoas, havia encontrado o .

— Esse é meu cachorro — repetiu, quando chegou perto dela, as bochechas levemente avermelhadas pela pequena corrida até a mulher. As roupas do policial ainda caíam tão bem nela à luz do sol quanto seus pensamentos noturnos o mostravam. Ele voltou o olhar para o rosto dela, usando aquela velha arrogância como um truque barato. — E ele é um cão de guarda altamente treinado. Você devia se afastar.

Como se quisesse contrariá-lo, bocejou e se aconchegou contra a morena, fazendo franzir o cenho para a traição descarada.

Pelo menos ele estava balançando o rabo e encarando-o.

— Tem certeza de que estamos falando do mesmo cachorro? — zombou, mas não havia maldade em sua voz. olhou para o filhote, apertando ele um pouco em seus braços. — Ele é um fofo. Qual o nome dele?

Fofo?! Certo, era meio fofo, mas só ele podia chamar ele assim. O seu rottweiler tinha uma reputação a zelar!

— O nome dele é . — deu um sorriso irônico, meio indignado pela maneira que ela parecia tratar ele como uma boneca. — Olha, doçura, a mordida dele é uma das mais perigosas do mundo e… POR QUE ELE ESTÁ DE LACINHO ROSA?

Ele dizia, enquanto se inclinava para pegar de volta, quando seus olhos avistaram aquela monstruosidade. estava acabando com a honra do seu cachorro.

E o sorriso satisfeito dela naquela boca linda não ajudava em nada.

— É uma gravata rosa! — disse, rindo da feição indignada que esbanjava. — Eu acho que ele gosta.

bufou, mas parecia mais um biquinho de birra do que qualquer coisa.

— Ele não gosta! Ele é um macho alfa — disse contrariado, assistindo à medida que o filhote tentou lamber a oficial. — Um cão policial!

— Acho que ele reconhece os semelhantes, então. — puxou ele para o lado, mostrando o bordado de oficial acima do seio, que, inclusive, mesmo debaixo daquele monte de roupas, ele conseguia notar que deviam ser grandes.

Claro que ele já tinha reconhecido ela desde a primeira olhada, mas não precisava saber disso. O delegado arqueou a sobrancelha, sorrindo com certa malícia como se tivesse acabado de se lembrar quem aquela mulher era. Apesar da pose de durão, sua mão deslizou pelo bolso, buscando o vape para acalmar os nervos.

— Garota da cidade — cumprimentou, do mesmo jeito que havia feito no hospital, o sorriso em seus lábios aumentando ao ver o brilho de irritação nos olhos castanhos da policial.

— Dizemos mulher agora — repetiu a mesma coisa daquele primeiro encontro, apesar de não sentir a raiva que provavelmente sentiria se algum babaca do distrito tivesse dito aquilo para ela. A mulher com pele de âmbar colocou no chão, que logo começou a balançar o rabo, enquanto pisava hesitante no concreto da rua.

Por um momento, pensou que ele iria fugir de novo, mas logo ela disse para ele sentar e, como se fosse uma palavra mágica, obedeceu.

— O que você fez com o meu cachorro? — franziu o cenho, encarando o filhote antes de voltar seu olhar para ela e depois, ainda com receio dele se afastar de novo, para o amigo, que ainda estava sentado com sua gravata rosa, alternando o olhar entre os dois.

— Não se preocupe, eu cuidei bem dele.

balançou a cabeça. Ele não duvidava que ela tinha cuidado bem dele, toda a coisa de policial boazinha e o jeito que ela o segurava já demonstrava que ela não era do tipo que curtia violência animal, mas como tinha conseguido ensinar um truque para ele em poucas horas? Ele estava com há semanas e ele transformava qualquer tentativa de treino em uma brincadeira.

E, honestamente, não era tão duro quanto seu pai. Era difícil resistir à carinha de .

Talvez ele fosse um dono de merda.

— Como você conseguiu ensinar isso para ele? Ele nunca me obedece.

Ela arqueou a sobrancelha.

— Pensei que tinha dito que ele era um cão super treinado.

— Ele está em treinamento, beleza? — Suspirou frustrado, dando leves toques com a ponta dos dedos no vape dentro do bolso. — Tenho certeza de que só te obedece porque estava com medo de morrer de fome e não me viu.

não respondeu de primeira, estudando seu rosto como se pudesse saber que tinha dito aquilo mais para si mesmo do que para ela.

— Certamente — ela murmurou, revirando os olhos antes de encará-lo com curiosidade. Não parecia ter julgamento em sua voz quando a pergunta apareceu. — É o seu primeiro? — franziu o cenho, sem saber ao certo de que primeiro ela estava falando. Ela estava dando em cima dele? Era primeiro…? — Cachorro. O abrigo não te deu dicas ou algo do tipo?

— Eu não o adotei. — Bufou, meio desapontado por isso não ser um flerte. — Ele estava em uma casa quando fiz uma batida por porte de drogas e violência doméstica.

O olhar dela suavizou. A careta bonita que parecia ter uma casa em seu rosto sumindo quase completamente. Talvez ele não fosse um caso perdido, afinal.

— Nem imagino o que ele deve ter visto em uma idade tão pequena. — assentiu, uma risada anasalada e breve aparecendo antes que ele pudesse evitar. entendia o cachorro mais do que queria. — Bom, é melhor você tomar cuidado, os rottweilers não são naturalmente bravos, mas toda a fama de mau vem da criação deles.

— Como assim?

— É igual uma pessoa. — Encarou ele, com aquele mesmo olhar que deixava claro que era esperta, que conseguia pegar as coisas no ar mais rápido do que a maioria. Ele se sentia quase vulnerável com ela encarando-o assim, e segurava no vape como se sua vida dependesse disso, tentando manter a expressão neutra. Ela sabia algo sobre o pai dele? Ela estava chegando perto da história de Dot Lython? — Ele vai repetir o que o tutor ensina a ele.

Como uma criança que quer ser igual ao pai.

— Eu não… — começou, sem nem ao menos saber do que ia se defender. estava chamando-o de agressivo ou de cachorrinho chutado seguindo o pai? Não, ela não podia estar tão perto assim. Mas saber que alguém achava que ele podia machucar o era um novo tipo de soco no estômago.

encarou o chão, um sorriso discreto em seu rosto quando enfiou o focinho em sua bota, farejando por onde ele tinha andado.

Eu sei disse, assegurando que estava se referindo ao habitat hostil de onde veio, não no qual ele estava, sua atenção voltando para o filhote que brincava com o cadarço do homem. — Mas ele já viu o antigo tutor ser um pedaço de merda. Só não seja um babaca completo e ele vai ser dócil.

bufou, desviando o olhar enquanto puxava o vape até os lábios.

— Ele não vai ser dócil, vai ser um cão policial — murmurou, descansando os ombros enquanto a fumaça deixava seus lábios, causando mais uma careta na detetive.

sorriu para aquilo, uma pequena vitória de algum jeito.

— Dá para ser os dois.

— Hm — respondeu, deixando aquela afirmação se fixar em silêncio antes de voltar à sua faceta comum, sorrindo com uma arrogância desenfreada. — Que comida você deu para ele ficar grudado em você?

— Nada, só ração e petisco.

— Nem carne?

— Não. — se abaixou, fazendo carinho na parte de trás da orelha de . A cena era ambivalente, causando um aperto de ciúmes no peito de e, ao mesmo tempo, uma quentura suave que ele não estava acostumado. — Olha, ele só é um bobão que gosta de carinho.

— Ele é um macho alfa pronto para o combate — defendeu imediatamente, mas tinha outros planos que envolviam se deitar no chão de barriga para cima para receber mais carinho. grunhiu. -— Isso é… enganar o inimigo.

— Claro. — Revirou os olhos, pegando o filhote no colo. — Sabe, ele chorava toda noite, não importava o que eu fazia. Tenho certeza de que era saudades de você.

apenas a encarou com uma expressão surpresa, um pequeno sorriso em seus lábios antes dele pigarrear. tinha sentido sua falta? Mesmo depois de ter fugido? apontou para o cachorro e para o vape com a cabeça e ele bufou, soprando mais uma lufada de fumaça adocicada apenas para irritá-la antes de guardar o aparelho.

— Compre uma coleira para ele, delegado — ela aconselhou, devolvendo para as mãos dele, a sua palma calejada roçando levemente na mão dela. fez questão de jogar para o fundo da sua mente o quão diferente da mão do Lars aquilo se sentia, e quão bom era aquilo. — A sua delegacia tem um péssimo protocolo para animais perdidos.

, no entanto, deixou o pensamento daquela sensação borbulhar na superfície.

— É, é. Eu vou — respondeu, limpando a garganta. Enquanto se afastava em direção a um carro de polícia de Minnesota, ele adicionou birrento: — Mas não vai ser rosa!

Ela balançou a cabeça. Apesar de ele não poder ter certeza, pela maneira que seus ombros se moviam, ela parecia estar rindo. Talvez de descrença ou dele, mas rindo. Era legal.

— Depois conversamos sobre o caso — disse, em um tom mais elevado pela distância, logo entrando no carro.

Porque era óbvio que ela não ia sair sem deixar uma pulga atrás da orelha dele.

E é claro, naquela noite, choramingou como nunca havia chorado antes. Agora com saudades da outra dona.

Merda. Ele teria que encontrar ela de novo, não teria?

Tudo culpa do .


FIM


Nota da autora: E aqui estou eu, mais uma vez com oneshot dessa série e do Gator! Se quiserem ler a (outra) história, com meio monte de putaria, é só clicar em Homens de Verdade (Não) Fazem isso. Por aqui, temos apenas a guarda compartilhada do Jack.
Obrigada por ler e espero o seu comentário!

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