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Codificada por: Sol ☀️

Última Atualização: 21/05/2025.

cruzou os braços abaixo do peito e encarou as amigas, incrédula com o convite.

— Espera, você está falando sério, Miyeon? Uma casa de strip-tease para mulheres?

sabia da existência de milhares daquelas casas por Seul, especialmente em Itaewon, que era o bairro que elas estavam no barzinho escolhido por Chan-mi, uma de suas melhores amigas que estava noiva, e prestes a se casar. Ambas estavam ali para a despedida de solteira dela.

observou suas amigas, já um pouco alteradas, rindo e animadas com a ideia de Miyeon. A música alta do bar e a bebida forte já faziam efeito, mas ela, ainda sóbria, se sentia desconfortável com a sugestão.

— Miyeon, eu não sei... — tentou argumentar, mas foi interrompida pela risada escandalosa de Chan-mi, que acabara de dar um gole em seu drink.

— Ah, relaxa, ! Vai ser divertido! Você vai ver, o é incrível! — Chan-mi exclamou, já com a voz um pouco mais alta.

franziu a testa, confusa. “? Quem era esse?”

Miyeon, com os olhos brilhando e um sorriso de quem já sabia exatamente o que queria, completou:

— Ele é o dançarino lá. O cara do palco! Todo mundo fala que ele é... inarrável.

As outras amigas começaram a fazer coro, cada uma mais animada que a outra. Era claro que todas, menos , estavam empolgadas com a ideia de ir à casa de strip-tease.

— Vamos lá, ! Você tem que se jogar! Vai ser a despedida de solteira mais inesquecível de todas! — disse Jaehwa, já se levantando e puxando a amiga pelo braço.

suspirou, olhando para a mesa cheia de copos vazios. Já passava das duas da manhã e todas já estavam visivelmente alteradas. Ela era a mais sóbria do grupo, e a ideia de sair dali para um local como aquele parecia completamente fora da sua zona de conforto. Mas, ao ver a animação das amigas, ela se sentiu pressionada a ceder.

— Está bem, mas só por uma hora! Eu não vou ficar lá a noite toda, tá? — disse, mas a reação das amigas foi tão entusiástica que ela se viu sendo arrastada para fora do bar antes de ter tempo de pensar melhor.

🌜🌜🌜

Assim que elas pararam na porta do lugar, franziu o cenho encarando a fachada do mesmo. O neon vermelho piscava, lançando uma luz suave sobre a rua escura. O nome da casa, Velvet Temptation, estava escrito em letras cursivas e douradas, quase que desbotadas pelo tempo. As janelas eram pequenas, com cortinas de veludo grosso que mal deixavam ver o que se passava lá dentro, mas uma luz baixa escapava pelas frestas, criando um ambiente misterioso. O som abafado da música e risadas intensas podiam ser ouvidos através da porta, fazendo com que a curiosidade de aumentasse, embora sua apreensão também crescesse.

Ao lado da entrada, um segurança imponente de terno preto observava as pessoas que passavam, mantendo o controle sobre quem entrava ou não. O lugar tinha um ar elegante e secreto, como se fosse uma casa de desejos e proibições, onde as regras da sociedade pareciam desaparecer à medida que os passos adentravam aquele ambiente.

, ainda reticente, sentiu uma pressão nos ombros ao olhar para o local. Ela estava prestes a dar um passo para dentro de um mundo bem diferente do seu.

O segurança pediu as identidades para ter certeza que todas as presentes ali eram maiores de idade e poderiam entrar sem causar nenhum problema para o estabelecimento, e então entregou o documento ao grande homem que analisou o documento dela seriedade.

Ele fez um gesto com as mãos depois de devolvê-la seu documento para que ela entrasse logo e assim o fez, procurando pelas amigas que já estavam no balcão do bar.

— Vocês vão beber mais? Meu Deus! Como vão voltar para casa? — colocou as mãos nos ombros de Shuhua, encostando a cabeça no ombro dela.

— A gente vê isso depois! Não dá para ficar sem beber enquanto esses homens gostosos dançam , te garanto.

soltou uma risada baixa ao ouvir a resposta de Shuhua, que falava com tanto entusiasmo que era impossível não se contagiar.

— Você fala como se eu fosse a única sóbria aqui... — brincou, soltando o ombro de Shuhua e observando as outras amigas já no balcão, animadas com a ideia de beber mais. Ela não pôde deixar de sorrir, embora ainda se sentisse um pouco deslocada.

Ela respirou fundo e deu uma olhada ao redor do lugar. A boate tinha um ar sofisticado, mas ao mesmo tempo era marcada por uma energia elétrica, quase palpável. As luzes baixas e as cores quentes davam ao ambiente um toque sensual. As paredes eram decoradas com paineis de couro escuro e espelhos, refletindo o brilho suave dos lustres de cristal. Ao longe, o palco estava iluminado com uma luz intensa, e os dançarinos que se preparavam para subir pareciam quase flutuar, movendo-se de forma hipnotizante.

desviou o olhar por um instante, o peso do lugar começando a pesar sobre ela. As mesas ao redor do bar estavam ocupadas, todas com grupos de mulheres rindo e comentando sobre o que estava por vir, mas uma parte dela ainda não estava completamente confortável ali. Ela sentiu um calafrio leve passar pela espinha, mas logo se viu sendo puxada para o meio da pista de dança por Shuhua.

— Vamos lá, não seja boba! Vai ser divertido! — Shuhua exclamou, com os olhos brilhando, claramente mais solta com a bebida.

a seguiu, tentando relaxar e entrar no clima. O som da música pulsava no peito, e ela não pôde deixar de se perguntar o que a esperava, especialmente com aquele tal , que ela ainda não tinha visto. Seu coração bateu mais rápido ao pensar no que a noite poderia trazer.

As amigas de se perderam rapidamente na energia vibrante da pista de dança. Shuhua, Chan-mi e as outras estavam rindo, se mexendo ao som da música, animadas com a diversão e o álcool. Elas estavam imersas na atmosfera do lugar, sentindo-se livres e sem preocupações. , por outro lado, observava tudo de longe, ainda um pouco fora do seu elemento. Ela estava ali, mas seu olhar seguia os movimentos das amigas enquanto elas se soltavam cada vez mais.

Foi então que algo chamou sua atenção. Alguns dos dançarinos começaram a descer do palco, entrando na pista de dança para interagir com o público feminino. Eles estavam vestidos com roupas mais soltas, algumas peças mais ousadas, exibindo seus corpos definidos e caminhando com uma confiança inegável. A maneira como se moviam era sensual e provocante, o ritmo de seus corpos fluindo perfeitamente com a batida da música. As mulheres na pista logo começaram a rodeá-los, rindo e fazendo piadas, e logo os dançarinos estavam sendo cercados por elas, como se estivessem criando um espetáculo particular.

não pôde evitar lançar um olhar curioso, sentindo um calor inexplicável tomar conta de seu corpo enquanto observava os homens dançando. Um deles, com cabelo castanho e um sorriso encantador, se aproximou do grupo de mulheres em sua direção, fazendo gestos com as mãos, como se convidasse a todos para dançar com ele. Sua confiança era quase palpável, e a maneira como ele olhou para ela fez com que seu estômago desse um nó. Ela desvia o olhar rapidamente, não querendo que ele percebesse a tensão crescente que sentiu ao ser observada.

Ela tentou se distrair olhando para suas amigas, mas não pôde deixar de perceber a diversão que estavam tendo. Elas estavam completamente envolvidas, deixando a timidez de lado, jogando os braços para o ar e rindo com os dançarinos. , por mais que tentasse, não conseguia ignorar como os homens eram incrivelmente atraentes, e o fato de estarem tão perto delas, interagindo e dançando, tornava o ambiente ainda mais intimidador e tentador.

Ela sentiu uma onda de calor subir pelo pescoço, mas manteve os olhos no grupo, tentando esconder o desconforto. No fundo, uma parte dela estava começando a ceder, querendo ver até onde aquela experiência a levaria.

🌜🌜🌜

Depois de um tempo, as amigas de a puxaram para uma mesa próxima ao palco, onde a luz intensa iluminava a área de dança. A mesa estava posicionada de forma estratégica, oferecendo uma visão privilegiada do que acontecia ali em cima. se sentou, um pouco afastada das outras, e pegou uma das cervejas que as amigas haviam comprado para ela. Ela deu um gole, tentando relaxar, enquanto observava os dançarinos começarem o próximo número no palco.

A música estava ainda mais alta agora, com a batida pulsando no chão e no peito de todos ao redor. Ela viu o homem de cabelo castanho, o mesmo que havia olhado para ela antes, novamente se movendo com graça e confiança, como se dominasse o espaço. O movimento de seu corpo parecia hipnotizante, e, mesmo que tentasse não focar nele, não conseguiu desviar o olhar por muito tempo.

— Ele é incrível, não é? — Shuhua comentou, inclinando-se sobre a mesa, os olhos fixos no palco, enquanto suas amigas sorriam e assentiam com entusiasmo.

é um dos melhores, com certeza. Mas ele só se dedica totalmente ao show quando gosta de alguém da plateia. Já vi ele escolher umas meninas antes... — Miyeon respondeu, com um tom de quem conhecia bem o que estava acontecendo.

ergueu uma sobrancelha, curiosa. Ela tomou outro gole da cerveja e olhou para as amigas.

— Espera, quantas vezes vocês já vieram aqui? Não é a primeira vez, né? Chan-mi, você tem namorado há anos, aliás, quase todas vocês têm alguém... — perguntou, a voz soando ligeiramente incrédula.

Chan-mi, que estava se balançando na cadeira, parou por um momento e olhou para com um sorriso travesso.

— Olha, não é que a gente venha aqui sempre, mas, de vez em quando, todo mundo precisa de uma diversão, né? — ela respondeu, piscando para a amiga.

— E, bem, você sabe como a gente é, — Miyeon completou, rindo. — O tem esse efeito sobre a gente. Ele é irresistível quando sobe no palco. Só que, dessa vez, é você quem vai ser escolhida! Aposto que ele vai te levar para dançar.

engoliu em seco, seu olhar voltando para o palco, onde o tal parecia mais intenso do que nunca. O pensamento de ser escolhida por ele a fez sentir uma mistura de nervosismo e curiosidade. Ela olhou para as amigas, vendo o quanto estavam animadas com a possibilidade, e de repente se deu conta de que talvez fosse realmente hora de deixar a timidez de lado e ver o que essa noite reservava.

deu mais um gole na cerveja, sentindo o líquido gelado descer pela garganta e tentando se distanciar das tensões que estavam surgindo. As amigas continuavam rindo e se empolgando com a dança, e ela tentou se concentrar em qualquer outro dançarino. Havia outros homens no palco, cada um com sua própria energia e estilo, e se forçou a prestar atenção neles. Ela tentou se fixar em um de cabelo curto e tatuado, que dançava com uma ousadia divertida. Mas seus olhos, como se fossem puxados por um ímã, não conseguiam evitar voltar a .

Ele estava lá, no centro do palco, movendo-se com uma sensualidade que parecia ocupar todo o ambiente. Seus olhos estavam fixos em uma mulher da plateia, mas sentiu seu olhar por um instante, e isso fez seu estômago revirar. Ela rapidamente desviou os olhos, quase como se estivesse fugindo de algo. “Não, não pode ser…” Ela tomou mais um gole da cerveja, tentando focar nos outros dançarinos, que agora começavam a interagir com as mulheres na frente do palco, puxando-as para dançar e fazer brincadeiras.

Mas, de novo, sua atenção se desviou. se movia de forma fluida, com confiança total, e havia algo em sua presença que parecia magnetizar todo o ambiente. O jeito como ele dominava o palco, sem esforço, e o sorriso de canto de boca que surgia de vez em quando… sentiu uma onda de calor subir pelo pescoço. “Isso não pode estar acontecendo. Ele não pode me hipnotizar assim.”

Ela se sentiu um pouco tonta com o efeito que ele estava tendo sobre ela, e sua mente começou a divagar. Ela sabia que não podia continuar com esse olhar fixo nele, mas toda vez que tentava desviar, seus olhos voltavam involuntariamente para aquele homem no centro do palco.

A sensação de estar sendo observada não a deixava, e, por mais que tentasse racionalizar, não conseguia evitar a atração crescente. Sua mão apertou o copo de cerveja com mais força, como se isso fosse ajudar a controlar o tumulto em seu peito.

🌜🌜🌜

Conforme a noite se desenrolava, a energia do palco mudava. Aos poucos, os outros dançarinos foram saindo do centro da atenção, fazendo movimentos mais suaves, como se estivessem preparando o palco para o grande número que estava por vir. A música também começou a mudar. A batida pesada e acelerada que preenchia o espaço deu lugar a uma melodia mais lenta, sensual, uma música suave e envolvente, que fazia o corpo das mulheres nas primeiras filas se moverem em um ritmo mais íntimo, quase hipnótico.

, sentada na mesa, sentiu a diferença no ar. O ambiente parecia ter mudado junto com a música, ficando mais tenso e carregado, como se todos os olhares agora estivessem prontos para um espetáculo mais pessoal, mais privado. A expectativa estava no ar, e ela, como as outras, não podia evitar o que estava prestes a acontecer.

, o último dançarino que ainda permanecia no palco, se destacou de uma forma completamente diferente. Ele não precisava de mais ninguém para chamar a atenção. A música o envolveu, e ele começou a dançar de maneira mais lenta, mais detalhada, como se cada movimento fosse calculado, mas também cheio de liberdade. Seus passos eram precisos, a maneira como ele usava o espaço, quase como se estivesse se comunicando com a plateia de uma forma íntima. Cada movimento dele fazia o ambiente parecer ainda mais pesado, carregado de desejo e tensão.

não conseguia desviar o olhar. Ele estava sozinho agora, no centro do palco, com todos os olhos sobre ele, e parecia que a música e os movimentos estavam feitos especialmente para ele. Ela podia sentir o calor subindo pela pele, seu coração batendo mais rápido enquanto ele começava seu solo. O jeito como ele movia o corpo com tanta confiança, o olhar focado, parecia que ele estava dançando só para ela, embora soubesse que isso fosse um delírio.

O público, ou pelo menos as mulheres mais próximas, estavam totalmente hipnotizadas por . Ele estava tão à vontade, tão seguro, que parecia que o tempo havia desacelerado, e todos estavam suspensos naquele momento. Mesmo com a música diminuindo, o ritmo dele não perdeu a intensidade. Ele estava levando a plateia para outro lugar, como se fosse uma experiência pessoal que, de alguma forma, todos ali estivessem compartilhando.

, sem querer, mordeu o lábio, sentindo a tensão aumentar. Tudo sobre ele estava chamando sua atenção agora: os músculos visíveis através da camisa justa, o jeito como ele se movia com tanto controle e ao mesmo tempo com uma liberdade que parecia quase desafiadora. Ela sentiu um arrepio ao se dar conta de que ele estava se aproximando da borda do palco, ainda mantendo aquele olhar seguro, como se estivesse escolhendo alguém para observar mais de perto.

Enquanto se movia pelo palco, os olhos de , como que atraídos por uma força invisível, se fixaram nele. Por um breve segundo, os dois se encararam, o olhar dele intenso e carregado de algo difícil de identificar. sentiu um arrepio percorrer sua espinha, quase como se ele tivesse lido seus pensamentos. Ela olhou para ele, absorvendo a confiança dele, a forma como ele parecia dominar o espaço. O momento foi breve, mas suficientemente forte para fazê-la sentir a tensão no ar.

Sem perder tempo, desceu do palco com a mesma segurança que tinha ao dançar. Ele caminhou em direção à mesa onde e suas amigas estavam sentadas, com um sorriso no rosto, como se soubesse exatamente o que estava fazendo. As mulheres ao redor estavam animadas, e algumas, mais ousadas, começaram a se aproximar, passando as mãos pelo corpo dele, tocando sua calça e colocando dinheiro nas mãos e até na cintura dele. , no entanto, parecia estar em outro mundo, completamente focado na direção em que caminhava, direto para a mesa delas.

ficou tensa. Seu corpo congelou por um momento, embora ela tentasse disfarçar. As amigas, por outro lado, estavam todas animadas, rindo e gesticulando, sem perceber a inquietação de . O que quer que estivesse acontecendo, ele estava se aproximando delas, e ela não sabia o que fazer com a situação.

Quando ele chegou perto, parou e olhou diretamente para , que ainda estava segurando sua cerveja, os olhos um pouco deslumbrados, mas tentando manter a compostura. Ele sorriu suavemente, observando a tiara com o véu de noiva que ela usava, um acessório típico de despedida de solteira.

— Você é a noiva? — Ele perguntou diretamente, a voz baixa, mas cheia de curiosidade, enquanto as outras mulheres continuavam a tocar nele e a colocar mais dinheiro em suas mãos, como se fosse algo totalmente natural.

ficou sem palavras por um momento, os olhos fixos no dele. Seu coração disparou. Ela sabia que ele estava falando com ela, mas o tom direto e o jeito como ele a encarava a fez sentir algo que não sabia como explicar.

As outras mulheres riram e continuaram a brincar com , mas ele não parecia dar muita atenção a elas. Sua atenção estava totalmente voltada para , esperando por uma resposta.

Antes que pudesse responder, as amigas começaram a falar animadas. Chan-mi, especialmente, parecia empolgada com a situação e não deixou passar a chance de interagir com .

— Não, ela não é a noiva — disse Miyeon, rindo enquanto apontava para . — A noiva é a Chan-mi aqui, a é a madrinha de honra!

Chan-mi, com um sorriso orgulhoso no rosto, levantou a mão, mostrando a aliança de compromisso, e olhou para , pronta para fazer o papel de noiva em sua despedida. olhou de volta para ela com um sorriso galante, acenando com a cabeça.

— Ah, então você é a noiva, parabéns! — Ele disse, com um brilho nos olhos, antes de acrescentar, quase como se estivesse estabelecendo uma regra: — Eu não danço com as noivas, mas você pode ser escolhida pelos outros bailarinos, ok?

Chan-mi riu, aceitando a resposta com um aceno, e começou a conversar com as outras meninas, já imaginando quem mais poderia dançar com ela. No entanto, enquanto se afastava ligeiramente de Chan-mi, seus olhos voltaram para , que, sem querer, desviou o olhar rapidamente, tentando não se entregar àquela tensão crescente.

Mas não deixou passar. Ele deu um passo à frente, se aproximando ainda mais dela. Com um movimento suave, ele levantou a mão e, com a ponta dos dedos, tocou o queixo de . O toque foi firme o suficiente para que ela não conseguisse desviar o rosto, mas suave o bastante para deixar um arrepio por todo o seu corpo.

— Olhe para mim — ele disse, sua voz baixa e controlada, como se estivesse exigindo sua atenção, mas ao mesmo tempo a convidando para um jogo que só os dois poderiam entender. — Eu quero você, .

As palavras caíram pesadas no ar, cada sílaba carregada de desejo. sentiu a respiração falhar, o corpo rígido com a proximidade dele. Seus olhos se encontraram novamente, e ela percebeu que não poderia mais esconder o que sentia. O calor que subia pela sua pele, o ritmo acelerado do seu coração, tudo parecia ter desaparecido do resto do mundo. Era só ela e , com o espaço entre eles sendo preenchido pela tensão elétrica que ele mesmo havia criado.

ainda sentia o toque dele em sua pele, mesmo depois que seus dedos haviam se afastado de seu queixo. O coração batia forte demais, alto demais. As risadas das amigas soavam distantes agora, abafadas pela presença intensa de diante dela.

Sem dizer mais nada, ele ergueu a mão em sua direção.

O gesto era simples, mas carregava um convite impossível de ignorar. A mão dele, firme, estendida, aguardava por sua resposta. Ele não parecia apressado — ao contrário, parecia saber exatamente o efeito que causava. Os olhos mantinham-se fixos nos dela, como se dissesse silenciosamente: esse é o meu show… e eu escolho você.

hesitou. Sentia todos os olhares à sua volta, mas o dele era o único que importava. Ela baixou os olhos por um instante, tentando encontrar alguma resistência dentro de si — mas tudo que encontrou foi um calor crescente que lhe arrepiava os braços.

Ela ergueu a mão devagar, como se estivesse atravessando uma fronteira invisível.

Quando seus dedos tocaram os dele, os entrelaçou com firmeza e puxou-a com delicadeza, mas sem dar chance para recuar. As amigas explodiram em gritos e assovios, batendo palmas e incentivando, como se já esperassem por aquilo. sentiu as bochechas queimarem, mas era tarde demais para voltar atrás.

Ele a guiou entre as mesas, ignorando todos os olhares, como se não houvesse mais ninguém ali além dos dois. O palco os aguardava — e ela não fazia ideia do que a esperava quando subisse nele.

🌜🌜🌜

O palco parecia maior agora que estava nele.

A luz quente incidia sobre sua pele, realçando cada pequeno gesto. a conduziu até uma cadeira no centro, posicionada sob o foco de luz principal, e fez um gesto para que ela se sentasse. Ela o obedeceu, quase automaticamente, as pernas um pouco trêmulas, as mãos repousando tensas sobre o colo.

Ao redor, a plateia aplaudia e vibrava, mas para , o som parecia distante, abafado pela pulsação em seus ouvidos. Seus olhos estavam presos nele — em — que agora caminhava ao redor dela com uma presença quase felina, os movimentos calculados, fluidos, hipnotizantes.

A música mudou. Uma batida mais profunda, lenta, sensual.

começou a dançar.

Não era o tipo de dança exagerada e espalhafatosa que ela imaginava. Era algo... íntimo. Ele se movia com intensidade contida, os quadris marcando o ritmo, os músculos tensos sob a camisa preta parcialmente aberta. Seu olhar nunca deixava o dela — penetrante, provocador, como se cada passo fosse feito apenas para ela.

engoliu seco quando ele se aproximou e apoiou uma das mãos no encosto da cadeira, se curvando ligeiramente até que seus rostos ficassem a poucos centímetros de distância. O calor de sua pele, o cheiro leve de perfume adocicado misturado com suor e o timbre grave da música a deixaram atordoada.

Ele não dizia uma palavra.

Mas dizia tudo com o corpo.


deslizou para o lado dela, a mão passando lentamente por seu ombro, seus dedos roçando a pele nua como uma promessa. Ela estremeceu, mas não recuou. Sabia que estava sendo observada, mas, naquele instante, só conseguia prestar atenção nele.

Com movimentos lentos e ensaiados, ele se afastou apenas para virar de costas e rebolar suavemente ao som da batida, antes de voltar de frente e se posicionar entre suas pernas, sem tocá-la diretamente. Ele apenas a olhava, as mãos ao lado de sua cintura, enquanto seus quadris ondulavam no ar. O público gritou e vibrou, mas permaneceu paralisada, o rosto em chamas, o olhar fixo no dele.

E então, com uma ousadia que fez seu coração vacilar, se abaixou. Ficou ajoelhado entre suas pernas e repousou as mãos nos joelhos dela, subindo devagar, como se cada centímetro percorrido fosse uma coreografia. abriu a boca, surpresa, mas nenhum som saiu.

Quando seus dedos pararam na metade de suas coxas, ele se inclinou ligeiramente para frente, o rosto quase colado ao dela, e murmurou com um sorriso provocador:

— Está com vergonha de mim… ou de você mesma?

Ela o encarou, sem conseguir responder. Porque, no fundo… talvez fosse um pouco dos dois.

mal teve tempo de recuperar o fôlego após a provocação sussurrada.

voltou a se levantar devagar, os olhos ainda cravados nos dela, e então, num gesto lento e deliberado, levou as mãos aos botões da própria camisa. Ele a desabotoou calma, como se cada movimento tivesse sido ensaiado para deixá-la completamente hipnotizada.

A plateia gritou de empolgação quando ele deixou a camisa cair no chão, revelando o abdômen definido e o peitoral reluzente sob as luzes quentes do palco. O suor leve que cobria sua pele fazia com que cada músculo se destacasse, cada curva e linha de seu corpo se tornasse impossível de ignorar.

, sentada ali, sentiu o rosto queimar ainda mais. Ela tentou olhar para qualquer outro lugar — o chão, a cortina, o teto — mas seus olhos sempre voltavam para ele.

sorriu com a reação dela. Era exatamente o que ele queria.

Ele se aproximou novamente, devagar, com a confiança de quem tinha total domínio da situação. Ficou de pé entre suas pernas outra vez, e, dessa vez, não pediu permissão. Segurou suavemente a mão de , que descansava tensa sobre sua coxa, e a ergueu até seu próprio corpo.

arfou em silêncio quando sentiu o calor da pele dele sob sua palma. a guiou com cuidado, deslizando os dedos dela por seu abdômen, fazendo-a traçar a linha do meio de seu peito até o início do ventre, onde a calça começava. A pele dele era quente e firme sob seu toque, os músculos se contraíam levemente a cada movimento.

— Sinta. — Ele murmurou, com a voz rouca, o olhar fixo no dela. — Eu quero que você me sinta.

Ela sentiu os dedos tremerem um pouco, mas não puxou a mão. Havia algo naquele momento que a prendia ali — como se estivessem em um mundo à parte, onde só existiam os dois. A plateia podia gritar, as luzes podiam piscar, mas nada parecia real além do corpo dele sob suas mãos, e o olhar dele queimando o dela.

continuou a dançar com ela sentada, seus quadris se movendo a poucos centímetros do corpo dela. Ele soltou a mão dela apenas para se inclinar mais uma vez, aproximando os lábios do ouvido de , sua respiração quente fazendo com que ela se arrepiasse inteira.

— Você tem ideia do que está fazendo comigo agora?

fechou os olhos por um instante, tentando conter a mistura de nervosismo, desejo e adrenalina. Quando os abriu novamente, estava sorrindo — não aquele sorriso provocador de antes, mas algo mais... satisfeito. Como se estivesse exatamente onde queria estar.

E ela... também.

deu mais um passo para trás, os olhos ainda grudados em , que parecia esquecer como se respirava. Seu corpo vibrava com a música, mas agora, havia uma intenção clara no ritmo de cada gesto — algo mais íntimo, mais pessoal. Ele estendeu as mãos para ela novamente, e, com firmeza, puxou-a da cadeira, fazendo com que ficasse de pé à sua frente.

sentiu os joelhos vacilarem por um segundo, mas antes que pudesse hesitar, segurou suas duas mãos entre as dele e as guiou de volta ao seu corpo.

Com ela agora de pé, os dois ficaram ainda mais próximos. O calor entre eles era palpável.

Ele começou a deslizar as mãos dela sobre seu torso nu, do peitoral até os ombros, e depois de volta para o abdômen, como se estivesse esculpindo seu próprio corpo com o toque dela. As mãos dela tremiam levemente, mas ela não recuava. Havia algo nele — talvez o olhar intenso, talvez o controle que ele parecia exercer sobre a situação — que a fazia obedecer sem pensar.

tentou desviar o olhar, perdida na própria vergonha, mas ele não deixou. Assim que percebeu que ela estava evitando seus olhos, soltou uma de suas mãos e ergueu a outra até o queixo dela, segurando-o com a ponta dos dedos, suave e firme, obrigando-a a encará-lo outra vez.

— Não fuja de mim. — A voz dele era baixa, quase um sussurro entre as batidas graves da música. — Eu quero ver o que você sente.

Ela sentiu o ar faltar. Havia algo no jeito como ele dizia essas coisas — como se estivesse despindo algo dentro dela, não só por fora. Seu olhar encontrava o dela como se fosse capaz de atravessar todas as suas barreiras.

E mesmo com a plateia gritando, vibrando com cada gesto, sentia que o momento era apenas deles.

Com ela ainda de pé, girou suavemente o corpo dela com uma das mãos, fazendo com que ficasse de costas por um instante, e se aproximou, colando seu peito às costas dela. As mãos dele seguraram as dela novamente, descendo juntas pelos próprios flancos, conduzindo o toque como se ela tivesse domínio, quando, na verdade, ele nunca deixava o controle escapar.

Ela estava entregue àquele momento — ao calor, à música, ao toque. Cada linha do corpo dele contra o dela a fazia querer esquecer tudo ao redor.

Mas nada a desestabilizava mais do que os olhos dele, e ele sabia disso.

Então, quando a girou de volta e seus rostos ficaram a poucos centímetros, ele repetiu:

— Olhe pra mim.

E, dessa vez… ela não desviou.

As luzes do palco pareciam mais quentes agora, ou talvez fosse o calor do corpo dele contra o dela.

Com os rostos colados, manteve os olhos cravados nos de por alguns segundos que pareceram eternos. O mundo ao redor desapareceu — não havia mais música, nem gritos, nem luzes. Só o som abafado das próprias batidas do coração e o olhar dele, dominando tudo.

E então, como se finalizasse a hipnose em que a colocou, se afastou levemente, ainda segurando uma das mãos dela. Ele deu dois passos para trás, sem desviar o olhar, e fez um movimento com a cabeça, indicando que ela o seguisse.

Ela hesitou — por um segundo apenas.

E então deu um passo.

Ele a puxou para mais perto, uma das mãos em sua cintura, firme, guiando-a com precisão. Os dois se moveram no ritmo da música, como se fossem um só corpo. girava com ela, colava, afastava, provocava… e , apesar da timidez, começava a se soltar — ou a se perder. Já não sabia.

Os movimentos finais da coreografia eram quase lentos demais, como se a música estivesse se esvaindo devagar, embalada por um último suspiro de tensão. a conduziu de volta à cadeira, mas antes que ela se sentasse, inclinou-se para ela e, com os lábios a poucos centímetros dos dela, sussurrou:

— Isso foi só o começo.

E então se afastou.

A música cessou.

As luzes do palco diminuíram aos poucos, e o barulho da plateia explodiu — gritos, palmas, assovios, risadas. O show continuaria, mas para , aquele momento tinha terminado… e levado parte dela com ele.

Ela desceu do palco como em transe, as pernas instáveis, o coração em ritmo frenético. Não sabe como chegou até a mesa onde estava com as amigas antes, mas lá estava ela.

As amigas a receberam aos gritos, eufóricas, puxando-a para sentar de novo, mas as palavras delas eram como ruídos abafados na mente dela. só conseguia pensar em uma coisa: o toque dele. O olhar dele. As palavras dele.

! — Miyeon sacudiu o braço dela. — Você tava maravilhosa! Meu Deus, que cena foi essa?!

Ela tentou sorrir, mas mal conseguia reagir. Levou a cerveja à boca, mesmo sem sede, como se o gosto amargo pudesse acalmá-la. Mas era inútil.

O corpo ainda estava quente. As mãos ainda lembravam a pele dele. E seu olhar… aquele olhar ainda estava gravado em sua mente, como uma marca que ela não sabia se queria apagar.

E pior — uma parte dela queria repetir.

🌜🌜🌜

Ainda atônita, mal conseguia ouvir o que as amigas diziam ao seu redor. As vozes vinham como ecos distantes, embaralhadas com a batida da música e o redemoinho de pensamentos que se repetiam sem parar em sua cabeça.

O toque dele. O olhar. O calor. A forma como ele guiava suas mãos como se ela fosse feita para isso.

Ela se levantou da cadeira num impulso.

Precisava respirar. Precisava esfriar o rosto. Precisava… qualquer coisa que a fizesse esquecer por um segundo o que havia acabado de acontecer no palco.

Caminhou até o bar, ainda com o coração em disparada, como se estivesse fora de si. Encostou-se ao balcão, tentando ignorar a sensação do corpo ainda reagindo ao dele. Suas mãos — que haviam percorrido a pele quente e firme de — tremiam levemente. Era como se a pele dele tivesse deixado uma memória na dela. Um traço.

— Uma cerveja, por favor — pediu ao barman, quase num sussurro.

Enquanto esperava, passou os dedos pelos cabelos, tentando recuperar o controle sobre si mesma, mas não adiantava. Parecia impossível.

Ele disse que queria ela. Disse que aquilo era só o começo.

A cerveja chegou, e agarrou a garrafa com ambas as mãos. Levou-a aos lábios e tomou um longo gole, como se a bebida gelada pudesse apagar o fogo que ainda sentia no peito — e em outras partes do corpo que preferia não pensar naquele momento.

Assim que baixou a garrafa, sentiu uma presença ao seu lado. Forte, quente, familiar.

— Precisa de mais uma dessa pra me esquecer? — a voz grave e carregada de malícia soprou no ouvido dela.

girou levemente o rosto e o viu ali. . Com a camisa preta desabotoada, deixando à mostra o mesmo corpo que ela havia tocado minutos atrás. Os cabelos um pouco bagunçados pelo suor, os olhos ainda com aquele brilho de quem sabe exatamente o efeito que causa.

Ela ficou sem palavras por um segundo, o coração acelerando mais uma vez só por tê-lo tão perto.

— Achei que fosse ficar vermelha só no palco — ele continuou, com um sorriso de canto que era mais perigoso que qualquer dança. — Mas parece que você continua pegando fogo aqui também.

respirou fundo, tentando recuperar a compostura, mas o jeito como ele a olhava… era como se ela fosse o centro do universo dele naquela noite.

E, no fundo, uma parte dela adorava isso.

desviou o olhar, tentando conter a avalanche de sensações que voltava com a presença dele. estava perto demais, com aquela postura descontraída, a camisa aberta revelando tudo o que ela não conseguia esquecer. O perfume dele, misturado ao cheiro de suor e espetáculo, ainda estava impregnado na memória dela.

Ela deu mais um gole na cerveja, desta vez curto, só para manter as mãos ocupadas. Precisava de um ponto de fuga. De distância. De ar.

— Eu… acho que já vou — murmurou, mais para si mesma do que para ele. Colocou a garrafa sobre o balcão e tentou virar-se, mas antes que desse o segundo passo, sentiu os dedos dele segurando levemente seu pulso.

Nada agressivo. Mas firme o suficiente para fazê-la parar.

Ela se virou devagar, encontrando novamente aqueles olhos escuros e perigosos demais.

— Vai embora? — ele perguntou, a voz baixa e carregada de curiosidade. — Depois daquilo tudo?

tentou sorrir, mas o nervosismo transparecia.

— Sim, eu… já foi o suficiente. Foi só uma dança. Nada demais.

arqueou uma sobrancelha, como se ela tivesse contado uma piada que ele achou particularmente boa.

"Nada demais"? — Ele repetiu, dando um passo à frente, encurtando o espaço entre eles outra vez. — Então por que você está com as mãos trêmulas desde que saiu do palco?

Ela abriu a boca, surpresa, mas nenhuma resposta saiu. Ele percebeu. E sorriu, daquela forma que ela já estava começando a reconhecer — charmosa, perigosa, controlada.

— Você pode ir… se quiser. — Ele disse, soltando o pulso dela, como se estivesse devolvendo a decisão às mãos dela. — Ou pode vir comigo. Só por alguns minutos. Só pra conversar.

Ele deu uma leve inclinada com a cabeça, indicando o corredor que levava aos bastidores. A música no salão ainda pulsava, as luzes ainda giravam, mas para o tempo parecia ter desacelerado ali, entre eles.

— Sem compromisso — ele continuou, a voz agora mais baixa, quase como um segredo dividido só entre os dois. — Só eu, você… e aquela tensão que você está tentando esconder desde que eu encostei em você.

prendeu a respiração.

Sabia que, se fosse com ele, não seria só “uma conversa”. E talvez… não fosse isso o que mais a assustava. O que a deixava inquieta de verdade era o quanto ela queria ir.


sentiu o coração bater no fundo da garganta. O convite pairava no ar entre eles, leve como fumaça e denso como um segredo. Ela olhou para o corredor indicado por ele — um caminho sem volta. Ou talvez só uma curva temporária. Mas que, de qualquer forma, a deixaria marcada.

… — começou, a voz mais frágil do que gostaria. — Eu não sou esse tipo de pessoa. Eu nem sei o que estou fazendo aqui.

Ele deu um leve sorriso, sem ironia. Era compreensivo, até gentil, mas não menos firme.

— Você não parece saber o que fazer porque está tentando lutar contra algo que já decidiu — ele disse, com uma honestidade desconcertante. — E não estou te pedindo nada que você não queira. Só estou... te oferecendo um momento que você pode se permitir viver.

abaixou os olhos, e seu peito subia e descia com mais intensidade. Suas mãos estavam inquietas, os pensamentos atravessando sua mente em turbilhão. Era só uma dança. Era só uma noite. Ele é um estranho. Mas... por que sinto como se ele já soubesse de coisas sobre mim que nem eu mesma admito?

Por alguns segundos, ela ficou ali, imóvel. O tempo parecia depender apenas da resposta dela. E ele, paciente, respeitou o silêncio, como quem sabia que a decisão viria.

Ela ergueu os olhos, finalmente, e os encontrou novamente. Havia algo naquele olhar — algo que não era só provocação ou desejo. Havia atenção. Havia presença.

E talvez fosse por isso que ela cedeu.

Sem dizer uma palavra, deu um passo à frente.

não sorriu dessa vez. Apenas assentiu levemente, como se estivesse esperando exatamente por isso.

Ele se virou devagar, começando a andar em direção ao corredor. E ela o seguiu, com o coração disparado, os pensamentos gritando... mas as pernas firmes. Uma parte dela ainda duvidava do que estava fazendo.

Mas outra, mais profunda — mais viva — queria descobrir onde aquela noite terminaria.

🌜🌜🌜

O corredor atrás do palco era estreito, mal iluminado, com paredes escuras e o som abafado da música ainda vibrando ao fundo. caminhava logo atrás de , os passos firmes dele contrastando com os dela, ainda incertos. O ar ali parecia mais denso. Ou talvez fosse só ela — tomada por uma mistura de nervosismo, antecipação e algo que não sabia nomear.

Eles passaram por duas portas até que ele parou diante de uma terceira, de madeira escura, com um nome grafado em um adesivo desgastado: . Ele abriu a porta devagar, como se aquilo fosse parte do mesmo ritmo em que dançara mais cedo, e gesticulou para que ela entrasse.

hesitou por meio segundo — e entrou.

O camarim era pequeno, com paredes revestidas de espelho de um lado e uma fileira de luzes redondas contornando a moldura. Um sofá estreito encostado na parede oposta, algumas roupas jogadas por ali, uma garrafa d’água pela metade sobre a bancada. Um ventilador de chão girava devagar, dispersando o calor, mas não o suficiente para amenizar o que já ardia dentro dela.

entrou logo depois, fechando a porta atrás de si com um clique suave.

Ela ficou ali, em pé, no meio do cômodo, os dedos entrelaçados, tentando parecer tranquila, embora tudo nela denunciasse o contrário.

— Você está tensa. — A voz dele surgiu atrás dela, mais próxima agora. Grave. Baixa. — E linda desse jeito.

se virou, deparando-se com ele mais uma vez tão perto. A camisa ainda aberta, os olhos ainda famintos — mas não só por desejo. Era como se ele quisesse decifrá-la.

— Eu... não sei o que você espera que aconteça aqui — ela disse, a voz saindo mais honesta do que pretendia.

deu mais um passo. Não a tocou, mas invadiu o espaço entre eles com facilidade.

— Nada que você não queira — ele respondeu. — Mas você veio até aqui. Sozinha. E não foi à toa.

Ela o encarou, como se ainda buscasse algo que justificasse o porquê de estar ali. Mas não havia nada lógico naquele momento. Era puro impulso. Puro instinto.

ergueu a mão, lentamente, como se perguntasse com o gesto se podia. Ela não recuou. Ele tocou sua bochecha com a ponta dos dedos, leve, como se explorasse o contorno da dúvida nela. E então, o polegar roçou os lábios dela.

Posso te beijar?

A pergunta não foi dita com pressa. Foi feita com um respeito que contrastava com a intensidade do olhar dele.

sentiu a garganta apertar. E, mesmo com o coração quase saltando pela boca, ela assentiu.

Foi tudo o que ele precisou.

se aproximou devagar, o olhar fixo no dela como se qualquer movimento brusco pudesse quebrar algo entre eles. O toque de seus dedos ainda repousava no rosto dela, acariciando com delicadeza a pele quente e sensível. prendeu a respiração quando ele se inclinou, o rosto chegando mais perto do seu.

O tempo parecia suspenso.

E então, finalmente, os lábios dele tocaram os dela.

Foi um beijo calmo, surpreendentemente suave para alguém tão seguro, tão dominante no palco. Ele a beijou como se ela fosse algo precioso, como se quisesse saborear cada segundo, como se tivesse todo o tempo do mundo.

Os lábios dele eram quentes, firmes, mas não exigentes. Eram um convite. Um teste de entrega.

correspondeu timidamente no começo, os olhos fechados, os ombros ainda tensos — mas bastou o deslizar lento da boca dele sobre a dela, a mão que desceu com cuidado para a cintura dela, o calor daquele toque, para que algo dentro dela se rendesse. Seu corpo relaxou, derretendo aos poucos contra o dele.

aprofundou o beijo com suavidade, inclinando mais a cabeça, deixando que seus lábios se moldassem aos dela com mais intenção. Sua outra mão repousou na base da nuca dela, os dedos entre os fios de cabelo, guiando o momento com firmeza, mas sem pressa. Era como se ele estivesse marcando o ritmo, não com música agora, mas com a boca, com os gestos, com a intensidade do silêncio entre os dois.

sentiu um arrepio atravessar a espinha quando a língua dele tocou, com cuidado, o canto de sua boca. Ela gemeu baixo, involuntariamente, e sentiu as mãos dele a apertarem um pouco mais contra seu corpo, como resposta. Ainda assim, não havia urgência. O beijo era profundo, mas contido — como se estivesse controlando cada passo, saboreando cada reação dela, como se não quisesse apenas possuí-la, mas entender tudo que ela escondia.

Quando, enfim, ele afastou os lábios dos dela, foi apenas o suficiente para encostar a testa na dela. A respiração dos dois estava entrecortada, quente, mesclada entre os poucos centímetros que ainda os separavam.

manteve os olhos fechados por mais um segundo, como se o mundo ainda girasse devagar demais para que ela pudesse encará-lo.

— Eu disse que era só o começo — ele sussurrou, com a voz rouca pelo desejo contido.

Ela não respondeu. Não precisava. Porque naquele instante, entre o calor dos lábios ainda latejando e o peito acelerado, ela soube: não havia mais volta.

O silêncio que se formou entre os dois era espesso, cheio de significados que palavras não alcançavam. Ainda com as testas encostadas, sentia a respiração quente de se misturando à sua, o coração ainda descompassado sob o toque suave das mãos dele na cintura.

Ele foi o primeiro a se mover. Com delicadeza, afastou o rosto o suficiente para olhar para ela de verdade — como se estivesse tentando entender até onde podia ir. Seus olhos vasculhavam os dela com paciência, como se buscassem sinais escondidos de medo, desejo ou arrependimento.

Mas não desviou.

Não dessa vez.

Ela sentia tudo — o calor do corpo dele próximo, a firmeza das mãos, o gosto ainda presente do beijo nos lábios. Estava ali. Inteira. E parte dela — talvez a que sempre se escondia atrás da timidez — não queria mais fugir.

sorriu, um pouco mais suave agora, e voltou a acariciar a lateral do rosto dela com o dorso dos dedos, como se ainda estivesse se certificando de que ela estava ali de verdade. Em seguida, desceu a mão até o ombro dela, puxando devagar a alça da blusa, que escorregou com facilidade, deixando a pele à mostra.

— Você é linda demais pra se esconder atrás do silêncio, — murmurou, com os olhos fixos no ponto onde sua pele fora revelada.

Ela estremeceu com o toque e com o que ele disse. E quando a mão dele voltou à sua cintura, puxando-a para mais perto, seu corpo respondeu sem resistência.

As bocas se encontraram de novo, dessa vez com mais familiaridade, mais entrega. Os lábios se encaixaram com mais fome, mas ainda com controle. a guiava com o corpo, explorando cada reação. Seus beijos agora desciam pelo queixo, pela linha do maxilar, até o pescoço — e a forma como ele fazia isso, com os lábios entreabertos, lentos, como se quisesse decorar cada centímetro da pele dela, era quase reverente.

ofegou, e as mãos dele deslizaram para suas costas, tocando com calma, sentindo cada curva, cada ponto de tensão. Ele a pressionou levemente contra a bancada do camarim, a madeira fria contrastando com o calor do corpo dele, e parou apenas quando seus olhos encontraram os dela mais uma vez.

— Se você quiser parar... me diga agora — ele disse, sério, os dedos repousando no quadril dela, mas sem invadir nada que ela não autorizasse.

mordeu o lábio inferior, o corpo inteiro em alerta. E então balançou a cabeça, sem conseguir formar palavras, mas com a certeza escancarada no olhar.

Ela não queria parar.

Não ainda.

A resposta de , embora silenciosa, foi clara como o som mais alto daquela boate — e para , era tudo o que importava.

Ele a puxou com mais firmeza pela cintura, colando seu corpo ao dela. Os dois estavam agora frente a frente, tão próximos que era difícil dizer onde um começava e o outro terminava. A bancada atrás dela oferecia apoio, mas também criava limites, como se o mundo tivesse se resumido à aquele espaço apertado, morno, abafado pelas respirações que se tornavam cada vez mais profundas.

Os lábios dele buscaram os dela novamente — mas dessa vez, o beijo veio mais urgente, mais cheio. Ainda controlado, ainda respeitoso, mas repleto do desejo que crescia em camadas, como ondas quebrando no mesmo ponto da areia.

As mãos dele deslizaram pelas laterais do corpo de , subindo e descendo com reverência. Nenhum toque era rápido. Nenhum gesto era feito por impulso. parecia determinado a fazer com que ela sentisse cada movimento, cada aproximação, cada reação que o corpo dela tinha ao ser tocado.

Ele voltou a beijá-la no pescoço, dessa vez abrindo espaço com os dedos para escorregar a alça da blusa do outro ombro também. A pele dela arrepiava-se sob seus lábios, e sentiu a respiração falhar quando ele passou a língua de leve sobre a curva entre o pescoço e o ombro. Ela soltou um som baixo, quase envergonhado, que ele recompensou com um suspiro sutil e um sorriso quente contra sua pele.

— Cada pedacinho seu reage como se nunca tivesse sido tocado assim — ele murmurou contra sua clavícula, antes de voltar a subir para encontrar o olhar dela.

estava com os olhos semicerrados, as mãos espalmadas sobre o peito dele, como se ainda estivesse tentando conter a própria entrega. Mas não havia mais resistência ali. Apenas surpresa. Intimidade. Desejo.

segurou o rosto dela com as duas mãos e a observou por um momento mais longo. Como se estivesse tentando guardar aquela expressão, como se quisesse lembrá-la para sempre.

— Você ainda pode ir embora se quiser. Mas se ficar… — ele disse, e então se inclinou, colando a boca ao ouvido dela, a voz grave como uma promessa — ...eu vou te mostrar exatamente como é ser desejada, . De verdade.

Ela fechou os olhos, sentindo a pele vibrar com cada sílaba dita perto demais, íntima demais.

E então, ela abriu os olhos, devagar, os lábios entreabertos, o corpo colado ao dele.

— Então me mostra — sussurrou.

Não havia mais hesitação.

Apenas fogo.

não respondeu com palavras.

Ele apenas a olhou, por um instante longo, como se confirmasse que aquele pedido não era apenas desejo — era entrega. E então, sem pressa, colou novamente os lábios aos dela, iniciando um beijo mais intenso, mais profundo, como se aquele simples gesto fosse a confirmação silenciosa de tudo que viria a seguir.

respondeu com igual entrega. Já não havia tremor, nem hesitação em seus gestos. Suas mãos se desfizeram da camisa que ele usava, e subiram pelas costas nuas dele, sentindo a pele quente, os músculos que antes apenas observara de longe. Agora, eram dela para tocar.

A blusa que restava sobre seu corpo foi retirada com cuidado. a deslizou por seus braços, mantendo o olhar nos dela, observando cada mínima reação de seu rosto, como se estivesse aprendendo a ler cada gesto seu.

Ele a beijou novamente, mas dessa vez descendo devagar por sua mandíbula, seu pescoço, seus ombros. Cada toque era uma promessa. Cada centímetro de pele exposto era reverenciado como um território sagrado. Suas mãos a exploravam com calma, descobrindo-a sem pressa, como se tivessem toda a noite — e talvez tivessem.

se sentia flutuar. A insegurança inicial tinha se transformado em uma sensibilidade diferente. Era como se o corpo dela estivesse despertando para algo novo. Não era só físico. Era íntimo. Era intenso. O toque dele não invadia — ele descobria. E ao descobrir, fazia com que ela também se reconhecesse ali.

Quando ele a conduziu até o sofá estreito, os movimentos foram suaves, cuidadosos. A forma como a deitou ali, como se ela fosse algo raro demais para ser tratada com qualquer tipo de pressa, fez com que seus olhos marejassem por um instante — não por tristeza, mas pela estranha sensação de estar sendo vista. De verdade.

se deitou ao lado dela, os corpos colados, respirações misturadas. Seus beijos continuaram, mais lentos, agora explorando o caminho entre a clavícula e o ventre, como se estivessem traçando um mapa de sensações pela pele dela. Cada arrepio, cada suspiro, cada pequeno som que escapava dos lábios de era acolhido como música.

As mãos grandes de deslizaram a saia que ela usava para baixo, lentamente, os olhos nunca deixando os seus, como se quisessem se certificar que estava tudo bem para ela, e quando o tecido chegou ao solo, as chutou pata longe, dizendo para ele com aquele gesto que ela não pararia mais.

olhou o corpo dela seminu, agora repousado sob a penumbra amena do camarim. A lingerie preta que moldava suas curvas não era nova, tampouco parecia ter sido escolhida com alguma intenção específica. Era simples, funcional — um conjunto de renda já um pouco desgastada nas bordas, o elástico da alça levemente frouxo, como se tivesse sido usado diversas vezes sem que ela sequer se desse conta.

Ainda assim, havia algo hipnotizante naquela peça. Talvez por ser despretensiosa, real, como ela. Não havia artifício, nem encenação. E foi isso que o fez observá-la com ainda mais atenção. A renda discreta do sutiã se ajustava à pele com naturalidade, desenhando delicadamente a linha de seus seios, enquanto a calcinha de cintura baixa revelava o quadril sem exagero, como se dissesse: isso sou eu, e só.

sorriu de leve, sem ironia. Aquela era uma mulher que não estava ali para seduzir — e justamente por isso, era impossível não ser seduzido por ela.

se aproximou mais uma vez, os dedos percorrendo com suavidade a linha da cintura dela, como se o toque fosse uma continuação do olhar. A ponta dos dedos deslizou por sobre a renda da calcinha preta, depois subiu devagar até o fecho do sutiã, mas ele não o abriu — apenas descansou a mão ali, sentindo a respiração dela ainda acelerada sob a palma.

— Você não faz ideia do que está fazendo comigo — murmurou, a voz baixa, embargada por um tom diferente agora. Menos provocador. Mais real.

desviou o olhar, envergonhada, instintivamente cobrindo parte do corpo com os braços. Mas foi mais rápido. Segurou gentilmente um dos pulsos dela e o afastou com cuidado, e então passou o dedo pela alça frouxa do sutiã, com um carinho quase reverente.

— Isso... — disse, olhando para a lingerie já um pouco gasta — não foi escolhido pra me impressionar. Eu sei. Mas é exatamente por isso que você me deixa sem chão.

O olhar dele voltou ao dela, firme, intenso.

— Não tem nada mais bonito do que alguém que não está tentando ser desejável... e mesmo assim, é.

sentiu o coração apertar no peito. Não era só o calor do momento que a tocava agora, mas a delicadeza com que ele via o que havia nela — não apenas por fora, mas nas entrelinhas. Como se cada pequeno detalhe que ela escondia ou ignorava ganhasse um novo valor no olhar dele.

— Eu... — começou, mas a voz falhou. Não havia o que dizer. Estava ali, inteira, em pedaços e reconstruída por aquele instante.

, então, se inclinou, beijando-a suavemente no ombro, depois no pescoço, depois entre os seios, onde a renda ainda os cobria parcialmente. O beijo dele era lento, como se marcasse território com a boca, não para possuir, mas para deixar algo dela mais vivo.

— Não se esconda de mim — sussurrou contra a pele dela. — Nem agora. Nem depois.

fechou os olhos, sentindo os lábios dele como uma tatuagem leve em seu corpo. E, pela primeira vez em muito tempo, não sentiu vontade de se esconder.

Ali, entre roupas fora do lugar, luzes fracas e batidas abafadas da música que vinha da pista, ela estava mais exposta do que jamais estivera — e, ao mesmo tempo, mais segura do que imaginaria.

As mãos dele seguiram outra vez para a parte de trás do sutiã, dessa vez abrindo o fecho sem dificuldade, o clique foi suave, quase imperceptível.

apertou os olhos com força assim que sentiu o tecido soltar-se do corpo. Era como se, naquele exato instante, todo o calor, toda a entrega, toda a coragem que havia reunido até ali tremesse dentro dela. O corpo respondeu primeiro que a mente: os ombros encolheram levemente, os braços cruzaram instintivamente à frente do peito, tentando cobrir o que restava de proteção.

Insegurança. Medo. Exposição.

Tudo voltou de uma vez só.

Mas antes que ela pudesse falar ou se afastar, sentiu a mão dele sobre uma das suas. Ele não forçou. Apenas repousou ali, quente e firme, como um lembrete silencioso.

— Ei — disse, com a voz baixa, como se tivesse entendido tudo apenas pelo movimento do corpo dela. — Olha pra mim.

demorou, mas abriu os olhos. O que viu não foi julgamento. Nem pressa. Nem fome crua.

Era só ele.

a encarava com uma expressão tão serena que por um momento ela esqueceu onde estava. Os olhos dele pareciam dizer: tudo bem. E mais que isso: você não precisa se proteger de mim.

Com cuidado, ele levou uma das mãos ao ombro dela e, com um gesto lento, afastou os braços cruzados. Não com força. Com gentileza. Como quem pede permissão ao tocar algo sagrado.

O sutiã escorregou, caindo devagar sobre o sofá, e ela se viu ali, nua da cintura para cima, com o coração disparado e a alma exposta.

Ele a olhou.

Não com devoração.

Mas com deslumbre.

— Você é linda, . Assim. Desse jeito. Sem nada além de você.

Ela sentiu os olhos marejarem sem entender por quê. Talvez fosse pelo jeito como ele a via — como ninguém nunca tinha visto antes. Ou talvez fosse só a sensação de que, pela primeira vez, alguém estava olhando além da superfície. Além do medo. Além do corpo.

se aproximou devagar, beijando primeiro o ombro nu, depois a curva delicada da clavícula, e então mais abaixo, com lábios suaves que não pediam pressa. As mãos dele acariciavam sua cintura, suas costas, mantendo-a perto, como se dissesse em silêncio: estou aqui.

fechou os olhos novamente. Mas dessa vez… não era para se esconder.

Era para sentir.

A língua dele envolveu seu mamilo esquerdo primeiro, que intumesceu na hora de desejo e o corpo de reagiu antes que ela pudesse processar.

Um arrepio profundo percorreu sua espinha, como se todos os nervos despertassem ao mesmo tempo. A pele dela parecia mais sensível, mais viva, como se cada centímetro tocado estivesse sendo aceso por dentro. O ventre se contraiu involuntariamente, e o ar prendeu-se no peito por um segundo. Era como ser atravessada por algo morno, denso, quase elétrico.A lingua quente dele se movia em círculos em volta do mamilo e logo em seguida, ele abocanhou o seio todo, parecendo faminto.

Não era só o calor. Era a delicadeza. A intenção.

O coração dela batia descompassado, pressionando contra as costelas como se estivesse tentando sair. E havia algo mais — um calor crescente que começava baixo, no centro do corpo, e se espalhava como lava branda, tomando as pernas, os braços, os pensamentos.

apertou os olhos, a boca entreaberta, tentando conter um suspiro que insistia em escapar. Era impossível distinguir onde começava o prazer e onde terminava a emoção. Porque o que ela sentia não era apenas físico.

Era íntimo. Eram as paredes baixando. As barreiras cedendo. A entrega completa.

Era o corpo dela dizendo sim de uma forma que a boca ainda não ousava repetir.

A respiração de tornou-se irregular — não mais apenas acelerada, mas fragmentada, entrecortada por suspiros que escapavam mesmo quando ela tentava contê-los. Era como se o próprio ar ao redor estivesse mais denso, difícil de captar, como se seu corpo estivesse aprendendo uma nova forma de respirar: pelo toque.

O peito subia e descia em ondas, cada uma mais intensa que a anterior, acompanhando o ritmo dos beijos dele, da forma como a tocava, com aquela calma perigosa de quem conhece o poder do desejo contido.

Depois, com a mesma fome, ele fez a mesma coisa com o seio direito, fazendo com que ela esfregasse levemente as pernas uma na outra, tentando acalmar o calor que emanava dali com a boca dele sugando seu seio com tanto desejo e reverência.

Quando seus lábios saíram de lá, os mesmos desceram: pela barriga, pela virilha… e então ele levou uma das mãos até a calcinha preta que ela usava. De olhos fechados, ele começou a descer a peça pelas pernas dela, que resolveu ajudá-lo no processo.

Agora, completamente nua, sentiu o ar ao redor mudar de temperatura. Ou talvez fosse ela. O calor sob sua pele não era mais só do toque, mas da consciência plena de estar sendo vista — por inteiro.

Ela manteve os olhos nele, tentando controlar a própria respiração, o peito subindo e descendo num ritmo lento, mas visivelmente afetado. E então ela viu…

Os olhos de passearam por seu corpo, sim, mas não com pressa ou vulgaridade. Era quase como se ele estivesse diante de uma obra de arte rara, que precisava ser absorvida com cuidado, com silêncio, com reverência.

Havia admiração.

Havia desejo.

Mas havia algo mais: ternura.

E foi isso que a desarmou por completo.

Ele não a olhava como quem conquistou algo. Não havia vaidade, nem arrogância. Havia curiosidade delicada, encantamento silencioso, e uma calma que tornava tudo mais íntimo.

apertou levemente os travesseiros sob si, as pernas juntas, o corpo encolhido por reflexo. Mas antes que pudesse se esconder outra vez, ouviu a voz dele — baixa, firme, carregada de algo que não se explicava fácil.

— Não se cobre — disse, aproximando-se um pouco mais. — Não se diminua. Você é linda assim. Inteira. Do jeito que é.

Ela engoliu em seco, os olhos ainda presos aos dele. Esperava ver desejo cru, sim, mas encontrou algo que ia além — quase devoção.

— Eu não… — a voz dela saiu trêmula — eu não costumo me mostrar assim pra ninguém.

assentiu levemente, como quem compreendia a profundidade daquilo.

— Eu sei. Dá pra ver.

E então, como se cada palavra que ela dissesse fosse algo valioso demais para ser ignorado, ele se inclinou sobre ela com a mesma calma com que a despia desde o começo. Não a tocou imediatamente. Apenas se inclinou sobre ela, o corpo parcialmente coberto pelo travesseiro, os olhos ainda nela, e completou:

— Mas eu prometo que tudo o que você me der… eu vou cuidar como se fosse meu.

fechou os olhos por um segundo, tentando conter a onda de calor — não só física, mas emocional — que tomou seu peito. Quando os abriu, encontrou o rosto dele ali, tão perto, tão presente, que qualquer resposta pareceria pequena.

Por instinto, ela ainda segurava o travesseiro contra o corpo, como uma última barreira entre ela e o mundo. Entre ela e ele.

Mas não disse nada.

Com movimentos calmos, ele levou a mão até o travesseiro, os dedos roçando suavemente os dela, pedindo — não exigindo — que soltasse. O gesto era gentil, quase uma carícia. Como quem dissesse: você pode confiar.

hesitou por uma fração de segundo. Depois, afrouxou os dedos devagar. E então, deixou ir.

puxou o travesseiro com cuidado e o deixou de lado, sem pressa, sem desviar os olhos dela em nenhum momento. O silêncio que se formou foi denso, cheio de promessas silenciosas.

E então ele a beijou.

Dessa vez, o beijo veio mais intenso, mais entregue — como se tudo o que haviam sentido desde o primeiro toque estivesse finalmente encontrando vazão. A boca dele procurou a dela com fome contida, como se quisesse gravar o gosto em cada parte da memória. Os corpos se aproximaram por completo, e ela o sentiu colar-se contra sua pele, quente, firme, inegavelmente real.

As mãos dele acariciaram suas costelas, suas costas, seus braços, percorrendo o corpo nu com uma delicadeza que fazia o calor dentro dela se espalhar como um sopro de fogo calmo. Não havia pressa. Nenhuma urgência. Apenas dois corpos se reconhecendo, dois desejos que agora sabiam o caminho um do outro.

Delicadamente as mãos dele desceram por suas coxas, separando-as, sem pressa. apenas deixou que ele assim fizesse, e então sentiu os dedos firmes dele lhe pressionarem a intimidade, pulsante e úmida. O dedo indicador dele, subiu e desceu por ela, pressionando… primeiro mais devagar, depois a pressão aumentou, fazendo-a arquear o corpo instintivamente.

gemeu baixinho contra os lábios dele, e apertou levemente a cintura dela em resposta com a outra mão, aprofundando o beijo. Um de seus joelhos se posicionou entre os dela, criando um encaixe natural, uma aproximação inevitável. Mas, mesmo ali, mesmo com tudo crescendo entre os dois, ele manteve o mesmo cuidado de sempre.

Como se o corpo dela fosse um segredo que ele tivesse o privilégio de desvendar — e jamais o direito de invadir.

— Você é ainda mais bonita assim — murmurou entre os beijos, roçando a ponta do nariz no dela. — Quando deixa eu ver tudo que você é.

sorriu, ofegante, os olhos brilhando. Não havia mais defesas. Não havia mais medo.

Logo os beijos dele alcançaram sua intimidade. Primeiro a língua dele passeou por lá de forma ostensiva, molhando ainda mais o lugar. Os gemidos que ela deixou escapar quando ele finalmente a beijou lá, fizeram-no sorrir satisfeito contra a carne quente dela.

E então veio o olhar.

Em algum ponto entre um beijo e outro, ergueu os olhos e a fitou — não com pressa, não com possessividade, mas com um tipo de atenção que fez o coração dela tropeçar.

E assim ele continuou, com os lábios e dedos por lá, até que ela lhe agarrasse os cabelos com força, forçando-o a subir os lábios e beijá-la de novo.

🌜🌜🌜

Ele separou os lábios dos dela, ofegante, o olhar turvo de desejo e foco. A respiração ainda estava presa no peito quando levou uma das mãos até o cós da calça, abrindo o botão com facilidade, como quem já esperava por esse momento desde o primeiro toque no palco. Antes de se desfazer da mesma, pegou o pacote de camisinha no bolso de trás.

o observava em silêncio, o peito subindo e descendo, os olhos escuros como vidro molhado — e ainda assim, havia algo suave nela. Vulnerável, sim. Mas entregue.

manteve os olhos nos dela enquanto se livrava da calça, empurrando o tecido para baixo com calma, sem pressa. Quando abaixou também a peça íntima, o fez sem artifício — não havia exibicionismo ali. Era ele, despido como ela, com o mesmo peso no olhar que dizia: agora somos só isso. Só nós.

Depois de se vestir, ele voltou a se aproximar, ajoelhado no sofá estreito, o corpo colando-se ao dela com uma naturalidade surpreendente. Mas antes de beijá-la de novo, parou. A mão pousou sobre o quadril de , firme, e seus olhos encontraram os dela mais uma vez.

— Eu pensei em você desde o primeiro segundo em que te vi — confessou, a voz rouca, entrecortada pelo desejo que ainda vibrava na pele. — Quando te puxei pro palco, quando você desviou o olhar… eu já sabia. Você era diferente.

respirou fundo, sentindo o calor se espalhar ainda mais por dentro, agora não só pelo toque, mas pelas palavras que ela não esperava ouvir ali, naquele lugar, naquela situação.

— E agora que eu tenho você aqui — continuou, acariciando sua cintura com o polegar, os olhos cravados nos dela — eu só quero te sentir inteira. Não com pressa. Não como parte do show. Só como você.

Ela não conseguiu dizer nada. Apenas levou a mão até o rosto dele, acariciando de leve a mandíbula marcada, como se dissesse em silêncio o que as palavras não conseguiam traduzir.

Ele sorriu de leve, como quem entendia, e voltou a se inclinar, beijando-a mais uma vez — e dessa vez, não havia volta. Apenas o calor dos dois corpos, o peso do desejo partilhado, e o início de tudo o que estava prestes a acontecer.

Quando a penetrou, o fez com cuidado, com certa vagareza, como se soubesse que ela era delicada o suficiente para recebê-lo de uma vez. Enquanto ia sentindo o membro se enterrar dentro dela, centímetro por centímetro, ele segurava seus quadris com força, como se temesse que ela pudesse simplesmente evaporar e aquela sensação gostosa fosse junto.

Quando seus corpos finalmente se uniram, não foi abrupto — foi quase um suspiro materializado. Um encontro morno, lento e cheio de significado. Como se tudo até ali tivesse sido um caminho pavimentado por olhares, palavras sussurradas e mãos que aprenderam a linguagem um do outro sem pressa.

prendeu a respiração por um instante.

O calor dele era real. Presente. Envolvente. Era como se algo dentro dela se abrisse, não apenas fisicamente, mas em camadas que ela nem sabia que existiam. O corpo reagiu primeiro — um arrepio que começou na nuca e desceu em ondas, aquecendo sua pele de dentro para fora. A sensação era nova, densa, mas ao mesmo tempo, surpreendentemente natural. Como se o espaço que ele ocupava já fosse dele, mesmo antes de tocá-la.

soltou um gemido baixo, abafado contra a curva do pescoço dela. Os dedos apertaram de leve sua cintura, como se ele precisasse se ancorar naquele instante, se manter presente apesar da imensidão de sensações. A forma como o corpo dela se moldava ao dele era mais do que prazer — era descoberta. Era entrega.

Cada movimento entre eles era uma construção. Lenta. Intencional.

O calor compartilhado. O descompasso das respirações. O roçar da pele na pele, onde o suor já começava a se formar, escorregando pelos contornos dos corpos que se encontravam e se reconheciam.

sentia cada centímetro dele, cada deslizar cuidadoso, como se o próprio mundo estivesse sendo moldado ao redor daquele toque. O coração pulsava forte, mas não só por desejo. Havia vulnerabilidade ali. Havia verdade. Um tipo de conexão que fazia com que cada gesto parecesse mais significativo do que o anterior.

Ela mantinha os olhos fechados, o corpo arqueando sutilmente para recebê-lo, guiada pelos sentidos — pelo cheiro dele, pela textura da pele, pelo som rouco de sua respiração descompassada. Tudo nele a puxava para mais perto. Tudo dizia fica comigo aqui.

, por sua vez, se perdia na forma como ela reagia. Cada suspiro, cada tremor involuntário sob seu toque era um convite que ele respondia com mais cuidado, mais presença. Ele a beijava onde podia alcançar — a boca, o queixo, o ombro, o peito — como se quisesse deixar rastros por onde passava, marcas invisíveis de que aquela noite havia sido real.

A cadência entre eles aumentava aos poucos, mas sempre dentro daquele ritmo compartilhado, silencioso, íntimo. Não era urgência. Era intensidade. Era querer estar ali de verdade, sentindo tudo — o corpo, a emoção, a entrega.

E quando ambos começaram a se perder no ápice do que estavam vivendo, não foi o silêncio que os envolveu. Foram os sons deles — ofegantes, baixos, entregues — preenchendo o camarim abafado, fazendo daquele instante algo que nem o tempo conseguiria apagar.

Ali, eles não eram um dançarino e uma mulher tímida.

Eram dois corpos, dois desejos, dois mundos se reconhecendo.

E se escolhendo.

Os corpos foram desacelerando aos poucos, como ondas que, depois da tempestade, ainda rolam suavemente até encontrarem a calma.

sentia o próprio coração pulsando alto dentro do peito, tão descompassado quanto o de , que ainda a mantinha entre os braços, o rosto enterrado em sua clavícula, respirando fundo, tentando retomar o fôlego — e talvez também o controle sobre tudo que acabara de acontecer.

O camarim parecia mais quieto agora. O som abafado da música da boate continuava existindo além da porta, mas ali dentro, havia outra frequência. A da pele que ainda se arrepiava, da respiração que demorava a se estabilizar, e do calor do toque que persistia mesmo sem movimento.

manteve os olhos fechados por um tempo. O corpo inteiro vibrava com um cansaço doce, como se estivesse leve e pesado ao mesmo tempo. Ela não sabia exatamente o que pensar, só sentia. Um calor morno no peito. Um nó frouxo na garganta. Um tipo de paz que vinha com a vulnerabilidade aceita — e acolhida.

afastou o rosto devagar, os cabelos levemente bagunçados, a pele úmida de suor. Os olhos, no entanto, estavam serenos. Ele a olhou por longos segundos sem dizer nada, os dedos ainda repousando na lateral de sua cintura, acariciando devagar, como se ainda não quisesse soltá-la. Como se estivesse tentando gravar a sensação da pele dela sob a sua.

— Você tá bem? — perguntou, por fim, com a voz rouca e gentil.

abriu os olhos, e por um instante, só o olhou. Ainda havia algo dela ali que tentava entender o que acabara de acontecer. E outra parte, mais silenciosa, já sabia: ela não era mais a mesma.

— Tô — respondeu, num fio de voz. E então, num sussurro quase envergonhado: — Tô melhor do que achei que estaria.

sorriu, um sorriso verdadeiro, que tocava os olhos e amolecia os cantos da boca. Ele se inclinou e encostou os lábios na testa dela, num beijo calmo, quase protetor.

— Eu sei que aqui dentro é só uma sala apertada com uma luz ruim e um sofá velho — murmurou, ainda com os lábios perto da pele dela — mas se você me disser que esse momento significou alguma coisa pra você… então pra mim já virou o melhor lugar do mundo.

sorriu, meio tímida, meio emocionada. Ela ergueu uma das mãos e passou os dedos suavemente pela nuca dele, entrelaçando os fios molhados.

— Você é diferente do que eu imaginei.

— E você é tudo o que eu não esperava — ele respondeu, com sinceridade demais nos olhos.

Eles permaneceram ali por mais alguns minutos, em silêncio. Apenas respirando juntos. Sem a pressa de levantar. Sem o medo do que viria depois.

Porque, por ora, ainda eram só dois.

E tudo o que tinham era o agora.

O tempo, ali dentro, parecia ter se esticado. Quando o silêncio já não era carregado de tensão, mas de conforto, se afastou com cuidado, os dedos deslizando devagar pela cintura de até soltar-se. Ele se sentou à beira do sofá, pegando a calça jogada ao lado e começando a vesti-la com movimentos lentos, como quem não queria apressar o fim daquilo.

ficou deitada por mais um instante, com os olhos fixos no teto. Ainda sentia a pele quente, sensível ao toque do ar, como se o corpo guardasse cada carícia. Quando finalmente se sentou, puxando de volta a lingerie com calma, já estava parcialmente vestido, ajeitando os botões da camisa — agora com muito menos pressa do que quando a tirara.

Ele se aproximou e, sem dizer nada, estendeu a blusa dela, dobrada com delicadeza.

o encarou por um instante, surpresa com o gesto simples, mas cheio de significado. Aceitou a peça com um leve aceno de cabeça e começou a se vestir. Nenhum dos dois falou por alguns segundos. Não porque não houvesse o que dizer — mas porque havia tanto, que o silêncio parecia mais honesto.

Quando ela terminou de se arrumar, se aproximou de novo, uma das mãos indo até o rosto dela, como se fosse inevitável tocá-la só mais uma vez.

— Se você quiser... a gente pode fingir que isso não aconteceu — disse, em voz baixa, quase hesitante. — Mas eu espero, de verdade, que você não queira.

sorriu. Foi um sorriso pequeno, mas sincero. Havia cor em suas bochechas, e nos olhos… havia algo diferente. Algo que nem ela sabia nomear.

— Não quero fingir — respondeu.

assentiu com um meio sorriso e abriu a porta do camarim devagar, espiando o corredor. A música ainda pulsava, as luzes ainda dançavam lá fora — como se nada tivesse acontecido. Mas dentro dela, tudo havia mudado.

— O que acha de trocarmos nossos contatos? Eu realmente quero ver você de novo

Ela notou o brilho voltando aos olhos dele e se intensificando enquanto ele voltava para dentro do camarim, para pegar o celular. Mordeu o lábio, ainda incerta do que deveria fazer com tudo aquilo, mas sabia de uma coisa: nada mais dentro dela estava igual.

Quando ele voltou, estendeu o celular na direção dela, já desbloqueado e com o teclado pronto para que ela salvasse seu número ali. reparou que as mãos dela ainda estavam trêmulas, e então ele deixou um sorriso ladino surgir em seus lábios.

— Se você quiser, pode esperar seu corpo se acalmar ainda, . Não precisa ir embora agora… a boate só fecha às 6 da manhã.

— Desculpe-me, mas às 6 da manhã eu pretendo estar dormindo… — ela sussurrou próxima a boca dele, como se não quisesse ofender ninguém ali por perto com a afirmação.

O contraste entre a voz sussurrada dela e a risada alta de fez algumas pessoas ali dos bastidores olharem para eles, e com isso sentiu as bochechas esquentarem levemente pela sensação de estar sendo observada, e quem sabe, até julgada pela produção da boate, pelos outros bailarinos…

Ela digitou rapidamente o próprio número nos teclados do celular de e conferiu para ver se estava correto, os lábios se movendo enquanto ela sussurrava para si mesma o número que havia digitado ali, não queria correr o risco de errar nenhum número. Enquanto isso, observava o movimento que os lábios carnudos dela faziam ao se movimentar para sussurrar o número, quis beijá-la outra vez, e assim o fez.

Se inclinou devagar, como se fosse inevitável, como se o corpo dele conhecesse aquele caminho de cor agora — e, antes que ela pudesse completar o último número ou entregar-lhe o telefone, os lábios dele tocaram os dela.

O beijo foi fundo, morno, úmido. Um reencontro mais do que uma repetição. Era um beijo sem pressa, mas cheio de intensidade, como se dissesse: você ainda está aqui e eu também.

soltou um som abafado de surpresa, mas não recuou. A boca dela respondeu com suavidade no início, ainda desarmada, mas bastaram alguns segundos para que seus dedos deixassem o celular de lado e subissem até o rosto dele, segurando-o com carinho. Os lábios dele se encaixavam nos dela com mais firmeza agora, como se voltassem para casa, e cada movimento parecia ter um peso novo — não era mais só desejo.

Era saudade antecipada.

O gosto dele ainda estava fresco na memória do corpo dela, mas agora era misturado com uma ternura nova, mais quente. O beijo parecia dizer tudo o que as palavras não conseguiam — quero te ver de novo, quero mais disso, quero saber quem você é fora daqui.

As mãos de estavam em sua cintura novamente, pressionando-a com cuidado, como se temesse que ela escapasse. E, em parte, ela sentia vontade de se deixar ficar. Um pouco mais. Um segundo a mais.

suspirou contra os lábios dele, e o som fez aprofundar o beijo brevemente, puxando o lábio inferior dela entre os seus com uma provocação lenta, quente e inesperadamente íntima.

Quando enfim se afastaram, as testas ainda coladas, ela ainda sentia a pele formigar. O corpo já vestido, mas a alma ainda despida.

sorriu de leve, a respiração ainda descompassada.

— Você tem noção do que acabou de fazer comigo de novo? — sussurrou ele, roçando a ponta do nariz no dela.

riu, num sopro tímido, e respondeu no mesmo tom:

— Só retribuí.

E, por dentro, soube que o beijo que eles haviam trocado agora era mais perigoso que qualquer dança daquela noite.

Porque dessa vez… havia sentimento começando a brotar no meio do calor.

🌜🌜🌜

As luzes coloridas a cegaram por um momento. As vozes, os risos, o som alto — tudo pareceu demais depois do silêncio denso e íntimo do camarim. Mas ao longe, ela reconheceu o grupo de amigas, ainda rindo e se divertindo perto do balcão.

Miyeon foi a primeira a vê-la se aproximar.

— Nossa, sumiu! Foi ao banheiro e se perdeu? — brincou, dando um gole no drink rosado que segurava.

apenas riu, ajeitando o cabelo atrás da orelha. Não disse nada. Mas havia algo no seu sorriso, no modo como os ombros estavam menos tensos e o olhar mais profundo, que fez Miyeon franzir o cenho com curiosidade.

— Tá tudo bem?

olhou em direção ao palco. não estava mais lá.

Mas ela ainda podia sentir os lábios dele na testa.

— Tá tudo bem — respondeu, voltando a olhar para as amigas. — Melhor do que eu imaginava.

E pela primeira vez naquela noite... ela sabia que era verdade.

🌜🌜🌜

Amanheceu sentindo a cabeça latejar um pouco, a boca seca a fazia lembrar do porque ela não bebia muito usualmente. Os sintomas de ressaca nunca eram bons, e levou a língua até os mesmos, para passeá-las por lá com a finalidade de aliviar a secura momentaneamente.

Calçou os chinelos assim que colocou os pés no chão frio do apartamento — pequeno e modesto, diga-se de passagem, mas totalmente a cara dela.

As paredes tinham tons suaves, entre o bege e o azul claro, com quadros delicados pendurados aqui e ali — não obras famosas ou chamativas, mas ilustrações florais, pequenos pôsteres com frases literárias e gravuras em aquarela de cidades europeias que ela sonhava em visitar um dia.

A estante baixa ao lado da televisão comportava mais livros do que cabia com conforto, alguns empilhados na horizontal, outros com marca-páginas feitos à mão. Entre os títulos, se misturavam romances clássicos, volumes de poesia e manuais de psicologia — resquício da sua formação e da mente analítica que sempre tentava entender o mundo à sua volta.

Havia velas aromáticas dispostas em pontos estratégicos — uma na mesinha de centro, outra no criado-mudo ao lado da cama. Algumas estavam apagadas há semanas, mas seus aromas ainda viviam no ar: baunilha, chá branco, lavanda.

No sofá, almofadas de tons pasteis e uma manta de crochê dobrada com cuidado mostravam que aquele era um espaço vivido. A mesa da cozinha pequena, encostada perto da janela, tinha uma toalha simples com estampa de limões, e um vasinho com uma única flor — provavelmente comprada por impulso na saída do trabalho.

Tudo era simples.

Mas tudo era dela.

E mesmo que estivesse com a cabeça latejando e a lembrança da noite anterior pulsando em flashes entre um gole d’água e outro, ainda se sentia… segura ali.

Ali, ela podia respirar. Organizar os pensamentos. E tentar entender por que, mesmo diante da rotina de sempre, seu corpo ainda carregava a memória dele.

O corpo dela ainda parecia sentir tudo: os beijos, o toque firme e suave ao mesmo tempo das mãos grandes dele, o olhar dele queimando sua pele em desejo e admiração, as palavras sussurradas, a forma que ele a invadiu com cautela, cuidado, entrando e saindo de dentro dela com adoração, devoção e um desejo cru que ela jamais presenciou outro homem sentir por ela.

Deixou o copo de água em cima da pia e foi até o banheiro, precisava de um banho. Quem sabe o banho, a água quente caindo, lavasse um pouco da intensidade do toque dele que insistia em queimar sua pele de minuto em minuto.

Girou o registro e esperou a água esquentar. O vapor começou a se erguer devagar, preenchendo o ambiente com uma névoa silenciosa que parecia acolhê-la.

entrou no box e fechou a porta de vidro com um clique suave. Quando a água quente começou a cair sobre seus ombros, ela soltou um suspiro longo, como se estivesse carregando o peso da noite anterior sobre a pele.

A água escorria pelas costas, pelo pescoço, pelas pernas, trazendo uma falsa sensação de alívio. Fechou os olhos e inclinou o rosto para cima, deixando os fios se encharcarem. Mas era impossível enganar o próprio corpo.

Porque, mesmo sob a água quente, o toque dele ainda estava lá.

Ainda sentia os lábios dele em seu pescoço. As mãos passeando por suas costelas, pela cintura. O calor. A firmeza. A voz rouca sussurrando seu nome como se soubesse exatamente onde tocar — por fora e por dentro.

Passou as mãos pelos próprios braços com mais força do que o habitual, tentando afastar o arrepio que teimava em subir pela espinha. Mas ao invés de aliviar, o gesto só reacendeu a memória dos dedos dele ali.

Abriu os olhos de repente, quase irritada consigo mesma.

— É só o efeito de tudo... — sussurrou para si mesma, sem saber se estava tentando se convencer ou se proteger.

Mas no fundo, ela sabia. Não era só efeito do álcool, nem do momento.

Era dele.

Era o jeito como a olhou depois, como se ela fosse mais do que uma espectadora aleatória naquela boate. Como se ele a tivesse escolhido não só com o corpo, mas com o olhar. Como se tivesse tocado algo dentro dela que não se apagava com água quente.

Fechou o registro após longos minutos, deixando a água gotejar uma última vez pelo seu corpo. Pegou a toalha pendurada na porta e se envolveu com ela devagar, o vapor ainda dançando ao seu redor, como se o momento quisesse durar mais.

Mas era hora de sair.

Hora de enfrentar o mundo.

Mesmo que parte dela ainda estivesse presa naquela madrugada.

🌜🌜🌜

Sentada na cama, com um moletom cinza largo e confortável, ela olhava o celular sobre a cama, enquanto escovava os cabelos molhados. Já eram quase dez da manhã e ela ainda não havia recebido nenhuma mensagem dele.

Será que estava ocupado? Ou será que tudo havia sido apenas um teatro, e agora que ele havia conseguido o que o corpo queria, nem lembraria da existência dela?

Mas ele parecia tão imerso naquilo tudo quanto ela… quando se lembrava da intensidade, do brilho que viu nos olhos dele, tinha certeza que aquilo tudo não havia sido apenas sexo.

Terminou de escovar os cabelos e resolveu que os deixaria secar naturalmente enquanto pensava no que faria para o almoço. Antes que ela pudesse caminhar para a cozinha, o celular sobre a cama vibrou, fazendo o coração dela vibrar junto.

Os olhos dela pularam para o visor antes mesmo que suas mãos pegassem o aparelho.

.

O coração acelerou e a boca voltou a ficar seca com a sensação inebriante de ver o nome dele brilhando ali, com uma mensagem:

: “Você dormiu bem? Acordei pensando no seu beijo.”

O coração acelerado parecia ter subido para a garganta, e ela sentiu o calor subir pelas bochechas como se tivesse sido pega fazendo algo errado — mesmo que tudo ali fosse apenas... real. Simples. Intenso.

Seus dedos tocaram o aparelho devagar, como se estivesse com medo de que o nome dele sumisse da tela caso apertasse com muita força. Abriu a mensagem, leu de novo. E de novo. E mais uma vez.

Mordeu o canto do lábio inferior, sorrindo sem perceber. Mas logo depois o sorriso cedeu espaço para a hesitação. O que ela deveria responder?

Algo leve? Algo direto? Fingir que não surtou de ansiedade ao ver o nome dele ali? Ou ser sincera e dizer que sim — que tinha dormido mal, cheia de lembranças dele, e que ainda não sabia como lidar com tudo aquilo que havia sentido?

Passou a unha pelo canto da boca, inquieta. As palavras se embaralhavam na mente. Queria escrever algo… mas tudo parecia ou exagerado, ou bobo, ou frio demais.

Suspirou, frustrada com a própria confusão.

— Depois — murmurou para si mesma.

Ela se levantou, prendeu os cabelos ainda úmidos num coque frouxo e seguiu para a cozinha, decidida a ocupar as mãos e a mente com outra coisa. Talvez assim as palavras viessem com mais clareza. Talvez, entre uma panela e outra, o coração dela decidisse o que queria dizer.

Enquanto separava os legumes da gaveta da geladeira e punha a água para ferver, o celular ficou ali no quarto — sobre a cama, com a tela virada para cima.

Como se o simples fato de se afastar dele pudesse ajudar a manter o controle.

Mas era tarde demais: a mensagem já estava escrita em sua pele. Ela podia até não ter respondido ainda, mas seu corpo inteiro... já tinha dito sim.

🌜🌜🌜

Havia preparado alguns legumes salteados e feito uma pequena porção de arroz e bulgogi. Precisava comer algo leve, a sensação do estômago ainda frágil por causa da bebedeira permanecia.

Enquanto comia a refeição preparada de forma rápida e simples, não conseguia parar de pensar no que deveria responder… até que o celular vibrou outra vez ao lado dela na mesa, ela largou os hashis rapidamente e viu que ele não havia desistido, mesmo com a falta de retorno imediato dela…

: “A boate ficou entediante sem você.“ "Você ficou na minha cabeça. Quero te ver de novo."

Ela piscou devagar, os olhos presos à tela como se aquelas palavras estivessem sendo sussurradas bem ali, do outro lado da mesa. Quis acreditar. Parte dela já acreditava. Mas outra ainda tentava se proteger.

Muito rápido, pensou. Muito direto.

E ainda assim... tão natural.

O estômago, antes sensível, deu um leve nó que não vinha da comida. Era ansiedade, era calor, era surpresa. Um peso gostoso no peito. Um susto bom.

Ela levou os dedos à boca, como se quisesse esconder o sorriso involuntário que surgiu. Porque sim — ela sorriu. Pequeno no início. Depois maior. Um riso contido, tímido, que escapava pelos olhos, pelo leve curvar dos lábios.

— Ele realmente escreveu isso… — sussurrou para si mesma, como se ainda estivesse testando a realidade.

A sensação de estar sendo desejada fora daquele palco, daquela madrugada embriagada, era algo que ela não sabia muito bem como lidar. Mas havia algo reconfortante no tom das mensagens. Na insistência gentil. No fato de que ele esperou. Insistiu. E falou o que sentia sem rodeios.

repousou o celular sobre a mesa, virado para baixo por um instante. Passou as mãos nos próprios braços, como se quisesse segurar o corpo no lugar. Precisava de mais um segundo. Ou dois. Só para respirar.

Mas agora ela sabia.

Não responder já não era mais uma opção.

digitou uma, duas, três, cinco vezes e apagou todas. Ela queria dizer tantas coisas ao mesmo tempo, mas não queria soar desesperada demais, mexida demais, encantada demais, nada demais. A verdade é que aquele sentimento era tão intenso e inédito para ela que a assustava.

Respirou fundo e digitou mais uma vez:

: “A verdade é que eu não sabia o que responder... porque nada que eu dissesse parecia suficiente depois do que senti com você. Mas sim... quero te ver de novo.”

Ele estava online e quando ela apertou o “enviar”, sentiu as mãos voltarem a ficar trêmulas e então logo o online se transformou em um digitando e ela sentiu a garganta fechar, automaticamente seus olhos também e fecharam enquanto ela tentou controlar a respiração que se tornava errática e pesada.

Quando abriu os olhos depois de alguns segundos lá estava a resposta dele:

: “Já que a vontade é mútua, o que você acha de um café da tarde? Hoje ainda, se possível, antes do meu turno começar na boate.”

Os batimentos cardíacos voltaram a acelerar e ela releu a mensagem algumas vezes: ele queria revê-la… hoje ainda!

O sorriso que surgiu nos lábios de foi praticamente involuntário e inevitável, sentiu-se uma adolescente se apaixonando pela primeira vez e não soube definir se aquilo era bom ou ruim…

Umedeceu os lábios outra vez, agora com o suco que havia preparado para acompanhar o almoço, e respirou fundo.

“É só dizer que sim , só isso! É só mais um encontro”, tentou convencer a si mesma, enquanto digitava uma resposta:

: “Que horas exatamente? E qual cafeteria?”

Logo a resposta dele veio:

: “Devo considerar que isso foi um sim, então? Que tal o Café Onion Anguk, em Gyedong-gil?”

mal terminou de ler e já sentiu o coração dar aquele salto bobo de novo.

Ela riu baixinho, sozinha, o celular ainda entre os dedos e os cotovelos apoiados na mesa. A forma como ele falava com ela — meio provocativa, meio doce — fazia com que tudo nela vibrasse de novo. O nome do café não lhe era estranho… já tinha passado por ele algumas vezes, e lembrava do espaço charmoso, quase escondido entre os prédios de tijolos claros e as árvores baixas que balançavam com o vento da tarde.

Já podia até imaginar ele sentado ali, esperando por ela… o moletom escuro, o cabelo bagunçado pelo vento, os olhos sorrindo antes mesmo da boca.

Respirou fundo, um sorriso escapando antes mesmo da resposta ser enviada.

Digitou rápido, antes que a coragem escorresse pelos dedos:

: “Sim. Pode considerar. Me diga só o horário que eu estarei lá.”

Mal apertou “enviar”, já sentia o estômago se contorcer de novo — mas dessa vez, por outro motivo. Era como se o corpo todo soubesse que aquilo não era só mais um café.

Era o recomeço de algo.

Algo que ela nem tinha palavras ainda pra nomear.

A resposta dele veio quase no instante seguinte, como se estivesse com o celular na mão, esperando por ela — o que, de alguma forma, fez o coração dela se apertar ainda mais.

: “Às 16h. Estarei te esperando lá, .”

Simples. Direto. Como tudo nele parecia ser.

Ela manteve o celular por mais alguns segundos nas mãos, os olhos fixos naquela última frase.

"Estarei te esperando."

Aquelas palavras ecoavam dentro dela como algo mais do que um encontro marcado. Eram um convite. Uma promessa. E, de algum jeito estranho e bonito, uma sensação de segurança.

se levantou da mesa devagar, ainda sentindo as mãos um pouco trêmulas — não de medo, mas de expectativa. A tarde parecia distante, mas ao mesmo tempo próxima demais. Ela sabia que passaria as próximas horas tentando decidir o que vestir, o que dizer, como agir. Talvez ensaiasse respostas mentalmente. Talvez se arrependesse de aceitá-lo tão rápido.

Mas no fundo… ela queria. Queria muito.

Queria vê-lo à luz do dia. Descobrir se o olhar dele ainda carregava aquela intensidade fora das sombras e das luzes pulsantes. Queria saber como era a risada dele sem música de fundo. Queria entender se tudo aquilo que havia acontecido entre eles era mesmo real, ou apenas o começo de algo que ela nem sabia como nomear ainda.

Às 16h.

Seu coração já estava lá.


Continua...


Nota da autora: Ansiosas para a continuação? Porque eu tô haha. *Essa história foi doada por Patricia.*


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