Até o Capítulo Dois, revisada por: Hydra
Capítulo Três em diante, revisada por: Polaris 👩🏻🚀
Última Atualização: 29/11/2024Capítulo Três em diante, revisada por: Polaris 👩🏻🚀
As paredes frias ecoavam o silêncio, que era interrompido vez ou outra por grunhidos baixos, sôfregos. O medo paralisava, por mais que não se soubesse exatamente o que temer. A desesperança estava impregnada como um veneno, matando pouco a pouco, destruindo lentamente.
Seus passos foram discretos, tão sutis quanto as patas de um felino tocando o chão, no entanto, seu primeiro ataque foi tão certeiro quanto o bote de uma serpente.
Um golpe perfeitamente executado, acertando a têmpora do primeiro guarda, que mal teve tempo para assimilar o que estava acontecendo.
Com a sombra de um sorriso ameaçando aparecer, ela seguiu seu caminho, sabendo exatamente onde estaria o próximo homem que precisava nocautear.
Aquele trajeto estava perfeitamente gravado em sua mente. Cada corredor, cada sala e depósito da base haviam sido minuciosamente estudados, principalmente certos pontos estratégicos.
Apressando mais seus passos, tomou impulso para acertar um chute logo abaixo do queixo de sua vítima e segurou o corpo antes que tombasse fazendo algum estrondo. Então observou atentamente suas feições, assimilando cada uma delas e respirando fundo.
Um formigamento já bem conhecido por ela tomou conta de seu corpo e, no instante seguinte, qualquer pessoa que a olhasse não diria que aquela era . Ganhando alguns centímetros de altura, mais massa muscular e costeletas horríveis junto a um corte de cabelo duvidoso, sua aparência era exatamente a mesma do guarda desacordado em suas mãos.
Com uma careta, o largou e retornou ao seu objetivo. Não tinha muito tempo, cada um de seus movimentos havia sido calculado e erros não poderiam acontecer.
Em poucos minutos, mais uma base da Hydra estaria fora de circulação.
Quando encontrou os três próximos guardas, não precisou lutar contra eles, não quando todos achavam estar vendo ali apenas mais um colega de trabalho. E aquilo se repetiu nos próximos corredores por onde passou, fazendo todas as paradas necessárias até o momento em que se viu diante do ponto crucial de sua missão.
Como se fizesse aquilo todos os dias, ela seguiu em direção às portas do que claramente era um laboratório, já que havia uma placa de alto risco, porém foi barrada antes que prosseguisse.
— O que pensa que está fazendo? — o homem rosnou, empurrando uma mão em seu peito.
se empertigou, fingindo indignação.
— Preciso entrar. Tem uma papelada que o Doutor precisa assinar. — Enquanto mentia, seus olhos percorreram o guarda, registrando que se apoiava mais na perna esquerda e que ele demoraria pelo menos mais dois segundos para conseguir atirar nela, já que sua arma estava travada.
— Qual é o seu nome mesmo? — Aquela pergunta deixou claro que o homem não havia comprado a mentira e tombou a cabeça de lado, deixando um sorriso sarcástico se formar.
— Eu não me preocuparia com o meu nome se fosse você, querido.
O próximo barulho foi o do joelho dela acertando o estômago do guarda, que ofegou, buscando por ar e tombou para frente apenas para levar um soco no nariz. não era muito fã do estalo que os ossos faziam quando partiam, mas era um tanto satisfatório quando a pessoa atingida era mais um dos porcos da Hydra.
Como imaginava, logo mais dois guardas vieram correndo, ficando momentaneamente assustados porque aparentemente ela era um deles e a hesitação era perfeita para serem pegos desprevenidos.
Acertando um chute na lateral do rosto de um e uma cotovelada no queixo do outro, soltou o ar sonoramente.
— Vocês nem se esforçam para lutar comigo. Não tem graça.
Então, antes que perdesse mais tempo, ela finalmente empurrou as portas do laboratório.
O cientista que estava ali dentro não era exatamente o esperado por , muito menos a cobaia que encontrou.
Aquelas informações haviam sido trocadas por algum motivo, porém não era o momento de questionar isso.
— Eu poderia dizer que não é nada pessoal, mas, na verdade, é. — estalou a língua enquanto olhava o cientista à sua frente, que tremia completamente incapaz de se mover.
O acertou com um soco na mandíbula e não fez nem questão de parar para ver o resultado.
De repente, toda a sua atenção estava voltada para a cobaia.
Aprisionada em uma espécie de caixa de vidro, a mulher estava nua, encolhida feito uma bola, tremendo tanto que parecia prestes a entrar em colapso. Um arco estranho pressionava suas têmporas, seus olhos estavam vidrados em um ponto só e quando ela soltou algumas palavras desconexas, em um lamento, percebeu que eram dela os grunhidos que ouviu antes.
Dando alguns passos para mais perto da caixa, procurou qualquer vão ou porta por onde a mulher poderia sair, mas sem sucesso.
Aquilo a fez franzir o cenho. Como estavam a mantendo naquelas condições?
Desviando o olhar para o seu redor, viu o monitor que certamente registrava todos os dados sobre aquele experimento e no exato momento em que focou seus olhos nele, um estalo pôde ser ouvido e a tela se apagou em questão de segundos.
— Não.
rapidamente voltou a encarar a mulher dentro da caixa de vidro e ela permanecia da mesma forma, mas sabia que o som havia saído dela. Não havia mais ninguém consciente naquele lugar.
— Ei, eu só estou tentando… — Mais uma vez, se aproximou.
— Não! — Dessa vez, a mulher disse com mais intensidade e se virou para encará-la.
Seus olhos eram castanhos, mas havia algo neles, um brilho azulado diferente de qualquer coisa que havia visto.
— Eu não vou ser apagada de novo. — O tom agora era de ameaça.
— Não vim aqui para te apagar. — tentou usar seu tom mais gentil, sentindo que seu coração se apertava por ver a forma defensiva como a mulher agia.
— Foi isso que ele também disse. Não confio em você. — Indicou o cientista caído, arrancando uma careta de .
— Mas eu não sou como ele. Eu vim aqui te ajudar. — E percebendo uma leve hesitação, prosseguiu. — Nós não temos muito tempo. Logo mais guardas da Hydra vão entrar por aquela porta. Então você precisa me dizer como abrir essa caixa de vidro onde você está.
— Você não é um deles mesmo? — Ainda havia dúvida e, pelo olhar que ela lhe lançou, se deu conta de que ainda estava parecendo um guarda da Hydra.
— Não. Não sou. — E abrindo um pequeno sorriso, voltou à sua forma normal, vendo a mulher ficar um tanto impressionada. — Agora me diz como abrir essa coisa.
— Vira aquela chave. — Indicou um painel logo atrás de , que imediatamente correu até lá e obedeceu.
Nada aconteceu.
— E agora? — Olhou da chave para ela, em dúvida.
— Agora deixe comigo.
Então a mulher arrancou o arco estranho de suas têmporas, se levantou e poderia até ter reparado mais uma vez no fato de que ela estava nua, porém de repente o brilho nos olhos dela se intensificou, parecendo até mesmo ir além das íris.
Levou meio segundo para entender que realmente o brilho havia passado e o feixe azulado foi tomando conta de todo o corpo da mulher, seus dois braços se ergueram para os lados e ela se elevou alguns metros do chão.
Foi naquele momento que se deu conta também de que o feixe azulado era eletricidade.
A mulher estava controlando a eletricidade.
Com um sorriso se formando nos lábios, como se estivesse experimentando algo do qual sentia muita falta, ela irradiou correntes de suas mãos, acertando as paredes de vidro até que estourassem, jogando cacos para todos os lados, mas milagrosamente não acertando em .
precisou de alguns segundos para assimilar o que acontecia, mesmo sabendo que o tempo era precioso. Com certeza os guardas entrariam ali a qualquer momento.
— E agora? Para onde vamos? — a mulher disse, vindo em direção a ela, voltando ao seu normal, sem raios em seu corpo.
— Primeiro vamos te arrumar alguma roupa. Não que eu não goste da visão, mas ela desconcentra. — achou um jaleco e entregou a ela, que o vestiu, abrindo um sorriso de canto.
— Bom saber disso. — Seu tom era bem baixo, mas ainda assim a ouviu. E teria respondido se elas não precisassem mesmo correr dali.
— Precisamos chegar até a ala leste.
Nos minutos seguintes, as duas corriam determinadas. O barulho do alerta ecoou, fazendo todos se concentrarem em tentar impedi-las. Não podiam deixar que aquela prisioneira fugisse, mas qualquer um que se aproximasse era recebido com chutes e socos de ou descargas elétricas capazes de fritar o cérebro.
acertou o joelho de um guarda bem a tempo de impedi-lo de acertar a mulher, que sorriu em agradecimento.
— Não é que somos uma boa dupla? — O comentário a fez sorrir.
Quando finalmente chegaram à ala leste, empurrou a porta pesada e correu ainda mais rápido até as árvores que compunham a floresta ao redor, puxando a mulher pela mão e só parando ao ter certeza de que estavam em uma distância segura.
— O que…
— Não acha mesmo que eu vou deixar essa base ficar bonitinha daquele jeito, certo? — Um sorriso maldoso se formou nos lábios de quando mostrou seu celular, preparado para acionar um detonador.
Ela havia espalhado bombas por toda a base enquanto fazia seu caminho até o laboratório.
A mulher à sua frente retribuiu o sorriso de imediato.
E com um simples toque, o som da explosão pôde ser ouvido.
De onde estavam, as duas conseguiam assistir aquela base da Hydra ruindo e a satisfação brilhava em seus olhos.
— Definitivamente fazemos uma boa dupla. — se virou para a mulher e estendeu uma mão para ela. — .
— . — Elas apertaram as mãos rapidamente.
— É um prazer, . Melhor sairmos logo daqui. Explodir essas bases da Hydra sempre me deixa morrendo de fome.
tinha certeza de que seus batimentos cardíacos poderiam ser ouvidos por , já que estavam sozinhas naquela sala. Havia computadores à sua volta e ela conseguia sentir as correntes elétricas e suas inúmeras conexões, porém seu foco permanecia todo em . A ansiedade por uma resposta positiva sendo a responsável por várias noites mal dormidas.
Ao contrário do que pensava, não conseguia escutar seus batimentos, mas nem precisava. Com apenas uma olhada de soslaio na expressão da mulher e em como ficava estalando os dedos, deixando pequenas faíscas saírem da ponta deles, e percebeu o quanto estava inquieta.
Não a julgava por isso, ela mesma estava. Haviam esperado tempo demais por aquilo. Se frustraram com diversas buscas em vão, mas sentiam de alguma forma que aquele seria o seu momento. Tinha que ser.
Dois anos depois da queda da Hydra, aquela era a primeira pista concreta e que as aproximaria mais um passo de seus objetivos.
A cada fracasso, o desejo recorrente de desistir aflorava, mas então buscavam forças para seguirem naquela busca, e sabiam que o fariam até encontrarem o que desejavam.
Desviando seu olhar de , começou a andar de um lado para o outro. Cada segundo parecia demorar uma eternidade, o que aumentava a sua ansiedade, deixando-a impaciente.
— Afundar o chão não vai ajudar em nada, — soltou, carinhosa, sem sequer desviar seus olhos da tela do computador.
até teria lhe devolvido uma resposta atravessada, mas aquele tom de voz sempre a quebrava e a mulher soltou um suspiro. usava aquela tática justamente porque conhecia bem as reações dela. Aquele era o resultado de três anos de convivência constante.
— Suponho que fritar essa maldita máquina também não, né? — resmungou, mesmo já sabendo da resposta.
— Preciso responder essa pergunta? — Arqueou uma sobrancelha, recebendo uma revirada de olhos. — Mas imagino que haja, sim, alguma maneira de você apressar a transmissão de dados. — Sua expressão ficou pensativa.
— Deixa eu adivinhar: hoje não, mas essa é a minha lição de casa? — retrucou em tom esperto, o que arrancou um pequeno sorriso de .
— Por isso que te amo. Às vezes é como se você pudesse ouvir meus pensamentos, .
— Isso e o fato de eu ter aceitado lavar a louça sempre, porque você odeia. — Mais sorrisos foram trocados, então, quando uma nova aba surgiu na tela do computador, as duas a olharam imediatamente.
Os batimentos de aumentaram ainda mais, a ansiedade era tanta que a mulher até sentiu seu rosto esquentar. Queria acabar com aquilo logo. Que a outra parasse com o mistério e contasse logo o que aquilo significava.
Antes de dizer qualquer coisa, a expressão de se iluminou. A dose de esperança foi capaz de aumentar o sentimento de que daquela vez tudo daria certo e elas não colecionariam mais uma frustração.
— E aí? — insistiu, incapaz de se conter, enquanto enrolava uma mecha de seus cabelos no dedo. Era mais uma de suas manias de quando estava nervosa.
Um sorriso de canto foi moldando as feições de e ela tornou a olhar para .
— Consegui a localização, mas precisamos ser rápidas. Eles vão agir em cerca de — olhou para o relógio em seu pulso — três horas e quarenta e sete minutos.
se aproximou, vendo o ponto marcado no mapa.
— Acha que conseguimos chegar a tempo?
— Eu sei que conseguimos. Se sairmos daqui agora. — estava convicta e a amiga imediatamente assentiu.
— Vamos matar o que sobrou daqueles desgraçados. — exibiu um sorriso diabólico nos lábios.
— E esse é o terceiro motivo pelo qual eu te amo. — retribuiu o gesto.
— Tá fazendo uma lista, é? Gostei, pode continuar. — Sem mais tempo a perder, as duas saíram da sala e seguiram pelo pequeno corredor que as levaria até o depósito de suprimentos.
O número de pessoas que conheciam aquele lugar, ou o que realmente havia ali, estava limitado apenas às duas. Não podiam arriscar um ambiente com agentes duplos infiltrados.
— Você é mesmo muito boba, — acabou rindo e negando com a cabeça, o que arrancou mais sorrisos de .
No entanto, o breve clima amistoso cedeu seu lugar à seriedade que precisavam. e estavam prestes a entrar em missão, a missão de suas vidas.
E dessa vez se recusavam a aceitar falhas.
Lagos
Steve Rogers tinha consciência do quanto aquela missão era importante. Além de arriscar seu próprio pescoço, levaria consigo outros três colegas de equipe se alguma coisa desse errado, e ele tinha certeza de que não pegariam leve com eles justamente por terem saído na surdina, agindo por conta própria.
No entanto, Steve não conseguiria ficar de braços cruzados, apenas assistindo as injustiças e os absurdos que aconteciam. Ele precisava fazer alguma coisa.
E Natasha, Sam e Wanda não hesitaram em aceitar seu pedido por auxílio. Rogers não era orgulhoso, sabia que não seria capaz de agir sozinho, ou ao menos não da forma que planejava.
Afastando a cortina do pequeno apartamento onde se encontrava, o Capitão observou o movimento das ruas e levou a mão ao ponto eletrônico.
— Muito bem. O que você vê? — A seriedade em sua voz na verdade entregava que estava mais nervoso do que o normal para aquela missão, algo que não foi questionado por nenhum dos outros três. Eles sabiam bem qual era o motivo.
— Vejo policiais — Maximoff respondeu prontamente, enquanto levava uma xícara de café à boca.
Os quatro estavam em pontos diferentes, cada um responsável por um local a ser observado.
Wanda se inclinou levemente, dando uma olhada ao seu redor e voltando a responder.
— Um posto policial e uma rua tranquila. É um ótimo alvo.
Steve conseguia vê-la de onde estava e localizou facilmente cada ponto observado.
— Há um caixa eletrônico também, o que quer dizer…?
— Que há câmeras — Wanda prontamente completou.
— As duas ruas são de mão dupla — Rogers observou.
— Não são rotas de fuga seguras. — Se estivessem em treinamento no complexo, provavelmente o Capitão a encararia orgulhoso naquele momento.
— Dez pontos para a Sonserina — Sam murmurou, fazendo graça e recebendo um resmungo impaciente de Natasha, antes de voltarem a se concentrar na conversa dos outros dois.
— Consegue ver o furgão no meio do quarteirão? — Steve indagou, sem desviar sua atenção. O nervosismo o deixava ainda mais focado em seu objetivo.
— O vermelho? É uma graça.
— Ele também é blindado, então se trata de uma escolta privada, o que significa mais armas e mais dor de cabeça para nós. — Natasha, que estava a poucos metros de Maximoff, se intrometeu.
— Vocês sabem que eu posso mover as coisas com a minha mente, não sabem? — Wanda ergueu uma sobrancelha.
— Reconhecimento de área tem que ser algo instintivo — Romanoff atalhou, como se já estivesse esperando aquele comentário da outra.
— Já te disseram que você é paranoica? — Foi a vez de Samuel se meter na conversa, caminhando ansioso para entrar logo em ação.
— Não na minha cara. Por quê? Ficou sabendo de alguma coisa? — Nat contestou, erguendo uma sobrancelha.
Antes que continuassem aquela discussão, no entanto, Steve interferiu.
— Olhos no alvo, pessoal. — Não podia deixar que aquilo comprometesse a missão. — É a melhor pista do Rumlow que conseguimos em seis meses. Não quero perdê-lo. — Foi sincero.
Sam soltou uma breve risada.
— Acho que, se nos verem, não será um problema. O cara nos odeia.
Então algo atraiu a atenção do Capitão. Um veículo que circulava de maneira um tanto suspeita em uma rua, com pressa e batendo no que estava em seu caminho.
— Sam, está vendo aquele caminhão de lixo? Rastreie-o — comandou, ouvindo Wilson concordar de imediato.
Não demorou muito para que descobrissem que, diferente do que imaginavam, o alvo de Rumlow não era o posto policial.
Com um enorme estrondo, o caminhão de lixo tombou na entrada do Hospital de Doenças Infecciosas, abrindo passagem para outros caminhões repletos de agentes do que restou da Hydra.
Preparados para entrar em ação, imediatamente os homens desceram e começaram a atirar bombas de gás nos andares superiores, com Rumlow em seu comando, que, aproveitando a distração, adentrou o prédio em busca do seu alvo.
— Como eu digo, não é uma festa se os desgraçados não aparecerem — Sam resmungou pelo comunicador, enquanto voava entre os prédios, tentando chegar ao local o mais rápido possível.
Wanda e Natasha se entreolharam e imediatamente se levantaram de seus lugares ao ouvirem o comando do Capitão, deixando de se preocuparem com disfarces. Maximoff usou a levitação ao seu favor, enquanto Romanoff corria, desviando do máximo de pessoas e objetos que apareciam em seu caminho.
Rogers se aproveitou de suas habilidades de super soldado para saltar de um prédio para outro, se desculpando ao assustar algumas pessoas no processo.
Conseguiu ver o momento exato em que o grupo de Rumlow entrou no hospital e, sem pensar duas vezes, se atirou da cobertura de mais um prédio, usando seu escudo para aterrissar próximo aos caminhões e escombros que já eram resultado da destruição feita pela Hydra.
Se havia alguém que Steve Rogers odiava, eram as pessoas que trabalhavam para aquela organização.
Nenhum deles podia sair impune, ele se certificaria daquilo.
E chegar a Rumlow era essencial.
Pulando para cima de uma caminhonete, acertou um agente com os dois pés em seu peito, derrubando-o e tomando seu lugar para poder checar a situação ao seu redor.
— Armadura. AR-15. — Tocou o ponto eletrônico, ouvindo um farfalhar no ar, mesmo em meio aos sons de tiros, que só podia significar que Sam estava próximo. — Contei sete agentes.
Os tiros se intensificaram e, em questão de segundos, a resposta de Wilson veio.
— Agora são cinco.
Rogers viu o exato momento em que Maximoff surgiu, atingindo agentes com ondas de energia e, em um trabalho em conjunto, ela e Sam derrubaram mais um.
— Quatro — o Falcão informou, mesmo que não fosse preciso, enquanto passava pelo Capitão.
Usando o Asa Vermelha, Wilson fez uma varredura pelo prédio, em busca de Rumlow, localizando-o segundos depois.
— Ele está no terceiro andar.
— Wanda, do jeito que praticamos. — Steve a encarou, já tomando impulso para saltar.
— E o gás? — A voz da mulher soou um tanto alarmada.
— Dá um jeito nele. — E sem dar mais tempo para questionamentos, pulou.
Maximoff lançou ondas de energia na direção do Capitão, o impulsionando até o terceiro andar.
Rogers atravessou a janela sem muita dificuldade e assim que se levantou para correr atrás de Rumlow, ouviu mais uma vez a voz de Sam pelo comunicador.
— Ei, Cap. Acho que temos mais um problema.
Franzindo o cenho, Steve não se deteve e avançou, tendo que derrubar agentes da Hydra que cruzavam seu caminho.
— Tem outra figura suspeita no mesmo andar — Wilson continuou.
— Mais um agente da Hydra? — Rogers indagou, mas algo lhe dizia que não era o caso.
— Não parece. Não estou vendo armamento nenhum e… Espera, tenho certeza de que é uma mulher.
— O que ela está fazendo aqui? — Steve estava extremamente confuso.
— Não faço a menor ideia, mas se ela está de pé e sem máscara depois de todas essas bombas de gás, te desejo boa sorte, meu amigo.
— Estou vendo ela daqui também. E ela é gostosa — Natasha se pronunciou, precisando desviar sua atenção para derrubar mais agentes. Ela havia chegado ao prédio e ajudava Sam a impedir a entrada de mais deles no hospital.
— Uou, boa sorte mesmo! — Sam soltou uma risadinha.
— Não é hora pra isso, pessoal — Rogers ralhou, mais por desconforto diante daquilo.
Acertando outro agente com um chute no peito, o Capitão lançou seu escudo com precisão para que conseguisse derrubar outros homens e aproveitou o caminho livre para seguir pelo corredor, procurando por qualquer sinal de Rumlow ou da suspeita.
E em meio à névoa causada pelo gás, Steve a localizou no meio do corredor, virada de costas para ele.
— Encontrei a suspeita — anunciou, enquanto seguia sorrateiro na direção dela, tentando decifrar se era mesmo uma inimiga ou não.
— E como ela é? É gostosa mesmo? — Wilson questionou, interessado, mas ao mesmo tempo querendo atormentá-lo porque era engraçado vê-lo constrangido.
— Não é hora! — o Capitão apenas repetiu, impaciente.
A mulher parecia não se dar conta de que estava sendo seguida, ou, se sabia, não dava importância. Mesmo que tivesse pressa em chegar ao seu destino, ela caminhava de uma forma um tanto graciosa. Por alguns segundos, o olhar de Rogers ficou preso ali e ele precisou sacudir a cabeça levemente para retomar o foco.
O que ela queria? Seria o mesmo que Rumlow?
Steve não demorou muito para concluir que o homem estava ali em busca de alguma arma biológica, o que fazia total sentido para os planos da Hydra, mas e ela?
Estaria aquela mulher também trabalhando pela Hydra?
Ele continuou a acompanhar os passos dela, ficando o mais próximo possível sem que levantasse suspeitas, apenas para tentar entendê-la antes de qualquer coisa.
No entanto, quando estava próxima de seu destino, a mulher simplesmente inclinou a cabeça por sobre os ombros e o encarou.
— Vai ficar aí desse jeito mesmo? Pode vir olhar mais de perto, bonitinho. Mas só se eu puder fazer o mesmo com você. — E sorriu maliciosa.
Steve arqueou uma sobrancelha, sem acreditar no que havia acabado de ouvir. Tinha certeza de que Nat e Sam reagiriam se escutassem aquilo, mas não podia dar atenção àquele tipo de coisa. Rumlow estava dentro do laboratório e se conseguisse fugir, eles perderiam uma chance que não tinham há seis meses.
continuava encarando o homem que nunca havia visto pessoalmente, mas sabia muito bem quem era. Steve Rogers definitivamente não era alguém que passava despercebido e não apenas por ser o Capitão América, mas porque era deliciosamente atraente.
Rindo discretamente de seus próprios pensamentos, esperava para ver qual seria a reação dele, porém o homem parecia embasbacado demais para encontrar as próprias palavras. Ela então lambeu o lábio inferior, passando seus olhos rapidamente por ele, e Steve despertou do transe momentâneo, voltando a avançar na direção dela.
— Quem é você? Trabalha para Rumlow? — indagou, estudando cada pequeno movimento dela, mas sequer mudou a posição, parecia perfeitamente confortável como estava.
Sem respondê-lo, ela simplesmente soltou uma risadinha, o que deixou Rogers agoniado por não saber se aquela era uma inimiga ou não.
— Me responde! — insistiu, apressando os passos, ficando cada vez mais próximo de .
— Vai ter que arrancar de mim, bonitinho.
Steve não tinha tempo a perder. Não podia ficar ali discutindo com ela e talvez fosse exatamente aquilo que a mulher queria.
Ela era uma distração.
Bufando impaciente consigo mesmo, Rogers se aproximou o bastante para jogar seu peso contra ela, acertando-a com seu escudo e a atirando longe. Sem lhe dar margem para escapar, o Capitão voltou a correr até .
— Que assim seja então. Não sou de fugir de nenhum desafio. — Sua voz estava ofegante, mas carregava toda a determinação que possuía.
Em questão de segundos, a mulher jogou suas pernas no ar, se levantando em um salto, avançando na direção dele sem se intimidar. Rogers mal teve tempo para processar aquilo porque logo em seguida um chute o acertou no peito, fazendo-o recuar um pouco para trás. Ele se manteve em pé, mas se surpreendeu com a força e a agilidade de .
— Ótimo, meu bem. Os que não fogem são os meus favoritos. — Ela jogou os cabelos para trás e não esperou para atingi-lo com uma série de socos.
Steve se defendia dela, processando o fato de que realmente era mais forte do que aparentava e cada um de seus golpes era preciso, o que deixava claro que era bem treinada e sabia o que estava fazendo. Era como se tivessem a ensinado a lutar contra alguém com reflexos como os dele.
Quem era ela?
Rogers passou a revidá-la à altura, usando seu escudo como auxílio e se surpreendendo mais uma vez quando conseguiu segurá-lo no ar, lançando-o contra uma viga, e sua força havia sido tanta que o objeto ficou fincado no concreto, mas o Capitão estava ocupado demais aparando e desferindo socos contra ela.
Algo dentro dele até reclamava o fato de estar lutando contra uma mulher, mas o que poderia fazer num momento como aquele? Até onde sabia, ela também era uma inimiga e Steve não podia deixar que aquela arma caísse nas suas mãos, muito menos nas de Rumlow.
Rumlow. Por alguns segundos, sua atenção havia se desfocado dele e Rogers olhou alarmado na direção de onde imaginava ser o laboratório.
Sem o auxílio de seu escudo daquela vez, o Capitão empurrou seu próprio ombro contra a mulher, sabendo que teria força o suficiente para derrubá-la, mas estava preparada. Pegando impulso, ela deu um salto, usando uma das paredes como apoio para um de seus pés e a próxima coisa da qual Steve se deu conta, foi de que as pernas dela agora envolviam seu pescoço.
— É uma pena que nós dois estamos em lados opostos, bonitinho. Se não fosse por isso, essa situação aqui poderia ser bem mais prazerosa. — Mais uma vez, a malícia estava bem nítida na voz da mulher, o que fez Rogers sentir seu rosto esquentar.
Como ela dizia aquelas coisas com aquela naturalidade? Pior do que isso, ele deveria responder?
No entanto, antes que ele pudesse de fato reagir ou revidar a mulher, um estrondo se fez ouvir e os dois viram que as portas do laboratório se abriram com violência. Uma figura bateu contra a parede e Steve levou alguns segundos para se dar conta de que era Rumlow.
— Sabe, capitão, se você estivesse menos ocupado com os flertes e prestado atenção ao seu redor, teria percebido melhor as coisas. — A confusão tomou o rosto de Rogers porque em um segundo estava olhando para um dos agentes da Hydra e no outro o viu se transformar em uma segunda mulher. Então abriu um sorriso de canto, convencida.
Se antes estava embasbacado, naquele momento seu cérebro simplesmente parou de funcionar. Não havia outra palavra que ele poderia usar para defini-la. Ela era estonteante.
A risada animada da mulher em cima dele acabou o despertando um pouco e Steve se forçou a reagir, movimentando o corpo, na tentativa de se livrar de , que apertou ainda mais as pernas em seu pescoço.
O objetivo dela por acaso era estrangulá-lo daquele jeito?
— Todo seu, . Eu cuido disso aqui. — A voz de mais uma vez atraiu a atenção do Capitão, que franziu o cenho, sem entender a quem a mulher se referia, até notar algo em suas mãos. Era um frasco com um líquido amarelo.
A arma biológica.
Rogers se forçou ainda mais e apenas riu de seu esforço, virando de costas para ele e dobrando o corredor à direita, saindo de seu campo de visão.
E agora, o que faria?
Precisava alertar os outros para que detivessem aquela mulher.
— É uma pena nos despedirmos. A gente podia se divertir muito mais, só que agora a minha brincadeira é com aquele desgraçado ali. — indicou Crossbones com um aceno e seus olhos faiscaram.
Num movimento rápido, ela tomou impulso outra vez e se jogou para frente, levando Rogers junto. Os dois tombaram no chão e ele sentiu o impacto do chão na lateral de seu corpo, enquanto aterrissou de forma graciosa, se agachando brevemente e tirando uma mecha de cabelo de seu rosto.
— Foi um prazer te conhecer, bonitinho. Quem sabe nos esbarramos de novo. — Piscou para ele e Steve notou um brilho azulado nos olhos escuros dela, mas provavelmente era reflexo de alguma coisa.
se voltou para Rumlow e estava prestes a avançar para cima dele com toda sua gana, erguê-lo pelo colarinho e forçá-lo a dizer tudo que precisava saber.
No entanto, Crossbones havia recobrado a consciência e, sacando sua arma, atirou contra , aproveitando a distração para seguir rumo ao seu objetivo. Os olhos da mulher se arregalaram e em meio segundo ela tentou desviar do tiro, porém, mesmo assim, acabou atingida na coxa direita.
Urrando de dor, porque a bala imediatamente se alojou em sua carne, se curvou, segurando a região, e quando voltou a olhar na direção de Rumlow, ele já tinha saído de lá.
Sem pensar direito, Steve se aproximou dela, preocupado, como se não estivessem lutando há pouquíssimos minutos. Porém lhe ocorreu que ela também estava atrás do Crossbones, então talvez não fossem inimigos.
— Você está bem? — Aquela pergunta havia sido tremendamente estúpida e ele soube daquilo no segundo seguinte.
— Eu pareço bem, bonitinho? — resmungou, sentindo seus olhos lacrimejaram de tanto que aquilo doía.
Não conseguia acreditar que Rumlow havia acabado de escorregar por seus dedos.
Fechou sua expressão, respirando fundo e ignorando toda dor que sentia.
— Ei, o que está fazendo? — Steve percebeu ela se empertigar.
— Não vou deixar aquele filho da puta fugir de novo — rosnou e se pôs a correr pela mesma direção em que o Crossbones havia seguido.
Rogers respirou fundo, sem conseguir acreditar no que havia acabado de acontecer ali, tentando processar toda aquela loucura e o fato de que havia outras pessoas com objetivos semelhantes aos dele.
Levando a mão até o ponto eletrônico, chamou por Nat, Sam e Wanda, informando que a arma biológica estava nas mãos de uma segunda desconhecida e que Crossbones havia acabado de fugir do prédio.
Natasha se encarregou de contê-lo e Maximoff finalmente conseguiu se livrar do gás que foi lançado nos corredores. Wilson sobrevoava o local, tentando localizar a arma biológica enquanto o asa vermelha o auxiliava no processo.
Steve puxou seu escudo da viga onde foi cravado e passou por vários corredores até chegar a uma varanda.
Em uma fração de segundos, no entanto, ele precisou usar seu escudo para conter os tiros que Rumlow passou a disparar em sua direção. Ele havia conseguido se livrar de Nat e não deu descanso a Rogers até deixá-lo tonto, fazendo com que o Capitão despencasse da varanda.
Se sentindo atordoado e processando a dor do impacto de seu corpo no chão, Steve precisou de alguns segundos para se recuperar, então se levantou em um salto, passando a correr porque, mais uma vez, Rumlow escapou.
— Sam? — Rogers chamou, pelo comunicador.
— Ele está em um veículo blindado. Estão perseguindo uma mulher em uma motocicleta e… Uou! A nossa amiga tá correndo atrás do carro como se fosse um super soldado. — Wilson não devia se demonstrar tão empolgado com aquilo, mas a verdade era que estava e a curiosidade em descobrir quem eram aquelas duas lhe aflorava cada vez mais.
Steve não esperou mais nenhum segundo e pegou a primeira rua que viu, correndo o mais rápido que pôde e logo avistando a mesma silhueta que havia o prendido entre as pernas.
Aquele não era um pensamento muito adequado, porém era de fato o que tinha acontecido.
Rogers constatou que ela realmente parecia correr tão veloz quanto ele e isso levando em conta que sua perna estava machucada. Percebeu que parecia mancar um pouco enquanto corria e talvez fosse aquilo que a atrasava, porque ainda não conseguia alcançar o veículo blindado.
Rumlow grunhiu irritado ao ver a mulher na motocicleta disparar em direção a um centro comercial e desaparecer em meio às tendas. Pararam bruscamente, sem poder avançar e logo ele disparou ordens.
— Arranquem a arma biológica com as mãos dela junto se for preciso. Eu tenho outra coisa que preciso resolver aqui.
Os agentes assentiram, saindo do carro e disparando na direção por onde havia ido, enquanto Rumlow preparou sua armadura de metal e desceu bem a tempo de e Steve pararem em sua frente.
Os três se entreolharam em uma fração de segundos. Crossbones riu satisfeito ao ver que estava ferida, porém seu principal alvo naquele momento era o Capitão América, então disparou na direção dele com toda a sua fúria.
Tentou acertá-lo com um gancho de direita, que Rogers aparou com seu escudo, fazendo um estrondo ecoar. Rumlow soltou um urro irritado, querendo arrancar aquele maldito objeto das mãos do Capitão para que pudesse fazer com o rosto dele o que Steve Rogers havia feito com o seu.
Se afastou o suficiente para atirar uma granada contra o escudo e Rogers teve apenas segundos para jogá-lo longe, segundos esses que permitiram a Rumlow acertá-lo em cheio no rosto.
Caído a poucos metros dele, o Capitão se levantou, vendo o homem avançar com ódio em sua direção.
Steve se protegia como podia e se jogou para frente, impulsionando os pés para atingir Crossbones, o empurrando para longe e o fazendo cair de joelhos.
A poucos metros dali, teve que pular da motocicleta e saltou por cima de algumas frutas, vendo que três homens e Natasha Romanoff a perseguiam.
Revirando seus olhos, puxou a arma de seu coldre, revidando os tiros que os agentes lhe lançavam, porém com uma pontaria bem melhor que a deles, atingindo dois e os derrubando. O terceiro desviou e, acelerando os passos, conseguiu alcançá-la, atingindo a mulher com um chute, fazendo com que tropeçasse e derrubasse a arma de suas mãos.
— Que mal-educado! — ela rosnou, se jogando contra ele, desferindo uma série de socos para depois se afastar e pegá-lo desprevenido ao acertar um chute no meio de suas pernas. — Esse lugar é sempre infalível. — Riu, mas seu sorriso se desfez ao ver que Romanoff havia a alcançado.
— Me entrega a arma e ninguém vai se machucar. — Nat estendeu uma mão para ela, que tombou a cabeça, estreitando os olhos.
— E qual seria a graça disso?
Romanoff revirou os olhos e avançou para cima de , percebendo um estilo familiar na forma como desviava e revidava seus golpes.
— Você era da SHIELD? — Franziu o cenho, desviando segundos antes de receber um soco no rosto.
— Você é esperta, Romanoff. — riu, atingindo a ruiva com um gancho bem no estômago e aproveitou os instantes em que a mulher ficou sem fôlego para mais uma vez sumir no meio da multidão.
— A filha da mãe fugiu — Nat bufou, pelo ponto eletrônico, e aquilo distraiu Steve, que desviou seu olhar por poucos segundos para observar em volta, tentando localizá-la.
Aquilo foi o suficiente para Rumlow atingi-lo com um soco no queixo, deixando-o atordoado pela segunda vez naquele dia. No entanto, nenhum dos dois teve tempo para qualquer reação.
Um vulto cruzou a visão de Rogers e, em questão de segundos, Crossbones estava caído no chão, com em cima dele, socando-o com tanta força que a máscara em seu rosto foi arrancada com brutalidade.
Mais uma vez, Steve pensou ter visto algo azulado nos olhos de e ela pegou Rumlow pelo pescoço, encarando-o com todo o ódio que sentia.
— Porque não prova um pouco do veneno da Hydra, seu merda! — sentiu a eletricidade fluir por seu corpo e se concentrar em sua mão, atingindo o homem que, em vez de agonizar, apenas gargalhou.
— Achou mesmo que isso ia funcionar em mim? — Então voltou seu olhar para Rogers, que ainda não sabia se acreditava no que via.
Era impressão sua ou a mulher tinha acabado de eletrocutar Rumlow com suas próprias mãos?
— O que achou da minha nova aparência, Rogers? Agora sim eu tô lindão — ironizou e apenas naquele momento Steve e focaram sua atenção no rosto dele.
Rumlow estava desfigurado de uma forma grotesca e o Capitão sabia bem o motivo.
estava cansada de papo furado. Queria respostas e, agora que tinha o homem em suas mãos, arrancaria dele nem que fosse no soco. Ela ergueu o punho, pronta para golpeá-lo sem misericórdia, quando a fala seguinte do homem a interrompeu.
— Ele te reconheceu, sabia? — Os olhos de Rumlow estavam em Steve. — O seu amigo, Bucky.
Rogers se aproximou, enquanto paralisou, olhando para Crossbones em busca de qualquer sinal de que aquilo era mentira.
— Como é que é? — Steve balbuciou, atordoado.
— Ele te reconheceu. Na verdade, reconheceu você e lembrou da gostosinha aqui. Ficou choramingando até que fritaram o cérebro dele outra vez. — O homem se deliciava ao ver as expressões dos dois à sua frente.
Rogers franziu o cenho, completamente perdido com aquelas informações. Olhou rapidamente para e os olhos da mulher estavam arregalados e… marejados?
Ela conhecia Bucky? Como?
— Ele deixou uma mensagem pra vocês antes, sabem? — Rumlow atraiu a atenção de Steve novamente. — Ele disse que quando chega a nossa hora, não tem como fugir. A minha chegou e eu vou levar vocês dois comigo. O que é até uma pena, porque você é bonita demais pra morrer. — Um sorriso maldoso tomou suas feições, então Crossbones revelou um dispositivo que Steve e não precisaram pensar para saberem o que era.
E antes que pudessem fazer qualquer coisa, Rumlow apertou o botão.
— Não!
Ninguém soube ao certo de quem havia sido o grito, porém o corpo do homem rapidamente foi tomado pelas chamas, enquanto urrava de dor.
saltou de cima dele, mas sabia que estava acabado. Morreria e só desejava que não doesse, que fosse rápido como um piscar de olhos.
No entanto, as chamas não tocaram nela e muito menos em Steve.
Surpresa, viu que uma espécie de energia continha o fogo e, ao olhar ao redor, viu que era Wanda Maximoff que a controlava. A mulher fazia um grande esforço e, sem conseguir conter a bomba por muito tempo, a atirou para o lado.
Porém, as consequências daquele ato foram catastróficas quando as chamas atingiram um prédio, destruindo vários andares dele.
Wanda sentiu todo o seu ser congelar com aquilo. Havia acabado de matar várias pessoas inocentes em segundos.
Rapidamente, Steve levou sua mão ao comunicador, encontrando toda a força que tinha para falar com firmeza.
— Sam, precisamos fazer alguma coisa. Acione a emergência, eu… — Ele viu o exato momento em que se levantou e correu na direção de , que havia vindo desesperada ao ouvir a explosão. — Eu vou atrás daquelas duas. Preciso saber o que queriam.
Sem hesitar, Rogers as seguiu e, quando achou que havia as perdido de vista, sentiu as pernas de o acertarem com violência, quase o derrubando.
— Qual é o seu problema, capitão? Por que continua vindo atrás da gente? — ela rosnou, incomodada com aquilo.
— Quero saber quem são vocês e o que querem! Por que ele disse que Bucky se lembrou de você? — Desviou o olhar para , que de repente parecia extremamente exausta.
— Não temos tempo para isso agora. Ela perdeu sangue demais, não tá vendo? — se aproximou de , apoiando-a em seus ombros.
— Por que fizeram isso tudo? — Steve insistiu ainda assim.
— Não somos suas inimigas, bonitinho. É tudo o que você precisa saber por hora — se pronunciou.
— Fale por você — atalhou, irritada com o homem. — Agora vá, Rogers. Sua amiga derrubou um prédio — o lembrou e suas palavras fizeram o Capitão se virar momentaneamente para olhar a destruição causada por Wanda.
— Boa sorte com isso. — Ouviu uma delas dizer, mas não identificou qual e, de uma maneira ainda mais atordoante, quando Steve voltou a olhar para as duas mulheres, elas haviam desaparecido.
Rogers não sabia o que era mais louco naquela história toda. Se era o fato de que Bucky se lembrava dele, a mulher desconhecida conhecer seu amigo, Wanda ter jogado uma bomba em um prédio para protegê-lo, ou o fato de ele ter acabado de deixar duas suspeitas fugirem.
O ferimento na perna da mulher não parecia incomodá-la enquanto estava em meio à luta, mas sabia que era a adrenalina a responsável por mascarar qualquer dor que pudesse sentir. E isso só se comprovou quando veio em sua direção, a abraçou com força e quase desabou sobre ela.
— Droga, . Precisamos fazer alguma coisa para estancar o sangramento. — não escondeu a preocupação. Já não conseguia desde o momento em que viu a explosão.
negou com a cabeça e tentou se desvencilhar.
— Não, não dá tempo. Temos que chegar logo ao quinjet .
— Não vou te levar a lugar nenhum assim. Você está perdendo muito sangue. — quis bater nela pela teimosia.
— Eu estou bem. Juro.
— !
— Você não quer que o senhor perfeitinho nos encontre de novo, quer? — bufou e revirou os olhos. — Eu estou bem, .
Mesmo determinada a não se deixar esmorecer, os olhos de lutavam cada vez menos contra suas pálpebras, que insistiam em se fechar, e as coisas ao seu redor giravam tanto que ela se sentiu enjoada. Sua perna latejava de um jeito absurdo e sua vontade era de gritar e chorar até se livrar daquela maldita bala.
Rumlow era realmente um desgraçado. E saber que o homem havia se explodido só não trazia uma sensação ótima porque ele tentou levá-la consigo e ainda acabou causando a morte de dezenas de pessoas.
se pegou pensando em como Wanda Maximoff devia estar se sentindo. Crossbones era o verdadeiro culpado por tudo, ela só tentou salvar a vida de um amigo, mas as pessoas não entenderiam aquilo. A mulher provavelmente estava devastada.
Qualquer outro pensamento, no entanto, acabou escurecendo em sua mente, assim como tudo à sua volta. Sem sequer se dar conta do que acontecia, caiu na inconsciência e precisou segurá-la com mais força, arregalando seus olhos ao percebê-la desmaiada.
— ? — chamou e deu tapinhas no rosto da mulher, enquanto tentava ignorar o pavor crescendo dentro de si. — , acorda, por favor… ! — Sacudiu a mulher com mais força, então desceu seu olhar até a perna de e soltou uma exclamação de agonia.
O ferimento com certeza era mais feio por baixo da calça, mas, como imaginava, aquela peça estava completamente ensopada de sangue.
Ainda mais apavorada, segurou o pulso da amiga para verificar se ela ainda tinha batimentos e sentiu seus olhos se encherem de lágrimas ao constatar que sim. No entanto, precisava correr contra o tempo e dar um jeito de estancar logo aquele sangramento.
Sem conseguir acordar e vendo que não conseguiria fazer um torniquete, já que segurava o corpo da mulher, sua única alternativa era seguir com urgência para o veículo. Odiou Steve Rogers ainda mais por aquilo. Se não fosse por ele atrapalhando completamente seus planos, nenhuma daquelas merdas teria acontecido. O maldito Capitão América tinha estragado tudo e, por causa dele, estava machucada.
Dominada pela raiva, tomou um impulso para segurar a amiga com mais firmeza e andou o mais rápido que podia até finalmente alcançar o quinjet .
Ao colocar sobre um dos bancos, precisou de alguns segundos para se recompor. Com a amiga desacordada, seu corpo havia ficado ainda mais pesado, e todos os músculos de protestaram durante o caminho, queimando feito o inferno.
sabia que precisava decolar e seguir em direção ao QG delas o mais rápido possível, porque somente lá havia os recursos necessários para tratar o ferimento de , além de um médico de confiança. Ir a um hospital estava fora de cogitação. Não podiam arriscar, porque os vermes que restaram da Hydra certamente ainda estavam atrás de .
No entanto, só se preocupava com naquele momento. E, ignorando qualquer outra coisa, primeiro daria um jeito naquela hemorragia.
Então conseguiu rasgar a parte da calça que tampava o ferimento de e grunhiu outra vez ao constatar que estava mesmo horrível.
Precisava agir, e rápido. Correu até um compartimento, onde guardavam um kit de primeiros socorros por conta de situações como aquela, e voltou com várias gazes. Sem hesitar, as usou para fazer pressão sobre o ferimento e tentava se manter calma quando via o tecido se encharcar de sangue, colocando outra gaze em cima. Seu coração batia acelerado, suas mãos tremiam tanto que ela acabou derrubando uma ou outra, mas seguiu determinada, enquanto questionava mentalmente como tinha conseguido lutar ferida daquele jeito. Achava que era a adrenalina, mas será que apenas a adrenalina daria conta de tanta dor e perda de sangue?
— , acorda, por favor… — sussurrou, preocupada com o tempo que a mulher estava desmaiada. Tornou a conferir o pulso de e suspirou ao constatar que ainda respirava.
Parecia que uma eternidade passava e continuava insistindo, parcialmente atenta a qualquer sinal de que foram seguidas.
Quando finalmente conseguiu estancar o sangue, escutou a amiga gemer baixinho e nem se deu conta das lágrimas que escorriam por suas bochechas ao constatar que estava acordando. Não achava que aquilo aconteceria tão cedo, mas no fundo deveria saber que sim, afinal, aquela ali era a mulher mais teimosa que conhecia.
— ? — A voz de estava tão fraca que o chamado ecoou em um sussurro.
— Estou aqui, — ela se pronunciou prontamente, segurou uma das mãos de e a sentiu pressionar seus dedos nos dela de leve.
— O que… O que aconteceu? — notou que a mulher começou a ficar agitada, certamente uma consequência da perda de sangue, e a impediu de tentar se levantar, usando a mão livre para colocá-la sobre sua outra perna.
— Você está ferida, mas não se preocupe. Estamos no quinjet , logo vamos para casa e daremos um jeito nisso. Só peço que tenha calma e não se esforce. Você perdeu muito sangue. — Sua voz saiu da forma mais gentil e paciente possível, enquanto torcia para que levasse tudo aquilo sem questionar.
— Mas… — Obviamente, ela iria protestar. Não seria se não o fizesse. Assim como não seria ela se não estendesse a mão em direção ao painel de comando e olhasse para o local com uma determinação que conhecia muito bem.
— ! — protestou, tentando fazê-la parar, e viu os olhos da amiga ganharem o conhecido brilho azulado. — Por favor, . Eu consegui pelo menos estancar o sangramento. Você não quer que volte a jorrar sangue da sua perna, não é?
suspirou alto e negou com a cabeça, então abaixou a mão enquanto seus olhos voltavam ao tom natural.
— Foi o que pensei — resmungou, pegou comprimidos para dor e entregou à mulher. Sabia que não seria o suficiente, até porque precisava remover a maldita bala de sua perna, mas ia ao menos amenizar um pouco as coisas até chegarem ao seu destino. — Agora fique quietinha aí.
— Tá bom, mãe. — murmurou e relaxou como podia, embora estivesse sentada. Fechou os olhos e tentou não pensar na dor.
Ao se certificar de que tudo estava sob controle, seguiu para o painel de comando, sentou na cadeira do piloto e finalmente decolou para longe daquele lugar.
No dia em que invadiu a base da Hydra onde estava, não tinha ideia do quanto aquela mulher se tornaria importante para ela. Não apenas importante, na verdade, essencial. A mera ideia de viver em um mundo onde não fazia parte era tão dolorosa que a sufocava, e não queria nem pensar naquilo.
Resgatou alguém que não tinha para onde ir e tinha uma noção muito limitada do que era o mundo, e viver todas as descobertas com ela gerou um vínculo forte demais entre as duas. costumava acreditar que eram irmãs de alma e sua ligação era tamanha que um dia foi exatamente o que lhe disse.
Quando viu aquela explosão acontecer, todo o ar fugiu de seus pulmões e parou tudo o que fazia, momentaneamente congelada em seu lugar. Havia acontecido exatamente onde viu pela última vez e, de repente, suas mãos tremeram com o que poderia encontrar ao se aproximar.
Não tinha certeza se foi ela quem soltou aquele “não” desesperado, provavelmente sim, mas, assim que recuperou o domínio de suas pernas, correu desatinada, chegando apenas para ver que a bomba não havia atingido a amiga.
Após colocar a nave no piloto automático, voltou para o banco onde estava e se sentou ao seu lado. Não conseguiria seguir a viagem toda daquele jeito. Parecia que as coisas dariam muito errado se ela se afastasse, afinal, foi o que aconteceu com seu pai. Ela não estava ao seu lado quando ele se foi, e jamais poderia consertar aquilo.
só percebeu que estava chorando quando um soluço ecoou de seus lábios, então se permitiu cobrir o rosto com as mãos, apoiou os cotovelos nos joelhos e desabou de uma vez, certa de que havia pegado no sono.
— , você está chorando? — Ao contrário do que pensava, a voz de ecoou preocupada e ela tentou se sentar, novamente agitada. Não deixaria que nada a machucasse.
— ‘Tá tudo bem, . Continue quietinha, tá? Temos mais uma hora e meia de voo. — Sorriu fraco ao tentar tranquilizá-la.
— É óbvio que não está. Primeiro que tem uma droga de um pedaço de metal na minha perna, e segundo que eu não lembro de ter te visto chorar assim antes, meu bem. — Seu olhar ficou mais carinhoso e suspirou. Não costumava mesmo chorar na frente dela e de ninguém. Para , chorar era demonstrar vulnerabilidade, e ela não podia se dar ao luxo àquilo, mesmo com a mulher ao seu lado. Tinha a impressão de que aquilo afetaria a forma como a via, mas de um modo ruim.
No entanto, naquele momento, foi pega em flagrante e não conseguia se acalmar ao ponto de disfarçar. Não depois de tudo o que havia acontecido.
— É só que… — Sua voz falhou e mais lágrimas vieram com força, fazendo um pequeno nó se formar em sua garganta. esperou pacientemente até a amiga recuperar a fala. — Eu senti tanto medo quando vi aquela explosão, . Não vi nada, não me importei nem quando Romanoff arrancou a arma biológica das minhas mãos, porque nada daquilo ia ter sentido sem você.
sentiu aquelas palavras a atingirem com intensidade, e uma emoção tomou conta de si, aqueceu seu peito e fez seus olhos também ficarem marejados.
— … — soltou comovida.
— Eu perdi tudo, . Perdi minha mãe que me deixou, perdi meu pai quando ele morreu e perdi o trabalho da minha vida, onde eu achava que fazia o bem, mas na verdade era uma marionete da Hydra. Por um bom tempo, eu tinha certeza de que estava completamente sozinha no mundo, até invadir aquela base e te encontrar. — Respirou fundo e mais lágrimas desceram por suas bochechas. — Nunca ia imaginar que você se tornaria tudo isso para mim quando te conheci e em apenas o que… três anos?
— Três anos. — sorriu.
— E nesses três anos eu ganhei uma irmã, alguém que me entende como ninguém entendeu antes. Fiquei apavorada. Jamais me perdoaria se tivesse te perdido, e ainda mais porque não estava lutando ao seu lado.
— Ainda bem que não estava. O que seria de mim se algo tivesse acontecido com você ? — procurou a mão de e entrelaçou seus dedos nos dela. — Nós somos irmãs de alma, . Tenho certeza de que se existirem outras vidas, ou outros universos, estaremos juntas em todos eles.
soluçou alto e sentiu seu corpo até sacudir, então negou com a cabeça e tentou se recompor.
— Droga, para de me fazer chorar mais! — resmungou, em um tom manhoso.
riu, ao mesmo tempo em que sentia seu rosto também molhado pelas lágrimas.
— Não tenho culpa, garota. Você que estava aí, toda sentimental — brincou e soltou a mão de para limpar as próprias bochechas, a tempo de vê-la estreitar os olhos em sua direção.
— Eu estava sofrendo em silêncio, . Foi você que se meteu — acusou e sentiu que toda a agonia dava lugar a um calor em seu coração. Havia sido assim desde quando a conheceu.
— Da próxima vez, eu coloco uma música pra te embalar em vez de me meter então. O que acha?
— Acho que você tá muito abusada. Só vou deixar passar porque tá aí machucada.
— Ah, e ia fazer o que se eu não estivesse? — ergueu uma sobrancelha em desafio.
— Te encher de tapas. — se deu conta logo em seguida do que a amiga responderia, mas não conseguiu consertar a tempo.
— Pode encher. Eu adoro! — Sorriu maliciosa, e negou com a cabeça.
— Você não tem jeito mesmo.
— Nunca disse que tinha. — Piscou um olho. — Mas, falando nisso, você ouviu o que ele disse?
— Ele quem? — não entendeu nada.
— Rumlow. Mas obviamente você não ouviu, porque não estava lá...
Como simplesmente parou de falar, ela se manifestou.
— O que Rumlow disse, mulher?
— Que ele se lembrou de mim. — a olhou significativamente, e dessa vez não foi necessária uma explicação sobre a quem se referia.
O fato do homem ter lembrado de realmente era algo a ser discutido. No entanto, outro detalhe chamou sua atenção.
— Levar tapas te faz pensar em Bucky Barnes? — ergueu uma sobrancelha e acabou sorrindo maliciosa.
— Quê? Não! Nada disso, tá maluca? Barnes tem idade para ser meu avô. — Ela arregalou os olhos e logo em seguida já protestava demais, deixando evidente o nervosismo. só não conseguiu decifrar bem o motivo, mas, mesmo assim, continuou pegando no pé da amiga.
— Pode até ter, mas que você sentaria nele, sentaria, uh?
— Cala a boca, sua ridícula! Esqueceu de quem ele é? Daqui a pouco, eu vou sentar você na porrada. — estava indignada.
— Pode até fazer isso, meu amor. Mas você não negou, né? — Riu alto, e abriu a boca, chocada.
— Eu te odeio, .
— Você me ama, .
— Não amo, não. — Fez até uma cara de emburrada, mas logo esta se desfez em um meio sorriso ao ouvir gargalhar ainda mais.
Ela sempre a ganhava com aquela risada.
— Mas, voltando ao assunto, isso é bom ou ruim? Bucky Barnes lembrar de você? — As feições de ficaram mais sérias.
— Não faço a menor ideia. E o desgraçado do Rumlow disse que fritaram o cérebro dele quando se lembrou de mim e reconheceu Steve Rogers.
respirou fundo e conteve a vontade de revirar os olhos à menção do capitão, algo que não passou despercebido por , porém ela preferiu não falar nada a respeito naquele momento.
— Bom, depois dessa, se Rogers não estava atrás do antigo melhor amigo antes, não há dúvidas de que agora é o que vai fazer.
— Com certeza — confirmou, com um aceno de cabeça, então adquiriu uma expressão um tanto receosa com o que diria a seguir. — Talvez seja uma boa ideia monitorarmos o queridinho da América, já que temos um alvo em comum.
— Não, . De jeito nenhum. Me recuso a seguir Steve Rogers. — teria rido, porque não negou apenas uma, mas três vezes. No entanto, manteve a seriedade e tentou entender as coisas.
— , aconteceu algo entre vocês dois? — A pergunta também ecoou em um tom cuidadoso. Por mais ligadas que fossem, sabia que tinha seus segredos, assim como ela.
— Eu nem o conheço, . Só o vi duas vezes na vida, mas não gosto dele. Eu o acho impulsivo e inconsequente. A prova disso foi o que acabou de acontecer em Lagos.
continuou observando a amiga com atenção, tentando ler nas entrelinhas de onde vinha a raiva pelo Capitão América. Porém sua perna deu uma fisgada forte e ela engoliu em seco e pressionou os lábios para conter um gemido de dor.
— Já passou o efeito do analgésico, não é? — não precisou de muito para entender o que acontecia.
— Na verdade, nem chegou a fazer. — fez uma careta.
— Droga, eu sabia que esse era fraco. Infelizmente, é o único que temos. — torceu a boca, odiando saber que a amiga ainda estava sentindo dor.
— Tudo bem. Não se preocupe com isso, .
— Você não entende, não é? Eu sempre me preocupo contigo.
sorriu.
— E eu com você.
Alguns segundos de silêncio tomaram conta do ambiente, até que voltou a falar.
— Bom, então voltamos ao nosso plano original. Hackear o Pentágono.
— E enquanto isso eu vejo o que consigo descobrir pela CIA. Lembre-se de não deixar rastros.
— Eu nunca deixo, meu bem.
Steve Rogers ainda tentava digerir os últimos acontecimentos. Em poucos dias, não apenas perderam Rumlow com informações valiosas para ele, como causaram uma explosão que ceifou várias vidas, Wakandanos entre elas, e as consequências daquilo vieram com tudo. Os noticiários culpavam os Vingadores e principalmente Wanda, alegando que todos eles eram perigosos e não se importavam com o que deixavam para trás.
Isso levou as coisas a algo muito pior na opinião de Steve: o Tratado de Sokovia. Um maldito acordo, onde basicamente virariam propriedade do governo e só poderiam agir quando as autoridades quisessem. Rogers detestou aquela ideia. Suas experiências anteriores não foram nada boas, já que governos podem, sim, se corromper e ele não conseguia se imaginar parado em situações onde seria perfeitamente capaz de ajudar.
Talvez a pior parte de tudo aquilo fosse o apoio que Tony dava ao tratado. Não apenas ele, mas Rhodey, Visão e até mesmo Nat. Ele simplesmente não conseguia acreditar que realmente pensavam em assinar o documento e provavelmente o fariam.
Se Steve não concordasse com o tratado, o que aquilo o tornaria? Um fora da lei?
Honestamente, não se importava. Não iria contra os próprios princípios.
Cansado de debater com os quatro, que pareciam irredutíveis, Rogers se afastou, decidido a sair da sala conjugada à cozinha do complexo dos Vingadores.
Parou na beira de escada, do lado de fora, e soltou um longo suspiro ao tentar se acalmar, porque tudo aquilo era tão injusto que suas mãos tremiam.
Isso porque nem foi citado o fato de James Buchanan Barnes, seu melhor amigo, tê-lo reconhecido. Apenas a menção do nome dele foi capaz de fazer Steve se sentir com dezesseis anos outra vez.
Se houvesse esperança, ele faria de tudo para trazer Bucky de volta. Não descansaria enquanto não conseguisse.
“Ele te reconheceu. Na verdade, reconheceu você e lembrou da gostosinha aqui”.
De repente, aquelas palavras voltaram aos seus pensamentos, e Rogers lembrou da expressão no rosto da mulher quando ouviu aquilo. Era de choque e alguma outra emoção que ele não conseguiu decifrar. Desejou uma chance de poder confrontá-la, buscar todas as respostas que precisava. Então decidiu que, além de procurar por Bucky, iria atrás das duas mulheres, mesmo se fosse sozinho.
O capitão tentava não focar muito os seus pensamentos na outra. Ela tinha um fogo nos olhos, e Rogers não sabia o que significava. Era como se o odiasse.
— Steve? — A voz de Sam o tirou de seus pensamentos, e ele o encarou e suspirou alto.
— Bem aqui — murmurou, mesmo não sendo necessário.
— Aquilo lá tá realmente uma loucura. — Wilson se aproximou e parou ao lado do capitão.
— Eles não se acalmaram ainda? — Steve ergueu uma sobrancelha.
— Provavelmente isso vai acontecer agora, porque eu saí de lá. — Sam deu de ombros.
— Saiba que vou respeitar a sua decisão, independente de qual for. — Rogers imaginou que era o certo dizer aquilo, então se virou de frente para o amigo, a fim de olhá-lo.
— Eu não vou assinar o tratado, Steve. Não tenho a menor intenção de ser a cadelinha do governo.
As expressões de Wilson eram sempre hilárias, mas, naquele momento, o capitão não conseguiu nem ao menos sorrir.
— Obrigado por ficar ao meu lado nessa, Sam.
— Bom, você está certo. Por que eu não ficaria? — Acabou sorrindo de leve, e Rogers o retribuiu.
Os dois então permaneceram em silêncio, dando atenção aos próprios pensamentos, até Wilson se dar conta de uma coisa.
— Por que não falou sobre aquelas duas na reunião?
Steve já esperava que o amigo tocaria naquele assunto em algum momento, por isso não se surpreendeu.
— Para ser sincero, eu não sei. Mas imagino que foi bom, não é? Se estão agindo dessa forma conosco, imagina só o que fariam com elas. — Ainda não havia conseguido entender o que viu e até chegou a pensar que estava imaginando coisas.
— Como assim? O que elas têm de especial? — Sam franziu o cenho em confusão.
— Aparentemente, uma delas consegue mudar a forma para a que quiser e…
— Espera aí, ela é tipo uma camaleoa? — Wilson se espantou, sem conseguir conter o impulso, interrompendo Rogers.
— Algo do tipo, sim. Eu a vi se transformar de um agente da Hydra para o que imagino ser sua forma original. — Steve não culpava o amigo, ele mesmo ainda estava embasbacado com aquilo tudo.
— Nat disse que quase pediu o telefone dela. — Sam soltou uma risadinha. — Mas e a outra? A que te prendeu entre as pernas?
Rogers estreitou os olhos ao captar um tom de malícia, então negou com a cabeça quando o Falcão riu novamente.
— Não tenho certeza do que vi, mas pude jurar que ela tentou eletrocutar Rumlow com as próprias mãos.
Mais uma vez, Wilson não conseguiu conter a surpresa.
— Agora eu tô entendendo o seu ponto, Cap. Se o governo sonhar que tem mais duas “pessoas aprimoradas” — fez aspas com as mãos —, provavelmente vão caçá-las.
— Provavelmente. — Rogers engoliu a seco. Não conhecia as mulheres, mas tinha, sim, a sensação de que não eram suas inimigas e talvez tivessem um objetivo em comum.
— Vamos fazer algo quanto a isso? — O fato de Sam já se incluir naqueles planos fazia Steve se sentir extremamente grato por tê-lo ao seu lado.
— Vamos adicionar mais duas pessoas à nossa lista de quem precisamos encontrar. Depois que esse tratado for assinado, elas não estarão seguras.
— Nem nós estaremos, Cap. Nem nós estaremos. — Wilson sorriu fraco, e, antes que Rogers pudesse dizer qualquer outra coisa, seu celular vibrou e indicou uma nova mensagem.
Steve definitivamente não estava preparado para o que leu.
“Ela se foi enquanto dormia, Steve”.
Era como diziam, não havia nada tão ruim e que não pudesse piorar. E como se não bastassem todos os acontecimentos, Rogers havia acabado de descobrir que Peggy Carter havia partido.
De repente, tudo pareceu girar ao seu redor, um nó trancou sua garganta e ele sabia que não ia conseguir controlar as lágrimas que surgiam.
— Já volto, Sam — murmurou, desceu as escadas e encontrou um local mais isolado onde poderia desabar. Lá, encostou suas costas na parede e soluçou como se outra vez fosse aquele jovem de dezesseis anos, que mal conseguia se defender.
Dias depois, Steve ainda não tinha se acostumado com a sensação de vazio no peito que se instalou desde a partida de Peggy Carter. Ela era uma das únicas esperanças que ele tinha de tudo aquilo não passar de um sonho longo demais, e que, quando acordasse, estaria de volta ao tempo onde realmente se encaixava e prestes a levar aquela mulher incrível para dançar. Sabia muito bem que uma vez que a tivesse em seus braços, Rogers não a soltaria nunca mais, não permitiria que ela escorregasse por seus dedos novamente.
No entanto, sabia que estava se enganando. Assim como sabia que se agarrar àquela falsa esperança era apenas uma forma de evitar o sentimento de que, mesmo quando estava cercado de pessoas, Steve estava completamente sozinho. E ele evitava porque doía e não havia nada que pudesse fazer para mudar aquilo.
O capitão havia deixado o complexo dos Vingadores para ir ao enterro de Peggy em Londres, mas não voltou para lá, porque não assinaria o tratado e tinha consciência das consequências daquilo. Sam não hesitou em acompanhá-lo, o que fez Steve se sentir um pouco menos só e feliz por ter alguém leal daquele jeito ao seu lado.
Nat, por outro lado, foi até a igreja, e mesmo que suas intenções tenham sido não deixá-lo sozinho, ela tentou mais uma vez convencê-lo a assinar o acordo. Rogers não podia negar ainda estar um tanto surpreso com o posicionamento de Romanoff. Como ela mesma chegou a pontuar, não costumava concordar com a visão de Tony sobre as coisas. No entanto, ele até entendia. Natasha passou anos trabalhando para o lado errado e seu maior objetivo era limpar esse passado.
Outra coisa que surpreendeu o capitão foi a presença de sua vizinha, Sharon, que ele descobriu segundos depois ser nada menos que a sobrinha de Peggy, e seu discurso esclareceu algumas coisas para Steve.
Sharon se prontificou a ajudá-lo a descobrir quem eram as duas mulheres misteriosas, mesmo sendo difícil, já que não tinha nenhum nome. Enquanto Rogers a acompanhava de volta ao hotel onde estava hospedada, sentiu que poderia confiar nela àquele ponto. E trabalhando para a CIA, ela teria acesso a várias bases de dados.
— Steve, você precisa ver isso. — A voz de Sam ecoou urgente, quando o capitão estava prestes a se despedir de Sharon.
Sem hesitar, Rogers acompanhou o amigo até uma televisão, onde era exibida uma notícia que, honestamente, ele não estava preparado para receber.
Havia acontecido outra explosão, desta vez na sede da ONU, em Viena. Alarmado, Steve trocou um olhar rápido com Sam, e pela forma como o homem o olhava, tudo tendia a piorar.
Rogers não conseguia imaginar como.
A situação em Viena estava crítica. O local que sediaria um suposto tratado de paz havia virado um verdadeiro pandemônio, cercado por helicópteros, viaturas e ambulâncias que chegavam às pressas. O número de vítimas ainda era incerto, e já era devastador o bastante para Steve Rogers receber aquela notícia. Porém, não importava o quanto ele não quisesse, se as coisas podiam piorar, elas iam.
“Soldado Invernal é o suspeito da explosão que matou o rei de Wakanda”.
Steve ouviu o âncora do jornal falar sobre aquilo, leu a frase exibida e assistiu às filmagens, onde alguém muito parecido com Bucky Barnes saía de uma van momentos antes dela explodir. No entanto, não conseguia acreditar naquilo. Seus olhos e ouvidos com certeza estavam o traindo.
As imagens de seu melhor amigo em seus dias de glória ainda eram muito nítidas nos pensamentos de Rogers. Dias em que estavam, sim, prestes a enfrentar uma guerra, mas, ainda assim, James Buchanan Barnes jamais deixava de carregar um sorriso no rosto.
Não era possível que o homem nas filmagens fosse Bucky. Aquele ali não era o seu melhor amigo, seu irmão. Tudo dentro de Steve protestava, gritava que não era verdade e, no fim das contas, o capitão não aceitaria tudo aquilo daquele jeito.
Precisava fazer alguma coisa, desenterrar a verdade, fosse ela qual fosse.
Não assinar o tratado certamente tornava Rogers um inimigo do governo, mas ele não hesitaria em arriscar tudo para descobrir onde estava Barnes.
— Eu preciso trabalhar. — Sharon atraiu o olhar dele e assentiu antes de vê-la se afastar.
Não foi necessário dizer nada a Sam, ele já sabia o que aconteceria. Sabia dos riscos que correria ao ir atrás de um assassino, mas confiava no capitão o suficiente para não deixá-lo.
Além do mais, o que ele tinha a perder mesmo?
Duas horas depois, Sharon Carter estava com sua equipe e prometeu a Steve conseguir qualquer informação útil sobre o paradeiro de Bucky. Rogers achou melhor que ele e Sam se separassem, assim não levantariam suspeitas. Ambos usavam bonés e óculos e tentavam analisar tudo o que estava ao seu alcance, em busca de pistas, tentando também entender por que haviam jogado uma bomba na ONU.
Havia poeira para todos os lados, o barulho das sirenes era ensurdecedor, mas nada era pior do que os gritos de dor que vinham dos feridos.
Mais uma vez, Steve simplesmente se recusou a acreditar que Bucky tinha feito aquilo. Não podia ser.
Tendo o cuidado de não ficar parado por muito tempo em um lugar só, Rogers caminhou para um pouco mais longe dos escombros, então se escorou próximo a uma árvore, de onde seus olhos avistaram Natasha Romanoff sentada em um banco. Sua expressão não era boa, havia fuligem em seu rosto e ela estava claramente preocupada com alguma coisa.
Steve não podia negar que era um alívio saber que Nat estava viva, então acabou por puxar o celular de seu bolso e procurar pelo contato da mulher para iniciar uma chamada. Seus olhos permaneceram fixos em Romanoff enquanto ele esperava que ela atendesse.
— Sim? — A voz de Natasha ecoou depois do terceiro toque.
— Você está bem? — Foi a primeira coisa que Rogers achou sensato perguntar, considerando que Nat havia vivenciado o atentado de horas atrás.
— Estou bem, obrigada. Tive muita sorte. — Sorriu calma e olhou à sua volta, parecendo se dar conta de algo. — Steve, eu sei o quanto Barnes significa para você. Sei mesmo. E é por isso que eu preciso te pedir para não se envolver. Você só vai piorar as coisas, sabe? Para todos nós .
Steve acabou franzindo o cenho e pensou bem no que dizer.
— Por favor — Romanoff insistiu, um pouco mais firme.
— Vai me prender? — Rogers ergueu uma sobrancelha.
— Não, Steve. Mas, se você interferir, alguém vai. É assim que as coisas funcionam agora.
— Se Bucky chegou a esse ponto, Nat, sou eu quem deve prendê-lo. Ninguém mais — o capitão afirmou sem hesitar, porque, por mais que doesse dizer aquilo a ela, não havia chance alguma de ele não ir atrás de Bucky.
— Por quê? — Natasha se levantou e passou a olhar em volta, como se o procurasse.
— Porque eu tenho menos chances de morrer tentando. — Então deu uma risadinha fraca, apesar daquilo não ter graça alguma.
Do outro lado da linha, Romanoff bufou e estava pronta para retrucar aquela resposta, no entanto se calou. Steve viu o exato momento em que a mulher franziu o cenho e pareceu se dar conta de algo.
— Nat, se você sabe de alguma coisa que pode me ajudar, preciso que me diga — praticamente implorou e sentiu o nervosismo dando as caras mais uma vez, então respirou fundo para manter a calma o máximo possível.
— Steve, você sabe muito bem que as coisas seriam muito mais fáceis se você simplesmente fosse para casa. — Sua voz era firme e um tanto dura, numa última tentativa de dissuadi-lo do que pretendia fazer.
— E você sabe que essa não é uma opção para mim. Eu preciso saber se meu amigo ainda está lá. — A resposta de Rogers veio no mesmo tom, e Romanoff suspirou alto. Mesmo imaginando o que ele diria, não deixava de ser frustrante.
Ela ponderou se deveria mesmo compartilhar uma certa informação. Conseguia escutar a respiração cada vez mais ofegante de Steve, denunciando como estava nervoso, e lutava para mascarar aquilo. Nat se identificava, havia feito aquilo sua vida toda.
E foi por isso que revirou os olhos e acabou cedendo.
— Lá vamos nós… Você lembra das duas mulheres que encontramos em Lagos?
— Acho que nem se eu quisesse, conseguiria esquecer. — Rogers soltou uma risada baixa e frustrada, afinal, as duas haviam fugido por causa dele.
— Não nego que concordo. — Ao notar o tom um tanto sugestivo de Natasha, Steve mais uma vez focou seu olhar nela e captou o exato momento em que lambeu os lábios.
Então pigarreou e arregalou os olhos ao sentir seu rosto esquentar.
— Não! Espera aí, não foi isso que eu quis dizer! — protestou, balançando a cabeça em negação, como se aquilo reforçasse sua resposta.
Romanoff riu baixo. Aquele não era um momento para risos, mas a forma como o capitão ficava tímido a qualquer menção como aquela era realmente hilária.
— Então… O que tem elas? — Tentou voltar ao tom sério e a mulher fez o mesmo.
— Elas estão aqui em Viena.
Por um momento, Steve franziu o cenho e tentou imaginar o que elas estariam fazendo ali. Então se lembrou das palavras de Rumlow a uma delas e da reação que a mulher teve.
— Onde?
— Aqui. Uma delas apresentou um distintivo, e as duas seguiram para os escombros.
— Está dizendo que elas trabalham para o governo? — Rogers ergueu uma sobrancelha.
— Ou estão fingindo que trabalham — Nat observou e ele assentiu, porque também fazia sentido.
— Obrigado, Nat. E se cuida.
— Você também.
Assim que desligou, o capitão enfiou o aparelho no bolso e foi na direção dos escombros, analisou tudo ao seu redor com muita atenção e procurou qualquer sinal daquelas duas ou até mesmo de Bucky. O cenário era difícil de lidar. O lugar estava todo destruído, pessoas andavam para todos os lados e, vez ou outra, bombeiros e paramédicos surgiam carregando novas vítimas.
Foi inevitável pensar na tragédia em Lagos, nos corpos sendo levados daquela mesma forma e do quanto se sentiu culpado por tudo aquilo. A menção do nome de Bucky o abalou profundamente, e ele não viu mais nada.
Rogers sabia muito bem dos resultados das outras missões dos Vingadores antes mesmo do secretário esfregá-los em sua cara. E mesmo se sentindo péssimo com tudo aquilo, o Tratado de Sokovia ia contra quem ele era. Não concordava e não abriria mão disso.
Ao despertar de seus pensamentos, Steve desviou de um grande bloco de concreto e de repente seus olhos foram de encontro às duas pessoas que procurava.
No mesmo instante, o capitão parou de andar e primeiro as estudou de longe, percebendo que também estavam procurando alguma coisa por ali. Ou seria alguém ? O mesmo alguém que ele. Sem mais se conter, Rogers atravessou rapidamente a distância que os separava e, por um instante, sequer se lembrou que estava disfarçado e sem seu escudo.
Uma das duas notou a aproximação dele e cutucou a outra, que o encarou em desafio. Algo nos olhos dela trouxe uma sensação engraçada ao capitão, porém ele a ignorou e se manteve o mais firme possível.
— O que vocês estão fazendo aqui? — Não fez rodeios.
abriu um sorrisinho enquanto o olhava de cima a baixo, e continuou o encarando, estreitando os olhos como se pudesse fuzilá-lo daquela forma.
— Até onde sei, eu não trabalho pra você, Capitão. Então não te devo nenhuma satisfação. — Ela foi ríspida, mas Rogers não se deixou abalar por isso.
— Foi uma pergunta simples, não uma ordem.
— Ah, bonitinho, se você perguntasse com jeitinho, eu até pensaria em te responder. Já te falaram que de perto você é uma delícia? — estalou a língua e sorriu mais uma vez para ele.
Steve sentiu o rosto esquentar mais uma vez naquele dia, ficando bastante surpreso com a audácia dela, mas quando estava prestes a responder, a outra mulher a interrompeu.
— Fala sério, . — Revirou os olhos com impaciência, então se virou para dar as costas a Rogers. — Se nos dá licença, temos mais o que fazer.
— Não liga, não. Acho que ela não gosta muito de você. — A que se chamava deu de ombros. — Ei, espera aí, ! — gritou, ao ver que a amiga se afastava com pressa.
Steve repassou os nomes das duas mentalmente e apressou o passo para alcançá-las novamente. Ao contrário do que pensava, não iam se livrar fácil assim dele.
— Você o conhecia, ? — Tomou a liberdade de chamá-la pelo nome e a mulher parou de caminhar para encará-lo.
Dessa vez, nenhum sorrisinho veio, apenas uma expressão vazia. engoliu em seco e de repente o olhou como se estivesse prestes a contar algo.
— Se eu conhecia o Soldado Invernal? Quem não conhece?
Aquela resposta esquiva fez Steve soltar o ar com força.
— Olha, não sei como você conheceu o Bucky e nem o que aconteceu, mas Rumlow disse que ele lembrou de você. E vocês duas coincidentemente estarem aqui só deixa claro que estamos atrás da mesma pessoa. — Fez uma pausa e olhou de uma para a outra. — Talvez possamos trabalhar juntos nisso.
— Trabalhar com você? — se meteu na conversa e arqueou uma sobrancelha. Assim como , ela também havia parado de caminhar.
— Com certeza nós começamos com o pé esquerdo, mas eu não acho que somos inimigos. — Rogers deu de ombros, complementando seu argumento.
soltou uma risada sarcástica.
— E o que te faz pensar que confio em você assim? Você pode ser o poderoso Capitão América, mas eu não te conheço. Muito menos a . Então não, não queremos trabalhar com você — a mulher disse tudo aquilo com tanta velocidade que Steve precisou prestar bastante atenção para entender tudo.
Não esperava aquela reação dela, e pela forma como a encarou, ela também não esperava.
Qualquer que fosse a resposta do capitão, no entanto, acabou se perdendo quando Sam surgiu ao seu lado e trouxe uma pasta de arquivo.
— Sharon encontrou uma fonte segura sobre o paradeiro dele, mas precisamos nos apressar. A ordem é de atirar para matar.
A cabeça de James Buchanan Barnes doía feito o inferno. Desde o momento em que a claridade o atingiu, uma pontada surgiu em protesto e resolveu lhe fazer companhia mais uma vez. Aquilo afetava diretamente seu humor, porém ele sabia muito bem pelo que estava sendo punido. Com certeza o motivo era o homem não ter dormido quase nada naquela noite, ou na noite anterior, e muito menos na seguinte.
O fato era que Bucky não lembrava a última vez que havia realmente conseguido fechar os olhos. Primeiro, porque temia não acordar como ele mesmo, e, segundo, porque o colchão do pequeno apartamento onde se abrigava era macio demais, por mais fino que fosse. Suas costas protestavam, James bufava de frustração e passava o resto da noite rolando de um lado para o outro, até desistir e iniciar mais um dia.
Não havia como negar, Barnes estava frustrado, assustado e paranoico, imaginando que a qualquer momento agentes o cercariam para começar mais uma vez seu inferno particular. A mistura de sentimentos não tornava nada fácil a tarefa de manter qualquer outra expressão que não fosse séria e contida em seu rosto, o que contrariava totalmente seus planos de ser mais agradável e quem sabe se estabelecer em algum lugar simplesmente porque Bucky estava cansado de fugir.
A quem ele queria enganar? Desde a primeira vez em que foi capturado pela HYDRA, James nunca mais teria descanso. Cada passo dado por ele era uma batalha, fosse por sua própria sobrevivência, ou para não ceder àquela coisa que tentava lhe consumir a cada segundo.
Bucky travava uma luta árdua pelo controle contra um pedaço seu forte demais, frio e implacável. Uma luta da qual ele sabia que, no fim das contas, não teria escapatória, mas ainda assim insistia, sempre buscando toda a força que existia em seu ser.
Era uma pena ter que se mudar em breve de Bucareste. Das cidades pelas quais já havia passado, aquela foi uma das mais tranquilas até então, porém não podia arriscar e, por esse motivo, nunca se permitia ficar à vontade onde se instalava.
Envolvido em tudo aquilo, Barnes já havia perdido a noção do tempo e por quantos lugares acabou passando, evitando ser encontrado por qualquer um. Não era seguro deixar que se aproximassem dele e tampouco queria aquilo. Não confiava em ninguém e menos ainda em si mesmo.
Toda vez que Bucky tentava entender algo sobre quem era, sua cabeça doía ainda mais e seu corpo se retesava, como se estivesse pronto para as consequências de qualquer lembrança que surgisse.
Mais uma vez, Barnes sabia bem o motivo por se sentir daquela forma, afinal, também perdeu as contas de quantas vezes a HYDRA o torturou com aqueles malditos eletrochoques e carregou consigo cada resquício de sua consciência.
James chegou a um ponto em que desejou várias vezes simplesmente não voltar mais, deixar o Soldado Invernal ficar totalmente no controle, porém, toda vez que aquilo acontecia, duas coisas o puxavam como um lembrete de que ainda havia pelo que lutar.
A primeira era a imagem de um homem, que lhe trazia uma sensação de irmandade, de lar.
A outra era um nome, que carregava uma mistura de sentimentos que Bucky não conseguia definir.
O nome era .
Era loucura repetir o nome de alguém mentalmente mesmo sem conseguir lembrar o rosto a quem pertencia, no entanto, Barnes sabia que sua cabeça era ferrada demais para qualquer coisa, então não se surpreendia.
Não sabia dizer qual dos dois veio primeiro, porém tinha certeza de que tudo aumentou quando uma base da HYDRA foi invadida e também quando James teve seu primeiro embate com um de seus alvos.
Droga, estava realmente cansado de cogitar as coisas e temer o próprio sono. Precisava entender quem exatamente era, arrumar a bagunça dentro de si e descobrir por que aqueles dois eventos haviam o afetado daquele jeito antes de qualquer outra coisa.
Sua intuição apontava para começar pelo homem, pela sensação de familiaridade trazida em todas as vezes que o encontrou. E a insistência dele em fazer Bucky se lembrar de qualquer coisa que fosse, só evidenciava ainda mais onde as respostas provavelmente estariam.
Steve Rogers, o queridinho da América, ou melhor, o cara conhecido como Capitão América.
Inimigo número um da HYDRA.
E, pelo que havia descoberto, seu melhor amigo.
Era difícil para Barnes se concentrar no que poderiam ser lembranças enquanto o sangue de suas vítimas escorria por entre seus dedos. A cada flash, gritos ecoavam em seus ouvidos, perturbavam sua mente e o faziam se encolher feito uma bola e ter a constante sensação de que se não estivesse em movimento, tudo o que havia feito voltaria para assombrá-lo. Era como um maldito looping, o torturando sempre que encontrava uma brecha.
Naquela noite não foi diferente.
Um Steve magrelo aparecia comprando alguma briga com alguém forte demais para ele e Bucky precisava apartar, tentando não demonstrar ao melhor amigo a preocupação que tomava conta de si só de imaginar que o deixaria ali, à mercê de outras situações como aquela. O Sargento Barnes tinha um dever com sua nação, não podia voltar atrás e, honestamente, só havia cogitado a ideia naquele momento, temendo o que poderia acontecer a Rogers enquanto ele estivesse fora e…
Um lampejo vermelho mudou o rumo que sua mente tomava. Aquela dor excruciante estava de volta, seguida por aquelas palavras malditas e tudo o que o homem desejou foi poder cobrir as orelhas e conseguir abafar aquela voz ordenando ao Soldado Invernal que assumisse o controle.
No entanto, não importava o quanto tentava resistir, ele sempre era mais forte.
De repente, a noite escura era tudo o que os olhos de James viam, o vento batia contra seu rosto, jogava seus cabelos para trás, enquanto seu destino estava perfeitamente calculado. Não descansaria enquanto não cumprisse sua nova missão.
A violência tomava conta das próximas imagens. Violência proveniente de seus próprios punhos, das armas de fogo que carregava consigo, ou das facas que habilmente seu braço biônico atirava sem nunca errar o alvo. Não sabia qual era a pior parte. Se eram os gritos que ecoavam e pediam por misericórdia, ou se era o sangue que manchava tudo ao seu redor e trazia mais lampejos vermelhos que ele não conseguia apagar nem mesmo ao fechar os olhos.
Acordava com o corpo pingando suor, as mãos trêmulas e o maldito gosto do sangue na boca. Alguma coisa dentro de James alertava que um dia não aguentaria mais passar por aquilo, no entanto, sabia que era preciso. Se ele quisesse lembrar de tudo, tinha que suportar as consequências de toda a destruição e sofrimento que causou.
Resistindo o máximo que podia, aos poucos, as lembranças boas foram marcando mais sua presença e prevaleciam com o passar dos dias. Barnes suspeitava que a maior contribuição daquilo vinha das suas visitas frequentes aos painéis de museus e arquivos históricos que contavam a história do Capitão América e, bem, a dele.
James Buchanan Barnes. O braço direito de Steve Rogers, a quem o Capitão foi até o inferno para resgatar. O homem que havia lutado ao lado de Rogers e no fim sacrificado sua vida à causa pela qual ambos lutavam. Uma incansável guerra contra a maldita HYDRA.
Como ele queria fazer cada um deles pagar por terem roubado sua vida.
Os olhos de Bucky se estreitavam diante das placas e dos livros, enquanto as palavras saltavam e praticamente dançavam ao seu redor, executando uma coreografia sincronizada com o seu próprio rosto reproduzido naquelas imagens. O suspiro de sempre ecoava dos lábios dele quando decidia dar a pesquisa do dia por encerrada, e Barnes guardava consigo os cadernos, onde fazia questão de tomar nota de tudo. Temia sofrer outras lavagens cerebrais e poderia usá-los sempre que as coisas ficassem confusas.
A mesma rotina se repetia até já não ser mais seguro para James permanecer ali e ele precisar mudar de cidade, então todo o processo reiniciava.
Como odiava aquilo.
Se perguntou se algum dia seria capaz de se estabelecer em um lugar sem precisar mais fugir e começar tudo de novo.
Com uma risada amarga, já sabia bem qual era a resposta.
Ele nunca teria descanso, afinal, James Barnes sempre seria o Soldado Invernal.
Bufando baixo, frustrado com os próprios pensamentos, Bucky ajeitou o boné sobre a cabeça e torceu para que fosse o suficiente para esconder sua identidade, por mais que aquele acessório contribuísse em aumentar sua dor de cabeça. O casaco grosso e as luvas o protegiam do frio, e ao mesmo tempo cumpriam seu papel de esconder o braço de metal. A todo momento, Barnes conferia se nenhuma parte ficava à mostra, e a maior verdade naquilo tudo era que se envergonhava daquele braço. Era a marca de todas as mortes que carregava e a lembrança constante de que jamais seria aquele Bucky do passado novamente.
James iniciou uma caminhada, como vinha fazendo em todas as manhãs. O ar fresco lhe trazia uma certa calmaria e aquela era uma forma de se acostumar a conviver com outras pessoas, quem sabe até mesmo interagir com elas. Ainda era difícil para ele, principalmente se fosse manter algum contato visual com qualquer um, porém precisava tentar, e a cada dia mais um passo era dado, o que lhe trazia um certo conforto.
Ao parar diante de uma banca de frutas, Bucky demorou seu olhar em algumas ameixas e lembrou de uma matéria em um programa de televisão qualquer que falava sobre aquelas frutas em especial e em suas propriedades benéficas para pessoas que possuíam Alzheimer ou sofreram perda de memória.
Um meio sorriso irônico se formou em suas feições. Todos aqueles anos o tornaram cético quanto a várias coisas, a ciência em si o deixava extremamente desconfiado, porém não custava tentar, não é? Sem falar que comer frutas também era mais saudável do que qualquer outra porcaria, então mesmo se a história da memória fosse pura balela, ao menos estaria criando hábitos melhores.
Quem sabe ele também começasse a correr no dia seguinte?
Decidido a tentar e até se sentindo um tanto animado com a ideia, James começou a escolher algumas ameixas para levar até o pequeno apartamento onde estava em Bucareste. Não lembrava se já havia comido aquilo antes, era bem provável que sim, porém ele não lembrava de várias outras coisas e, pela aparência da fruta, imaginou que iria gostar.
Trocou algumas palavras rápidas com o dono da banca e sorrir para alguém era estranho, os músculos de seu rosto definitivamente não estavam acostumados com aquilo, porém, ao mesmo tempo, era aliviador. Trazia uma certa paz… normalidade. No entanto, de certa forma, Bucky já sabia que aquilo não duraria muito.
A paz não era algo para ele.
James sentiu que alguma coisa estava errada quando um incômodo em sua nuca denunciou que era observado. Normalmente, as pessoas faziam aquilo mesmo, porém, de alguma forma, ele soube que daquela vez era diferente.
Ao puxar o ar com uma expressão resignada, Barnes se virou da forma mais discreta possível, afinal, não era sua intenção assustar ninguém. Porém, imediatamente deu de encontro com o olhar apavorado do dono da banca de jornais, onde também costumava ir todos os dias. As pupilas dilatadas do homem oscilavam entre o seu rosto e algo posto sobre a bancada.
James não conseguiu evitar que seu cenho se franzisse, enquanto já imaginava do que aquilo se tratava, e quando fez menção de ir até a banca, no entanto, o senhor de meia idade saiu correndo como se sua vida dependesse daquilo, lançando alguns olhares para trás como se esperasse uma perseguição.
Então Bucky teve a confirmação de que havia mesmo algo errado.
Poucos passos o aproximaram do local e assim que puxou o exemplar de um jornal e seus olhos bateram na manchete da capa, não lhe restaram dúvidas quanto ao que estava acontecendo.
Havia ocorrido um atentado em Viena e causado a morte de várias pessoas reunidas em uma conferência da ONU, incluindo o rei de Wakanda. Aquela notícia em si já era terrível, porém o pior estava estampado em uma foto que ocupava quase metade da folha.
Ele havia sido filmado em um veículo próximo ao local. O mesmo veículo que explodiu minutos depois.
Merda.
Mas que porra estava acontecendo?
Obviamente, não havia sido Bucky, afinal, ele estava na Romênia, então alguém estava se passando por ele. Seu intuito era incriminá-lo, não havia outra explicação.
Porra… Barnes sequer havia passado por Viena!
Ser reconhecido por aquele homem era a última coisa que precisava e, ao pensar nisso, o sargento entendeu que havia, sim, uma outra explicação.
O objetivo daquele desgraçado era expor Bucky. Revelar exatamente onde estava, já que a repercussão daquilo deixaria todos em alerta e faria o mundo todo procurar por ele.
Talvez não houvesse uma escapatória daquela vez, porém James não deixaria de tentar. Não sabia quanto tempo tinha, mas precisava dar o fora daquela cidade e agir rápido era crucial, não podia desperdiçar um segundo sequer cogitando as coisas.
Disparou pelas ruas sem aquela preocupação em assustar alguém ou ser reconhecido, e, enquanto corria, tentava espantar qualquer pensamento que pudesse atrapalhá-lo ao voltar para o lugar que durante algumas semanas chamou de lar. Havia coisas ali que precisava buscar, seus cadernos com todas aquelas anotações cruciais feitas em prol de sua memória, entre outros itens pessoais.
A euforia em fugir logo dali se dissipou quando James escutou passos dentro de seu apartamento e deu lugar ao desespero.
Pôde jurar que naquele momento seu coração parou.
Era tarde demais, haviam o alcançado antes mesmo que tivesse alguma chance.
No entanto, algo lhe dizia para avançar, tentar ao menos resgatar seus cadernos, e, por isso, Barnes se esquivou da forma mais silenciosa possível ao analisar quem seria o invasor, e acabou por não se surpreender ao dar de cara com Steve Rogers. De alguma forma, havia sentido que o encontraria e isso o inclinava a acreditar em tudo que havia visto a respeito da ligação dividida com ele.
Saber que o capitão estava procurando por ele, talvez desde o último encontro que tiveram, trazia uma espécie estranha de conforto, Bucky não poderia negar, e essa sensação era mais forte do que qualquer desconfiança, porém realmente não podia perder tempo tentando entender os motivos de Steve estar ali, ou buscando qualquer memória que fosse.
Rogers segurava um dos cadernos de Barnes aberto em mãos, analisava o conteúdo com cuidado, lia os fragmentos de memórias anotados ali e respondia alguém através do comunicador. James permaneceu o observando até o capitão se dar conta de sua presença e então se virar devagar para o encarar de forma minuciosa, enquanto tentava decifrar se falava com Bucky ou com o Soldado Invernal.
— Você me conhece? — Rogers tentou disfarçar com um olhar sério, porém a esperança conseguia ser detectada em suas feições.
— Você é o Steve. — James sentiu que devia falar a verdade e assim o fez, sem desviar o olhar do loiro à sua frente. — Eu li sobre você em um museu.
Não era apenas aquilo. A certeza de quem o Capitão era estava impregnada em seus pensamentos, e, por isso, Bucky precisou desviar o olhar por breves segundos, torcendo para que o outro não percebesse, sem exatamente entender o porquê.
— Eles estão cercando o perímetro. — A voz de Sam Wilson ecoou pelo comunicador de Steve, e Barnes sabia que já não teria mais tempo algum para discutir qualquer coisa. Olhou para a janela e planejou se jogar por ela, porque sabia que não se machucaria muito ao aterrissar.
Ainda assim, Rogers deu um passo na direção dele.
— Olha, eu sei que você está nervoso, Bucky. E tem vários motivos para estar. Mas também sei quando está mentindo.
James engoliu a seco com aquilo, uma parte sua já sabia daquela informação, e, de repente, ele se praguejou mentalmente por estar dando aquela abertura ao homem.
Por mais que desejasse resgatar suas memórias, Bucky era instável e estava sendo perseguido. Não era seguro para Steve estar com ele. Tinha que sair dali o mais rápido possível e dar um jeito de se livrar do Capitão América ao mesmo tempo.
— Eu não estava em Viena. Não faço mais essas coisas. — Mais uma vez, não entendeu o motivo, porém as palavras escaparam de seus lábios antes que pudesse refreá-las.
— Estão entrando no prédio — Wilson tornou a falar para Rogers, em tom mais urgente, no entanto, o loiro continuou focado em seu amigo.
Era nítida a confusão nas feições de Bucky. Ele precisava ajudá-lo, jamais o abandonaria, tinha prometido aquilo.
— Bom, as pessoas que acreditam que foi você estão a caminho e não planejam te manter vivo. — Steve odiou ter que dizer aquilo, mas era necessário, e ele queria que James soubesse que não estava mais sozinho.
— Bem pensado. Eu não me manteria vivo se fosse eles também. — Barnes foi sincero mais uma vez e tentou esconder o quanto ouvir aquilo o abalava. — Boa estratégia. — Engoliu em seco.
Suas mãos trêmulas talvez o denunciassem, mas estava impossível controlá-las e, de qualquer forma, não importava naquele momento. Seu foco precisava ser dar o fora daquele prédio, então passou a, de fato, tentar se concentrar naquilo.
— Eles estão no telhado. Já me viram. — Sam se preparou para o que estava por vir, assim como o Capitão América, que se silenciou por alguns segundos, a fim de ouvir o que acontecia do lado de fora do apartamento.
Passos no corredor denunciaram o tempo se esgotando. Barnes olhou mais uma vez para a janela, mas, de alguma forma, sabia que o loiro tentaria segurá-lo no exato momento que saltasse.
Suspirou derrotado. Não teria escolha.
— Ouça, Bucky. Isso não precisa acabar em luta. — Steve atraiu sua atenção novamente, como se ouvisse seus pensamentos.
James fez uma careta, soltando o ar que havia puxado e caminhou em direção à porta ao notar os sons dos passos cada vez mais nítidos.
Então, resignado, começou a puxar os dedos das luvas para se livrar delas.
— Sempre acaba em luta — por fim, rosnou entre dentes, sabendo que a raiva estava nítida, simplesmente porque não conseguiu controlá-la. Era para ele estar bem longe dali, mas não estava.
Por que Steve Rogers tinha aquele efeito sobre ele?
— 5 segundos.
— Você me tirou do lago — Rogers acusou, e Barnes ergueu o olhar até ele, que precisou conter a expressão incrédula. — Por quê?
Bucky odiou aquilo ainda mais.
Era sério que o homem queria debater aquilo naquele momento? Eles estavam cercados, pelo amor de Deus!
— Eu não sei. — Se controlou para não bufar, porque sabia que as intenções do capitão eram boas, Steve só queria ajudá-lo.
E, na verdade, aquele era o problema. Ninguém podia ajudá-lo, não sem se comprometer com algo muito maior e arriscar a própria vida.
James não deixaria ninguém se sacrificar por ele.
— 3 segundos.
Honestamente, não sabia o que estava lhe tirando mais do sério, se era a contagem de Sam Wilson, ou os questionamentos de Steve.
— Sabe, sim — Rogers insistiu, se aproximou mais e o encarou de uma forma que trouxe mais um lampejo em sua memória.
“Porque eu estarei com você até o fim”.
Ou talvez fossem aquelas lembranças que surgiam nos momentos mais aleatórios e insistiam em confundir ainda mais seus pensamentos.
James não teve chance de responder.
Uma granada atravessou o vidro da janela, enquanto palavras foram gritadas no comunicador de Steve, mas dessa vez Bucky não conseguiu entender nada do que diziam, ou parar para pensar de fato no que havia acabado de ecoar em sua mente.
Imediatamente, Rogers se colocou diante de Barnes, usou o escudo para protegê-los e acertou a granada, que acabou por rebater em uma cadeira e voltar para sua direção.
Bucky arregalou os olhos quando a viu diante de seus pés, se abaixou rapidamente e, com o braço metálico, rolou aquilo para longe. Então, como se os dois tivessem ensaiado o tempo todo, Steve usou o escudo para cobri-la.
James levou cerca de três segundos para entender que aquilo se tratava de uma granada de fumaça, o suficiente para sentir estilhaços de vidro baterem contra seu rosto e ouvir o barulho de algo socar a porta atrás dele, numa tentativa quase bem sucedida de arrombá-la.
Tiros vieram em sua direção.
Sem parar para pensar direito sobre aquilo, ele pegou a primeira coisa que apareceu em sua frente para usar como proteção, então jogou de qualquer jeito e se esquivou até a mesa no centro do cômodo.
Dois segundos foram o suficiente para o braço metálico erguer o objeto e ele o jogou com toda a força na direção da porta, o que travou o corredor e impediu que conseguissem derrubá-la.
Mais estilhaços de vidro voaram, e dessa vez um policial se lançou em cima de Bucky.
Ele não lhe deu tempo. Socou seu rosto com toda a força e sabia que havia o nocauteado.
Outra sequência de tiros ricocheteou e parecia que aquilo vinha de todos os lados.
James empurrou outro corpo que se lançou contra ele e olhou para o lado. Steve se embolou com mais um policial e, em outro movimento quase ensaiado, o segurou para Bucky chutá-lo.
Ele avançou na direção do homem com a fúria nítida em meu rosto, então Rogers o segurou pelo braço metálico.
— Bucky, não. Você vai acabar matando alguém! — Não olhou direito para seu rosto, mas pôde jurar que a preocupação se estampou ali.
Barnes torceu seu braço de volta e reverteu o golpe contra ele, então o jogou no chão e lhe lançou uma careta incomodada.
— Eu não vou matar ninguém — o grunhido ecoou incerto de seus lábios, embora aquele fosse seu maior desejo. Daria tudo para não ter mais o sangue de ninguém em suas mãos.
Novamente, não teve tempo para pensar sobre mais nada, muito menos para responder aos questionamentos do Capitão.
Desferiu um soco contra o assoalho ao lado da cabeça de Steve, onde ironicamente havia escondido uma mochila com suprimentos e seus cadernos, então a pegou e jogou pela janela, como planejava fazer desde o momento em que encontrou Rogers em seu apartamento.
Para falar bem a verdade, Bucky já tinha pensado naquele tipo de fuga vários dias antes e sempre deixava tudo de forma estratégica, era o tipo de coisa que se aprendia sendo um fugitivo.
Os policiais, por fim, conseguiram arrombar a porta e, quando se deu conta, o escudo estava sobre Barnes outra vez, enquanto mais tiros eram disparados em sua direção.
De fato, não queriam tirá-lo de lá com vida.
Por intermináveis segundos, Steve Rogers se manteve firme ao protegê-lo, mas James não suportava aquilo.
Ninguém podia ajudá-lo, por que ele não entendia?
O empurrou e avançou com o braço biônico estendido e a palma da mão aberta na direção do policial. Os tiros ricochetearam ao atingi-lo, mas Bucky não se deixou abalar e chegou perto o suficiente para socá-lo com força.
Estavam cercados, o que significava que não importava quantos policiais eles derrubassem, vários outros surgiriam e aquela batalha, como qualquer outra que Barnes já lutou, parecia nunca ter fim.
Havia homens demais do lado da janela, o que significava que precisaria improvisar e sua melhor opção de fuga seria por um outro andar.
Bucky derrubou a porta e seguiu em direção às escadas, sem se importar com quantos precisaria esmurrar para conseguir chegar ao seu destino. Conseguia ver Steve o tempo todo ao seu lado, garantindo que nada o atingisse, e de novo aquilo o incomodou.
A oportunidade perfeita surgiu aos seus olhos quando Barnes se pendurou pelo corrimão das escadas e se lançou em um forte impulso, acertando a cara de mais um homem com um chute.
O rosto de James se contraiu em determinação, ele apressou o passo, enquanto corria em direção à janela e, sem ninguém para atrapalhá-lo daquela vez, conseguiu pular por ela e aterrissar na cobertura do prédio ao lado sem nenhuma dificuldade.
A mochila aguardava ali paciente e bastava pegá-la para dar o fora dali.
— Isso. — Não teve certeza se aquilo ecoou de seus lábios, ou se apenas pensou, mas não importava.
Bucky correu na direção do objeto e o pegou sem nem parar, porque precisava de outro impulso para pular para o próximo prédio. No entanto, antes mesmo que sequer tentasse, algo o atingiu com toda força nas costelas.
Devia saber que não seria tão simples.
O ar fugiu ligeiramente de seus pulmões e seu corpo foi lançado ao chão, porém ele conseguiu manter a mochila presa entre os dedos.
James tomou impulso para se levantar, então outro golpe o atingiu no peito e, quando olhou para cima, a sombra de uma silhueta tomou seu campo de visão.
Uma sensação engraçada na boca do estômago insinuou que ele sabia a quem pertencia.
— Ah, qual é. Achei que você fosse um desafio, bonitão. — Bucky franziu o cenho ao escutar aquela voz feminina, então se aproximou e o agarrou pelo colarinho da camiseta.
Algo naquela voz lhe soava extremamente familiar, e uma tontura o atingiu ao constatar aquilo.
Barnes não era de trocar muitas palavras, mas ainda assim se viu sem fala, e percebeu aquilo porque uma risadinha irônica escapou de seus lábios. Risada essa que fez algo nele se agitar outra vez.
— Patético, Barnes. Mas não posso deixar você desaparecer outra vez.
Ela o conhecia?
James recobrou os sentidos ao se irritar com aquilo. Por que ele tinha aquela sensação de que também a conhecia muito bem? Por que sua voz despertava nele o desejo desesperador de conseguir suas memórias de volta?
Não podia se distrair com aquilo e não iria.
Decidido a não dar mais ouvidos aos próprios pensamentos, desferiu um chute para afastá-la e tentou se esquivar para continuar fugindo, porém ignorou a dor que sentiu na lateral do quadril, onde foi atingida, e logo voltou a se aproximar.
Já havia convivido tanto com a agonia que nunca se deixava abalar sem lutar com todas as forças antes.
Bucky ficou um tanto surpreso pela agilidade dela, então aparou um soco que quase atingiu o lado de seu rosto e segurou a mão de , porém, mais uma vez, não a viu se abalar e, quando se deu conta, estava caído no chão novamente.
Segundos depois, a sombra de Rogers aterrissou bem ao seu lado e um segundo som deixou claro que aquilo não era tudo. Havia mais outra pessoa ali e não parecia ser o Falcão.
Ótimo. Tinha virado a droga de uma festa.
não queria a interferência de Steve. A ideia de tê-lo ali, de ver que havia chegado antes dela e , fazia seu sangue ferver, e por isso a mulher não hesitou em avançar para cima dele assim que seus pés tocaram o chão.
Seu olhar ardia de raiva e Rogers sentiu seu queixo estalar quando um chute dela o acertou ali.
Com a força aplicada, um ser humano normal provavelmente teria caído, se não apagasse com o impacto. era muito bem treinada, ele havia percebido aquilo em seus encontros anteriores.
Sem lhe dar tempo para pensar, desferiu uma série de socos, os quais Steve conseguiu aparar, porém hesitou muito em revidar. Não queria machucá-la, sentia que não deveria, por mais que ela estivesse determinada àquilo.
— Revide, Rogers. Não seja covarde! — a mulher rosnou e aplicou um gancho de direita que o Capitão amparou, se aproximou um pouco mais do que o recomendado e sentiu a respiração furiosa dela vir de encontro ao seu rosto.
— Não vim aqui lutar com você hoje, . Eu quero a mesma coisa que você. Tirar Bucky daqui em segurança.
Porém aquilo só a irritou mais, e não deu trégua, se afastou, grunhiu irritada e voltou a atacá-lo.
— Pelo jeito, vou ter que apagar o queridinho da América então. — O comentário dela soou carregado de ironia, embora sua voz estivesse ofegante devido ao esforço da luta.
— É sério? Eu posso fazer isso o dia todo, querida, mas até gostaria de vê-la tentar. — Steve não tinha a intenção de soar debochado, porém as palavras dela haviam despertado aquilo nele.
Não conseguia entender por que o odiava tanto e aquilo já estava o incomodando muito mais do que imaginava.
Barnes ainda tentava se desvencilhar de .
Algo lhe disse que ela tinha um ponto fraco e se apoiava um pouco mais na perna esquerda. Não fazia ideia de como sabia daquilo, mas, no momento em que lhe aplicou uma rasteira, a mulher desabou ao seu lado e grunhiu alto, porque ainda não estava totalmente recuperada do tiro de dias atrás.
— Fala sério! — resmungou irritada, e foi a vez de Bucky deixar a sombra de um sorriso irônico se formar nos meus lábios.
— O quê? Não gosta de resistência? — rosnou de volta para ela, que bufou e, no instante seguinte, já estava em pé, pronta para bloqueá-lo.
Ele não se intimidou com aquilo e avançou em sua direção, bloqueou a maior parte dos golpes dela e tentou acertá-la para que o deixasse em paz.
havia ficado ainda mais furiosa com a resposta de Steve e desferia os socos com cada vez mais gana, em uma agilidade impressionante, porém a forma como lutava era um tanto familiar a Rogers. Nat havia observado a mesma coisa, e aquilo só poderia significar que realmente havia trabalhado para a SHIELD.
Por ter se perdido em pensamentos, o capitão se distraiu por tempo o suficiente para que a mulher o acertasse com um upper na costela e, se aproveitando da falta de fôlego dele, o chutou na perna e fez Steve desabar no chão, para logo em seguida pisar em seu peito.
— Nem fodendo que vou ficar o dia todo lutando com você.
A forma como ela disse aquilo, o encarando daquele ângulo, despertou outras sensações em Rogers e ele precisou ignorar tudo para, em um movimento rápido, atingi-la na perna com o escudo, o que fez despencar ao seu lado.
Uma lufada de ar bem ao lado do rosto de Bucky deixou claro que, por muito pouco, outro golpe de não o acertou, e ele acabou soltando o ar sonoramente em resposta.
Usou o braço biônico para aparar mais um e aproveitou uma pequena brecha para chutar uma das coxas dela, que gritou de dor enquanto desabava, sentindo que provavelmente seus pontos quase curados haviam se rasgado. Ao vê-la cair, Barnes encontrou a chance perfeita para virar na direção oposta e correr até a beirada do prédio, enquanto ignorava a vontade esquisita que sentiu de ir até a mulher para ajudá-la.
No entanto, pela milésima vez, Bucky foi interrompido ao ser atingido na cabeça, o que o fez rolar em direção ao chão. O golpe o deixou tonto, mas ele ignorou porque tinha plena consciência de que, por causa daquilo, sua mochila foi parar do lado oposto de onde se encontrava.
— Ah, pronto. E quem é o gatinho agora? — O grunhido de deixou claro que não havia sido ela, e James levou poucos segundos para detectar a presença de mais alguém ali.
Pelo menos daquela vez ele não teve sensação alguma de que conhecia aquela pessoa porque, quem quer que fosse, tinha sua identidade preservada pela roupa que cobria até seu rosto.
Era alguém que não estava nem um pouco disposto a conversar, pelo visto. No instante seguinte, avançou na direção de Bucky, e ele precisou desviar de garras afiadas que quase o acertaram no rosto.
Barnes tentou atingir um soco em seu estômago, porém o golpe foi aparado de imediato, e mais uma vez as garras vieram ao seu encontro.
Um vulto o lançou para longe dele, o que o fez arregalar os olhos um tanto admirado, embora tivesse feito aquilo com ele momentos antes.
— Se não vai responder, cai fora. Ele é meu.
Bucky teria rido daquilo, porém, de novo, ali estava a chance que precisava para fugir, e foi exatamente o que ele fez.
Se lançou pela lateral do prédio, usou o braço metálico para diminuir a velocidade e o impacto, escutou gritos e tinha certeza de que o seguiriam, porém Barnes evitou olhar para trás.
Quando seus pés atingiram o chão, voltou a correr determinado e seguiu pela avenida sem ter ideia de qual seria o seu rumo, desde que fosse para bem longe daquela confusão.
Ele conseguia sentir os carros passarem ao seu lado e tiros ricochetearem atrás de si, sem o atingirem por muito pouco. Apertou a mochila em um dos ombros e o som das sirenes se fez mais alto.
— Renda-se! — Uma voz que ele não conhecia ecoou em um alto-falante, mas Bucky ignorou completamente e pulou por cima de um carro.
Olhou por cima do ombro e notou a pessoa com a roupa de felino vindo, determinada a alcançá-lo. Logo atrás, estava Steve, que lançou o escudo contra um carro, o fazendo parar para tirar o motorista de dentro dele e ocupar seu lugar.
Barnes não conseguiu evitar pensar que talvez o melhor fosse simplesmente se entregar, dado a quantidade de pessoas o perseguindo, porém ele não faria aquilo.
Então apressou o passo e constatou que havia mais carros da polícia se juntando à perseguição. Por hora, Rogers dava conta do felino, então ele focou no que poderia ajudá-lo em sua fuga.
Avançou em direção a um motoqueiro na pista e, num movimento rápido, arrancou o veículo do homem, pulou em cima da moto e seguiu na direção oposta, trocando de pista para atrasar seus adversários.
Aquilo, de fato, teria funcionado se o felino não desse um jeito de desviar de Steve e vir para cima dele.
Bufando irritado, Bucky puxou uma granada de um dos bolsos da mochila e a atirou em sua direção. Errou por pouco, mas a explosão bloqueou mais alguns carros.
Pisou o acelerador com mais determinação, então foi arrancado da motocicleta, e o impacto do asfalto o fez grunhir de raiva e dor.
Não havia tempo para levantar e lutar.
Bucky simplesmente continuou correndo. Notou Steve Rogers se lançar contra o felino para impedi-lo de o alcançar, enquanto Sam Wilson vinha ao seu encontro para tentar pará-lo.
A cada segundo, aparecia mais alguém. Que circo de horrores era aquele?
Barnes desviou do homem ao socá-lo com o braço biônico e de repente viu um fio de esperança de que conseguiria escapar.
No entanto, havia esquecido de e , e descobriu aquilo da pior forma.
saltou de cima de um carro e aterrissou em posição de ataque, ergueu uma sobrancelha e inclinou o rosto como se desafiasse a quantidade absurda de agentes que foram parando ao redor deles.
Antes que Bucky reagisse ou pensasse no paradeiro de , percebeu o mesmo vulto felino avançar para cima dele e ser parado no ar quando um raio azulado o atingiu. Não foi o suficiente para deixar a pessoa agonizando, mas ao menos a atrasou.
Então a silhueta que lhe era absurdamente familiar se pôs diante dele, como se formasse uma barreira para impedir qualquer um de chegar perto de Bucky.
Ela estava o protegendo?
O brilho das sirenes denunciou que estavam ainda mais cercados, e Barnes se surpreendeu quando não apenas Steve Rogers também se posicionou em defesa dele, havia feito o mesmo, assim como o Falcão.
Do outro lado, estava o felino, que recuou apenas porque sabia que não poderia matá-lo naquele momento. Precisava deixar as autoridades tomarem conta do Soldado Invernal por hora.
James, no entanto, voltou seu olhar mais uma vez para a mulher à sua frente. Estava comovido com o ato dela, embasbacado. A voz dela era familiar demais, tudo nela era familiar demais.
De onde ele a conhecia?