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Codificada por: Cleópatra

Última Atualização: 24/11/2024

Como esperado de uma grande escola, o campus da Academia Itachiyama se equiparava às imagens de universidades mostradas em filmes estrangeiros. A escola no centro de Tóquio tinha prédios massivos com linhas modernas e toda uma estrutura para acomodar atletas de nível nacional.

— Nunca me canso de ver esse campus, gostaria que tivessem escolas assim quando eu ainda era um estudante.

— Não deixe que Hayato escute você falando isso — respondi meu irmão ao sair do carro. — Sabe que ele é o maior defensor da Inarizaki que existe.

O estacionamento da escola ainda estava vazio, por ter chegado num dia prévio ao início das aulas a aura do local ainda era de férias.

Hideki arrumou os arrumou os óculos antes de me responder — Estou comentando com você justamente por esse motivo — Hide parou e olhou ao redor procurando o nosso assunto com os olhos. — A propósito, Hayo não deveria nos encontrar aqui?

Balancei a cabeça negando enquanto ajeitava a bolsa no ombro — Hayato avisou que não viria, mandou uma mensagem falando que não poderia adentrar o território inimigo.

Meu irmão mais velho fez uma careta, claramente achando uma bobagem. Ri e continuei anunciando o resto da resposta. — Ele também tinha treino. Hayo vai esperar no ginásio para almoçarmos juntos já que também tem treino à tarde.

Hide soltou um longo suspiro — Já faz anos que saímos do colegial, não tem motivo para ele ficar com essa birra com escolas.

— É o Hayato, não tem muito como entender o que está pensando.

— Srt.ᵃ Ishihara! Estávamos esperando por você! — Um senhor baixinho de rosto redondo e paletó veio apressadamente ao nosso encontro. Era o mesmo homem que apresentou a escola quando visitei com meu pai a primeira vez e também o responsável pela minha transferência de Hyogo para Tóquio.

Aos tropeços o mais velho parou a alguns passos de distância, olhando para a minha companhia e parecendo um pouco confuso.

— Hideki — meu irmão se curvou e estendeu a mão para o cumprimentar antes mesmo que pudesse falar algo. — Hideki Ishihara, meu pai não pode acompanhar as instalações, então vim em seu lugar, sou o irmão mais velho de .

— Ah, sim, claro! É um prazer. Yasuo Matsuda coordenador da escola — ele se apresentou e prosseguiu a falar. — Estávamos esperando vocês.

Matsuda tirou um lenço do bolso e passou pela testa, secando o suor proveniente do esforço de fazer uma corrida até ali. O homem respirou fundo, tomando fôlego e assim que ajeitou suas vestes começou com as explicações.

— Sua colega de quarto senhorita Kikuchi retornou para a casa durante as férias, mas está ciente da sua chegada — disse —, creio que ela retornará em alguns dias já que o ano letivo começa em breve.

Com um susto ele pareceu se lembrar de algo e tateou as vestes — Quase me esqueço, aqui está. Essa é a sua chave de dormitório e a sua identificação de estudante, por favor tome cuidado para não as perder.

— Obrigada — peguei ambos das suas mãos guardando na bolsa.

O coordenador bateu uma palma e sorriu — Vamos entrar então? Vou te guiar até o dormitório, depois podem fazer a mudança tranquilamente. Senhor Hideki, por favor use esse crachá enquanto transitando pela escola.

Mais um objeto foi tirado do paletó, quantos bolsos escondidos teriam aquela peça de roupa?

A primeira vez que visitamos a escola estava apenas com alguns estudantes, mas dessa vez praticamente não se via nenhum, como ele comentou a maioria deveria ter voltado para aproveitar as férias com suas próprias famílias. Nunca me cansaria de admirar o local, as pistas de atletismo se estendiam por muitos metros e o campo de futebol parecia ter o tamanho oficial. Quadras de tênis, badminton e vários outros esportes podiam ser vistos das pequenas ruas que criavam os caminhos até os ginásios. Lá eu sabia ter vôlei, basquete e outras modalidades praticadas em locais fechados.

— Bom, os dormitórios são separados como mencionei na outra visita — com as mãos juntas atrás das costas, Matsuda explicava os prédios. — Durante o dia é liberado transitar por qualquer facilidade, já a noite os monitores ficam de olho. O acesso é permitido apenas para os alunos residentes. Não temos separação por ano, num mesmo andar é possível encontrar estudantes de todos os graus. Para ambos os prédios, é claro.

Se tivesse que fazer uma comparação, a área dos alunos que moravam na escola era como um pequeno condomínio. O primeiro prédio, pelo qual acabávamos de passar, era o menor deles. Algo como um lobby ou recepção.

— Esses são espaços individuais, os alunos costumam deixar sapatos ou outros itens como guarda-chuva ou até mesmo alguns materiais. Para não terem que subir para seus respectivos quartos. — explicou indicando as fileiras de armários de metal. — Pode guardar o que preferir, só não indicamos deixar comidas perecíveis.

Com atenção ele andou entre os corredores resmungando — Vejamos o seu deve estar por aqui. Veja, BETA 385-B. Ishihara .

Enquanto eu testava o fecho com a própria chave que recebi mais cedo, Matsuda começou a explicar para Hide mais sobre os dois prédios. Se eu me lembrava bem da primeira visita, cada um deles tinha cinco andares, o térreo era uma área comum e os quatro andares seguintes os dormitórios. Eram 20 por andar, cada um deles com dois alunos. O primeiro e terceiro andar eram de garotas e o segundo e o quarto eram destinados aos meninos.

— Por que prédio se chama Beta? — Hide comentou, seu lado arquiteto falando mais alto, mostrando curiosidade.

A pergunta pareceu agradar o coordenador, pois abriu um sorriso orgulhoso.

— Para identificar os residentes de cada um, este aqui o Beta é o prédio mais novo da escola.

Continuamos seguindo pelos corredores e foi apenas no terceiro andar que chegamos ao meu dormitório compartilhado. Não era nada do que eu já não esperava, tinha uma cama, beliche e um espaço com duas mesas de estudo. Além disso, também tinha um armário e uma segunda porta que eu imaginava ser um lavabo, já que os vestiários com chuveiros ficavam no fim de cada corredor.

Oposta a porta havia uma grande janela com vista para o pátio entre o prédio Alfa e Beta, a luz que entrava por ela iluminou o quarto de maneira delicada, tranquila, iluminando o que seria a minha casa pelos próximos dois anos.

A mesa da minha colega de quarto estava cheia de lembretes coloridos e fotografias presos em barbantes, podia ver alguns cadernos e diversas folhas com anotações. No outro lado, vazio por não ter uma dona, havia um bilhete colado.

“Olá, nova companheira de quarto! Queria estar no dormitório quando chegasse, mas meus pais insistiram em fazer uma viagem em família. Fiz questão de deixar o lugar o mais arrumado possível, eu fico com a cama de baixo, a mesa e o armário da esquerda. O resto pode arrumar do jeito que quiser. Me avise quando chegar! Taya!”

Abaixo da mensagem simpática havia um número de telefone, ao menos ela parecia ser uma pessoa amigável.

— Vou deixar você se instalar — nosso guia resolveu se retirar, porém antes de deixar nossas vistas ele parou para dar um último aviso. — No primeiro dia do ano letivo, é necessário passar na secretaria e pegar algumas orientações de aulas. As demais informações acredito que já tenha visto no livro de normas da escola.

Hideki me olhou de canto de olho, tentando julgar se eu tinha realmente visto o livro ou não. Mantive o sorriso no rosto — Sim, claro, obrigada pelas boas-vindas, senhor Matsuda.

Ele se curvou levemente numa despedida e então sumiu, nisso meu irmão se virou. — Você nem deve ter aberto o livro de normas.

— Sei os horários da refeição, já é o suficiente — respondi rindo e andei até a janela para a abrir.

— Até que é um bom dormitório — Hide começou a analisar o local, chegando até a colocar a mão na parede e bater com os nós dos dedos. — É espaçoso, achei que seria menor.

— Comparado com algumas escolas que visitamos, realmente é — respondi. — Acho que é melhor começar a pegar as caixas, ou quando Hayato sair do treino ainda vamos estar aqui.

Hide tirou o casaco e colocou na cama de cima da beliche — Sim, senhora.

Não tinha muito para trazer, uma mala grande com diversos tipos de roupas. Já que ficaria integralmente na escola e uma caixa com outros itens pessoais e sapatos. Coloquei a mochila na mesa tirando de dentro dela talvez a coisa mais importante que tinha.

Apesar de estar sendo carregado na mão, o porta-retrato estava enrolado numa proteção, atrás do vidro uma foto tirada durante essa mesma época, só que no ano passado. Era uma das últimas fotos de família que tínhamos tirado juntos.

Meu pai, Hisao Ishihara estava de pé com cada um dos meus irmãos gêmeos em cada braço, Hideki com seus óculos retangulares e cabelo meticulosamente ajeitado tinha um sorriso singelo no rosto em contraste com Hayato que tinha um sorriso que fazia até mesmo seus olhos sorrirem. Na frente, num pequeno banco de madeira vermelha, sentava eu e minha mãe, ela segurando minha mão em seu colo olhando na direção da câmera com uma expressão gentil no rosto.

Contornei a moldura da foto como se fosse o mais delicado objeto do mundo e em seguida coloquei em cima da mesa, era um bom lugar para ficar. Um lugar que eu poderia ter sempre à vista.

Hideki voltou com a caixa de papelão nos braços e em seguida saiu novamente para buscar a mala, enquanto isso eu me coloquei para trabalhar separando tudo que eu podia. Tinha o notebook e os fios juntos dos cadernos de aula e os itens de higiene jogados no colchão antes de serem colocados num local adequado.

— Tem certeza que só precisa disso? Parece pouca coisa.

Apenas escutei meu irmão falar, pois estava tentando encontrar as passagens de fios até as tomadas embaixo da mesa. — Sim, estou aqui para estudar, no fim das contas, a maioria dos meus dias serão passados num uniforme.

Senti um tapa no meu ombro — Deixa que eu faço.

Agradeci e me voltei para o montante de coisas espalhadas, por pelo menos uma hora ficamos arrumando o dormitório até voltar a ficar igual quando entramos. Apenas as roupas que por hora continuariam dentro da mala, precisaria pensar um pouco mais em como as separar dentro do armário.

— Acho que é isso — Hide desmontou a caixa de papelão a dobrando e segurando embaixo do braço, ele ajustou os cabelos para trás e olhou o relógio. — Bem na hora, acho que se não pegarmos muito trânsito vamos chegar a tempo de ver o fim do treino.

— Vamos então — peguei meu celular, as chaves, o bilhete da Taya e fechei a porta, no caminho de volta para o estacionamento, até vimos alguns alunos pelos campos de atletismo, mas comparado com o que devia ser nos dias de aula, não deveria ser nada.

Não estávamos tão longe do ginásio, então chegamos bem a tempo de ver os últimos pontos do jogo-treino. Hayato não era tão diferente de Hide fisicamente, afinal eles são gêmeos univitelinos, mas de personalidade são duas pessoas totalmente diferentes.

Hide escolheu seguir no caminho da arquitetura, sempre teve um gosto um pouco mais refinado, desde que eu me lembro ele nunca gostou muito de grandes multidões e principalmente ser o centro das atenções. É o tipo de pessoa que prefere passar seu dia de folga em casa, assistir um bom filme e dormir até quando puder. Hayato gostava de falar alto, com uma personalidade extrovertida facilmente junta pessoas ao seu redor, a fala leve e o jeito comunicador pode levar as pessoas a pensar ser um cabeça de vento, mas está bem longe disso. Meu irmão do meio é extremamente dedicado e apaixonado pela vida, vivendo em sua total capacidade, sempre com um sorriso no rosto e o coração aberto. Hayo escolheu pular a faculdade e tentar a vida como jogador profissional de vôlei.

Sua carreira teve alguns momentos difíceis, contudo, agora jogava como oposto num grande time da primeira divisão, o MSBY Black Jackals.

O apito soou sinalizando o fim do set e a vitória para os Jackals, Hayato cumprimentou os adversários de treino e se reuniu com o time para receber as últimas instruções. Estávamos longe, mas deu para perceber o momento em que o técnico os liberou para alongar e finalizar a agenda da manhã.

Sem precisar acenar, Hayo nos encontrou na arquibancada balançando os braços num aceno, chegando a cutucar alguns colegas de time para nos mostrar ali. Devíamos esperar ele no estacionamento, assim que os jogadores saíram da quadra para o vestiário andamos para o lado de fora.

Eu e Hide estávamos falando bobagens próximos à saída quando senti um peso repentino nos meus ombros.

— Então minha querida irmãzinha, terminou de mudar para o território inimigo? — Hayato estava me abraçando pelo pescoço, pondo queixo no topo da minha cabeça.

— Sim — dei dois tapas nos braços dele, sinalizando para ele me soltar. Afinal o jogador tinha braços que podiam me matar sufocada a qualquer instante.

Ele beijou o topo da minha cabeça antes de me soltar e abraçar Hide como se eles não se vissem há tempos, coisa que não é verdade. O mais velho apenas ergueu os olhos e bateu em suas costas num cumprimento bem menos motivado.

Hayo sempre foi um cuddle bug, alguém que gosta e não se importa em demonstrações públicas de afeto.

— Oh, é um sorriso que vejo? — o irmão do meio então colocou ambos dedões na minha bochecha, forçando os cantos da minha boa para cima. — Você fica bem mais fofa quando está sorrindo.

Ele balançou a minha cabeça rindo, não tinha como não ser contagiada por sua personalidade boba. Me rendi a brincadeira o abraçando pela cintura, ganhando um riso melodioso e um afago nos cabelos. — Agora sim.

— Vamos almoçar? — Hayo me soltou. — Tem um bom restaurante aqui perto, vocês podem se aventurar, mas ainda preciso manter a minha dieta.

— Pode ser, você escolhe — Hide respondeu arrumando as vestes. — Hoje é por minha conta.

— Sr. Arquiteto — Hayato colocou as mãos na lateral do corpo se curvando para frente de uma maneira exagerada —, muito obrigado!

Hide fechou os dedos da mão descendo na cabeça dele em movimento de lâmina, envergonhado ralhou entre os dentes para o jogador mostrar logo o caminho a seguir.

Ele não havia mentido quando disse ser próximo ao ginásio, bastou virar e andar para a rua atrás que encontramos o dito restaurante. Algumas pessoas até o cumprimentaram quando Hayato entrou no estabelecimento, provando que ele visitava o restaurante com frequência.

A atmosfera era tradicional, as mesas eram baixas e pequenas, acabamos por nos sentarmos no chão num canto nos fundos do local.

— Quando começa a liga? — perguntei chamando a atenção do gêmeo mais novo após agradecer ao atendente pela bebida.

— Vamos disputar o Kurowashiki em maio, é o primeiro torneio deste ano.

Kurowashiki é um torneio nacional de vôlei anual onde os times que participam são convidados, entre os melhores times das primeiras divisões, as divisões universitárias e de ensino médio.

— Bom que hoje seja então para trazer boa sorte no seu torneio e comemorar a mudança de — Hide comentou.

— Como esperado do irmão mais velho — Hayato mencionou fingindo limpar uma lágrima. — , o pai comentou que você vai morar dentro da escola, é verdade? Achei que os dormitórios fossem apenas perto.

— Sim, os dormitórios são no campus. Chegamos até ver alguns apartamentos próximos, mas conseguiram me encaixar por conta das minhas notas em Hyogo.

— Você não poderia ficar no apartamento do Hide?

— Dei essa sugestão — Hideki interrompeu. — Mas o pai achou melhor não, não moro tão perto da Itachiyama. teria que acordar mais cedo e teria um caminho mais longo para percorrer, ela terá uma qualidade melhor de vida morando nos dormitórios.

— Não está tão longe do ginásio, talvez possamos nos encontrar ocasionalmente.

— Não vai reclamar de entrar em solo inimigo? — questionei com um tom leve de sarcasmo e então ele fez uma expressão um tanto quanto maquiavélica esfregando as mãos juntas.

— Se eu entrar com certeza posso espiar o time de vôlei, tenho certeza que Kita-kun poderia usar algumas informações.

— Não acredito que você continua indo ao time na Inarizaki mesmo depois de todos esses anos. Você não tem mais o que fazer?

— Estou cuidando dos meus kouhais, Oomi-sensei nunca reclamou de me ver por lá, e não seja hipócrita Hide, quando eles te convidam, você também vai. — retrucou ao mais velho.

— Exatamente, quando me convidam. Eu não apareço lá uma vez a cada dois meses por conta própria. Que nem você.

— Deveria, você vai virar uma peneira furada se não praticar absolutamente nada — Hayato disse sem ao menos olhar para Hide.

Os gêmeos se formaram no colegial há oito anos, naquela época ambos faziam parte do time de vôlei da escola. Hayato era o ponteiro oposto e Hideki central, naquela época eles até tinham certa fama pelas jogadas de excelência, mas hoje quem tinha esse título nas costas eram os gêmeos Miya.

Apenas de me lembrar deles, já podia sentir a minha pressão subindo. Assim como meus irmãos, joguei seriamente até o final do fundamental na mesma posição de Atsumu, levantadora, embora não tivesse metade da habilidade dele. Entretanto, ainda no primeiro ano precisei dedicar o meu tempo a algo bem mais importante, parei de frequentar os treinos e só visitava o ginásio sob muita insistência de meu amigo Suna.

Rintarou Suna era o meio de rede do atual time e foi da minha sala durante o primeiro ano, assim como o outro gêmeo Miya, Osamu.

Enquanto minhas companhias se divertiam discutindo os velhos tempos, resolvi mandar uma mensagem para Taya, agradeci o bilhete e também me apresentei. Logo em seguida as comidas pedidas começaram a chegar, e a atividade principal se voltou para devorar um almoço farto e saboroso.

Depois que Hide pagou a conta, voltamos andando devagar para o ginásio.

espere um pouco, tenho um presente para você! — Ainda no meio do caminho Hayato saiu correndo nos deixando para trás, questionei Hide com os olhos, mas ele apenas deu de ombros.

— Nem eu o entendo às vezes, e olha que nascemos juntos.

Balancei a cabeça, certamente um espírito livre. Quando chegamos no estacionamento ele estava parado próximo ao carro com uma bola de vôlei nas mãos e um sorriso no rosto. Quando estava a poucos passos de distância, ele a jogou na minha direção

— Sei que você ainda tem algumas manias — ele piscou um olho para mim. — Isso vai te ajudar quando precisar pensar.

Girei o objeto na mão, era uma sensação antiga, nostálgica, mas agradável. Sorri antes de dar alguns toques para cima com ela e voltar a segurar entre as mãos. — Obrigada Hayo.

Satisfação tomou seu rosto, com um abraço ele se despediu não antes de colocar a testa na minha numa forma de carinho. Entrei no carro para voltar para a escola, Hide apenas me deixaria lá e então voltaria para o apartamento.

Com o tempo vago e sem ter porque realmente voltar para meu dormitório naquele momento resolvi explorar o campus. Tinha um costume de correr pela manhã, talvez pudesse retomar o hábito na escola.

A bola estava segura embaixo do meu braço enquanto ambas mãos estavam nos meus bolsos, estava explorando a área próxima aos ginásios quando ouvi alguns sons vindo de um deles. Sons de batidas abafadas e borracha de tênis se arrastando na quadra.

Curiosa, principalmente por ver poucos alunos por ali, me aproximei espiando pela porta aberta uma parcela do time de vôlei em quadra. Estava tão concentrada em olhar para o lado de dentro que não percebi bloquear a passagem de alguém.

— Você está atrapalhando.

Meus ombros se levantaram num susto e meu corpo se virou rapidamente, parado atrás de mim havia um garoto de máscara e olhos franzidos com o mais completo desgosto. Seus cabelos escuros caíam em curvas e ele tinha duas pequenas marcas acima da sobrancelha.

Sabia exatamente quem ele era. Uma estrela em ascensão, um assunto constante entre os garotos do clube de vôlei da Inarizaki.

Sakusa Kiyoomi, o ponteiro mais promissor do colegial nacional e o único a ser candidato a top 5 da nação sem ser do terceiro ano.

De perto, o garoto parecia bem mais alto. Não que eu fosse baixa, toda a minha família era de pessoas altas, os próprios gêmeos sendo da casa dos 190 cm, mas mesmo assim ele ainda era uns bons 15 cm maior do que eu.

Sakusa se mexeu inquieto, senti meu rosto esquentar ao perceber que ainda estava no meio do caminho.

— Me desculpe — dei um passo para o lado deixando que ele passasse.

Meus olhos não conseguiram deixar suas costas, ele realmente tinha a aura do ace, forte, inabalável e confiável. Enquanto subia os degraus, ele não se deu ao trabalho de olhar na minha direção, apenas seguiu para o lado de dentro acenando com a cabeça para o restante dos jogadores, as mãos sem deixar os bolsos do casaco com as cores da escola uma única vez.

Decidi que era o meu momento de sair dali, mas de alguma forma eu sabia, esse não seria nosso último encontro.




Continua...


Nota da autora: Obrigada por ler até aqui! Até mais, Xx!

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