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Revisada por Nyx 🌙 | Até o capítulo 13 por Selene 🧚‍♂️ (Mia)

Última Atualização: 06/03/2025

CAPÍTULO 1

Acordei super feliz, hoje faço 17 anos e, apesar da minha febre estar muito alta ultimamente, nada estragará o meu aniversário. Abri meus olhos e fiquei observando meu quarto, ele tinha as paredes rosas, bem claras, com uma estante de uma madeira bem clarinha perto da porta do meu banheiro. Minha escrivaninha, como a estante, abaixo da janela, que dava vista para uma floresta linda que fica atrás da minha casa, com o meu note da Minnie e alguns quadros em cima dela, além de uma poltrona branca na frente da estante para que eu pudesse ler meus livros queridos, e minha cama, que ficava de frente para a porta do quarto. Simplesmente perfeito, como eu sempre sonhei. Eu e minha mãe nos mudamos pro Canadá havia pouco mais de um ano, por causa do seu trabalho, foi difícil abandonar o calor aconchegante do Brasil para vir para o frio congelante, mas nada que eu não possa me acostumar, certo?

Quando eu estava pensando em levantar, minha mãe abre a porta do meu quarto, com uma bandeja enorme de café da manha.

— Parabéns, minha princesa.

— Ah, obrigada, mãe – Disse eu enquanto ela colocava a enorme bandeja no meu colo e se sentava na poltrona. Olhei para a bandeja, ela estava cheia das coisas que eu mais gostava de comer, chocolate quente, ovos com bacon, marshmallows e muitas coisinhas a mais que eu amo comer. – Não precisava...

— Ai, filha, claro que precisava. Agora coma logo e se vista para o colégio – Disse ela, rindo da cara que eu fiz quando falou que eu teria que ir pro colégio. – Menos, vai... Hoje é sexta, pense bem, amanha não tem aula. – Tentou me animar

— Mas não to a fim de ir pra escola hoje...

— Sem mais, mocinha, você vai sim.

— Ok, mãe...

Terminei de comer meu "singelo" café da manhã, que estava delicioso como sempre, e fui tomar banho. Assim que acabei, fui rapidamente me trocar, coloquei uma blusa de manga comprida de lã azul, uma calça jeans e um all star preto. Peguei minha mochila, coloquei alguns livros nela e desci as escadas. Lá em baixo tinha um bilhete da minha mãe:
Filha, tive que sair mais cedo, você sabe...
meu trabalho é um pouquinho corrido. De noite estou de volta. Te amo.

Às vezes tenho pena da minha mãe, ela trabalha muito para me sustentar. Acho que me esqueci de contar quem sou... Bem, sou Lawnt. tenho 17 anos e sou adotada. Minha mãe se chama Sophie e me adotou quando eu tinha mais ou menos uns 3 anos. Ela me disse que minha mãe verdadeira havia morrido em um acidente e meu pai teve que cuidar de mim e mais 3 irmãos cujo Sophie não sabia nada. Meu pai, não sabendo como sustentar-nos, pediu à minha mãe, que fazia uma pesquisa na cidade em que eu nasci (ela também não me falou o nome, acho que por medo de me perder, não sei) e ela ficou comigo. Enfim, eu sou morena, tenho mais ou menos 1,67 de altura e meus cabelos são lisos até a metade das minhas costas. Totalmente o contrário de minha mãe, que é branca como a neve, loira de olhos verdes e cabelos enroladinhos.

Olhei no relógio e vi que faltavam poucos minutos pra primeira aula. Legal, vou chegar atrasada de novo... Estranhei que o bilhete era meio pesadinho, olhei no seu verso e vi que tinha uma chave de carro, estranho... Tirei a chave que estava grudada com durex e vi outra mensagem:

Você já havia feito as aulas, certo? Então como merece, seu "brinquedinho novo" esta lá na garagem, sua carteira de motorista está no porta luvas caso precise. Aproveite, feliz aniversário, filha.

Dei um gritinho de felicidade e fui correndo pra garagem, e não acreditei no que eu vi. Era um volvo vermelho, o carro que eu ficava paquerando toda vez que saía com minha mãe e passávamos na frente da concessionária. Não acredito que ela havia comprado esse carro pra mim. Nota mental: Lembrar-se de abraçar minha mãe até os olhinhos verdes pularem pra fora. Corri pra dentro do carro, coloquei minha mochila no banco do passageiro, abri a garagem com um botão que tinha na chave do carro, mamis, pensando em tudo mesmo, pus o cinto de segurança, liguei o carro e fui em direção à escola.

Não demorou muito e lá estava ela. Estacionei rapidamente, por incrível que pareça hoje havia vaga, peguei minha mochila e fui pra sala pois logo o sinal iria bater. Sentei no meu lugar e logo chegaram e , meus únicos e melhores amigos na escola. Eles eram irmãos gêmeos, branquinhos como ninguém, só perdendo para minha mãe, tinham o cabelo castanho e os olhos caramelados. Umas figuras esses dois.

— Bom dia, lady – Disse , pegando minha mão e beijando a palma dela – Feliz aniversario, senhorita. – Completou ele, fazendo gracinha

— Bom dia, milorde – Fiz reverência – Obrigada nobre senhor, muito educado de sua parte – Rimos em seguida.

— Nossa, comeu um dicionário, ? – Disse , rindo de nós.

— Legal, bom dia pra você também, ... – Fingi estar triste.

— Own minha linda, bom dia – Ela fez aquela voz de quem está falando com um bebê, sabia que me irritava – Tá, parei. Feliz aniversário, mulher. Ai, minha garotinha cresceu... – Fingiu limpar lágrimas e depois riu. Mandei um beijo pra e depois comecei a rir também. não tinha parado de rir da nossa conversa ainda, bobão. Acabou que os três estavam rindo que nem idiotas. Amo esses dois, nhaa.

Logo a aula começou e, assim como todas as outras, foi um tédio só. Ainda bem que a sempre estava tagarelando alguma coisa ou o fazia alguma gracinha que nos fazia rir e acabávamos levando bronca de algum dos professores, fora isso, tédio total.

Assim que acabaram as aulas, nós três ficamos conversando mais um pouco e logo fomos para nossas casas. Cheguei em casa, minha mãe, claro, não tinha chegado ainda. Fiz um miojo pra comer (não gosto de cozinhar, ok?), assisti um pouco de tv, fiz algumas lições e fui mexer no computador. Depois de algumas horas comecei a sentir um cheiro doce, mas não era um doce bom. O cheiro era tão doce que deixava meu nariz irritado e fazia minha temperatura subir mais do que o "normal", já que minha febre estranha não saía da casa dos 39º. Estranho eu não ter tido uma convulsão ou algo do tipo ainda... O que será que está acontecendo?

Olhei pela janela e vi um vulto branco passar pela floresta, mas ele estava longe e muito rápido para que eu pudesse ver o que era aquilo. Assim que o vulto sumiu, o cheiro ficou mais fraco, quase que imperceptível. Deixei pra lá e voltei pro meu computador. Mas várias perguntas começaram a rondar minha cabeça. O que era aquele vulto branco que eu vi? Por que aquele cheiro me deixou um tanto enjoada de tão doce? Por que minha temperatura anda tão quente? Será que isso tem a ver com a minha verdadeira origem? E a pergunta que chegou e não saiu mais de minha cabeça: Quem eu realmente sou?


CAPÍTULO 2

Essas perguntas, por mais que eu tentasse tirá-las da minha cabeça, ficaram me rondando até minha mãe chegar. Assim que ela entrou em casa, eu senti aquele cheiro doce estranho, meu corpo deu um leve tremor. “Estou ficando louca, só pode”. Saí do meu quarto e fui até a sala, onde estava minha mãe. Conforme fui chegando ao cômodo, o cheiro foi ficando cada vez mais forte, minha mãe não estava sozinha. Com ela, havia um homem que eu nunca tinha visto na vida. De pele branca, parecendo porcelana, aparentando ter uns 40 anos no máximo; seus olhos eram castanho-escuros, mas havia um toque de falsidade em seu olhar, a cor de seus olhos não parecia ser real. Era como se ele estivesse usando lentes de contato, pois era possível observar uma espécie de fundo em tom avermelhado. Seus cabelos eram de um castanho perfeito, ele era de uma beleza sobrenatural.

Quando vi o jeito que ele olhava para minha mãe, de uma forma que parecia que iria devorá-la a qualquer momento, fiquei incomodada. Algo dentro de mim dizia que ele era perigoso e que eu deveria proteger minha mãe dele, ele deveria sair da minha casa e nunca mais voltar. Meu corpo começou a tremer mais, era como se eu estivesse em um terremoto, se espalhando por todo o meu corpo de uma maneira que eu não conseguia entender. Era como se eu fosse explodir a qualquer momento. Sem que eu percebesse, estava soltando um som estranho. Seria isso um rosnado? Eu devia estar delirando. Não é possível.

Antes que minha mãe ou aquele estranho perigoso, segundo aquele… “instinto” me vissem, voltei pro meu quarto correndo, indo direto para o banheiro. Liguei o chuveiro no frio, eu estava louca? Nem pensava mais, só precisava parar isso de algum jeito. Entrei debaixo da água gelada de roupa e tudo, depois a roupa seca. A cada segundo que sentia a água congelante no meu corpo quente o tremor diminuía, era tranquilizante… fiquei nisso por mais alguns minutos, até o tremor chegar a quase não existir mais, e saí do banheiro. Me sequei, coloquei as roupas molhadas penduradas e fui me trocar. Coloquei um moletom e uma camiseta, tomei coragem e desci as escadas de novo. Chegando na sala, vejo o homem sentado no sofá, e pelo jeito minha mãe está na cozinha fazendo o jantar. Esse cheiro ainda vai me fazer vomitar, certeza disso. Passei pela sala sem ao menos olhar para ele e fui à cozinha falar com a minha mãe.

– Oi, mãe. – eu disse seca. Odiava ser assim com ela, mas eu não conseguia me controlar mais, meu corpo havia voltado a tremer de leve e minha temperatura também aumentara.

– Oi, filha, o que houve?

– Eu que te pergunto o que houve, quem é esse cara sentado no nosso sofá? Quando ia me contar? Pensei que não escondia nada de mim. – eu falei, demonstrando desgosto.

– Só seja educada, ok? Depois conversamos. – ela me disse, enquanto me deixava sozinha na cozinha e ia arrumar a mesa para o jantar. Estou vendo que esse cara já está começando a mudar minha mãe. Por um momento senti como se fosse perdê-la, esperava que fosse só um pressentimento. Respirei fundo e fui para a sala. Esse cara estava me dando nos nervos, sinceramente. O cheiro dele já estava impregnado na minha casa, iria ser difícil tirar esse odor das minhas roupas. Mal saí do chuveiro e já quero tomar outro banho para tirar qualquer resquício de mim. Ficamos sentados na sala, com um silêncio que me deixava cada vez mais incomodada, acho que minha mãe também sentiu a mesma coisa, porque logo falou alguma coisa.

– Cris, este é Stevan, Stevan, esta é Cris. — ela nos apresentou. — Nós estamos juntos tem um tempo e acho que hoje era o dia perfeito para que vocês se conhecessem.

– Prazer em conhecê-la.

– Prazer. – eu disse, demonstrando indiferença e recebendo um olhar de advertência da minha mãe.

Depois disso o silêncio se instaurou novamente. Ficamos assim mais um tempo, até minha mãe ir até a cozinha e avisar que o jantar estava pronto. Comi quieta enquanto minha mãe conversava animadamente com o tal Stevan, algo nele me incomodava, mas não sabia ao certo o que era. Assim que terminei de comer, disse:

– Se me dão licença eu vou lá fora um pouco.

Saí sem ao menos olhar para trás, e fiquei sentada no banco da varanda por não sei quanto tempo. Comecei a admirar o céu, ele estava todo estrelado, coisa que eu não via há muito tempo, e a lua estava cheia, e naquele momento era a única que parecia me entender... Não sei quanto tempo fiquei lá fora ou o que pode ter acontecido lá dentro, na verdade já estava pouco me lixando pra tudo, estava com uma vontade imensa de entrar naquela floresta e nunca mais voltar, começar uma vida nova. Eu sei, uma loucura, mas não aguentava mais a minha condição atual, não digo que eu não tinha o que eu queria, muito pelo contrário, eu tinha o bom e o melhor, mas na realidade eu não tinha nada, entende? Eu tinha amigos e uma mãe maravilhosa, mas eu nunca tive um amor verdadeiro, por exemplo. Era como se eu nunca tivesse me encontrado, como se eu fosse uma estranha, uma forasteira em meu próprio lar. Estava com uma vontade louca de saber da onde eu vim, saber minhas origens, conhecer minha verdadeira família, quem sabe eles não tinham as respostas para o que estava acontecendo comigo?

Estava perdida em pensamentos quando ouvi a porta da varanda ser aberta, e vi minha mãe — que parecia estar furiosa —, sair.

– Me conta o que está acontecendo com você, ? – exclamou ela alterada, sentando-se ao meu lado.

– Eu que te pergunto, o que está acontecendo com você? Não me conta mais as coisas. Isso nunca aconteceu. Por que está fazendo isso agora? – Estava quase gritando e meu corpo tremia muito, mas acho que ela estava tão “descontrolada” que nem percebeu. — Não precisa se preocupar comigo, pode voltar para o seu namoradinho.

– Ele foi embora, ficou incomodado com a sua ceninha. Mas o que você quer saber? Pode perguntar tudo, madame. – Cinismo, ótimo. 

– Por que nunca me contou sobre o Stevan?

– Achei que você não precisava saber.

– Eu, que sou sua filha, não precisava saber? Ótimo. Você mal começou a sair com esse cara e não me conta mais nada, achei que fôssemos amigas. – Eu tremia mais que nunca, meu corpo estava a ponto de entrar em erupção de tão quente, o que eu tinha!? – E saiba que eu não gostei nem um pouco dele.

– Não interessa se você gostou dele ou não. E acho melhor você ir se acostumando, porque ele vai morar com a gente. — OI?

– O QUÊ? E VOCÊ FALA ISSO NA MAIOR NATURALIDADE? MINHA OPINIÃO NÃO É NADA? EU MORO AQUI E VOCÊ NEM AO MENOS FALA SOBRE ISSO COMIGO?!

– CHEGA, LAWNT! A CASA É MINHA, ENQUANTO VOCÊ MORAR AQUI, VAI TER QUE ACEITAR AS MINHAS REGRAS!

Essa foi a gota d’agua, quando eu menos percebi eu, que já tinha me afastado de Sophie há muito tempo, e que por incrível que pareça conseguiu continuar sentada durante toda a discussão, senti meu corpo tremer muito, parecia uma convulsão, algo inexplicável. Uma dor enorme me atingiu, senti meu corpo se contorcer todo e se esticar, não pude conter um grito de dor. Minha temperatura estava muito elevada, sentia como se eu fosse derreter de tão quente que fiquei. Tudo isso ao mesmo tempo. Logo passou... E algo estranho estava acontecendo.

Eu vejo tudo mais nítido, quase que perfeitamente, cada coisa na noite escura do Canadá. Comecei a sentir vários cheiros diferentes, como o das árvores da floresta. Os sons ficaram mais altos, conseguia ouvir cada animal da floresta, o vento, tudo. Quando olhei pra mim mesma, vi que no lugar dos meus braços e pernas havia quatro patas, com pelos caramelos em um tom mais escuro. Tentei dar um grito, mas na verdade o que saiu foi um uivo. Ai, meu deus, virei uma loba/lobisomem? O que é isso?

Lembrei por fim que minha mãe se encontrava lá. Ela estava me olhando espantada, pra não dizer apavorada. Tentei me aproximar dela, com um olhar de agonia, pedindo ajuda, pois não tinha a mínima ideia de como pude ficar assim, estava desesperada para voltar ao normal. Pelo jeito minha tentativa foi falha, pois, quando eu mexi minha primeira... pata... ela se afastou como se estivesse sendo atacada por um monstro, que provavelmente era o que eu aparentava ser.

– SAI DE PERTO DE MIM! – Parei no mesmo instante em que vi o medo em seus olhos.

“Mãe, sou eu, me ajude, por favor...” – Tentei falar, mas só saíam latidos.

– O QUE VOCÊ FEZ COM A MINHA FILHA? SE AFASTE DE MIM, SEU MONSTRO! – Monstro… era o que eu era, não é? Um monstro horrível.

“Mãe, eu sou a sua filha” – Mais latidos…

Do nada ela saiu correndo e foi até o telefone, como estava longe só consegui ouvir o que ela falava:

– Alô, polícia? Tem um lobo enorme aqui, por favor, me ajudem! - Logo ela voltou para fora e começou a gritar: – VAI EMBORA DAQUI, SEU MONSTRO!

Fiquei estática. Não sabia o que fazer, foi um choque para mim ouvir minha mãe me expulsando de casa.

– VOCÊ NÃO É A MINHA FILHA, É UM MONSTRO, VÁ EMBORA DAQUI E NEM PENSE EM VOLTAR, NEM MESMO NA FORMA NORMAL, SE É QUE ELA EXISTE.

Sem saber o que fazer, virei para a floresta e saí correndo. Tropeçando nos galhos e batendo nas árvores que estavam na minha frente. Não sei quanto tempo passei correndo sem rumo naquela imensa floresta, só via o dia amanhecendo e anoitecendo naquele bosque sem fim. E a lua sendo a minha única companhia.




CAPÍTULO 3

Correr, correr, correr. Era tudo o que eu fazia desde o ocorrido há umas semanas. Não parei nem para dormir, pois não havia onde fazê-lo. Comer, bem, tentei caçar um cervo, mas não gostei nada do gosto da carne crua, e desde então não como mais. Também, não faz muita diferença, já que não ando sentindo muito fome... Pensando bem... Eu tenho fome, só não tenho como voltar para a minha forma humana...

Meu estômago roncava muito, não sabia onde estava, muito menos como voltar à forma humana, se é que conseguiria. Vi uma macieira ao longe, só tinha um problema: estava dentro de uma fazenda, não tinha como eu ir pra lá sem que me vissem. Vamos lá, , hora de tentar voltar a ter duas pernas ao invés de patas. Me concentrei, ficando o mais calma possível, e aos poucos senti que já estava sob minhas pernas de novo. Tinha agora um pequeno detalhe, eu estava nua. Perfeito, perdi o meu moletom preferido quando virei esse bicho. Fui andando bem devagar rumo à macieira, de maneira que ninguém me visse, e peguei todas as maçãs que cabiam em meu braços; peguei quase todas, hihi. Corri para a floresta, sentei debaixo de uma árvore e comi todas, todas as maçãs, estava com muita fome, aquilo me saciou um pouco. Fiquei sob a sombra, pensando no que havia me acontecido, ou o porquê de tudo isso. Mal percebi que já tinha passado muito tempo ali quando meu corpo começou a ficar mais relaxado, e, antes que eu pudesse evitar, acabei caindo no sono.

Enquanto isso em algum lugar….


Pov’ desconhecido

Estava assistindo à tv com minha filha quando uma noticia me chamou a atenção:

Lobo gigante aparece em cidade no Canadá


Sophie Lawnt, 45 anos, afirma que sua filha , 16, se transformou em um lobo gigante 2 semanas atrás. Essa noticia, infelizmente, só pode ser divulgada agora por causa dos transtornos emocionais que Sophie vem passando desde o que supostamente ocorreu. Nada disso está realmente confirmado. Fontes disseram ter visto, durante estas últimas semanas, pegadas na floresta e uivos. Será um lobo comum que se perdeu do seu bando ou algo maior do que isso? Traremos mais informações assim que possível.



Olhei para meu filho, que me fitava com o mesmo espanto e esperança nos olhos.

– É ela.



Pov’

Acordei assustada, havia tido um pesadelo/lembrança do dia que me transformei. Já estava de noite. Tinha que me transformar de novo... Mas como? Olhei para a pequena fazenda, nada me ajudaria... Levantei e fiquei olhando pra floresta, precisava pensar no que fazer daqui pra frente, viver em forma de lobo para sempre não era uma opção muito legal.

Tenho quase certeza que meu lugar de origem tem muito haver com isso, porque acho que essa transformação que me aconteceu não poderia acontecer assim, do nada. É isso que eu vou fazer, vou procurar minha família verdadeira em qualquer lugar que eles estiverem. Primeiro eu só preciso voltar pra minha forma animal (rawr selvagem). Concentrei-mei, como se estivesse deixando meus instintos me dominarem, e logo a dor, a temperatura extremamente alta, os tremores e o corpo se contorcendo voltaram. Quando olhei pra baixo, onde estavam minhas pernas, eu já estava sobre patas. Até que não foi tão difícil, estava quase entrando na floresta para ir em direção às respostas que tanto me rondavam quando ouço algo se aproximar de mim. É um homem, de aparência humilde, provavelmente o dono da pequena fazenda que está procurando quem roubou suas maçãs.

Assim que ele me viu ficou estático. Ótimo, era só isso que eu precisava para recomeçar minha vidinha com chave de ouro. Ele ficou me olhando por um longo tempo, certeza que ele estava com medo, o pavor estava estampado no seu rosto. Tentei me afastar, mas, quando ameacei mexer minha pata traseira, ele saiu correndo. Fiquei parada, sem reação. Na verdade, queria saber o que ele ia fazer, ainda bem que obtive sucesso, ia ser muito estranho ter uma loba parada na frente da sua casa. Acho que ele morava lá, né, sem fazer nada. Sim, seria estranho, , você está ficando louca. Aguço minha audição e consigo ouvir ele dizer algumas coisas.

– Polícia? – De novo não... – Aquele lobo gigante que falaram na televisão está na saída da floresta perto da minha horta. Sim, tenho certeza de que não é um lobo comum. Certo. – Ele desligou o telefone e ficou olhando pela janela.

Acho melhor eu sair daqui antes que a policia chegue, se é que vão vir pra cá... Virei em direção à floresta e desatei a correr feito uma louca, se eles entrassem na floresta poderiam seguir meu rastro, aí eu estaria ferrada.

Dias depois...


Entrei numa caverna, há quanto tempo não ficava desse jeito... Na verdade, não sabia mais ao certo há quanto tempo tinha saído de casa, mas não se passava de duas semanas. Até porque, essa é uma das primeiras vezes desde que me transformei naquela coisa que não volto à minha forma “humana”, se é que sou realmente isso...

Peguei uma navalha, roubada, obviamente. Sei que é errado, mas era a única maneira de conseguir uma sem que me vissem.. sem roupas. Segurei meu cabelo, fazendo um rabo de cavalo não muito alto, e segurei aquele objeto, tomei coragem e cortei aqueles fios que eu tanto amava. Não pude segurar as lágrimas que, aos poucos, caíam sobre meu rosto. Mas essa era a coisa certa a se fazer, devia deixar a minha vida antiga para trás. Eu nunca mais seria a mesma. Uma nova surgiria. E ela era uma loba.

Fiquei olhando meus cabelos enquanto meu rosto era banhado pelas lágrimas. Isso era necessário, além de querer começar minha vida novamente do zero, precisava cortar meu cabelo, meu pelo estava muito comprido e isso estava dificultando na hora de correr pela floresta.

Estou sentindo que as minhas explicações estão próximas, então é bem provável que eu esteja há poucos dias da minha verdadeira família. Sinceramente, estou muito animada para chegar até lá, não vejo a hora de conhecer meu pai, se este ainda estiver vivo, e meus irmãos. Quero ver se eles são parecidos comigo, só espero que me acolham bem, seria muito bom estar em um lugar que eu sei que é meu, assim por dizer.

Hora de partir. Sequei minhas lágrimas, joguei a navalha numa pequena fenda que tinha na caverna, me transformei e saí correndo. Corri, corri como nunca na minha vida, algo parecia estar me motivando, acho que a esperança de reencontrar minha família. Não sentia fome, cansaço, nada. A cada passo que eu dava com minhas patas enormes sentia que estava cada vez mais perto. Devo ter corrido uns 3 ou 4 dias sem parar, e nada nem ninguém iria me parar agora.

Depois de correr muito, de repente meu corpo parou, eu não conseguia me mover mais, estava perto, bem perto de uma pequena estrada, que por sinal estava deserta. Havia uma placa perto de mim, do outro lado da rua. Forcei meu corpo para mais perto da tal placa, para que eu conseguisse ler o que estava escrito sem sair muito da floresta, afinal, por mais que esteja deserta agora, nada garante que alguém não passe por aqui…

A Tribo Quileute te deseja boas-vindas à La Push


E antes que eu fizesse alguma coisa, meu corpo caiu ao chão da floresta. Eu não estava desmaiando, tinha apenas acabado de sentir o cansaço de tanto tempo sem parar de correr nem por um minuto sequer. Agora eu sabia, tinha chegado ao meu lugar, meu lar. 

La Push.




CAPÍTULO 4

Juntei todas as minhas forças para levantar e seguir em frente. E ainda bem que consegui. Voltei para a floresta, afinal, não seria nem um pouco agradável para ninguém se vissem um lobo enorme andando pela estrada, certo? Certo. Assim que cheguei à floresta, prestei mais atenção ao lugar. Ele era lindo, cheio de árvores, vários animais e flores diferentes. Estava envolta em pensamentos quando vi uma figura muito estranha ao longe em cima de uma árvore, e, de repente, aquele cheiro enjoativo de tão doce chegou até mim. Ainda bem que o vento estava a meu favor, senão aquela coisa em cima da árvore poderia sentir meu cheiro, caso fosse desenvolvida. Aquele cheiro me lembrava muito o daquele cara cujo o nome não tenho a mínima vontade de pronunciar. Ele/ela/aquilo estava apenas observando o lugar, mas algo me dizia que não era coisa boa. Meu instinto dizia que eu deveria acabar com aquela coisa, e seria agora.

Fiquei em posição de ataque e me preparei. Soltei um uivo, na verdade tentei gritar, mas como não dá, sabe, corri em direção àquela coisa. Conforme fui chegando mais perto, vi que na verdade era uma mulher, de cabelos ruivos, linda, por sinal. Em muitas coisas se parecia com ele, o que a diferenciava eram seus olhos; eles eram vermelhos igual sangue. Aquilo me assustou, de verdade. Mas nada me faria parar, eu iria acabar com ela, nem que eu precisasse que morrer para que isso acontecesse. Com toda a minha força me joguei pra cima dela e tentei morder seu ombro, mas ela tinha uma velocidade sobrenatural e conseguiu desviar, tive que derrapar até conseguir parar. Fui pra cima dela de novo e começamos a lutar. Ouvi que tinha algum animal grande chegando perto da gente por um lado e por outro, um humano, o humano estava mais perto e estava sozinho. Acho que ela também ouviu os dois chegando e, quando eu menos percebi, ela me jogou contra uma árvore e senti alguma coisa quebrando em mim, e em seguida saiu correndo em direção ao mar, se jogando.

Me levantei com dificuldade e olhei na direção em que ouvi o humano, e tomei um susto; ele estava a mais ou menos 5 metros de mim. Ele se assustou quando me viu, óbvio. Ele aparentava ter uns 50 anos no máximo, tinha um bigode preto, cabelos curtos também pretos e vestia uma roupa policial. Fiquei encarando-o durante um tempo, eu sei, sou idiota e fico encarando policiais, pensei bem e fui dar meia-volta. Mas o que eu não sabia era que ele iria dar um tiro em mim. Em menos de 10 segundos após o som do tiro senti meu ombro ser perfurado e soltei um uivo de dor, aquilo era horrível, tinha que sair daqui antes que eu fosse morta. Mas não sabia pra onde correr, estava desorientada por causa da dor.

Ouvi então que o animal ainda se aproximava de mim, pelo som era grande e veloz, pois já estava a poucos metros de distância. Sem controlar, meu corpo enorme de lobo foi correndo, sem ligar pra minha dor no ombro, em direção ao grande animal. Enquanto corria ouvia que o humano se afastava, provavelmente estaria correndo na direção contrária à minha. Corri por mais alguns poucos minutos, chegando no animal, e não acreditei no que vi. Era um lobo enorme, parecido comigo, só que seus pelos eram de um marrom avermelhado. Algo nele me parecia familiar, mas acho que era apenas coisa da minha cabeça.

Assim que vi que ele se aproximava de mim, senti meus ossos doerem, aposto que tinha quebrado alguns, e meu ombro latejar como se a bala estivesse me perfurando mais. Olhei para o lobo, que tinha um olhar de desespero, e falei para mim mesma, querendo poder saber falar com ele: “Me ajude” e comecei a me entregar à escuridão. Apenas tive tempo de sentir meu corpo voltando a forma humana e ver, sem foco nenhum, o lobo se transformar em um homem e colocar rapidamente uma bermuda, cuja cor não identifiquei, vindo na minha direção.

Pov’ Jacob

Estava andando pela floresta, coisa que fazia recentemente, não sei por quê; estava ficando louco. Quando de repente ouço um uivo, parecia estar com raiva de alguma coisa, mas não conseguia ouvir a mente de nenhum dos meninos, nem de Leah, estranho.

Deixei meus instintos me dominarem e saí correndo em direção ao uivo. Conforme fui chegando comecei a sentir aquele cheiro de vampiro insuportável, aquele cheiro me era familiar, Victória. O que ela está fazendo aqui? Já basta ter matado o Harry, ainda está atrás da minha Bella?

Corria com toda a minha velocidade, quando ouvi um tiro e um uivo de dor. Senti como se algo dentro de mim também sofresse, então comecei a correr mais rápido. Ouvi que o lobo se aproximava de mim, então diminuí um pouco a corrida. O lobo se movia lentamente, provavelmente estava muito ferido. Corri mais um pouco e então eu o vi, não era um lobo, era uma loba. Ela parou no mesmo instante em que me viu e ficou me olhando, do nada uma estranha sensação de que já a conhecia começou a me rondar. Comecei a me aproximar dela, bem devagar para tentar ajudar, quando ouço uma voz, quase como um sussurro na minha cabeça.

“Me ajude” – Veio dela. Assim que disse isso ela caiu ao chão e foi voltando à forma humana. O desespero começou a me consumir, tinha um grande medo de perdê-la. Rapidamente voltei ao normal, coloquei minha bermuda que ficava amarrada em minha perna/pata e peguei-a no colo.

Corri em direção à minha casa, acho que meu pai e Rachel, que estava passando as férias por aqui, poderiam me ajudar. Enquanto ia até a casa, olhei para seu rosto: ela tinha traços doces, bem delicados, parecia um anjo, porém estava bastante arranhada, e seus cabelos lisos e escuros como a noite estavam um pouco acima de seus ombros. Foi quando eu vi que ela havia levado um tiro, que provavelmente teria vindo do Charlie, pois ele estava caçando sozinho hoje... Com isso corri mais rápido.

Quando estava quase chegando perto da minha casa, voltei a encará-la. Ela tinha algo muito familiar, mas não conseguia me lembrar direito o quê... Foi quando a imagem da minha mãe veio à minha mente. Há tempos que não lembrava mais de seu rosto, mas essa garota era praticamente igual à minha mãe, seguida por duas lembranças que julgo serem bem antigas.

Flash Back on –

corria para todos os lados, e eu, como um bom irmão um ano mais velho, corria atrás para protegê-la. Papai e mamãe estavam sentados na varanda, observando tudo enquanto Rachel e Rebecca conversavam sobre alguma coisa que eu não conseguia entender.

Fiquei sentado na grama, olhando enquanto ela ia atrás de uma borboleta, mas ela voou alto e ela desistiu dela, então pegou uma flor; muito bonita, por sinal, e veio até mim.

– Jake, jake, ola que for mais bunita! – disse ela com sua vozinha infantil, e depois deu uma risada. – Bem! – Pegou minha mão e me puxou. – Mãe, pai, ola que for bunita! – Meus pais riram dela, então papai me pegou no colo e mamãe pegou , que colocou a flor no cabelo da nossa mãe e começou a rir. – Mamãe, ta lindaaa! – Gritou, e depois começou a rir.

Flash Back off-

Essa lembrança era muito antiga, bem antes dos meus pais sofrerem um acidente de carro e minha mãe não resistir. Mas depois veio uma lembrança triste para todos nós...

Flash Back on –

Estava chovendo, eu não parava de chorar. Fiquei olhando para a janela quando sinto uma mãozinha me cutucar. Era , ela estava com seu ursinho e uma mochilinha nas costas, claro que o resto de suas roupas já tinham sido levadas pro carro.

– Jake, não chora, eu vou voltar... – Ela havia sido adotada por uma mulher que estava fazendo uma pesquisa aqui na reserva, e meio que se apaixonou por ela. Meu pai estava passando por dificuldades pra cuidar de mim e da minha irmã depois que minha mãe morreu, no acidente de carro que o deixou numa cadeira de rodas. Não havia outra saída, já que minhas irmãs saíram de La Push para escapar das tantas lembranças que tinham da mãe aqui.

– Vai mesmo, ? – perguntei com a voz chorosa.

– Vou, sim. – disse ela, limpando minhas lágrimas. – Promete uma coisa pra mim?

– Prometo.

– Promete nunca esquecer de mim?

– Prometo, nunca vou esquecer da minha pequena Sarah. – Era como minhas irmãs e eu a chamávamos, por causa da sua grande semelhança com a minha mãe.

Ela sorriu, me abraçou, deu um beijo na minha bochecha e saiu de casa, indo em direção ao carro. Vi ela derramar uma lágrima enquanto acenava pra mim. É, minha pequena Sarah se foi…

Flash Back off –

Antes que eu percebesse, já estava chorando. Como eu pude esquecer-me dela? Tudo bem, eu era uma criança, mas nunca deveria ter me esquecido dela.

– sussurrei com a voz embargada –, você voltou pra nós.


CAPÍTULO 5

Pov’ Jacob

Entrei em casa correndo, sem ver quem estava, e coloquei na cama, indo ao quarto da Rachel pegar uma roupa pra ela, vai que serve... Assim que entrei em seu quarto, ela levou um baita susto.

– Que isso, Jake, tá louco?

– Rachel, só me da uma blusa sua e um shorts, rápido, ou melhor, me ajuda, por favor! – Tá bom, eu estava só um pouquinho desesperado.

– Como que eu posso te ajudar se eu não tenho a mínima ideia do que você está falando?

– Olha, Rachel, se eu te contar você vai falar que estou louco, então é melhor vir aqui comigo e ver com seus próprios olhos. – Peguei-a pelo braço, junto com uma regata e um shorts, e fui até o meu quarto, onde estava. O que me preocupou foi seu estado, ela não havia melhorado nada, mesmo sendo uma loba.

– Pera, Jake, é quem eu estou pensando que é? – Rachel estava estática ao meu lado, como se o que estivesse vendo fosse apenas um fruto da sua imaginação.

– Bem, se pensamos igual... Sim. – Assim que terminei de falar Rachel começou a chorar, sério, nunca vi minha irmã assim...

– Não acredito, como que ela conseguiu chegar aqui, como sabia aonde ir? – Rachel chegou bem perto dela e passou a mão no seu rosto, tendo certeza que aquilo não se passava de um sonho. – Ela é que nem você, né, Jake? – Até que Rachel aceitou bem o fato de eu virar lobo, bem, agora ela aceita bem, no começo foi bem confuso, mas, até que ela reagiu bem.

– Sim, Rachel, e isso é o que mais me preocupa. - Ela se virou para mim com uma cara de quem não estava entendo absolutamente nada. – Ela já devia estar se curando, mas não vi nenhuma melhora, mesmo que tenha se passado pouco tempo desde que eu a encontrei na floresta.

– Bem, não sei se ajuda, mas acho melhor você ir procurar o Carlisle, eu fico aqui com ela. – Fiquei meio receoso em deixá-la, tinha tanto medo de perdê-la novamente… – Tudo bem, ela vai estar aqui quando voltar. – Ela me deu um sorriso. Fiquei mais um pouco e fui para a casa dos Cullen.

Não demorou muito para que eu chegasse na fronteira. Sentia o cheiro daqui, que horror. Voltei à minha forma humana e fui até a porta da casa deles, antes que eu batesse nela, Edward já estava abrindo-a.

– Lá em cima, Jacob. – disse ele, que já havia lido meus pensamentos.

Apenas assenti e fui até o escritório do Carlisle. Quando cheguei à porta, novamente não precisei bater.

– Entre, Jacob. – Entrei silenciosamente na sala e fiquei mudo, não sabia o que falar. – Edward me disse que você precisava de mim, o que aconteceu?

– É a minha irmã... Na verdade vocês nunca devem ter ouvido falar dela, ela foi adotada quando minha mãe morreu, porque meu pai não tinha como cuidar de nós dois sozinho, já que minhas irmãs saíram de La Push. Eu não me lembrava dela, até que do nada ela apareceu na floresta lutando com a Victória, que estava aqui fazendo sei lá o quê. Depois o Charlie, que estava caçando na floresta, deu um tiro nela achando que ela iria atacá-lo. Eu a levei pra casa e Rachel está com ela, mas o problema é que ela deveria estar se recuperando, como todos nós transmorfos quando nos machucamos, e até agora ela está do mesmo jeito, toda arranhada, deve estar com ossos quebrados e com um tiro no ombro. Por favor, Carlisle, tem como você examiná-la? – Desespero e medo. Era isso que me dominava nesse momento. Desespero por ter de ver daquele jeito e não poder fazer nada e medo por talvez perdê-la.

– Claro que sim, Jacob, vamos lá. – disse ele enquanto pegava sua maleta. – Tudo bem eu ultrapassar a fronteira?

– Sim, qualquer coisa eu conto pro pessoal o porquê.

Saímos da casa dos Cullen e fomos em direção à minha casa. Logo chegamos lá, e foi logo examinada. Fiquei ao lado dela a todo momento, segurando sua mão, não correria o risco de perdê-la novamente, não mesmo. Enquanto Carlisle fazia os curativos na , percebi que ela estava muito magra, parecia que não comia direito havia muito tempo. Um calafrio percorreu minha espinha só de pensar no que ela poderia ter passado. Ainda me pergunto como ela chegou aqui, mas só conseguiria saber quando ela acordasse. Acho que umas 2 ou 3 horas depois Carlisle finalmente terminou.

– Bem, Jacob, a bala não chegou a perfurar muito, ela quebrou duas costelas que logo estarão novinhas em folha e os arranhões são superficiais. Mas ela está muito fraca, então eu vou dar um pouco de soro pra ela, isso vai ajudá-la na cicatrização. Ela vai acordar em no máximo dois dias devido aos remédios, mas ela está bem agora.

– Obrigada, Carlisle – eu agradeci, aliviado.

– Não há de quê, Jacob, e não se esqueça de levá-la para uma visita quando ela acordar.

– Pode deixar. – E assim ele se foi.

– E aí, está tudo bem com ela? – disse Rachel, entrando no meu quarto.

– Agora está... – eu falei, suspirando. Ficamos em silêncio alguns minutos, só observando , que agora dormia tranquilamente. Ela estava bem, apesar dos curativos e das ataduras.

– Sabe, Jake – começou Rachel –, como vamos contar pro Billy? – Agora ela me pegou de surpresa, não tinha a mínima ideia de como contar isso ao meu pai.

– Me contar o – ferrou, agora que meu velho morre do coração – quê? Rachel, eu estou sonhando?

– Não, pai, não está.

– É ela? É a minha ? – disse meu pai, com lágrimas nos olhos.

– Sim, pai, é ela – Dessa vez eu que respondi.

– Jake, meu filho, você, lembra dela? - indagou meu pai com surpresa.

– No começo não me lembrava, mas depois da última vez que nos vimos veio na minha cabeça, e tudo ficou claro novamente. – eu expliquei, sorrindo enquanto olhava pra .

– Mas, o que houve com ela? Onde você a encontrou?

– Eu estava na floresta e senti cheiro de vampiro, a vi lutando com Victória, não me pergunte o que aquela coisa estava fazendo aqui. Victória a machucou, um caçador viu e se assustou, claro, um lobo enorme no meio da floresta… enfim, e atirou nela. Trouxe ela pra cá, Carlisle passou aqui, está tudo bem, ela só está com duas costelas quebradas, alguns arranhões, o tiro não foi tão grave e está fraca. – Falei rápido, eu sei.

– Ótimo. E em quanto tempo ela acorda?

– No máximo 2 dias.

– Agora é só esperar pra ver, vamos ter que contar a ela toda a verdade. Só espero que ela reaja bem. Meu medo agora é perdê-la.

– O meu também, pai, o meu também.


CAPÍTULO 6


Pov’


Aos poucos minha consciência voltou para mim. Foi quando senti que estava deitada numa cama, mas aonde? Possivelmente em um hospital ou algo do tipo. Bem, era o que eu achava, até eu abrir meus olhos e descobrir que estava num quarto comum, mas de quem?

Tentei me sentar devagar, mas foi algo bem difícil, logo soube por quê. Estava cheia de ataduras nas minhas costelas, pelo jeito tinha quebrado algumas quando aquela mulher estranha me lançou contra a árvore, e tinha um curativo no meu ombro por causa do tiro. Mas quem será que me trouxe aqui...

Resolvi então olhar o lugar onde eu estava. Era muito simples, mas também muito bonitinho, apesar de estar um pouco desorganizado... Quarto de menino, pensei. Enquanto passava o olho naquele pequeno cômodo, um cheiro amadeirado me invadiu, e uma lembrança de quando eu era criança veio até a minha mente.

Flash Back on –

– Jake, não chora, eu vou voltar... – eu disse enquanto limpava as lágrimas do meu irmão.

..................................................

– Promete nunca se esquecer de mim?

– Prometo, . – Sorri com a resposta.

Flash Back off –


Mal percebi e já estava chorando. Eu consegui, eu achei minha família, depois de tanto correr sem rumo, eu realmente consegui. Foi aí que me entreguei às lágrimas e aos soluços, quando percebi, a porta do quarto se abriu rapidamente, e alguém, que julgo ser um homem, me abraçou, e aquele cheiro amadeirado ficou mais forte. Abracei-o de volta com o braço que não estava enfaixado.

– Jake, não acredito que é você – disse em meio aos soluços. Ele me abraçou mais forte, e quando vi, nós dois chorávamos. Ficamos assim por um tempo, até que nos afastamos um pouco. – Quanto tempo...

– Concordo. – disse ele. – Mas, espera aí, como você lembrou?

– Seu cheiro. – Dei um sorrisinho tímido, que ele retribuiu com um enorme sorriso.

– Então quer dizer que minha irmãzinha é uma loba que nem o irmão aqui. – Se acha? Nem um pouco.

– Inha? Irmãzinha? Olha o meu tamanho, menino, não tenho mais 4 anos pra você cuidar de mim. – Por favor, né, odeio que me tratem como criança. Tudo bem que ele é mais velho que eu, mas não tanto.

– Você sempre vai ser um bebê pra mim. – Ele bagunçou meu cabelo.

– Ei, não faça isso, só vai piorar a situação do meu cabelo. – Estávamos rindo quando me lembrei da mulher com quem lutei, do tiro e do lobo, que já sabia ser o Jake. – Jake, eu lutei com uma mulher muito bonita e perigosa, ela tinha um cheiro muito doce e enjoativo. Você sabe o que ela é?

– Ela é uma vampira. Sei que parece mentira, mas não é, o nome dela é Victoria, e digamos que ela não é uma vampira boa.

– Como assim, boa?

– Não são todos os vampiros que são “maus”. – Fiz uma cara de interrogação – Alguns vampiros não se alimentam de sangue humano para saciar a sede, tipo os Cullen, que são uma família que se alimenta do sangue animal. Neles eu meio que confio, um pouco. Se não fosse o Carlisle, que é uma espécie de pai da família, você talvez demorasse mais que dois dias pra acordar, foi ele quem fez esses curativos em você.

– Ah tá, acho que entendi... E o que eu, quer dizer, nós somos?

– Na verdade, não somos apenas nós dois, tem mais umas 8 ou 9 pessoas. – Ok, fiquei espantada. — Somos transmorfos, podemos nos transformar em um animal, que no caso de todos aqui é o lobo. Nós existimos para proteger o povo de La Push, e qualquer humano dos vampiros. Sempre que um vampiro novo se aproxima das nossas terras, algum garoto começa a ter os sintomas da transformação, que aposto que você já sabe, e depois de algum acesso de raiva tem sua transformação completa.

– Pera, você disse garoto?

– Sim, você e Leah são as únicas mulheres em toda a história quileute que se transformaram. Bem, continuando, quando nos transformamos, nosso corpo se desenvolve muito rápido, geralmente isso acontece na hora que viramos lobo pela primeira vez, e a parte boa é que perdemos a capacidade de envelhecer. É como se o nosso corpo parasse no tempo. O bom é que nos curamos rápido e nunca ficamos doentes. Ficamos do mesmo jeito até pararmos de nos transformar, e começamos a envelhecer normalmente. Ah, e como lobos não falam, obviamente, nos comunicamos mentalmente, mas essa parte não é muito boa, porque qualquer coisa que a gente pensar os outros vão “ouvir”, então controle seus pensamentos. – Ele riu.

– Estranho isso, tem mais alguma coisa que acontece com a gente?

– Tem, mas não acontece com todos. Se chama imprinting, é uma coisa louca que acontece quando encontramos a nossa “alma gêmea”, é como a gravidade. Toda a força dela muda. De repente não é mais a terra que te prende aqui. Você faria qualquer coisa, seria qualquer coisa que ela precisasse. Um amigo, um irmão, um protetor. (n/a: sim eu peguei a fala do Jake em amanhecer part 1)

– Nossa, que profundo, mas eu acho meio injusto… — Nessa hora, Jake olhou para mim como se eu estivesse falando besteira.

– Como assim injusto?

– Você é obrigado a amar essa pessoa, ela pode ser uma desconhecida, e, quando você olha pra ela, BUM, se apaixona feito um idiota. A pessoa pode ter bafo ou chulé, mas não, você tá amarrado a ela para sempre. – Ele riu. – Quem já teve?

– Por enquanto só o Sam e o Jared.

– Leah não? - Jake negou e acrescentou:

– Na verdade, como vocês são as únicas mulheres que se transformaram, não sabemos se vocês podem sofrer isso ou não.

– Isso é bom, sabe. Sinceramente, eu acho que nunca quero ter um imprinting. Não quero ser obrigada a amar uma pessoa. – Disse enquanto encostava minha cabeça no ombro do Jake e suspirava. – Cara, seu cheiro é muito bom. – Ele riu. Fiquei um tempo encostada nele, depois tive uma ideia. – Que tal me levar pra conhecer aqui?

– Com essas ataduras? – Ele levantou uma sobrancelha.

– Aposto que já está tudo curado, você disse que nos curamos rápido, não é? – Ele assentiu. – Então, minhas costelas nem doem mais, por favorzinho, Jake! – Fiz carinha de cachorro sem dono.

– Tudo bem — ele disse derrotado. — Vamos tirar, ver como está esse ombro primeiro. – Ele foi até o ombro que eu havia levado um tiro e tirou o curativo pela metade: não havia mais nada. Dei um sorriso de alívio. – Novinho em folha, agora vamos tirar essas coisas de você. Vou pegar uma tesoura, já venho. – Ele saiu do quarto, e acho que foi pro banheiro, não sei. Olhei pra mim mesma e vi que estava com uma regata e um shorts, mas de quem será? Hum... Logo ele voltou com a tesoura. – Vire de costas pra mim. – Fiz o que ele pediu, logo ele estava cortando aquelas faixas.

– Jake, de quem são essas roupas? Porque você deve saber que quando voltamos à forma humana estamos... – Não precisei terminar, ele soltou uma risadinha fraca. Sinceramente, eu não ligo do Jake ter me visto sem roupa, ele é meu irmão, confio nele, tenho certeza que ele nunca faria nada de mal comigo.

– São da Rachel.

– Da Rachel? Ela está aqui também? – falei toda esbaforida e animada, não via a hora de rever a todos.

– Sim, mas ela foi para Seattle fazer compras.

– E o papai? – Tinha medo da resposta, não o via havia tanto tempo...

– Ele foi pescar com o xerife Charlie, só volta de noite. – disse ele, terminando de cortar as faixas. – Pronto, agora é só você puxar. – Claro que ele não ia fazer isso, elas estavam enroladas por todo o meu tórax.

– Obrigada, Jake. – Abaixei a blusa e virei pra ele. – Jake, será que a Rachel não se importaria de me emprestar mais uma blusa e um shorts? Queria tomar um banho. – Sorri envergonhada.

– Certeza que não, vou te levar no banheiro e vou pegar as roupas no quarto da Rachel.

Ele me ajudou a levantar, assim que fiquei de pé, senti tudo rodar um pouco. Jake segurou forte na minha cintura.

– Desde quando você não come, pequena?

– Desde que eu fiz 17 anos. Nesse meio tempo vindo pra cá eu comi algumas maçãs, mais nada, e tentei comer um cervo, mas o gosto é horrível. — Fiz careta, fazendo Jake rir. — Então tem…  — Pensei —  acho que um mês, mais ou menos.

– Pelo jeito Carlisle estava certo sobre você estar fraca.

Ficamos parados até minha tontura passar, ele me levou ao banheiro e foi buscar umas roupas da Rachel. Assim que ele entregou-as para mim, tirei as faixas, jogando todas no lixo, e então entrei debaixo do chuveiro, deixando a água cair no meu corpo. Enquanto lavava meus cabelos curtos que precisavam urgentemente de um corte profissional, pensei em como eu fui sortuda em conseguir chegar até aqui, e em como eu consegui lembrar do Jake. Agora eu estava mais que ansiosa pra rever a Rachel e o meu pai.


CAPÍTULO 7

Terminei de tomar meu banho e fui me secar com uma toalha que o Jake havia trazido pra mim, junto com as roupas de Rachel. Troquei-me, sequei meus cabelos, pendurei a toalha e saí do banheiro. Assim que pisei no corredor, senti um cheiro de comida, muito bom, por sinal, então comecei a caminhar em direção àquele aroma delicioso. Cheguei à cozinha, sentei numa cadeira perto e vi que Jake preparava panquecas, várias panquecas, pra dizer a verdade. Elas podiam muito bem alimentar umas 4 pessoas, eram muitas mesmo.

— Nossa, Jake, quantas pessoas vão comer? – eu disse, rindo. – Aliás, tá um cheiro muito bom. – Ouvi meu estômago roncar.

— Pelo ronco do seu estômago, acho que no mínimo 3. – respondeu ele, rindo. – Valeu. – Meu estômago roncou novamente. – Acho que vou ter que fazer mais... – Ele riu. Senti minhas bochechas corarem.

— Para com isso, já está bom, eu como duas e você come duas e eu como duas.

— É preciso muito mais pra alimentar o lobo aqui. – Ele apontou pra si mesmo com a espátula. 

— Já disse que você é convencido? Já? Só relembrando.- Ele riu. – Ok, então, lobo foda do bando. Falando nisso, já que eu tô aqui, eu vou ter que entrar pro bando?

— Se for ficar, que é o que eu mais quero, acho que sim. Mas ainda temos que falar com o Sam.

— O alfa?

— Sim.

— E quando vamos falar com ele? – indaguei animada, queria conhecer o pessoal do bando.

— Se ele estiver em casa, assim que terminarmos de comer. – Jake colocou um prato na minha frente. Deviam ter umas 3 panquecas; no dele tinham umas 5.

— Comilão, ainda bem que não engordamos mais... – Acho que se não fosse assim meu irmão já teria explodido de tanto comer.

— Isso é verdade. E por conta da transformação sentimos mais fome também. – disse ele com a boca cheia. 

— Não fale de boca cheia – eu repreendi, batendo na cabeça dele e depois rindo.

— Doeu, . – Ele passou a mão no lugar onde eu havia batido.

— Blábláblá. – Ri.

Ficamos conversando mais um pouco, até terminarmos de comer, então fomos lavar a louça e saímos. Ficamos andando pelas ruas de La Push enquanto conversávamos, ele me contava tudo o que havia acontecido nesses anos em que não estive por aqui, enquanto eu contava os mínimos detalhes das minhas pequenas mas super divertidas aventuras. Assim que chegamos na praia e nos sentamos na areia, eu perguntei:

— E aí, tenho alguma cunhada? – Ele riu pelo nariz.

— Não tem, não – ele disse suspirando, parecia deprimido.

— Que foi, Jake? - Olhei pra ele, que encarava o mar agora. – Tem alguma coisa que você queira me contar?

— É que – Ele suspirou –, Tem uma garota que eu meio que, sou apaixonado. – terminou cabisbaixo.

— Mas isso é ótimo, por que não conta pra ela?

— Ela tem namorado...

— Mas o que ele tem de tão especial que você não tem? Você é lindo, forte, alto, fofo, engraçado e tudo mais.

— Mas eu não sou um vampiro. – Ok, confesso que fiquei chocada, a garota namorava um vampiro! Acho que ela quer morrer, tipo, só tô achando mesmo. Garota louca, meu Deus.

— Ela é retardada ou o quê? – Ele me olhou surpreso. – Sério, Jake, ela namora um vampiro, ela quer morrer, é? – Ele deu uma gargalhada gostosa. Esse era o meu Jake, não o garoto triste e cabisbaixo de cinco minutos atrás.

— E olha que você não sabe nem da metade, ela quase morreu, depois quase virou vampira, tentou suicídio e tudo mais, tudo em menos de dois anos de namoro.

— Que menina louca! – gritei, indignada; ele só ria. – E você ainda gosta dela? – Ele deu os ombros. – Louco você também. Mas enfim, me conte essas histórias aí.

E assim ele fez, me contou cada detalhe, desde o vampiro que estava louco pra dar uma chupada no sangue da “Bellinha” até o dia em que ela se jogou do penhasco. Realmente essa garota não bate bem da cabeça. Mas a parte que me deu mais raiva foi quando ele contou que, enquanto o namorado havia sumido, ela tinha procurado por ele, passou um tempo gigante com ele, enquanto ele pensava que ela gostava dele mais que um amigo. Ele inclusive se transformou nessa época e teve que se afastar dela, foi quando ela se jogou do penhasco também, e depois da cena do penhasco, ainda voltou correndo pros braços do vampirinho, como se fosse um cachorrinho, e não quis mais saber dele. 

Não conheço essa menina, mas se eu a visse seria capaz de socar a cara dela, que ficaria um pouquinho, só um pouquinho machucada. (n/a: eu não gosto muito da Bella ook? Acho que já deu pra perceber um pouco.) Ficamos conversando mais um pouco até que vimos que estava escurecendo.

— Vamos ver se o Sam está em casa? – Nossa, verdade, eu havia esquecido que íamos falar com ele...

— Vamos. – E lá fomos, rumo à casa do Sam.

Chegamos lá e Emily, noiva do Sam, nos atendeu. Jake havia me contado que Sam tinha ficado com muita raiva e se transformou perto demais da Emily, causando uma cicatriz no seu rosto. Ele se culpava até hoje pelo ocorrido, mesmo eu achando que foi apenas um acidente, afinal, acidentes acontecem todos os dias.

— Olá, Emily – Jake disse enquanto entrávamos. – Essa é a .

— Me chame de – eu disse enquanto apertava sua mão. Ela estalou os olhos e me olhou assustada.

— Já vai saber, Emily. – Jake deve ter visto o jeito com que ela me olhou. Ela assentiu. – Sam está?

— Está sim, ele acabou de voltar da ronda. – disse ela de um jeito todo delicado. – Querido, Jacob está aqui. – Logo ele veio, vestia apenas uma bermuda surrada e tênis; que nem o Jake.

— Oi, Jake. – Ele sorriu pro amigo, então me olhou. – E você é , certo? – Como ele sabia? Ah, verdade...

— Super audição, verdade – sussurrei pra mim mesma. Mas acho que ele ouviu, porque me olhou espantado, como se eu tivesse falado algo terrível. – Apenas , por favor – falei, sorrindo de lado.

Ele olhou para o Jake e disse:

— Algo pra me contar, Jake? – Ele assentiu. – Venham, vamos nos sentar. – Assim que sentamos, Jake contou tudo ao Sam, desde a história de eu ser irmã dele até me encontrar na floresta depois de ter lutado com a vampira Victória. – Mas o que será que ela estava fazendo aqui? E como não descobrimos nada? Temos que aumentar as rondas, mas, voltando ao assunto inicial; , você vai ficar por aqui, então?

— Sim, ela vai. – Antes que eu pudesse responder, Jake já se adiantou. – Meu velho não a vai deixar ir embora de novo depois que ele a viu. – Sorri. Meu pai já havia me visto, mas eu deveria estar desacordada.

— Então creio que irá entrar para o bando. Mas enquanto você não conhece o pessoal, pode ir fazer a ronda com o Jacob e a Leah, assim você conhece a floresta, tudo bem? – Assenti.

— E quando é sua ronda, Jake?

— 5 horas da manhã. – Daora...

— Ok... – eu disse triste. – Vou ter que acordar cedo... — Rimos. Ficamos conversando, nós quatro, até umas oito horas. Foi quando fomos embora, nosso pai já devia estar em casa. Não via a hora de vê-lo.

Chegamos em casa, e, assim que subimos na varanda, ouvi o barulho da televisão e cheiro de comida. Rachel e Billy estavam em casa.

Abrimos a porta e, logo que eu entrei com Jake atrás de mim, não acreditei no que vi.


CAPÍTULO 8


— Pai! — Corri para abraçá-lo. — Eu, eu não acredito que é o senhor… — Ok, já estava chorando, mas quem não choraria vendo o seu pai depois de mais de 10 anos?

— Shii, calma, meu amor — ele dizia baixinho, enquanto passava a mão por meus cabelos, tentando me acalmar. Ficamos naquela posição por um tempo, eu chorando abraçada a ele e ele passando a mão nos meus cabelos, até que eu comecei a me acalmar um pouco. — Melhor agora? — Ele deu um sorriso suave. Assenti e sentei no sofá, colocando minha cabeça no seu ombro. Não falamos nada, apenas ficamos aproveitando aquele momento. Logo Rachel apareceu, dizendo que o jantar estava pronto, e eu saí correndo para abraçá-la também. Fomos todos jantar, e olha que a comida estava muito boa; Jake até fez gracinha.

— Mas me conta, onde você esteve esse tempo? — perguntou Billy.

— Bem, eu morei no Brasil até os meus 10 anos, mas nunca parava em um estado por mais de 1 ano, por causa do trabalho da Sophie, vivíamos nos mudando, depois fui morar no Canadá, onde fiquei com Sophie está até hoje... — suspirei, lembrando do dia em que ela me colocou pra fora.

— E como chegou até aqui? — perguntou novamente. — Não, vamos do início. Como se transformou? — completou ele.

— É uma longa história... — Comecei a encarar o prato.

— Temos a noite toda — disse Jake, e eu ri de lado, sem olhar pra ele.

Suspirei, tomando coragem. Vamos, , você consegue, não vai deixar uma lembrança, por mais que ela seja ruim, te abalar, certo? Certo.

— Eu já estava com “febre” havia muitos dias, mas a temperatura do meu corpo nunca saía do mínimo dos 39,40 graus. Num dia, estava mexendo no meu computador quando eu vejo ao longe, um vulto branco passar na floresta, meu quarto ficava de frente pra ela dando uma vista ampla da grande floresta que ficava ali, quase que ao mesmo tempo em que aquela coisa passou eu senti um cheiro doce, muito doce, era um doce enjoativo, horrível. Na mesma hora senti meu corpo tremer bastante e minha temperatura aumentar, mais do que já estava. Não sabia o que fazer então corri pro chuveiro e tomei um banho de água gelada. Fiquei bastante tempo ali, tempo suficiente para sentir meu corpo relaxando e os tremores parando. Passada algumas horas, eu ouvi Sophie chegando, mas ela não estava sozinha, ela estava com um homem extremamente branco, olhos castanhos, que com certeza eram lentes, e extremamente bonito, foi quando o cheiro enjoativo voltou, mas dessa vez mais forte, se é que isso era possível. Meu corpo começou a ter os mesmos efeitos, corri pro meu banheiro e tive que fazer todo o processo de novo. Me acalmei, em partes já que meu corpo não havia parado de tremer, e desci. O homem, que mais tarde descobri que se chamava Stevan, estava na sala, e Sophie na cozinha, então segui para lá. Na cozinha ela deu um ataque, sei lá o que ela tinha, e acabamos brigando. Algo dentro de mim dizia que aquele cara era perigoso e que devia sair da minha casa. Comi calada, só os ouvindo conversar como se fossem íntimos, e quando acabei fui pra varanda. Fiquei lá durante um longo tempo, quando Sophie apareceu, nervosa pra caramba, e começou a gritar comigo e eu com ela, e a cada palavra que nós gritávamos eu sentia meu corpo tremer mais, minha temperatura aumentando. Comecei a sentir umas coisas estranhas, como uma dor enorme e meu corpo sendo jogado no ar, e quando dei por mim eu era um lobo enorme — disse, respirando sem ar. — Eu disse que era uma longa história.

— E como que ela reagiu ao ver você virar uma loba? — Quem perguntou dessa vez foi Rachel. ​​— Nada bem, começou a me chamar de monstro, dizer que eu não era mais filha dela, e mais um monte de coisa. Eu via o medo e o desespero no olhar dela, era horrível. Mas o pior foi quando ela me mandou ir embora e nunca mais voltar, então eu virei pra floresta e saí correndo pra dentro dela, sem olhar pra trás.

— E como chegou aqui? — Jake perguntou dessa vez, sabia que essas perguntas iriam acontecer, sinceramente, eu já estava esperando.

Olhei pra ele e respondi: — Eu corri, sem rumo literalmente, sem parar durante umas duas semanas. Achei uma pequena fazenda e comi umas maçãs na primeira vez que voltei para a forma humana, depois corri novamente. Depois de mais alguns dias, eu comecei a pensar que as respostas para o que estavam acontecendo estavam na minha família, então decidi que precisava recomeçar do zero, começando por mim mesma, então voltei para a forma humana mais uma vez, e comecei a andar pela floresta. Depois de umas horas andando achei uma navalha perto de um acampamento, então peguei aquela faca e fui para uma caverna onde havia parado para descansar na noite anterior e que não estava muito longe e cortei meu cabelo, na altura que eles estão, eles iam até a metade das minhas costas. Fiquei mais um tempo na caverna, me transformei e comecei a correr, mas dessa vez eu estava seguindo meus instintos. Sem eles eu não estaria aqui...

— E como você a encontrou, filho? — perguntou meu pai.

— Eu estava na floresta, algo havia me mandado ir pra lá, e vi um lobo lutando com a Victoria de longe, devo acrescentar que você é mais rápida que qualquer lobo que já vi e que eu não conseguia ouvir sua mente, temos que falar sobre isso com o Sam depois. Mas voltando ao assunto, Victória acabou jogando a numa árvore e se jogou no mar, foi quando Charles apareceu assustado, como qualquer outra pessoa que não sabe o segredo ficaria, e acabou dando um tiro no ombro dela. Então a , acho que sem perceber, veio na minha direção. Quando ela me viu, parou no mesmo instante, e começou a cambalear, eu acho que ela abriu a mente para que eu a ouvisse porque, antes dela desmaiar e voltar à forma humana, eu ouvi um me ajude. Fim.

— Mas agora, o mais importante é que você voltou pra nós, e que agora vai ficar conosco. Certo? — indagou Billy.

— É o que eu mais quero — respondi feliz. Depois disso, Billy me disse que eu dormiria no quarto da Rachel, já que lá tinha duas camas. E ficamos os quatro conversando, sem ligar pra quanto tempo estávamos naquela mesa.

Agora, apenas uma coisa me importava: estávamos todos juntos, e nada nem ninguém estragaria a minha alegria de reencontrar a minha família.

Eu só não sabia que estava totalmente errada.


CAPÍTULO 9


Depois de um tempo, eu e a Rachel fomos dormir. No quarto ela me deu um pijama para eu usar, ele tinha uma camiseta azul com o emblema do super-homem (amo super-heróis), e um shorts preto. Me troquei no banheiro e voltei pro quarto, lá Rachel me contou que amanhã, depois que eu voltasse da ronda com o Jake e a Leah, que eu iria conhecer amanhã, ela iria me levar pra fazer compras em Seattle, e que no dia seguinte teria que ir embora, porque as aulas da faculdade iriam voltar na segunda, que seria daqui dois dias.

Ficamos de bobeira conversando mais um pouco, até que Billy entrou no quarto.

, você ainda está no colégio, certo? — Assenti. – Então vou aproveitar amanhã e arrumar as documentações para você entrar no colégio daqui, na segunda-feira, tudo bem?

— Tudo bem, pai — respondi sorrindo.

— Suponho que esteja no último ano, certo? — Assenti novamente. Tenho sorte do sistema da escola da onde eu morava ser igual ao daqui, seria horrível fazer o último ano de novo... — Ótimo, agora vão dormir, que já é muito tarde e, pelo que o Jake me falou, vocês têm ronda amanhã de manhã. Boa noite, meninas — terminou ele, saindo do quarto.

— Boa noite, pai — respondemos juntas, e olhamos uma pra outra, rindo. Jake também passou para dar boa noite pra gente, e relembrou que às 5 da manhã teríamos ronda.

Bem na hora que eu achava que tudo estava alegre e brilhante, a ronda aparece pra me atrapalhar. Bem, pelo que estou vendo, isso é apenas o começo da minha nada mole vida. Ficamos conversando por mais uns minutos, até que o cansaço nos dominou e acabamos dormindo.

Eu estava numa campina, muito linda por sinal, ela estava cheia de flores de pétalas roxas. Estava sentada sob a sombra de uma árvore, eu admirava aquele lugar quando vi um garoto virado de costas para mim. Ele era alto e forte, parecido com o Jake, mas um pouco mais baixo que ele. Estava só de bermuda, então supus que também era lobo. Ele encarava algo à sua frente, foi quando o cenário mudou, e tudo ficou sombrio. Eu me levanto e me aproximo do garoto, mas quando dou dois passos, ele se transforma num lobo cor-de-areia, e rosna para alguma coisa em sua frente. Olho para a direção em que ele encara e vejo um vampiro, que se parecia muito com Stevan, correndo ao seu encontro, e ele faz o mesmo.

Eles começam a lutar vorazmente. Não sei o que eu tinha, mas vê-lo lutando com o vampiro que toda vez tentava morder seu pescoço me dava um desespero, um medo descontrolado de perdê-lo. Foi quando o vampiro arremessou-o numa árvore, pude ouvir o barulho de ossos se quebrando, e em seguida partiu para cima dele, pronto para mordê-lo. Meu instinto de salvá-lo falou mais alto, e eu corri em forma humana, com uma velocidade anormal, para cima do lobo. Assim que chego nele, sinto meu corpo começar a arder, mais que quando estou me transformando, e começo a me contorcer no chão. Começo a me entregar à inconsciência enquanto ouço alguém gritando meu nome.

! !

Do nada comecei a reconhecer a voz, era Jake. Que me chacoalhava como se um incêndio estivesse tomando toda a casa.

, acorda, menina, tá na hora da ronda!

— Nossa... — Me sentei na cama silenciosamente, para não acordar Rachel. – Que sonho mais real...

— Acho que era mais um pesadelo, porque você sussurrava coisas como, arde, arde, não, não… muito estranho – ele dizia enquanto íamos até a floresta, eu estava indo de pijama mesmo, assim que voltasse me arrumaria. – Quer me contar o pesadelo?

— Ah, depois eu mostro, é mais fácil.

— Claro, claro. — disse ele. Andamos mais um pouco, até que ficássemos invisíveis para quem olhasse para a floresta. — Então vamos lá, tira a sua roupa e deixa pendurada naquela árvore ali. – Ele apontou pra árvore. — E se transforma, ou se transforma assim mesmo, mas acho que a primeira opção é melhor, pelo menos não explode a roupa... eu vou pra lá. — Ele apontou pra outra árvore, não muito longe da minha, mas escondida o bastante para que nenhum dos dois visse nada. Fui até a “minha” árvore, fiz o que Jake tinha dito e me transformei, até que não foi muito difícil.

? Está aí? – disse Jake dentro da minha cabeça; ainda vou me acostumar com isso, é uma promessa.

— Estou sim, Jake.

? Não te ouço... — Estranho isso. Caminhei até onde Jake disse que iria se transformar. — Como não consigo te ouvir? — Ele estava confuso, e eu também, não era para ele me escutar? Ótimo, além do fato de ser loba, ainda não consigo fazer com que os outros me escutem. Legal, joinha pra mim.

Me concentrei, e meio que “deixei” com que lessem minha mente.

— Jake?

— Agora te ouço, o que fez?

— Ah, só “falei” pra mim mesma que os outros podiam ler a minha mente.

, você é estranha.

— É, eu sei disso... — Suspirei. — Mas e agora, vamos?

— Vamos sim, só temos que esperar a Leah, logo ela chega. — E não demorou muito, em menos de cinco minutos Leah apareceu.

— E aí, Jake – disse uma voz que eu suponho ser da Leah, vi pelos olhos dela que ela já corria, acho que ao nosso encontro. — Quem é ela? – perguntou ela, se referindo a mim.

— Sou irmã dele, , mas me chame de .

— Irmã? Pensei que ele só tivesse duas... — Mais uma confusa, pensei. – Eu ouvi isso – disse ela. Comecei a mostrar a ela toda a história, desde eu ser adotada por Sophie até chegar aqui, depois de semanas. — Estranho isso... Mas tudo bem, vamos logo fazer essa ronda chata. — E do nada ela ficou quieta e voltou a correr, mas dessa vez para outra direção, que eu acho que é o leste, enquanto eu e o Jake íamos para o oeste. Fiquei conversando com o Jake, ele me contava algumas coisas da matilha, como o fato de Paul ser um idiota que só pensa em provocar os outros e ficar dando em cima das garotas e em como o Jared ficava todo bobo quando estava com a Kim, seu imprinting. Ele me contou também que teria uma fogueira no domingo, lá eu poderia conhecer todos os meninos do bando, e que nosso pai aproveitaria a ocasião para me apresentar para todos.

Enquanto conversávamos, percebi que Leah ficava calada o tempo todo. Foi quando vi que, provavelmente sem querer, ela soltou uma lembrança que a deixava muito triste, e que foi isso que a deixou ranzinza desse jeito. Deixei quieto, fingindo que não tinha visto nada, e, quando estávamos terminando a ronda, eu resolvi que ajudaria Leah.

— Leah, você poderia, assim que se transformar de volta, vir até aqui um pouquinho? Queria conversar com você.

— Eu não tenho nada pra conversar com você, garota. — Nessa hora o Jake já havia voltado à forma humana, e estava me esperando em casa.

— Eu só queria conversar... — Ela suspirou derrotada, e me disse que estava vindo. Voltei para a árvore em que tinha pendurado minha roupa e voltei à forma humana, me vesti e mandei Jake entrar, que eu logo entraria também, e esperei Leah chegar ao lugar onde eu estava.


CAPÍTULO 10


— Fala logo o que você quer — disse Leah, assim que chegou perto de mim. Tá, aquela lembrança pode ter sido um dos motivos para deixar ela assim, sentia que ela não era assim um tempo atrás, era como se algo tivesse a deixado assim.

— Queria saber o que te deixou assim, tão ranzinza...

— Não é da sua conta — ela disse, toda grossa. — Afinal, você nunca iria entender mesmo... — Essa parte ela falou baixinho, como se estivesse pensando alto.

Me aproximei dela. — Quem sabe, se você me contar, eu não entenda... — incentivei.

— Você não vai desistir até eu contar, não é?

— Não mesmo.

— Igualzinha ao Jake — suspirou ela.

— Fazer o que né? Meu irmão... — Ela riu baixinho enquanto sentava no chão. Me juntei a ela, sentando ao seu lado.

Ela respirou fundo e ficou olhando pra frente, como se estivesse tendo um flashback.

— Bem, uns anos atrás, eu namorava o Sam. — Choquei. O Sam? Tá, mais tenso do que eu pensei... — Naquela época ele já tinha se transformado, nós éramos um casal feliz, literalmente perfeito. — Ela suspirou, parecia que estava segurando as lágrimas. — Até que minha prima veio fazer uma visita à minha família e Sam teve um imprinting com ela, e tudo acabou. Eu achava que mesmo com o imprinting poderíamos ser felizes juntos, que poderíamos passar por cima disso, mas ele me largou.

“E tem meu pai, que morreu de ataque cardíaco há um mês e meio por causa daquela vampira idiota, sem contar que eu virei esse… monstro. Eu fui a primeira mulher a se transformar nisso, tive que lidar com tudo isso sozinha, mesmo com os outros me ajudando, e ver o Sam pensando na Emily me faz ficar pior ainda, mesmo eu entendendo o imprinting agora, dói tanto... — Nessa hora ela chorava muito, não era mais aquela pessoa mal-humorada de 5 minutos atrás, era apenas uma pessoa frágil que estava sofrendo muito por diversos motivos. Quando dei por mim, já tinha abraçado Leah, que retribuía meu abraço e chorava cada vez mais; acho que ela estava botando pra fora tudo o que não teve coragem de expressar esse tempo todo.

— Sabe, Leah — eu comecei, enquanto passava minha mão no seu cabelo, tentando confortá-la —, não vale a pena sofrer por homem nenhum, eu entendo que isso machuca, mas ficar do jeito que você ficou só vai fazer ele ter certeza que ainda tem um lugar no seu coração, isso só aumenta o ego dele. Tenho certeza que você não quer isso, quer? — perguntei quando ela se afastou.

— Nunca... — me respondeu enquanto eu limpava suas lágrimas.

— Então, que tal levantar essa cabeça e mostrar pra todo mundo que a Leah não se abala com nada? — Ela sorriu. — E quanto à vampira, prometo que vai ter sua vingança. E, sabe, agora você não é a única mulher mais, precisando conversar, nem que seja pra xingar o Sam —, ela gargalhou nessa parte — pode me chamar. E aí, topa voltar a ser a Leah de antes?

Ela levantou, arrumou a roupa e me disse: — Só se for agora. — Sorri com o que ela disse. Ela já não era mais a Leah de alguns minutos atrás, que guardava coisas demais sem nunca conseguir compartilhar isso com ninguém, agora ela era uma pessoa confiante, uma nova Leah.

— Tive uma ideia — eu disse enquanto me levantava também. Tirei a terra do meu shorts e continuei: — Vou fazer compras com a Rachel depois do almoço, tô precisando, sabe, não tenho nenhuma roupa minha aqui, topa ir com a gente?

— Mas, será que sua irmã não vai achar ruim eu ir com vocês?

— Tenho certeza que não, aproveitamos e damos uma repaginada no visual de nós três, que tal, vamos?

— Vamos — ela disse sorrindo.

Então fomos para a minha casa, tínhamos que ver que horas mais ou menos minha irmã pretendia sair, afinal, tínhamos que comer e tomar banho depois dessa ronda. Entramos na minha casinha linda rindo, porque Leah começou a imitar o ronco de seu irmão, que acho que se chamava Seth, enquanto eu imitava o ronco do Jake.

— Não, mas é sério, , o ronco do Seth é muito mais engraçado — disse ela enquanto tentava controlar o riso.

— Se você diz... Eu nunca ouvi seu irmão roncar, só o meu. Mas se for parecido com o barulho que você fez, nossa, é bem pior mesmo. — Minha barriga já estava doendo de tanto rir. Incrível como em tão pouco tempo eu e Leah ficamos tão próximas, mas eu estava gostando, e muito, disso. Foi bom fazer uma amiga que, além de ser super divertida e uma pessoa maravilhosa, me entendia como ninguém.

— Para tudo — disse Jake, ficando na nossa frente. — Quem é você e o que fez com a Leah de hoje de manhã?

— Oi, Jake — disse Leah, sorrindo pra ele. Ele olhou pra mim com aquela cara de: o que você fez? Eu apenas dei os ombros como quem não sabe de nada.

— Leah, fica com o Jake um pouquinho que eu já volto, ok? — Ela assentiu e eu fui procurar a Rachel, ela estava no quarto mexendo no guarda-roupa. — E aí, Rachel?

— Ah, oi, — ela disse sorrindo. — Nossas compras ainda estão de pé?

— Então era sobre isso que eu queria falar com você. Tem problema se a Leah for com a gente?

— Nenhum problema, vai ser até legal, faz tempo que não converso com ela que nem antes. — Sorri.

— E que horas nós vamos?

— Bem, como já está quase na hora do almoço, que tal almoçarmos nós três no shopping?

— Ótima ideia! Vou falar pra Leah. — Saí correndo e fui pra sala, onde a Leah conversava animadamente com o Jake.

— E aí, ? — perguntou Leah.

— Vamos assim que nos arrumarmos, então... Corre, mulher! — Comecei a rir.

— Melhor eu ir mesmo se não to vendo que a me arrasta pelos cabelos.

— Não duvide de mim! — Continuei rindo. Nos despedimos e ela se foi. Assim que fechei a porta, Jake me encarou com um olhar de curiosidade.

— Como que você conseguiu?

— O quê? — Me fingi de desentendida. — Ah! A Leah? Só conversei com ela — respondi enquanto ia para o quarto da Rachel, deixando para trás um Jake de boca aberta.

— Voltei, Rachel.

— Ok, eu já estou pronta, agora eu te deixo o meu guarda-roupa à sua disposição para você escolher o que quiser. — Ela terminou de falar dando uma risadinha leve enquanto saia do quarto, me dando privacidade. Olhei algumas roupas. Escolhi e fui tomar meu banho. Voltei para o quarto e vesti o que tinha escolhido, uma camiseta branca com um coração preto, que parecia estar derretendo, uma calça jeans clara e um all star preto. Sequei meus cabelos e fui pra sala, e pra minha surpresa Leah já estava lá. Será que demorei muito?

— Vamos? — perguntei assim que cheguei à sala. Elas concordaram, nos despedimos de Jake, meu pai deve estar resolvendo aqueles documentos de que me falou ontem... e fomos para Seattle fazer compras.

Nosso dia no shopping foi muito legal, compramos diversas roupas, maquiagens, bolsas, sapatos, tudo e muito mais. Aproveitamos também para comprar meus materiais já que enquanto estávamos no shopping meu pai ligou para Rachel avisando que tinha dado tudo certo e que eu estava matriculada no colégio. Antes de irmos embora paramos numa lanchonete para comer, de novo.

— Então quer dizer que vai estudar com os garotos e a Kim? — começou Leah.

— É, parece que sim... Mas você não estuda lá? — perguntei enquanto tomava meu refrigerante.

— Eu já terminei a escola faz um tempinho. — Tá. Segundo choque do dia. Acabei engasgando.

— Para tudo — Ainda não tinha parado de engasgar. — Como assim?

— Tenho mais de 20 anos já, — ela disse rindo.

— Oh my gosh! — gritei. E elas riram

Continuamos comendo, conversando por mais um tempo, e então voltamos pra casa. Deixamos Leah na casa dela, claro que só a deixamos ir depois que nos prometeu que voltaria para assistir filme com a gente, afinal já era de noite. Assim que chegamos em casa dei um oi pro Billy, Jake já estava roncando no quarto dele, dorminhoco. Vou admitir, também estava cansada, dormi muito tarde ontem e ainda acordei cedo pra caramba hoje.

Fui pro quarto com a Rachel com um monte de sacolas, não estavam nem um pouco pesadas, mas mesmo assim eram muitas. Sinceramente, não sabia onde enfiar tanta coisa, coloquei todas as minhas roupas na minha cama, para organizar direitinho, enquanto Rachel colocava as roupas dentro da sua mala, já que amanhã cedinho ela teria que ir pro aeroporto. No tempo que eu apenas dobrava as roupas Leah já tinha chego aqui em casa, logo eu terminei de dobrar tudo e colocar nas gavetas, claro com Leeh me ajudando óbvio que seria rápido, e fomos assistir filme. Vimos um par de filmes, acho que quando terminamos o último já se passavam das 3 da manhã, como íamos ter ronda as 5, eu e Leah ficamos conversando na sala e vendo um programa qualquer na tv enquanto Rachel foi tirar um cochilo. Logo deu a hora da ronda e lá fomos nós ao trabalho, antes disso Sam passou em casa para levar Rachel para o aeroporto. Nos despedimos com a promessa de que ela voltaria nas férias e aí sim fomos para nossa ronda. Como da ultima vez, ela foi tranquila. Enquanto íamos nos transformar, uma ideia veio na minha cabeça, na verdade uma lembrança do sonho, quando eu corro até o lobo numa velocidade fora do normal.

— Quer ver se é real? — disse Jake após ver o que eu pensava.

— Vão vocês, eu tô cansada, vou dormir porque hoje tem fogueira — disse Leah, antes de voltar à forma humana.

— Quero tentar, Jake. Fica assim, vou voltar pra forma humana. — Dizendo isso, voltei pra árvore onde havia deixado minhas roupas, me transformei e me vesti. Jake me esperava atrás de casa, ainda como lobo. Olhei pra ele e continuei: — Quando eu disser já, ok? — Assentiu com a sua cabeça enorme. Me preparei, respirei fundo. — Já! — gritei e comecei a correr. Saí correndo e ouvi o Jake correr também, logo ele me passou, mas não foi muito. Apertei o passo e logo o alcancei, corremos mais uns metros e depois paramos. Jake foi se transformar e logo voltou.

— Tá, o que foi isso ? - Ele me perguntou surpreso.

— Nem eu sei Jake, nem eu sei. Era pra eu correr rápido desse jeito?

— Que eu saiba não, na forma humana nós somos mais rápidos que o normal, mas não assim. Vamos ter que falar com o Sam sobre isso também. Você é estranha . — Ele riu

— Tinha que ser, né? Irmã de um bobalhão que ronca que nem um porco que nem você... — A cara dele foi hilária, comecei a rir sem parar.

— Ah para vai, eu não ronco que nem um porco. — Ele fez bico

— Ronca sim. — Apertei a boca dele, fazendo o bico ficar parecido com boca de peixe. Gargalhei.

— Ah é? Tá se achando engraçadinha? Vamos ver a engraçadinha agora. — E quando eu menos esperei Jake já havia me colocado em seu ombro e saído correndo comigo gritando, parecia uma patricinha mimada, não quer dizer que eu não seja, mas...

Estávamos rindo enquanto ele corria comigo de ponta cabeça no seu ombro, quando ele parou de repente, e percebi que havia alguém na nossa frente. Jake me colocou no chão no mesmo instante em que viu a pessoa.

— Bella? O que faz aqui? — disse Jake. Então essa era a Bella? Ela era branca, de cabelos castanhos, seu rosto era até que um pouco delicado. Seu corpo, bem, não tem muito o que dizer, só que se ela dobrasse provavelmente quebraria no meio. Mas se o vampiro gosta, quem sou eu para julgá-la? Eu tenho é que julgar o Jake por ter tanto mal gosto. Arg.

Bella olhou pra mim com um olhar um pouco estranho, parecia me analisar, claro, estou de pijama e estou saindo da floresta com um cara lindo e musculoso. Meu irmão é lindo mesmo, qualquer um que não soubesse que eu e Jake somos irmãos, tipo ela, pensaria que estávamos fazendo orgia na floresta. Mas seu olhar tinha um toque de... Ciúmes, eu diria.

— Quem é essa? — Essa seria eu? E esse tom de desprezo? Ai, garotinha abusada.

— Olha como você fala comigo, não sabe do que eu sou capaz — eu disse, já tremendo. Essa garota me deixava sem paciência, mesmo sem a conhecer, só pelo fato do Jake ter me contado o que ela fez com ele há uns meses já dava pra saber um pouquinho do caráter dela.

— Ela é , minha irmã, e eu não vou aceitar que você fale com ela desse jeito, Bella — repreendeu Jake.

— Desculpe, Jake... — disse ela, se fazendo de vítima. Vi meu irmão se derretendo todo. Ai que vontade de arrancar a cabeça dessa vadia. Respira, , respira. Comecei a contar até 10 em português para tentar me acalmar, isso sempre me ajudava, e aos poucos consegui parar o leve tremor em meu copo.

— Mas me diga, Bella, por que está aqui? — perguntou Jake.

— Alice teve uma visão, Victória está fazendo um exército de recém-criados. E, bem, em nome dos Cullen, estou aqui para perguntar se vocês nos ajudam a combatê-lo.

— Certamente que sim, mas isso não é comigo, é com o Sam, vamos lá falar com ele.

— Jake, eu não vou, tudo bem? Estou cansada, vou aproveitar e dormir um pouco antes da fogueira.

— Tudo bem, . Vou aproveitar que vou estar no Sam e falar com ele sobre o que você faz.

— Faça isso, até mais, Jake. — Dei um beijo na bochecha dele e aproveitei pra sussurrar, num tom que ela não ouvisse: — Lembra do que eu falei, ela só está se aproveitando dos seus sentimentos, não se deixe levar. — Ele assentiu e eu fui para casa, quando passei por Bella não aguentei e acabei falando, bem baixo, mas numa altura boa o suficiente para ela e Jake ouvirem: — Uma coisinha que você fizer com o meu irmão, e eu mesma mato você. Posso não gostar de carne crua, mas posso fazer um esforço. — Ri baixinho, e ela me olhou com cara assustada. — Que foi? Integrante mais nova do bando, prazer. — Virei as costas para ela e fui para casa. Como meu pai estava pescando com o Charlie, não havia ninguém em casa, então simplesmente entrei no meu quarto e me joguei na cama, me entregando a inconsciência.


CAPÍTULO 11


Volte pra mim, , por favor, não me abandone agora que eu tenho você. Não faça isso comigo…

, acorde, está quase na hora da fogueira — disse Jake, me acordando. Levantei e passei as mãos no meu cabelo. Sonho estranho... — Sonho de novo? — Assenti, suspirando. — Quer me contar?

— Depois, tenho que me arrumar. Aliás, que horas que é a fogueira?

— Daqui uns 30 minutos. — Desesperei, e agora? Muito pouco tempo.

— Ficou doido, Jake? Cê acha que eu vou me arrumar em meia hora? Ai meu Deus, não vai dar tempo. — Já estava andando de um lado pro outro no me quarto, nada legal de se ver.

— Calma, tá? Não tem que chegar na hora, , se arruma do seu jeito e depois a gente vai, ok? — disse Jake, me segurando pelos ombros. — E para de ficar andando de um lado pro outro, isso me deixa louco. — Rimos e ele me deixou no quarto.

Corri pro banheiro e tomei um banho demorado, afinal, eu tinha dormido desde às 11, até agora. Depois fui pro meu quarto para me trocar, coloquei um vestido tomara-que-caia com várias flores brancas, azuis e verdes, com um cinto bege na cintura, uma tiara de laço bege e uma rasteirinha da mesma cor. Passei uma maquiagem básica, rímel, blush e um brilho clarinho. Sequei meus cabelos, deixando eles soltos, já que estavam curtos demais para prender e pronto, já estou mais que pronta. Fui até a sala, onde Jake me esperava para irmos à fogueira, meu pai foi antes, já que ele era do conselho.

— Aonde você pensa que vai, mocinha? — disse Jake.

— Eu vou pra fogueira, ué, não deveria? — perguntei. Será isso ciúmes? Irmãos tcs tcs.

— Com essa roupa? — Olhei pra mim mesma, procurando algum problema, e só olhei pra ele, como quem dizia: O que tem de errado? — Se você não conhecesse ninguém do bando, iria achar que está tentando impressionar alguém.

— Ah, para com isso, Jake, vamos logo, já estamos atrasados — falei enquanto ia até a porta.

— Ninguém mandou você ficar acordada até tarde depois de dormir até agora pouco.

— Dormir é vida, tá bom? — Mostrei a língua pra ele. Já estávamos andando até a praia, local da fogueira, e quanto mais nos aproximávamos de lá, mais meu coração se apertava, como se eu estivesse atrasada e alguém me esperasse lá. Odeio essas “sensações”, elas sempre conseguem me deixar estranha, de um jeito ou de outro.

— Hey, !

— O quê? Que foi? — Me assustei, eu devo ter ficado muito mergulhada nos meus pensamentos, nem prestei atenção no Jake.

— Nossa, tava aonde?

— Foi mal, eu acabei pensando demais numas coisas...

— Tudo bem, é que eu me senti falando com uma parede... — Ele fez biquinho

— Ownt, que fofo! — Rimos.

— Vem, estamos chegando — ele disse enquanto me levava já na praia, para onde seria a fogueira.

Andamos mais um pouquinho e logo vi uma roda de algumas pessoas, sentadas em troncos, com uma fogueira no meio. Havia algumas pessoas que eu já conhecia, como o Sam, a Emily, meu pai, que estava conversando com um senhor, que pelo que o Jake havia me contado, era o Velho Quil, e Leah. Além dessas pessoas, havia vários garotos, que eu tenho certeza que são do bando. Ótimo, já estou nervosa. Nunca fui muito boa em falar com desconhecidos, homens desconhecidos mais especificamente. Respirei fundo tentando não surtar.

— Ei, ei, tá tudo bem, eles não mordem. — Ele riu.

— Nossa. Muito engraçado você, Jake, você é assim o tempo todo ou só quando tem vontade? — zombei dele, que revirou os olhos.

! — disse Leah quando me viu.

— Oi, Leah! — respondi animada, ela pegou pelo meu braço e me levou até onde estava o bando de garotos, com Jake logo atrás da gente. Assim que chegamos perto dos meninos, eu me escondi atrás do meu irmão, tímida.

— E aí, Jake! — disseram os meninos juntos, parecia até que tinha combinado, muito bonitinho.

— Fala aí, gente — respondeu Jake. — Quero apresentar uma pessoa pra vocês. — Ele me puxou pra frente, para que eu pudesse aparecer. — Essa é a . , esses são Paul, Embry, Quill, Jared e Collin. Sam e Emily você já conhece. — Assenti.

— Olá — disse baixinho, mas aposto que eles ouviram.

— Oi — disseram ao mesmo tempo de novo.

— Aliás, falta um. Onde está o Seth? — perguntou Jake para Leah.

— Está dormindo, aquele preguiçoso. Até tentei acordá-lo, mas sabe como é. Sono de pedra...

— E da onde surgiu esse anjo? — disse o garoto que acho que se chama Embry. Ótimo, mal conheço eles e já descobrem como me fazer ficar envergonhada.

— Verdade, nunca vi mais linda — disse Paul, me deixando mais vermelhinha ainda.

— Ei, deixem a longe do alvo de vocês — disse Jake todo possessivo, rosnando baixinho.

— Calma, Jake, quanto ciúme dela! — disse Leah rindo.

— Ela não é seu... — disse Quill, não terminado a frase, com medo de eu não saber o segredo, creio eu.

— Imprinting? Não, longe disso — completei sua frase, o que fez com que os garotos me olhassem como se eu tivesse falado a pior coisa do mundo. — Calma, eu sei o segredo, ok? Logo irão saber.

Ficamos conversando mais um pouco; eles são muito legais, eram cheios de piadas, o tempo passava rápido com eles ali. Aproveitei o tempo em que meu pai terminava de conversar umas coisas com o pessoal e contei para o Sam, junto com o Jake, sobre as minhas habilidades “estranhas”, como se virar um lobo enorme não fosse suficientemente estranho. Conversei mais um pouco com o pessoal, mas, por mais que eles conseguissem me distrair, o nervosismo de ser apresentada para a tribo e aquela sensação estranha que eu estava tendo desde que acordei para vir à fogueira não tinham me deixado por um minuto sequer. Logo meu pai falou para todos que iríamos começar. Todos foram se sentar em seus devidos lugares. Eu, não sabendo onde sentar, fiquei entre Jake e Leah.

Então meu pai começou a falar, e aí eu soube. Minha nova vida estava realmente começando.


CAPÍTULO 12


Billy se ajeitou na cadeira, suspirou, olhou para mim e Jake, que a essa altura segurava minha mão, prevendo o que estava por vir, e começou a falar.

— Amigos, antes de começar com a nossa reunião de costume, gostaria de dizer algumas palavras. Eu não tenho palavras para descrever este momento de tanta alegria para a minha família. Todos sabem que, alguns anos atrás, minha mulher, Sarah, e eu sofremos um acidente de carro, que me fez ficar nessas cadeiras de rodas e acabou tirando a vida da minha esposa. Mas o que muitos não devem lembrar é que nós não tínhamos três, mas quatro filhos. Minha caçula foi adotada quando tinha quatro anos, por uma pesquisadora que passou uns meses aqui, e como eu não tinha como cuidar dela por conta da minha condição e minhas filhas mais velhas estavam longe, apenas queria o melhor para ela, então eu acabei deixando-a ir. Mas parece que o destino nos deu mais uma chance, e trouxe a nossa de volta, espero que vocês façam com que ela se sinta em casa novamente.

— E como você chegou? Porque, pelo que eu acho, você é menor de idade.

— Bem, isso já é uma longa história... — disse eu. Olhei em volta e, em todos os rostos, o que eu via era a mesma expressão curiosa, me incentivando a falar. Bem, acho que não tenho outra escolha, pensei. Comecei a contar tudo para o pessoal. Demorou um pouco, mas no fim eu consegui contar tudo a eles. Eu só não disse que o Sr. Swan me deu um tiro, nem que Victória havia me atacado, creio eu que isso é assunto apenas para o bando.

Depois da minha longuíssima história, meu pai começou a contar as lendas. Curiosa, escutei todas com muita atenção, afinal, era a primeira vez que eu as ouvia. Cada uma tinha algo de impactante, como a da terceira esposa, que acabou morrendo para ajudar o seu amado. Achei essa atitude uma demonstração de amor verdadeiro muito grande, onde se é capaz de tudo para que seu amor fique à salvo.

Assim que as lendas acabaram, alguns foram comer, outros conversar, ou eram os meninos que ficavam fazendo aposta de quem come mais ou “lutando”. Eu e Leah ficamos só observando aquelas crianças com alturas enormes fazendo bagunça. Sue, como preferiu ser chamada, chamou Leah, e eu fiquei sentada olhando o pessoal. Mas não fiquei só por muito tempo, logo os meninos pararam de badernar e se juntaram a mim.

— Então, — disse Embry. – Como está sendo seu primeiro dia aqui em La Push?

— Ah, eu estou gostando muito, aqui é muito bonito, sabe, pena que eu não me lembre muito... — Sorri.

Fiquei conversando com Embry e os outros, sem nem perceber o tempo passar, quando sinto um cheiro que não pertencia a ninguém que estava no começo da fogueira, ele era amadeirado como o do Jake, só que mais fraco, acho que pela distância em que ele se encontrava, e muito melhor, bem, pra mim. Parei de falar no mesmo instante e fui à procura do dono do cheiro, olhava para todos os lados, mas não conseguia encontrá-lo. Estava distraída à procura desse aroma, quando uma voz nova apareceu:

— E aí, gente, desculpa a demora. — Ouço uma leve risada. — O que eu... Perdi?

— Ah, perdeu as lendas – começou Jake. — E o discurso do Billy sobre... Ah, que droga... — protestou Jake, me tirando do mini transe. Olhei para Jake e percebi que ele olhava na direção da voz, desconhecida até então para mim.

Fiz como Jake e acompanhei o seu olhar. E no instante em que meu olhar encontrou o do “desconhecido”, meu mundo parou, e um milhão de coisas vieram para a minha cabeça ao mesmo tempo.

FlashBack on –

— Oi, qual o seu nome? – pergunto para o menino que está sentado do meu lado.

— Seth — ele responde tímido. — E o seu?

, mas pode me chamar de . — Sorrio pra ele, que retribui.

— E quantos anos você tem? — pergunta Seth.

— Três — respondo, mostrando a quantidade com os dedos. — E você?

— Eu também – ele diz sorrindo.

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Estava em volta da fogueira, brincando com Seth, quando uma mulher muito bonita se aproxima da gente.

— Oi, Seth, quanto tempo, hein? — Ela bagunça seus cabelos enquanto ele ri. — Quem é essa garotinha linda? — Sorrio, tímida.

— Ela é a , minha namorada. — Ele beija minha bochecha, me deixando corada, pega minha mão e sai correndo comigo em volta da fogueira.

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, você não pode ir... — diz Seth, já com os olhos vermelhos por causa das lágrimas.

— Eu não posso ficar... Eu tenho uma nova mamãe agora...

— Mas a minha mãe podia ser a sua mãe também... — ele diz baixinho.

, está na hora de ir! – chama Sophie.

— Tenho que ir, Seth... — digo, segurando minhas lágrimas.

— Não! Você não pode ir! – ele começa a gritar e chorar, fazendo Dona Sue ter que levar ele para dentro de casa.

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“É como a gravidade. Toda a força dela muda. De repente não é mais a terra que te prende aqui, é ela. Você faria qualquer coisa, seria qualquer coisa, que ela precisasse. Um amigo, um irmão, um protetor.”

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— Sinceramente, eu acho que nunca quero ter um imprinting. Não quero ser obrigada e amar uma pessoa...

Flash Back off –

Levantei bruscamente, tentando me livrar desse transe louco, tentei dizer alguma coisa, mas a única coisa que consegui dizer foi seu nome, ao mesmo tempo em que ele dizia o meu. Então ele se lembrou de mim também...

Pisquei algumas vezes, tentando voltar à realidade, e percebo que estamos os dois parados feitos dois loucos, um olhando para o outro, enquanto as pessoas à nossa volta nos observam como se o que estivesse acontecendo fosse algo incrível. Mas, na realidade, o que aconteceu? Concentrei-me, e a única palavra que vem à minha mente me assombra. Imprinting.

Não, não e não, eu não posso ter um imprinting, não agora. A coisa que eu mais temia aconteceu, por quê? Eu não estou pronta para isso, eu não quero ter um imprinting, só a hipótese de amar alguém já me deixava assustada, imagina ser obrigada a isso? Dei um passo para trás, me afastando de Seth, virei-me de costas e me preparei para sair daquele lugar, quando sua voz chamou meu nome.

, espera — disse ele. Respirei fundo, tomei coragem e virei em sua direção. — Você... Você lembrou de mim? — perguntou ele. Em sua voz, a esperança podia ser notada, mas em seu olhar, ela estava totalmente exposta. Percebi que ele não era mais a criança inocente que eu conheci anos atrás, essa criança tinha se tornado um homem, e que homem... ! Não é hora de ficar pensando nessas coisas!”. Respirei fundo, não conseguia dizer nada, minhas palavras simplesmente não saíam da minha boca.

Senti lágrimas se formando nos meus olhos, eu não merecia estar passando por isso, não depois de tudo o que passei para chegar até aqui. Virei de costas novamente e deixei as lágrimas molharem meu rosto. Respirei fundo e saí correndo sem direção, só querendo sair daquele lugar, pedindo com todas as minhas forças que o que aconteceu fosse apenas um sonho. E, antes de sair, disse apenas uma frase, tão baixa que só quem tem a audição apurada poderia escutar.

— Eu nunca esqueci.


CAPÍTULO 13


Corri por algum tempo até chegar em casa, entro no meu quarto batendo a porta e vou logo me jogando na minha cama. Assim que senti o travesseiro contra meu rosto, desisti de tentar segurar e logo comecei a soluçar por causa das lágrimas. Agora vou obrigar Seth a gostar de mim, eu vou ser obrigada a amá-lo. Como vou olhar na cara dele amanhã depois do que fiz hoje saindo correndo daquele jeito? Como eu vou conseguir conversar com ele sem ficar hipnotizada pelo seu olhar?

Fico mais uns minutos aqui, quando ouço alguém entrando apressado em casa; sento-me rapidamente na cama e seco meu rosto, não querendo que, quem quer seja, veja ou me ouça chorar. Logo a porta do meu quarto se abre, e percebo que é Jake. Ele senta ao meu lado.

— Como ele está? — pergunto baixinho.

— Ah, ele ficou muito mal quando você saiu correndo daquele jeito, queria até vir atrás de você, mas não deixamos.

— Eu sou um monstro, só faço os outros sofrerem. Que droga! — Dou um soco no colchão, sentindo os tremores começarem.

— Calma, , você não é nenhum monstro, só está assustada, isso é mais do que normal depois do que aconteceu hoje, e se você não se acalmar é capaz de entrar em fase aqui no quarto — disse Jake, passando as mãos no meu ombro, tentando me acalmar. Respiro fundo algumas vezes e sinto os tremores parando. — Melhorou? — Assenti. — Que bom, achei que iria ter que te jogar lá fora para não explodir o quarto — brincou ele, me fazendo rir. — , me responde uma coisa, o que você disse antes de sair, é verdade?

— Sobre eu nunca ter esquecido Seth? — Jake assentiu. — É verdade, desde que eu me lembro sempre tenho uns sonhos e pesadelos que envolvem ele, no começo era um menino chorando, falando para eu não ir embora, mas nos últimos meses é sempre uma voz pedindo para eu voltar. Foi só vê-lo que eu soube. Era ele o tempo todo — terminei. Suspirei e coloquei minha cabeça no ombro de Jake. — E agora? Como vai ser?

— Como assim?

— Ah, eu queria ter algo normal, se é que o imprinting é normal, né.

— O que é normal pra você?

— Sabe, se for realmente pra ter algo mais... Sério, pra mim, precisa ser amigo primeiro, depois tentar algo a mais... Tendeu?

— Sim... Você é estranha, .

— Por quê?

— Porque você sabe que, uma hora ou outra, vai acabar cedendo ao imprinting, e fica complicando as coisas...

— Eu sei, mas vou tentar fazer com que tudo ocorra normalmente, tudo tem seu tempo. Não precisamos ter pressa.

— Bem, se você pensa assim...

Ficamos conversando por algum tempo sobre o que aconteceu hoje, e acabei pedindo para que ele falasse ao Seth o que eu disse ao Jake sobre não termos pressa. Enquanto conversávamos, ele ficou mexendo no meu cabelo, e, quando mal percebi, me entreguei ao sono.

Acordei com o Jake me chamando, mais chacoalhando, mas tudo bem.

, vamos, acorda, vamos chegar atrasados.

— Só mais cinco minutinhos... — Coloquei a coberta na cabeça.

, já faz mais de meia hora que você falou isso. — Ele tira a minha coberta, e sinto uma brisa gelada me atingir, estranho. — Se você não levantar, eu juro que te pego no colo e você vai pra escola de pijama.

Ouvindo isso, dou um salto para fora da cama e saio correndo para o banheiro.

— Pronto, levantei — digo enquanto corro.

Entro no banheiro que nem uma louca e fecho a porta, mas ao longe ouço Jake gargalhando.

— Isso vai ter troco — falo enquanto ligo o chuveiro e tiro minha roupa.

— Nossa, que medo de você — zomba ele.

— Deveria ter. — Faço uma voz muito sombria, deixando Jake quieto. Dou uma risada e continuo meu banho.

Depois de um tempo saio do chuveiro, me seco e vou enrolada na toalha para o meu quarto. Ainda enrolada, vou até o guarda-roupa e pego uma calça jeans, um all-star preto e uma blusa de moletom com uma careta desenhada. Mesmo depois do banho quente, ainda sinto frio. Estranho.

Troquei de roupa rapidamente, provavelmente já estamos atrasados. Penteei meus cabelos e passei um gloss clarinho, peguei minha mochila e fui para a cozinha tomar café.

— Jake, nós podemos sentir frio?

— Não, , por quê?

— Porque eu tô — assim que me aproximo da cozinha sinto o cheiro dele, o que será que ele está fazendo aqui? — com frio. — Parei um pouco antes de entrar na cozinha, criando coragem para agir o mais natural possível. Respirei fundo e entrei na cozinha, ele estava sentado na mesa, comendo panquecas, enquanto o Jake fazia mais algumas.

— Hum, que cheiro bom — disse enquanto chegava perto de Jake e dava um beijo de bom dia nele.

— Bom dia, Seth. — Sorri.

— Bom dia, . — Ele sorriu de volta. Que sorriso lindo... Tá, se acalme, , sem pressa, só amigos. Estava tudo bem até nossos olhares se encontrarem e eu ficar paralisada, sentia que podia ficar anos ali olhando para ele. Só consigo voltar à realidade quando Jake põe panquecas em outros dois pratos e me chama. Desvio meu olhar do seu e me sento na mesa. Tenho certeza que estou vermelha, ótimo, adoro isso, só que não. Olha de canto para Seth e vejo que ele não está diferente.

Jake só nos observava, sem dizer nada um ao outro. Sem que eu perceba, meu irmão se aproxima e sussurra em meu ouvido, quase que sem emitir som: — Isso vai ser divertido. — Ele fala tão baixo que Seth nem escuta, pois ele continua a comer suas panquecas. Olho para Jacob com um olhar mortal e começo a comer. Como em silêncio enquanto Jake conversa animadamente com Seth.

Terminamos de comer, lavamos a louça e fomos para o colégio. Assim que saímos de casa, senti um vento gelado, e meu corpo tremeu um pouco.

— Com frio? — perguntou Jake. Assenti, fazendo com que ele colocasse o braço em volta do meu ombro, me trazendo para mais perto dele. Logo senti meu corpo esquentar um pouco, mesmo não sendo o suficiente para me esquentar totalmente, ajudou. — Melhor? — Assenti novamente, dando um sorrisinho de lado enquanto Seth nos olhava de canto, calado.

Andamos por mais alguns minutos, até que avistei a escola; ela era pequena, porque o número de alunos na escola é menor, já que apenas quem mora em La Push pode estudar nela, tirando algumas exceções que são aprovadas pelo conselho. Logo avistamos o resto do pessoal, e nos juntamos a eles rapidamente.

— Olá, garotos.

— Oi, — todos responderam juntos, me fazendo rir com a sincronia.

, esta é a Kim — disse Jared, olhando meloso para a garota ao seu lado, que me deu um aceno tímido.

— Olá — disse ela, tímida, antes de voltar a olhar para Jared. Acabei não respondendo, não queria estragar esse momento fofo deles. Apenas sorri para os dois.

Ficamos conversando mais um tempo, até que o sinal bateu e fomos para as nossas respectivas salas. Jake me deixou na porta da minha primeira aula, e com isso o dia foi seguindo. É quando vou para a aula de educação física e vejo Seth que eu me lembro que estamos no mesmo ano, já que temos a mesma idade. As chances de termos aulas juntos eram muito prováveis, como nesse caso. Por sorte a aula foi mista com o pessoal do terceiro ano, série de Jake, que acabou perdendo um ano por causa da sua transformação. Mas, mesmo assim, não consegui me concentrar direito, já que a todo momento meu olhar era atraído para o dele, e em todas as vezes que eu o olhava ele estava fazendo o mesmo comigo. E Jake? Só ria de tudo isso, porque tanto eu quanto ele acabávamos nos distraindo por causa dessa questão. E o meu irmão ingrato sempre dizia a mesma coisa ao passar por mim na aula:

— Isso vai ser divertido, muito divertido.



Estou tomando um banho para poder ir para o colégio. Não consigo tirar da minha mente que eu acabei falando besteira e dizendo, deixando bem claro, que não precisávamos ficar presos um ao outro, ele era livre para fazer o que bem quisesse. Eu sei, faz semanas que tivemos essa conversa, mas não é algo fácil de se tirar da cabeça, ainda mais quando temos uma ligação tão forte. O que poderia me causar sofrimento, já que se ele seguir meu conselho vai acabar ficando com outra garota. Mas eu prefiro assim, o modo de como estamos ligados um ao outro me assusta, mesmo depois de ter digerido parcialmente essa situação.
Sai do banho, depois dessa minha reflexão que já deveria ter acabado há muito tempo, já que estou atrasada. Me sequei e fui, enrolada na toalha, para o meu quarto me trocar.
— Vai logo, ! — Gritou Jake da sala.
— Será que o senhor poderia deixar eu me trocar, por favor? Ou você prefere que eu vá de toalha para a escola? — Respondi, irritada.
— Pouco me importa como você vai, só vamos logo... — Disse Seth com a boca cheia, aposto. Ótimo, agora ele me irritou, quem ele pensa que é? Na minha casa não. Parei na porta do meu quarto e dei meia volta indo para a sala com passos apressados.
Cheguei na sala e os dois estavam comendo enquanto assistiam televisão.
Carram! — Chamei a atenção deles, que me olharam rapidamente — Então quer dizer que eu posso ir assim mesmo que vocês não vão ligar? — Perguntei com um sorriso maroto no rosto. Assim que eles repararam o que eu estava usando Jake arregalou os olhos e já foi se levantando, enquanto Seth estava literalmente de boca aberta passando seus olhos pelo meu corpo.
Tá, eu admito que é provocação, mas eles me irritaram. E eu adoro fazer isso de vez em quando. Principalmente com Seth, faz uns dias que eu sinto que não quero mais ele só como amigo, é incrível como o imprinting age rápido na gente. Mas não está na hora ainda, preciso me contentar com a amizade dele mesmo que eu acabe sofrendo depois. Vou tentar esconder ao máximo o que estou sentindo só que como Jake descobre tudo... É, ele já sabe.
— Vamos sim, , agora vai se trocar por favor. — Disse Jake enquanto me empurrava pelo corredor. Antes de fechar a porta ele sussurra no meu ouvido — Antes que eu tenha que limpar baba de lobo. — Fechei a porta, rindo.
Fui me trocar depois desse pequeno showzinho particular, não conseguia parar de rir, enquanto pegava minha calça jeans habitual, uma camiseta branca com um mustache preto e um agasalho rosa bebê de moletom, ouvia Jake brigando com Seth. Claro que eu amava isso, né? Ainda mais depois que eu entendi meus sentimentos. Depois de me vestir e colocar o meu all star preto que eu amo muito, passei um gloss clarinho, penteei meus cabelos, que já estavam chegando nas minhas costas. Pelo que Leah me falou, que foi uma coisa que ela descobriu sozinha, nosso cabelo pode chegar até um pouquinho antes do meio das costas, o que me deixou muito feliz, poderia ter meus cabelos grandes de novo. Não do tamanho de antes, eles estavam quase encostando no final da minha coluna (vulgo bunda).
Terminei de me arrumar e fui para a sala, onde os meninos já tinham parado de comer e estavam vendo tv de novo.
— Pronto.
— Até que enfim, você demora demais, — Resmungou Jake, enquanto Seth apenas olhava para mim.
— Então, vamos? — Perguntou Seth assim que voltou para a realidade.
— Vamos, já estamos atrasados.
Eles desligaram a tv e saímos de casa, e novamente o frio me toma, tudo isso por quê? Imprinting. Como eu sou uma loba e tecnicamente não precisaria de “proteção”, meu próprio organismo se encarrega disso naturalmente. Fecho minha blusa de frio e me encolho um pouco.
— Com frio? — Perguntou Seth. Assenti. Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, ele já estava com um braço envolto em meu ombro. — Já, já melhora, pequena. — Terminou, me puxando para mais perto dele. Era incrível como ele conseguia me deixar quentinha tão rápido.
Jake, por outro lado, só nos encarava de canto com uma cara travessa, certeza de que ele iria tirar uma com a minha cara depois.
Andamos mais um pouquinho e logo avistamos a escola e o pessoal, nos aproximamos deles, cumprimentamos o povo e ficamos conversando. Nesses tempos, eu acabei fazendo amizade até que rapidamente com a Kim, era muito legal ter uma amiga no meio desse bando de garotos que mais parecem nossos seguranças. Logo o sinal bateu e todos nós fomos para as nossas respectivas aulas. Como meu horário era quase idêntico com o do Seth, acabamos indo juntos para a nossa sala.
Não pude deixar de notar que desde que saímos da minha casa, ele ainda está com o braço no meu ombro, e como isso era tão bom.
Entramos na sala e fomos para os nossos lugares. Logo o professor entrou e começou a aula, que não durou muito, pois, na metade dela, a diretora fez um anúncio geral na escola falando de um baile que aconteceria na semana que vem. Era um baile de máscaras em que as meninas que deveriam convidar os meninos, isso já me deixou preocupada, as chances de Seth ser convidado antes que eu o chamasse eram grandes, já que os meninos fazem um certo sucesso com as meninas na escola. A diretora continuou a falar mais algumas informações sobre o baile, mas eu nem me dei ao trabalho de prestar atenção, já estava pensando em como eu iria, como convidaria Seth para ser meu par e essas coisas. O que está acontecendo comigo? Eu nunca fui assim.
Depois do anúncio da diretora, é obvio que o professor não conseguiu mais dar aula por causa do burburinho da sala. Todos estavam animados para o baile, parece que essas coisas não acontecem sempre por aqui, principalmente as meninas que já faziam planos e mais planos com suas amigas de quem chamar, como se vestir ou com que máscara ir.
Fico conversando com Kim, que por sorte tem aula comigo, enquanto Seth conversa animadamente com Jared.
— Então, , quem vai chamar? — Pergunta Kim, sinto o olhar de Seth em mim, mas disfarço, finjo que não percebi e continuo a conversar com ela.
— Ah, não sei ainda. São tantas opções... — Rimos. Seth fecha a cara. Ponto para mim. — Ta, sério. Estou pensando em chamar uma pessoa, mas tenho que pensar ainda, acho que vou acabar indo sozinha só para causar aquele mistério. — Pisquei para ela. — E você, quem vai chamar?
— Vou chamar o Jared, claro. — Ela riu tímida enquanto eles se olhavam. O amor deles é muito lindo.
Ficamos conversando por mais um tempo até que deu o sinal, arrumei minhas coisas e sai da sala, sendo seguida por Seth.
— Então quer dizer que você pretende ir sozinha ao baile? — Ele disse brincalhão.
— Então quer dizer que você ouve a conversa dos outros?
— Sabe como é, ouvidos de lobo. — Riu. — Mas então, você não respondeu minha pergunta.
— Sim, gosto de deixar um mistério no ar. — Pisquei para ele e depois comecei a rir. Começamos a andar para a outra sala.
— Aposto que eu adivinho quem é você no baile. — Disse ele, todo sedutor. Por que faz isso comigo?
— Será? Eu sou ótima com disfarces — Acabei decidindo entrar no joguinho dele.
— E eu, em acabar com eles. — Disse ele, parando e se aproximando de mim, ficando a centímetros de distância. Ele estava tão perto... Foco, .
— E o que cada um vai ganhar se o outro perder a aposta?
— Segredo — Disse ele, piscando para mim enquanto me deixava na frente da sala.
— Vamos ver quem ganha então. — Pisquei de volta. — Até mais tarde. — Disse, antes de dar um beijo no canto da boca dele. Estou tentando provocar? Nem um pouco. Deixei-o ali parado e entrei na sala. E, como sempre, não consegui me concentrar na aula, muitas incertezas rondavam minha mente ao mesmo tempo.
Só uma coisa é realmente certa ali, esse baile promete.



Saindo do refeitório, enquanto nós íamos para a sala, Jake me puxa pelo braço e me leva para um lugar um pouco mais afastado.
— Que foi, Jake? — Pergunto, sem entender de nada.
— O que você fez com o Seth? Na segunda aula eu tive que empurrá-lo para sala dele, porque ele não saia do lugar.
— Ah... Isso? — Lembrei-me do nosso joguinho de mais cedo. — Segredo. — Terminei, antes de sair rindo e indo de encontro com a Kim, que me esperava para irmos para a aula que tínhamos juntas.

——————————

Hoje eu vou comprar o meu vestido para o baile com a Kim, já que ela é a única que sabe do meu plano, o Seth não conta, nada mais justo do que irmos juntas para Port Angeles. Combinamos de nos encontrar aqui em casa para o Jake nos levar.
Tomei um banho rápido e coloquei minha calça jeans de sempre, uma cacharréu branca, já que tenho frio é melhor não bobear, uma bota preta e fiz uma maquiagem bem leve. Estava penteando meus cabelos quando Kim chegou. Terminei rapidamente e lá fomos nós para Port Angeles.
— Tem certeza de que não quer que eu fique com vocês? — Perguntou Jake pela milionésima vez.
— Sabe que não quero nenhum de vocês bisbilhotando o que vamos comprar, é para ser surpresa. — Respondi. — E, Jake, qualquer um que tentar algo morre, então... Não precisa se preocupar. — Completei.
— Mas...
— Sem mais, Jake, até mais tarde — Me despedi dele com um beijo na bochecha sendo seguida por Kim e lá fomos nós a procura dos nossos vestidos.
Andamos por várias lojas, experimentamos diversos vestidos, mas nada me agradou. Kim já havia comprado seu vestido há tempo e eu não tinha gostado de nenhum. Já estava quase desistindo quando uma loja me chama atenção.
— Tem que ser aqui, senão eu vou com o meu vestido florido mesmo. — Disse enquanto puxava Kim para dentro da loja.
Comecei a experimentar vários vestidos, nenhum ficava bom, isso já estava me frustrando. Até que me surge um vestido definitivamente perfeito, experimento na mesma hora. Assim que olho no espelho, tenho a confirmação, é esse que eu quero.
Saio do provador com um sorriso gigante no rosto, mostro o vestido para Kim e ela tem a mesma reação que eu, o vestido é definitivamente lindo. Vou até o caixa, pago e saímos da loja.
— Aí, até que enfim achamos esse vestido. — Suspiro, cansada.
— Verdade, achei que teríamos que procurar em outro lugar... Já estou cansada de andar.
— Eu também... — Nisso meu estômago ronca, olho no relógio do meu celular, quatro horas da tarde... — Nossa, como tempo passou! O que acha de irmos comer antes de ligarmos para o Jake?
Fomos para o Mc, comemos e ficamos conversando. Kim me contou de como conheceu o Jared e sobre o imprinting, já falei que esses dois são uns fofos, né? Ficamos jogando papo fora por um tempo quando eu senti aquele cheiro extremamente doce chegando até mim.
— Kim, vamos embora. — Disse, já puxando ela para fora do Mc.
— O que houve, ? — Ela perguntou assustada, enquanto eu pegava meu celular e já ligava para o Jake.
— Alô?
— Jake, venha nos buscar rápido!
, o que houve? Você e Kim estão bem?
— Vampiros aqui em Port Angeles. Não sei o que querem, mas assim que senti o cheiro, sai com a Kim do Mc e estamos na rua.
— Ok, nós estamos indo, fiquem em um lugar movimentado. Cuidado.
— Espera, nós? — Mas era tarde demais, ele já havia desligado o telefone.
, é isso mesmo o que eu ouvi? Vampiros aqui? — Perguntou Kim.
— Sim, Kim. Mas não se preocupe, logo os meninos chegam. — Legal, um lugar com bastante movimento, comecei a procurar por todos os lados até que avistei o cinema. Perfeito, pensei. — Vamos ficar na frente do cinema. — Disse levando Kim comigo.
Ficamos sentadas em um banco que tinha lá na frente por alguns minutos até que, não muito tempo depois, vejo o carro do Jake entrar na avenida principal. Aceno com a mão só para ter certeza de que ele já nos viu. Ele para o carro e ele, Jared e Seth — espera Seth? — descem do carro e vem até a nossa direção. Kim corre para os braços de Jared e ele pergunta se a garota está bem.
, tudo bem? — Perguntam Seth e Jacob ao mesmo tempo.
— Estou bem, só estou preocupada com esses vampiros por aqui. — Respondo.
— É isso que nós vamos ver. Jared, leve Kim e para casa eu e Seth vamos ver o que está havendo por aqui.
— Eu não vou, Jake. — Disse. Como se eu não servisse para nada, já estou cansada disso, me tratam como se eu não soubesse de nada.
Jake suspirou.
— Ótimo, como sei que não vou conseguir te convencer mesmo, leve Kim então Jared. — Sorri vitoriosa.
— Kim, será que eu posso deixar o meu vestido com você?
— Claro, , dê ele aqui para mim. — Entreguei a sacola para ela.
— Não deixe nenhum desses bisbilhoteiros ver, hein? Isso vale para você também, Jared. — Rimos.
— Pode deixar, , se eles tentarem ver, eu bato neles com um taco de beisebol.
Depois disso, nos despedimos do casal e fomos para o Mc. Assim que entro na loja, sinto o cheiro doce de novo, mas ele está fraco, o vampiro já deve ter ido embora há algum tempo.
— Esse cheiro não é de nenhum dos Cullen e que eu saiba eles não estão tendo nenhuma visita. Acho que temos um culpado para os desaparecimentos locais. — Disse Jake.

————————————

Depois que Jake contou para o Sam o que havia acontecido, nossas rondas ficaram muito mais rigorosas, sentia que cada pedaço do meu corpo sofria em cada ronda que eu tinha que fazer. Nesses poucos dias que passaram, algumas coisas aconteceram: a perseguição à vampira ruiva, que me atacou meses depois, e eu descobri que não consigo trancar minha mente com toda a facilidade de antes, ou seja, todos sabem o que estou pensando na maioria do tempo.
Mas finalmente chegou o sábado, o dia do baile das máscaras. Nesse dia eu me isolei do mundo para me arrumar, depois da ronda, claro. Expulsei o Jake de casa para que ele não espiasse o que eu iria vestir e contar pro Seth. Jacob acabou descobrindo a nossa pequena aposta enquanto fazíamos ronda, triste realidade.
Já tinha separado tudo, vestido, sapatos, maquiagem, máscara, tudo. Tomei um banho bem demorado, sabe, aqueles que tem direito até a discussão interna sobre as leis do universo e tudo que está nele (n/a: Brizei legal). Já no meu quarto, coloquei o meu vestido tomara que caia meio nude, com uma faixa preta abaixo do busto e com alguns detalhes pretos em forma de folhas. Passei uma sombra preta nos olhos e deixei meus cílios bem curvados e volumosos, passei um pouco de blush e um batom bem vermelho, cor de sangue, sabe.
Fiz um coque desfiado, que desse para colocar a minha máscara, coloquei meus sapatos meia pata pretos, com um laço na parte de trás, também preto, combinando com o laço do vestido. Por fim, coloquei a minha máscara branca com detalhes pretos, aproveitei que a máscara era de amarrar e terminei de prender o coque nela, assim quando eu tirasse, meu cabelo estaria livre.. Me olhei no espelho e não acreditei no que vi, que eu conhecia não estava mais lá, estava irreconhecível. Passei perfume, para tentar disfarçar o meu cheiro, ser descoberta não é o meu objetivo hoje, não mesmo.
Respirei fundo, tomando coragem. Apaguei todas as luzes, deixando a sala acesa, meu pai estava na reunião do conselho então não demoraria a voltar. Peguei minha bolsa de mão que estava com o meu celular apenas e sai de casa, rumo ao baile que com certeza não vou esquecer tão cedo.





Saí de casa e fui andando até a escola. Hoje a noite estava definitivamente linda, sem nuvens no céu, com uma lua linda e banhada de estrelas. No caminho fui pensando nesse tempo que passou como em pouquíssimos meses tudo mudou na minha vida. Não podia deixar de notar o quanto minhas mãos estavam levemente geladas e úmidas, decorrente do nervosismo. Em um movimento rápido, assim que avisto a escola, passo as mãos no vestido e respiro fundo, dando um mais um passo em direção ao prédio.
Conforme me aproximo cada vez mais da escola, percebo vários carros no estacionamento do colégio, o pessoal daqui deve amar uma festa. Parei por um instante. É agora, penso. Tomei o último fragmento de coragem que me restava e entrei no salão, respirando fundo e tentando acalmar meu coração e entro no local. Começo a procurar Kim por todos os lados, até que a encontrei, por sorte Jared não estava com estava com ela.
— Kim! Como você está linda! — Disse assim que cheguei até ela, fazendo a garota dar um leve pulinho na cadeira em que estava.
? É você? — Ela perguntou. Assenti. — Menina, você está irreconhecível, hein. — Comentou enquanto observava minha roupa.
— Será que funciona com os meninos?
— Certeza que sim. — Sua fala é confiante, mal parece que não sabe que temos o olfato apurado. — Que tal testar agora? — Ela complementa um pouco mais baixo, apontando a cabeça para Jared, que estava vindo para a nossa direção.
— Oi, amor — Jared a cumprimenta dando um selinho na Kim. Assim que se separaram, ele olhou para mim. — E qual o nome da sua amiga? — Perguntou ele, me analisando.
— Sou Carol — Disse sorrindo.
— Carol é? — Legal, ele está desconfiado — Não te conheço de algum lugar?
— Acho que não... Deve ser mera coincidência...
— Sério, você me lembra muito uma amiga minha...
— Que amiga, Jared? — Kim disse com um ar falso de ciúmes. Kim, sua linda, nota mental, agradecer a ela por isso.
— A , você não acha a Carol parecida?
— Nem um pouco... — Depois disso o Jared aceitou... Acho. Logo fomos para uma mesa e ficamos conversando lá, durante um tempo.
Já estava angustiada, nada dos meninos, vulgo Seth, chegarem. Continuo a procurar pelo salão quando vejo um grupo de gigantes entrarem. Sinto meu coração quase sair pela boca quando vejo Seth entrando. Ele está definitivamente lindo, com uma camisa social branca com dois botões abertos, dando um ar mais sensual, calça jeans, tênis e um blazer preto. Ele estava com uma máscara do fantasma da ópera. É hoje que eu morro do coração. Percebo que Seth está olhando para todos os lados... Yes, ele não me viu, meu plano segue um sucesso, por enquanto. Quando vejo eles vindo até nossa mesa, sinto meu coração errar uma batida e minhas mãos voltam a suar como antes.
— E ai, gente! — Cumprimentou Jared. Os meninos fizeram o mesmo. Me apresentei como Carol quando eles vieram me cumprimentar. Jake ficou olhando para mim com uma cara de quem diz te peguei. Legal, ele já sabe, se contar para os meninos eu mato esse cachorro. Os meninos ficaram conversando sobre a ronda e essas coisas, com um tom de voz muito baixo, achando que eu não estaria ouvindo. Bobinhos. Fico conversando com a Kim por um longo tempo e percebo que Seth vivia olhando para mim. Será que ele me descobriu?
Começa a tocar umas músicas super animadas, vejo Jake, Seth e Embry indo dançar. Logo Seth está se esfregando numa piranha, ou melhor, ela está se esfregando nele porque o garoto estava tentando se livrar da vadia de todas as formas. Nesse momento preciso controlar um leve tremor que passa por meu corpo, o ciúme falando alto, não penso duas vezes. Puxo Kim para a pista de dança e ficamos dançando por um longo tempo, ignorando, ou tentando, a presença de Seth na pista de dança, tão perto, mas tão longe ao mesmo tempo de mim.
— Amiga, estou cansada de dançar — Kim se abana e solta um sorriso nasalado quando percebe que eu nem estou cansada. — Vou sentar um pouco, ok?
— Tudo bem, vai lá, Kim. — Me despedi dela e fui para o interior da pista.
Fico dançando sozinha na pista, nunca falei, mas eu amo festas, principalmente as animadas. Olho para a direção de Seth e noto que ele olha na minha direção. Hora de provocar, penso.


I'm bringing sexy back

The other boys don't know how to act

I think you're special, what's behind your back?

So turn around and I'll pick up the slack

Começo a dançar, olhando fixamente para Seth, que já havia retirado a máscara há tempo, balançando meus quadris de um lado para o outro. Ele volta para a mesa, tira o Blazer e volta para a pista, dessa vez mais perto de mim.

Dirty babe
You see these shackles
Baby I'm your slave
I'll let you whip me if I misbehave
It's just that no one makes me feel this way

Ele abre mais um botão da camisa, se aproxima mais e começa a dançar também. Fecho meus olhos e começo a dançar como se ele não estivesse ali. Sinto ele se aproximar mais. Não sei como não morri ainda, meu coração está mais acelerado que não sei o quê. Ele coloca a mão na minha cintura e me puxa para trás, colando nossos corpos.

Come here girl (go head, be gone with it)
Come to the back (go head, be gone with it)
VIP (go head, be gone with it)
Drinks on me (go head, be gone with it)
Let me see what you twerking with (go head, be gone whit it)
Look at those hips! (go head, be gone with it)
You make me smile (go head, be gone with it)
Go ahead child (go head, be gone with it)
And get your sexy on (go head, be gone whit it)
Get your sexy on (go head, be gone with it)

Começamos a dançar juntos, a cada segundo da música ficávamos mais próximos. Não estou mais conseguindo me segurar, vou acabar perdendo o controle. Começo a rebolar, aproveitando o pouco espaço que temos nos separando. Ele aperta mais a minha cintura. Ótimo, está funcionando. Ficamos assim até o final da música. Quando ela acaba, uma das minhas músicas preferidas começa a tocar. Me separo dele rapidamente, antes que eu faça alguma besteira, e volto a dançar.
Olho na direção de onde Seth estava e não o encontro. Fecho os olhos e me entrego a música, dançando de um lado para o outro. Não ligo se estou dançando bem ou mal, apenas danço como se fosse o último segundo da minha vida.
Sinto uma aproximação e abro meus olhos. La está ele de novo, dançando de frente para mim, só que bem mais próximo agora.
— Você por acaso não viu a ? — Pergunta ele com um ar sedutor, se aproximando mais.
— Não.. — Tento fingir que não sei do que ele está falando, minha voz quase sem som por causa da nossa proximidade. — Nunca ouvi falar.
— Será? — Ele coloca uma das mãos na minha cintura. A outra foi indo em direção a minha máscara, puxando-a para trás. Ele a deixa cair, me revelando, deixando sua mão na minha nuca. — Achei. — Ele diz antes de puxar minha nuca levemente ao seu encontro e acabar com a distância que nos restava, colando nossos lábios.
No momento em que nossas bocas se encontram, sinto como se todo o meu corpo estivesse ansiando por esse momento. Sinto um arrepio em minha coluna, que faz com que meus braços envolvam seu pescoço à medida que sua mão sai de minha nuca e descendo até minha cintura. Começo a mexer em seus cabelos curtos com minhas mãos, sentindo-o suspirar conforme me beija, aprofundando o beijo. Ele intensificou o beijo forçando minha boca para que sua língua a invadisse. Nós nos beijávamos com força, sentia meu ar acabando rapidamente. Eu não queria que aquele momento acabasse, era como se apenas nós dois existíssemos naquele lugar. Aos poucos nosso ar se esgota e o beijo se torna mais lento até que nos separamos. Seth colou sua testa na minha e ficamos assim um olhando para o outro, ofegantes.





Seth olha para os lados se certificando de alguma coisa.
— Vem — Ele disse antes de me puxar.
— Para onde você está me levando? — Perguntei, não recebendo respostas.
Ele me leva para um lugar menos movimentado do salão, me prensa na parede e voltamos a nos beijar, seu beijo é definitivamente muito bom, é viciante, hipnotizante. Ficamos nos curtindo ali por um bom tempo até que as pessoas começaram a ir para as suas casas. Os meninos já tinham ido também, então decidimos ir. Seth pegou o blazer que estava na mesa, eu peguei minha bolsa, ele insistiu em me deixar em casa. Assim que saímos da escola ele pegou a minha mão e entrelaçou nossos dedos. Fomos caminhando lentamente até a minha casa, no caminho até lá, Seth ficava brincando com nossos dedos.
— Bem, está entregue. — Disse ele quando paramos na frente de casa.
— Obrigado por me trazer aqui, Seth — Agradeci tímida. Por que eu estou tímida? Argh. Fiz menção de me afastar, mas ele foi mais rápido, pegou na minha cintura me puxando e colando nossos lábios em um beijo lento. Assim que nos separamos dei um selinho demorado nele e me afastei indo em direção à porta de casa. Dei uma última virada dando um pequeno aceno respondido com um sorriso e entrei em casa.

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Acordei na manhã seguinte me sentindo estranha. Fui tomar meu banho e várias perguntas começaram a surgir na minha cabeça, me deixando ainda mais confusa, se é que isso era possível. O que eu acabei fazendo ontem? Perdi totalmente o meu controle e fiz besteira, não era a hora ainda. Me deixei levar pelo imprinting. E agora, o que eu faço? Acho que o jeito é falar com Seth. Mas como eu vou fazer isso sem magoá-lo? Começo a pensar em vários jeitos de como dizer pra ele que não estou pronta e todos me parecem ridículos. Desde quando você ficou tão patética, ?
Saio do banho e vou para o meu quarto para trocar de roupa. Opto por uma regata e uma calça de moletom; pretendo ficar em casa hoje. Aproveito minha folguinha e decido que está é a hora perfeita para conversar com ele. Pego meu celular e mando uma mensagem para Seth.
“Seth... Precisamos conversar.”
Ele me responde rapidamente
“Sabia que isso acabaria acontecendo... :/ Tem alguém na sua casa?” — Pergunta. Aguço minha audição para ver se tem alguém em casa. Está vazia.
“Não, estou sozinha.” — Respondo.
“Então abre a janela que eu estou chegando aí” — Ele terminou. Qual o problema dessas pessoas usarem a porta? Nunca vou entender.
Vou até a janela e a deixo aberta. Sinto um vento gelado entrar pelo meu quarto. Pego uma blusa de moletom no meu guarda-roupa e coloco. Assim que fecho a porta dele, sinto o cheiro de Seth e ao olhar para a janela, o vejo entrando por ela. Ele está com uma regata branca e uma bermuda surrada.
— Oi... — Disse apenas. Não conseguia olhar para ele, eu só não iria aguentar vê-lo magoado. Droga de imprinting.
— Oi — Ele respondeu — Então... O que você quer me dizer? — Perguntou ele. — Apesar de eu já ter uma ideia do que seja. — Ele completou um pouco mais baixo.
— E o que você acha que eu vou falar? — Perguntei.
— Que o que nós fizemos foi um erro, que você não queria ter feito aquilo, que foi só do momento. Essas coisas. — Ele me respondeu de cabeça baixa, colocando as mão nos bolsos da bermuda.
— Seth, se eu não quisesse te beijar eu não teria te beijado. — Me defendi, fazendo com que ele levantasse a cabeça.
— Então para que tudo isso, ? Me diz, para que dificultar as coisas assim?
— Porque nós fomos levados pelo imprinting, não pelos nossos próprios sentimentos. — Ele fechou a cara, ótimo além de magoá-lo, o deixei irritado.
— Você acha que só o imprinting leva as pessoas a gostarem umas das outras? Você está totalmente enganada. Mas não adianta né, você não consegue aceitar o nosso imprinting. — Ele disse exaltado.
— O que eu não aceito é o fato de uma coisa de lobo nos obrigar a gostar de alguém. Eu nunca consegui passar da amizade com nenhum menino, eu sempre me sentia culpada, como se eu estivesse traindo alguém. Sempre que eu tentava, eu acabava mal. E agora eu sei que tudo isso foi por causa desse imprinting idiota e dessa obrigação idiota. — Disse também exaltada.
— Você faz tudo isso por obrigação? Então o que sentimos é totalmente diferente, sabe por quê? Desde que você foi embora, há mais de dez anos, eu nunca esqueci você. Nunca consegui deixar de lembrar da garotinha que, desde pequeno, entreguei meu coração. Quando você foi embora, levou consigo o meu coração, , levou com você a minha capacidade de amar alguma garota como mais que amiga, mais que irmã. E quando você voltou eu senti que poderia amar alguém de novo. Mas parece que eu estava errado, não é? — Ele jogou tudo, assim na minha cara, de uma vez. — Só me responde uma coisa bem simples. Você quer que eu saia da sua vida?
— O quê?
— É isso que você ouviu. Por mais que me doa dizer isso, por mais que eu vá sofrer, faço de tudo para ver você feliz. Não posso forçar ninguém a ter os mesmos sentimentos que eu. — Disse ele, seco. — Então, me responde de uma vez por todas. Quer que eu saia de uma vez da sua vida? — Como ele teve a coragem que me dizer isso? Eu não... Eu não vou conseguir suportar, mas se eu não fizer isso é capaz de eu ser levada de novo pelo imprinting...
— Quero. — Disse. Abaixei minha cabeça para que eu não tivesse como encará-lo. Parecia que nesse momento sentia meu coração se apertar como se uma parte dele tivesse sido arrancada.
— Ótimo — Ele disse apenas. Se virou para a janela, a mesma que ele havia entrado e começou a sair. Antes de sair totalmente ele se curva na minha direção e diz as palavras que fizeram com que as lagrimas que eu segurava a tempo começassem a molhar meu rosto. — Espero que você encontre alguém que você possa amar e que ele ame na mesma proporção que... — Ele suspira. — Na mesma proporção que eu amo você. — E se foi.
Sinto meu corpo levar um baque, como se eu tivesse levado vários tiros e não me aguentasse mais em pé. Começo a soluçar por conta das lágrimas.
— Que droga! — Grito, socando a porta do meu guarda-roupa que, por sorte, não se quebra. Caio de joelhos e me entrego totalmente às lágrimas. — Como você é idiota, . — Fico chorando por um bom tempo. Percebo Jake chegando da sua ronda.
! — Ele me chama, mas não respondo. — , se você não abrir a porta eu arrombo.
— Me deixa em paz, Jacob. — Grito em meio a lágrimas. Ele bate mais umas vezes na porta depois desiste. Depois de um tempo meus soluços vão sessando. Deito na minha cama e assim fico. Fecho meus olhos, pedindo para que quando eu os abra novamente, acordasse desse pesadelo e tudo voltasse a ser como antes. Mas é claro que isso não vai acontecer. Acabo dormindo depois de muito tempo, em meio a lágrimas com as frases que Seth disse para mim rondando a minha cabeça.
“você foi embora, levou consigo o meu coração”
“Você quer que eu saia da sua vida? - Quero”
“Na mesma proporção que eu amo você”
É, eu sou mesmo, uma idiota.



Continua...


Nota da autora: Sem nota.


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