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Revisada por: Saturno 🪐

Última Atualização: 07/03/2025.



— James e Lily foram assassinados. — Foi Lupin quem me deu a notícia. Senti meu coração perder uma batida. O ar saiu de meus pulmões em uma lufada forte, quase dolorida.
James e Lily estão mortos.
Meus amigos estão mortos.
Cambaleei, sentindo a pressão baixar, e Remus me segurou pelos ombros, enquanto eu perdia meus olhos em algum ponto sem foco. As lágrimas surgiram, queimando à medida que senti as mãos dele apertarem meus ombros com certa ternura. Lupin sempre foi gentil demais comigo, mesmo quando eu não merecia.
, sei que agora não é o momento, mas você sabe o que isso significa, certo?
Eu ainda estava petrificada de terror, não conseguia assimilar a verdade daquela a notícia que ainda ecoava em minha mente sem fazer o real sentido, como se ainda não tivesse entendido o que realmente tivesse acontecido, ou que aquilo fosse uma brincadeira de mau gosto de Remus. Ele era um Maroto afinal de contas, não era?
. — Os olhos cansados de Lupin baixaram até a altura dos meus. Seus olhos também estavam marejados, suas lindas cicatrizes beijavam seu rosto do jeito que eu sempre amava. — , você sabe o que isto significa?
— Ahn? — Mesmo assim, eu ainda estava aturdida demais para conseguir assimilar a urgência do que ele queria me dizer.
, meu amor, Almofadinhas traiu Pontas. Era ele que guardava o segredo. Lily e James foram encontrados porque ele contou.
A menção dos seus apelidos me fez finalmente acordar. Meu peito arfava com tanta força que doía, as lágrimas correram por meu rosto no momento em que ele me puxou para um abraço.
Não havia abraço no mundo que pudesse reconfortar o sentimento que nós sentíamos naquele momento, ainda assim, ficamos abraçados por alguns segundos antes que eu quebrasse a conexão.
— Harry? — perguntei, minha voz falhando em desespero pensando no pequeno.
— Ele sobreviveu. Está com Dumbledore — ele afirmou com segurança, me fazendo alisar a barriga em um suspiro aliviado.
— Eu preciso ir atrás da — afirmei, a sobriedade da nova informação me trazendo de volta ao mundo real de vez. — E se ela estiver com Almofadinhas?
— Por Merlin, você tem razão. Mas não posso te deixar sair assim.
— Remus, minha irmã...
— Você está gravida, . Não posso deixá-la ir desse jeito. — Às vezes a doçura de Remus me irritava e aquilo me fazia querer rir, porque ninguém em sã consciência ficaria irritado com um homem gentil como ele.
— Aluado, estamos falando da minha irmã gêmea, eu iria até o fim do mundo por ela.
— Por favor, , não me faça brigar com você agora. Eu preciso que fique bem.
— Eu vou ficar bem... Quando estiver com a minha irmã. — Era nítido que ele estava irritado comigo, com a minha teimosia. Passou as mãos pelo rosto e jogou os cabelos para trás.
, não faça isso comigo — pediu ele, temeroso, vindo até mim e afagando os meus cabelos. Seu toque era quente, quase febril. — Já perdi James e Lily hoje, não me faça abrir mão de você e do nosso bebê também. Fique aqui com Silver Springs.
A simples menção do nome fez Silver erguer as orelhas em curiosidade. O lobo gigante descansava a cabeça em suas patas dianteiras, porém os olhos cinzentos não desgrudavam de nós dois.
— Ah, sim, eles eram meus amigos também e minha irmã pode estar correndo o mesmo perigo. Você quer que eu fique aqui parada esperando? — Minha voz saiu mais alta do que eu pretendia, e Remus deu um passo para trás.
— Eu não vou te perder também. — Ele foi incisivo na decisão, não querendo dar abertura para uma discussão maior, mas era a deixa que eu precisava:
— Ótimo, então venha comigo e me ajude.
Segurei um sorriso, sabendo que tinha ganhado aquela discussão. Ele suspirou derrotado, levando as duas mãos até minha barriga espichada.
...
— Eu vou com ou sem você, Lupin.
Ele voltou a me olhar com aqueles lindos olhos castanho-claros. Levei minha mão até a sua nuca e colei nossas testas, fechando os olhos, sentindo seu cheiro me preenchendo. Suas mãos saíram da minha barriga e foram para minhas mãos, ele as uniu em sua frente e beijou meus dedos.
— Eu não sei viver sem você, garota lobo.
A simples menção do meu apelido secreto me desmontou. Ele tentou jogar baixo tentando me convencer a não ir.
— Eu te amo, Aluado. — Acariciei seu rosto, o vendo fechar os olhos docemente. — Mas precisa de mim.
Antes que ele me desse alguma resposta, ouvimos um estalo seco vindo do quarto da bebê. Poucas eram as pessoas que podiam aparatar em nossa casa, mesmo assim, Almofadinhas era uma dessas pessoas. Retirei minha varinha do bolso e Remus empunhou sua varinha também.

estava ajoelhada no chão, seu choro fez meu coração doer e me ajoelhei ao seu lado com certa dificuldade. Seu choro preencheu o ambiente quando ela apoiou sua cabeça em meu ombro. Acariciei seus cabelos macios, enquanto Remus se abaixava do outro lado. Toda nossa discussão foi por água abaixo quando vimos o motivo dela bem ali. Ele acariciou suas costas, enquanto ela ainda se debulhava em lágrimas.
... — Tentei iniciar, mas minha voz estava tão embargada que eu mal conseguia formar as palavras.
— Não foi ele, . Não foi ele!
— Do que você está falando, ? — Remus perguntou, com a voz tão suave e calma que eu tinha minhas dúvidas se ele realmente tinha entendido o que ela havia dito.
— Sirius! Não foi ele que traiu James. — Ela levantou o rosto para nos olhar, os olhos estavam manchados de preto onde as lágrimas escorriam por conta do rímel que usava.
— Quem te disse isso? — perguntou Remus, ainda com a calma de quem tinha tomado um chá de cannabis sativa.
— Ele me disse. Agora mesmo.
! Pelos deuses, você foi atrás dele? — E eu preocupada com a cadela!
— É claro que eu fui, . Você não iria se fosse Remus? — perguntou ela, mais grosseira do que eu estava acostumada. normalmente era a gêmea tranquila quando comparada a mim, era o oposto de Sirius Black. Assim como eu era o oposto de Remus Lupin. E, de alguma maneira, isso dava certo.
Fiquei quieta, todos os presentes no recinto sabiam que eu teria feito o mesmo pelo homem que eu amava.
— Você acredita nele, ? — Lupin perguntou sério. Ele estava de cócoras, com a mão apoiada no ombro de minha irmã, suas sobrancelhas tinham uma ruga de preocupação entre elas, seus olhos correram do rosto dela para o meu e eu o encarei sem saber o que dizer. Limpei meu rosto das lágrimas.
— Acredito, Remus, não foi ele, ele... Ele disse que convenceu James no último instante a colocar Peter como o fiel do segredo.
Remus ficou em silêncio, sua mente provavelmente estava em parafuso como a minha.
Peter?
Peter tinha feito aquilo? O garoto que só queria se encaixar? Peter não fazia mal a uma mosca, era mole demais, não tinha culhão...
Espera.
Era isso! Ele realmente não tinha coragem para nada, como iria manter um segredo se Lord Voldemort o torturasse?
Sirius era corajoso o bastante para enfrentar qualquer um por seus amigos. Sirius tinha muito a perder, seus amigos, seu afilhado, sua noiva... Sirius enfrentaria qualquer um pela minha irmã, assim como já tinha feito antes.
Mas... Peter? Peter só ia de acordo com o que a maré lhe oferecia.
A questão é: Por que Sirius convenceria James de algo assim? Trocar o fiel do segredo era arriscado demais.
Olhei para minha irmã, desesperada, desolada e completamente perdida, depois olhei para Remus, seus olhos preocupados não saíam do meu rosto, como se tentasse encontrar a resposta em mim.
, temos que pensar por um instante, se o que ele diz é verdade... Então temos muito o que fazer — meu noivo disse, se levantando devagar. Ajudou ela a se levantar primeiro e depois veio ao meu lado, me erguendo com cuidado. — Vamos lá na cozinha, assim eu faço um chá e a gente conversa com calma.

Durante meu percurso até a cozinha, acompanhada de minha irmã gêmea de coração partido e do homem que fazia as borboletas do meu estômago voarem alto, me lembrei dos momentos incríveis que passei ao lado daqueles dois em Hogwarts, de como as coisas eram divertidas e leves, de como tudo era simples e, mesmo com problemas familiares, quando estávamos todos juntos, tudo era deixado para trás e apenas nós existíamos, os Marotos e as gêmeas Stark.





— Da família Black, temos os jovens senhores Sirius e Regulus. — Consegui observar, pelo canto dos olhos, os dois irmãos descendo a escadaria.
— Pelos Deuses, que coisa estúpida — , minha irmã gêmea, gemeu desdenhosa, enquanto íamos na direção da escararia com nosso irmão mais velho no meio.
— Se você acha estúpido, imagine eu, que tenho que sair com uma pretendente daqui hoje — Brandon murmurou entredentes. — Vocês, pelo menos, só precisam encantar uns idiotas... Pai disse que preciso de uma noiva.
— Isso é ridículo, Bram, você já tem namorada — argumentei assustada. Melody era uma moça adorável, porém não tinha certeza se o relacionamento deles ia durar diante da distância que tínhamos do nosso verdadeiro lar ao norte. E, claro, ao possível noivado que meu irmão poderia encontrar hoje.
— É, eu tenho... Mas é mestiça e eu sou o primogênito.
Eu podia ver o olhar triste dele, porém ele logo retirou aquilo da cabeça quando chegou a nossa vez de descer a escadaria. Estávamos em um jantar de gala para famílias puro-sangue, um local onde os nobres olhavam para as filhas de outros nobres para ver se elas tinham o que era preciso para fazer seu filho mimado feliz.
— Brandon Stark e suas irmãs gêmeas, e — Bram disse ao lacaio que estava no canto.
Iniciamos nossa descida com calma, enganchei meu braço no braço de Bram, enquanto fazia o mesmo. Notei os olhares sobre nós, haviam umas cinquenta pessoas no grande salão, dava para ver os grupinhos de cada família reunidos, cochichando fofocas, julgando nossas roupas e talvez até histórias de nossa família.
Espiei e ela estava com o ar nítido de nojo, narinas infladas, queixo erguido e boca crispada. ela tinha nojo daquelas pessoas, nojo daquela situação e nojo de toda aquela soberba dourada ridícula.
Eu a entendia, sabia que estávamos como dois pedaços de carne ambulante, esperando o primeiro garanhão surgir no horizonte para pedir nossa mão em casamento, mas aquilo não me deixava irritada, me deixava com pena daquelas pobres almas que nunca teriam um amor de verdade para chamar de seu.
— Da família Stark, temos o primogênito Brandon e suas irmãs gêmeas, e — o lacaio berrou quando estávamos mais ou menos no meio da escadaria. Os dois irmãos que haviam acabado de descer ainda estavam próximos do pé da escada, os pais davam total atenção ao mais baixo e o mais alto nos observava descer com os olhos perigosamente negros, alternando entre mim e com a boca ligeiramente aberta.
Ele era bonito, não tinha como negar, tinha cabelos compridos tão negros quanto os olhos e usava uma roupa de gala também negra. Na verdade, toda a família usava, como se Black fosse além de apenas um nome.
Chegamos ao fim da escadaria e tive que me espremer um pouco para não esbarrar nele, que não foi capaz de mover um músculo quando passamos. Seguimos até nossa família, que estava ligeiramente mais afastada dali, se entrosando com uma família de cabelos platinados.
— Será que são os descendentes dos Targaryen? — perguntou debochada, já que ela sabia que a família havia sido extinta e, pior, nossa família era o motivo da extinção deles.
! — a censurei, e Bram segurou o riso ainda entre nós.
— Queridos, vocês estavam lindos! — nossa mãe disse animada. Ela usava um belo vestido azul escuro, e meu pai usava um terno preto, com a gravata da mesma cor do vestido de nossa mãe.
— Obrigada, mãe — respondi, e ficou em silêncio. Bram desencaixou nossos braços e foi até nosso pai, que o chamava com a mão.
— Queridas, essa é Madame Malfoy e seu filho, Lucius.
Eu e apenas abaixamos as cabeças em uma reverência cortês.
— Sou e essa é minha irmã, . — Eu sempre era a que falava nessas horas. sabia ser um pouco... Afiada demais, o que deixava mamãe irritada e acabava sobrado para mim.
Lucius era bonito, devia ter a idade de Bram, o que me deixava um pouco preocupada com a parte de que se Bram estava procurando uma noiva, Lucius também podia estar.
Segurei a mão de , a apertando com força.
— É um prazer conhecer vocês, mas eu e precisamos fugir rapidinho, ficamos tempo demais na fila da escadaria, se é que me entendem... — Tentei soar engraçadinha, e eles sorriram, caindo no meu papinho. Uau, Lucius tinha um sorriso bonito, mas não deixei aquilo me abalar muito.
Saímos dali rápido.
Ela me puxou para uma sacada e encostou as portas atrás de nós.
A sacada era enorme e bonita, feita de pedras de ardósia e o parapeito era de pedras esculpidas belíssimas. Nas paredes em volta da porta, havia trepadeiras com belas flores roxas.
Fomos até o parapeito e olhamos os jardins lá de cima, com um belo chafariz no formato de uma serpente esguichando água pela boca aberta com dentes afiados.
— Uau. — Deixei escapar. — Esse jardim é incrível.
murmurou um “uhum” desatento.
Havia tantos canteiros de flores coloridas que era difícil não ficar encantada, a grama estava bem aparada e parecia ter a textura muito fofa. Havia caminhos feitos de lajotas hexagonais e alguns bancos de madeira para descanso.
retirou um cigarro do decote e esticou a mão para mim.
— O que foi? — perguntei distraída com a paisagem.
— Eu preciso de fogo. — Indicou o cigarro na boca.
— Eu não tenho fogo — falei, como se fosse óbvio.
— Eu te dei um isqueiro antes de virmos, .
— Eu dei para Bram colocar no bolso do paletó como qualquer mulher faria.
— Por que fez isso? — ela bufou irritada.
— Você queria que eu enfiasse no meio dos peitos igual a você?!
— É claro! Qual a dificuldade? Você sabia que estaríamos sem varinhas!
, você sabe muito bem...
Fomos interrompidas por alguém entrando na sacada também. Fechou a porta com um baque alto. Virei meu corpo para ver quem era e notei que era um dos irmãos Black, o que estava nos olhando descer a escadaria.
Ele não pareceu notar nossa presença de primeira. Acendeu um cigarro e tragou de olhos fechados. Pelo Deuses, ele era muito bonito. Passou as mãos pelo rosto, ainda mantendo o cigarro entre os dedos, e massageou a têmpora como se tentasse não pirar, suspirando alto, soltando a fumaça pela boca.
— Hey! — o chamou. Meu coração disparou nervoso quando os olhos dele desviaram até nós. Ele finalmente percebeu que estávamos ali. Veio andando com calma, uma mão no bolso da sua calça. Ele já havia se livrado do paletó e agora usava uma camisa de botões e um colete preto de veludo. — Me empresta o fogo?
Ele assentiu, tirando o isqueiro do bolso e entregando a ela. fez uma cabaninha com a mão para proteger o fogo da brisa que batia em nós e acendeu seu maldito cigarro.
— Vocês são novas aqui — ele concluiu, talvez pelo sotaque nortenho ou por nunca ter visto qualquer uma de nós na vida.
— Isso foi uma pergunta? — ergueu as sobrancelhas, devolvendo o isqueiro. — Obrigada.
— Não — disse, tragando mais uma vez. Seus olhos dançaram rapidamente por , depois seguiram para mim. Notei ele percebendo meus anéis de pedras da lua, subiu o olhar até meu colo, onde parou novamente em meu colar em forma de lobo, seguiu por meu pescoço, olhou minhas orelhas salpicadas de piercings dourados e depois parou em meu cabelo ruivo, preso por tranças adornadas com pequenas flores. Juro que fiquei sem ar por um segundo. — Quer um?
Ofereceu a carteira de cigarros.
— Eu não fumo, obrigada.
— E então, quem é e quem é ?
— Sou — respondi tão rápido que minhas bochechas esquentaram imediatamente. me olhou com as sobrancelhas franzidas, como se perguntasse “Qual é o seu problema?”.
— ele repetiu, quase sorrindo. — Então você é .
, por favor. me faz parecer uma princesinha de cinco anos.
— Bom, vocês estão em um baile que é basicamente para achar maridos que os seus pais escolhem, então não dá para negar que vocês são duas princesinhas de cinco anos.
— Você não está muito diferente, garotão. — piscou para ele, que ergueu as sobrancelhas, concordando.
— E você, é Sirius ou Regulus? — perguntei, quando finalmente lembrei o segundo nome.
Seus olhos negros faiscaram na minha direção. Ele tragou mais uma vez, fazendo um certo suspense.
— Sirius. Eu sou Sirius Black. — A fumaça foi saindo da sua boca enquanto ele falava.
— É um prazer te conhecer, Sirius Black — disse. — Saiu de lá porque você também acha isso escroto pra caralho?
— Isso lá é linguajar de uma princesa, Srta. ? — ele provocou, me fazendo rir. virou os olhos para cima, dando uma tragada no cigarro entre seus dedos de unhas pretas.
— A princesa aqui é a .
Sirius levou seus olhos de para mim e depois para ela de novo, provavelmente analisando nossas diferenças. era loura, gostava de preto e ouvia músicas de rock que eu não conhecia, tinha uma personalidade forte e falava mais do que era para falar, sempre.
— Entendi — ele disse simplesmente. — Mas, sim, eu saí de lá porque isso é escroto pra caralho. E porque meus amigos estão vindo me buscar.
— Olha só quem é a princesinha sendo resgatada do castelo. — sorriu maliciosa, e eu sorri junto. Ele sorriu sem mostrar os dentes.
Eu gostava de deixar comandar as conversas, porque eu era uma pessoa mais reservada e gostava do meu espaço. Isso nunca me incomodou.
— Eu posso deixar que eles resgatem vocês também, se vocês quiserem. — Ele soou persuasivo, e eu olhei para , a vendo amassar a bituca de cigarro no parapeito e jogar lá embaixo.
— Acabamos de te conhecer, Sirius Black. O que te faz pensar que iríamos a algum lugar com você? — Acabei me rendendo ao lado sarcástico de e o retruquei antes que ela o fizesse.
— Talvez o meu charme seja o suficiente, Stark. — Seus lábios se curvaram para cima em um belo sorriso que fez minhas pernas amolecerem por um instante.
— Talvez você esteja superestimando esse charme todo — respondi, sem querer dar o braço a torcer. Minha irmã nos olhava com seus olhos atentos, como se estivesse vendo algo além do que realmente deveria ser visto. O sorriso dele não sumiu. Ele molhou os lábios, me encarando, e deu de ombros.
— Provavelmente você tem razão, mas o convite ainda está de pé.
— Seus amigos vão chegar para o resgate que horas? — perguntou, ficando de costas para o parapeito, apoiando os cotovelos ali. Seu vestido era verde escuro, com detalhes em dourado. O modelo era o mesmo para nós duas, um corset ciganinha, com mangas longas e boca de sino.
Meu vestido era azul claro, com detalhes dourados também. Nós realmente parecíamos duas princesas aguardando o resgate do príncipe encantado.
— Já era para aqueles filhos da puta estarem aqui — ele resmungou, jogando a bituca de cigarro no chão e pisando com o pé.
— Então eles não são do sangue mais fino da Grã-Bretanha para estarem nessa esplendorosa festa? — perguntei, fazendo um sotaque forçado.
Ele riu pelo nariz, pondo as mãos nos bolsos da frente da calça.
— James é puro-sangue, mas a família dele não é idiota como a nossa, quero dizer, como a minha, não conheço a família de vocês.
— Fica tranquilo, nós compartilhamos os mesmos genes de famílias idiotas — disse, sorrindo.
— Nossa, eu adoraria não pertencer a uma família de idiotas para variar — brinquei, fazendo me olhar com a boca aberta em uma falsa surpresa.
! Você é a irmã certinha, não pode sair por aí falando para um estranho que nossa família é idiota.
— Bom... Em minha defesa, nosso irmão não é idiota. Ele só aceitou o fardo de ser o primogênito com mais facilidade do que eu e aceitamos ser as filhas vacas reprodutoras.
Sirius concordou com a cabeça.
— Eu sou o primogênito, mas acho que minha rebeldia fez meu irmão mais novo ser o principal alvo de um casamento arranjado. — Ele ergueu os ombros, sorrindo de boca fechada.
— Nossa, , estamos na presença de um jovem rebelde, é por isso que nenhuma garota resiste ao grandioso charme dele. — foi deliciosamente irônica, e ele riu, jogando a cabeça para trás.
— Não é incrível, ? E isso na nossa primeira semana aqui. Uma honra, eu diria. — Entrei no joguinho dela.
— Tá bem, tá bem. Vocês são imunes aos meus encantos, mas não se acostumem, isso não dura muito — ele disse, entrando na brincadeira, mas seus olhos encontraram algo no jardim e ele se aproximou do parapeito, ficando entre eu e . — Meus amigos chegaram.
— Onde? — perguntou . Me virei completamente para o jardim, estreitando os olhos na direção que ele apontava. A ponta de uma varinha voava solitária, com um pequeno pinguinho de luz na ponta. Assim que Sirius levantou o dedo do meio naquela direção, duas cabeças flutuantes apareceram, e eu finalmente entendi que eles estavam cobertos por uma capa da invisibilidade.
Os garotos tamparam a cabeça novamente e pude notar as pegadas na grama fofa, amassando e voltando ao normal à medida que eles iam se aproximando do parapeito da sacada.
— Trouxeram escada? — Sirius sussurrou, quando as pegadas pararam bem abaixo de nós.
— Sim, só um segundo — um dos dois respondeu.
— Por que não usa a porta? — perguntou, como se fosse óbvio.
— E dar a chance de meus pais me chamarem para conhecer uma esquisita qualquer? — Sirius perguntou, dobrando as mangas da camisa.
— Faz sentido — falei, olhando e erguendo as sobrancelhas. Se fôssemos com eles, eu preferiria aquela ideia também.
— Além do mais, eu meio que já estou com as duas garotas mais bonitas da festa — ele disse, dando uma última olhada para fora do parapeito, o subiu e foi para o primeiro degrau da escada que já estava ali. Piscou para nós e começou a descer.
me olhou, mordendo o lábio inferior.
— O que você acha? — perguntei, sussurrando.
— Você sabe que eu já teria ido, certo? Estou aqui esperando a sua decisão. — Ela sorriu ladina. — Eu preciso saber se ele tem algum amigo bonito, já que você meio que se derreteu por ele no primeiro olhar.
— O quê?! Cale a boca, , você está sendo idiota.
soltou uma gargalhada alta.
— Vocês não vêm?! — Sirius perguntou, lá de baixo, e eu acenei positivamente para , que subiu no parapeito com um sorriso ladino nos lábios.
— Se eu pegar algum de vocês olhando a minha bunda ou a da minha irmã... Narizes serão quebrados — ela disse, antes de começar a descer a escada.



Desci a escada que estava sendo segurada por magia, vi os três garotos lá embaixo, mas não prestei a atenção neles, estava mais preocupada com minha irmã descendo. nunca foi conhecida por sua confiança e cuidado. A quem estou querendo enganar? era uma desastrada por natureza.
A vi colocando o pé para fora e percebi que as malditas anáguas daquele maldito vestido, por sorte, tampavam a maior parte das suas pernas e provavelmente também tamparam as minhas. Mesmo assim, achei divertido dizer:
— Olhos no chão, bando de tarados.
Cada um olhava para um lado. Um deles estava com a capa da inviabilidade enrolada nos braços, e o outro usava uma mochila em um ombro só.
Quando firmou os pés no chão, cambaleando um pouco para o lado, vi Sirius dando um passo em sua direção e firmando suas mãos em seus cotovelos. Nunca vi tão corada na vida.
— Marotos, essas são e ... — O olhei com uma cara feia, ele pigarreou. — Stark.
Marotos? O que diabos é isso?
— Gêmeas Stark, esses são James Potter e Remus Lupin.
Eu juro pela vida da minha irmã que meu coração descompassou quando o tal Remus levantou uma mão e acenou. Pelos deuses novos e antigos... Aquela beleza devia ter uma passagem direta para Azkaban, pelo simples fato de existir.
Ele usava um suéter de lã sem mangas por cima de uma camisa de botões que ficava ligeiramente grande para ele, uma calça de alfaiataria e sapatos gastos. Seu rosto tinha um olhar abatido, com pequenas olheiras abaixo dos olhos e cicatrizes pelo rosto, como se um animal tivesse lhe dado um belo arranhão que cruzou da testa ao maxilar. Todavia, ao invés dele parecer estranho ou assustador, aquilo combinava com ele, deixava seu rosto harmonioso, como se tudo ali fizesse sentido junto aos seus olhos em um tom castanho amendoado e seus cabelos cor de palha.
— É um prazer conhecê-las, belas donzelas. — James me tirou de meu transe, fazendo uma reverência exagerada. Pegou minha mão e beijou, depois fez o mesmo com , nos arrancando risadas.
— Ignorem o James. Ele tem uma pequena tendência a falar babaquices quando está animado — Remus disse, apertando minha mão e depois da de . Minha mão ficou dormente.
— E você está animado por quê, James? — perguntou, se solidarizando com o garoto.
James era bonito também, tinha olhos castanhos e um cabelo negro revoltado, era o mais alto dos três, e, aparentemente, o mais palhaço.
— Estou animado, pois meus melhores amigos finalmente encontraram belas mulheres para namorar! — ele disse, já emendando uma risada alta. Eu e nos entreolhamos e caímos na risada também.
— Pelo amor de Merlin, Pontas, tenha modos, elas não sabem que você é um idiota ainda — Sirius o repreendeu, enquanto Remus fingia que não ouviu nada e ia ao encontro da escada para guardá-la em sua mochila.
— Ah, nós já sabemos, sim! — respondi, fazendo James rir mais ainda.
— Já gostei delas! Vocês querem ir até a minha casa? Não é muito longe daqui. Meia noite a gente volta — James perguntou, quando se recuperou das risadas.
— Claro, seria adorável — respondeu, como sempre estava acostumada a fazer quando devíamos ser simpáticas. Eu sempre a deixava ser encarregada dessa parte.

Erguemos nossos vestidos com as mãos e seguimos aqueles três garotos estranhos na direção da floresta que circundava o jardim da bela mansão que acabamos de fugir.
Imprudente? Talvez.
Divertido? Com certeza.
Fomos contando aos garotos novos como era lá dentro e o que havia acontecido, como tínhamos nos conhecido, e Sirius fez questão de mencionar que Lucius Malfoy estava conversando com os nossos pais e que ele provavelmente estava lá para nos conhecer.
As respostas de Remus e James foram algo como “Lucius é o maior babaca que vocês vão conhecer na vida, a sua vida é amargurada e triste e ele só tem amigos porque os compra com dinheiro”.
— Ah, minha santa Morgana! — a mulher que provavelmente era mãe de James exclamou quando viu eu e minha irmã em sua cozinha. — Quem são essas garotas adoráveis?
Passou por e beijou o seu rosto, depois veio até mim e fez o mesmo.
— Meu nome é Stark, Sra. Potter, e essa é minha irmã, — ela disse simpática, e tudo o que eu consegui fazer foi sorrir com a boca fechada. Céus, como conseguia ser tão simpática com tanta naturalidade. E como ela lembrava o sobrenome do garoto?
— Que duas preciosidades, lindas! Que vestidos maravilhosos!
— Muito obrigada, é muito simpático da sua parte, e obrigada por nos deixar entrar em sua residência, é uma bela casa.
— Fiquem à vontade, queridas. Se precisarem de algo, é só chamar — ela disse, piscando para nós. Quando saiu, passou a mão pelo meu rosto como se quisesse me levar junto.
— E nós? — Sirius perguntou, brincando, e ela riu.
— Vocês já são de casa, se viram sozinhos.
— Está vendo que ultraje? Nós que as trouxemos aqui! — James reclamou, se jogando sobre o sofá.
— Vocês vão estudar em Hogwarts? — Remus perguntou, levando seu olhar de para mim e se sentou na outra ponta do sofá, deixando o meio vazio entre eles. Achei mais prudente sentar no outro sofá com minha irmã, assim Sirius sentou-se no meio por falta de opção. Tenho certeza de que ele queria se sentar ao lado de minha irmã, mas... qual é, já estávamos na casa de um estranho, com três garotos estranhos. Já era loucura o suficiente. Eu sei me cuidar, mas nunca colocaria minha irmã em perigo.
— Sim, a transferência já foi feita — respondi. — Todos vocês estudam lá?
— Yep — James respondeu. — Além disso, ainda estudamos na mesma casa.
— Casa?
— É, Hogwarts é dividida em quatro casas, e os alunos são sorteados de acordo com a sua personalidade.
— Isso é legal. E qual a casa de vocês? — Foi que perguntou.
— Grifinória. É a casa mais foda. Lufa-Lufa são um bando de bunda-moles — James disse divertido.
— Corvinal são um bando de chatos sabem-tudo — Sirius complementou.
— E Sonserina são um bando de babacas esnobes — Remus finalizou, cúmplice.
— Ah, sim, e a Grifinória só tem os anjos imaculados perfeitos que caíram diretamente do céu — rebati irônica e notei Remus puxando um sorrisinho de canto.
— É exatamente isso! — James aplaudiu. — Como você sabe?
Isso fez soltar uma risada.
— Vocês sabem que a chance é muito pequena de irmos para a mesma casa de vocês, certo? — perguntei, erguendo as sobrancelhas.
— Vocês são princesinhas puro-sangue — Sirius respondeu. — Certeza que vão para a Sonserina.
— Não, cara, elas são gente boa. Acho que vão para a Grifinória — James rebateu.
— Não precisa se preocupar, James. Se a gente for para a Sonserina, ainda vamos conversar com os perdedores da Grifinória como vocês — falei convencida, fazendo os três sorrirem.
— Gostei delas, Almofadinhas, você foi certeiro nessa.
Almofadinhas, de novo esses apelidos esquisitos.
— Falando nisso, Aluado, por que você está tão quieto? — Aparentemente, Aluado era Remus. Suas bochechas ficaram rosadas por um segundo e ele balançou a cabeça, distraído.
— Eu? Nada — apenas disse ele. — Estava só aqui pensando em que hora você vai oferecer algo para nós bebermos.
— Eita! — James levantou-se em um pulo, envergonhado, passou por nós e correu até a cozinha atrás de algo.
— Qual é a dos apelidos? — perguntei genuinamente curiosa. trouxe seu tronco para frente e apoiou os cotovelos nos joelhos, esperando a maior história de todas por trás daquele segredo.
— É uma piada interna nossa, meio que perde o sentido se contarmos — Remus disse, olhando de soslaio para Sirius, que concordou com a cabeça.
— Que sem graça! — exclamou, voltando as costas para o sofá.
— Eu achei que vocês fossem mais legais. — Entrei na onda, tentando convencê-los de contar.
— Nós teríamos que explicar muita coisa para fazer sentido. — Sirius tentou ser convincente, mas aquilo só nos deixou mais curiosas.
— Estamos com tempo, não estamos? — Ergui minha sobrancelha em desafio, e notei que Remus segurou um sorriso.
— Infelizmente, garotas, dessa vez vamos ter que deixar vocês na curiosidade... — Remus disse, erguendo os ombros.
— E o que vocês vão fazer para compensar isso? — Minha língua enorme deixou escapar, e notei as bochechas de Remus ficando vermelhas novamente.
Ele tinha aquela vibe indescritível de nerd gostoso que não sabe muito bem que é gostoso, mas quando descobre faz o seu mundo ficar de ponta cabeça. Aquelas bochechas coradas só me davam mais certeza disso e me deixavam irreversivelmente curiosa para saber até onde Remus iria com aquele personagem de garoto encabulado.
— Posso pensar em algumas possibilidades. — Sirius sorriu ladino. Sirius, por outro lado, sabia que era gostoso e gostava de deixar aquilo bem claro, um destruidor de corações. Eu teria que cuidar da minha irmã, ela estava encrencada. Notei que Sirius era muito parecido comigo logo de início, por isso não senti uma atração imediata.
— Eu duvido que qualquer coisa que venha de vocês seja o suficiente para me fazer esquecer essa história de apelidos tão misteriosos.
Sirius se levantou em um impulso, como se tivesse sido muito ofendido.
— Nunca duvide de mim, gatinha — ele disse, puxando a minha mão, me fazendo levantar também. Girou minha mão, me fazendo girar como se estivéssemos dançando e me empurrou com delicadeza, fazendo com que eu sentasse ao lado de Remus. Ele se sentou graciosamente ao lado da minha irmã, que estava tão vermelha quanto seus cabelos flamejantes.
— Sutil como uma pena, Black — falei, o fazendo sorrir em minha direção.
— Me desculpe por isso — Remus disse baixinho em minha direção.
— Está tudo bem, Re... — O cheiro que exalava de Remus era, no mínimo, peculiar.
Era delicioso, saboroso, um cheiro que me enchia de lembranças, um cheiro que me trazia uma memória olfativa nítida do meu lar, que me deixou tonta e perdida por meio segundo.
— Remus. — Ele soou ligeiramente magoado por eu não terminar a frase, como se não lembrasse o seu nome.
— Não, eu... Eu sei o seu nome — falei, balançado a cabeça, tentando afastar o sentimento que o seu cheiro me causava. — Eu só me distraí com uma coisa...
— Chega mais meus amigos, a festa vai começar! — James voltou com uma garrafa de whisky de fogo em uma das mãos e um pacote de salgadinhos na outra.
Afastei meus pensamentos intrusivos que queriam enfiar meu nariz no pescoço de Remus e bati palmas com a volta de James. Que os Deuses me ajudem, se sóbria eu já quero agarrar o garoto, imagina quando começar a beber.





— Qual o jogo que vamos jogar? — Sirius perguntou, observando James colocar a garrafa no móvel ao lado do sofá.
— Eu iria sugerir um strip poker, mas acho que vou ser linchado. Alguma sugestão, meninas? — perguntou James, em um tom divertido.
— Eu até aceitaria um strip poker, mas ficaria injusto sendo que nós estamos de vestido, não é? — respondeu, piscando para James, e ele sorriu sacana.
— Do que é que você está rindo, Pontas? Já esqueceu da Lily, é? — Sirius perguntou, dando um sorriso maroto, jogando os cabelos para trás.
— Nunca — James respondeu com simplicidade.
— Lily é sua namorada? — perguntei realmente interessada. Ver alguém como James namorando parecia difícil de visualizar, ele era bonito, mas... Era difícil de ser levado a sério.
— Bem que ele queria — Remus respondeu, engatando em uma gargalhada que fez Sirius rir junto e James fechar a cara.
— Não, mas esse ano ela vai ser! Talvez vocês consigam me ajudar, o que acham? Estou precisando de uma ajudinha feminina, esses idiotas não sabem lidar com garotas — James disse, rolando os olhos dramaticamente para cima.
Sirius abriu a boca indignado, como se dizer que ele não sabe lidar com garotas fosse um ultraje, mas, antes que ele pudesse se defender, eu me solidarizei com James:
— É claro que podemos ajudar, como ela é?
James suspirou alto e um sorriso tomou conta do seu rosto de modo apaixonado.
— Não, não, você não vai falar da Lily agora, estamos de férias! — Remus interrompeu, antes que ele começasse a falar. — Desculpe, , mas Pontas é proibido de falar da Lily nas férias. É um combinado nosso.
Fiquei impressionada com a facilidade que ele havia decorado que eu era . Por mais que eu e fôssemos diferentes, ainda éramos gêmeas afinal.
— Quando combinamos isso que eu não lembro? — James indagou, de sobrancelhas franzidas.
— Eu estou combinando com você agora — Remus disse, me fazendo soltar uma risada.
— Bom, ela é ruiva e bonita como você. É inteligente e bondosa... — James foi enumerando com os dedos, ignorando o amigo, como se uma brecha para falar de Lily fosse o que ele estivesse esperando o dia inteiro.
— Você já chamou ela para sair? — perguntou, erguendo as sobrancelhas.
— Ele chama ela para sair em toda oportunidade que tem — Sirius respondeu por ele.
— Talvez o problema esteja aí. — Minha irmã ergueu as sobrancelhas.
— Como assim?
— Nenhuma mulher gosta de um cara pegajoso demais — disse ela, como se fosse óbvio.
— O que a minha irmã está querendo dizer é que ela provavelmente está se sentindo sufocada. Não nos entenda mal, é muito melhor você estar dando atenção demais do que de menos. Mas como vocês não têm nada ainda, é bom deixar ela em uma posição confortável. — Tentei ser mais agradável do que minha irmã.
— É, Pontas, deixe a garota em uma posição confortável — Sirius repetiu minha frase de maneira maliciosa, e mostrou o dedo do meio para ele.
— Ok, em Hogwarts nós vamos falar mais sobre isso — disse Remus, tentando cortar o assunto que eu mesma havia trazido para a roda contra a sua vontade. — Agora eu estou mais interessado em o que nós vamos jogar.
Olhei para e seu olhar caiu sobre o meu, nós tínhamos o costume de brincar de “Quatro mentiras e uma verdade”, porque era um jeito de falar a verdade sem parecer tão absurda, porém não parecia ser o momento para aquilo, com três garotos que tínhamos acabado de conhecer... Parecia meio arriscado. E, apenas com o olhar, percebi que ela pensava o mesmo. Então fomos para a opção mais óbvia.
— Eu nunca...? — sugeriu, como se tivesse feito uma varredura em minha mente e eu sorri cúmplice. Aquele era um jogo de conhecer as pessoas também.
Estávamos em posição de desvantagem, porém, em contrapartida, éramos gêmeas e nos conhecíamos melhor do que ninguém. Eles eram melhores amigos, ok, mas não tinham a conexão que nós tínhamos.
Sirius imediatamente escorregou para o chão, tentando criar uma rodinha mais íntima e fechada, e nós seguimos o seu movimento, fechando a rodinha. Fiquei entre Sirius e Remus, ficou entre Remus e James. Retirei meus sapatos e estiquei minhas pernas, espreguiçando meus pés amassados de unhas renda, dobrei minhas pernas em forma de borboleta e senti minhas bochechas esquentarem novamente quando notei que todos os meus movimentos eram observados por Sirius, que tinha sempre um sorrisinho ladino nos lábios.
James conjurou copinhos de shot para cada um e os encheu com whisky de fogo.
— Primeiro as damas — disse, olhando para mim e depois para minha irmã.
— Eu nunca estudei em Hogwarts — disse, sem muita enrolação, olhou para mim e piscou.
Os três beberam sem dar um pio, mas era nítido que uma guerra silenciosa havia sido iniciada.
Indo em sentido horário, era a vez de James.
— Eu nunca tive uma irmã gêmea — disse ele, de maneira previsível. pegou seu shot e o esticou até mim, brindamos debochadas antes de virarmos a bebida que desceu queimando em minha garganta. Fiz uma careta quando terminei de engolir, e bebeu como se aquilo fosse água. O copo encheu-se sozinho.
— Eu nunca usei salto alto — Sirius disse, depois de pensar por alguns segundos.
Eu e bebemos novamente. Era minha vez e eu não queria usar a carta da Grifinória já, iria guardar para um momento mais certeiro, por isso soltei a seguinte frase:
— Eu nunca usei uma capa da invisibilidade.
Os três beberam em silêncio.
— Eu nunca fui a uma festa de puros-sangues — Remus disse, recebendo um olhar mortal de Sirius. Opa, uma rachadura na armadura dos melhores amigos.
Eu, e Sirius bebemos.
— Eu nunca usei apelidos idiotas com meus amigos — disse, dando um sorriso ladino.
— Ei! Não são apelidos idiotas! — James se queixou, e minha irmã retrucou:
— Tem razão, vocês são idiotas.
Remus riu enquanto bebia, e Sirius estava com as sobrancelhas enrugadas. Ele era o competitivo da brincadeira, anotado.
— Eu nunca fugi de uma festa — James disse, recebendo um tapa na nuca de Sirius, que tomava o quarto shot seguido.
— Vocês são os piores nesse jogo — resmungou indignado, respirando fundo. — Eu nunca fui monitor.
Sirius disse, olhando para Remus, que bebeu sozinho, e eu olhei para , sabendo que tínhamos vencido aquela brincadeira. Ela mordeu o lábio, cúmplice.
— Eu nunca me apaixonei à primeira vista. — Aquilo era para atingir James pessoalmente e colher alguns frutos dos outros dois.
Os três beberam em silêncio. Engoli seco, sentindo um par de olhos em cima de mim, mas não ousei olhar para Sirius Black naquele momento, tenho certeza de que me arrependeria. Em vez disso, consegui notar as bochechas de Remus extremamente vermelhas, enquanto ele girava o copo nas mãos.
— Eu nunca gostei de uma garota ruiva. — Assim como nós, Remus estava tentando derrubar os amigos. Eu só não sabia dizer se era alguma brincadeira interna deles, se era para ficar do nosso lado, ou se era fingimento... De uma coisa eu tinha certeza: não era sem querer.
— Aluado, você está morto.
Remus mandou um beijinho no ar para Sirius. Ele estava mais leve e solto, perdendo ligeiramente aquele ar de garoto certinho.
Sirius bebeu junto com James, e eu não sentia mais minhas bochechas esquentarem de vergonha, sabendo que elas estavam permanentemente vermelhas por conta da bebida. Eu não era iludida de achar que Sirius estava bebendo aquele shot por mim, mas não posso negar que um friozinho na barriga me fez imaginar que sim.
— Eu nunca fui da Grifinória. — usou a minha cartada final para desestabilizar Sirius, que bufou fortemente.

James fez a garrafa se encher três vezes antes de desistirmos de jogar aquilo. Estávamos todos alterados, quando Sirius pôs a garrafa vazia no centro da rodinha e girou, mesmo que ninguém tivesse concordado em jogar aquilo.
— Verdade ou consequência — disse, encarando minha irmã com um sorriso absurdamente delicioso nos lábios.
— Verdade.
— Achei que você era mais corajosa. — Cutucou e ela sorriu.
— Eu sou corajosa, só quero ver se você é esperto. — Piscou.
— Eu amo vocês duas, é sério — James disse divertido, os cabelos estavam mais bagunçados do que nunca e os óculos em seu rosto estavam tortos.
— Vocês foram expulsas da sua antiga escola? — Sirius perguntou com a sagacidade que eu imaginava que ele tinha. Refiz nossa conversa e nossas brincadeiras até aqui, tentando entender em qual momento ele tinha pescado aquela informação, e, sinceramente, não consegui encontrar.
Talvez ele tivesse ouvido algo lá no baile, antes de ir até a sacada.
me olhou e conversamos com os olhares por um segundo. Aquela, com certeza, não era uma informação que queríamos compartilhar com os primeiros estranhos que conhecemos e que inclusive estudavam em nossa nova escola.
— Sim — ela disse, por fim, baixando a cabeça.
— O que aconteceu?! — Remus perguntou, vendo que minha irmã ficou incomodada com a resposta. Apoiou a mão em seu ombro e ela o sacodiu para que se afastasse.
Apenas eu notei o olhar fulminante que o garoto deu a Sirius.
— Vamos contar no dia em que vocês resolverem nos contar o motivo desses apelidos idiotas. — Minha irmã levantou o rosto depois de um longo suspiro.
— Justo.
Notei uma ruguinha de preocupação entre as sobrancelhas de Sirius, que sumiu quando minha irmã levou a mão até a garrafa vazia no centro da roda. Remus estava com as pernas dobradas contra o peito, James estava deitado no chão com as pernas sobre o sofá, e Sirius estava sentado com as pernas esticadas, em seu colo estavam meus pés, que, em algum momento da noite, ele pescou para o seu colo e não devolveu mais.
A garrafa parou em James.
— Consequência — ele respondeu imediatamente. Era nítido que ele achava o fato de desafiar minha irmã mais emocionante do que ela o desafiar. Pobrezinho, mal sabia que era uma megera desalmada.
— Quero que você beije .
James se sentou em um pulo.
! — Me senti traída. Estávamos indo tão bem no outro jogo, mas, antes que eu pudesse continuar meu discurso de humilhação para aquilo não acontecer, notei os olhos dela me indicando algo: Sirius. Suas mãos, que estavam soltas e leves sobre meus tornozelos, agora apertavam suas próprias coxas com força, os olhos negros haviam tomado um tom mais sombrio e ele fitava James com intensidade. Entendi o que ela havia feito. Ela queria vingança, queria testar a febre de Sirius, queria testar a amizade deles. Como eu disse... minha irmã era uma megera desalmada, e eu não podia reclamar: James era engraçado, divertido, eu não podia mentir, era bonito para caramba, e o melhor, estava apaixonado por outra garota, então aquele beijo não significaria nada para ele. E quem eu estava querendo enganar? Eu gostava da ideia de Sirius sentir alguma coisa.
— Um beijo de verdade, nada daquela baboseira falsa.
— Não precisa pedir duas vezes, gatinha — James exclamou animado. Notei Remus cochichando algo no ouvido de minha irmã e podia jurar que vi suas bochechas corando. Minha irmã de bochechas coradas?
Retirei meus pés do colo de Sirius com delicadeza e me ajoelhei no chão. James engatinhou até mim, fazendo um charme ridículo digno de um bêbado sem noção, e eu caí na gargalhada antes mesmo dele encostar em mim.
— Por favor, fique brava com a sua irmã. Sou apenas um fantoche naquelas garras manipuladoras — disse, quando estava de frente para mim, tão perto que eu podia sentir o cheiro do seu perfume.
— Está tudo bem, Potter — respondi, ainda rindo, ao mesmo tempo em que tirei seus óculos e coloquei em meu rosto. — Assim você pode fingir que eu sou a Lily, que tal?
— Pelas barbas, você é perfeita. Quer ser minha amiga para sempre? — James perguntou, segurando meu rosto com as duas mãos, dando um sorriso que duvido que Lily conseguiria resistir, eu mesma estava tendo problemas sérios ali.
— Vamos ser amigos para sempre, Pontas — brinquei com o seu apelido, e ele puxou meu rosto, unindo nossos lábios.
Nossas línguas se misturaram com uma facilidade de muitas doses de bebida alcoólica, seus dedos penetraram as raízes do meu cabelo trançado e ele guiou nossas bocas de um lado para o outro de maneira leve. Eu sentia os olhares sobre nós, mas não tive coragem de abrir os olhos. Fico me perguntando se James manteve os dele abertos, talvez ver meus cabelos vermelhos o ajudasse a fazer aquilo com mais tranquilidade. Sua boca tinha gosto de álcool e praticamente se anulava com o gosto da minha. Ele beijava bem e tinha cara de quem beijava o suficiente para saber o que estava fazendo. Quando ele separou nossas bocas, depositou um selinho molhado em meus lábios para selar o tratado de amizade que fazia parte do nosso novo acordo.
Ele se afastou um pouco e pegou os óculos de volta, um sorriso ligeiramente descrente rondava seu rosto e um silêncio ensurdecedor estava à nossa volta.
— Isso foi... Intenso. — Remus quebrou-o, fazendo dar uma risadinha. Olhei minha irmã e ela estava com um sorriso vitorioso no rosto, olhando na direção de Sirius, que percebi estar olhando para a direção oposta quando voltei a me sentar.
James ainda estava sorrindo quando girou a garrafa.
— Verdade ou consequência? — perguntou para mim.
— Verdade. Não vou te dar a chance de pedir mais um beijo e se apaixonar por mim.
— Eu sei que devia ter perguntado isso antes, mas vocês têm namorados?
Soltei uma risada.
— Não, James, nem eu nem minha irmã temos namorados.
— Mas... Como? O que vocês têm de errado? — perguntou ele, pouco convencido de que era verdade.
— Estamos envolvidas com magia negra — respondeu rindo e aquilo me incomodou um pouco, porque uma pontinha daquilo era verdade.
— Sonserina. — Sirius finalmente deu o ar da vossa graça, dando uma tossida falsa que nos fez rir.
— É, sinto decepcionar vocês, meninos, mas tem muita chance de irmos para essa casa — disse .
— Você consegue manter a sua palavra de amizade com uma sonserina, James?



— É claro, mas vou ter que fingir que te odeio na frente do colégio inteiro, se você não se importar. — James Potter sabia ser galante quando queria, e eu já tinha me arrependido ligeiramente de enfiar minha irmãzinha nas garras dele, sendo que as presas de Sirius já estavam suficientemente fincadas nela. sempre foi assim, a maioria dos garotos beijavam seus pés e ela era inocente o suficiente para não perceber e tratá-los como amigos até ser tarde demais.
Comigo era diferente, os garotos tinham medo de mim, e eu acabava gostando de bancar a doida às vezes por puro entretenimento. Foi uma dessas vezes que nos fez ser expulsas de Durmstrang. E confesso que gostava da atenção que Lupin estava me dando naquela noite, porque ele ainda não conhecia minha personalidade ou meus segredos e não iria se afastar até que conhecesse. Duvido muito que sejamos amigos em Hogwarts.
girou a garrafa, que parou em Sirius.
— Verdade ou consequência, Black.
— Verdade.
— Achei que você era mais corajoso — falei, brincando, o fazendo mostrar o dedo do meio para mim.
— Hmm. — pôs o dedo indicador no queixo, como se pensasse em algo realmente mirabolante.
Enquanto minha irmã pensava em alguma maneira de flertar com Sirius Black, eu sentia o olhar disfarçado de Remus sobre mim. Trocamos algumas brincadeiras durante a noite inteira, Remus sempre tentando destruir a camada grossa de ego que Sirius tinha, me dando dicas e fofocando algum detalhe em meu ouvido. Não posso negar que estava gostando de trocar aqueles olhares furtivos, principalmente porque Remus me parecia o tipo de pessoa que não sabia que era bonito o suficiente para deixar alguém doido. E eu estava ficando doida.
O seu cheiro me fazia perder as palavras, então eu meio que só sorria e acenava com a cabeça quando ele falava comigo, como se eu fosse a porra de uma pré-adolescente que acabou de conhecer a mais nova paixonite.
As suas cicatrizes deixavam seu rosto harmonioso e fascinante, e eu tinha que me forçar a olhar para outros lugares de vez em quando para não parecer uma doida. E ali estava o seu olhar de novo, disfarçado, silencioso ao mesmo tempo em que eu fingia que prestava a atenção em .
— Você se arrependeu de ter nos convidado para vir aqui?
O olhar de Sirius era divertido, seus olhos negros correram sobre o meu rosto e depois seguiram para a minha irmã. Um sorriso galanteador surgiu em seus lábios e ele levou a mão ao cabelo para responder:
— Nunca me arrependeria de trazer mulheres bonitas à minha casa.
— Mesmo que não se “dê bem” com nenhuma delas? — perguntei, rebatendo sua resposta idiota.
— Fico um pouco ofendido com o que você pensa de mim, Princesa .
— Penso que você é um encrenqueiro, meu bem.
— Não somos todos? — perguntou ele, brincando com o tecido do vestido de que estava próximo dele. — Vocês estão aqui fugindo de uma festa chique, cheia de gente rica, para ficar bebendo e fumando com dois traidores do sangue e um mestiço. Quem são as verdadeiras encrenqueiras, hein, ?
— Vocês são as encrenqueiras mais legais que a gente já conheceu. — James sorriu com seus olhos adoráveis.
— Mesmo se a gente for da Sonserina? — brincou, fazendo os três sorrirem.
— Desde que vocês não se misturem muito com eles — disse Remus de maneira tranquila, como se realmente fosse um crime ser daquele grupo.
tem cara de quem vai fazer amizade com o ranhoso. — Black deu um sorriso cúmplice com seus amigos, que só disfarçaram olhando cada um para um canto.
— Quem?
— Um cara que é apaixonado pela Lily. — James sorriu ladino, como se estivesse feliz por roubar o lugar do garoto no coração dela.
— Ele é namorado dela? — perguntou , ligeiramente preocupada.
— Lily e Snape eram amigos — Remus sussurrou em meu ouvido, a conversa entre eles continuou, mas eu desliguei minha mente, prestando apenas a atenção na voz dele ao pé do meu ouvido.
— Snape é esse ranhoso? — sussurrei de volta, e ele balançou a cabeça.
— James morre de ciúmes dele — confessou Remus baixinho novamente.
— E por que eles não são mais amigos?
— Essa é uma história para ser contada quando eu não estiver ligeiramente bêbado. — Seu sorriso me amoleceu a ponto de eu me sentir líquida.
— Ligeiramente?! — quase gritei. — Gente, Remus está ligeiramente bêbado.
— Ahh, não! — James reclamou. — Almofadinhas, faça alguma coisa!
Sirius girou a garrafa com pressa. Ela estacionou no vão entre eu e James e no vão entre Sirius e .
— Eu assumo daqui. — Peguei a garrafa, me levantando, e estiquei a mão para minha irmã se levantar também. — Desafio final, já é quase meia noite e temos que voltar logo para o baile.
Os três rostos me olhavam: Sirius com seu olhar que podia cortar couro de dragão, James com seu olhar atento de um bom jogador de quadribol que eu imaginava que ele seria, e Remus com seu olhar intenso de uma pessoa em constante vigilância.
Pop quiz. Quem retirar as roupas primeiro, ganha um beijo de nós duas. Quem ficar em último, vai ter que terminar a garrafa. — Chacoalhei a garrafa, olhando para James, que, com um toque rápido da varinha, fez a bebida brotar até metade da garrafa novamente.
Senti a mão de apertar a minha em um sinal claro de “O que você está fazendo?!” e eu correspondi o seu apertão querendo dizer “Só me acompanha”. Ela entenderia, ela sempre entendia.
Os três estavam extasiados demais para entender o que eu realmente tinha proposto. James tinha um sorriso tão grande no rosto que eu podia jurar que Lily era o último pensamento em sua mente. O olhar de Sirius tinha escurecido, e Remus parecia disposto a ganhar apenas para nos livrar daquela brincadeira estúpida.
— No três? — perguntei abusada, e os três se prepararam, estalando pescoços, alongando dedos, e as unhas de fincaram em minha mão com força. — Um, dois... Três!
Em toda a minha vida, eu nunca tinha visto três garotos tão desesperados na minha vida. Suéteres voaram, camisas desabotoaram-se com tanta velocidade que eu não conseguia parar de rir, e , ao meu lado, parecia tão entretida com a situação que a sua boca abriu e ela não conseguia fechar.
Esse era o tipo de merda que eu fazia: três desconhecidos estavam se despindo na nossa frente, bêbados, desesperados e pouco se importando de ficar nus. Quando eles estavam desafivelando as calças, apertei a mão de minha irmã três vezes, ela me olhou e eu movi a sobrancelha. Indiquei as roupas deles com os olhos, e seu olhar de iluminou com a minha maldade refletida na sua ingenuidade.
Eu já esperava que Sirius fosse ser o primeiro a se despir, e me surpreendi com Remus não sendo o último. Eles mantiveram as cuecas, mas não tive tempo de analisar seus corpos despidos, já que joguei a garrafa para cima e berrei:
— Agora, !
Minha irmã correu para juntar o monte de roupas na frente de James, enquanto ele se jogava no chão para juntar a garrafa, que parecia voar em câmera lenta. Juntei o monte de roupas de Remus e Sirius em um único movimento e esbarrei nos ombros deles, correndo para a porta da cozinha. vinha logo atrás de mim.
— Corre, ! — A gargalhada alta de minha irmã ecoou na rua vazia, ao mesmo tempo em que ouvimos um burburinho de vozes masculinas na sala que deixamos para trás.

Corremos um quarteirão inteiro entre risadas altas e sons de pés descalços batendo no chão molhado de orvalho daquela noite fresca de verão.
— Vocês vão pagar por isso! — A voz de Sirius era desesperada e divertida ao mesmo tempo.
Entramos na floresta que cortamos caminho para ir até a casa de James. Ali, tivemos que diminuir a velocidade para desviar das árvores.
— Espera, — chamei-a, me escondendo atrás de uma árvore grossa. — Vamos mesclar as roupas e nos separar. Vai, me dá um pouco da sua e eu te dou um pouco da minha.
Trocamos algumas peças de roupas e voltamos a correr, dessa vez ela indo para um lado e eu para outro, mas ambas mantendo a direção da mansão como destino final.
— Merda, merda, merda! — Não consegui reconhecer a voz, mas soltei uma risada quando percebi a clareira do jardim logo à frente.
Cheguei lá e parei de correr, esperando me alcançar. Ouvi um gritinho dela e um barulho de queda, logo depois risadas misturadas.
— Vocês são piores do que diabretes! — A voz de James soou entre as árvores e pude vê-lo chegando até a clareira, enfiando sua calça de qualquer maneira, aos tropeços.
Fui dando passos para trás, ainda recuperando o fôlego da corrida.
Remus saiu logo depois, vestindo seu colete de lã sem a camisa por baixo. Seu peito subia e descia com força, porém seu rosto estampava um sorriso admirado. Sua cabeça balançava em negação, como se ele ainda não acreditasse no que estava acontecendo. Suas pernas estavam de fora e acabei perdendo tempo demais olhando-as. Minha atenção só foi retirada dali quando Sirius surgiu na clareira, acompanhado de . Ele a cutucava nas costas como se estivesse usando-a de refém com uma varinha imaginária.
tinha um sorriso cúmplice que se completava ao meu, seus cabelos estavam desgrenhados do mesmo jeito que os meus deviam estar. Sirius tinha os cabelos longos colando no pescoço, estava de calça e com o colete aberto, deixando seu peitoral de fora. Ele tinha uma beleza clássica que não me atraía, sempre gostei mais dos desajustados, dos que eram problema, dos que vinham acompanhados de algo que eu não deveria sentir atração. Alguém como Remus e os mistérios que circundavam sua cicatriz, seu olhar cansado e o seu cheiro peculiarmente familiar.
— Princesa , preciso da minha camisa e da minha gravata, não quero me enfiar em mais problemas com a minha família, já tenho o suficiente — disse Sirius com certa cautela, enquanto eu ainda dava passos cegos para trás. Minha respiração já estava voltando ao normal.
— E o que eu ganho com isso?
— Uma amizade estranha e duradoura com os caras mais populares da sua nova escola — respondeu ele, sem pestanejar.
— E o que mais?
— Todos os doces da melhor loja do povoado de Hogsmeade.
— Hm... Interessante... Mais alguma oferta?
Ele pensou por alguns segundos.
— Eu te conto tudo que você quiser saber sobre nós.
Notei os olhos arregalados de Remus se voltarem para ele e bingo! Era daquilo que eu precisava. Me aproximei dele com a mão direita esticada para fecharmos um trato formalmente.
— Achei que você iria querer fechar esse trato com um beijo, já que eu ganhei o pop quiz. — Ele piscou para mim, apertando minha mão com força.
— Nem em seus sonhos, gatinho.
Joguei as roupas deles no chão e estiquei minha mão para minha irmã, que enlaçou o braço no meu.
— Até mais, perdedores. Foi um grande desprazer fazer negócios com vocês — falei, fazendo uma reverência exagerada, arrancando sorrisinhos diferentes no rosto de cada um. Eles estavam catando suas roupas do chão.
— Até mais, garotos, nos vemos em Hogwarts. — foi simpática e abanou a mão com simpatia.
— Até mais, lindas donzelas. — James Potter fez uma continência.
— Donzelas, Pontas? Elas roubaram nossas roupas! — Sirius exclamou, falsamente irritado.
— Esse foi o ápice das suas férias, Black, admite. — Pisquei para ele, que suspirou derrotado, abotoando sua camisa branca amarrotada.
— Até mais, gêmeas Stark — Remus disse finalmente, fechando o botão da sua calça. — Pontas, vamos dar um fora daqui antes que alguém nos veja.
— Tchau, diabretes.


Continua...


Nota da autora: Eu já estou fissurada na personalidade caótica das gêmeas Stark! Os Marotos nem entenderam o que atingiu eles, coitados hahahahahahahahahah. Estou muito empolgada para continuar as aventuras deles!
Gostaria de agradecer à todes que estão lendo essa fic, é um amor de outro mundo escrever com os Marotos, e espero que estejam gostando tanto quanto eu! Beijos e até o próximo capítulo.

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Se você encontrou algum erro de revisão ou codificação, entre em contato por aqui.
Para saber quando essa fanfic vai atualizar, acompanhe aqui.



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