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Escrita por Lilith

Revisada por Selene

Última Atualização:13/07/24

Prólogo

’s POV

 
Antes 

Desde a morte da minha mãe, me mudar nunca havia sido problema para mim, eu gostava de conhecer novos lugares e culturas, era divertido e me distraía na maior parte do tempo. Não me lembro de um momento da minha vida onde tivesse passado muito tempo no mesmo lugar. Era o trabalho do meu pai. Nós nunca conseguíamos criar laços, porque não ficávamos nem dois anos no mesmo lugar.  

Lembro-me da minha mãe nunca reclamar, porque ela crescera da mesma forma. Ela se divertia indo de país em país, como ela dizia, gostava de poder ser todas as versões que existiam dentro de si mesma. Era divertido. Em cada canto criávamos histórias, das mais absurdas até as mais bobas. Gostávamos de ver a reação das pessoas e de rir até a barriga doer. 

Katherine, minha mãe, me contava muitas coisas que ela gostaria que eu soubesse enquanto tratava sua doença, acredito que ela sempre soube que tudo seria em vão e, por isso, começou a me contar tantas coisas e a me perguntar como ela achava que seria quando fosse a minha vez. Ela queria viver todas essas coisas comigo, mas não teve oportunidade.  

Eu a prometi que faria todas essas coisas, mas a verdade é que, depois que ela se foi, nada dessas coisas importavam. Eu escolhi me fechar e me privar das experiências que ela gostaria de vivenciar comigo, porque para mim não faria sentido sem ela; e, no fundo, acredito que ela sempre soube o que daria sentido ao que me disse uma vez. 

“Algumas coisas são fáceis de evitar, mas outras são inevitáveis, como o amor à primeira vista. Quanto mais tentamos fugir, mas enrolados no arame ficamos. É impossível não amar, filha.”  

Nunca consegui acreditar naquilo, a minha visão sobre o amor sempre foi muito distorcida, como assim eu não poderia escolher não amar uma pessoa? Essa coisa de amor à primeira vista não existia, era uma completa bobeira, não tenho dúvidas de que as pessoas inventaram isso apenas para justificarem o péssimo gosto para parceiros de relacionamento. 

Quando disse isso para minha mãe, ela apenas riu um pouco, o que era raro desde que ficará doente, pousou seus olhos em mim, como se tentasse me dizer algo sem precisar usar palavras. Ela passou um tempo me olhando e abriu um dos seus sorrisos animados e verdadeiros e eu já sabia que algo muito bom ou absurdo estava prestes a ser dito por ela. 

— Mesmo que você não acredite, um dia vai acontecer com você, , e você quer saber? Mal posso esperar para ver sua reação quando isso acontecer, filha.


Capítulo 1 

’s POV 

  Passado

Minhas irmãs tagarelavam sem parar ao meu lado, irritadas com o fato de termos que nos mudar no final de semana, enquanto esperávamos nossos documentos de transferência ficarem prontos. Para mim, era fácil aceitar, já que, antes de minha mãe morrer, nós nos mudávamos sempre que precisavam transferir meu pai para outra sede da empresa. Não conseguíamos criar raízes em lugar nenhum, e para mim era normal. Mas também não podia negar que as entendia.

Meu pai se casou com Lindsay, minha madrasta, 2 anos após a morte da minha mãe. Minhas irmãs eram fruto desse casamento, e, desde que elas nasceram, nos mudamos apenas uma vez, da Inglaterra para a Alemanha, quando elas tinham apenas 2 anos de idade. 

Moramos um tempo em Berlim, onde fica a sede da empresa em que meu pai trabalha, e, depois de um tempo, nos mudamos para Duskwood, uma cidade pequena e entediante; mas ainda assim o primeiro lugar que conseguimos chamar de lar.

Por um momento, as trigêmeas pararam de falar, apenas encarando a porta da sala de espera. Aquilo era raro, as três ficarem em silêncio. Olhei para a porta, buscando o que as levou ao silêncio, e então entendi. Era um garoto. 

Quando nossos olhos se encontraram, eu senti um choque passar pelo meu corpo, tão forte que me fez perder a respiração, era como se tivesse fios de arame enrolados no meu pescoço e no meu coração. E foi naquele momento que eu entendi.

Tentei respirar fundo, mas foi uma tentativa falha, e eu vi o momento em que ele tentou fazer o mesmo e também não teve sucesso. Seus olhos estavam arregalados e a mão direita estava pousada ao lado esquerdo, acima de seu coração. Eu não conseguia desviar o olhar, e na minha mente só se repetia o que minha mãe havia me dito muito tempo atrás.

“Algumas coisas são fáceis de evitar, mas o amor à primeira vista é inevitável.”

Eu me levantei e dei o primeiro e único passo em sua direção, antes de alguém aparecer e o arrastar corredor afora, furando a bolha que havia se criado ao nosso redor. Quando olhei pela janela da sala, pude ver que havia sido a Hannah, e revirei os olhos.

———

Passei o resto da tarde inquieta e com meus pensamentos nas nuvens. Depois que peguei os documentos, procurei ele por toda a escola, mas não encontrei nem vestígios, nem mesmo meus amigos o viram; se não fosse pelas trigêmeas, eu diria que não passou de uma alucinação.

Procurei por ele nas redes sociais, a Hannah talvez o seguisse, mas não encontrei nada no perfil dela. Low profile?  Que ótimo! 

Desliguei o celular e me virei, na esperança de dormir o mais rápido possível, mas simplesmente não conseguia. Meus pensamentos se embaralhavam entre ele e minha mãe. O que ela dizia e o que eu senti quando o vi. 

Minha mãe diria que foi o amor à primeira vista, e eu diria que nem sequer me lembro mais do rosto dele, o que é verdade, eu não reparei muito. E por mais que eu tentasse evitar esses pensamentos, sempre escutava a voz da minha mãe em algum lugar, me contrariando e me provando que eu estava errada.

“Pessoas destinadas sempre vão se encontrar, não importa onde ou como, a linha invisível entre vocês sempre vai puxar um de volta para o outro. Isso é amor.”

E em algum momento entre negar e aceitar, eu dormi, e quando acordei no outro dia, simplesmente me obriguei a não pensar nisso até que eu esquecesse completamente. 

Mas não para sempre.



Continua...


Nota da autora: So high school não é a primeira história que escrevo, mas é a primeira que decidi tornar pública e eu espero que vocês gostem dela tanto quanto eu.

Desde já agradeço a todes que chegaram para ler a minha história.

Boa leitura a todes! (:


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